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AULA 4 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA Profª Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo a mais uma aula sobre gestão orçamentária! Até agora, você já aprendeu tudo o que tange as características e os conceitos relacionados a estratégia e plano orçamentário, o histórico e a evolução do orçamento empresarial, além dos diferentes tipos de orçamento existentes. Assim sendo, nesta apostila trata acerca da organização do orçamento empresarial. O primeiro passo para organizar o plano orçamentário é estabelecer as premissas orçamentárias. Porém, antes é preciso ter claros os objetivos e a missão da empresa, e com base nisso é que os cenários são definidos, e neles constam as previsões para o futuro com base nos fatores ambientais (Padoveze, 2012). Após o estabelecimento dos cenários, é o momento de conhecer as informações que compõem a organização do orçamento, que se divide em dois tipos de elementos: operacionais e não operacionais. Os elementos operacionais relacionam projeção de vendas, despesas, custos, logística e demais informações referentes ao desempenho das atividades operacionais da entidade. Por sua vez, os elementos não operacionais relacionam-se aos financiamentos e aos investimentos que se fazem necessários para a manutenção das atividades operacionais da empresa. Nessa direção, considerando a importância da organização do orçamento empresarial, o objetivo desta aula é tratar dos elementos que compõem o orçamento, sendo eles: orçamento de vendas, orçamento de produção, orçamento de despesas operacionais, orçamento de investimentos e orçamento de financiamentos. Saiba mais Quer saber um pouco mais sobre a organização de orçamento? Leia o artigo disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/2464/2464>. CONTEXTUALIZANDO As organizações que se concentram em suas estratégias e seus planos sabem exatamente onde querem gastar seus recursos e têm um plano para evitar que gastem dinheiro em áreas que não se alinham com a visão (o que a empresa 3 está tentando fazer) e com a missão (por que está fazendo isso). Por isso, toda organização, não importa o tamanho, deve saber por que existe e o que espera realizar. Isso é articulado por meio de uma declaração de visão e missão por escrito, ou seja, um plano estratégico de como a organização planeja alcançar sua missão. Em seguida, as metas anuais de negócios são as etapas que uma organização adota para implementar seu plano estratégico, e são essas metas que precisam ser financiadas pelo orçamento. As metas precisam ser desenvolvidas, e é necessário que haja responsabilidade para atingi-las, que é responsabilidade da equipe administrativa, da diretoria, dos gestores ou do proprietário da empresa. Entre essas metas estão as projeções de receita que devem ser baseadas no desempenho financeiro histórico, bem como na receita de crescimento projetada para a empresa. O crescimento projetado pode estar vinculado a metas organizacionais e iniciativas planejadas que iniciarão o crescimento dos negócios. Outro ponto de destaque é a projeção de custos fixos, que é o olhar para os custos mensais previsíveis que não mudam, como custos de compensação de funcionários, despesas de instalação, custos de serviços públicos etc. Os custos fixos são uma despesa mínima que precisa ser financiada no orçamento. Na sequência, deve-se pensar os custos variáveis, que são os custos que flutuam mês a mês, custos de fornecimento, custos de horas extras etc. Essas são despesas que podem e devem ser orçadas e controladas. Ademais, tem-se outras despesas relacionadas às metas (projetos) que também devem receber orçamentos. Cada iniciativa deve ter custos projetados associados às metas – é aí que o custo de implementação de metas é incorporado ao orçamento anual. Projeções de custos devem ser identificadas, expostas e incorporadas ao orçamento departamental responsável por completar a(s) meta(s). Vale salientar, ainda, que toda organização, seja com fins lucrativos ou sem, deve ter uma margem de lucro específica. As margens de lucro permitem retornos para o proprietário da empresa ou para os investidores. Organizações sem fins lucrativos reinvestem suas margens de lucro nas instalações e no desenvolvimento da organização. Os lucros são importantes para todas as organizações, e as margens de lucro saudáveis são um forte indicador da força de uma organização. 