Buscar

História-da-filosofia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA 
 
https://wordsofleisure.com/2015/04/05/tirinha-do-dia-a-historia-da-filosofia/ 
 
A História da Filosofia não é apenas um relato histórico, mas as transforma-
ções do pensamento humano ocidental, ou seja, o percurso do pensamento ociden-
tal; o modo pelo qual essa forma de pensar influenciou a realidade e, ao mesmo 
tempo, foi resultado dessa realidade histórica. 
A História da Filosofia pode ser estudada a partir de seis períodos: 
1. Filosofia Antiga 
2. Filosofia Medieval 
3. Filosofia do Renascimento 
4. Filosofia Moderna 
5. Filosofia do Século XIX 
6. Filosofia do século XX 
 
 
 
1.1 FILOSOFIA ANTIGA 
 
http://www.consciencia.org/temas/filosofia-geral/filosofia-antiga 
 
A filosofia antiga teve início no século VI-VII A.C. e se estendeu até a deca-
dência do império romano no século V D.C. 
 Pode-se dividi-la em quatro períodos: (1) o período dos pré-socráticos; (2) um 
período humanista, em que Sócrates e os sofistas trouxeram as questões morais 
para o centro do debate filosófico; (3) o período áureo da filosofia em Atenas, em 
que despontaram Platão e Aristóteles; (4) e o período helenístico. Às vezes se dis-
tingue um quinto período, que compreende os primeiros filósofos cristãos e os neo-
platonistas. Os dois autores mais importantes da filosofia antiga em termos de in-
fluência posterior foram Platão e Aristóteles. 
Os primeiros filósofos gregos, geralmente chamados de pré-socráticos, de-
dicaram-se a especulações sobre a constituição e a origem do mundo. O principal 
intuito desses filósofos era descobrir um elemento primordial, eterno e imutável que 
 
 
fosse a matéria básica de todas as coisas. Essa substância imutável era chamada 
de physis (palavra grega cuja tradução literal seria natureza, mas que na concepção 
dos primeiros filósofos compreendia a totalidade dos seres, inclusive entidades divi-
nas) e, por essa razão, os primeiros filósofos também foram conhecidos como os 
physiologoi (literalmente ―os filósofos que se dedicavam ao estudo da physis). 
A teoria de Demócrito representou o ápice da filosofia da physis, mas também 
o seu esgotamento. As transformações sociopolíticas, especialmente em Atenas, já 
impunham novas demandas aos sábios da época. A democracia ateniense solicitava 
novas habilidades intelectuais, sobretudo a capacidade de persuadir. É nesse mo-
mento que se destacam os filósofos que se dedicam justamente a ensinar à retórica 
e as técnicas de persuasão – os sofistas. O ofício dessa nova espécie de filósofos 
trazia como pressuposto a ideia de que não há verdades absolutas. O importante 
seria dominar as técnicas da boa argumentação, pois, dominando essas técnicas, o 
indivíduo poderia defender qualquer opinião, sem se preocupar com a questão de 
sua veracidade. De fato, para os sofistas, a busca da verdade era uma pretensão 
inútil. A verdade seria apenas uma questão de aceitação coletiva de uma crença, e, 
a princípio, não haveria nada que impedisse que o que hoje é tomado como verda-
de, amanhã fosse considerado uma tolice. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=tnijuFBMkLg 
 
 
 
O contraponto a esse relativismo dos sofistas foi Sócrates. Embora parti-
lhasse com os sofistas certa indiferença em relação aos valores tradicionais, Sócra-
tes dedicou-se à busca de valores perenes. Sócrates não deixou nenhum registro 
escrito de suas ideias. Tudo o que sabemos dele chegou-nos através do testemunho 
de seus discípulos e contemporâneos. Segundo dizem, Sócrates teria defendido que 
a virtude é conhecimento e as faltas morais provêm da ignorância. O indivíduo que 
adquirisse o conhecimento perfeito seria inevitavelmente bom e feliz. 
 
1.2 FILOSOFIA MEDIEVAL 
 
 
http://sanderlei.com.br/PT/Historia/BR-21 
 
A filosofia medieval é a filosofia da Europa ocidental e do Oriente Médio du-
rante a Idade Média. Começa, aproximadamente, com a cristianização do império 
romano e encerra-se com a Renascença. A filosofia medieval pode ser considerada, 
 
 
em parte, como prolongamento da filosofia greco-romana e, em parte, como uma 
tentativa de conciliar o conhecimento secular e a doutrina sagrada. 
A Idade Média carregou por muito tempo o epíteto depreciativo de "idade das 
trevas", atribuído pelos humanistas renascentistas; e a filosofia desenvolvida nessa 
época padeceu do mesmo desprezo. No entanto, essa era de aproximadamente mil 
anos foi o mais longo período de desenvolvimento filosófico na Europa e um dos 
mais ricos. Jorge Garcia defende que em intensidade, sofisticação e aquisições, po-
de-se corretamente dizer que o florescimento filosófico no século XIII rivaliza com a 
época áurea da filosofia grega no século IV a. C. 
Entre os principais problemas discutidos nessa época estão: a relação entre 
fé e razão, a existência e unidade de Deus, o objeto da teologia e da metafísica, os 
problemas do conhecimento, dos universais e da individualização. 
 
 
http://missaoposmoderna.com.br/fe-e-razao-sao-compativeis/ 
 
 
Entre os filósofos medievais do ocidente, merecem destaque Agostinho de 
Hipona, Boécio, Anselmo de Cantuária, Pedro Abelardo, Roger Bacon, Boaventura 
de Bagnoregio, Tomás de Aquino, João Duns Escoto, Guilherme de Ockham e Jean 
Buridan; na civilização islâmica, Avicena e Averrois; entre os judeus, Moisés Maimô-
nides. 
 
http://www.wikigallery.org/wiki/painting_176443/J.W.-Cook/Roger-Bacon 
 
Tomás de Aquino (1225-1274), fundador do tomismo, exerceu influência ini-
gualável na filosofia e na teologia medievais. Em sua obra, ele deu grande importân-
cia à razão e à argumentação, e procurou elaborar uma síntese entre a doutrina cris-
tã e a filosofia aristotélica. A filosofia de Tomás de Aquino representou uma reorien-
tação significativa do pensamento filosófico medieval, até então muito influenciado 
pelo neoplatonismo e sua reinterpretação agostiniana. 
 
http://educarparacrescer.abril.com.br/pensadores-da-educacao/tomas-de-aquino.shtml 
 
 
1.3 FILOSOFIA DO RENASCIMENTO 
 
A transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcada pelo Renasci-
mento e pelo Humanismo. Nesse período de transição, a redescoberta de textos da 
Antiguidade contribuiu para que o interesse filosófico saísse dos estudos técnicos de 
lógica, metafísica e teologia e se voltasse para estudos ecléticos nas áreas da filolo-
gia, da moralidade e do misticismo. 
 
 
http://www.infoescola.com/filosofia/antropocentrismo/ 
O Homem vitruviano, de Leonardo Da Vinci, resume vários dos ideais do pensamento renascentista 
 
