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ZOOTOXINAS Zootoxinas são toxinas ou venenos de origem animal que são capazes de intoxicar seres humanos e animais O veneno produzido é utilizado para proteção, imobilização e alimentação e é composto por substâncias químicas que atuam de forma sinérgica – toxinas Animal venenoso: produz veneno, mas não possui um órgão especializado Animal peçonhento: tem glândula especializada em produzir veneno e órgão específico para inocular na presa (dente, ferrão, etc.) SERPENTES Acidente botrópico Gênero Bothrops: Jararaca, Jararacuçu, Urutu (cruzeira) Maioria dos envenenamentos no Brasil Sensibilidade variável (equino > ovinos > bovinos > caprinos > caninos > suínos > felinos) Cães: ataques na cabeça e membros Equinos: ataques na cabeça (edema de glote e dificuldade respiratória) Bovinos: ataques na cabeça, membros e úbere Hemotoxina e citolisina do veneno: inflamação local e necrose dos tecidos e vasos Hialuronidase: facilita a dispersão do veneno (remove fibras de colágeno) Ação coagulante: transformação do fibrinogênio em fibrina, prolongando o tempo de coagulação ou mesmo tornando o sangue incoagulável (hemorragia > hipercoagulação) Sintomatologia: dor, hiperemia, edema, hemorragia e necrose Tratamento: soro antibotrópico ou antibotrópico-crotálico, em quantidade suficiente para neutralizar pelo menos 100mg do veneno, administrado de preferência por via intravenosa lenta Achados de necropsia: hemorragia cutânea, subcutânea, muscular e conjuntival; necrose da pele; hemorragia de órgãos internos; edema pulmonar Acidente crotálico Gênero Crotalus: cascavéis Guizo na cauda Sensibilidade variável (bovinos > equinos > ovinos > caprinos > caninos > suínos > felinos) Ação neurotóxica do veneno 1. Crotoxina: inibe a liberação de acetilcolina → bloqueio neuromuscular: paralisia muscular e morte por parada respiratória 2. Girotoxina: alterações labirínticas 3. Convulxina: convulsões Ação miotóxica: lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) Ação coagulante: transformação do fibirinogênio em fibrina (ação discreta) Sintomatologia: frequentemente não há alteração no local da picada, o que impossibilita a sua localização. Pode ocorrer necrose de pele, de subcutâneo, de fáscias musculares e de músculos; ataxia; paralisia flácida; insuficiência renal aguda, urina escura (mioglobinúria) Tratamento: soro antibotrópico ou antibotrópico-crotálico, em quantidade suficiente para neutralizar pelo menos 100mg do veneno, administrado de preferência por via intravenosa lenta Achados de necropsia: o local da picada pode apresentar discreto edema subcutâneo, com raras petéquias e sufusões na musculatura cardíaca Acidente laquético Gênero Lachesis: surucuru, pico-de-jaca, surucuru-pico-de-jaca, surucutinga e malha-de-fogo O veneno laquético apresenta atividades fisiopatológicas semelhantes às do veneno botrópico: atividades coagulante (do tipo trombina), hemorrágica (metaloproteinases), inflamatória e necrosante (proteolítica) Tratamento: soro antilaquético ou soro antibotrópico-laquético, em quantidade suficiente para neutralizar 250 a 400mg de veneno Acidente elapídico Gênero Micrurus: corais verdadeiras Acidentes raros no Brasil, pois as serpentes vivem em tocas e não são agressivas Ação do veneno: neurotóxica, mionecrótica, edematogênica e hemorrágica, sendo que apenas as duas primeiras têm importância clínica Sintomatologia: dor, vômito, dispneia, morte por parada respiratória Tratamento: soro antielapídico (difícil de ser encontrado para uso veterinário) ARANHAS Aranhas são animais do filo Artropoda. Possuem o corpo dividido em cefalotórax e abdome, quatro pares de patas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras – aparato inoculador Aranha marrom – Loxosceles spp Fêmea e macho peçonhentos Loxoscelismo: 1. Forma cutânea (cerca de 80% dos casos): alterações clínicas locais, com uma ferida dermonecrótica de difícil cicatrização 2. Forma cutâneo-visceral: alterações sistêmicas importantes (insuficiência renal aguda e distúrbios de coagulação sanguínea com risco de óbito) O veneno possui substância anestésica e o animal não sente dor no momento da picada. É composto por diversas enzimas, com funções diferentes: Aranha armadeira – Phoneutria spp Perigosa e agressiva, não confecciona teia Veneno: efeitos neurotóxicos e cardiotóxicos→ rapidez na manifestação de sinais clínicos Aranha viúva-negra – Latrodectus spp Lactrodectismo: quadro clínico caracterizado por dor local intensa, eventualmente irradiada Veneno: efeito sobre as terminações nervosas sensitivas → dor, mialgia, sudorese Aranha caranguejeira Também conhecida por tarântula Corpo revestido por pelos urticantes: hiperemia e dor local ABELHAS Ordem Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas) Apis mellifera (atuamente, as abelhas A. mellifera criadas no Brasil são híbridas africanizadas) Ferrão: modificação do aparelho ovipositor e está presente apenas nas fêmeas. Quando o ferrão é introduzido, ele fica preso junto com a glândula do veneno no local da ferroada e permanece liberando gradualmente o veneno, a perda dele e de estruturas associadas são fatais para a abelha As abelhas são atraídas por cores escuras e suor, além de movimentos bruscos e rápidos Espécies mais afetadas: cães e gatos – cães das raças Bull Terrier, Boxer e American Stafforshire Terrier são os mais acometidos Ataque comum nas regiões com menor cobertura de pelos, como a cabeça Acidentes: 1. Reação local: uma ou poucas ferroadas → efeitos restritos ao local do ataque, com rápida instalação de dor, eritema e edema, que podem persistir por algumas horas ou, eventualmente, dias 2. Reação tóxica sistêmica: resultado de muitas ferroadas → apatia, anorexia, icterícia, hemoglobinúria, vômitos, diarreia, dispneia, convulsões, depressão do sistema nervoso central, hipertermia e choque 3. Reação anafilática: própria do sistema imunológico em indivíduos sensíveis, que foram anteriormente picados, e pode ser desencadeada por uma única ferroada → foi descrita apenas em cães: letargia, hematúria, ataxia e convulsões. Outros sinais clínicos associados à reação anafilática incluem angioedema, prurido e urticária. Nos casos graves, potencialmente fatais, há edema de glote e broncoespasmo Veneno: apitoxina (contém alérgenos potentes) 1. Fosfolipase A2: desestruturação da membrana citoplasmática por destruição de fosfolipídeos nela presentes, resultando em lise celular → hemoglobinemia e hemoglobinúria 2. Hialuronidase: promove a difusão do veneno pelos tecidos por meio da hidrólise do ácido hialurônico, afetando as junções celulares 3. Melitina (toxina mais abundante do veneno): libera aminas vasoativas, destruindo a membrana das células. Atua em conjunto com a fosfolipase A2, causando hemólise intravascular Sinais clínicos: hipersensibilidade local, edema, dor, eritema, oclusão de vias aéreas. Na maioria dos casos é auto limitante com resolução em cerca de 24 horas. Nos casos de choque anafilático, há hemólise, rabdomiólise, insuficiência renal aguda e infartos. SAPOS As espécies de sapos de maior interesse veterinário no Brasil pertencem à família Bufonidae Rhinella marina (Bufo marinus): sapo cururu/boi Bufo: sapo comum Não são capazes de inocular ou espirrar seu veneno: o veneno fica contido em vesículas e somente é excretado quando o sapo é ameaçado ou irritado, ou quando o atacante morde ou comprime as vesículas → absorvido pelas mucosas do TGI (passagem rápida para a circulação sanguínea) Veneno: 1. Aminas biogênicas Adrenalina: broncodilatação e vasodilatação na musculatura, vasoconstrição em vasos da pele e vísceras, taquicardia Noradrenalina: efeitos similaresa adrenalina Serotonina: potente vasoconstritor, afeta também a termorregulação Bufoteninas, di-hidrobufoteninas e bufotioninas: alucinações, apreensão, depressão, tremores, hiperestesia, hipertermia, vômitos e diarreia 2. Derivados esteroides Bufotoxinas e os bufadienolídeos: inibem a bomba de Na/K nos cardiomiócitos, (aumenta a força de contração, causando fibrilação ventricular) Tratamento: lavagem da cavidade oral, uso de carvão ativado e de fármacos antiarrítmicos (atropina, propanolol e lidocaína) ESCORPIÕES A parte posterior do abdômen (metassoma) é a falsa cauda, terminando no télson, que contém um par de glândulas de veneno e o aguilhão ou acúleo (estrutura oca e muito fina que inocula a peçonha). A maioria das espécies possui hábito noturno, passando o dia escondida em locais escuros. Estão presentes em terrenos áridos, sob pedras, entulhos, lixo, etc. e atacam quando sentem-se ameaçados, sendo que quanto maior for o pedipalpo, menos tóxico será o seu veneno. Além disso, possuem a capacidade de controlar a quantidade de veneno inoculado de acordo com o tamanho da presa. Gênero Tityus: um dos mais perigosos presentes no Brasil Tityus serrulatus (escorpião amarelo): comum no sudeste do Brasil, e nos estados do Paraná, Bahia e Goiás. Tem o veneno mais potente Tityus bahiensis (escorpião marrom): apresenta o veneno menos potente, porém, está relacionado com um maior número de acidentes com seres humanos Veneno: neurotoxinas, histamina, serotonina, enzimas e inibidores de enzimas → atuam sobre os canais de sódio (despolarização das membranas nas terminações nervosas periféricas) e provocam liberação massiva de catecolaminas e acetilcolina Sintomatologia: uma característica comum do escorpionismo é o rápido início dos sinais clínicos após a picada, e a gravidade do acidente varia de acordo com a quantidade de peçonha aplicada. Pode haver dor, tumefação, hiperemia, sudorese, sialorreia, vômitos, taquicardia, picos hipertensivos, taquipneia, tremores, mioclonias, convulsões e óbito Tratamento: o tratamento específico é com o soro antiescorpiônico ou o soro antiaracnídeo polivalente, NÃO disponíveis para uso em animais. Tratamento de suporte: fluidoterapia, uso de anestésicos locais e analgésicos LAGARTAS Estágio larval (lagarta) de alguns insetos da ordem Lepidoptera: taturana, tromba de elefante, embira, ambira, lagarta-de-fogo, bicho-cachorrinho, bicho-que-queima, bicho-cabeludo, mandruvá Lonomia obliqua ("taturanas assassinas"): síndrome hemorrágica (varia de branda a gravíssima) Tratamento: soro antilonômico; lavagem da região com água fria; infiltração local com anestésico tipo lidocaína a 2%; compressas frias; elevação do membro acometido; corticosteroides tópicos e anti-histamínico oral https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1gio_larval https://pt.wikipedia.org/wiki/Lagarta https://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_(biologia)