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monografia OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DE FROEBEL NOS PROCESSOS EDUCATIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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FLAVIA BELLONI SILVA 
IVANETE SEBASTIANA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DE FROEBEL NOS 
PROCESSOS EDUCATIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2005 
FLAVIA BELLONI SILVA 
IVANETE SEBASTIANA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DE FROEBEL NOS 
PROCESSOS EDUCATIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para 
obtenção do título Licenciatura em Pedagogia, 
turma A, sem. 2º, da Faculdade Internacional de 
Curitiba – FACINTER. 
 
Orientadora: Simone Zampier da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2005 
AGRADECIMENTO 
 
 
 
Destacamos nossos agradecimentos primeiramente a Deus, por abençoar o 
nosso caminho, aos nossos familiares pelo apoio incondicional, a professora Simone 
Zampier da Silva, pelas orientações e a equipe pedagógica e administrativa da 
Escola Aldeia Betânia, pela cooperação na elaboração da presente pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Duser himmil den du auch tragst in dein 
innen leuchtet ausen durch die augen deiner 
kinder”. (Froebel, 1885) 
 
“Este céu, que você também carrega em seu 
ser, brilha fora de você através dos olhos de 
sua criança”. (Froebel, 1985) 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho tem como princípio norteador a defesa de uma proposta 
inovadora para o ensino de Educação Infantil com base em Froebel, educador 
alemão, criador do primeiro Jardim de Infância. Apresenta inicialmente como está 
constituída a Educação Infantil nos dias atuais, bem como um resgate histórico de 
como os centros – escolas tratavam do ensino infantil e como este foi sendo 
consolidado no decorrer dos séculos, processo este, mediado pelos conflitos e 
avanços de cada período. As escolas de Educação Infantil surgiram na Idade 
Moderna atrelada a fatores sociais e econômicos que a influenciavam direta ou 
indiretamente, as mesmas eram apenas lugares criados para prestar assistência as 
mães que começaram a sair de suas casas para trabalhar nas fábricas e empresas 
que começavam a surgir, com intuito apenas de cuidar dos pequenos. Dentre alguns 
percursores da Educação Infantil na Idade Moderna, encontra-se Froebel o qual 
merece destaque pois, suas idéias pedagógicas, com análises avançadas para o 
seu tempo em que discutia o não apenas “cuidar” das crianças, mas também 
valorizava o desenvolvimento integral das mesmas, tendo o lúdico como principal 
eixo em sua teoria. Tendo as idéias pedagógicas de Froebel como ideais para a 
Educação Infantil, far-se-á um breve relato de uma experiência em Froebel, no 
século XXI, o qual tomará como objeto de estudo a Escola Aldeia Betânia que se 
utiliza da metodologia froebeliana em sua prática educativa para a Educação Infantil. 
Enfatizando um projeto pedagógico que valoriza o brincar, destacando a atividade 
lúdica e livre da criança, sem esquecer das atividades dirigidas oferecendo assim um 
ambiente estimulador que potencializa o desenvolvimento dos alunos aumentando 
seus conhecimentos, sua autonomia, sua criatividade e as competências 
necessárias para viver em harmonia consigo mesmo, com outras pessoas e com a 
natureza. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO................................................................................................................. 05 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07 
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA HISTÓRIA...................................................... 10 
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA IDADE MODERNA ......................................... 11 
2.3 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA – (SÉC. XVIII E XIX) ......................................... 12 
2.4 CONTEXTO HISTÓRICO DO SÉCULO XX...................................................... 15 
2.5 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL (SÉCULO XX) ..... 16 
2.6 CONTEXTO HISTÓRICO - SÉCULO XXI ......................................................... 18 
3 FROEBEL – O CRIADOR DO JARDIM DE INFÂNCIA....................................... 19 
3.1 BIOGRAFIA....................................................................................................... 19 
3.2 AUTORES QUE INFLUENCIARAM A OBRA DE FROEBEL............................ 22 
3.3 INTRODUÇÃO À OBRA.................................................................................... 24 
3.4 IDÉIAS PEDAGÓGICAS ................................................................................... 28 
3.5 CONCEPÇÃO DE HOMEM............................................................................... 30 
3.6 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA ............................................................................ 31 
3.7 A CONCEPÇÃO DE PROFESSOR SEGUNDO FROEBEL.............................. 32 
3.8 MATERIAIS IDEALIZADOS POR FROEBEL.................................................... 33 
3.9 MÉTODOS DE ENSINO FROEBELIANO ......................................................... 37 
3.10 ESPAÇOS (AMBIENTES)............................................................................... 39 
4 EXPERIÊNCIA EM FROEBEL............................................................................. 41 
4.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA ......................................................................... 41 
4.2 EQUIPE PEDAGÓGICA ADMINISTRATIVA..................................................... 41 
4.3 HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ................................................................... 41 
4.4 NÍVEIS DE ATENDIMENTO.............................................................................. 41 
4.5 INFRA-ESTRUTURA......................................................................................... 42 
4.6 NA ENTRADA ................................................................................................... 43 
4.7 NO INTERVALO................................................................................................ 43 
4.8 NO PORTÃO..................................................................................................... 44 
4.9 NA SALA ........................................................................................................... 44 
4.10 CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA ........................ 45 
4.10.1 Avaliação..................................................................................................... 46 
4.10.2 Ensino ......................................................................................................... 46 
4.10.3 Escola.......................................................................................................... 47 
4.10.4 Aprendizagem............................................................................................. 48 
4.10.5 Proposta curricular .................................................................................... 50 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 53 
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 55 
ANEXOS ................................................................................................................. 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O papel e a razão de ser da Educação Infantil tem preocupado muitos 
educadores pela dificuldade em se definir com clareza o espaço que ocupa na 
sociedade e consequentemente a sua função e seus limites de atuação. Sendo 
assim, os processos pedagógicos que orientam este nível de ensino, assim como 
seus fundamentos e autores são objetos de análise e discussão por todos os 
responsáveis e estudiosos pela Educação Infantil. Visando entender a Educação 
Infantil, bem como sua função na sociedade atual, faz-se necessário entendê-ladesde sua origem, assim como o contexto histórico em que ela foi concebida. 
A presente pesquisa visa apresentar a estreita relação entre educação, mais 
especificamente a Educação Infantil e a sociedade, considerando como as 
mudanças sociais e econômicas influenciam direta ou indiretamente na construção 
das teorias ou concepções pedagógicas que norteiam os rumos da educação . 
Com a Educação Infantil não poderia ser diferente, pois esta veio ao encontro 
dos anseios de uma sociedade em transição do agrário mercantil para indústrias 
manufatureiras e os fatos que consolidaram o atendimento de crianças de zero à 
seis anos foram a partir do século XIX com a Revolução Industrial, o Capitalismo e o 
surgimento de novas relações de trabalho; no século XX foram as grandes guerras e 
o desenvolvimento das ciências; já no século XXI com a globalização e os avanços 
dos meios de comunicação. Todos esses fatores em diferentes épocas criaram 
novas teorias, novos métodos para o atendimento das “crianças pequenas” (termo a 
ser explicitado posteriormente), os quais até hoje influenciam nos pressupostos 
teóricos sobre uma Educação Infantil de qualidade que visa o desenvolvimento 
integral das crianças. 
Esta pesquisa visa destacar uma proposta de trabalho desenvolvida por 
Froebel onde, o lúdico era o objeto norteador do seu fazer pedagógico e o respeito 
ao desenvolvimento integral na infância um elemento importante a ser considerado. 
Em um período conturbado com revoluções e grandes mudanças sociais, 
surge Friedrich Froebel, um educador alemão que começa a se preocupar com a 
educação das crianças pequenas e que merece destaque, por suas idéias 
inovadoras para um período em que a escolaridade da criança não fora discutido. 
Friedrich August Froebel, nasceu em Oberweissbach, Turíngia, em 21 de abril 
de 1782. 
Fundou na Alemanha o primeiro Jardim de Infância ou Kindergarden. 
Preocupou- se primeiramente com a formação de mulheres para desenvolver 
essas crianças de uma forma holística, Froebel acreditava que somente as mulheres 
com coração de mães eram capazes de alcançar esta visão de totalidade. 
Froebel dedicou-se então a desenvolver materiais, os quais chamou de “dons” 
que seriam de grande importância para sua prática educativa, acreditando que a 
criança era dotada de potencialidades e que deveria ser cuidada como uma semente 
recém plantada, para que mais tarde pudesse se fortalecer, descobrindo o seu “eu” , 
suas potencialidades e sua essência que era pura e boa. 
Afirmava que a criança deve atingir o seu “eu” para tornar-se um elemento 
ativo onde, por meio da auto - expressão, crescerá em auto – realização, isso se 
exterioriza pelo processo educacional. 
Na medida em que a criança vive aquilo que lhe cabe, realizando – se, viverá 
melhor para alcançar o melhor para a sociedade. 
Froebel valorizava a atividade livre e o jogo como elementos essenciais para 
a educação, ressaltando que os primeiros anos de vida são decisivos para o 
desenvolvimento da personalidade. 
A educação para Froebel deve ser o meio propiciador de condições que 
possibilitem o poder de manifestação e expressão externa ao “eu” infantil, das 
necessidades e interesses no interior da cada indivíduo, sendo o meio, ou seja, o 
canal essencial para sua evolução futura. Esta consiste em suscitar as energias do 
homem como ser progressivamente consciente, pensante e inteligente. 
Froebel dizia que a educação deveria conduzir o homem ao conhecimento de 
si mesmo, de sua vocação e a realização dessa vocação. 
Para Froebel a finalidade da educação se resume em realizar plenamente as 
potencialidades por meio do empenho em se trabalhar um ser livre, independente e 
disciplinado. O trabalho educativo de Froebel foi profícuo e estendeu-se até a 
atualidade na expressão pedagógica das escolas norteadas pela sua teoria. 
Será abordado neste trabalho uma vivência em Froebel no século XXI, 
vivência esta que foi realizada na Escola Aldeia Betânia a qual incorpora princípios 
froebelianos em sua prática cotidiana, onde o seu dia é dividido em diferentes 
momentos de planejamento e ação. 
Quanto à metodologia, a presente pesquisa evidencia a necessidade de uma 
abordagem qualitativa visando procedimentos de uma pesquisa histórico 
bibliográfico, na qual buscou sua fundamentação teórica por meio de livros 
encontrados na Biblioteca da PUC/PR, Biblioteca Pública do Paraná e materiais 
cedidos pela Escola Aldeia Betânia, dos quais alguns foram traduzidos por Maria 
Langor. Além dos fundamentos teóricos que embasam as práticas froebelinas, 
recorreu-se à observação do espaço de aplicação do método e aos materiais que 
organizam as práticas, denominados “dons” e “ocupações” pelo autor. 
O trabalho foi realizado com leituras dinâmicas e interpretativas, com 
discussões e análises dos livros, contudo encontrou-se poucas referências 
bibliográficas sobre Froebel, o que dificultou prolongar-se na descrição da prática 
educativa desenvolvida por ele, visto que a maioria das referências encontradas 
descreviam idéias semelhantes embora abordadas por autores diferentes. A 
pesquisa foi elaborada de forma a apresentar os pressupostos que fundamentaram 
a Educação Infantil. Apresentam-se os seguintes capítulos: Educação Infantil e sua 
história; Froebel – o criado do jardim de infância; e uma experiência em Froebel, a 
qual foi baseada em uma vivência, enquanto professoras da Escola Aldeia Betânia. 
Buscou-se aprofundar elementos significativos da teoria froebeliana, porém com 
clareza da impossibilidade de extinguir todos os elementos que compõe a vida e a 
obra realizada por Froebel na Educação Infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA HISTÓRIA 
 