Os estudos dos clássicos e das letras receberam uma ênfase inédita e de-
senvolveram-se de modo independente da escolástica tradicional. A produção e dis-
seminação do conhecimento e das artes deixam de ser uma exclusividade das uni-
versidades e dos acadêmicos profissionais, e isso contribui para que a filosofia vá 
 
 
aos poucos se desvencilhando da teologia. Em lugar de Deus e da religião, o concei-
to de homem assume o centro das ocupações artísticas, literárias e filosóficas. 
O renascimento revigorou a concepção da natureza como um todo orgânico, 
sujeito à compreensão e influência humanas. De uma forma ou de outra, essa con-
cepção está presente nos trabalhos de Nicolau de Cusa, Giordano Bruno, Bernardi-
no Telesio e Galileu Galilei. Essa reinterpretação da natureza é acompanhada, em 
muitos casos, de um intenso interesse por magia, hermetismo e astrologia – consi-
derados então como instrumentos de compreensão e manipulação da natureza. 
À medida que a autoridade eclesial cedia lugar à autoridade secular e que o 
foco dos interesses voltava-se para a política em detrimento da religião, as rivalida-
des entre os Estados nacionais e as crises internas demandavam não apenas solu-ções práticas emergenciais, mas também uma profunda reflexão sobre questões 
pertinentes à filosofia política. Desse modo, a filosofia política, que por vários sécu-
los esteve dormente, recebeu um novo impulso durante o Renascimento. Nessa 
área, destacam-se as obras de Nicolau Maquiavel e Jean Bodin. 
 
 
http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-renascimento/ 
 
 
 
1.7 O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E O DESENVOLVIMENTO DA 
CONSCIÊNCIA HUMANA 
 
http://alunosonline.uol.com.br/filosofia/nascimento-filosofia.html 
 
1.7.1 A Ciência Antiga e a Ciência Moderna 
Filosofia Medieval Cristã constituiu-se do pensamento cristão e da ciência an-
tiga. A ciência antiga tinha como base o dogmatismo: era especulativa e partia de 
interpretações da Bíblia. A ciência antiga era baseada na lógica e na demonstração 
de verdade, sem considerar a observação e a experiência. É o caso da teoria geo-
cêntrica, ou seja, a teoria que postulava que a terra é o centro do universo vi-
gorava há quase vinte séculos e constituía a maneira pela qual o homem antigo e 
medieval via a si mesmo e ao mundo. 
A concepção medieval cristã via o homem como é o ser supremo da criação 
divina e a terra era o centro do universo. A teoria de que a terra era o centro do 
mundo, geocentrismo, era uma explicação que justificava tal visão. A ciência antiga 
era um corpo de verdades teóricas universais, de certezas definitivas, que não admi-
tiam erros, mudanças ou crítica. 
 
 
O novo período – Idade Moderna - vai significar uma ruptura com essa con-
cepção de mundo dogmática, que não permitia a reflexão e a crítica, por isso, mais 
uma vez vamos abordar sobre a filosofia moderna, enfatizando sobre a sua impor-
tância para o desenvolvimento do conhecimento humano. 
 
1.7.2 FILOSOFIA MODERNA: SEC. XVII E XVIII 
 
http://iluminismoufpr.blogspot.com.br/2013/11/ii-jornada-internacional-de-estudos-de.html 
 
Após a Idade Média, há um período de transição entre o século XV e XVI para 
a Idade Moderna, que significou ruptura com a tradição anterior cristã, fundamenta-
da em Deus, e passou-se a valorizar o homem. É o período chamado Humanismo 
Renascentista: artes plásticas, valorização do homem - liberdade e criatividade. É o 
momento em que se rompe com a visão sagrada e teológica na arte, no pensamen-
to, na política, na literatura. Os pensadores desse período passam a valorizar o sa-
ber dos gregos antigos. Valoriza-se o homem e rompe-se com o pensamento teo-
cêntrico, que considera Deus como o centro de tudo, e a Ciência Antiga. 
 
 
A Idade Moderna traz a proposta de uma nova ordem e visão de mundo, rejei-
tando a autoridade imposta pelos costumes e pela hierarquia da nobreza e Igreja, 
em favor da recuperação do que há de virtuoso, intuitivo e espontâneo na natureza 
humana. Surge um novo estilo com nova temática. 
Valoriza-se o corpo humano, artes, pensamento, política, ciência. É o momen-
to de novos pensadores e artistas, tais como Leonardo da Vince, William Shakespe-
are, Rafael, Maquiavel, Michelangelo, Montaigne. 
 
http://www.biography.com/people/michelangelo-9407628 
 
1.7.2.1 As condições históricas 
Surge uma nova maneira de pensar e ver o mundo, resultado das transforma-
ções históricas que ocorreram na Europa. Entre os fatores históricos, pode-se des-
tacar: 
 O humanismo renascentista do sec. XV 
 A descoberta do Novo Mundo (sec. XV) 
 A Reforma Protestante do sec. XVI 
 A revolução científica do sec. XVII 
 Desenvolvimento do mercantilismo e ruptura da economia feudal 
 Grandes núcleos urbanos e a invenção da imprensa. 
 
 
O humanismo renascentista do sec. XV 
 
 
http://oportugues.freehostia.com/espacomais/websitlusiadas/renascimento.htm 
 
Nasceu na península itálica, sendo um período de transição entre a Idade 
Média e a Moderna. Rompeu com a filosofia cristã da escolástica medieval e, valori-
za o saber dos gregos antigos, retomando a concepção do humanismo. O período 
medieval, anterior, foi marcado por uma forte visão hierárquica e religiosa de mundo, 
em que a arte está voltada para o sagrado, filosofia está vinculada à teologia e à 
problemática religiosa. 
O homem e seus atributos de liberdade e razão passam a ser importantes 
novamente, e não apenas as o mundo divino. Nas artes predomina os temas pa-
gãos, afastados da temática religiosa. É a arte voltada para o homem comum, não 
mais reis e santos. Valoriza-se o corpo e a dignidade humana. 
 
 
Thomas Morus, em a Utopia, defende a tolerância religiosa, critica o autorita-
rismo dos reis e da Igreja, favorecendo a razão e a virtude natural. Maquiavel, autor 
escreveu O Príncipe, inaugurou o pensamento moderno da política, em que faz uma 
análise do poder como fato político, independente das questões morais. 
 
 
http://williamcamara.com.br/resumo-maquiavel-o-principe/ 
 
A descoberta do Novo Mundo 
Outro fator importante que levou a mudança do pensamento moderno foi à 
descoberta do Novo Mundo, pois revelou a falsidade e fragilidade da geografia anti-
ga, o desconhecimento da flora e fauna encontradas. Revelou também a falta de 
conhecimento de outros povos e culturas. Muita coisa precisava ser reformulada. 
A ciência antiga perde a autoridade é questionada, pois nada explica sobre a 
nova realidade e suas narrativas. Acreditava que a “terra era plana”, desconhecem 
os novos habitantes dessas terras descobertas, sua natureza, sua origem, sua cultu-
ra, tão distintas da europeia. 
 
