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Araceli Thomaz – Cirurgia Geral HÉRNIAS Conceito Rompimento - protrusão anormal de um órgão ou tecido através de um defeito em suas paredes adjacentes e isso podem acontecer em qualquer lugar do corpo. "Um órgão de uma cavidade que parte para a outra" É o procedimento cirúrgico mais realizado - eletivo\não emergência - muito frequente - cai muito em prova Anatomia – IMPORTANTE PARA COMPRENSÃO Descrição do paciente: "Faço um esforço e tenho um abaulamento." Cavidade abdominal: Inguinal - A víscera "empurra" a parede interna do abdome, junto com o peritônio - saco herniário INTRODUÇÃO Pode ocorrer em vários locais do corpo Mais frequente na parede abdominal: Inguinal Importância epidemiológica e alta prevalência: o 15% - homens o 5% - mulheres Alto custo social - afastamento do trabalho, não pode pegar peso Evolução técnica - atualizações ANATOMIA Região - Orifício Mio pectíneo de Fruchaud Área de fraqueza na região da virilha, cortada pelo ligamento inguinal. Acima do ligamento - hérnia inguinal Abaixo do ligamento - hérnia femoral (menos comum) CANAL INGUINAL É um tubo \ um túnel: Possui teto, assoalho, bordas superiores e inferiores. Acima e paralelo ao ligamento inguinal Orifício de entrada: Início no anel inguinal profundo/interno (abertura na fáscia transversalis) Borda do anel formada pelos vasos - Araceli Thomaz – Cirurgia Geral Vasos epigástricos inferiores formam a borda medial do anel inguinal interno (limites anatômicos - ponto de referência) • Orifício de saída: Termina no anel inguinal superficial/externo (abertura na aponeurose do m. oblíquo externo) Dentro do canal inguinal: No homem: passa o funículo espermático Ramo genital do n. genitofemoral (inervação do testículo) Artérias e veias testiculares Veias do plexo pampiniforme (drenagem do testículo Ducto deferente (onde passa os espermatozoides) - lesado - vasectomia Tudo isso coberto pelo Músculo cremáster - continuação do oblíquo interno (m. que envolve o funículo) - " o testículo precisa estar externo para produção gametogênica - este mm. "puxa o testículo nos dias frios e exterioriza quando quentes". Na mulher passa o ligamento redondo do útero (vai até os grandes lábios) LIMITES \ PAREDES • Teto ou anterior: Aponeurose do m. obliquo externo (abertura: anel inguinal externo\superficial) - "primeira coisa a cortar na cirurgia" Abaixo do ligamento inguinal - vasos femorais • Assoalho ou posterior: fáscia transversalis (abertura na fáscia: anel inguinal interno) • Superior\Medial: tendão conjunto que são fibras arqueadas do obliquo interno e transverso (união) • Inferior\Lateral: ligamento inguinal Dentro do canal inguinal, porém fora do funículo, junto ao mm. Cremaster, logo ao abrir a aponeurose se encontrar estes nervos: N. Ileohiposgástrico e N. Ileoinguinal Araceli Thomaz – Cirurgia Geral TRIÂNGULO DE HASSELBACH Vasos epigástricos inferiores (borda medial do anel interno e borda lateral do triângulo) - referência anatômica importante Borda lateral do mm. reto abdominal Ligamento inguinal Área de fraqueza na parede posterior - Onde acontece as HÉRNIAS DIRETAS MACETE DIRETA - destrói a parede diretamente - "empurra", forma um defeito na parede - dentro do triângulo - medial aos vasos epigástricos, logo o paciente que tem essa hérnia é aquele paciente que tem uma doença adquirida, exemplo: deficiência do colágeno, esforço crônico, tosse sempre. Quando faz o exame físico (no anel externo) encosta na face posterior ou lateral do dedo INDIRETA - É aquela que precisa de um túnel para se exteriorizar (canal inguinal), logo toda hérnia passa por dentro do anel, logo tudo que passar dentro do anel fica lateral aos vasos epigástricos (porque eles são a borda medial) Quando faz o exame físico (no anel externo) a ponta do dedo encosta na ponta do dedo. Araceli Thomaz – Cirurgia Geral CLASSIFICAÇÃO Redutível - sai e volta Encarcerada - sai e ficou presa, não consegue voltar (agudo - pode evoluir para emergência ou crônica) - cirurgia