Buscar

Avaliação e Intervenção Psicopedagógica Institucional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 6 
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA 
INSTITUCIONAL 
Profª Ana Paula Picheth 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Chegamos ao fim de um módulo e, como em todo encerramento, 
encontraremos nesta aula as reflexões que nos permitirão conhecer as estratégias 
e soluções que advêm do processo intenso e significativo de realizar uma 
avaliação psicopedagógica institucional. A busca por alternativas que solucionem 
ou apontem caminhos é inerente à caminhada de desvendar as causas de um 
sintoma que dificulta a aprendizagem. Por isso, avaliar e intervir são paralelos que 
se complementam, se cruzam e seguem, objetivando um resultado satisfatório 
que, no caso deste módulo, é ver o processo de aprender ser possível e fluir. 
Só avaliar não traz resultados, mas saber intervir faz toda a diferença! 
CONTEXTUALIZANDO 
Conhecer a causa de determinado sintoma é uma etapa do processo de 
solução. E intervir para que isso aconteça é a cura! 
O trabalho do psicopedagogo institucional se define praticamente nesses 
dois grandes momentos: o primeiro, quando, por meio de uma queixa, é sinalizado 
um sintoma, dando início a um processo de investigação que resulta na 
apresentação das causas inerentes à situação colocada; o segundo ocorre 
quando são apresentadas as possíveis soluções e se estabelece um plano de 
intervenção que possibilitará a transformação de um sistema. 
Saber como intervir e qual é o melhor caminho é o grande desafio que 
apresentaremos nesta aula. 
TEMA 1 – INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
De acordo com o site Significados, a palavra “intervenção” é o: 
substantivo feminino que significa o ato ou efeito de intervir e indica 
uma intercessão ou mediação em alguma situação adversa. 
No âmbito da medicina, uma intervenção é uma operação ou 
procedimento cirúrgico, feito com o objetivo de tratar algum problema 
de um paciente. 
Em inglês, a palavra intervenção é traduzida por intervention. Uma 
intervention é a manifestação de apoio de amigos e/ou familiares em 
relação a uma pessoa que é viciada em alguma coisa ou tem um 
comportamento problemático. Numa intervention, os amigos identificam 
o problema e se disponibilizam a ajudar no que for preciso. 
 
 
3 
Pensando no sentido da palavra intervenção e aplicando seu significado 
para intervenção psicopedagógica, fica evidente que intervir é uma ação que 
determina um movimento antecipatório e intencional. 
A intervenção psicopedagógica na instituição educacional estabelece um 
elo que visa produzir alguma transformação, sempre buscando delinear seu objeto 
de estudo que, dependendo das razões pelas quais o psicopedagogo esteja ali, 
normalmente são situações que envolvem a aprendizagem propriamente dita ou 
sobre o aprender de alguém além da sala de aula. 
Se o psicopedagogo for contratado para uma ação específica, como é o 
caso de realizar uma avaliação diagnóstica, ou mesmo quando faz parte do 
quadro de colaboradores de uma instituição, terá como alvo de estudo e ação o 
aprender. 
Mas como fazer a intervenção para que a aprendizagem aconteça? 
Não existem receitas nem fórmulas prontas para magicamente resolver os 
problemas de aprendizagem da instituição e do sujeito que dela faz parte. Mas há, 
na concepção de Operatividade de Pichon-Rivière (1988), uma forma de 
instrumentalizar, de forma efetiva e adequada aos princípios do desenvolvimento 
da autonomia humana, com os profissionais que atuam na aprendizagem. 
Assim, a operatividade deve ser entendida como a capacidade de o 
indivíduo agir por si, sem esperar orientações e soluções prontas de seu 
coordenador. É esperado que ele desenvolva a sua autonomia. 
Por essa razão, o psicopedagogo intervém na instituição educacional com 
base em ações que demandem uma atitude operativa, o que obriga o indivíduo a 
buscar a operatividade e a resolução do problema. O profissional cria, mantém e 
estimula a prática comunicativa a fim de que o grupo possa se desenvolver e, ao 
progredir, ele consegue realizar a tarefa. 
Essa maneira de conceber a aprendizagem está vinculada também à teoria 
do vínculo (de Pichon-Rivière) e à capacidade de adaptação que ocorre quando o 
aprender passa por dentro do sujeito e se efetiva. Trata-se, portanto, de uma 
ligação que o transforma internamente e transforma suas ações e o que o rodeia, 
num processo dialético e constante de evolução. 
As ações que serão adotadas, visando à operatividade do aprendiz, podem 
ter caráter objetivo e subjetivo. Quando falamos de objetividade, referimo-nos aos 
recursos físicos, materiais e práticos em torno de um propósito identificado como 
causa da dificuldade de aprender. 
 