4 Por fim, após pensar e executar todas essas etapas, é necessário a aprovação do orçamento por um conselho diretor, pelo presidente, proprietário ou chefe da organização, e ele(s) deve(m) manter-se atualizado(s) com o desempenho orçamentário no decorrer do período de sua execução. Contudo, para maior segurança, faz-se necessário que, periodicamente, o orçamento seja revisto para o monitoramento do desempenho em relação às metas. Isso pode ser realizado por um comitê de revisão, que deve revisar as variações orçamentárias e avaliar as questões associadas aos excedentes orçamentários. É importante fazer isso mensalmente, de modo que possa haver uma correção para gastos excessivos ou modificações no orçamento, se necessário. Esperar até o final do ano para fazer correções pode ter um efeito negativo no resultado final do orçamento. Portanto, como visto, de forma geral o plano orçamentário deve ser organizado levando em consideração os passos acima detalhados. Padoveze e Taranto (2012, p. 20) sintetizam estas etapas em: Proposta de um cronograma de atividades para o processo orçamentário; Instalação de comitê orçamentário; Definição das premissas gerais orçamentárias; Revisão e definição dos sistemas de apoio e de elaboração de orçamentos; Revisão e definição dos relatórios de acompanhamento; e Revisão e definição da estrutura contábil a ser utilizada. Esses passos devem ser considerados para a elaboração de todo e qualquer orçamento que compõe o orçamento empresarial total, como os que veremos a seguir. TEMA 1 – ORÇAMENTO DE VENDAS Neste tema, começaremos a conhecer de forma detalhada os planos orçamentários de vendas, despesas e produção, como também de financiamento e investimento. O primeiro passo para tratar do estudo dos itens que compõem o orçamento empresarial é entender a estrutura básica orçamentária. A estrutura básica orçamentária é formada por dois grandes grupos de elemento: orçamento operacional e orçamento financeiro. O orçamento operacional refere-se a vendas, produção e despesas da empresa, enquanto o financeiro envolve os investimentos e os financiamentos. Esses dois elementos serão a base para a 5 projeção das demonstrações financeiras. Na figura a seguir, é apresentada a estrutura orçamentária: Figura 1 – Estrutura básica orçamentária Fonte: Padoveze, 2012, p. 19. Conforme a imagem, verifica-se que a primeira etapa para a implantação do sistema orçamentário é o orçamento de vendas, que é o ponto de partida para todas as peças orçamentárias operacionais, ou seja, ele será a base para as próximas projeções que tratam das atividades-fins da organização, mas por que ele é tão importante? A resposta é bem simples: o volume de vendas é reflexo da percepção da demanda de produtos da organização em um determinado período, e é ele que vai determinar os limites da projeção. Para a realização do orçamento de vendas, é preciso observar alguns aspectos relevantes, são eles (Padoveze; Taranto, 2009, p. 112): Identificação dos produtos a serem vendidos; Determinação do critério de entendimento do que é o produto para fins de orçamento de vendas – por exemplo, versão especificada por modelo e por linha do produto; Identificação dos mercados dos produtos – por exemplo, mercado interno, regiões, filiais, mercado externo e clientes-chave; Determinação das quantidades a serem orçadas; Determinaçãodos preços para cada produto e para cada mercado; 6 Determinação dos preços à vista e a prazo; Incorporação de eventual mudança de política de crédito; Determinação das quantidades de vendas à vista e a prazo; Determinação dos aumentos previstos nas listas de preços, segundo as premissas orçamentárias; Determinação das projeções das taxas das moedas estrangeiras para vendas ao mercado externo; Incorporação da sazonalidade mensais conhecidas ou estimadas; Inclusão, por produto, das expectativas de vendas de acessórios, opcionais e produtos complementares; Identificação dos impostos sobre vendas para cada produto e mercado; Identificação dos créditos fiscais para cada produto e mercado; Projeção de outras receitas, como variações cambiais após a venda e recuperações de despesas; Projeção de inadimplências. Após o estudo de tais elementos, a organização estará apta a projetar o seu orçamento de vendas, o qual é formado pelas quatro etapas especificadas por Padoveze e Taranto (2009, p. 112): “1. Previsão de vendas em quantidades para cada produto; 2. Previsão dos preços para os produtos e seus mercados; 3. Identificação dos impostos sobre as vendas; e 4. Orçamento de vendas em moeda corrente do país.” Tais itens serão detalhados nos subtópicos a seguir: Previsão de quantidade de vendas: o primeiro passo para a elaboração do orçamento