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ENSINO CLÍNICO TEÓRICO- CIRÚRGICO Professora Enfª. Iraneide Ferreira Mafra Enfª. Assistencial da FCECON Especialista em Estomaterapia Mestranda em enfermagem UFAM Unidade 1 Conceitos Básicos de Enfermagem Perioperatória . Evolução Histórica da Cirurgia Classificação das Cirurgias Terminologia Cirúrgica As fases do Perioperatório Nos estudos atribuídos a Hipócrates, figuram textos sobre fraturas, luxações e outras patologias de terapêutica cirúrgica. Um dos mais importantesdesses estudos foi o livro intitulado Sobre a cirurgia (400a.C.). Sangrar e amputar eram os principais atos cirúrgicos aplicados por cirurgiões-barbeiros itinerantes, muito conhecidos na França e no restante da Europa durante os XII e XIII Nesse século já eram conhecidos os cirurgiões ligados às escolas médicas. Nesta época foram alcançadas técnicas para atendimento das fissuras e luxações, fístulas e cuidados com as feridas. Esses artífices estavam longe do ensino médico, das necessidades e eram independentes. Com a chegada da família real, em 1808, iniciou-se um surto de progresso intelectual e material e o português Joaquim da Rocha Mazarm é reconhecido como o primeiro professor de cirurgia. Em 1832 é realizada uma reforma que transformou em faculdades, as escolas de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. No início do século XX existia o cirurgião que de forma abrangente, realizava os chamados procedimentos operatórios. O desenvolvimento científico e a necessidade do emprego de técnicas especiais proporcionaram o surgimento dos especialistas. Como é compreensível, os oftalmologistas e os otorrinolaringologistas foram os primeiros No Brasil Por volta de 1865, o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) desenvolveu a teoria da produçãoda doença infecciosapor germes. No que se refere à definição do papel do sangue e dos líquidos corporais, somente em 1850 Claude Bernard, com a publicação de Líquidos no organismo, deu início a esse entendimento. Já o treinamento e a qualificação do cirurgião tiveram origem no nome de William S. Halsted (1852-1922), que introduziu o sistema de treinamento em residência nos Estados Unidos, além de contribuir decisivamente para o estudo das cirurgias de tireóide, mama e hérnia. Outro momento significativo a ser referido é a descoberta do RaioX, em 1895, por Wilhelm Rontgen. No início do século XX (20) Alexander Fleming, descreveu e isolou um agente inibitórioque chamou de lisozima e, anos após, acabou por originar uma substância antibacteriana Estudos sobre transplantes de órgãos, JosephE. Murray recebeu um Prêmio Nobel em 1990 por seus trabalhos sobre transplanterenal. Em 1990, durante o Segundo Congresso Mundial de Cirurgia Endoscópica, em Atlanta (EUA), foram apresentadas as videocolecistectomias, por François Dubois e Reddick, deNashville. No Brasil, a introdução da colecistectomia videolaparoscópica se deve a Thomas Szego no ano de 1990. Ainda em1990, a mesma cirurgia foi realizada por Áureo Ludovico de Paula, em Goiás, e por Célio D. Nogueira, em Minas Gerais. Logo após, no ano seguinte, a técnica avançou com Osmar Creuz, no Rio de Janeiro, e Pablo Roberto Miguel, no Rio Grande doSul. ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS Finalidade Urgência De acordo coma sua FINALIDADE: Diagnóstica – para visualização de estruturas internas, realização de alterações orgânicas ou cirurgiaexploratória; Curativa – em que o ato cirúrgico corrige completamente as alterações orgânicas, por exemplo, remoção demioma uterino, correção de desvio de septo nasal,etc.; Paliativa – os sintomas da enfermidadesão amenizados, não havendo cura, exemplo: remoção da cadeia nervosa para alívio dedor; Plástica – com fins reparadores ou estéticos, como enxerto de tecidos, implante de próteses, cirurgiasestéticas; Radical – com a finalidade de ressecçãoparcial ou total do órgão ou estrutura afetada como, por exemplo, remoção do estômago, remoção do útero,etc. CLASSIFICAÇÃO DASCIRURGIAS • Cirurgia Opcional – o ato operatório programado, de acordo com a preferência do paciente. Exemplo: cirurgia estética; • Cirurgia Eletiva – a realização do ato operatório pode ser prorrogada, sem riscos para o paciente. Exemplo: remoção de cisto sebáceo; • Cirurgia Necessária – o ato operatório precisa ser realizado em alguns dias ou semanas, sem risco para o paciente. Exemplos: retirada de vesícula biliar, correção de hérnias; • Cirurgia Urgente – o ato cirúrgico precisa ser realizado dentro de 24 a 48 horas, pois existe a possibilidade de complicações sérias. Exemplos: remoção do apêndice • Cirurgia de Emergência – o ato cirúrgico precisa ser realizado dentro de minutos e algumas horas, pois há risco de