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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Literatura Brasileira II Coordenador: Luiz Fernando Medeiros de Carvalho AD1 - 2019/2 Aluno (a): Maicon Rodrigues Motta Polo: Piraí Matrícula 18213120142 Nota: 1. O riso e o deboche são marcas de uma severa crítica em relação aos governantes na poesia de Gregório de Matos. Mais do que isso, em suas sátiras, Matos procura compreender as linguagens de seu tempo. Logo, por que podemos configurar a poesia de Gregório como um “jornal” do Brasil Colônia e o poeta como cronista? Resposta: Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, em muitas vezes, relatando as mazelas sociais as quais o povo baiano era submetido. Além disso, suas críticas à igreja católica, à religiosidade e à burguesia, presentes naquele momento, revelaram uma atitude de subversão por meio das palavras, e rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", expressão retirada de um soneto do espanhol Lope de Vega, soneto, este que tomava por alvo o arquiteto e escritor Trajano Boccalini, que era o satírico “Boca del Infierno”. A sátira política tornou-se uma das vertentes mais conhecidas de sua obra poética no período colonial. Podemos configurar a poesia de Gregório de Matos como um jornal, como consequência da periodicidade com a qual era publicado, criticando autoridades civis e religiosas e ainda, relatando sobre a má administração do Brasil. Gregório de Matos ficou conhecido como também como cronista, pois apresenta uma narrativa histórica que expõe os fatos, ou seja, tem a ver com a temporalidade a qual, suas críticas sociais eram tecidas. A palavra crônica deriva do grego "chronos" que significa "tempo". Nos jornais e revistas, por exemplo, e mais especificamente, no caso de Gregório de Matos, a crônica é uma narração curta escrita pelo mesmo autor e publicada em uma seção habitual de um periódico, na qual são relatados fatos do cotidiano. 2. Por que houve tanta dificuldade em se fixar a autonomia dos textos atribuídos a Gregório de Matos? Resposta: Gregório de Matos não publicou textos em vida. Os textos de Matos foram publicados depois de sua morte, com isso, os historiadores não sabem ao certo o que foi realmente escrito pelo autor e os textos que lhe foram atribuídos equivocadamente, gerando grande discordância sobre a autoria verdadeira das publicações. Seus textos manuscritos apógrafos, foram recolhidos sem que houvesse critérios, por copistas do século XVIII, que podem ter violado o material, acrescentando produções próprias ou de terceiros. Não há consenso sequer quanto ao seu ano de nascimento e morte, como se pode perceber pela divergência de datas, se compararmos os textos fundadores. Confundido com a própria obra, cuja autoria não se pode provar, posto que do corpus a ele atribuído não há mais que textos apógrafos, dado como autor de poemas que provavelmente não tenha escrito, tomado ora por devasso incorrigível, ora por homem de espírito agudo, segundo Romero (1980, p. 382) “genuíno iniciador de nossa poesia lírica e de nossa intuição étnica”, Gregório de Matos oscila ao sabor dos juízos críticos que lhe são imputados. Positivos ou negativos, mas jamais indiferentes. 3. Comente a seguinte afirmação paradoxal de Hansen: “A sátira é guerra caritativa: fere para curar.” Resposta: João Adolfo Hansen define a sátira no sentido de ironia, de sarcasmo de Gregório de Matos, como a declaração de uma constatação verídica. Na verdade, a sátira só é eficaz se for percebida, cumprindo assim o seu objetivo corrosivo. Quando se aproxima da realidade, se estabelece uma crítica pela sátira, esta mesma, corrosiva e destruidora. De mesmo modo, se estabelece a crítica pelo moralismo, mas que emenda e ensina os bons caminhos. Hansen compara a sátira a uma benevolência, pois através dela, com o embate da verdade, ela pode ser “tratada”, mudando os atos.
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