 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702000000400009 
 
A Reforma Protestante 
Martin Lutero contesta a autoridade da Igreja marcada pela corrupção e pas-
sa a valorizar a consciência individual de buscar a própria fé, sem ser pela imposi-
ção das verdades dogmáticas. Rompe com Igreja Católica e funda a Igreja protes-
tante. 
Essa nova igreja propõe e representa, assim, a defesa da liberdade individual 
e da consciência em lugar da certeza, valorizando a ideia de que o indivíduo é capaz 
de encontrar sua própria verdade religiosa. 
 
https://noticias.gospelprime.com.br/dia-da-reforma-protestante-2014/ 
 
 
A revolução científica moderna 
Outro fator essencial desse processo de transformação é a revolução científi-
ca que significou o ponto de partida para a ciência nos moldes que conhecemos ho-
je. Nicolau Copérnico no século XVI vai defender matematicamente que a Terra gira 
em torno do Sol, rompendo com o sistema geocêntrico de Ptolomeu (sec.II) e inspi-
rado em Aristóteles. 
A teoria do geocentrismo vigorava há quase vinte séculos e era maneira pe-
la qual o homem antigo e medieval via a si mesmo e ao mundo. A ciência moderna 
surge quando se torna mais importante observar e experimentar, ao contrário da vi-
são antiga que partia de princípios estabelecidos e dogmáticos. 
 
http://www.estudopratico.com.br/geocentrismo/ 
 
É um processo de transição e não uma ruptura radical. Ao longo desse pro-
cesso surgem Galileu e Isaac Newton, entre outros, que vão transformar a visão ci-
entífica do século XVII seguinte. 
 
 
O rompimento com a ciência antiga revelou uma concepção de distinto do 
universo antigo, que é fechado, finito e geocêntrico. A nova ciência propõe o modelo 
heliocêntrico e o universo é infinito. A ciência é ativa valoriza a observação e o mé-
todo experimental, une ciência e técnica. A ciência antiga é contemplativa, separa 
ciência e técnica. 
No século XVII a Filosofia e a Ciência se separam. Galileu, usando um teles-
cópio, demonstra o modelo de desenvolvido por Copérnico. Vai ser interpelado pela 
Igreja. Entre os principais pensadores daquele momento, destacam-se: 
_ Copérnico, um sacerdote polonês, propôs a teoria heliocêntrica que atingia a con-
cepção medieval cristã de que o homem é ser supremo da criação divina e que por 
isso a terra é o centro do universo. 
_ Giordano Bruno leva adiante a ideia de Copérnico e desenvolve a concepção de 
universo infinito. Écondenado e morre queimado vivo na fogueira. 
_ Galileu Galilei contribuiu com descobertas científicas, como o aperfeiçoamento do 
telescópio, e com uma nova postura metodológica de investigação científica: obser-
vação, experimentação, uso da linguagem matemática. Por condenar os dogmas 
tradicionais da Igreja, também foi condenado pela Inquisição, mas optou por viver e 
seguiu fazendo suas pesquisas clandestinamente. 
 
http://www.estudopratico.com.br/galileu-galilei-vida-e-contribuicoes-para-a-fisica/ 
 
 
 
A revolução científica pode ser considerada uma grande realização do espírito 
crítico humano, e acaba concentrando sua atenção na natureza do universo, na ci-
ência da natureza. 
 
Desenvolvimento do mercantilismo e ruptura da economia feudal 
O mercantilismo antecede ao desenvolvimento da indústria e trouxe novas 
necessidades com o surgimento da burguesia, diferentes dos interesses da nobreza. 
 
Grandes núcleos urbanos e a invenção da imprensa 
Surgimento dos grandes centros urbanos leva a novos valores e necessida-
des. E a invenção da Imprensa permite que as ideias possam ser publicadas e di-
fundidas. 
 
http://www.soliteratura.com.br/curiosidades/invencao_imprensa/ 
 
 
 
1.8 SOBRE A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO 
 
A Idade Moderna é um período marcado por grandes transformações. Estas 
transformações e o desenvolvimento da ciência moderna levaram o homem a 
questionar os critérios e os métodos usados para aquisição do conhecimento verda-
deiro da realidade. 
Como podemos conhecer? Quais os fundamentos do conhecimento? O que é 
conhecer? Essas questões são essenciais pra a ciência, a ética e epistemologia. A 
Filosofia Moderna vai enfrentar o prestígio que o pensamento de Aristóteles tinha e a 
supremacia da doutrina da Igreja, na Idade Média, e inaugurou um modo novo de 
conceber e compreender o conhecimento. O século XVII viu nascer o método expe-
rimental e a possibilidade de explicação mecânica e matemática do Universo, que 
deu origem à ciência moderna. 
 
http://www.mensagenscomamor.com/dia-mundial-da-filosofia 
 
A partir desses questionamentos, duas novas perspectivas para o saber, às 
vezes complementares, às vezes antagônica. Surgem o racionalismo e o empirismo. 
O racionalismo e o empirismo constituem novos paradigmas da filosofia 
moderna para conhecer a realidade. 
 
 
O que é a razão? Existem vários sentidos de razão no nosso dia a dia. A Fi-
losofia se define como conhecimento racional da realidade natural e cultural, das 
coisas e dos seres humanos. A razão é a organização e ordenação de ideias, para 
assim poder sistematizá-las. 
 
https://sumateologica.wordpress.com/tag/lei-natural/ 
 
A razão é atividade intelectual de conhecimento da realidade natural, social, 
psicológica, histórica. Possui um ideal de clareza, de ordenação e de rigor e preci-
são dos pensamentos e de palavras. 
A razão, em sua origem, é a capacidade intelectual de pensar e exprimir-se 
correta e claramente, de modo a organizar e ordenar a realidade, os seres, os fatos 
e as ideias. 
 
 
Desde o começo da Filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela fos-
se considerada oposta a quatro outras atitudes mentais: 
 Ao conhecimento ilusório 
 Às emoções, aos sentimentos, às paixões, 
 À crença religiosa, em que a verdade nos é dada pela fé numa revelação di-
vina 
 Ao êxtase místico 
A Filosofia Moderna foi o período em que mais se confiou nos poderes da ra-
zão para conhecer e conquistar a realidade e o homem – por isso foi chamado de 
Grande Racionalismo Clássico. O marco dessa forma de pensamento é René Des-
carte, matemático e filósofo, inventor da geometria analítica. O método escolhido é o 
matemático, por ser o exemplo de conhecimento integral racional. 
 
http://pt.dreamstime.com/ilustrao-stock-elementos-da-razo-image47142636 
 
1.8.1 RACIONALISMO 
O racionalismo sustenta que há um tipo de conhecimento que surge direta-
mente da razão. É baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, 
 
 
sustentados por um conhecimento que não vêm da experiência e são elaborados 
somente pela razão. 
O racionalismo considera que o homem tem ideias inatas, ou seja, que não 
são derivadas da experiência, mas se encontram no indivíduo desde seu nascimento 
e desconfia das percepções sensoriais. Enquanto a ciência cristã e antiga constituía 
um corpo de verdades teóricas universais, de certezas definitivas, não admitindo 
erros, mudanças ou crítica, a ciência moderna e racional vai propor formular leis e 
princípios que expliquem o funcionamento da realidade. 
O pensamento racional ao introduzir a dúvida no processo do pensamento, in-
troduz a crítica como parte do desenvolvimento do conhecimento científico. São es-
ses princípios da ciência moderna que encontramos hoje. 
Principais pensadores: René Descartes (1596-1650), Pascal (1623-1662), 
Spinoza (1632-1677) e Leibniz (1646-1716), Friedrich Hegel (1770-1831). 
 
