Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇA DE GRAVES INTRODUÇÃO A doença de Graves foi reconhecida pela primeira vez no século XIX como uma síndrome compreendendo uma glândula tireóide aumentada e hiperativa, aumento da frequência cardíaca e anormalidades oculares. Etiologia mais comum de hipertireodismo (80% dos casos). Origem autoimune , estima-se que afete 3% das mulheres e 0,5% dos homens. Pico de incidência: 30 e 60 anos , mas pode manifestar-se em qualquer faixa etária. Mais comum na raça branca, mas tem-se observado aumento da incidência da doença em jovens negros americanos. Apesar de ser uma doença órgão-específica , a DG cursa com complicações sistêmicas autoimunes ou decorrentes do excesso de hormônios tireoidianos. 10 a 20% > remissão espontânea 50% > tornam-se hipotireóideos após 20 a 30 anos , na ausência de tto. Complicações CV ( taquiarritmia , ic, fenômenos tromboembólicos ) > potencialmente fatais. A incidência anual da oftalmopatia associada à doença: 16 casos por 100.000 mulheres 3 casos por 100.000 homens. É mais comum em brancos do que nos asiáticos. Hipertireoidismo e oftalmopatia ocorrem tipicamente dentro de 1 ano um do outro, mas pode ser separado por décadas. Em 10% das pessoas com oftalmopatia, ou os níveis de tireóide permanecem normais ou hipotireoidismo auto-imune se desenvolve. ETIOPATOGÊNESE A DG é um distúrbio autoimune, cujo principal sítio antigênico é o receptor do TSH (TSHR). DIAGNÓSTICO CLÍNICO A DG apresenta-se com 3 manifestações principais: HIPERTIREODISMO COM BÓCIO DIFUSO OFTALMOPATIA INFILTRATIVA DERMOPATIA ( MIXEDEMA PRÉ-TIBIAL ) FREQUÊNCIA DOS SINTOMAS: FREQUÊNCIA DOS SINAIS: OFTALMOPATIA Tem a mesma etiopatogênese autoimune do hipertireodismo da DG. Pode desfigurar e ameaçar a visão. É anunciada por uma FASE ATIVA que dura 3 anos que é caracterizada pela evolução dos sintomas e sinais de inflamação e congestionamento. Alguns pacientes têm olho seco e lacrimejamento ocular no início da fase ativa. Isto é seguido por uma fase inativa em que as manifestações oculares tornam-se estáveis. QUEMOSE EDEMA PERIORBITAL EXOFTALMIA DERMOPATIA Dermopatia tireoidiana acomente apenas 5 a 10% dos pacientes com doença de Graves e é quase sempre visto naqueles com oftalmopatia grave e títulos elevador de TRAb. Consiste no espessamento da pele , particularmente na área pré-tibial , devido acumulo de glicosaminoglicanos (aspecto de casca de laranja e coloração violácea) Pode ocorrer em outros lugares ( mãos, ombros) sobretudo após traumatismo prolongado. Outra manifestação é a ONICÓLISE ( unhas de Plummer ) que se caracteriza pela separação da unha de seu leito. Geralmente reverte com a melhora do hipertireoidismo. SUSPEITA DA DOENÇA DE GRAVES DOSAR TSH E T4L TSH E T4L NORMAIS HIPERTIREOIDISMO DESCARTADO TSH BAIXO T4L ALTO HIPERTIREOIDISMO DOSAR ANTICORPOS PRESENTE AUSENTE AVALIAR CAPTAÇÃO DE IODO RADIOATIVO CINTILOGRAFIA DA TIREOIDE HOMOGENEA, AUMENTO DA CAPTAÇÃO DOENÇA DE GRAVES CAPTAÇÃO DESIGUAL OU NÓDULO UNICO BÓCIO NODULAR TÓXICO BAIXA OU NENHUMA CAPTAÇÃO TIREOIDITE SUBAGUDA EXCESSO DE INGESTAO DE HORMONIOS TIREOIDIANOS TUMOR TSH BAIXO E T4L NORMAL DOSAR T3L T3L T3 TOXICOSE T3L NORMAL HIPERTIREODISMO SUBCLINICO TSH NORMAL OU T4L TUMOR HIPOFISÁRIO SECRETOR DE TSH RESISTENCIA DE HORMÔNIO TIREOIDIANO INTERFERÊNCIA NO ENSAIO DOENÇA DE GRAVES DIAGNÓTISCO DO HIPERTIROIDISMO DE GRAVES: Baseado em características próprias e anormalidades bioquímicas. Na ausência de