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AD1 Linguística III 2019 2

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Linguística III Coordenadora: Prof.ª Silmara Dela Silva
Tutora a distância: Fernanda Cerqueira de Mello AD1 - 2019/2
Aluno(a): Maicon Rodrigues Motta
Polo: Piraí
Matrícula 18213120142
Nota: 
1) No fragmento textual a seguir, a linguista Eni Orlandi fala sobre duas tendências nos estudos da linguagem. Faça um comentário sobre essas duas posições, mostrando os seus conhecimentos sobre elas. Em sua resposta, localize os estudos linguísticos que se desenvolvem a partir da década de 1960 em uma dessas duas tendências e dê exemplo de ao menos um objeto teórico estudado pela Linguística a partir dessa época.
“Essa divisão, que atravessa a história da linguística, apõe os partidários de que existe uma ordem interna, própria da língua, àqueles que defendem a ideia de que essa ordem reflete a relação da língua com a exterioridade, incluindo determinações históricas e sociais. [...] embora os estudos linguísticos se desenvolvam em várias direções, acabam sendo atravessados e definidos por essas tendências conflitantes...”. (ORLANDI, E.P. O que é linguística. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2009. p. 17)
Resposta:
Segundo o que postula Eni Orlandi, é possível identificar as duas correntes e tendências que norteiam os estudos de linguística: a perspectiva formalista e a perspectiva funcionalista. Especificando, a ótica formalista, é aquela corrente que toma como foco os estudos da língua enquanto um sistema, não se importando muito com os elementos internos desse mesmo sistema. 
Por exemplo, no caso dos estruturalistas, onde se consideram as visões de Noah Chomsky, no final da década de 1950, quando publicado o Livro “Curso de Linguística Geral” e de Ferdinand Saussure, ambos defendendo a ideia do gerativismo/inatismo.
Já a perspectiva funcionalista, emerge com mais força a partir da década de 1960, estudando a língua em uso, considerando o sistema linguístico e suas relações com o meio, levando em conta, as interações sócio-históricas, que emergem a partir da enunciação.
Segundo Orlandi, as palavras significam de modo diferente por sujeitos em situações diferentes de enunciação, uma vez que os sentidos não são dados a priori, mas estão sempre em curso, na relação entre sujeito e língua, na luta tensa pela disputa dos sentidos. 
Assim, o discurso é compreendido como o lugar onde se constituem sujeitos e sentidos, tendo em vista as condições de produção do dizer. De acordo com Orlandi, a língua significa na história, e os sentidos, por sua vez, se constituem a partir das posições ocupadas pelo sujeito para dizer. É por isso que se pode afirmar, conforme Orlandi, que “a nossa sociedade é dividida”, pois os sentidos se constituem ideologicamente, em relação às posições ocupadas pelos sujeitos em uma formação social. Sendo assim, os sentidos significam de modos diferentes para diferentes sujeitos. Mesmo sentidos que parecem tão naturalizados em um dado contexto sócio-histórico, em outro podem significar diferentemente e podem, até mesmo, não serem aceitos.
 Para concluir, são essas as tendências teóricas da Linguística que se desenvolvem na época da chamada “guinada pragmática”. Como exemplos de objetos teóricos que passam a ser estudados pela Linguística nesse período, podemos mencionar os atos de fala (na Pragmática), o texto (na Linguística Textual), a conversa (na Análise da Conversação) e o discurso (na Análise de Discurso), por exemplo.
2) Explique o conceito teórico de gêneros do discurso (ou gêneros discursivos) na perspectiva de Bakhtin e apresente um exemplo que dialogue com o conceito, considerando os aspectos relacionados ao gênero (não se esqueça de citar, ao final do texto, as fontes – sites, livros – pesquisadas).
Resposta:
Quando entendemos o enunciado como uma unidade discursiva estritamente social que provoca uma atitude responsiva por parte do sujeito, passaremos a supor, que todo e qualquer enunciado é produzidos para alguém, com uma intenção comunicativa pré-definida. 
São estas intenções, como parte das condições de produção dos enunciados que, para o autor, determinam os usos linguísticos que originam os gêneros. Assim, o ato de fala possui formas diversificadas de acordo com o querer-dizer do locutor. Tais formas constituem os tipos “relativamente estáveis” de enunciados. 