René Descartes 
Nasceu na França, em 1596, em um momento de profunda crise da socieda-
de e cultura européia, passando por grandes transformações e ruptura com o mundo 
anterior. Foi um dos principais pensadores do racionalismo. Expôs suas ideias com 
cautela para evitar a condenação da igreja. É considerado um dos pais da filosofia 
moderna. 
 
http://seuhistory.com/hoje-na-historia/nasce-rene-descartes-pai-da-filosofia-moderna 
 
 
O princípio básico de sua filosofia é a frase: “Penso, Logo existo”. A base de 
seu método é a dúvida de todas as nossas crenças e opiniões. Para ele, tudo deve 
ser rejeitado se houver qualquer possibilidade de dúvida. O pensamento é algo mais 
certo que a matéria. Ele valorizava a atividade do sujeito pensante em relação ao 
real a ser conhecido. Descarte acreditava que o método racional é caminho para 
garantir o conhecimento de uma teoria científica. 
 
http://filosofiaunuead.blogspot.com.br/2012/05/o-racionalismo-surge-como-uma-corrente.html 
 
1.8.2 EMPIRISMO 
O Empirismo defende que o conhecimento humano provém da nossa percep-
ção do mundo externo e da nossa capacidade mental, valorizando a experiência 
sensível e concreta como fonte do conhecimento e da investigação. Segundo os 
empiristas, o conhecimento da razão, da verdade e das ideias racionais é importan-
te, mas desde que estejam ligados à experiência, pois as ideias são adquiridas ao 
longo da vida e mediante o exercício da experiência sensorial e da reflexão. 
O método empirista baseia-se na formulação de hipóteses, na observação, na 
verificação de hipóteses com base nos experimentos. O empirismo provoca uma 
revolução para a ciência. A partir da valorização da experiência, o conhecimento ci-
 
 
entífico, que antes se contentava em contemplar a natureza, passa a querer dominá-
la, buscando resultados práticos. 
 
http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/08/empirismo-e-teoria-do-conhecimento.html 
 
Principais filósofos: Francis Bacon, John Locke, David Hume, Thomas 
Hobbes e Hohn Stuart Mill. 
 
Francis Bacon 
Nasceu na Inglaterra criou o lema saber é poder, pois compreende que o de-
senvolvimento da pesquisa experimental aumenta o poder dos homens sobre a na-
tureza. 
 
John Locke 
Médico inglês, dizia que o mente humana é uma tábula rasa, um papel em 
branco sem nenhuma ideia previamente escrita e que todas as ideias são adquiridas 
ao longo da vida mediante o exercício da experiência sensorial e da reflexão. Defen-
deu que a experiência é a fonte das ideias. Desenvolveu uma corrente denominada 
 
 
Tabula Rasa, onde afirmou que as pessoas desconhecem tudo, mas que através de 
tentativas e erros aprendem e conquistam experiência. 
 
http://science-all.com/files/john-locke.html 
 
PARA LEMBRAR: O racionalismo e o empirismo são pen-
samentos distintos, embora exista um elemento em co-
mum: a preocupação com o entendimento humano. 
 
 
http://pt.slideshare.net/estaciodourado/racionalismo-e-empirismo-413840881.9 ALGUNS IMPORTANTES PENSADORES E CIENTISTAS MO-
DERNOS 
 
 Esses filósofos com seus pensamentos contribuíram para que a humanidade 
construísse novos conhecimentos. 
 
Galileu Galilei 
Nasceu na Itália e é considerado o fundador da física moderna. Defendeu as 
explicações do universo a partir da teoria heliocêntrica e rejeitava a física de Aristó-
teles, adotadas como verdade absoluta pelo cristianismo. Por contrariar essa visão 
tradicional foi considerado herege. Questionava a Bíblia, sendo julgado pelo Tribunal 
da Inquisição e condenado a fogueira ou a renegar suas concepções científicas. Op-
tou por se retratar, mas continuou fiel às ideias e publicou clandestinamente uma 
obra que contrariava os dogmas cristãos. 
 
https://plus.google.com/109953949156603337300/posts 
 
 
 
Isaac Newton 
 
http://ufos-wilson.blogspot.com.br/2015/12/isaac-newton.html 
 
Nasceu na Inglaterra, físico e matemático, continuou à revolução científica 
que deu origem à física clássica. Fala de um universo ordenado, como uma grande 
máquina. Além de física, matemática, filosofia e astronomia, estudou também alqui-
mia, astrologia, cabala, magia e teologia, e era um grande conhecedor da Bíblia. 
Considerava que todos esses campos do saber poderiam contribuir para o estudo 
dos fenômenos naturais. 
Suas investigações experimentais, acompanhadas de rigorosa descrição ma-
temática, constituíram-se modelo de uma metodologia de investigação para as ciên-
cias nos séculos seguintes. 
 
Leitura Recomendada: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Hele-
na Pires. Filosofando. São Paulo, Moderna, 2003. 
 
 
 
1.10 DO SENSO COMUM AO SENSO CRÍTICO 
 
https://fabiomesquita.wordpress.com/2013/04/04/charge-e-filosofia-senso-critico-senso-comum-e-ideologia/ 
 
O objetivo principal da Filosofia é despertar no aluno a percepção que a análi-
se, reflexão e crítica da realidade, fundamentadas pelo pensamento filosófico e nor-
teadas por princípios e valores éticos, levam a uma maior compreensão do mundo, 
propiciam escolhas conscientes e um atuar justo tanto no cotidiano quanto no exer-
cício profissional, tornando-o consciente de sua importância como indivíduo e cida-
dão. 
O pensamento filosófico aproxima o homem do mundo, proporciona uma mai-
or compreensão da realidade e a descoberta de novos significados para a existên-
cia, tornando o ser humano capaz de ajustar suas escolhas e ações no convívio com 
o outro, com o mundo e em sua experiência profissional. Conhecer os temas, as 
ideias, os conceitos e a história da Filosofia amplia a nossa experiência de compre-
 
 
ensão do mundo e nos permite ser donos de nosso próprio pensar, falar e agir. A 
Filosofia é um modo de pensar que acompanha o homem em sua tarefa de compre-
ender o mundo e agir sobre ele. 
A todo o momento estamos diante de crenças, julgamentos e regras de com-
portamento. Muitas dessas crenças são silenciosas, muitos desses comportamentos 
são aceitos como óbvios e naturais. Toda nossa conduta se baseia em valores mo-
rais, religiosos, políticos, artísticos e estéticos. Em nosso cotidiano, as opiniões e os 
preconceitos orientam nossas conversas e ações, é o chamado senso comum. O 
que caracteriza o senso comum não é sua verdade ou falsidade, mas a sua falta de 
fundamentação coerente, precisa e sistemática. 
A maioria das pessoas não questiona suas crenças, seu valores, seus propó-
sitos, seus sonhos e seu pensar. Essa atitude leva o indivíduo a se distanciar da rea-
lidade e a agir sem responsabilidade, pois ele já não é dono de seu próprio pensar, 
portanto não é dono de sua fala e suas ações. 
É importante que o homem passe a analisar, refletir e criticar, tornando-se ca-
paz de compreender o mundo, o outro e a si próprio. A Filosofia proporciona a apro-
ximação entre o homem e a realidade. A atividade filosófica é fundamentada na aná-
lise, reflexão e crítica da realidade e dos seres humanos, de como se pensa, fala e 
age. 
 