de vendas é o estabelecimento da quantidade de produtos que serão vendidos no período projetado. Essa é considerada a etapa mais difícil, afinal é muito complicado determinar quantos produtos a empresa vai vender sem levar em conta um certo otimismo ou pessimismo, você não acha? As dificuldades de determinação do volume de vendas provêm da imprevisibilidade do mercado econômico e das sazonalidades existentes. No entanto, a leitura dos cenários e o próprio acompanhamento do negócio permitem estabelecer números referentes a vendas futuras com certa exatidão. A empresa também pode fazer uso de métodos de previsão, e os mais comuns são: método estatístico, que envolve a correlação e a análise setoriais com base nos recursos computacionais; coleta de dados das fontes de origem das vendas, que correspondem a busca de informações coletadas pelos vendedores; e o uso final dos produtos, que deve ser utilizado quando a empresa possui conhecimento sobre o uso final de seus produtos (Padoveze; Taranto, 2009). 7 Orçamento de preços: a segunda etapa do orçamento de vendas é o orçamento de preços. Segundo Padoveze e Taranto (2012, p. 115), “nele devem ser apresentados os preços por produtos e seus respectivos mercados”. Ao elaborar o orçamento de preços, deve-se separar os produtos vendidos em moeda nacional e os produtos vendidos em moeda estrangeira. Impostos sobre vendas: nesta etapa, são identificados os impostos incidentes sobre as vendas de cada produto, já que produtos diferentes podem ter alíquotas de tributação distintas. Essa diferenciação de tributação muitas vezes vai além: no Brasil, determinadas regiões possuem tributação diferenciada para estimular a produção e a comercialização de produtos, o que acaba influenciando o valor dos impostos. Segundo Padoveze e Taranto (2012, p. 116), “existe ainda a possibilidade de a tributação ser diferenciada para clientes ou setores e, caso isso seja relevante para a empresa em questão, também deve ser identificado”. Orçamento de receitas: após a determinação do volume de vendas, dos impostos e dos preços, o último passo é a determinação do orçamento de receitas. Nesse método, deve-se fazer o levantamento mensal das receitas destacando receita bruta, receita líquida e impostos referentes. Após conhecermos os conceitos iniciais sobre a estrutura do orçamento, no próximo tópico trataremos do orçamento de produção. TEMA 2 – ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO Agora que você já conhece os principais aspectos do orçamento de vendas, é o momento de conhecer o orçamento de produção. O orçamento de produção é baseado no orçamento de vendas. A lógica é clara: com base no estabelecimento de quanto a empresa pretende vender é que são definidos quantos produtos ela precisar produzir. Além do mais, outra característica que deve ser destacada é que o orçamento de produção é quantitativo. Ele deve ser estabelecido com base na quantidade de produtos que deverão ser produzidos para manter a continuidade das operações normais. “Ele é a base para a formação do orçamento de consumo e compra de materiais diretos e indiretos, é a base do trabalho para os orçamentos de capacidade e logística” (Padoveze; Taranto, 2009, p. 120). 8 Organizações que utilizam o método just in time (que não faz uso de estoques) terão a quantidade de orçamento de vendas e a quantidade do orçamento de produção exatamente iguais. No entanto, é mais comum que as empresas façam uso de um estoque de segurança, ou seja, produzam um pouco mais do que vão vender. Saiba mais O sistema just in time (JIT) é uma filosofia de administração da manufatura surgida no Japão em meados da década de 1960, tendo a sua ideia básica e seu desenvolvimento creditados à Toyota Motor Company, por isso também conhecido como o “Sistema Toyota de Produção”. O idealista desse sistema foi o vice-presidente da empresa, Taiichi Ohno. Esse novo enfoque na administração da manufatura surgiu de uma visão estratégica, buscando vantagem competitiva através da otimização do processo produtivo. Os conceitos da filosofia JIT foram extraídos da experiência mundial em manufatura e combinados dentro de uma visão holística do empreendimento. Os principais conceitos são independentes da tecnologia, embora possam ser aplicados diferentemente com os avanços técnicos. O sistema visa administrar a manufatura de forma simples e eficiente, otimizando o uso de recursos de capital, equipamento e mão de obra. O resultado é um sistema de manufatura capaz de atender às exigências de qualidade e entrega de um cliente, ao menor custo. Fonte: