Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE ISCISA Enfermagem geral RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE ENFERMAGEM COMUNITÁRIA Estudantes: Alcinda Laura Miambo Cenilde Rael Cumbe Conceição da Páscoa Magaia Eugénia Eugénio Xinavane Hortência Siedade Ronaldo Macassane Rosita Henrique Supervisores: Ana Bonzo Adelino verniz Maputo, Janeiro de 2020 I. Abreviaturas ATS – Aconselhamento e Testagem em Saúde; CS – Centro de Saúde; CSJM – Centro de Saúde José Macamo; PAV – Programa alargado de Vacinação; PNCTL – Programa Nacional de Combate a Tuberculose e Lepra ; RAS – Reconhecimento de Área de saúde; SAAJ – Serviço Amigos de Adolescentes e Jovens; SMI – Saúde Materno Infantil; TARV – Tratamento Antirretroviral; pg. 3 II. Agradecimentos Temos a agradecer os técnicos de medicina preventiva e saneamento do meio do centro de Saúde José Macamo, em especial o técnico Adelino Verniz pelo apoio e acompanhamento durante as actividades do reconhecimento da área de saúde, agradecemos aos membros de comité de saúde, a comunidade e as instituições envolvidas na disponibilização de dados que foram muito importantes para a realização do estágio, e para finalizar agradecemos a todos que directa ou indirectamente nos ajudaram para a realização do estágio. pg. 4 III. Introdução Enfermagem é a arte e ciência de cuidar do outro de forma a contribuir para o seu bem-estar. Sendo a saúde o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença, é importante para o enfermeiro conhecer as condições de vida da população que o rodeia de forma a contribuir satisfatória e positivamente na mesma. Para isso existem ferramentas, como o reconhecimento da área de saúde (RAS). Reconhecimento da área de saúde (RAS) é um instrumento usado pelos profissionais de saúde, que consiste na recolha, organização e análise de todas as informações consideradas importantes para conhecer a situação real de saúde numa área geográfica que está localizada numa unidade sanitária e estas informações serão usadas posteriormente para identificar alguns problemas prioritários e ajudar na planificação, implementação e avaliação dos programas de saúde. Conhecendo a real situação de saúde da comunidade que faz parte da área de saúde o enfermeiro saberá de melhor forma as acções que deverá levar a cabo de forma a promover a saúde nessa área. O presente relatório é sobre o estágio de enfermagem comunitária, realizado por um grupo de 7 estudantes, do curso de licenciatura em enfermagem geral, entre os dias 17 a 27 de janeiro de 2020, na área geográfica do Centro de Saúde José Macamo, onde actividades de campo foram efectuadas nos bairros de Chamanculo C, Malanga e Unidade 7. Mais detalhes sobre tais actividades, dificuldades, problemas, em fim situação actual, serão abordados nas páginas a seguir. pg. 5 IV. Objectivos Geral Aplicação dos conhecimentos adquiridos na teoria sobre o reconhecimento da área de saúde. Específicos Identificar a divisão administrativa, unidades sanitárias; Identificar os problemas que afectam a comunidade numa área de saúde; Propor acções para solucionar ou atenuar os problemas detectados na comunidade. pg. 6 1. Reconhecimento da Área de Saúde (RAS) Consiste na recolha de informações visualmente ou por outras estratégias, técnicas, métodos ou procedimentos cientificamente fundamentados aos demais determinantes da área de saúde numa área geográfica servida por uma unidade sanitária. Área de saúde - a) Fonte de dados Centro de Saúde José Macamo; Secretarias dos bairros; Comunidade. b) Técnicas de recolha de dados Entrevista; Inquérito; Observação. pg. 7 2. Mapa da Área de Saúde do José Macamo 2.1. Localização do Centro de Saúde José Macamo A área de saúde do Centro de saúde José Macamo situa-se no distrito de Nhlamankulo, limita- se a norte pelo bairro Aeroporto B, a sul pela Baia de Maputo, a este pelo Distrito Kampfumo e a oeste pelo barro Luís Cabral. Áreas do centro de Saúde José Macamo pg. 8 2.2. Breve história do Centro de Saúde José Macamo O C.S.J.M existe desde 1995. Era inicialmente pertencente a um grupo de irmãs da Igreja Católica e só em 1995 passa a funcionar como Centro de Saúde tendo em 2009 sido ampliado e inauguradas as novas instalações pela Embaixada Norte Americana