https://fabiomesquita.wordpress.com/2016/02/19/senso-comum-ideologia-e-senso-critico/ 
 
 
Filosofia é a decisão de não aceitar como naturais e evidentes as ideias, os 
fatos, as situações e os valores do cotidiano. A primeira coisa que surge ao estu-
darmos Filosofia são perguntas: 
- Para que serve a Filosofia? 
- O que é Filosofia? 
- Para que eu vou estudar isso? 
- O que isso traz de bom e útil para minha vida? 
- Como e onde praticar a Filosofia? 
Não há respostas definitivas, mas as perguntas são fundamentais na Filoso-
fia. A Filosofia parte do desejo de conhecer a realidade, ir além das aparências. Filo-
sofia tem a ver com pensar melhor a realidade, conhecer a realidade. Compreender 
a realidade para agir melhor. A Filosofia é importante para todas as áreas, não ape-
nas no nível profissional, mas no pessoal, afetivo, familiar, ético. 
A Filosofia leva a ideia de PENSAR. Quando pensamos trabalhamos com a 
palavra, usamos a linguagem. Produzimos conhecimento, produzimos conceitos. 
Conceitos são ideias desenvolvidas ou elaboradas a respeito de um assunto. Antes 
de chegarmos ao conceito partimos de uma ideia inicial: o pré-conceito. O pré-
conceito é uma ideia não elaborada, incompleta, parcial. O pré-conceito só se torna 
negativo se nos restringirmos a ele, sem desenvolvê-lo. O conceito é amplo e com-
pleto. 
São tarefas da Filosofia: 
 Desenvolver os pré-conceitos, torná-los conceitos elaborados e amplos. 
 Desenvolver a capacidade de pensar. 
 Desenvolver a capacidade de agir melhor, de formar valores e tornar assim o 
homem mais livre. 
 
 
 
ADOTAR A ATITUDE FILOSÓFICA 
Adotamos uma atitude filosófica quando nos distanciamos da vida cotidiana 
por meio do pensar. Saímos da aparência e buscamos a essência das coisas. A Fi-
losofia ou atitude filosófica inicia-se quando abandonamos nossas certezas cotidia-
nas e queremos ir além – nos momentos de crise, que nos levam a transformação. A 
atitude filosófica pressupõe a atitude crítica. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/1472141/ 
 
Sempre pensamos crítica como falar mal de algo ou alguém. Não é bem isso. 
Crítica significa ter a capacidade de julgar, discernir e decidir corretamente, saber 
examinar racionalmente as coisas sem preconceitos e julgamentos e, também, po-
der avaliar detalhadamente uma ideia, valor, costume, comportamento. Para sermos 
críticos precisamos nos afastar do que queremos analisar e analisar o fato, a ideia, 
como se nunca a tivéssemos visto. 
A primeira atitude filosófica é dizer não ao senso comum, em uma atitude ne-
gativa. A segunda atitude filosófica é perguntar, em uma atitude positiva. Filosofia é 
a decisão de não aceitar como naturais e evidentes as ideias, os fatos, as situações 
e os valores do cotidiano. A filosofia surge quando queremos provas racionais para 
nossas crenças. 
 
 
 
http://slideplayer.com.br/slide/1228160/ 
 
A atitude filosófica envolve um conjunto de habilidades a serem exercitadas: 
1º. Questionar: significa ser curioso, perguntar sobre tudo que existe, pensar 
sobre as coisas, suspeitar do que é dito habitualmente, desconfiar dos pré-
conceitos, do senso comum. 
2º. Investigar: procurar respostas para os problemas, buscar conclusões me-
lhores. 
_ formular hipóteses, analisar, comparar e buscar princípios 
_ examinar, formular e desenvolver razoes e argumentos 
3º. Ampliar horizontes 
_ considerar maneiras de novas de ver a realidade 
_ Pesquisar o já conhecido e se ela pode ainda ser útil 
_ Imaginar novas possibilidades e elaborar sínteses 
 
 
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
 
http://cierzo.blogia.com/2008/093002--que-es-filosofar-.php 
 
O conhecimento filosófico vai ser resultado do exercício e do processo de filo-
sofar, buscando a verdade sem querer possuí-la. O ser humano busca um sentido 
para sua existência e um sentido mais amplo da realidade. A questão central da filo-
sofia: quem é o ser humano e qual é o sentido da vida, da realidade.Preocupa-se 
em conhecer a si próprio e com o destino da humanidade. As conclusões filosóficas 
são sempre parciais e as respostas levam sempre a novas perguntas. 
 
O pensar 
Há diferença entre pensar e ter pensamentos. O pensar é uma atividade: “O 
pensamento é o passeio da alma”, diz um filósofo grego desconhecido. Pensar é um 
movimento, uma atividade, uma ação. É uma atividade pela qual a inteligência colo-
ca algo diante de si para atentamente considerar, avaliar, pesar, equilibrar, entender. 
 
 
Por meio do pensamento manifestamos nossa capacidade de elaborar regras, nor-
mas, leis e princípios. Nós pensamos e sabemos que pensamos. Essa capacidade 
de refletir sobre o nosso próprio pensamento nos permite encadear processos de 
abstração. São esses processos de abstração que nos levam a conhecer a realidade 
e atribuir significados a essa realidade. 
 
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1613 
 
Isso é possível por que o homem é dotado de razão, da capacidade de racio-
cinar. O pensamento conta com seu mais poderoso invento: a palavra. É a palavra 
que confere ao homem essa capacidade de pensar. O pensamento nos familiariza 
com o mundo e nos leva a compreender o significado dos objetos, das pessoas e 
das relações entre uns e outros. 
Nem todos os pensamentos levam à verdade, ou seja, resultam de uma forma 
lógica correta. Para chegar ao conhecimento verdadeiro, o pensar deve ser movido 
pelo raciocínio, com uma lógica e argumentos válidos. O processo de pensar pode 
levar a uma realidade cada vez mais aprimorada. A abstração filosófica nos permite 
sair da aparência para a essência. 
 
 
Segundo diversas teorias, só é considerado livre o ser humano que é autô-
nomo, capaz de pensar por si mesmo e dar respostas originais a si próprio e ao 
mundo. E acredita-se que isso é um aprendizado, ou seja, fruto de educação – é 
possível por meio da educação oferecer as condições de aprimorar sua capacidade 
de pensar. 
O mundo é feito de ideias. As ideias são frutos do pensamento. Um pensar 
pobre não produz ideias, gera um mundo pobre. 
Perguntas que devemos fazer: 
_ Minhas crenças correspondem a um saber verdadeiro a um conhecimento? 
A minha fala é coerente? _ O que orienta minha atitude? Qual o sentido de minha 
ação? 
 