A Educação Infantil tem aumentado seus limites, a partir do século XIX e de 
forma mais acelerada nas últimas décadas, fato este devido à expansão urbana que 
ocasionou mudanças na estrutura familiar devido, prioritariamente à entrada da 
mulher no mercado de trabalho. As transformações na organização familiar no último 
século associada a reorganização acelerada dos diversos setores da sociedade 
exigiu um repensar da importância das experiências para crianças na primeira 
infância. 
Todos esses fatores desencadearam uma análise social que refletiu nas 
políticas públicas implementadas pelo governo. Neste contexto, a Educação Infantil 
no Brasil passa a ser reconhecida pela Constituição Federal 1988 (art.208) e do 
ponto de vista legal, passou a ser um dever do Estado e um direito da criança. Nesta 
proposta, o atendimento passou a ser feito em creches e centros de educação 
infantil, princípio também considerado no Estatuto da Criança e do Adolescente que 
foi aprovado em 13 de Junho de 1990, como direito. 
Já para a atual LDB 9394/96 art.29, diz a educação infantil é considerada a 
primeira etapa da educação básica tendo como finalidade o desenvolvimento 
integral da criança de 0 a 6 anos de idade, sendo um direito da família e da criança e 
um dever do Estado. 
 Na década de 90 o MEC lança orientações para a Educação Básica, que 
embora não sejam de adoção obrigatória, acabam tendo longo alcance e se tornam 
princípios pedagógicos para muitos educadores brasileiros. Para a pesquisa que 
está sendo desenvolvida, cabe destacar que foi organizado um instrumento 
chamado Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNI), composto 
de três volumes, que enfatizam a necessidade das instituições infantis de integrar as 
funções de educar e cuidar, pois segundo alguns pesquisadores das áreas de 
psicologia, sociologia, medicina e educação há evidências de que nos primeiros 
anos de vida a inteligência da criança pode ficar prejudicada se ela não tiver acesso 
a experiências diversificadas, enriquecedoras, sejam elas sociais ou educativas, 
ressaltando a globalidade do ser humano, enfatizando que é impossível de trabalharcom a criança de maneira fragmentada, pois todos os aspectos estão ligados e um 
exerce influencia sobre o outro. Deve-se assim, respeitar e valorizar as constituições 
biológicas, históricas e culturais da pessoa, e como enfatiza o Referencial Curricular 
Nacional e a atual LDB (art29) cabe ainda à educação infantil o desenvolvimento 
pleno das potencialidades e habilidades da criança. 
No entanto, quando se analisam as diversas propostas que norteiam o ensino 
na Educação Infantil no Brasil, percebe-se que a grande maioria dá ênfase a 
preparação para alfabetização de uma forma acadêmica, ou melhor estruturada na 
lógica escolar do Ensino Fundamental, investindo em apostilas ou atividades 
xerocadas, onde as crianças desde muito cedo são instruídas a estudar diversos 
conteúdos, visando uma preparação para um vestibular e o ingresso em uma 
faculdade. Em contrapartida, outras escolas concentram suas atividades 
exclusivamente no “cuidar”, compreendido aqui no sentido assistencialista, sem 
fazer a mediação indispensável entre o cuidar e educar a criança. Apenas algumas 
instituições elegem o lúdico como sendo um dos eixos norteadores de seu currículo, 
privilegiando a possibilidade de desenvolver as crianças em todos os aspectos 
(moral, social, emocional e cognitivo), explorando todas as potencialidades e 
habilidades dos educandos por meio de uma das atividades que são mais caras e 
prazerosas: o brincar. 
Entre as instituições que optam pelo lúdico, de uma forma direta ou indireta, 
algumas foram influenciadas pelas idéias pedagógicas de Froebel. Para 
compreender como a educação está hoje fundamentada, é necessário antes 
conhecer seus precursores e a história de seu surgimento, sua expansão em todo o 
mundo, enfatizando o contexto histórico e os fatos que marcaram cada século. 
Entre os precursores da Educação Infantil encontra-se Froebel, que foi um 
educador que influenciou e influencia até hoje muitas práticas nas instituições deste 
nível. Froebel deixa para a sociedade um legado que não pode ser desmerecido 
quando o assunto é Educação Infantil. Esta pesquisa busca apresentar alguns 
pressupostos fundantes da teoria froebeliana, não tendo a pretensão de esgotar 
todos os aspectos que abordam o tema, mas colaborando para a análise de novos 
horizontes sobre este objeto. 
 
 
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA IDADE MODERNA 
 
 
Visando um resgate sobre a história do homem na sociedade com ênfase na 
educação das crianças, localizar-se-á a Idade Moderna como tempo histórico 
privilegiado para esta análise. A Idade Moderna foi uma época de grandes 
mudanças sociais e tecnológicas, a razão começa a ser usada para explicar o 
fenômeno da natureza, o ser humano passa a ser visto como criador de seu próprio 
mundo, isto é, formador de sua sociedade, sendo que os avanços. 
 O surgimento da sociedade capitalista, a revolução industrial, os avanços 
tecnológicos, o desenvolvimento das ciências, as grandes transformações ocorridas 
nos países europeus devido a esses fatos, transformaram uma sociedade agrário-
mercantil em uma sociedade urbano-manufatureira, o que acarretou mudanças nas 
relações de trabalho, fazendo com que surjam conflitos e acentuem as condições 
sociais adversas. 
 E foi nesse período, de invenções e revoluções, que alguns filósofos 
iluministas começaram a difundir que a educação seria o único caminho possível 
para se chegar à igualdade, onde a educação será uma ponte para a transformação 
de indivíduos incultos (analfabetos) em indivíduos cultos e caberia a sociedade 
européia a vanguarda nesse processo de uma educação para todos, pois só assim 
conseguiriam criar uma sociedade forte e soberana. A Idade Moderna possui entre 
seus legados históricos, as primeiras discussões sobre a universalização da 
educação, por mais que dentro dos limites e análises da época. A educação para 
crianças “menores” também surge na pauta destas análises, na busca dos primeiros 
passos de sua construção pedagógica. 
 