 
4 
Um bom exemplo é o de um aluno não entende equações porque não 
conhece a tabuada. Nesse caso, será retomada com ele a construção da ideia 
multiplicativa por meio de exercícios e jogos. Outro exemplo seria o de uma escola 
em que as funções e os cargos não são definidos. Operativamente de forma 
objetiva, precisa ser construído um organograma institucional. 
Quando falamos de subjetividade, estamos nos referindo a como 
proporcionar a esse aluno ou a essa escola a oportunidade de refletir e se 
perceber no processo para que o aprender seja uma vontade. 
São esses conceitos da atitude operativa na subjetividade que serão 
trabalhados nesta aula. E, ao final dela, também saberemos como se constrói e 
se trabalha a subjetividade do aprender. 
TEMA 2 – ATITUDE OPERATIVA 
Dentre as infinitas possibilidades de atuação psicopedagógica institucional, 
vamos nos ater aos caminhos construídos por Pichon-Rivière quando nos 
apresenta o conceito de grupo operativo e atitude operativa. 
Segundo Barbosa (2001), o conceito de atitude operativa diz respeito à 
atitude assumida por uma pessoa diante do interlocutor ou dos interlocutores, com 
o objetivo de provocar nos sujeitos que aprendem a busca pela operatividade, da 
resolução de um problema, numa determinada situação. Dessa forma, é possível 
encontrar as soluções mais adequadas sem predeterminá-las. Isso não significa 
que o responsável pela coordenação da situação-problema não tenha propósitos, 
nem conheça os possíveis caminhos para a realização da tarefa, mas que ele, ao 
perceber os entraves que levam um indivíduo, ou um grupo, a não ter clareza do 
todo, interfere para que haja conscientização, comunicação adequada, análise de 
todas as possibilidades e, por fim, a opção pela melhor forma de realização, que 
seja a mais eficaz para o momento. As atitudes operativas são diferentes 
possibilidades de ações subjetivas utilizadas para desestabilizar o aprendiz e 
provocá-lo à busca do equilíbrio. 
São doze situações de operatividade descritas por Jorge Visca e algumas 
complementares citadas por Laura Monte Serrat Barbosa que, a partir de então, 
serão desenvolvidas pelos temas subsequentes desta aula. 
 
 
5 
2.1 Mudança de situação 
Em um contexto em que tudo é sempre feito da mesma forma, acabam 
surgindo situações de conflito. Assim, propor uma mudança é possibilitar a quebra 
de hábitos costumeiros que paralisam o aprendiz, os quais fazem com que ele aja 
de forma automática, sem refletir. A atitude operativa de mudança pretende fazer 
o indivíduo pensar em alternativas, perceber possibilidades e sentir-se motivado a 
buscar formas diferentes para solucionar seus problemas. 
Em uma instituição educacional é comum a coordenadora do ensino 
fundamental II ficar muito atarefada na época de enviar as provas que serão 
aplicadas aos alunos para a impressão. Isto tudo porque os professores não 
cumprem as datas combinadas e já é um ritual ficar correndo atrás deles e ajustar 
os atrasos e a correria. 
Um exemplo de atitude operativa de mudança de situação: estabelecer 
em grupo, numa reunião pedagógica, que as provas não entregues para 
impressão dentro do prazo deverão ser levadas para a gráfica ou o xerox pelo 
próprio professor, que se responsabilizará pela tarefa de reproduzi-las,mantendo 
os prazos de aplicação. 
2.2 Informação 
Quando o grupo ou algumas pessoas dele estão paradas ou imobilizadas 
numa atividade, a atitude operativa da informação serve para provocar um 
movimento em relação à tarefa, fornecendo a elas informações, não acabadas ou 
prontas, sobre o que é preciso ser feito. 
Informar, por exemplo, onde o aprendiz pode obter ajuda para alcançar o 
que busca não se constitui como uma resposta pronta e, assim, essa informação 
pode ser entendida como aquela que leva a pessoa a agir e não somente a 
executar e/ou reproduzir. 
Uma turma de 7º ano está reunida em grupo na escola para a realização 
de um trabalho sobre os efeitos do tabaco no organismo. Mesmo com todos já nas 
suas equipes, ficam somente conversando, até falam do assunto, mas não iniciam 
a produção da atividade. 
Um exemplo de atitude operativa de informação: nas revistas e nos 
livros que estão na estante do lado esquerdo da sala, vocês podem buscar 
imagens e conteúdo sobre o assunto. 
 