O pensamento, a linguagem e o conhecimento 
 
http://diario560.pt/2015/12/03/esperanto-idioma-terapeutico-para-jovens-e-idosos/ 
 
 
 
O pensamento é a fala internalizada, enquanto a linguagem é a expressão do 
pensamento. A linguagem permite a comunicação com o mundo, com os outros. O 
fazer humano deve ser resultado do conhecimento. E o conhecimento é resultado 
de um pensar correto. O fazer humano deve modificar a realidade exterior, formar 
os homens, aproximá-los entre si e enriquecer o mundo de valores. 
Existem várias formas de conhecer e interpretar a realidade, com diferentes 
enfoques e metodologias: 
_ O mito – imagens, símbolos e significados. História e narrativa. 
_ O senso comum – herança, tradição, experiências 
_ A ciência – estrutura seu saber pelo método científico 
 
http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=283 
 
_ A Filosofia – reflexão rigorosa, sistemática 
_ A religião – fé, transcendência da vida humana 
_ A arte - intuição e sensibilidade 
 
 
 
1.13 PARA QUE SERVE A FILOSOFIA? 
 
Filosofia é o conhecimento da nossa civilização ocidental, durante 2.500 anos. 
Uma herança valiosa que pertence a nós todos. A Filosofia gera as ferramentas para 
pensar, pesquisar e gerar conhecimento. O conhecimento não está inscrito no mun-
do, ele foi produzido pelo homem, em alguma época e lugar. O conhecimento é fruto 
do pensamento. 
Filosofar é interrogar principalmente sobre fato, problemas e dilemas que cer-
cam o ser humano em seu contexto histórico. 
 
http://www.filosofia.com.br/charge.php?pg=3 
 
 Por isso devemos entender esses conceitos: 
 
Senso comum 
É o conhecimento recebido por tradição e que ajuda a nos situarmos no coti-
diano, para compreendê-lo e agir sobre ele. É um conjunto de crenças, baseadas no 
conhecimento espontâneas e não-crítico, mas que revelam o esforço de buscar so-
luções para a nossa vida cotidiana. Essas noções podem esconder ideias falsas e 
preconceituosas. No entanto, não podemos desprezar o senso-comum, pois essa 
 
 
forma de conhecimento tão universal contém muita sabedoria essencial para o de-
senvolvimento e organização da humanidade (ex: a roda e o fogo). 
O que caracteriza o senso comum não é sua verdade ou falsidade, é a au-
sência de crítica, fundamentação e coerência dessas concepções. O senso comum 
é transmitido no cotidiano, por meio da cultura e hábitos, de pende de julgamento e 
de valores. Muitas vezes essas concepções do senso comum se transformam em 
ditados populares. O senso comum lida com opiniões e pré-conceitos, noções par-
ciais e com julgamentos da realidade. 
 
 
http://pedromotafiloescola.blogspot.com.br/2014/04/senso-comum-os-idolos-da-tribo-de.html 
 
 
Ciência 
A ciência produz um conhecimento sistemático e empiricamente fundamenta-
do, a partir de um método racional. A partir da observação rigorosa, a ciência busca 
conhecer explicar a realidade forma objetiva, sem interferência de valores e julga-
mentos. A ciência trabalha com conceitos, que são as noções elaboradas, testadas 
rigorosamente, comprovadas. Busca descobrir leis gerais que sejam válidas para 
várias situações particulares. 
 
 
 
Dogmatismo 
Dogmas são conhecimentos inquestionáveis, são noções estabelecidas sem 
contestação e crítica. O dogmatismo é a nossa crença de que o mundo existe e é 
exatamente igual ao que percebemos, por isso não é necessário criticar e refletir 
sobre a realidade. 
 
http://nepo.com.br/2014/06/06/o-dogmatismo-em-sala-de-aula/ 
 
A atitude dogmática é a aceitação natural e espontânea diante das coisas do 
mundo: acreditamos e percebemos o mundo pronto e conhecido. É uma atitude con-
servadora, ou seja, queremos conservar o mundo e as coisas como já são natural-
mente. Criamos ideias preconcebidas e rígidas em defesa desse mundo. 
A Atitude filosófica é o oposto da atitude dogmática - A atitude filosófica 
pressupõe a dúvida e a crítica, não aceitar como naturais as coisas, os fatos, as 
ideias os comportamentos, os valores da nossa vida cotidiana. É preciso desconfiar 
das opiniões e crenças estabelecidas pela sociedade e cultura, e, também, descon-
fiar das próprias opiniões e crenças. É a atitude que nos leva a analise, reflexão e 
critica. Ir além da aparência e buscar a essência das coisas, dos fatos, dos valores, 
opiniões. 
Procurar saber o que é (significado), como é (estrutura) e por que é (causa) 
de algo. 
Agora é a sua vez... 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo: Ática, 1999. 
 
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000. 
 
PRADO JUNIOR, C. O que é Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
 
REALE, M. Introdução a Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1988. 
 
SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
ARANHA, M.L ; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução a filosofia. São Paulo: 
moderna, 1993. 
 
BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. São Paulo: paz e terra, 1993. 
 
CIVITA, Victor. A história da filosofia. Coleção de pensadores. São Paulo: Nova 
Cultural, 1999. 
 
 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
Autor: SALMA TANNUS MUCHAIL 
Disponível em: 
http://www.revistas.usp.br/ts/article/downl
oad/85123/88017 
Acesso: 8 de junho de 2016 
 
Foucault e a história da filosofia 
SALMA TANNUS MUCHAIL 
MUCHAIL, Salma Tannus. Foucault e a história da filoso-
fia.Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 7(1-2): 15-20 Tempo 
Social, outubro de ; Rev. Sociol. USP, S. Pa1995. ulo, F O7(1-2): 
15-20U C A U, LT outubro de 1995. 
UM PENSAMENTO DESCONCERTANTERESUMO: Foucault faz filosofia investigando a história, mas não escreve uma “histó-
ria da filosofia”. Não exclui, entretanto, a abordagem dos filósofos: permeando os 
escritos sobre diferentes “objetos”, inscreve-se, como que “em meio a eles”, a leitura 
das filosofias. Pode-se destacar algumas passagens específicas e, a título de ilus-
tração, exemplificar o modo foucaultiano de leitura dos filósofos. Por outro lado, 
 
 
Foucault também não toma por tema uma reflexão sobre a história da filosofia. En-
tretanto, uma aproximação com autores que realizam esta reflexão permite estabe-
lecer algumas diferenças e semelhanças e entender que as histórias que Foucault 
escreve - permeadas de abordagens de filósofos - é investida de natureza filosófica. 
UNITERMOS: história, história da filosofia, leitura interna, leitura externa, leitura filo-
sófica, Foucault. 
ABSTRACT: Foucault generates philosophy by investigating history, but is not the 
author of a “history of philosophy”. He does not exclude, however, the philosophical 
approach: within the texture of his writings on several objects, one finds the thread of 
a reading of philosophies. Certain specific passages can be pointed out which, by 
way of illustration, exemplify the Foucaultian reading of philosophers. On the other 
hand, Foucault does not choose as subject matter a reflection on the history of phi-
losophy. Nevertheless, an approximation with authors who carry out such a reflection 
allows us to establish certain differences and similarities and to understand that the 
histories which Foucault writes - pervaded by the approaches of and to philosophers 
- is vested with a philosophical nature. 
UNITERMS: history, history of philosophy, internal reading, external reading, philo-
sophical reading, Foucault. 
 