Alves, 1995, p. 5. Duas informações são imprescindíveis para a confecção do orçamento de produção, são elas: 1 – Política de estocagem de produtos acabados; e 2 – Orçamento da quantidade de vendas. Tais informações, unidas aos dados referentes ao número de mercadorias presentes no estoque, formarão a projeção de projeção (Padoveze; Taranto, 2009). É comum que a maioria das empresas possuam um volume de produção maior do que o volume de vendas com o intuito de evitar transtornos no decorrer do período projetado. No entanto, nem sempre essa decisão é a melhor opção para a organização, haja vista que investimentos nos estoques podem prejudicar a liquidez financeira da organização e prejudicar o seu fluxo de caixa. Segundo Padoveze e Taranto (2009, p. 120), “de forma geral, a política de estocagem de produtos acabados é fixada em dias de venda, por tipo de produto 9 – a empresa tem informações e experiência que lhe permitem fixar o estoque mínimo a ser mantido para atendimentos”. Outro ponto relevante é que sempre é importante ficar atento a qualquer mudança para maior ou para menor na política de estocagem. Observe o exemplo a seguir. Figura 2 – Exemplo de orçamento de produção (em quantidade) Fonte: Padoveze; Taranto, 2009, p. 3. Conforme a imagem, observa-se que a primeira coluna representa a política de estocagem adotada pela empresa, que é definida em dias de venda, ou seja, a empresa tem por política manter o estoque a 15 dias da venda. Além disso, a empresa ainda coleta dados referentes aos estoques inicial e final para determinar o quanto produzir (Padoveze; Taranto, 2009). As capacidades operacional e logística também devem ser observadas. Afinal, o subsistema físico-operacional é que vai determinar o quanto e em quanto tempo a empresa conseguirá produzir. Desse modo, quando o orçamento de vendas indicar que é preciso aumentara capacidade de recursos, o orçamento operacional precisa ser construído para atender a tais necessidades; no caso de diminuições, mudanças também devem ser realizadas (Padoveze; Taranto, 2009). Além da capacidade fabril e de comercialização, o sistema de logística também precisa estar alinhado à produção da organização; já a cadeia de distribuição dos produtos é tão relevante quanto a própria produção. No próximo tópico, trataremos do orçamento de despesas. TEMA 3 – ORÇAMENTO DE DESPESAS 10 Depois de conhecer os aspectos relacionados à produção e ao volume de vendas, chegou o momento de conhecer as despesas e os custos relacionados a sua produção, ou seja, o orçamento de despesas. Elas são divididas em quatro grupos (Padoveze, 2012, p. 23): “1 – Mão de obra (direta e indireta); 2 – Consumo de materiais indiretos; 3 – Despesas gerais; 4 – Depreciações e amortizações.” Vamos tratar de forma mais detalhada cada um desses grupos: Mão de obra (direta e indireta): corresponde a um custo variável e direto que é empregado diretamente na confecção dos produtos, o qual está relacionado aos orçamentos de vendas e de produção e envolve encargos sociais e salariais, como férias, 13° salário, plano de aposentadoria e assistência médica etc. (Padoveze; Taranto, 2009). Não se pode deixar de citar que uma das metodologias mais utilizadas para a elaboração do orçamento de despesas é a separação da mão de obra direta dos demais gastos, incluída a mão de obra indireta – tais gastos são chamados de despesas indiretas de fabricação, e nelas estão incluídos tanto despesas como custos. Os principais custos são apresentados a seguir (Padovez; Taranto, 2009): Quadro 1 – Tipos de custos Tipos O que são? Exemplos Custos fixos comprometidos São os custos ligados ao uso de um parque fabril ou comercial; em outras palavras, são os gastos para manter a fábrica ou as vendas em operação. Aluguel dos imóveis operacionais, gastos com associações de classe, contratos de manutenção e conservação de imóveis. Custos fixos discricionários São gastos administrados que podem ser alterados dependendo da dotação orçamentária anual. Despesas com publicidade, propaganda e assessoria de imprensa, contratos de consultoria, benefícios aos funcionários. Custos semivariáveis São custos cuja variação não ocorre na proporção da variação do volume de produção ou vendas. Gastos com materiais indiretos, como ferramentas, dispositivos e materiais de escritório. Custos semifixos São custos que contêm, na sua formação de valor, uma parcela fixa e uma parcela que varia de acordo com a atividade. Despesas com telefone (assinatura mais impulsos) e energia elétrica (demanda contratada mais consumo). Custos estruturados São custos que variam com relação ao elemento sob o qual são estruturados ou ligados e são a causa de seu maior ou menor valor. Despesas com viagens e consulta a entidades de proteção ao crédito. 