eletiva Estrangulada - presa com sofrimento vascular - emergência CONCEITOS • Hérnia de Richter: Porção da borda antimesentérica do intestino é apreendida dentro da hérnia → Pode estrangular, sem obstruir. Intestino preso na hérnia, um pinçamento da bordinha com o conteúdo intestinal permanece normal - sem sinal de abdome agudo obstrutivo. • Hérnia de deslizamento: A víscera herniada forma parte da parede do saco herniário (bolsa de peritônio) Não tem como abrir o saco herniário, empurro tudo para dentro da cavidade - pode lesar a víscera. Araceli Thomaz – Cirurgia Geral TIPOS ESPECÍFICOS: Hérnia de Garangeot: apêndice em hérnia femoral (apêndice está dentro da hérnia) Hérnia de Amyand: apêndice com apendicite em hérnia inguinal (mais cai em prova*) Hérnia de Litreé: Contém um divertículo de Meckel (30 a 40 cm da válvula íleocecal) no saco herniário Hérnia ciática Hérnia de Spiegel: Hérnia ventral - Mudança de aponeurose (até a linha arqueada - ponto de fraqueza - linha de Douglas com Semilunar) Entre a borda lateral do músculo reto e linha semilunar Hérnia Obturadora - Dentro do forame obturador e comprime o n. Obturador - Sinal de Howship - Romberg (dor na face medial da coxa) Hérnias Lombares o Superiores: Grynfelt - trígono lombar superior - 12ª costela, mm paravertebral e mm. obliquido interno, abaixo da última costela o Inferior: Petit - trígono lombar inferior - crista ilíaca, mm. obliquo externo e mm. latíssimo dorsal acima da crista ilíaca Hérnia perineal EPIDEMIOLOGIA Estima-se que 5% da população vai ter hérnia Mais comum (75%) - hérnial inguinal o 2\3 --------- indiretas o 1\3 ---------- diretas Incisionais: 15 a 20% (2ª) Umbilicais e epigástricas: 10% Femorais: 5% (mais raras) - Predomínio em homens - 9 a 25x - Hérnia inguinal indireta é a mais comum - independentemente do sexo - Predomínio feminino nas hérnias femorais - 10\1 - A maior parte das hérnias estrangulas são inguinais - PORQUE TEM MAIOR NÚMERO Araceli Thomaz – Cirurgia Geral - As hérnias femorais tem mais CHANCE de estrangulamento - porque o orifício é menor - Independente da hérnia - mais comum no lado direito (testículo direito demora a descer e o sigmóide esta na esquerda e assim bloqueia e protege aquela região) Fatores de risco • CONGÊNITAS - Persistência do processo vaginal - Prematuridade e baixo peso - Deficiências de colágeno (Marfan, Ehlers-Danlos, Hunter) Indireta: SEMPRE CONGÊNITA, mesmo crônica. • ADQUIRIDAS - Alterações do colágeno: tabagismo e idade avançada - Aumento repetitivo de Pressão intra-abdominal: Prostatismo, DPOC, paciente que pega muito peso , neoplasia intra-abdominal, constipação, ascite, obesidade. Corrigir estes fatores de risco antes da cirurgia, senão a hérnia recidiva. Apresentação clínica • Assintomático até peritonite • Abaulamento redutível (mais comum) • Dor, desconforto ou peso na virilha • Tumoração fixa (encarcerada), pode ter abdome agudo obstrutivo • Parestesias nos grandes lábios, no testículo, na bolsa escrotal • Encarcerada - Sinais de abaulamento fixo + abdome agudo obstrutivo: vômito e parada de eliminação de gases e fezes - Cirurgia de urgência de 6 a 12h • Estrangulada - Sinais flogísticos: Pele sensível, quente, eritema, febre, hipotensão, leucocitose - Peritonite - dor a descompressão brusca - Cirurgia imediata A encarcerada aguda, que não está estrangulada não tem porquê correr o risco e tentar reduzir, logo HÁ NECESSIDADE DE CIRURGIA IMEDIATA. INCISÃO Peritonite localizada - inguinotomia(só na região da hérnia) Peritonite não localizada - laparotomia mediana (necessidade de lavar a cavidade - mais complexa) Araceli Thomaz – Cirurgia Geral Exame Físico (Paciente em pé, depois deita) • Manobra Valsalva/Tosse • Indicador no canal inguinal Sinal "luva de seda": sensação de toque de seda contra o dedo com a luva • Sexo feminino: 2 dedos ao longo do canal inguinal • Femoral: abaixo do ligamento inguinal, medial à artéria femoral Manobra de Landivar (No homem) Na manobra se coloca o dedo na base da bolsa testicular, e palpar