É frequente que filósofos tomem a história da filosofia como via ou como tema 
de sua própria elaboração filosófica. Como via, quando se dedicam à leitura filosófi-
ca de filosofias já constituídas e, neste sentido, escrevem histórias da filosofia ou a 
praticam no estilo das monografias. Como tema, quando colocam questões acerca 
 
 
da natureza da história da filosofia e do modo adequado de ler filósofos e, neste sen-
tido, fazem algo como uma teoria ou uma filosofia da história da filosofia. Recorrem, 
quase sempre, aos dois procedimentos. Digamos, logo de partida, que Michel Fou-
cault não se ocupa com nenhum deles. 
Quanto ao primeiro procedimento, ele, que faz filosofia escrevendo histórias, 
não escreve história da filosofia. Se são diversos os “objetos”, por assim dizer, de 
suas investigações históricas (loucura, medicina, ciências humanas, prisões, sexua-
lidade, etc.), não há nenhuma que eleja como “objeto” as filosofias. Entretanto, a 
abordagem delas está presente. Diretamente, em Professora do Departamento 
de Filosofia da PUC-SP alguns poucos escritos, “avulsos”, digamos assim, e sempre 
curtos (é o caso, por exemplo de Nietzsche, a genealogia e a história, ou do estudo 
sobre textos de Kant no curso sobre O que é o iluminismo). Mas é também e sobre-
tudo nos grandes livros que se inscreve, como “em meio” aos diferentes “objetos”, a 
leitura de filosofias. Assim, com pesos e dosagens variadas, ela permeia pratica-
mente todos eles: ora mais esporadicamente ou limitada a poucas referências (como 
é o caso de O nascimento da clínica e Vigiar e punir); ora ao longo de todo o livro, 
dispersamente (como em História da loucura) ou assiduamente (como em As pala-
vras e as coisas) , ora inerente à composição do livro (como a recorrência, entre ou-
tros, de Platão, Aristóteles, Xenefon, Plutarco, Sêneca, em O uso dos prazeres e O 
cuidado de si) . Um estudo mais exaustivo sobre a abordagem foucaultiana de filoso-
fias demandaria, portanto, que se a recolhesse ao longo de todos os seus escritos, 
relidos sob esta ótica. Limitemo-nos, por ora, a destacar apenas uma situação de 
exemplo. 
 
 
Tomemos da Primeira Parte de História da loucura o trecho que inicia o capí-
tulo II (Le Grand Renfermement) (cf. Foucault, 1972, p. 56-59). Trata-se ali de um 
daqueles momentos - frequentes na escrita de Foucault - em que a exposição se 
detém não mais em um período histórico determinado e não ainda em outro, mas no 
limiar de intersecção, região fronteiriça que ao mesmo tempo demarca a separação 
e autoriza a passagem entre um período e o seguinte. Assim, depois do capítulo I 
(Stultifera Navis), que descrevera a loucura no período renascentista, trata-se agora 
de estabelecer a travessia para a idade clássica. E ela se configura em um confronto 
entre Montaigne e Descartes. Resumamos a passagem. 
Em Montaigne, a crítica à presunção da razão. A leitura de um capítulo dos 
Ensaios mostra que, após distinguir o homem de razão do homem comum, este úl-
timo digno de pena, Montaigne “um pensador”, afirma ser ele também “merecedor 
de piedade” (cf. Montaigne, 1973, p. 94; Foucault, 1972, p. 57): posto que os julga-
mentos dos homens de razão se contradizem, seria loucura confiar unicamente na 
medida da inteligência e desprezar o que não conseguimos compreender; posto que 
jamais se está certo de nossos próprios julgamentos ou “jamais certo de não se es-
tar louco” (cf. Foucault, 1972, p. 58) , loucura é fiar-se só na razão. Assim, sem limite 
absoluto entre verdade e falsidade, a loucura embarca na trajetória em busca da 
verdade: como os loucos nas naus. 
Em Descartes, a leitura da primeira Meditação mostra, ao contrário, a exclu-
são da loucura do caminho da dúvida em direção à certeza. Um paralelo entre os 
sentidos e os sonhos, por um lado, e a loucura por outro, revela entre eles “um de-
sequilíbrio fundamental” (cf. Foucault, 1972, p. 57). Com efeito, os erros dos senti-
dos e as ilusões dos sonhos se incorporam aos passos daquele percurso; posto que 
 
 
não atingem a verdade objetiva das coisas, poderão ser posteriormente recuperados 
depois que se alcançar, na segunda Meditação, a segurança do cogito; incluem-se 
assim, no trajeto do pensamento que conduz à certeza do próprio pensamento. Não 
é o que ocorre com a loucura. “E como poderia eu negar que estas mãos e este cor-
po são meus? A não ser talvez que eu me compare a estes insensatos cujo cérebro 
está de tal modo perturbado e ofuscado pelos negros vapores da bile que constan-
temente asseguram que são reis quando são muito pobres, que estão vestidos de 
ouro e de púrpura quando estão inteiramente nus, ou imaginam ser cântaros ou ter 
um corpo de vidro. Mas quê? São loucos e eu não seria menos extravagante se me 
guiasse por seus exemplos” (cf. Descartes, 1962, p. 110118; Foucault, 1972, p. 56-
57). Porque é “condição de impossibilidade do pensamento” (Foucault, 1972, p. 57), 
a loucura afeta a verdade objetiva do sujeito que é sujeito pensante. Se penso, exis-
to; se sou louco, não penso; portanto, se penso não sou louco e se sou louco nem 
penso nem existo. “Entre Montaigne e Descartes, [escreve Foucault], um aconteci-
mento se passou: algo que concerne ao advento de uma ratio” (1972, p. 58). Estabe-
lecida a divisão entre razão e desrazão, tem lugar o banimento da loucura: lugar de 
exílio, como os loucos no Hospital Geral. 
Como se vê, a reconstituição foucaultiana destas passagens filosóficas dis-
põe-se, na construção do seu próprio discurso, como estratégia de transição entre o 
século XVI e o XVII. Não é uma leitura isolada de discursos filosóficos: atraca-os ao 
derradeiro porto renascentista e avizinha-os da divisória inaugural da idade clássica. 
Assim, a passagem que acabamos de resumir poderia igualmente caber sob dois 
subtítulos, se eventualmente lhe quiséssemos atribuir algum: “De Montaigne a Des-
cartes” ou “Da Nau ao Hospital”. 
 
