Buscar

Resumo doença periodontal

Prévia do material em texto

Resumo doença periodontal
A Doença Periodontal (DP) é uma infecção crônica produzida por bactérias gram-negativas, em níveis elevados, causada por acúmulo de componentes microbianos do biofilme dental que se acumulam no interior dos tecidos do periodonto.1 Trata-se de doença sítio-específica, que evolui continuamente com períodos de exacerbação e de remissão, resultando em resposta inflamatória e imune do hospedeiro à presença do biofilme dental. Existem alguns fatores de risco, como diabetes e tabagismo que podem modificá-la, aumentando sua prevalência e gravidade.
O hábito de fumar está diretamente associado a alterações locais e sistêmicas. As alterações sistêmicas estão relacionadas à maior prevalência e incidência de neoplasias, doenças cardíacas e pulmonares, além de redução das respostas imune e inflamatória do indivíduo. Enquanto, o efeito local do cigarro na cavidade bucal pode aumentar o risco à doença periodontal e o aparecimento de câncer bucal.
A doença periodontal é o processo inflamatório que ocorre na gengiva em resposta a antígenos bacterianos da placa dentária que se acumulam ao longo da margem gengival. A placa é um biofilme constituído por bactérias, proteínas salivares e células epiteliais descamadas (5). Sua manifestação inicial é a gengivite, caracterizada por hiperemia, edema, recessão e sangramento gengival (figura 2). Se não tratada precocemente, ela pode evoluir para periodontite (figura 3). Uma das primeiras alterações clínicas causadas pela periodontite é a perda de inserção dos tecidos periodontais que suportam e protegem o elemento dental com formação da bolsa gengival. Com a superfície dentária livre do epitélio protetor, ocorre acúmulo de placa bacteriana e destruição dos tecidos pela proliferação de microorganismos patogênicos (6). A doença periodontal grave afeta estruturas mais profundas, causando reabsorção das fibras colágenas do ligamento periodontal, reabsorção do osso alveolar, abscessos, aumento da profundidade das bolsas, maior mobilidade dentária e perda de dentes, Uma vez que a microbiota periodontal em pacientes com DM é similar à de não-diabéticos (bactérias gram-negativas anaeróbicas como Actinobacillus, Bacteróides e Porphyromonas) (5), outros fatores, tais como hiperglicemia e anormalidades da resposta imune do hospedeiro frente às infecções bucais, parecem ser os responsáveis pela maior prevalência desta complicação em diabéticos
A periodontite quase sempre se desenvolve quando uma gengivite, frequentemente com placa bacteriana e cálculo dental abaixo da margem gengival, não é tratada de forma adequada. Na periodontite, as bolsas periodontais profundas podem abrigar microrganismos anaeróbios, que causam dano maior que aqueles comumente presentes na gengivite comum. Os organismos desencadeiam a liberação crônica dos mediadores inflamatórios, incluindo citocinas, prostaglandinas e enzimas a partir de neutrófilos e monócitos. A inflamação resultante afeta o ligamento periodontal, gengiva, cemento e osso alveolar. A gengiva perde progressivamente sua ligação com o dente, começa a perda óssea e as bolsas periodontais se tornam mais profundas. Com a perda óssea progressiva, os dentes podem apresentar mobilidade e a gengiva sofre retração. A migração dentária é comum nos estágios tardios, e pode ocorrer perda de dentes.
Fatores de risco modificáveis que contribuem para a periodontite incluem
· Placa
· Tabagismo
· Obesidade
· Diabetes (especialmente tipo 1)
· Estresse emocional
· Deficiência de vitamina C (escorbuto)
A periodontite crônica é o tipo mais comum de periodontite. Ela ocorre mais frequentemente em adultos > 35 anos, mas adolescentes e mesmo crianças com dentição decídua podem ser afetados. 
Diagnóstico
· Avaliação clínica
· Às vezes, radiografias
Inspeção de dentes e gengiva, combinada à exploração das bolsas gengivais e aferição de suas profundidades, quase sempre é suficiente para o diagnóstico. Bolsas mais profundas que 4 mm indicam periodontite.
Radiografias dentais revelam perda do osso alveolar adjacente às bolsas periodontais.
Tratamento
· Tratamento dos fatores de risco
· Raspagem e alisamento radicular
· Eventualmente antibióticos orais, tópicos, ou ambos
· Cirurgia ou extração
O tratamento dos fatores de risco modificáveis como higiene bucal ruim, diabetes e tabagismo melhora os resultados.
Para todas as formas de periodontite, a primeira fase do tratamento consiste em minuciosa raspagem (limpeza profissional com instrumentos manuais ou ultrassônicos) e alisamento radicular (remoção de cemento ou dentina enfermo ou acometidos por toxinas, seguida do alisamento da raiz) para a remoção da placa bacteriana e de depósitos de cálculos. Higiene bucal completa é necessária e inclui escovação cuidadosa, uso de fio dental e uso de uma ponta de borracha para ajudar a limpar. Pode incluir compressas de clorexidina ou enxagues. Um terapeuta deve ensinar o paciente como fazer esses procedimentos. O paciente é reavaliado após 3 semanas. Se a profundidade da bolsas não exceder 4 mm nesse ponto, o único tratamento necessário é limpeza regular. Às vezes um retalho do tecido gengival é feito para permitir acesso à raspagem e alisamento das partes mais profundas da raiz.
Se as bolsas periodontais profundas persistirem, antibióticos sistêmicos podem ser usados. Esquema comum é amoxicilina, 500 mg, VO, 3 vezes/dia, durante 10 dias. Ademais, gel contendo doxiciclina ou microesferas de minociclina pode ser aplicado em bolsas isoladas e persistentes. Esses fármacos são reabsorvidas em 2 semanas.
Outra abordagem é a eliminação cirúrgica das bolsas periodontais, recontornando o osso (cirurgia de redução/eliminação de bolsa periodontal), de tal forma que o paciente possa realizar a limpeza do sulco entre o dente e a gengiva. Em certos pacientes, a cirurgia regenerativa e a aplicação de enxertos ósseos são feitas para estimular o crescimento do osso alveolar. A fixação dos dentes com mobilidade e o remodelamento seletivo das superfícies dentais podem ser necessários para eliminar o trauma oclusal. Extrações são frequentemente necessárias na doença avançada. Os fatores sistêmicos contribuintes devem ser controlados antes do início da terapia periodontal.
Noventa por cento dos pacientes com periodontite ulcerativa necrosante associada ao HIV respondem ao tratamento combinado com raspagem e alisamento, irrigação do sulco com iodopovidona (que o dentista aplica com uma seringa), uso regular de enxágues bucais com clorexidina e antibióticos sistêmicos, em geral metronidazol, 250 mg, VO, 3 vezes/dia, durante 14 dias.
A periodontite agressiva localizada requer cirurgia periodontal, mais antibióticos orais (p. ex., amoxicilina 500 mg, 4 vezes/dia ou metronidazol 250 mg, 3 vezes/dia durante 14 dias).

Continue navegando