PPFAR em Maputo e o Governo Moçambicano. As obras foram financiadas com mais de 800 mil dólares desembolsados pelo fundo do Programa de Emergência do Presidente dos EUA para Alívio do SIDA (PEPFAR). Actualmente o Centro de Saúde atende uma média mensal de cerca de 10168 pacientes nas consultas externas e está equipado de 76 profissionais entre pessoal Médico, pessoal de enfermagem, Técnicos e Agentes de Medicina Geral, Técnicos e Agentes de Medicina Preventiva, Técnicos de Farmácia, Psicólogos, pessoal Administrativo e Agentes de serviço. O Centro de Saúde contribui para melhorar a saúde de cerca de 400 mil pessoas residentes nas imediações do hospital. 2.2.1. Serviços que oferece O Centro de Saúde oferece à população os seguintes serviços: SMI: PAV; PNCTL; Consultas Clínicas: Consultas TARV Consultas de Doença Crónica Gabinete de Malária Aconselhamento e Testagem em Saúde (ATS); Circuncisão Masculina; Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ); Colheita de amostras para posterior envio ao Laboratório; pg. 9 Consultas de oncologia; 2.2.2. Divisão administrativa do distrito de Nhlamankulo O distrito de Nhlamankulo é constituído por 11 Bairros a citar: Aeroporto A, Aeroporto B, Chamanculo A, Chamanculo B, Chamanculo C, Chamanculo D, Xipamanine, Malanga, Minkadjuine, Unidade 7 e Munhuana, distribuídos em 428 quarteirões. Porém importa referir que fazem parte da área de saúde do centro de Saúde José Macamo, apenas os bairros Chamaculo C, Malanga e Unidade 7. No entanto são atendidos neste centro de saúde, utentes de outros bairros e distritos vizinhos, sobretudo o bairro Luís Cabral que pertence ao distrito de KaMubukwane. 2.2.3. Hábitos culturais, alcoólicos e crenças religiosas, características sociais do distrito de Nhlamankulo Não nos foi possível recolher de forma precisa dados de todos bairros, que fazem parte desta área de saúde, entretanto apresentaremos como representante da área, o bairro da unidade 7. A população do distrito de Nhlamankulo, em particular do Bairro Unidade 7, em situações de saúde dirigem-se maioritariamente ao centro de saúde e a minoria opta pela medicina tradicional. O bairro Unidade 7 conta com um secretário e conselho consultivo, 1 líder religioso, um partido político oficializado (Frelimo), um grupo cultural denominado por Galanga, conta com 6 médicos tradicionais reconhecidos, conta uma escola primária e tem mais de 12 mil habitantes registados desde o último senso populacional. No mesmo bairro há consumo de bebidas alcoólicas industriais e tradicionais mas com mais destaque as bebidas industriais como: Cerveja, Vinho, Whisky. Devido ao consumo excessivo dessas drogas, o bairro apresenta muitos casos de assaltos a noite assim como de dia. pg. 10 2.3. Características do meio ambiente, higiene e saneamento do meio Durante o estágio, visitou-se três bairros do distrito de Nhlamankulo abrangidos pelo Centro de Saúde José Macamo nomeadamente: Chamanculo C, Malanga e Unidade 7. Nestes bairros fez-se visita porta-a-porta e a alguns estabelecimentos comerciais. Apresentam se a seguir os dados e as avaliações relacionados ao saneamento do meio dessesbairros. 2.3.1. Bairro de Chamanculo C Neste bairro foram efectuadas visitas porta a porta. Onde de uma amostra de 21 casas, consideradas 100%, obtiveram se os seguintes dados: a) Deposição de dejectos humanos 23,8% das casas usam latrinas melhoradas, com tampa; 9,5% das casas, usam latrinas melhoradas sem tampa; 42,9% das casas usam sanitários; 14,2% das casas usam latrinas tradicionais com tampa 9,5% das casas sem latrina pg. 11 Este ponto foi avaliado negativamente, por existirem ainda casas sem latrinas, o que constitui um risco para prática de defecação a céu aberto. b) Fonte de abastecimento de água 71.4% das casas com água canalizada 19% das casas cartam água no vizinho 9,5% das casas cartam no fontenário público Avalia-se positivamente este ponto, pois a maioria da população usa água canalizada, mesmo que não seja ao seu domicílio. c) Deposição de lixo 95,2% das casas com remoção de lixo pelo conselho municipal; 4,8% das casas incineram o lixo. Avalia-se também de forma positiva a este bairro neste item, pois a maioria da população amostra-se beneficiar da remoção de lixo pelo conselho municipal. 