11 Fonte: Adaptado de Padoveze; Taranto, 2009, p. 144. Os custos apresentados no quadro, além dos demais custos e despesas, devem ser absorvidos no custeamento unitário do produto. Consumo de materiais indiretos: corresponde aos insumos que não estão relacionados de forma direta aos produtos. Segundo Padoveze e Taranto (2009, p. 145), “os principais materiais indiretos são: materiais auxiliares combustíveis, material de conservação de limpeza, material de segurança do trabalho e material de escritório, entre outros”. Despesas gerais: correspondem às despesas de consumo de centros de custos ou atividades, que não estão incluídas nos itens anteriores. Entre as despesas gerais, Padoveze e Taranto (2009, p. 145) destacam como principais: “energia elétrica, telecomunicações, despesas com viagens, estadias e refeições, publicidade e propaganda, brindes, anúncios e publicações e comissões sobre vendas, entre outras”. Depreciações e amortizações: no último elemento do orçamento das despesas, estão incluídas as depreciações e amortizações. O levantamento dessas informações é importante pela necessidade de atribuição de responsabilidade pelo uso de bens que estão sendo utilizados nas operações das organizações. Segundo Padoveze e Taranto (2009, p. 145), as despesas a serem orçadas compreendem: “1 – As depreciações e amortizações dos bens diretos existentes; e 2 – As depreciações e amortizações dos bens e diretos a serem adquiridos durante o exercício orçamentário e decorrente do orçamento de investimentos”. No próximo tópico, trataremos dos orçamentos financeiros, começando pelo orçamento de investimentos. TEMA 4 – ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS Até agora, a maioria das informações apresentadas nos orçamentos estudados estavam relacionadas a execução de projeções de curto ou de médio prazo. O orçamento de investimentos (ou orçamento de capital) é um pouco diferente, pois possui um foco muito maior no longo prazo, haja vista que grande parte dos investimentos são estabelecidos no plano operacional que tem como base o plano estratégico, elaborado pela alta administração. 12 De forma geral, os planos de orçamento são projeções que abrangem mais de um período, por exemplo os investimentos relacionados ao desenvolvimento de novos produtos: todo o processo é realizado em um ano? Via de regra, não. Tais pesquisas podem envolver mais de um período, fora o tempo despendido para que o produto seja produzido e comece a ser comercializado. Pode-se dizer que o plano de investimentos envolve os investimentos dos planos operacionais iniciados em outros períodos, como também investimentos do período em curso. Alguns exemplos de investimentos de longo prazo são: desenvolvimento de novos produtos, compra de máquinas etc. Por outro, são exemplos de investimentos de curto prazo: manutenção de máquinas, aquisição de equipamentos menores, dentre outros. Não existe uma regra específica, no entanto seria importante que todos os elementos que compõem o ativo imobilizado/fixo da empresa constassem no orçamento. De acordo com Padoveze (2012, p. 133), o orçamento de investimentos é formado pelas seguintes peças orçamentárias: Orçamento de aquisição de investimentos em outras empresas; Orçamento de venda de investimentos em outras empresas; Orçamento de aquisição de imobilizados; Orçamento de venda de imobilizados; Orçamento de despesas geradoras de intangíveis; Orçamento de depreciações, exaustões e amortizações das novas aquisições e baixas. Em síntese, portanto, o orçamento de capital ou de investimento é o processo de planejamento usado para determinar se os investimentos de longo prazo de uma organização, como maquinário novo, substituição de maquinário, novas plantas, novos produtos e projetos de desenvolvimento de pesquisa, valem o financiamento de caixa por meio da estrutura de capitalização da empresa (dívida, capital ou lucros acumulados). É o processo de alocação de recursos para grandes despesas de capital ou investimento. Para a elaboração desse orçamento, muitos métodos formais são usados, incluindo técnicas como: taxa de retorno contábil, retorno contábil médio, período de retorno, valor presente líquido, índice de rentabilidade, taxa interna de retorno, taxa interna de retorno modificada, custo anual equivalente, avaliação de opções reais, entre outros. Esses métodos usam os fluxos de caixa incrementais