 
2.3 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA – (SÉC. XVIII E XIX) 
 
 
Ao longo dos séculos a responsabilidade de educar as crianças pequenas1 
era obrigação da família, até elas se tornarem adultas e responsáveis por si 
 
1 Embora o termo utilizado pareça inapropriado dentro da pedagogia essa linguagem é 
corretamente utilizada nas obras de apoio teórico que são referências para a pesquisa. 
mesmas. Entre as funções da família, esta devia ensinar valores morais, passando 
conhecimento necessários para sua sobrevivência e exigências para a vida adulta. 
As primeiras instituições infantis, que se tem notícias são as instituições de 
guarda e educação para crianças abandonadas (órfãs), estes locais receberam 
vários nomes como: creché em francês quer dizer manjedoura ou asilo nido que em 
italiano quer dizer “ninho que abriga”. 
As crianças que iam para essas instituições eram deixadas dentro de cilindros 
ocos, giratórios, construídos nos muros de igrejas e hospitais de caridade, 
permitindo que os bebês fossem deixados ali sem que as pessoas que os 
abandonaram fossem identificadas. Essas crianças eram enviadas para instituições 
conhecidas como “lares substitutos”, e tanto na Idade Média como na Idade 
Moderna o recolhimento e cuidados dessas crianças ficam a cargo da igreja que 
procurava ensiná-las um ofício. Num regime disciplinar extremamente rígido. 
Essas instituições transmitiam a idéia de abandono, caridade e precariedade 
no atendimento que não serve como concepção de instituição infantil, mas sim como 
lugar que só fica a criança que não tem família, mostrando o lado negativo das 
instituições, reforçando o valor que a educação dos pequenos deve ser realizada 
pela família. 
A primeira “escola infantil” para não abandonados ou órfãos foi criada pelo 
pastor protestante Fredrich Oberlin, em Stental, na Alsácia Francesa, em 1770. Sua 
iniciativa se deu quando chegou nas regiões pobres dos campos de Stendal e viu o 
estado calamitoso em que viviam os filhos dos camponeses enquanto trabalhavam 
na lavoura, portanto resolveu criar um lugar “escola” onde as crianças pudessem 
ficar e aprender bons hábitos de comportamento e valores morais para todos, e em 
alguns períodos os mais velhos aprendiam tricô e costura enquanto os pequenos 
brincavam. Esta “escola” ficou conhecida como Knitting Schools (Knitting: tricô, 
Schools: escola). 
Em 1771, Oberlin começou a oferecer nas escolas atividades diversas como: 
canto, ciências, matemática e história bíblica, mas o objetivo principal das Knitting 
Schools era evitar que as crianças ficassem ociosas enquanto os pais trabalhavam 
no campo. Concomitante criou um centro para formar as mulheres da comunidade, 
preparando-as para trabalhar em sua “escola”. 
Além de criar uma “escola” para atender as crianças enquanto os pais 
trabalhavam, ele também criou uma nova profissão para as mulheres. Mesmo não 
desenvolvendo nenhuma teoria ou método para a educação pré-escolar, ele 
demonstrou com exemplos práticos um modelo que foi copiado por diversas 
instituições. 
Mas, no entanto o fator decisivo para a disseminação das “escolas infantis” foi 
o esvaziamento populacional do campo, que teve como causa a pouca força de 
trabalho que o campo absorvia, tendo como conseqüência maior procura dos 
empregos oferecidos pelas indústrias nos centros urbanos. 
Devido o aumento da população nos grandes centros e a grande demanda de 
força de trabalho excedente, gerou redução nos salários, o aumento da jornada para 
14 horas (isso ocorreu devido a descoberta da luz a gás), e as fábricas e industrias 
começaram a dar preferência para a força de trabalho feminino e infantil (acima de 6 
anos), pois esses cobravam menos para a mesma jornada realizada pelos adultos. 
Em conseqüência desses fatos, as mulheres (mães) não podiam mais ficar 
em casa cuidando dos filhos, pois seu trabalho remunerado era necessário para 
ajudarno sustento da família, e com isso, a segurança e a proteção que as crianças 
tinham na família acabou-se e elas ficaram “soltas” largadas a própria sorte e à 
miséria das grandes cidades. 
Esse fato chamou a atenção do empresário Robert Owen, que ficou indignado 
com as condições de vida das crianças e em 1819 instalou a primeira escola infantil 
(Infant – School) com um programa pedagógico cujo objetivo era a formação do 
caráter e que para isso precisava começar o mais cedo possível, e para essa 
formação seria utilizado um programa de música e dança baseada na transmissão 
de alguns saberes necessários para formação de um adulto responsável e 
trabalhador. 
A iniciativa de Owen chamou a atenção de alguns governos, provocando 
disseminação de escolas parecidas com essas em toda a Europa, criadas para 
atender os filhos das operárias. 
Essas escolas receberam vários nomes como: Infant Scholl (escola infantil), 
Écoles Petites (escola para pequenos), Asilos Nido (ninho que abriga) e as Nursery 
Scholl, no entanto o que todas ensinavam era a obediência, moralidade, devoção e 
o valor do trabalho, onde as propostas de atividades eram realizadas com as turmas 
que continham de 100 a 200 crianças, que obedeciam ao comando dos adultos feito 
por apitos. 
Entre os aspectos benéficos a considerar nessa proposta foram a diminuição 
da mortalidade infantil e o reconhecimento de que a criança deve ser protegida e 
cuidada. 
Nos séculos XVIII e XIV a criança passou a ser o centro do interesse dos 
adultos, só que a educação não acontecia de maneira igual para todas as crianças, 
pois alguns setores das elites, políticas dos países europeus, afirmavam e 
defendiam a idéia de que os pobres deveriam ser educados para o aprendizado de 
uma profissão, já para aqueles que tinham dinheiro, a escola preparava o mundo 
dos adultos, tornado assim as “escolas” um instrumento fundamental para a 
ascensão da sociedade capitalista burguesa. 
Em contra partida, alguns pastores protestantes divergiam das elites políticas, 
pois afirmavam que “a educação é um direito universal e deveria ser igual para 
“todos”, estes foram os primeiros educadores da defesa da universalização do 
ensino 
Nesse período houve várias teorias que contribuíram para o trabalho dos 
precursores da educação infantil, que procuravam novas formas de educar a criança 
sem punições físicas (que até esse momento era a regra e não exceção). 
Essas teorias fizeram com que a educação tomasse novos rumos, onde a 
criança não seria mais “considerado um “mini adulto”, mas alguém que tinha 
necessidades e interesses próprios. 
Houve muitos debates e discussões sobre como ensinar e o que ensinar nas 
escolas para as crianças pequenas, considerando os aspectos relevantes para o 
desenvolvimento infantil. 
 
 
2.4 CONTEXTO HISTÓRICO DO SÉCULO XX 
 
 
O século XX foi marcado por duas grandes guerras que além deixar o mundo 
dividido em dois blocos (socialista e capitalista) período esse conhecido como 
Guerra Fria, deixaram um rasto de destruição e miséria, o que ocasionou a 
intensificação da migração do campo para os grandes centro urbanos, situação que 
já havia sido deflagrada no século anterior. 
Neste contexto de guerra, milhares de mulheres se viram obrigadas a 
trabalhar fora de suas casas, ocupando até função que antes eram destinadas 
exclusivamente aos homens. 
Esse século também experimentou grandes desenvolvimentos nas ciências, 
na medicina e muitos avanços tecnológicos e científicos na indústria aero espacial. 
Contudo, esses avanços não trouxeram a paz que muitos esperavam, mas 
sim apenas acirrou disputas mundiais, onde os países envolvidos almejavam a 
supremacia espacial e armamentista, criando assim uma grave tensão gerada pela 
concentração do arsenal militar envolvendo duas superpotência “a chamada Guerra 
Fria”, fazendo com que esses paises se envolvessem em conflitos internos de outros 
países. 
Entretanto em 1982, cai o muro de Berlim e dois anos depois a União 
Soviética acaba esses episódios, desencadearam o fim da guerra fria e o término da 
guerra trouxe grandes mudanças sociais e econômicas para todo o globo, mas a 
maior beneficiada foi a Europa que se unificou e criou a União Européia com uma 
moeda forte: Euro. 
Em contrapartida com o fim da guerra fria e a ameaça da União Soviética, os 
Estados Unidos se consolidou com a maior potência militar e econômica do planeta. 
Infelizmente a série de avanços registrados no século XX, ao mesmo tempo 
que viabilizaram condições de vida humana muito mais saudáveis, contribuíram para 
acirrar a concorrência econômica entre os países, assim como colocou o homem 
num isolamento social, nunca antes conhecido. A família nuclear já não se encontra 
nem em suas próprias casas e a escola lentamente vai absorvendo funções que não 
lhe são específicas. 
 