 
6 
2.3 Informação com redundância 
Da mesma forma que a atitude operativa de informação, informar com 
redundância trata também de trazer o grupo à tarefa, oferecendo alguma 
informação com o exagero de um gesto, da entonação da voz, repetindo várias 
vezes a mesma palavra, cantando, ou executando qualquer outra forma de 
comunicação que sublinhe, de maneira simbólica, a informação oferecida. 
Numa classe de 5 anos da educação infantil, estão todos muito eufóricos 
com a perspectiva de receberem uma visita na sala de aula, a autora de um livro 
infantil que acabaram de ler. Quando ela chega, a gritaria e falação são intensas 
e ninguém consegue conversar ou se escutar. Mesmo as professoras falando 
firmemente e bem alto, isso só faz a confusão sonora aumentar. 
Um exemplo de atitude operativa de informação com redundância: a 
autora, ao perceber o contexto, começa a recitar: quem está me ouvindo, bate 
palmas uma vez (e bate palmas); e continua: quem está me ouvindo, bate palmas 
duas vezes (e bate palmas). Assim vai até que todos tenham entrado na 
brincadeira e estejam prontos para iniciar o bate-papo. 
2.3 Modalidade de alternativa múltipla 
Essa atitude operativa objetiva considerar o conhecimento do aprendiz, 
oferecendo algumas alternativas que o levem à reflexão, à escolha, ao teste e à 
conclusão. Veja o que diz Barbosa (2010) sobre o assunto: 
A modalidade de alternativas múltiplas é uma intervenção que oferece 
para o aprendiz mais de uma alternativa, incluindo a que ele deseja 
realizar. Por exemplo: se a criança deseja saber se pode pintar a maçã 
de vermelho, responde-se “pode pintar de vermelho, de verde, de azul, 
lilás ou qualquer outra cor que deseje”. É uma intervenção a ser 
realizada em momentos de paralisação ou de extrema dependência. 
Dessa forma, sem dizer o que o sujeito deve fazer, oferece-se uma gama 
de possibilidades e ele inicia seu exercício de autonomia fazendo 
escolhas. (Barbosa, 2010) 
Numa escola que realiza assembleia com seus alunos, num determinado 
dia é trazido por eles a solicitação de aumentar o recreio de 20 minutos para meia 
hora. 
Um exemplo de atitude operativa de modalidade de alternativa 
múltipla: a direção explica que legalmente as escolas são obrigadas a cumprir 
200 dias letivos e/ou 800h de trabalho anuais. Para que o aumento do tempo de 
recreio não interfira no calendário obrigatório e já aprovado, poderiam escolher 
 
 
7 
chegar 10 minutos antes ou sair 10 minutos depois do horário normal para 
compensar essa diferença. 
2.4 Acréscimo de modelo 
De acordo com Oliveira (2009), o acréscimo de modelo é uma intervenção 
que visa “apresentar uma outra opção para que determinada atitude possa ser 
efetivada. Em vez de dizer “não é assim” se diz “esta é uma forma de pensar, 
porém vocês poderiam considerar mais este aspecto”. 
Se um professor sempre dá aula passando os assuntos no quadro, o 
psicopedagogo pode sugerir: “Percebo que já sabe fazer aulas expositivas no 
quadro, que tal tentar fazê-las usando o computador e um datashow?” ou “Como 
pode jogar sem usar os pés?”, enfim acrescentar novos elementos sem 
desvalorizar os já conhecidos pelo aprendiz. 
As crianças do 2º ano do EF I todos os dias chegam à escola e levam suas 
mochilas até um espaço perto da cantina e vão brincar. Quando toca o sinal de 
entrada, têm que ir até esse local buscar as mochilas e, quando retornam, às 
vezes a professora já entrou em sala e reclama dos seus atrasos. 
Um exemplo de atitude operativa de acréscimo de modelo: a 
professora, em vez de reclamar do atraso, pode procurar entender como ele se 
dá e sugerir que as mochilas sejam deixadas em outro local mais próximo e 
seguro, inclusive todos podem verificar isso juntos para decidir sobre a nova 
possibilidade de lugar. 
2.5 Mostra 
Mostra é uma atitude operativa que não usa palavras e sim movimentos. 
Objetiva a retomada do comportamento do sujeito ou do grupo, sem precisar 
corrigi-lo verbalmente. Como Barbosa (2010) defende, essa é uma intervenção 
que não se vale da fala para se expressar, e sim do gesto. Sem palavras, 
mostramos para o sujeito outras possibilidades durante a realização da 
tarefa. Por exemplo, [...] se o(a) aprendiz ao ler uma história lê uma 
palavra no lugar de outra, pode-se mostrar a palavra, apontar para ela 
várias vezes, sem chamar a atenção por meio da linguagem oral. 
Numa brincadeira em família, todos jogam Ludo. Um dos filhos, o de menor 
idade, às vezes joga o dado e não caminha o número de casas correspondentes 
(ou anda a mais ou a menos em quase todas as partidas). 
 