de cada investimento ou projeto em potencial. Técnicas baseadas em lucros contábeis e regras contábeis às vezes são usadas, como a taxa de retorno contábil e o retorno sobre 13 o investimento. Também são usados métodos simplificados e híbridos, como o período de retorno e o período de retorno descontado. Após a apresentação do orçamento de investimentos, no próximo tópico trataremos do orçamento de financiamentos. Saiba mais O orçamentode capital A elaboração do orçamento de capital está diretamente ligada à seleção as propostas de investimento de longo prazo, bem como a sua implementação e controle. Pode-se afirmar que os investimentos de longo prazo, no geral, representam grandes desembolsos de recursos que normalmente são adquiridos junto a terceiros (fornecedores, instituições financeiras, bancos, etc.). Por esse motivo a empresa precisa elaborar seus orçamentos de capital. O orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos de longo prazo que estejam consistentes com o planejamento estratégico da empresa, visando maximizar a riqueza dos acionistas. Em geral, esses investimentos estão relacionados ao ativo imobilizado (máquinas, equipamentos e instalações, por exemplo) ou a investimentos estratégicos em outras empresas (aquisição de participação societária em clientes, fornecedores etc.). Cabe lembrar que as decisões de orçamento (investimento) e de financiamento são tratadas de maneira separada. Em geral, uma vez aceita a proposta de investimento, o administrador financeiro passa a escolher o melhor método de financiamento. Os dispêndios de capital são desembolsos de recursos efetuados pela empresa, na expectativa de gerar benefícios após um ano. Por outro lado, os dispêndios correntes são desembolsos que resultam em benefícios obtidos em prazo inferior a um ano. Desembolsos efetuados na aquisição de ativo imobilizado são dispêndios de capital, mas nem todos os dispêndios de capital são classificados com ativo imobilizado. São exemplos desses dispêndios: expansão industrial (nível de operações), substituição (ativos operacionais obsoletos; modernização (alternativa à substituição), outras finalidades (gastos com propaganda, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos). A elaboração do orçamento de capital consiste em cinco etapas: 14 1. Geração de propostas; 2. Avaliação e análise; 3. Tomada de decisão; 4. Implementação; e 5. Acompanhamento. Fonte: Ferreira, 2005, p. 117. TEMA 5 – ORÇAMENTO DE FINANCIAMENTOS Após a apresentação dos orçamentos que compõem o plano operacional e do orçamento de investimentos que faz parte do plano financeiro, chegou a hora de você compreender o orçamento de financiamentos. Essa peça orçamentária possui como objetivo prever tudo o que está relacionado à área de obtenção de fundos, por exemplo pagamentos de parcelas de financiamentos, manutenção de gastos etc. (Luz, 2015). A seguir, são discorridas as quatro peças orçamentárias que fazem parte do orçamento de financiamentos: Orçamento de novos financiamentos: corresponde aos novos financiamentos. É importante destacar que uma empresa pode obter um financiamento de diferentes maneiras, tanto em moeda nacional como em moeda estrangeira, de instituições financeiras. No entanto, essa não é a única opção: outra modalidade de obter capital é por meio de empréstimos junto aos seus acionistas ou por meio de levantamento de fundos, o que é conhecido como project finance. Saiba mais O que é project finance? Project finance é uma forma de engenharia/colaboração financeira sustentada contratualmente pelo fluxo de caixa de um projeto, servindo como garantia à referida colaboração os ativos desse projeto a serem adquiridos e os valores recebíveis ao longo do projeto. Os contratos de project finance são baseados na análise e quantificação dos riscos envolvidos, cujo objetivo básico é o de prever qualquer variação no fluxo de caixa do projeto, minimizando os riscos por meio de obrigações contratuais. 