 
2.5 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL (SÉCULO XX) 
 
 
O século XX deixou também grandes sinais com relação ao atendimento à 
crianças pequenas, devido a saída de milhares de mulheres (viúvas da guerra) dos 
seus lares e obrigadas a ser responsáveis por suas famílias, trabalhando fora de 
casa, os governos se vêem obrigados a criar leis para proteger os menores, onde a 
criança passa a ser portadora de direitos. Em 1959 a ONU (Organização das 
Nações Unidas) promulga a declaração dos direitos da criança. Houve grande 
expansão nos serviços de atendimento a educação de crianças, onde valorizarão as 
teorias que priorizavam a escolarização precoce e brincadeiras como recursos para 
que se conseguisse desenvolver todo o potencial infantil. 
No entanto, devido aos avanços tecnológicos e a valorização das ciências, 
recomeçam as discussões a procura de novos caminhos para a educação infantil. 
Nessas discussões estavam filósofos, educadores, médicos, antropólogos, 
sociólogos e psicólogos todos tentavam conciliar teoria, métodos e pedagogia para 
descobrir qual a melhor forma indicada de se trabalhar com crianças pequenas, 
quais seriam os estímulos apropriados e o modelo de educação adequada. 
No decorrer dessas discussões percebe-se que a criança pequena tem 
grande capacidade cognitiva e é um ser social, portanto esses profissionais 
começaram a analisar conteúdos escolares procurando novas formas e métodos de 
ensino. Já que a criança tem grande capacidade cognitiva, de saber e poder, ela tem 
que ser preparada desde cedo para cumprirem seu papel na sociedade, contribuindo 
assim para o desenvolvimento desta. 
No século XX destacam-se ciências e estudiosos que procuravam explicar o 
comportamento humano em suas características individuais e no convívio em 
sociedade, mostrando a importância do indivíduo bem preparado e consciente de 
sua contribuição para o bom desenvolvimento econômico e social de uma nação. 
Nesse século destacou-se na educação a psicologia e a biologia, onde a 
psicologia procura explicar a inteligência e a evolução do pensamento humano e 
quais os mecanismos que fazem o ser humano perceber o mundo que o cerca; já a 
biologia procurava mostrar que a criança é um ser biológico e que se ela estiver 
saudável, isto é, se suas necessidades básicas como: comer, dormir e sua saúde 
estiver bem, a aprendizagem ocorreria de maneira mais fácil, numa perspectiva 
assistencialista. 
Convém, entretanto, ressaltar que dois outros fatores também influenciaram 
diretamente sobre os objetivos organizados para o atendimento da criança nas 
instituições infantis, que foram: a herança cultural e os rumos tomados pela 
economia, onde a pressão exercida por esses fatores fez com que a educação fosse 
sinônimo de desenvolvimento, colocando as necessidades humanas na 
dependência da situação social, onde a educação infantil obedece as perspectivas 
de escolarizar as crianças o quanto mais cedo possível. 
Verifica-se a partir desse momento uma dicotomia entre o cognitivo, o social e 
o cuidar (assistencialismo), ou seja,algumas escolas passaram então a enfatizar os 
conteúdos, trabalhando somente o cognitivo onde os conteúdos não fazem parte do 
cotidiano da criança, já outras instituições preocupavam-se apenas no bem estar 
infantil, esquecendo de estimular a parte cognitiva e assim, perdeu-se os objetivos 
que outrora norteavam os jardins de infância de Froebel e implantou-se a visão 
acadêmica (escolas particulares) ou assistencialistas (escolas públicas) para o 
jardim de infância e formaram-se as turmas homogêneas quanto a idade: jardim I, II, 
III e maternal. 
 
 
2.6 CONTEXTO HISTÓRICO - SÉCULO XXI 
 
 
A globalização é um processo que surge nas últimas décadas do século XX e 
consolida no século XXI, principalmente da economia que vem se unificando através 
dos meios de comunicação, das ciências, principalmente a medicina, vem se 
desenvolvendo e conquistando novos horizontes. 
No entanto, é um mundo dividido com conflitos, principalmente étnicos, onde 
o terrorismo vem se caracterizando com uma forma de guerra, e os direitos até 
então conquistados pela humanidade, vêm sendo ignorados e o que importa é o 
poderio bélico de uma nação. 
O início do século XXI traz com ele um repensar sobre o que é educar e como 
educar crianças pequenas. Muito se tem falado e se discute novas teorias, novos 
métodos e propostas que tentam unir o social, o psicológico e o biológico, 
procurando novos rumos para a educação que vem buscando a integração entre o 
cuidar e educar, sendo que para alguns estudiosos esses fatores são inseparáveis 
para se trabalhar com crianças de zero à seis anos, pois assim será possível 
explorar todas as habilidades e potencialidades das crianças respeitando e 
valorizando a individualidade de cada um. 
 
3 FROEBEL – O CRIADOR DO JARDIM DE INFÂNCIA 
 
 
3.1 BIOGRAFIA 
 
 
Entre os educadores percursores nas discussões em Educação Infantil, 
Friedrich Froebel indica pressupostos significativos. Educador alemão, nasceu na 
vila de Oberweissbach, no Principado de Schavarzburg – Rudolstadt, localizado na 
floresta da Turingia região sudeste da Alemanha em 21 de abril de 1782. 
Froebel ficou órfão por parte de mãe aos nove meses de idade, fato este que 
segundo estudiosos deixou grande marcas no pequeno Froebel, portador de uma 
infância privada de carinho e de afeto, visto que seu pai era pastor de uma Igreja 
Luterana e muito ocupado, eram os irmãos mais velhos que cuidavam de Froebel. 
Apesar das inúmeras ocupações, foi seu pai quem lhe ensinou a ler e escrever, e 
esse mesmo pai, por acreditar que o pequeno não era dotado de grande inteligência, 
deixou-o crescer sem grandes estímulos para a educação, querendo apenas que o 
seu filho aprendesse um ofício. 
Seu pai casou-se novamente e logo a madrasta teve seus filhos e se dedicou 
a cuidar deles. 
Froebel tinha como seus melhores amigos as plantas, árvores e flores, onde 
passava grande parte do seu tempo observando-as. Dos 10 aos 14 anos viveu o 
tempo mais feliz de sua infância, foi quando morou com seu tio materno, o qual lhe 
proporcionou instrução religiosa, educação esta, que terá forte influência em sua 
proposta pedagógica. 
Aos 14 anos, Froebel ficou aos cuidados do guarda florestal “Witz” para 
aprender o ofício, mas constantemente era deixado de lado por este seu “professor”, 
então dedicou boa parte de seu tempo à leitura de livros de ciências naturais, a 
observação da natureza e a montagem de coleções de pedras e mariposas. 
O desejo de estudar ciências naturais em nível universitário levou Froebel de 
volta a casa de seu pai, pedir autorização para realizar tal estudo, porém a 
oportunidade surgiu em 1799 quando Froebel, a mando de seu pai, ficou 
encarregado de levar dinheiro a seu irmão que estudava medicina na Universidade 
de Jena. Froebel ficou encantado com a universidade que era muita conhecida pelo 
nível de seus professores e alunos. Conseguiu a autorização de seu pai para 
permanecer lá até o fim daquele semestre, assim continuou aperfeiçoando os seus 
estudos na área de ciências naturais. 
Ao término do semestre, Froebel, retorna a casa de seu pai pedindo para 
ingressar na Universidade como aluno devidamente matriculado, seu pai autoriza-o 
dando a Froebel a parte que lhe cabia da herança deixada por sua mãe para que 
pudesse custear sozinho seus estudos. Ainda em 1799 ele retorna à Universidade e 
por quatro semestres estuda filosofia, ciências naturais e mineralogia. O estudo da 
natureza, mais tarde, se revelará de grande importância na formulação de suas 
questões educacionais. 
Em 1801, ao término de seus estudos, Froebel retorna para junto de seu pai e 
em 1802 seu pai falece. 
No período de 1803 a 1805, Froebel buscou uma profissão que o 
realizasse,porém não foi feliz na sua busca, até ser chamado para lecionar desenho 
na Escola Normal de Herr Grüner, de Francforte. Foi então que descobriu no 
trabalho educacional a resposta para seus anseios. 
Em 1805, não tendo ainda nenhuma formação inicial de educador, Froebel 
começa a trabalhar em uma escola com princípios educacionais de Pestalozzi. 
Segundo Koch (1985, p24), Froebel fazia de tudo para acertar o caminho 
pedagógico, apesar de não haver lido até aquele momento, nenhum livro de 
pedagogia. A forma encontrada por Froebel era “lembrar” de suas próprias 
experiências escolares, das quais não trazia tão boas recordações e não gostaria 
que tais recordações fizessem parte da vida de seus educandos, “nascia um 
educador fruto da prática, que produziria toda uma metodologia de trabalho baseada 
na prática” (Koch 1985,24). 
Tornou-se, no ano de 1807, preceptor em tempo integral dos filhos da 
baronesa Caroline Von Holzhausen, a mesma apresentou a Froebel as idéias 
pedagógicas de Pestalozzi. Em 1808, Froebel vai para Iverdon ao encontro de 
Pestalozzi e lá permanece até 1810. 
Froebel levou em consideração muitas práticas de Pestalozzi em seu trabalho 
educacional, porém Froebel começa a perceber que as idéias de Pestalozzi estavam 
muito distantes do que seria o ideal em termos de educação. 
Segundo Arce (2002), para Froebel, Pestalozzi reduzia o homem ao seu estar 
aí, tal como ele aparece na terra. Ele enfatiza demasiadamente as discussões 
sociais e econômicas e negligenciava a sua natureza eterna, do seu “ser eterno”. 
Apesar de suas críticas a Pestalozzi, Froebel incorpora em seu trabalho vários 
princípios pedagógicos desse intelectual. 
A união de Froebel com Pestalozzi dura até 1811 quando Froebel vai a 
Universidade de Göttingen. Em 1812 vai para a Universidade de Berlim, onde 
conhece Henriette W. Hoffmeister com quem se casa, somente em 1818. 
A partir dos estudos realizados sobre o método de ensino de Pestalozzi, 
Froebel começa a aprofundar os seus próprios métodos de ensino em busca de uma 
educação mais prazerosa para as crianças. Ele realizou diversas investigações 
científicas nos campos da matemática, física, geologia e em especial mineralogia, a 
fim de embasar seus pensamentos e teorias. 
Estudou línguas para melhor compreensão do desenvolvimento genético da 
experiência humana e se aprofundou na literatura relacionada com questões 
educacionais. 
De 1813 a 1815, ainda antes de casar com Henriette, Froebel participa da 
guerra pela unificação alemã contra o avanço do exército de Napoleão. 
Em 1816, após retornar da guerra, Froebel funda um Instituto de Educação 
em Griesheim, transferido no ano seguinte para Keilhau Turingia, onde passa a 
colocar em prática seus ideais educacionais. Trabalhou nesta instituição por 13 
anos, elaborando durante esse período sua obra mais importante de caráter 
filosófico: “A educação do homem” (1826). Deixou a escola em 1831, pois não 
obteve o êxito almejado. Foi então, para a Suíça e dirigiu várias escolas. 
Em 1837 funda em Blankeburg o “Instituto de Educação Intuitiva para a Auto-
Educação”, onde pretendia criar um lugar que oferecesse materiais para as crianças 
expressarem, de maneiraintuitiva, o seu interior. Elegeu então o jogo como seu 
grande instrumento o qual, juntamente com os brinquedos, mediaria o 
autoconhecimento. 
Froebel dedicou-se a criar diferentes materiais educativos os quais chamou 
de “dons”, materiais estes que se tornariam relevantes em sua metodologia 
educacional. Nesse mesmo ano seu Instituto muda de nome passando a chamar-se 
“Instituto Autodidático” para refletir a sua filosofia de que a criança se auto-educa por 
meio de suas atividades. Enfim, retornou a Alemanha para retomar seu projeto e 
ideal, fundando em 1840 o primeiro Kindergarten (Jardim de Infância). 
Além de dedicar-se ao Jardim de Infância, preocupou-se também a formação 
dos profissionais de jardim. Também elaborou métodos e aperfeiçoou técnicas e 
recursos para serem utilizados nos jardins. 
Em 23 de agosto de 1851, segundo Prüfer (1930), foram proibidos todos os 
Jardins de Infância na Alemanha, pois Froebel fora acusado de ateísmo e de ser 
socialista. Em 1852, Froebel veio a falecer, sem que seus Jardins de Infância 
tivessem voltado a funcionar. 
Apesar da prática educativa froebeliana não ter sido difundida como Froebel 
desejava em vida, alguns educadores foram influenciados por suas idéias 
principalmente a Baronesa Von Marenholtz Bulow (1811-1893), cuja influência teve 
grande destaque no processo educativo na Prússia, posteriormente atingiu grande 
parte da Europa, convocando mulheres a abraçar esta causa. Os jardins de infância 
froebelianos entram nas instituições particulares como inovação pedagógica no séc. 
XIX. 
Margareth Meyer Schurz (1833-1876) e sua irmã difundiram os trabalhos de 
Froebel em relação aos jardins de infância na América. Outra colaboração muito 
importante foi Susan Elizabeth Blow (1843-1916), que abriu com sucesso o primeiro 
jardim de infância publico dos Estados Unidos, foi por meio dela que as idéias de 
Froebel acabaram chegando ao Brasil. 
No Brasil os primeiros a abrir jardins froebelianos foram: o colégio Menezes 
Vieira do Rio de Janeiro (1875) e a Escola Americana, dirigida por protestantes na 
cidade de São Paulo (1877). A associação do jardim de infância, a uma unidade de 
educação de meio período destinada a elite, se concretiza mais firmemente com a 
criação do jardim de infância da Caetano de Campos, de São Paulo em 1896, 
mesmo sendo uma escola pública, era freqüentada pela elite da época. 
 
