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Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza São uma protrusão anormal de um órgão ou tecido. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, sendo mais frequente na parede abdominal - INGUINAIS, Ventrais, Pélvicas, Lombares 5% da população vai ter hérnia ao longo da vida 15 a 20% dos pacientes operados desenvolverão hérnia Prevalência aumenta com a idade e os idosos têm mais chance de desenvolver complicações. + comum em homens inguinal indireta +comum em ambos os sexos. Hérnias femorais ocorrem mais em mulheres do que em homens, mas a mais comum nas mulheres ainda é a inguinal. A maioria das estranguladas são INGUINAIS (pois as inguinais são a maioria das hérnias). Mas as que mais estrangulam são as femorais. Tanto as inguinais quanto as femorais são + comuns à DIREITA Adquirida Por lesão na parede abdominal (trauma ou cirurgia) - incisional Por predisposição do tecido conectivo - tabagistas, idosos Pode estar relacionada pelo aumento repetitivo da pressão intra-abdominal: obesos, DPOC (tosse crônica), ascite, gravidez, prostatismo, neoplasias... Etiologia Congênita: Maioria dos casos em crianças. Podem estar relacionadas com a prematuridade e baixo peso, também com deficiência de colágeno em algumas síndromes (Marfan, Ehlers-Danlos, Hunter) Hérnia inguinal indireta - formada pelo não fechamento do conduto peritoniovaginal. Persistência do processo vaginal. Hérnia umbilical - persistência do anel umbilical Hérnia de Littre - divertículo de merkel entra no saco herniário. Fatores de risco para ter hérnia ou ter recidiva de hérnia Infecção ou contaminação Comorbidade: obesidade, DM, DPOC Ascite Medicamentos: corticoide, imunossupressores Tabagismo - recomendado que o paciente deixe de fumar por 3 meses antes da cirurgia, para evitar recidiva. Hematoma Tensão Esforço no PO Hernia Grading System Modificado - Kanters: mostra o risco de recorrência de uma hérnia A víscera forma parte da parede do saco. Quando ocorrem à esquerda, frequentemente contem o cólon sigmóide; do lado direito podem conter o apêndice cecal ou o ceco. A bexiga pode herniar tanto à esquerda quanto à direita. + comum em pacientes idosos, masculinos, com hérnias volumosas e com sintomas há anos. O tratamento é feito, geralmente, pela técnica de Lichtenstein, que envolve a colocação de uma tela, reduzindo o risco de recorrência. Clínico Apresentação clínica: normalmente assintomático (vou encontrar no exame físico). Pode haver: Abaulamento ou tumefação redutível. Dor, desconforto ou peso na virilha. Relação com esforço físico Exame físico geral Examinar o paciente em pé Inspeção Estática Dinâmica: valsalva, tosse, esforço, manobra do dedo enluvado (palpo a hérnia - se sentir protusão na ponta do dedo é indireta, na ponta/lateral é direta), manobra de Landimar. Palpação Ver se é redutível ou não Conteúdo Identificar o anel herniário, descrever o tamanho Sinais de sofrimento - podem indicar complicação: dor intensa, inflamação... Saco herniário: é a parte do peritônio que envolve a hérnia. Revestimento. O interior da hérnia é formado pelo conteúdo herniario, que depende do tipo de hérnia. Hérnia de deslizamento Diagnóstico Localização Se abaixo do ligamento inguinal - hérnia femoral Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Classificação Redutível - hérnia que sai e retorna para a cavidade Encarcerada - presa, pode ter sinais de obstrução (não consigo reduzir) Sempre cirurgia de urgência Estrangulada - aquela em que há um sofrimento vascular Pele estará sensível, quente, eritematosa. Paciente pode ter febre, hipotensão, leucocitose EMERGÊNCIA cirúrgica Se tumefação fixa suspeito de hérnia encarcerada Diagnóstico diferencial Neoplasias benignas e malignas (lipoma) Linfonodo Hidrocele (líquido da cavidade peritoneal acumulado) Orquite Torção de testículo Varicocele Tratamento Princípios do tratamento Reduzir ou ressecar os elementos herniados - exemplo: se uma alça intestinal está inviável vou ter que ressecar Tratar o saco herniário Correção do defeito anatômico - baseado na causa da hérnia Identificar e eliminar o fator de risco (hérnia incisional por fraqueza) Hérnia umbilical Muito comum. Ocorre mais em mulheres (3:1) Fatores associados: obesidade, gestação, ascite Hérnia epigástrica ocorre na linha média entre o xifoide e a cicatriz umbilical 20% são múltiplas Conteúdo geralmente é gordura pré-peritoneal Hérnia de Spiegel (lê-se: ispiguél) Entre a borda lateral do músculo reto e a linha semilunar. Abaixo da linha arqueada. Hérnia ventral incisional São frequentes, ocorrem em 10 a 15% das incisões abdominais Mais frequente nas incisões feitas na linha média Tratamento: herniorrafia com tela Fazer prevenção - evitar seromas, infecções... Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Métodos usados Aproximação primária Uso de telas Hérnias da parede abdominal Hérnias da região inguinal - podem ser inguinais propriamente ditas ou femorais. As hérnias inguinais podem ser indiretas ou diretas. Hérnias ventrais Hérnias perineais Hérnias lombares Hérnias pélvicas Obturador, períneo e ciático Sinal de Howship-Romberg (dor na face medial da coxa) Mais difíceis de identificar Perineais são mais comuns em mulheres, idosas e multíparas. Hérnia ciática - pelo forme ciático maior e menor Hérnias lombares Hérnia de Grynfeltt - trígono lomar superior 12 costela, musculatura paravertebral, músculo oblíquo interno Hérnia de Petit - trígono lombar inferior Crista ilíaca, músculo oblíquo externo e músculo latíssimo dorsal Grynfeltt Petit Hérnia de Richter Porção da borda antimesentérica do intestino apreendida dentro da hérnia: pode estrangular, sem obstruir Não tem região específica Hérnia de Littré - hérnia cujo conteúdo é o divertículo de Merkel Outros: Hérnia de garangeot - apendice em hérnia femoral Hérnia de Amyand: apendicite em hérnia inguinal Hérnia de Cooper: femoral que continua até o saco escrotal e grandes lábios Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Hérnias Inguinais e Femorais Mais de 5% da população tem hérnia, sendo 75% dos casos localizados na região inguinal 2/3 hérnia INGUINAL INDIRETA - 3% são hérnias femorais Têm predomínio no lado DIREITO Incidência aumenta com a idade Anel interno: fáscia transversal - posterior, forma o assoalho Anel externo: abertura na aponeurose do músculo oblíquo externo Anatomia do canal inguinal - segue paralelo ao ligamento inguinal que vai espinha iliaca interior até a pubis Têm início no anel inguinal profundo/interno e termina no anel inguinal superficial/externo Anel interno dentro do abdome e o externo mais superficial Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Sobre a fáscia transversal há o músculo transversal junto com o oblíquo externo. O músculo cremastérico é formado pelas fibras do obliquo interno. O teto do canal será formado pela aponeurose do oblíquo externo. Resumindo os limites do canal inguinal: Teto ou anterior aponeurose do oblíquo externo Assoalho ou posterior fascia transversalis Superior tendão conjunto, fibras arqueadas do oblíquo interno e transverso Inferior ligamento inguinal Conteúdo do canal inguinal - o que há DENTRO do canal? Homem - FUNÍCULO ESPERMÁTICO ramo genital do nervo genitofemoral artéria testicular veias do plexo pampiniforme - que formam a veia testicular ducto deferente músculo cremaster Mulher - LIGAMENTO REDONDO Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Canal femoral - formado pela artéria, veia e nervo femoral Local onde formará a hérnia femoral Examinar o paciente em pé Fazer manobra de valsalva vou visualizar um abaulamento na região femoral ou tosse forçada Hérnia inguinal INDIRETA FORA do triângulo Hérnia inguinal DIRETA DENTRO do triângulo O triângulo de Hasselbach, ou trígono inguinal, é uma região na porção inferior da parede abdominal delimitada pelas seguintes estruturas: margem lateral do músculo reto abdominal (medialmente), ligamento inguinal (inferiormente)e vasos epigástricos inferiores (superolateralmente). O triângulo é importante na classificação das hérnias: podem ser indiretas, quando surgem fora do triângulo (lateralmente aos vasos epigástricos inferiores) ou diretas, quando surgem dentro da região demarcada pelo triângulo (medialmente aos vasos epigástricos inferiores). Fatores de risco Congênita - persistência do canal vaginal prematuridade e baixo peso também Deficiência do colágeno - síndromes Adquiridas: tabagismo, idade avançada ( colágeno) Aumento da pressão intra-abdominal prostatismo, dpoc, ascite... Hérnia direta - parede posterior, pela fascia transversalis. Medial aos vasos epigástricos Indireta é lateral aos vasos epigástricos Triângulo de Hasselbach Classificação de Nyhus O tratamento da direta e da indireta é o mesmo Baseado em critérios anatômicos, como o tamanho do anel inguinal e a integridade da parede posterior. Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Tratamento Não operatório: somente para hérnias muito pequenas, assintomáticas Paciente com contraindicação a cirurgia Cirúrgico Tratamento definitivo - pode ser realização com tela ou sem tela - grande maioria é realizada com tela Pode ter correção por via anterior ou posterior Há duas formas: convencional (aberta) ou laparoscópica Qual a melhor técnica cirurgica? A que tem baixo risco de complicação (recidiva e dor), que tem reprotibilidade dos resultados, recuperação rápida e baixo custo. Técnicas com tela - menor indice de recidiva, não causa mais dor (causa tanto quanto a sem tela). Tem um retorno as atividades mais rápido. Técnicas ABERTAS (convencionais): Sholdice Mcvay Bassini - simples, com aproximação primária. É uma técnica com muita recidiva, não é mais usada usualmente Com tela Lichtenstein - técnica livre de tensão - pouquíssima recidiva, recuperação boa Rives-Stoppa Técnica de Mcvay repara hérnias inguinais e femorais ao mesmo tempo - sem necessidade de tela abre-se a fascia transversal identifica-se o ligamento de cooper abaixo do ligamento inguinal - faço a redução Sutura interrompida entre a borda superior da fascia transversal e o tendão conjunto ao cooper Cuidado com a lesão vascular femoral Técnicas Laparoscópicas Com tela Extraperitoneal (TEP) Transperitoneal (TAPP) Robótica Hérnia estrangulada no PA: Qual incisão? complicação localizada - inguinotomia peritonite generalizada - laparotomia mediana - me permite ver como está o abdome Técnica de Shouldice - é uma técnica de reforço - múltiplas camadas, embricamento Abertura da fascia transversalis do anel inguinal interno até o pubis. 4 linhas de sutura com incisões relaxadoras. Técnicas Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Técnicas com tela Lichtenstein Livre de tensão - menos dor e desconforto, menor recidiva Com tela de polipropileno - forma um reforço Incisão na tela, gravata, criando-se novo anel inguinal interno com a tela a tela é fixada na parede posterior Rives-stoppa Outra técnica com tela É bilateral - uma tela em cada lado (uma tela pré-peritoneal Cobre o canal inguinal e o femoral TAPP - transabdominal pré-peritoneal Invade a cavidade peritoneal Complicações do pneumoperitonio Menor curva de aprendizado Pode causar aderências de alças com a tela Complicações da cirurgia Seroma reação de corpo estranho com a tela (ocorre raramente hoje em dia) Sangramento/ hematoma Lesões nervosas: nervo ílioinguinal e íliohipogástrico - parestesia no baixo abdome ramo genital do nervo genitofemoral - hipoestesia na lateral do saco escrotal Orquite isquêmica (lesão nos vasos testiculares) Atrofia testicular Lesão de ducto deferente Aderências com a tela (acesso Abdominal Tratamento laparoscópico Pontos positivos: alta precoce, retorno mais rápido ao trabalho, menos dor É boa para tratar recidivas e bilaterais Pontos negativos: tempo cirúrgico prolongado, anestesia geral (nas outras é local), viola a cavidade peritoneal (TAPP>TEP), tem uma curva de aprendizado (médicos mais experientes vão ser melhores), maior custo, maior recidiva TEP - totalmente extraperitoneal Dissecção rápida, menor risco de lesão intracavitária Espaço limitado. Requer muita familiaridade com a anatomia Ocorrem em 10 a 15% de todas as laparotomias Ocorrem principalmente nas incisoes medianas, as paramedianas são as que menos causas. Prevenção das hérnias incisionais: ter uma boa técnica de fechamento (suturas com tensão tem maior chance), prevenção de complicação de feridas, reconhecer os pacientes de risco previamente. Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza Pacientes do grupo de risco para formar hérnia incisional: infecção do sítio cirúrgico hematoma pacientes desnutridos, obesos, diabeticos e imunodeprimidos (uso de corticoide ou em quimio) ascite, diálise peritoneal tabagismo Conduta expectante se assintomáticas e subcentimétricas Tto por sutura primária: anel inguinal <2 cm Tto com tela se hérnia maior de 1 a 2 cm Umbilicais na criança - Aguardo até os 6 anos pois pode se resolver sozinha. Anél menor que 1,5cm (85% fecha até os 3 anos e 96% até 6 anos) Anel maior que 1,5cm maior chance de cirurgia 15% tem inguinal + umbilical Complicações no tto da hérnia Hematoma Seroma Infecção - a tela pode dificultar o tto da infecção Síndrome compartimental abdominal Recidiva Normalmente muito pequena por isso fechamento primário quase sempre Assintomáticas, dor acima do umbigo, massa pequena, maciça e redutível Maioria com falhas pequenas e conteúdo pré-peritoneal Isolamento do saco, redução ou ressecção e sutura primária. Preparo para a cirurgia para diminuir risco de recorrência: orientar redução de peso, cessação do tabagismo por 3 meses, controle das comorbidades Formas de reduzir os órgãos para a posição original Pneumoperitônio progressivo - distende a cavidade peritoneal para permitir o realocamento das vísceras abdominais. Separação de componentes - separa o tendão do oblíquo externo. No tratamento das hérnias incisionais é indicado o uso de tela, podendo ser colocada intraperitonealmente, entre as aponeuroses ou onlay. Normalmente há bastante aderências nessas hérnias. Cirurgia Digestiva 6 semestre - Nina Lena Souza
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