 
8 
Um exemplo de atitude operativa de mostra: para não ter de corrigi-lo a 
cada rodada, uma atitude de mostra é, quando ele caminhar o número de casas 
errado, apontar para o dado para que ele perceba e reconte, fazendo o movimento 
correto. 
2.6 Explicação intrapsíquica 
A atitude operativa da explicação intrapsíquica descreve e elucida, para a 
pessoa ou o grupo em que ela está inserida, o sentimento vivenciado em 
determinado momento e que o grupo não consegue, sem ajuda, entender e 
conceituar. 
A explicação intrapsíquica objetiva trazer à tona o sentimento do aprendiz, 
frente a determinada tarefa, traduzindo-o em palavras. “Você ficou triste porque 
perdeu essa partida e gostaria de ganhar”, por exemplo. 
Um grupo de professores participa de uma gincana com seus alunos. Cada 
turma é um time, e cada professor responsável por esses times. Na hora da 
contagem da pontuação, começa uma onda de vaias e gritaria. 
Um exemplo de atitude operativa de explicação intrapsíquica: a pessoa 
organizadora do evento pode falar: “Percebo que esse movimento é fruto da 
ansiedade de saberem o resultado e de como foi o desempenho de cada um. 
Ansiedade e não gostar de perder é natural, porém nosso dia foi divertido e 
produtivo independente do resultado. Vamos continuar a contagem? 
2.7 Assinalamento e Interpretação 
Assinalamento e interpretação são atitudes operativas que colocam ênfase 
na motivação e objetivo daquela ação do aprendiz. De acordo com Barbosa (2001): 
O assinalamento e a interpretação são formas de intervenção que 
necessitam de um conhecimento mais apurado da conduta molar, que, 
segundo Bleger (1984), é constituída por cinco elementos importantes: a 
motivação, que decorre de uma situação de tensão; a meta, que se 
estabelece a partir da motivação; a conduta (ação), que é acionada para 
que se realize a meta; e os dois elementos que constituem a unidade que 
dá significado para a ação – a experiência vivida, que permite fantasiar ou 
prever resultados numa nova situação, e a realidade atual, que 
contextualiza a ação naquele momento. 
Quando a intervenção operativa aponta apenas alguns desses elementos 
da conduta, temos um assinalamento, como em: “Percebo que vocês já querem 
saltar do trampolim, mas ainda não aprenderam a mergulhar”. Já quando aponta 
 
 
9 
para todos os elementosda conduta, temos uma interpretação: “Vocês se 
empolgaram tanto com a perspectiva de uma viagem que estabeleceram uma 
tarefa além das possibilidades reais e por isso ficaram confusos e frustrados”. 
Num atendimento psicopedagógico, um menino de 7 anos escolhe como 
projeto de trabalho construir uma “nerf” de papel e, dentre as opções disponíveis 
no YouTube, elegeu uma bem grande, complexa e que levava muito tempo para 
construir, além de exigir materiais mais elaborados do que cola, papel e durex. 
Um exemplo de atitude operativa de assinalamento ou interpretação: 
“Você ficou entusiasmado com o tamanho e os efeitos dessa ‘nerf’, porém seu 
tempo de atenção e preparo, por causa da sua idade, não dão conta de tamanha 
complexidade. Quer continuar ou escolhemos uma mais adequada a sua idade?” 
2.8 Desempenho de papéis 
O desempenho de papéis é uma atitude operativa de intervenção que 
sugere a mudança de papéis e motiva o aprendiz a fazer o exercício de se colocar 
no lugar do outro. Segundo Barbosa (2010), essa troca de papéis deve estar 
ligada às situações de aprendizagem. O aprendiz faz de conta que é outra pessoa, 
um animal ou mesmo um objeto, e o psicopedagogo deve esgotar as 
possibilidades de intervenção durante a própria brincadeira. 
Isso quer dizer que em outra situação, quando, por exemplo, o aprendiz 
age na vida real de forma diferente do que fez na dramatização, não podemos 
cobrar dizendo algo como: “Quando brincava de ser professora, tal ação não era 
permitida e agora tudo é possível”. Essa intervenção descontextualizada pode 
soar como traição e por isso deve ser evitada. 
Uma criança em atendimento psicopedagógico revela sua dificuldade na 
relação com a professora, que é rígida e não muito carinhosa e expressiva. 
Um exemplo de atitude operativa de desempenho de papéis: a 
psicopedagoga sugere brincarem de escolinha e coloca a criança como 
professora para trabalhar situações de pedido de ajuda, de conversa, de 
combinados e outros conflitos que ela sinalize e precise vivenciar. 
2.9 Proposição do conflito 
A atitude operativa da proposição do conflito não deixa o sujeito vivenciar 
a situação conflituosa até que ela se resolva ou que se busquem soluções, mas 
 