 
3.2 AUTORES QUE INFLUENCIARAM A OBRA DE FROEBEL 
 
 
Froebel sofreu algumas influências durante a formulação de suas idéias 
pedagógicas.Durante seus estudos na Universidade de Jena apaixonou-se pelos 
estudos de Schelling (1775-1854) em especial as obras A alma do mundo e Bruno e 
o princípio natural e divino das coisas, Schelling (1991), em sua obra Bruno, afirma a 
unidade entre Deus, enquanto espírito absoluto, e a natureza; mostrando que a 
natureza revela a criação de Deus e sua perfeição estando em unidade com o 
espírito do Criador. 
Schelling centralizava o estético em sua filosofia, pois considerava a arte 
como melhor caminho para se conhecer o absoluto, onde Deus é o grande artista e 
a natureza e o ser humano, suas obras. 
Um discípulo de Schelling, Karl Christian Krause (1781-1832), estava 
convencido da ligação entre religião e ciência, da harmonia entre a razão e a arte, 
da unidade da humanidade, da necessidade de apreensão de uma visão religiosa na 
vida dos indivíduos que levariam à necessidade do amor, à indivisibilidade moral 
entre a beleza e a liberdade de desejar obedecer a uma única lei, Krause acreditava 
assim como Froebel que Deus é uma Lei imutável e permanente que todo esse 
processo repetia-se no homem assim como em todos os seres vivos da natureza 
criados por Deus. 
Froebel, Krause e Schelling faziam parte do movimento Romântico, por isso 
valorizavam a harmonia do ser humano com a natureza. Eles buscavam o princípio 
do qual todos os homens eram iguais, para proporem formas de organização social. 
Outro intelectual que influenciou Froebel foi Pestalozzi (1746-1827), segundo 
ele o ensino escolar deveria permitir que o conhecimento fosse constituído a partir 
da vivência. Este educador valorizava o desenvolvimento das habilidades manuais e 
de atitudes e valores morais. Ressaltava a importância do desenvolvimento conjunto 
do cérebro, mãos e coração, pois considerava o ser humano como um todo. 
Recomendava que o trabalho pedagógico partisse sempre da intuição, ou vivência 
intuitiva para só depois passar para a elaboração de conceitos mais acadêmicos. 
Jean Jaques Rosseau (1712-1778) também embasou o trabalho de Froebel, 
Rosseau afirmava que a infância não é apenas uma etapa de preparação para a 
vida adulta, mas tinha seu próprio valor, defendia a idéia que a educação deveria 
levar a criança construir seu próprio conhecimento por meio de atividade de 
observação, exploração e da livre movimentação e não apenas ser receptor dos 
conhecimentos transmitidos pelos professores. 
Suas idéias abriram caminhos para discussões posteriores sobre o valor do 
“brincar” e de que a aprendizagem deveria partir do mais simples para o mais 
complexo. 
 
 
3.3 INTRODUÇÃO À OBRA 
 
 
Com base nos pressupostos que norteiam a pedagogia froebeliana, a qual é 
objeto de estudo deste trabalho, descrever-se-á os elementos principais desta teoria. 
Froebel acreditava que a educação deveria conduzir o indivíduo ao 
desenvolvimento pleno, ou seja, desenvolver o homem em sua totalidade, espiritual 
cognitiva e emocional, o homem deveria estar em paz com Deus, consigo mesmo e 
com a natureza, tendo uma visão holística de desenvolvimento. 
Froebel fundador do primeiro Jardim de Infância (Kindergarten), elaborou um 
lugar que constituía-se em um centro de jogos, organizado segundo os princípios 
froebelianos e destinados à crianças menores de 6 anos. Froebel descreve seu 
Jardim de Infância e todos os seus pressupostos como segue citação abaixo: 
 
[...] Então, fundado na Natureza do Homem e no seu instinto de formação e atividade, e 
conectado com a criação deste impulso, o objetivo desta instituição é ser um todo vivente, ou 
como se fosse uma árvore em si mesma, assim promover meios de emprego e 
conseqüentemente de cultura e instrução, fundados na relação do homem com a natureza e 
a vida; meios os quais quando aplicados de uma maneira viva na criança desde o primeiro 
estágio de seu despertar espiritual e do uso de seus membros e sentidos, desenvolva-se de 
todas as formas em união consigo mesma, com a natureza e com as leis da vida. O objetivo 
desta instituição é suprir as necessidades e requerimento do mundo da criança, 
correspondente ao presente estágio de desenvolvimento da humanidade, e dar, aos pais e 
adultos que se encontram na posição mencionada, a criação das crianças instruídas por eles, 
apropriadas peças e meios de emprego e conseqüentemente instrução e orientação – 
educação em geral – e acima de tudo, meios adaptados para a mente, espírito e vida da 
criança: por isso ser capaz de provar igualmente necessário, natural e recíproco o chamando 
humano das famílias, venham, deixem-nos viver com nossas crianças, para ser tão grandioso 
quanto é rico em bênçãos” (Froebel, 1917, apud ARCE, 2002, p.67). 
 