Esta relativa estabilidade ao qual o autor alude é devido a sua marca histórica e social relacionada a contextos interacionais. 
Os gêneros vão sofrendo modificações em consequência do momento histórico ao qual estão inseridos, sendo assim, cada situação social origina um gênero, com suas características que lhe são peculiares. 
Bakhtin vincula a formação de novos gêneros ao aparecimento de novas esferas de atividade humana, com finalidades discursivas específicas. Esta imensa heterogeneidade levou o autor a realizar uma “classificação”, dividindo-os em primários e secundários.
Os primários aludem às situações comunicativas cotidianas, espontâneas, não elaboradas, informais, que sugerem uma comunicação imediata. São exemplos de gêneros primários a carta, o bilhete, o diálogo cotidiano. Os gêneros secundários, normalmente mediados pela escrita, aparecem em situações comunicativas mais complexas e elaboradas, como no teatro, romance, tese científica, palestra, etc. Vale ressaltar que a essência dos gêneros é a mesma, ou seja, ambos são compostos por fenômenos de mesma natureza, os enunciados verbais. O que os diferencia, entretanto, é o nível de complexidade em que se apresentam.
A diferença entre os tipos de gêneros – primários e secundários – é extremamente grande para Bakhtin. Segundo o autor, existe a necessidade de que se faça uma análise do enunciado para que se possa definir sua natureza.
Bakhtin considera que os gêneros secundários são formados a partir de reelaborações dos primários. Assim, um diálogo cotidiano relatado em um romance perde seu caráter imediato e passa a incorporar em sua forma as características do universo narrativo, complexo, que lhe deu origem, ou seja, nesta situação, o diálogo transforma-se em um acontecimento literário e deixa de ser cotidiano.
Resposta:
Bakhtin considera o enunciado como resultante de uma “memória discursiva”, ou seja, repleta de enunciados que já foram proferidos em outras épocas, em outras situações interacionais, nas quais o locutor inconscientemente toma como base para realizar a enunciação do momento, para formular seu discurso. A enunciação caracteriza-se então pela alternância de atos de fala, numa relação dialógica, que o autor define como “Alternância”.
A outra é a sua conclusibilidade específica, ou seja, um falante termina o seu turno para dar lugar à fala do outro e é isto que permite a possibilidade de resposta (posição responsiva).
São três os fatores desta conclusibilidade específica: o tratamento do tema, o intuito discursivo e as formas do gênero do acabamento. O primeiro elemento diverge em relação aos diversos campos de atividade humana, por exemplo, nos campos cujos gêneros refletem uma natureza padronizada, o acabamento é praticamente pleno, ao passo que nos gêneros que permitem a expressão da criatividade, pode-se falar só em um acabamento mínimo. O segundo relaciona-se à vontade de dizer do sujeito e é através dessa intenção verbalizada que é possível medir a conclusibilidade do enunciado, ou seja, somos capazes de perceber quando o outro finalizou seu turno, para que possamos tomar o nosso. O terceiro fator, o mais importante dos três para Bakhtin, está relacionado à escolha do gênero discursivo pelo sujeito, advinda de sua intenção comunicativa. Esta escolha é determinada em relação à esfera pela qual o discurso transitará, por seu conteúdo temático, pelas condições de produção e pela composição dos participantes. 
Bakthin recela a existência de dois mundos: o mundo da cultura e o mundo da vida. O mundoda cultura é o mundo no qual “se objetiva o ato da atividade de cada um”, enquanto no mundo da vida – historicidade viva –, atos únicos e irrepetíveis são realizados por seres históricos. 
Dessa forma, a consciência individual é resultante de um diálogo interconsciências. Isto é o que o autor denomina de polifonia. Estas vozes “dialogam” dentro do discurso, não se trata apenas de uma retomada. Este diálogo polifônico é construído histórica e socialmente. 
 
Por outro lado os textos monofônicos são assim caracterizados pelo fato de que as vozes que os compõem não aparecem, mas se ocultam, sob a aparência de uma única voz, disfarçado de discurso monológico, como parece estar demonstrado também na figura. 