 
10 
impõe a ele a situação de modo que ele seja responsável pela solução do 
problema. Um exemplo disso ocorre quando o aluno pede para ir ao banheiro em 
meio de uma explicação, e o professor responde: “Alguém pode te impedir?”. 
Uma turma da faculdade faz uma sala de cinema na própria aula, para 
assistir a um filme recomendado para aquela disciplina. Durante a execução do 
filme, uma das alunas vai ao professor e pergunta se pode ir ao banheiro. 
Um exemplo de atitude operativa de proposição do conflito: o 
professor pergunta: “Alguém pode te impedir?”. 
A aluna queria uma permissão que a liberasse para “perder” aquela parte 
do filme, o que tornaria o professor responsável também por essa decisão e 
consequente perda. Ela precisaria assumir a escolha de ir, ficar ou pedir para a 
turma dar uma pausa, combinar com alguém de anotar as informações para ela 
ou outras situações que não fossem dependentes da autorização e que 
permitissem ter autonomia em sua decisão. 
2.10 Vivência do conflito 
Vivência do conflito é a atitude operativa que intencionalmente desencadeia 
um processo de ansiedade e desequilíbrio, para gerar um momento de tensão e, 
com isso, motivar os sujeitos a terem condutas adequadas para estabelecer seus 
objetivos e resolvam como atingi-los. Na definição de Barbosa (2010): 
A vivência do conflito é uma forma de intervenção que também não 
necessita da fala, basta permitir que o(a) aprendiz viva o conflito, sem 
oferecer ajuda imediata. Nesse tempo de vivência ele(a) mesmo(a) pode 
descobrir a forma de resolver o problema. Se corremos para auxiliá-lo, 
podemos impedir que ele exercite suas alternativas de possíveis 
solução. 
Num trabalho em grupo de quatro crianças, com seis anos, é solicitado que 
juntas montem um quebra-cabeça. 
Um exemplo de atitude operativa de vivência do conflito: Deixá-los 
resolver os conflitos que aparecerão e observar somente se não vão brigar 
fisicamente. Cada vez que vierem reclamar que um pegou peças demais, que o 
outro não deixa ninguém participar, sugerir que volte ao grupo e tente resolver, só 
voltando se precisar de ajuda novamente. 
 
 
11 
2.11 Destaque do comportamento 
A atitude de destaque do comportamento acontece quando um grupo 
realiza uma etapa da tarefa de forma adequada. Assim, a atitude é destacada 
diante do grupo como incentivo e demonstrar que todos têm capacidade para 
atingir uma meta. 
Essa intervenção revela o comportamento atual como resultado de um 
avanço na história do aprendiz em relação a ele mesmo. Assim, pode se manifestar 
da seguinte forma: “Que bom poder contar com uma menina que consegue me 
ajudar a entregar todas as agendas. Lembra no início do ano? Eu precisava ajudar 
a ler os nomes para você conseguir entregar todas elas”. 
Um menino que habitualmente resolve suas dificuldades com os colegas 
de forma agressiva conseguiu, após um jogo de futebol em que perdeu, na aula 
de educação física, cumprimentar os vencedores e continuar a brincadeira sem 
chorar e nem agredir alguém. 
Um exemplo de atitude operativa de destaque do comportamento: 
“Fulano, fiquei contente em vê-lo parabenizando seus colegas sem agredir 
ninguém, mesmo tendo perdido o jogo. Você fez grandes avanços comparado a 
como reagia anteriormente e merece os parabéns!” 
2.12 Problematização 
Problematização é criar situações-problema para que o aprendiz entenda 
como formular hipóteses, testadas, confirmadas ou não, e se organize na 
confusão inicial gerada por alguma dúvida. 
Para Barbosa (2010), problematização é uma intervenção bastante 
utilizada nas escolas e faz um bom efeito também no processo de atenção 
psicopedagógica. Trata-se de retornar a pergunta do aprendiz ou de criar uma 
questão a partir de uma ação realizada. Veja: “Vamos assistir ao filme? – O que 
falta para podermos assistir?”. “Que cor eu uso para pintar esse desenho? – Que 
cores você conhece e que acredita que daria para pintar essa figura?”. 
Numa instituição de ensino, um professor vai até a coordenação conversar, 
dizendo: “Está muito difícil dar aula do lado da sala X, eles fazem muito barulho e 
a professora grita para que parem, e o barulho só aumenta”. 
Um exemplo de atitude operativa de problematização: “Concordo que 
barulho demais desconcentra e atrapalha, mas o que você sugere para auxiliar na 
 