Para Froebel, ao analisar o desenvolvimento infantil, as crianças eram 
comparadas a uma plantinha, que deveria ser cuidada e regada com amor pela 
jardineira, que seria a professora. Froebel dizia também que nem todas as plantas 
(crianças) se desenvolviam em ritmo igual, cabia a jardineira perceber essas 
diferenças e trabalhar com elas. 
Segundo Froebel este recanto deveria ser entregue as mulheres, por isso a 
expressão “jardineiras”, que com coração de mãe, eram as únicas capazes de 
cultivarem nas crianças todos os seus talentos e todos os germes da perfeição 
humana unida a Deus. 
O primeiro ponto da pedagogia froebeliana a ser assinalado é a de que o 
educador devia mostrar ao educando que ambos estão sujeitos à “unidadevital”, 
portanto, o modelo a ser seguido de perfeição humana seria “Jesus”, por reunir o 
divino, o humano e natural, porém a individualidade de cada ser humano deve ser 
valorizada, na busca do desenvolvimento de seus talentos. Froebel nos afirma isto 
quando diz: 
 
[...] Por isso, o próprio Jesus, em sua vida e em seu ensinamento, constantemente se opunha 
à imitação da perfeição externa. Somente a luta espiritual, a perfeição viva deve ser tomada 
com um ideal; sua manifestação externa – por outro lado – sua forma não deveria ser 
limitada. A vida mais elevada e mais perfeita que nós cristãos, enxergamos em Jesus – a 
mais conhecida na humanidade – é a vida que encontrou a última e primordial razão da sua 
existência claramente e distintamente em seu próprio ser; uma vida que, de acordo com a lei 
eterna, veio da vida completa, eternamente criadora, atuante e equilibrada. Esta vida perfeita 
eternamente elevada faria cada ser humano novamente se tornar uma imagem similar ao 
ideal eterno, para que cada um novamente pudesse se tornar um ideal semelhante a ele 
próprio e para os outros, faria cada ser humano se revelar auto-ativo e livre de acordo com a 
lei eterna (Froebel, 1887: 12-13). 
 
O segundo ponto da pedagogia froebeliana diz respeito ao processo de 
educação: o homem e a natureza possuem existência em Deus; educar é, portanto 
despertar no educando a consciência dessa realidade, por meio de atividades de 
interiorização e exteriorização. 
[...] “Nunca esqueça que o objetivo da escola não é tanto ensinar e comunicar 
uma variedade e multiplicidade de coisas, mas sim dar destaque à sempre viva 
unidade que está em todas as coisas” (FROEBEL, 1887: 134-135, APUD ARCE 
p.49). 
O terceiro ponto da metodologia froebeliana é de que o educador deve 
respeitar a natureza, a ação de Deus e a manifestação espontânea do educando, 
não podendo ser prescritiva, determinista e interventora, pois assim destrói a origem 
pura do desenvolvimento do educando. 
Com base na experiência, o objetivo principal desta pedagogia, centra-se na 
orientação e no despertar, disseminando qualidades e aniquilando defeitos, através 
do desenvolvimento pleno da harmonia entre homem, Deus e natureza (ARCE 2002, 
p.49). Como será afirmado por Froebel na seguinte passagem: 
 
[...] Nós concedemos espaço e tempo a plantas e animais jovens porque sabemos que, de 
acordo com as leis que vivem neles, eles desenvolverão apropriadamente e crescerão bem, a 
animais e plantas jovens é dado o tempo necessário sendo que a interferência arbitrária 
nesse crescimento é evitada, porque é sabido que a prática oposta atrapalharia a pureza da 
manifestação da melodia do desenvolvimento; mas o jovem ser humano é observado como 
um pedaço de cera, uma porção de argila na qual o homem pode moldar o que ele desejar. 
Oh, homem que vagueia através de jardim e campo, através de pasto e pomar, por que vós 
fechais vossa mente ao silencioso ensinamento da Natureza? Olhe mesmo a planta silvestre, 
que cresce entre obstáculos e limitações, raramente produz uma indicação da lei interna; 
olhe-a na Natureza, no campo ou no jardim, e veja como perfeitamente é conforme a lei – que 
vida interna pura ela mostra, harmoniosa em todas as partes e características: um sol bonito, 
uma estrela radiante surgiu da terra! Assim, pais, os seus filhos, os quais, vocês forçam em 
anos carinhosos, formas e objetivos contra suas naturezas, e que por isso poderiam andar 
com vocês em uma deformidade mórbida e artificial – assim poderiam suas crianças também 
revelar-se em beleza e desenvolver em harmonia completa! De acordo com as leis da 
influência divina e em vista do estilo e totalidade original do homem, toda educação arbitrária 
(ativa), prescritiva e categórica interferente na instrução e treinamento deve necessariamente 
aniquilar, prejudicar e destruir. [...] A representação livre e espontânea do divino no homem 
dá-se através da vida do homem, o que, como vimos, é o objetivo último e a razão de toda a 
educação, tanto quanto o destino último do homem (Froebel, 1887: 8-10). 
 
Froebel acreditava na idéia de que a criança desenvolve a sua inteligência 
brincando, porém essa brincadeira necessitava de materiais que a incentivassem a 
uma ação. Então recomendava o uso dos “dons” materiais por ele criados para 
ajudar na descoberta dos “dons” de cada criança, ou seja, os presentes dados a elas 
por Deus, que precisariam ser descobertos e aflorados. 
Segundo Froebel os “dons” eram acompanhados por jogos que possibilitavam 
que a criança simulasse atividades do seu cotidiano ou completasse suas criações 
por meio das Artes Plásticas. Esses jogos eram chamados de ocupações. Estas 
eram compostas basicamente por varas para traçar figuras, papel picado, fitas para 
entrelaçados e materiais para desenho, alinhavo, modelagem, dobraduras e 
tecelagem em papel. 
Froebel defendia a idéia de que por meio da brincadeira a criança interioriza e 
exterioriza saberes como coisas que a criança gosta de fazer ou não gosta, o que 
sabe e o que não sabe, cabendo a jardineira observar enquanto a criança brinca 
para posteriormente mediar tais situações. Define Froebel. “[...] observar, apenas 
observar, pois a criança mesma te ensinará” (apud Cole 1907: 26). 
Somente o professor observando seus educandos será capaz de desenvolver 
seus talentos, “dons”, conhecendo-os e fazendo a mediação no momento certo. 
Para Froebel o professor deve estar atento ao brincar dos pequenos, valorizando a 
brincadeira como um momento de aprendizagem e não apenas brincar por brincar. 
Froebel ressalta que: 
 
[...] Brincadeira – A brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança – do 
desenvolvimento humano neste período; pois ela é a representação auto-ativa do interno – 
representação do interno, da necessidade e do impulso internos. A brincadeira é a mais pura, 
a mais espiritual atividade do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida 
humana como um todo – da vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. 
Por isso ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz com o 
mundo. Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança que brinca muito com determinação 
auto – ativa, perseverantemente até que a fadiga física proíba, certamente será um homem 
(mulher) determinado, capaz do auto-sacrifício para a promoção do bem estar próprio e dos 
outros. Não é a expressão mais bela da vida da criança neste momento, uma criança 
brincando? – uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira? – uma criança que caiu 
no sono tão exausta pela brincadeira? Como já indicado, a brincadeira neste período não é 
trivial, ela é altamente séria e de profunda significância. Cultive-a e crie-a, mãe; proteja-a e 
guarde-a, pai! Para a visão calma e agradável daquele que realmente conhece a Natureza 
Humana, a brincadeira espontânea da criança revela o futuro da vida interna do homem. As 
brincadeiras da criança são as folhas germinais de toda a vida futura. (Froebel, 1895, pág.54) 
 
Froebel acreditava que a criança que brinca tende a se tornar um adulto 
preocupado com o bem estar de todos; alguém que procura sempre resoluções 
positivas para os problemas que encontra. Froebel partia do pressuposto de que a 
criança é originalmente boa e pura. Entretanto, para ele, algumas delas acabam por 
se “contaminar” e assim se desvirtuam da bondade, na se preocupando com o bem 
estar do próximo. Assim ele propõe que a “jardineira” deva estar próximo para ajuda-
la a resgatar a sua “bondade original”. 
Segundo Froebel, o brinquedo dever ser bem estudado e escolhido para que 
possa bem cumprir o seu papel. No caso das crianças “desvirtuadas” de sua 
“bondade original” a escolha do brinquedo apropriado se faz ainda mais importante. 
As crianças estão mais próximas de Deus e da perfeição de tudo que é mais 
sagrado e divino. Elas são um presente de Deus, e por isso tem muito a nos ensinar. 
Froebel defendiaque a escola deve guiar a criança no caminho mais correto 
possível, desenvolvendo suas potencialidades em conformidade com a natureza, 
com Deus e com a humanidade. Assim segue uma citação de Froebel complementa 
o que já foi dito: 
 