oftalmopatia ou dermopatia e bócio difuso: CINTILOGRAFIA DA TIREÓIDE AVALIAÇÃO DA CAPTAÇÃO DE IODO RADIOATIVO ANTICORPOS RECEPTORES DE TSH TIREÓIDE ASSOCIADA A OFTALMOPATIA: TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA ÓRBITA Avaliam edema dos músculos extra-oculares e aumento do tecido adiposo e conjuntivo da órbita que causa a proptose ,inflamação e comprometimento visual (diplopia, fotofobia, compressão do nervo óptico, lacrimejamento) Importante avaliar a atividade e severidade da oftalmopatia para guiar o tratamento TRATAMENTO: Remissão espontânea ocorre em pequena proporção dos pacientes com graves. Tabagistas e ex-tabagistas: eficácia da medicação é reduzida. Hipotireoidismo autoimune > 10 a 20% à longo prazo. Drogas anti-tireoidianas: primeira linha de tratamento. DROGAS ANTITIREOIDIANAS: 1.METIMAZOL 2.PROPILTIOURACIL Alto risco de recorrência após serem retirados. Eutireoidismo bioquímico por até 12 meses após ter feito tratamento de 1 a 2 anos. Remissão durável/ alívio dos sintomas ocorre em 40 a 50% dos pacientes. Repetição do tto> menor a probabilidade de sucesso. Taxa de recorrência não é menor com tratamento maior que 18 meses ou combinado com levotiroxina. IODO RADIOATIVO: Usado há 7 décadas. Alívio dos sintomas de hipertireoidismo durante semanas. Drogas anti-tireoidianas podem ser suspensas 3 a 7 dias antes e depois da radioterapia. Não está associado com aumento do risco de câncer, mas pode provocar ou piorar oftalmopatia. Morbidade e mortalidade aumentado parece estar relacionado ao próprio hipertireoidismo. Função da tireóide deve ser monitorada para o resto da vida, se desenvolver hipotireoidismo tratar imediatamente. CIRURGIA: Níveis de hormônios da tireóide devem estar normais. Os riscos de hipo e hipertireoidismo recorrente dependem do volume de tecido residual. É ideal para: PACIENTES COM BÓCIOS GRANDES; MULHERES QUE DESEJAM ENGRAVIDAR LOGO APÓS O TRATAMENTO; PCTS QUE DESEJAM EVITAR EXPOSIÇÃO COM DROGAS ANTI-TIREOIDIANAS OU RADIOIODOTERAPIA. Após cirurgia esperar níveis de TSH estabilizar com levotiroxina antes de tentar engravidar. O curso da oftalmopatia não parece ser afetado pela tireoidectomia. TRATAMENTO DURANTE GESTAÇÃO: Graves afeta 0,1% das gestações . A dose de anti-tireoidiano deve ser usado para manter a função da tireóide no limite superior da faixa normal para evitar o hipotireoidismo fetal. Ptu e metimazol estão associados a defeitos congênitos porém PTU deve ser usado no primeiro trimestre e METIMAZOL no restante da gravidez. Função da tireóide deve ser monitorada mensalmente. Amamentação é segura com metimazol ou ptu mas metimazol é recomendado para tratamento pós parto. OFTALMOPATIA: Depende da fase e severidade da doença. Maioria medidas conservadoras. Glicocorticóide por pulso administrada via intravenosa( reduz sintomas inflamatórios). Glicocorticoide e radioiodoterapia. Descompressão cirúrgica da órbita. Objetivos da cirurgia descompressiva: Reduzir a proptose; Restaurar a função; Melhorar a aparência. Pacientes com diplopia, a descompressão cirúrgica é seguida pela cirurgia de estrabismo para corrigir motilidade ocular Ritoxumabe DERMOPATIA E ACROPATIA: Glicocorticóides tópicos (geralmente ineficazes). Observaram melhora notável com Rituximabe (experimental). Não há nenhuma terapia específica disponível. REFERÊNCIAS: The New England Journal of Medicine Endocrinologia Clínica –Lucio Vilar O Essencial em Endocrinologia –Patrícia Sales
Compartilhar