 
12 
resolução desse problema? O que você faria como coordenador num contexto 
assim?” 
FINALIZANDO 
Assim que o psicopedagogo institucional tem em mãos o resultado da 
avaliação diagnóstica, inicia a elaboração de um plano de intervenção. 
Toda a intervenção objetiva trabalhar a causa que gerou os sintomas 
sinalizados numa queixa e o propósito dela é possibilitar o avanço e a fluidez do 
aprender naquele espaço. 
As atitudes operativas são valiosas opções de trabalhar o subjetivo das 
relações do aprendiz e o seu objeto de aprender. Permite que a aprendizagem 
passe por dentro do sujeito e o faça operar em prol de uma tarefa, transformando-
se e transformando o ambiente em que ela será necessária na sua finalidade. 
A psicopedagogia é, assim, observar, desvendar, interagir, permitir e 
operar, para que a tarefa se efetive, cumpra sua missão e transforme todos os 
envolvidos no ato de aprender. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
Conexões da aprendizagem e do conhecimento. Disponível em: 
<http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/dialogo?dd1=557&dd99=view&dd98=pb>. 
Acesso em: 21 jul. 2018. 
Texto de abordagem prática 
Aprendizagem institucional: da dissociação à integração. Disponível em: 
<http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/21252_9198.pdf>. Acesso em: 21 jul. 
2018. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BARBOSA, L. M. S. A psicopedagogiano âmbito da instituição escolar. 
Curitiba: Expoente, 2001. 
_____. (Org.). Intervenção psicopedagógica no espaço da clínica. Curitiba: 
IBPEX, 2010. 
BARBOSA, L. M. S.; CARLBERG, S. O que são consignas? Contribuições para 
o fazer pedagógico e psicopedagógico. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, prática e vivências. 4. ed. 
Campinas: Alínea, 2010. 
BLEGER, J. Psicologia da conduta. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. 
CARLBERG, S. Psicopedagogia: uma matriz do pensamento diagnóstico no 
âmbito clínico. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
FERNANDEZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 
FREIRE, M. Observação, registro e reflexão. Instrumentos metodológicos I. 2. 
ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996. 
GASPARIAN, M. C. A psicopedagogia institucional sistêmica. In: POLITY, E. 
(Org.). Psicopedagogia: um enfoque sistêmico. São Paulo: Empório do Livro, 
1998. 
GONÇALVES, C. S. Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J. L. 
Moreno/Camila Salles Gonçalves, José Roberto Wolff, Wilson Castello de 
Almeida. São Paulo: Ágora, 1988 
HALL, C; LINDZEY, G; CAMPBELL. Teorias da personalidade. Porto Alegre: 
Artmed, 2006. 
INTERVENÇÃO. In: Significados. Disponível em: <https://www.significados.com
.br/intervencao/>. Acesso em: 3 set. 2018, 
MAYER, C. O poder da transformação: dinâmica de grupo. Campinas: Papirus, 
2007. 
MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. São Paulo: Mestre Jou, 
1999. 
OLIVEIRA, M. A. C. Intervenção psicopedagógica na escola. 2. ed. Curitiba: 
 
 
14 
Iesde, 2009. 
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. São Paulo: Difusão, 1986. 
RIVIERE, H. P. O processo grupal. Tradução Marco Aurélio Fernandes Velloso 
e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. 
VISCA, J. Clínica psicopedagógica: a epistemologia convergente. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1987. 
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: 
Martins Fontes, 2001.