[...] Nós precisamos de escolas? Por que nós precisamos das escolas e do ensino? Como, 
então, eles deveriam ser, qual deveria ser sua constituição? Resposta: Como seres materiais 
e espirituais, nós nos tornamos pensantes, conscientes, inteligentes (autoconsciência, 
sentimento e percepção), seres humanos eficientes. Nós devemos primeiro procurar cultivar 
nossas forças, nosso espírito assim como os recebemos de Deus, para representar o divino 
em nossas vidas; sabemos que toda esta vida terrestre, também deve crescer em sabedoria 
e compreensão com Deus e os homens nas coisas humanas e divinas. Nós devemos saber 
que nós somos e podemos ser e viver tal qual nosso Pai. Nós devemos saber que nosso ser 
terrestre e todas as outras coisas terrestres são um templo onde vive Deus. Nós devemos 
saber que nós existimos para ser perfeitos como nosso Pai no céu é perfeito; e de acordo 
com este conhecimento nós devemos viver a agir. A escola deve nos conduzir; a escola e a 
instrução devem estar de acordo com este objetivo. 
O que, portanto, deve a escola ensinar? Em que deve o ser humano, a criança em idade 
escolar ser instruída? Somente levando em consideração a sua Natureza e suas 
necessidades ligadas ao estágio humano de seu desenvolvimento na infância e que 
estaremos aptos a responder a esta questão. Mas o conhecimento de sua natureza e de suas 
necessidades pode somente provir da observação do caráter do homem durante sua infância. 
Agora, de acordo com este caráter, com esta maneira de ser, o que deve ser ensinado à 
criança? A vida e o ser exterior do homem no início da infância nos mostram que a criança, 
em primeiro lugar, está animada por seu próprio espírito; mostram, também a existência de 
um sentimento vago de que este ser espiritual tem sua origem em um Ser maior e mais 
Supremo, e que depende deste Ser, no qual todas as coisas têm origem e do qual também 
dependem. A vida e o ser exterior do homem, na infância, mostram a presença de um 
sentimento intenso e uma antecipação da vivência da existência do espírito, no qual e pelo 
qual todas a coisas vivem, pelo qual todas as coisas são envoltas, como o peixe é envolto 
pela água e o homem e todas a criaturas pela limpa e pura atmosfera. [...] A instrução e a 
escola devem conduzir a vida toda em harmonia com este conhecimento. Através deste 
conhecimento elas estarão conduzindo o homem do desejo para a vontade, da vontade para 
a firmeza de propósitos, e assim numa progressão continuada o levarão a atingir o seu 
destino, a sua perfeição terrestre [FROEBEL, 1887, pp. 136-137, 139. ]. 
 
A educação para Froebel, portanto, deve estar ligada à “Unidade Vital” ou 
seja, deve estar ligada ao homem, a Deus e à natureza. Segundo ele, se o professor 
partir da teoria da unidade e utilizar-se dos “dons” e “ocupações”, potencialmente 
poderá atingir êxito na educação de seus alunos. 
 
 
3.4 IDÉIAS PEDAGÓGICAS 
 
 
As idéias pedagógicas de Froebel reformularam a educação principalmente a 
voltada para as crianças pequenas, onde se inspirou no amor à criança e à 
natureza. A essência de sua pedagogia é de atividade, liberdade, construindo o novo 
a partir do conhecido. 
Segundo Froebel, a educação e o processo pelo qual o indivíduo desenvolve 
sua condição humana autoconsciente, onde todas as suas capacidades funcionam 
harmoniosamente em contínua relação com a natureza, a sociedade em que esta 
inserida e em unidade com Deus. É o que Froebel destaca nessa passagem: 
 
[...] conduza sua criança a agradar o fato como um todo espiritual assim, se desenvolvem as 
idéias dos membros e do todo, do individual e do universal – eduque sua criança deste modo 
e como resultado da sua educação ela irá reconhecer a si mesma como um membro vivo do 
todo e saberá que a vida espelha a vida de sua família, de seu povo, da humanidade, do ser 
vivo de Deus, Deus que trabalha para que tudo e todos tenham atingido um a visão clara da 
vida universal, o objetivo da consciência dele será manifestada nos seus pensamentos, 
sentimentos, nos seus relacionamentos e nos seus feitos, através desta autoconsciência ela 
irá aprender a entender a natureza, a experiência humana e a sua própria alma. Sua vida 
individual flui com as correntes da natureza e da humanidade [...] (Froebel, 1895, pág. 60) 
 
Portanto as instituições de educação infantil devem propiciar uma educação 
que leva o ser humano a compreensão e o respeito de si mesmo, a paz com a 
natureza, e, dando condições para que eles consigam a manifestação e a expressão 
externa do “eu” de necessidades e interesse existentes no interior de cada indivíduo. 
Para Froebel a educação deve ser progressiva e gradual, levando em 
consideração as necessidades dos educandos, onde cada etapa da infância deve 
ser considerada como única e o conhecimento que a criança traz consigo deve servir 
como alicerce para o processo educacional, onde o novo deve partir do anterior 
integrando-os e ligando-os aos posteriores. Pois como as folhas e ramos de uma 
árvore estão unidos ao caule, assim a educação deve respeitar a natureza básica ou 
simples da criança, então as atividades devem estar integradas e seguindo a 
progressão gradual, ou seja, partir do simples para o complexo, do real para o 
abstrato, usando o conhecido para compreender o novo. 
Segundo Froebel o novo deve brotar do velho respeitando dessa maneira o 
desenvolvimento orgânico da criança e ele explica estas concepções da seguinte 
maneira: 
 
[...] com objetivo de uma instrução viva e vivificadora e estimulante da vida é muito importante 
notar o momento, o lugar adequado para a introdução de um novo ramo de instrução. O 
caráter distintivo de um natural e racional. [...] O tema de instrução está no encontro e fixação 
deste ponto, portanto toda a atenção do professor deve dirigir-se para estes pontos irrupção 
de novos de instrução. (FROEBEL, 1825. EBY 1976). 
 
Para Froebel todas as atividades que levam à aprendizagem estão 
relacionadas com a vida em sociedade e a família é a primeira instituição social e ao 
mesmo tempo educacional pois os indivíduos que as integram formam uma unidade 
completa, onde as primeiras lições representam a transmissão de valores culturais 
em que estão inseridos. Na passagem a seguir Froebel mostra a importância da 
família para o desenvolvimento pleno das crianças e sua inserção na sociedade. 
 
Somente o tranqüilo e recluso santuário da família pode nos devolver o bem estar da 
humanidade. Com a constituição de cada família nova, é lançado o apelo à humanidade e 
cada ser humano, individual, para representar a humanidade em puro desenvolvimento, para 
representar o homem em sua pureza ideal [...] A finalidade e objetivo do cuidado dos pais 
com as crianças no círculo familiar é, pois despertar, desenvolver e estimular todos os dons 
naturais da criança. (FROEBEL, 1825. EBY 1976). 
 
Em sua concepção pedagógica Froebel ainda ressalta que a contemplação da 
natureza faz com que a criança reconheça que faz parte de algo maior. A 
humanidade e o reconhecimento do Criador (Deus) e todas as suas criações. 
Froebel também enfatiza o papel da mediação para extrair da criança todas 
as suas potencialidades, por meio de atividades automotivada, pois para ele o 
objetivo da educação é extrair da criança sempre mais e não apenas colocar 
conhecimento dentro dela. 
Froebel foi um educador único com idéias e propostas para, além de seu 
tempo, pois suas idéias pedagógicas influenciaram muitos educadores e as 
melhores tendências atuais sobre educação parecem culminar no que foi feito ou 
dito por Froebel, que mesmo numa época, que não existia o auxílio das ciências 
psicológicas e pedagógicas, conseguiu estruturar um modelo pedagógico que via a 
criançacomo um todo, respeitando-a, valorizando-a como ser único, “sementes que 
Deus deu para a humanidade”. E como a humanidade está em processo constante 
de desenvolvimento a educação é o meio essencial para sua evolução. 
 
 
3.5 CONCEPÇÃO DE HOMEM 
 
 
 Froebel concebe o homem como um organismo espiritual em equilíbrio com o 
psicológico e o físico e seu desenvolvimento é realizado por etapas que estavam 
interligadas e as etapas por ele descritas foram: infância; puerícia; meninice; e 
maturação; mas, não delimitou-as por idade e sim por objetivos educacionais e só 
quando um indivíduo atingia o pleno desenvolvimento máximo de suas 
potencialidades, onde cada fase é uma preparação para a seguinte como segue: 
 
[...] O desenvolvimento vigoroso e completo e o cultivo de cada fase sucessiva depende do 
desenvolvimento vigoroso, completo e característico de cada uma de todas as fases 
anteriores da vida. O menino não se tornou menino, nem jovem se tornou jovem, atingindo 
certa idade, mas apenas por ter vivido através da infância e, mais adiante, através da 
meninice, fiel às exigências de sua mente seus sentimentos e seu corpo. (FROEBEL, 1825. 
EBY 1976). 
 
A infância é a fase em que a criança precisa de “cuidados protetores”, sendo 
assim, nessa fase Froebel, concebe a criança como um “broto vivo surgindo do 
ramo” e deve-se estar atento pra que a criança desenvolva sua coordenação motora, 
seus sentidos da audição e visão, pois através destes que a criança percebe o 
mundo que a cerca, a linguagem também deve ter uma atenção especial. 
Puerícia começa com o desenvolvimento da linguagem, e é, nessa fase que a 
criança começa representar as coisas que a cercam, nomeando-as e expressando o 
que tem no seu interior. Froebel explicita essa fase na seguinte citação: 
 
[...] tão logo a atividade dos sentidos do corpo é desenvolvida a tal ponto que a criança 
começa por atividade espontânea a representar externamente o mundo interior, a fase da 
infância no desenvolvimento cessa e começa a puerícia. (FROEBEL, 1825. EBY 1976). 
 
