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Jéssica N. Monte Turma 106 Geriatria Síndrome de Fragilidade Conceito inicial: natureza funcional. Frágil = idoso dependente em vários graus; debilitado, não vive sem o auxílio de outros. Conceito atual: redução da reserva funcional + disfunção dos sistemas orgânicos. Redução da capacidade de restabelecimento das funções após agressões; Menor eficiência das medidas terapêuticas e da reabilitação; Menor resposta dos sistemas de defesa; Menor interação com o meio; Menor capacidade de sobrevida. Síndrome de declínio espiral de energia. Tripé da fragilidade: sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. Redução acentuada da massa muscular; estado inflamatório crônico + incidência de doenças agudas ou crônicas; imobilidade; redução da ingestão alimentar; outros fatores = redução da energia, aumento da dependência, aumento da suscetibilidade a agressores. Diagnóstico de fragilidade: Rastreio para todos com mais de 70 anos; adultos com doenças crônicas; perda de peso excedendo 5% ao longo de um ano. Descartar outros problemas que possam causar sinais e sintomas de fragilidade. Diagnóstico baseado em história, exame físico e exames complementares. Testes laboratoriais iniciais: hemograma completo, painel metabólico básico, provas de função hepática (albumina), vitamina B12, vitamina D, TSH. Existem diversos instrumentos - redução das reservas funcionais; déficits funcionais e biológicos acumulados. Não há consenso para a classificação de um idoso frágil nem para a diferenciação dos graus de fragilidade. Sem padrão-ouro para detectar a fragilidade. Escalas mais empregadas: Fenótipo de Fried - fragilidade física ou fenotípica: Índice de fragilidade de Rockwood - acúmulo de déficits. Índice de vulnerabilidade clínico funcional (IVCF 20). Escala FRAIL. Escala VES-13 Groningen Frailty Indicator. Fragilidade física ou fenotípica: declínio biológico multissistêmico com sinais/sintomas de perda de peso, fraqueza e velocidade da marcha. Jéssica N. Monte Turma 106 Geriatria Índice de fragilidade por acúmulo de déficits: combinação de comorbidades, situações sociais e deficiências. A fragilidade resulta da soma de déficits ao longo do tempo. Déficits: sinais, sintomas, alterações laboratoriais, doenças, incapacidades. Considera as informações coletadas na AGA. IVCF 20: Idade, autopercepção de saúde, atividades da vida diária (básica e instrumental), cognição, humor, mobilidade (alcance, preensão e pinça, capacidade aeróbica e muscular, marcha e continência), comunicação (visão e audição), comorbidades (polipatologia, polifarmácia, internação recente). Pontos de corte: robusto (0 a 6 pontos), vulnerável (7 a 14 pontos), frágil (igual ou maior a 15 pontos). Critérios diagnósticos: Critérios clínicos de fragilidade - Fenótipo de Fried: Três critérios ou mais: frágil. Um ou dois critérios: pré-frágil. Ausência de critérios: não-frágil. Critérios: redução da força de preensão palmar, redução da velocidade de marcha, perda de peso não intencional (critérios objetivos); sensação de exaustão, atividade física baixa (critérios subjetivos). Critérios laboratoriais: Nenhum dos exames laboratoriais que possam estar alterados na fragilidade possibilitam o diagnóstico ou contribuem para ele de modo definido. Exemplos: marcadores do aumento da atividade inflamatória, redução da creatinina sérica, redução da albumina sérica, anemia, alterações hormonais. Jéssica N. Monte Turma 106 Geriatria Epidemiologia: Prevalência: Entre 65 e 70 anos: 2,5%. 90 anos ou mais: > 30%. Maior taxa de hospitalização, mais quedas, piora nas atividades de vida diária, maior mortalidade. Fatores relacionados: nível educacional, idade mais avançada, baixa renda, dependência funcional, presença de quedas. Fisiopatologia e fatores predisponentes: Redução da atividade dos eixos hormonais anabólicos, instalação de sarcopenia e presença de um estado inflamatório crônico subliminar. Essas alterações, quando intensas o suficiente, interagem de maneira deletéria, precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. Fatores que contribuem para que uma pessoa idosa entre no ciclo de fragilidade: doenças agudas e crônicas, alterações próprias do envelhecimento, efeito de medicamentos, quedas e outras condições mórbidas. Outros fatores: carga genética; estilo de vida; doenças ou lesões; idade; nível educacional prévio; prejuízo cognitivo; carga alostática ao longo da vida; acúmulo de lesões oxidativas do DNA; declínio na capacidade de reparo; anormalidades na transcrição; deleções e mutações no DNA