o anel inguinal externo (onde acaba o canal inguinal). Diagnóstico Clínico Exames de imagem quando há dúvida diagnóstica: USG de parede abdominal - Tomografia - bom para hérnias incisionais - Com constrate - hernias diretas comum "levar bexiga" - Video - forma de tto tbm Diagnósticos diferenciais Neoplasias benignas e malignas (lipoma) Linfonodos infartados Hidrocele (cheio de líquido) Orquite Torção de testículo Varicocele CLASSIFICAÇÃO Araceli Thomaz – Cirurgia Geral Tratamento Não cirúrgico - não trata fisicamente, pois pode tanto estangular, quanto encarcerar TEMPOS OPERATÓRIOS BÁSICOS Inguinotomia transversa Inguinotomia oblíqua - linhas de forças (metade da Pfannenstiel) 1. Passou a gordura 2. Aponeurose do obliquo externo - teto do canal 3. Anel inguinal superficial 4. Dentro do canal inguinal 5. Identificar se é direta ou indireta HÉRNIA INDIRETA Isolar os elementos do funículo espermático Abrir o mm. Cremaster Descolar estruras do saco herniário Abrir o saco herniário (*se for deslizamento não pode abrir) Excesso de peritônio - resseca HERNIA DIRETA Sutura embolsa empurrando para dentro e feche, para que a fascia transversalis fique lisa. REFORÇO DA PAREDE VIA ANTERIOR Reforço da parede sobre tensão Bassini Final do século 19 Cirurgia anatômica - domina a anatomia do canal inguinal (sabendo os limites) Sutura do tendão conjunto (borda medial) com ligamento inguinal (borda lateral) - "forra o assoalho de pontos" Araceli Thomaz – Cirurgia Geral Pontos separados Alta recidiva - muita tensão Andrews 2 linhas de suturas, o cordão fica no subcutâneo Usa a aponeurose Shouldice Melhor técnica para técnicas inguinais, que não se usa tela, sempre que tiver infecção é contraindicado uso de tela Hérnia infantil 4 linhas de sutura - "embricamento ou jaquetão" Múltiplas camadas de sutura Abertura da fascia transversalis do anel inguinal interno até o pubis Incisões relaxadoras Recorrência de 1% Anestesia local McVay Sutura no tendão conjunto ao ligamento de Cooper (abaixo do ligamento inguinal\Poupart) (pubis - raiz da coxa) - fecha o canal femoral Sutura interrompida entre a borda superior da fascia transversal e o tendão conjunto ao Cooper Cuidado com o vaso femoral Única técnica que consegue corrigir a hérnia femoral REFORÇO DA PAREDE SEM TENSÃO Stoppa Linchtenstein Técnica sem tensão - usa tela "quanto mais tensão, mais risco de recidiva" Via anterior: com protése - sem tensão Tela serve para criar uma área de fibrose, endurecendo o tecido Menor recidiva, dor e desconforto Tela de polipropileno (reação fibrótica - inabsorvível) Grave quando infecciona Necessário incisão na tela, gravata, criando um novo anel inguinal interno Não pode ser muito apertado, nem tão largo VIA DE ACESSO Sempre tem esta questão em provas de residência Peritonite difusa - incisão mediana Sem Peritonite - Inguinotomia VIA POSTERIOR Mais fisiológico Ao esforço, fixa mais a tela STOPPA Incisão tipo Pfannenstiel, abrindo o subcutâneo Cirurgia aberto Araceli Thomaz – Cirurgia Geral LAPAROSCÓPICA Positivos Alta precoce Menos dor Retorna ao trabalho e as técnicas esportivas Trata hérnia inguinal e femoral INDICAÇÕES PRECISAS: Recidivadas e bilaterais Negativos Tempo cirúrgico mais prolongado Anestesia geral Viola a cavidade peritoneal Curva de aprendizado Maior custo hospitalar TEP TAPP Araceli Thomaz – Cirurgia Geral Triângulo de Doom\DA MORTE Vasos ilíacos que vão se tornar femorais Deferente e vasos gonadais Nao pode colocar clips ai TRIÂNGULO DA DOR Dor crônica - não pode colocar clipes ali Nervos Abaixo do trato-iléo pubico e vasos gonadais COMPLICAÇÕES Infecções da ferida operatória o Orientações ATBterapia - cefazolina Limpeza do local Curativo comprensivo Seroma - 1 a 2% - gordura que produz um líquido Lesões nervosas - íleo-inguinal; íleo-hipoastrico e ramo genital do n. genitofemoral Orquite isquêmica - trombose do plexo pampinifrome, levando a atrofia testicular Lesão do ducto deferente - vasectomia Hidrocele
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