2.3.2. Bairro da Malanga As actividades feitas neste bairro foram as visitas aos estabelecimentos comerciais, porta-a- porta e aos vendedores de comida a fim de observar-se as condições de higiene, inspecção da validade dos produtos e verificou-se se os proprietários assim como os seus trabalhadores possuíam cartões de saúde e se estavam dentro do prazo. Verificou-se ainda a organização dos produtos de acordo com os fins, devendo serem separados os higiénicos dos alimentares. No primeiro constatou-se que a maioria dos comerciantes não possui cartões de saúde. Num dos estabelecimentos visitados foram encontrados produtos (sabonetes) expirados, produtos alimentares em contacto directo com o chão. Nos vendedores de comida observou-se a falta de higiene alimentar e ambiental, o que põe em risco a saúde dos consumidores. Verificadas as condições de cada estabelecimento, sensibilizou-se aos mesmos proprietários a melhorar as condições dos mesmos assim como o bom manuseio e armazenamento dos alimentos. pg. 12 A seguir apresentar-se-ão em percentagem os dados obtidos no bairro de Malanga das casas visitadas que refletem o modo de vida dos moradores do mesmo, condições de higiene como a fonte de abastecimento de água, deposição do lixo e dos dejectos humanos: pg. 13 pg. 14 a) Deposição dos dejectos humanos: 14,3% das casas usam latrinas melhoradas, com tampa; 52,4% das casas usam sanitários; 33,3% das casas usam latrinas tradicionais com tampa. Quanto a este ponto a comunidade do bairro apresenta maior preocupação por falta de espaço para a instalação de lugares para a deposição dos dejectos humanos. Os moradores constroem casas de banho e latrinas fora dos seus quintais e em lugares altos que permitam que ao chover as águas arrastem sujidade para as casas vizinhas constituindo assim um caminho para o surgimento de doenças. b) Fonte de abastecimento de água 57% das casas com água canalizada 43% das casas cartam água no vizinho A comunidade adota o consumo de água canalizada, mas o que constitui problema é a falta do hábito de tratamento e ainda uma dificuldade para possuir a água em seus próprios domicílios. c) Deposição de lixo 100% das casas com remoção de lixo pelo conselho municipal; pg. 15 Avalia-se positivamente este aspecto pois município consegue abranger minimamente a comunidade na remoção do lixo. 2.3.3. Bairro unidade 7 Neste bairro foram efectuadas visitas porta a porta e a estabelecimentos comerciais, onde neste último ponto maior parte dos trabalhadores dos estabelecimentos, não apresentavam boletim de saúde, apresentando assim várias justificações para tal, o que levou a concluir que estes desconhecem a importância do cartão de saúde na execução de suas actividades, tendo- se feito também educação sanitária sobre este aspecto. Sobre disposição dos produtos de venda entre uma e outra lacuna, a avaliação feita é positiva. Seguem os dados sobre as visitas porta a porta, e sua respectiva avaliação, onde a amostra é de 16 casas correspondente a 100% a) Deposição de dejectos humanos 18,75 das casas usam latrinas melhoradas, com tampa; pg. 16 6,25% das casas, usam latrinas melhoradas sem tampa; 56,25% das casas usam sanitários; 18,75% das casas usam latrinas tradicionais com tampa Este ponto foi avaliado positivamente, a medida em que a maior parte das casas usa sanitários, não havendo casas sem sanitários e a percentagem de latrinas sem tampa é menor. b) Fonte de abastecimento de água 62,5% das casas com água canalizada 37.5% das casas, cartam água no vizinho Foi feita avaliação positiva considerando que a comunidade usa maioritariamente água canalizada. c) Deposição de lixo 93,75% das casas com remoção de lixo pelo conselho municipal; 6,25% das casas usam aterro sanitário. Avalia se também de forma positiva a este bairro neste item, pois a maioria da população da amostra se beneficia de remoção de lixo pelo conselho municipal. 