15 Trata-se de uma modalidade de apoio mais comum a projetos de grande porte, normalmente para o setor de infraestrutura, tais como usinas, estradas, projetos de saneamento básico e outros. Fonte: Borges, 1998, p. 2-3. Orçamento de financiamentos existentes: é muito semelhante aos orçamentos de financiamentos novos, só que, nesse caso, existe um saldo de um período anterior que vai servir como saldo do balanço inicial do período projetado. Orçamento de outras despesas financeiras: além das despesas financeiras e dos gastos incorridos com os empréstimos, a organização ainda possui gastos necessários para garantir a continuidade normal das suas atividades. Esses gastos, normalmente, são feitos junto a instituições bancárias e devem ser orçados da melhor maneira possível, tendo como base tendências passadas. Tais gastos correspondem a despesas comuns da empresa, que, apesar da nomenclatura financeira, estão relacionadas às operações normais da entidade, correspondendo a resíduos financeiros de suas atividades (Padoveze; Taranto, 2009). Orçamento de outras receitas financeiras: existem algumas receitas que não ocorrem com frequência, as quais são caracterizadas como receitas financeiras. Segundo Padoveze e Taranto (2012, p. 169), tais receitas “não estão relacionadas a aplicações financeiras dos excedentes de caixa e que, embora decorram de outras operações, são marginais a elas”. Assim como as outras despesas financeiras, os elementos das outras receitas financeiras estão relacionados às operações normais da empresa, correspondendo a resíduos financeiros de suas operações. Em linhas gerais, esse orçamento tem por objetivo prever tudo o que é relacionado com a área de obtenção de fundos (ou recursos), os gastos para a manutenção desses fundos e os pagamentos previstos, que podem ser: programas estratégicos de propaganda, atualização de sistemas de informação, introdução de novas tecnologias de informação e reformulação da estrutura de capital. FINALIZANDO 16 Com base no conteúdo apresentado nesta aula, foi possível conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do orçamento empresarial e todos os aspectos que envolvem a sua utilização. Pudemos conhecer o orçamento operacional formado pelos orçamentos de vendas, operações, logística etc., e os orçamentos formados por elementos não operacionais, tais como o orçamento de investimentos e de financiamentos. Assim, pode-se concluir que a compreensão de tais elementos é de grande importância para a correta elaboração do planejamento empresarial, pois tais elementos serão responsáveis pela determinação de informações quantitativas e qualitativas que farão parte das projeções orçamentárias. Por fim, vale salientar que o estudo do tema buscou a ampliação do conhecimento sobre a organização do orçamento empresarial, além do aprofundamento do conteúdo anteriormente estudado, visando dar uma visão geral sobre o assunto. Porém, enfatiza-se que esse assunto é muito extenso, o que cria a necessidade de que novas pesquisas sejam realizadas posteriormente. LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica Acesse o livro Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas (PADOVEZE; TARANTO), e leia o item Orçamento empresarial (10) e Orçamento das atividades financeiras (11) – unidades 10 e 11. Disponível na Biblioteca Virtual (AVA Univirtus). Pode acessar digitando a palavra-chave “Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas”. Texto de abordagem prática ISHISAKI, N. A utilização do orçamento empresarial: um estudo em empresa da região do Vale do Paraíba – SP. 203 f. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Universidade de Taubaté, Taubaté, 2003. A revisão bibliográfica da dissertação trata dos prazos do orçamento, da gestão orçamentária e dos orçamentos que compõem a execução do planejamento orçamentário. Conta ainda com aplicação prática de tais elementos em uma empresa da região do Vale do Paraíba. 17 Saiba mais O vídeo Como elaborar um orçamento empresarial trata de elementos que compõem o orçamento empresarial, tais como a estimativa de vendas, os investimentos e os financiamentos. Tais itens serão de suma importância para a elaboração do orçamento empresarial. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=swupZ6j9k9s>.Acesso em: 4 jun. 2018. https://www.youtube.com/watch?v=swupZ6j9k9s 18 REFERÊNCIAS ALVES, J. M. O sistema just in time reduz os custos do processo produtivo. Congresso Brasileiro de Custos, 1995. BORGES, L. X. F. Project finance e infraestrutura: descrição e críticas. Revista BNDE, v. 5, n. 9, 1998. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Ar quivos/conhecimento/revista/rev905.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2018. FERREIRA, J. A. S. Finanças corporativas: conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. LUZ, E. E. Gestão financeira e orçamentária. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. PADOVEZE, C.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e métodos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. PADOVEZE, C. Orçamento empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.
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