 
Ampliando os contornos deste exemplo, pode-se dizer que as abordagens de 
discursos filosóficos nos escritos de Foucault, desde as mais episódicas às mais re-
gulares, se não lhes confere qualquer privilégio enquanto“objetos” para uma investi-
gação histórica específica, insere-os, contudo, tanto em redes interdiscursivas, en-
quanto elementos constitutivos de uma épistémê, quanto nas articulações com práti-
cas ou instituições sociais, enquanto integrantes de um “dispositivo” de poder, seja 
como peças de sustentação, seja como instrumentos de luta. 
Quanto ao segundo procedimento, isto é, uma reflexão sobre a natureza e o 
método apropriado da história da filosofia, também não constitui preocupação parti-
cular de Foucault. Uma tematização desta questão, se fosse elaborada, haveria de 
ajustar-se, sem dúvida, às tematizações sobre a natureza e os procedimentos de 
suas investigações, explicitadas não somente no livro A arqueologia do Saber como 
em tantas passagens integradas aos vários livros, artigos, entrevistas. Mas esta é 
também uma hipótese que demanda um estudo mais longo. No momento, limitemo-
nos apenas ao levantamento de alguns indícios, pela via das aproximações e dife-
renças, tomando algumas descrições de método em história da filosofia como situa-
ção de referência. 
Ao propor o chamado método estrutural para a leitura das filosofias, Guéroult 
o situa como um determinado tipo de história “vertical” que, pela sua feição filosófica, 
respeita, internamente, a natureza dos seus objetos. Não é difícil compreender que a 
leitura foucaultiana não se prende à construção arquitetural dos sistemas filosóficos, 
cujos encadeamentos lógicos permitem reconstituí-lo segundo sua “ordem de ra-
zões”. Isto não significa que análises detalhadas de textos sejam desprezadas. Re-
portemo-nos àquela passagem sobre Montaigne e Descartes. Como se sabe, ela foi 
 
 
alvo de críticas, primeiro de H. Gouhier, e incisivamente, de Derrida (1963). Ora, na 
resposta a este último, Foucault (cf. 1971) contempla o escrito cartesiano com o 
exame meticuloso, quase requintado, de palavras, tempos de verbos, imagens, dis-
posição textual, etc. Faz ver, já pelo seu título, que as Meditações requerem não só 
a leitura que encontra o encadeamento sistemático de demonstrações, como aquela 
que as apreende como exercício, prática discursiva. E, ao final, não sem mordacida-
de, afirma que a estrita redução dos discursos aos seus aspectos textuais é aliada 
ao ponto de vista globalizador do sistema e tributária da metafísica. 
Mas Guéroult identifica um outro tipo de história “vertical” da filosofia, também 
de feição filosófica, que, privilegiando a interioridade do autor, caracteriza-se pela 
busca de origens e intenções. Por semelhança de orientação, podemos assemelhá-
la à proposta de Merleau-Ponty para a leitura das filosofias. Trata-se de descobrir 
por sob os textos os sentido que subjaz a eles e anima o processo de elaboração 
filosófica, sentido implícito que, por isto mesmo, nos exige atentos não só ao filósofo 
como à sua sombra, e nos conduz a pensar o “impensado”. A leitura foucaultiana, 
muito ao contrário, não se reconhece na suposição do “não-dito”. Voltada que é para 
a positividade do acontecimento discursivo e suas relações inter e extra discursivas, 
afasta-se das perspectivas que acenam para as filosofias da consciência. 
Poder-se-ia perguntar então se o modo foucaultiano de ler filosofias não se 
classificaria no método que Guéroult nomeia de história “horizontal”. Mais histórico e 
pouco filosófico, consiste em expor a sucessão temporal das filosofias e sua contex-
tualização em circunstâncias sociais, políticas, econômicas, etc., condições externas 
do seu surgimento. Longe disto, a inclusão das filosofias em conjuntos heterogêneos 
de saberes e práticas sociais, nada tem de comum com causas ou explicações exte-
 
 
riores. Na configuração de um solo epistemológico ou de um dispositivo estratégico, 
os componentes são tão constituídos quanto constituintes e entre eles não há rela-
ções nem de causa e efeito nem de “exterioridade” e “interioridade”. 
Todavia, entre os métodos descritos como história “vertical” e a postura de 
Foucault é possível talvez esboçar um traço de semelhança. À leitura estrutural de 
Guéroult não interessa apenas o conhecimento dos sistemas filosóficos, senão tam-
bém a instigação de que este conhecimento é capaz para a reflexão filosófica pre-
sente; a leitura intencional de Merleau-Ponty, por sua vez, quer repensar as filosofi-
as historicamente dadas, na direção de provocar um pensamento novo. Ora, as in-
vestigações históricas de Foucault, precisamente por sua dimensão genealógica, 
debruçam-se sobre o passado para elucidar o presente relativamente às diferenças 
com o que o precede e para mobilizá-lo relativamente às diferenças que, introduzi-
das por nossa intervenção, o poderão suceder. 
Esta observação permite que evoquemos, de passagem, mais uma proposta 
sobre a questão da história da filosofia, da qual a leitura foucaultiana estará prova-
velmente mais próxima. Trata-se de algumas reflexões de F. Châtelet (cf. 1977, p. 
23-42) de que realçamos dois aspectos: primeiro, a afirmação de que pela referência 
ao passado pensamos nossa atualidade através do “diferencial”; segundo, a propo-
sição de uma história da filosofia, hoje, que explicite as conexões das filosofias com 
a política, que, em termos foucaultianos, remete às relações que elas mantêm com 
regimes de poder, quer como reforço, quer como resistência. 
Para concluir, uma hipótese genérica. Na medida em que a abordagem das fi-
losofias só se compõe esparsamente, há menos que história da filosofia nas investi-
 
 
gações históricas de Foucault; e no entanto, há mais, na medida em que, nelas, é 
toda a história que se acha investida de feição filosófica. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CHÂTELET, F. (1977) A questão da história da filosofia hoje. In: CHÂTELET, DER-
RIDA, FOUCAULT, LYOTARD e SERRES. Políticas da filosofia. Textos reunidos por 
D. Grisoni, trad. de J. Saramago. Lisboa, Moraes. 
 
DERRIDA. (1963) Cogito e história da loucura. Conferência. 
 
DESCARTES. (1962) Meditações. In: ______ .Obra Escolhida. Trad. de J. Guins-
burg e Bento Prado Júnior. São Paulo, Difusão Europeia do Livro. 
 
FOUCAULT, Michel. (1971) Mon corps, ce papier, ce feu. In: ______ . Histoire de la 
folie à l’âge classique. Anexo à 2ª ed. Paris, Gallimard, 1972. 
 
 ______ . (1972) Histoire de la folie à l’âge classique. 2ème éd. Paris, Gallimard. 
 
 
 
GUÉROULT, M. (1974) La méthode en histoire de la philosophie. Philosophiques, 
Paris, vol. 1, nº1, avril. 
 
MERLEAU-PONTY. (1960a) Le philosophe et son ombre. In: ______ . Signes. Paris, 
Gallimard. 
 
______ . (1960b) Partout et nulle part. In: ______ . Signes. Paris, Gallimard. 
 
MONTAIGNE. (1973) Ensaios. Trad. de S. Milliet. Col. “Os Pensadores”. São Paulo, 
Abril Cultural.

Continue navegando