3. Criticas feitas ao distrito de Nhlamankulo durante a recolha de dados nas comunidades 1. Presença de lixo mal acondicionado na via pública e valas de drenagem; 2. Venda de produtos alimentares em condições higiénicas não apropriadas; 3. Presença de focos de infecção; 4. Existência de indivíduos sem o real conhecimento sobre importância de conservação e tratamento de água; 5. Existência de casas sem latrinas que culmina em defecação a céu aberto; pg. 17 4. Sugestões Melhorar o sistema de recolha de lixo e formas de sensibilização da comunidade a não deitar lixo nas valas de drenagem; Sensibilizar os comerciantes sobre as boas práticas de higiene e inspecção regular nos estabelecimentos comerciais; Eliminação de todos os focos de infecção; Realização de mais palestras na comunidade, e em todas as instituições públicas ou privadas. 5. Dificuldades Indisponibilidade de alguns responsáveis pelo fornecimento de dados nas comunidades; pg. 18 V. Conclusão É consensual para todos elementos do grupo a imensa importância do RAS no desenvolvimento da carreira de enfermagem, a medida em que fornece dados importantes de forma a garantir a eficiência e eficácia das mesmas actividades, incluindo a forma de abordagem da população da área geográfica de forma a aderir aos cuidados primários de saúde, suas crenças, suas culturas, e formas saudáveis de influencias para boas praticas sejam de saneamento entre outros cuidados que envolvam a promoção de saúde, todas níveis, sejam primários, secundários, terceiro ou quaternário. Algumas zonas do distrito particularmente visitados por nos enfrenta grandes problemas de saneamento do meio, no entanto a existência de membros de comité da saúde, residentes na comunidade já é um passo positivo na resolução de tais problemas, e ajuda a fazer com que a população se sintam envolvidas nas, e apresentem soluções para elas acessíveis, e possíveis de serem cumpridas. pg. 19 ĺndice I. Abreviaturas ............................................................................................................................ 2 II. Agradecimentos ..................................................................................................................... 3 III. Introdução ............................................................................................................................. 4 IV. Objectivos ............................................................................................................................. 5 1. Reconhecimento da Área de Saúde (RAS) .............................................................................6 2. Mapa da área de Saúde do José Macamo ............................................................................... 7 2.1. Localização do Centro de Saúde José Macamo ................................................................... 7 2.2. Breve história do Centro de Saúde José macamo ................................................................ 8 2.2.1. Serviços que oferece ......................................................................................................... 8 2.2.2. Divisão administrativa do distrito de Nhlamankulo ......................................................... 9 2.2.3. Hábitos culturais, alcoólicos e crenças religiosas, características sociais do distrito ....... 9 2.3. Características do meio ambiente, higiene e saneamento do meio .................................... 10 2.3.1. Bairro de Chamanculo C ................................................................................................ 10 2.3.2. Bairro da Malanga .......................................................................................................... 11 2.3.3. Bairro Unidade 7 ............................................................................................................ 15 3. Criticas feitas ao distrito de Nhlamankulo durante a recolha de dados nas comunidades ... 16 4. Sugestões .............................................................................................................................. 17 5. Dificuldades .......................................................................................................................... 17 V. Conclusão ............................................................................................................................ 18 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE 2.3. Características do meio ambiente, higiene e saneamento do meio 3. Criticas feitas ao distrito de Nhlamankulo durante a recolha de dados nas comunidades ĺndice
Compartilhar