mitocondrial; encurtamento telomérico; alterações proteicas como glicação e oxidação. Jéssica N. Monte Turma 106 Geriatria Características clínicas: Manifestações da síndrome de fragilidade: perda de peso não intencional, fraqueza muscular, fadiga, redução da velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. Não determinantes da fragilidade, mas frequentes: anormalidades da marcha e balanço, ocorrência de quedas, sintomas depressivos, redução da massa óssea, alterações cognitivas e déficits sensoriais, vulnerabilidade a processos infecciosos ou traumáticos, má resposta às terapêuticas instituídas. Diagnóstico diferencial: Fragilidade: quadro necessariamente multissistêmico de instalação lenta e que promove vulnerabilidade da regulação homeostática. Multissistêmica e gradual. Incapacidade: pode se instalar de maneira aguda e comprometer um único sistema. Exemplo: AVC. O portador de incapacidade pode não ser portador de fragilidade. Acometimento de um único sistema, com instalação súbita. Multimorbidades: presença de dois ou mais problemas de saúde em uma mesma pessoa. Está relacionada à idade e às condições socioeconômicas dos indivíduos - pessoas idosas com piores condições econômicas e de vida tendem a ser os mais afetados. Pode levar à queda da qualidade de vida, ao maior risco de hospitalização, à incidência de problemas de saúde mental (como depressão e ansiedade), a uma dificuldade de encontrar o tratamento adequado para essas doenças e a um maior risco de morte. Comorbidades: não são necessariamente associadas à redução de reservas de múltiplos sistemas e à inadequação da manutenção da homeostase frente a estímulos agressivos. Não necessariamente com acometimento multissistêmico. As reservas homeostáticas podem ser satisfatórias. Ex: HAS e DM. Jéssica N. Monte Turma 106 Geriatria Sarcopenia: redução da massa muscular, relacionada ou não ao envelhecimento. Dinapenia: perda de função ou força em decorrência da sarcopenia. A sarcopenia pode estar presente sem os outros comemorativos da fragilidade. Síndrome da caquexia: síndrome metabólica complexa associada à doença e caracterizada pela perda de músculo, com ou sem a perda de massa gorda. Apresenta semelhanças com a síndrome de fragilidade: perda de peso, redução da força e fadiga. No entanto, é induzida por uma doença crônica (câncer, DPOC, ICC), enquanto a síndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. Abordagem terapêutica: Geral: Atividade física: aumento da massa muscular; maior mobilidade; melhor desempenho das AVDs; melhora da marcha; diminuição de quedas; melhora da densidade mineral óssea; aumento do bem-estar geral. Suplementação alimentar: reduzir perda de massa magra e melhorar estado energético. Importante em quadros de depressão; dificuldade de mastigação e deglutição; dependência de outros para alimentação; restrições alimentares desnecessárias.Suplementações hormonais: quebrar o ciclo da fragilidade em seus componentes relacionados à desregulação neuroendócrina. Suplementação de vitamina D: prevenção ou tratamento da fragilidade; melhora no equilíbrio, preservação de força muscular e redução nas quedas. Níveis séricos < 20: maior prevalência de fragilidade, sem predizer risco de desenvolver fragilidade. Revisões de medicação: descontinuação de medicação sem indicação ou com efeitos colaterais; substituição por medicação mais segura; alteração de dose ou adição de novo medicamento Medicações de diversas naturezas, com atuação em componentes da fisiopatologia da síndrome - são intervenções ineficazes. IVCF 20: Robusto (0 a 6 pontos) - tratar adequadamente as doenças crônicas; gerenciar doenças agudas intermitentes; assegurar medidas de rastreamento adequadas à idade e cuidados preventivos. Vulnerável (7 a 14 pontos) e frágil (mais que 15 pontos): menos é mais. Evitar triagem agressiva ou intervenção para condições que não ameaçam a vida; evitar procedimentos ou hospitalizações com sobrecarga desnecessária; encaminhamento para cuidados paliativos; benefício de intervenções direcionadas a componentes específicos da AGA. Prevenção: Mudanças no estilo de vida. Suspensão do tabagismo, da ingestão excessiva de álcool e de substâncias psicoativas. Tratamento rigoroso de doenças crônicas e rápido de doenças agudas. Alimentação balanceada e diversificada, manutenção de atividade física adequada, uso criterioso de medicamentos Prevenção de quedas, correção de perdas com órteses e reposição de vitaminas e minerais quando apropriado, tratamento correto de condições crônicas.
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