Para Bakhtin, cada ato de enunciação é composto por diversas “vozes” assim, cada ato de fala é repleto de assimilações e reestruturações destas diversas vozes, ou seja, cada discurso é composto de vários discursos, justamente o que ocorre na tirinha, proposta na questão. Onde em: “já era assim e já ouvi dizer...” e em “... agora já sou assim e continuo a ouvir dizer que o país está em crise.” A partir deste diálogo se dá a construção da consciência individual do falante. O autor vai mais adiante referindo que só pensamos graças a um contato permanente com os pensamentos alheios, pensamento este expresso no enunciado. 
4) De acordo com a perspectiva teórica da linguística textual, alguns critérios, tais como coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade, são elementos essenciais para se entender o modo com os textos funcionam. Explique em que consiste cada um desses critérios e mostre o funcionamento da intertextualidade no cartum, exposto a seguir.
Resposta:
É fundamental na redação a apresentação clara das ideias, e para se alcançar isso, as frases devem estar bem articuladas. Essa articulação chama-se coesão textual, a qual é explicitada por meio de elementos conectivos, normalmente conjunções, advérbios e pronomes. Os elementos de coesão promovem o encadeamento das ideias: frase B retoma elemento da frase A; parágrafo B refere-se à informação do parágrafo A. Assim o texto tem um encaminhamento lógico, pois mantém o eixo temático. 
A Coerência é responsável pela unidade semântica, pelo sentido do texto, envolvendo não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos. A coerência contribui para a construção de enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade.
Em relação à intencionalidade, percebemos o empenho do autor em construir um texto coerente, coeso, e que atinja o objetivo que ele tem em mente. Isso diz respeito ao valor ilocutório, ou seja, o que o texto pretende falar.
Sobre a informatividade, percebemos que, quanto menos previsível se apresentar o texto, mais informatividade ocorrerá. Tanto a falta quanto o excesso de previsibilidade, de informatividade, são prejudiciais à aceitação do texto por parte do leitor. 
Em relação à aceitabilidade, diz respeito à expectativa do leitor de que o texto tenha coerência e coesão, além de ser útil e relevante. Grice (apud Costa Val. 1991) estabelece estratégias para o autor alcançar aceitabilidade: cooperação (para autor responder às necessidades do recebedor), qualidade (autenticidade) e quantidade (informatividade). 
No que diz que diz respeito à situacionalidade, entendemos ser o respeito à pertinência e à relevância do texto no contexto. Situar o texto é adequá-lo à situação sociocomunicativa.
Por fim e não menos importante para a plena compreensão do texto, refletimos um pouco sobre a intertextualidade, que concerne aos fatores que ligam a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). 
Como abordado na figura, onde, onde um príncipe acorda a bela adormecida com um beijo. A bela adormecida já dormia por mais de dez anos e, obviamente, não entendeu o porquê do beijo.
A figura é uma analogia a um clássico conto de fadas cuja personagem principal é uma princesa que é enfeitiçada por uma maléfica feiticeira, para cair num sono profundo, até que um príncipe encantado a desperte com um beijo provindo de um amor verdadeiro. É um dos contos mais famosos da humanidade atualmente. Dessa forma, trata-se de um texto que se baseia em cima do "já-dito".
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. O discurso no romance. In: ______. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. São Paulo: Editora Unesp, [1934/35] 1998, p. 71-210. 
BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução do italiano de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, [1919/20] 2010.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da Criação Verbal. Introdução e tradução de Paulo Bezerra. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011a [1952/53], p. 261-306. 
BAKHTIN, M. O problema do texto. In: ______. Estética da criação verbal. Introdução e tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011b [1959/60], p. 307-336. 
BAKHTIN, M. Metodologia das ciências humanas. In: ______. Estética da Criação Verbal. Introdução e tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011c [1974], p. 393-410. 
BAKHTIN, M. M. /VOLOCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, [1929], 2006. 
BAKHTIN, M. M. (1929). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud et al. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 1999. 196p.
Obs. Não escreva em tópicos. Escreva um texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal.
3) Em nossas aulas, vimos que Bakhtin propõe pensar a linguagem numa perspectiva dialógica, cuja base fundamental é a interação verbal. Para o autor (BAKHTIN, 2003), a linguagem é dinâmica, viva, e se realiza a partir de relações estabelecidas entre os enunciados. Com base nos nossos estudos, examine a tirinha abaixo e, a partir dela, explique duas especificidades da concepção bakhtiniana de dialogismo.

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