vida. Exemplos: ferimento por arma branca ou de fogo, redução de fratura; De acordo com a sua URGÊNCIA, classificam-se em: CLASSIFICAÇÃO DASCIRURGIAS CLASSIFICAÇÃO DA CIRURGIA PORPOTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO LIMPAS POTENCIALMENTE CONTAMINADAS CONTAMINADAS INFECTADAS Classificações das cirurgias quanto ao grau de contaminação • Limpas: • Realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo infeccioso local, sem penetração nos tratos Digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. • Exemplo: cirurgia de ovário; Classificações das cirurgias quanto ao grau de contaminação • Potencialmente contaminadas: • Realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de supuração local, com penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. • Exemplo: redução de fratura exposta; Classificações das cirurgias quanto ao grau de contaminação • Contaminadas: • Realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil descontaminação, com processo inflamatório mas sem supuração. • Exemplo: apendicite ; Classificações das cirurgias quanto ao grau de contaminação • Infectadas: • Realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas. • Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus porte cirúrgico ou risco cardiológico Grande porte: grande probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo: cirurgias de emergência, vasculares arteriais. Médio Porte: Com média probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo: cabeça e pescoço – ressecção de carcinoma espinocelular, ortopedia - prótese de quadril. Pequeno porte: Com pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo: plástica mamoplastia e endoscopia. Conceitos emenfermagem perioperatória Terminologia cirúrgica Conceitos em enfermagem perioperatória Terminologiacirúrgica ✓É o conjunto de termos próprios que expressam o segmento corpóreo afetado e a intervenção cirúrgica realizada no tratamento daquele tipo deafecção. ✓Os termos que compõem a terminologia cirúrgica são formados por uma raiz e um sufixo. ✓A raiz permite identificar a estrutura corpórea que está relacionada com a intervenção cirúrgica. NOMECLATURA CIRÚRGICA O nome composto de raiz (identifica a parte do corpo a ser submetida à cirurgia), somada ao prefixoou ao sufixo Angio (vasos sangüíneos) Orqui (testículo) Flebo (veia) Artro(articulação) Traqueo (traquéia) Gastro (estômago) Rino (nariz) Entero (intestino) Oto (ouvido) Salpinge (trompas defalópio) Oftalmo (olhos) Mamo (mamas) Hister(o) (útero) Espleno (baço) Laparo (paredeabdominal) Nefro (rim) HEPATO Prefixo EX (externo, fora) CIRCUN (aoredor) CISÃO (separação) Ex: Exoftalmia (Projeção acentuada do globoOcular) Circuncisão ou postectomia (Excisão doprepúcio) SUFIXOS Tomia: Incisão, corte Stomia: Comunicar um orgão tubular oco, com exterioratravés parcial ou de um forame Ectomia: retitada total de umorgão Plastia: reparação plástica Pexia: fixação Centese: punção de um orgãoou tecido para drenagem ou coleta de um líquido Scopia : visualização de umacavidade atravéz de um aparelho especial Ex: Laparotomia Colostomia Esplenectoma Rinoplastia Nefropexia Laparoscopia Terminologia cirúrgica Cirurgia Objetivo amputação remoção de um membro ou de parte necrosada do corpo anastomose conexão e sutura de dois órgãos ou vasos artrodese fixação cirúrgica dearticulações bartholinectomia retirada de cisto deBartholin biópsia remoção de um tecido vivo para fins diagnósticos cauterização destruição de tecido por meio de agente cáustico ou calor -‐ bisturielétrico Terminologia cirúrgica cesariana retirada do feto por incisão através da parede abdominal circuncisão ressecção da pele do prepúcio que cobre a glande cistocele queda da bexiga curetagem uterina raspagem e remoção doconteúdo uterino deiscência separação de bordospreviamente suturados e unidos dissecção corte, retalhamento divertículo bolsa que sai dacavidade Terminologia cirúrgica enxerto transplante de órgão outecido episiotomia incisão perineal destinada a evitar aruptura do períneo durante oparto evisceração saída de víscera de suacavidade fístula orifício que põe em comunicação parte de um órgão, cavidade ou foco supurativo com a superfície cutânea oumucosa goniotomia cirurgia de glaucoma onfalectomia remoção do umbigo operação de Bursh levantamento da bexiga operação deHammsted correção de estenosepilórica Terminologia cirúrgica operação deManchester correção de prolapso deútero paracentese punção cirúrgica da cavidade pararetirada de líquido ressecção remoção cirúrgica de parte deórgão toracocentese punção cirúrgica na cavidadetorácica vasectomia corte de um segmento do canal deferente (para controle danatalidade) O Ato Operatório/tempos cirúrgicos Diérese, hemostasia esíntese - Diérese + Hemostasia + Síntese; - Exérese; - Não necessariamente todos estarão presentes; O Ato Operatório Diérese - Divisão, incisão, secção e separação, punção e divulsão; - Finalidade de proporcionar uma solução de continuidade entre tecidos; - Características Básicas: a) Incisão proporcional ao procedimento; b) Técnicaadequada para cada plano anatômico; c) Dissecçãoapropriada com hemostasia rigorosa; d) Manipulação cuidadosa; Diérese # Passos: a) Delimitação da diéresecutânea: - Com fios cirúrgicos; - Com canetas apropriadas; - Escarificação da pele com a lâmina; - LINHA Imaginária; O Ato Operatório Diérese # Instrumentos: - Bisturi; - Tesouras; - Pinças de disseção; - Tentacânula; - Estiletes; - Afastadores; O Ato Operatório Hemostasia - Conjunto de manobras destinadas a prevenir ou coibir hemorragias; Tipos: - Temporária x Definitiva; - Preventiva x Corretiva; O Ato Operatório É executada no campo operatório (cruenta) ou à distância do mesmo (incruenta) Hemostasia Temporária a) Compressão: b) Pinçamento do vasosangrante c) Clampeamento do tronco vascular; d) Garrote ou torniquete; e) Posicionamentos anti-hemorrágicos; f) Hemostasia temporária medicamentosa; O Ato Operatório Hemostasia Definitiva a) Ligadura; b) Clipe; c) Tamponamento por compressas; O Ato Operatório Exérese Tempo cirúrgico fundamental, onde efetivamente é realizado o tratamento cirúrgico. Síntese - Reconstituição anatômica e/ou funcional de um tecido ou órgão; - Bordas unidas perfeitamente justapostas; - Fios cirúrgicos, fitas adesivas ou colantes, grampos... O Ato Operatório Síntese # Condições essenciais para asíntese: - Bordas regulares; - Hemostasia; - Material apropriado; - Técnica perfeita; O Ato Operatório Síntese # Material para asíntese: - Pinça de dissecção; - Porta-agulha; - Agulha e fios desutura; - Grampeadores; O Ato Operatório Períodos pré, trans e pós-operatórios A enfermagem perioperatória é uma expressão utilizada para descrever uma vasta variedade de funções de enfermagem associadas com a experiência cirúrgica. O termo Perioperatório é empregado para descrever todo o período da cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. Esta dividida em três fases: •Fase pré-operatória (imediato e mediato) •Fase transoperatória e intraoperatória •Fase pós-operatória (imediato emediato) Enfermagem Perioperatória PERÍODOS DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A assistência de enfermagem em cirurgia implica três momentos distintos, porém interligados, denominados peri-operatórios. Sãoeles: • Período pré-operatório: do momento em que se indica a cirurgia até a transferência do paciente para a sala deoperação; • Período intra-operatório: do momento em que o paciente é recebido na sala de operação até sua transferência para a sala de recuperação pós- anestésica; • Período pós-operatório: da entrada do paciente na sala de recuperação pós-anestésica até sua completa recuperação cirúrgica, extrapolando, assim, a alta hospitalar. • Elevar ao máximo as condições físicas e emocionais do cliente para enfrentar o ato cirúrgico; • Prevenir desconforto e complicações pré-operatórios. Objetivos: • Pré-operatório mediato: período que vai do momento da internação até 24 horas antes da cirurgia. • Pré-operatório imediato: período que inicia 24 horas antes da cirurgia e termina quando o paciente é encaminhado ao centro cirúrgico. Classificação: PRÉ-OPERATÓRIO ENFERMAGEM EM CLÍNICA CIRÚRGICA PERÍODO INTRA-OPERATÓRIO É o período dacirurgia propriamente dita. PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO Tem inicio no final da suturacirúrgica e termina quando as alterações orgânicas resultantes da cirurgia tenham cessado, o que pode levar dias, semanas oumeses. PÓS-OPERATÓRIO • Restabelecer as funções orgânicas; • Prevenir desconforto e complicações; Objetivos: • Pós-operatório imediato: período de 24 horas que se inicia o término do ato cirúrgico e inicia na URPA. • Pós-operatório mediato: após as 24 horas que se sucedem ao ato cirúrgico e vai até a alta hospitalar. Classificação: ⚫Pós-operatório IMEDIATO ⚫É nessa fase que ocorrem mais de 50% das complicações das cirurgias ⚫Centro cirúrgico sala de recuperação pós-anestésica, • Colégio Brasileiro De Cirurgiões – CBC. Primeiro Programa de Auto-avaliação em Cirurgia. DIAGRHIC EDITORA, 2001; • PICCINATO, C.E., Trombose Venosa Pós- operatória. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (4): 477-86. • POMPILIO, C.E., Profilaxia Das Estresse. ABCD Úlceras Associadas Arq Bras Cir CECCONELLO, Ivan. Ao Dig 2010;23(2):114-117; • ROBERTO, Saad JR.; ACCYOLI, Moreira Maia.; SALLES, Ronaldo Antonio Reis Vianna. Tratado de Cirurgia do CBC. ATHENEU EDITORA, 2009.
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