Nessa fase a criança se expressa por meio da linguagem do brinquedo e da 
percepção do seu corpo depois por meio de objetos. 
 Meninice, conhecida como fase pré-formal ou escolar, onde o ambiente 
exterior exerce uma influência maior e a auto-expressão toma forma de atividades 
construtivas, intencionais e dirigidas para que a aprendizagem ocorra. 
 Mocidade e maturação nestas fases, o indivíduo toma consciência do seu 
próprio ser, define objetivos avalia resultados, primeira (mocidade) sua 
personalidade está se formando, na segunda (maturação) está formada, torna-se 
capaz e começa a buscar a perfeição. 
 
 
3.6 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA 
 
 
Ao discutir educação é impossível desvinculá-la da concepção de criança que 
cada teoria aborda e segundo a teoria froebeliana a criança é concebida como um 
ser repleto de potencialidades sendo a semente do futuro que traz dentro de si tudo 
aquilo que poderá vir a ser o norte de toda a atividade que está por ser realizada, 
onde a infância é reconhecida como a fase essencial da vida do homem. 
Froebel faz uma relação entre as crianças e as plantas de um jardim, pois se 
ambas, desde pequenas (sementes) receberem, cuidados de mãos habilidosas, se 
fortalecerão, crescerão e darão bons frutos, descobrindo seu eu, suas habilidades e 
sua essência como ser humano. 
 Segundo Froebel a criança só atinge seu autoconhecimento se forem 
oferecidas a ela condições para desenvolver sua “força autogeradora“ ou seja, se 
nela for despertado o seu interesse, sua curiosidade e o desejo de aprender. E isso 
deve ser feito por meio de atividades espontâneas que lhe seja real, isto é, a partir 
daquilo que já conhece, para que isso aconteça, ela precisa experimentar, explorar e 
estruturar o desconhecido, para torná-lo conhecido e integrando-o a sua realidade. A 
partir dessas ações a criança desenvolverá o que se chama função simbólica, ou 
seja, a capacidade de representar mentalmente por meio de símbolos a realidade 
que o cerca. Esses símbolos podem ser, desenhos, jogos, brincadeiras. A linguagem 
oral, gestual ou escrita. 
 Froebel defendia o desenvolvimento da autoconfiança, pois só a partir desta é 
que a criança irá se arriscar, criar, construindo assim sua identidade, autonomia e 
individualidade e isso levaria a criança a conhecer a si mesma e o mundo que a 
cerca, onde a educação iria conduzir e cultivar nas crianças suas “tendências 
divinas” e quanto mais perto estiver de sua expressão “divina”, da realização de seu 
potencial, mais ela caminhará na realização futura do homem em suas atividades, na 
busca do desenvolvimento contínuo da humanidade, descobrindo seu eu, suas 
habilidades e sua essência como ser humano. 
 
 
3.7 A CONCEPÇÃO DE PROFESSOR SEGUNDO FROEBEL 
 
 
Froebel dá um papel primordial à mulher destacando-a como educadora em 
potencial e pela sua habilidade de educar dentro e fora do lar, pois a mulher 
segundo ele é possuidora da capacidade biológica da maternidade e por isso, sabe 
respeitar o desenvolvimento natural da criança. “Pois no cuidado da criança na 
primeira fase da vida, baseado na vida e na índole feminina, está criado o 
fundamento e a direção de toda a vida futura da pessoa” (FROEBEL 1844/45, 
Conrad 2000). 
 Segundo Froebel as crianças eram como plantinhas de um jardim, onde o 
educador deveria assumir o papel de jardineiro, sendo responsável pelo crescimento 
adequado, respeitando a natureza e a espontaneidade do aluno. 
 Para Froebel o professor é o alicerce do trabalho escolar e terá a função de 
mediador com a habilidade fundamental de observação para acompanhar e levantar 
elementos importantes na mediação da atividade. E seu interesse deve estar focado 
no desenvolvimento das potencialidades das crianças. O professor deve ser “ativo” 
manifestando suas habilidades técnicas como: organizar o ambiente, apresentação 
sábia da matéria, passar sua experiência para desenvolvendo ações de cooperação 
entre as crianças e o professor, pois a cooperação e base para se trabalhar o 
comportamento dos alunos, onde o desenvolvimento infantil deve ser acompanhado 
com paciência e respeito pela manifestação espontânea da mesma. 
 
[...] todo o aconchegante amor de mãe procura despertar o sentimento de comunidade entre 
a e o pai, irmão e irmã. O qual é tão importante. [... adicionando assim esse senso do que é 
comunidade como um germe glorioso do desenvolvimento, o amor da mãe busca também 
através deste movimento conduzir a criança a sentir sua própria vida interna pulsando.] 
(FROEBEL, 1887, Apud ARCE 2002.) 
 
Assim a educadora por meio de sua sabedoria, observa cada momento, as 
atividades propostas, orientando, estimulando, transmitindo valores morais, culturais, 
espirituais e sociais dando assim uma base para que a criança usasse como 
referência durante toda sua vida. 
 
 
3.8 MATERIAIS IDEALIZADOS POR FROEBEL 
 
 
 FROEBEL foi o primeiro educador a idealizar materiais e recursos 
pedagógicos sistematizados enfatizando, brinquedos, brincadeiras, jogos, músicas e 
histórias. Dentre esses muitos foram criados por Froebel e tinham como objetivo 
fazer com que as crianças pudessem se expressar. Os recursos pedagógicos foram 
divididos em dois grupos “dons” ou “ocupações”. “[..] os dons seriam uma espécie de 
presente dado às crianças, ferramentas para ajuda-las a descobrir seus próprios 
dons, isto é, descobrir os presentes que Deus teria dado a cada um deles”. (ARCE, 
2001, p.193) 
 Os dons são materiais que não mudam de forma como cubo, cilindros, bolas, 
bastões e tabuinha que eram utilizadas em brincadeiras, possibilitam à criança 
construções variadas, partindo do imaginário para o real ou do real para o 
imaginário, isto é, usando os “dons” as crianças constroem objetos que fazem parte 
do seu cotidiano como: camas, estradas, casas, etc. 
 Segundo Froebel ao observar a criança trabalhando com os“dons”, o 
professor ou outro adulto consegue compreender quais áreas despertam maior 
interesse na criança e assim direcionar um trabalho nestas áreas para que as 
atividades com os “dons” sejam mais produtivas. 
 Para Froebel as atividades com os “dons” devem ser organizadas de acordo 
com os seguintes momentos: primeiro deixar que as crianças manipulem os 
materiais “dons” de maneira mais livre possível, deixando que ela crie de acordo 
com seu interesse e, segundo Froebel, neste momento a criança cria aquilo que faz 
parte do seu cotidiano como: casinhas, camas, animais, etc. 
 No segundo momento deve-se trabalhar explorando as formas geométricas e 
partindo dos conhecimentos prévios, adquiridos através das manipulações 
anteriores, deve-se ênfase a conceitos como: forma, volume, tamanho, quantidade e 
densidade. 
 Segundo Froebel deve-se ser desenvolvidas atividades de linguagens, 
ligando o nome das formas aos objetos com as respectivas formas. Em seu livro 
“Pedagogia dos Jardins-de-Infância” (FROEBEL, 1917) ele apresenta os dons 
descrevendo-os detalhadamente, incluindo as instruções de como os “dons” podem 
ser melhores aproveitados. 
 Primeiro dom uma bola, seguida de seis bolas menores e macias, nas cores: 
vermelha, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Segundo Froebel, este dom como 
todos ou outros, deve ser apresentado à criança, numa primeira etapa, ligando o seu 
uso às coisas do “cotidiano”, onde a criança é levada a observar determinadas 
situações como: animais num parque, comparando seus movimentos aos possíveis 
movimentos que poderiam ser realizados com a bola. A criança deveria explorar 
esse dom exaustivamente, para só depois o professor começasse explorar os 
conceitos matemáticos encontrados em uma bola. 
 Segundo “dom” composto de uma bola de madeira, um cubo do mesmo 
tamanho e um cilindro. Segundo Froebel as atividades com esse dom devem ser 
idênticas a do primeiro “dom”, com a diferença que nesse momento dever ser 
acrescentado novas formas comparando o novo com o familiar. 
 Terceiro “dom”, um cubo grande dividido em oito cubos pequenos e por meio 
da manipulação desses as crianças poderiam criar vários objetos. Esse “dom” , 
como os outros, vinha acompanhado com figuras desenhadas de vários objetos que 
poderiam ser construídos usando esse material (dom). 
 Quarto “dom” se tratava de um cubo grande dividido em oito tabuinha planas 
e iguais entre si. Cada tábua correspondia a uma oitava parte da área total do cubo. 
Esse “dom” permitia que as crianças criassem diversas formas . Este dom vinha 
acompanhado de cem cantos, rimados e interpretados, como este: 
 
[...] como o cubo eu fico aqui no meu lugar; 
como superfície agora eu mostro meu rosto; 
ainda sempre sou o mesmo. 
Eu gosto desse jogo bonito. 
Agora sem demora. 
Divida-me em sua brincadeira; 
Fazendo rapidamente, 
Mas, contudo cuidadosamente, 
Duas partes bastante iguais. (FROEBEL, 1917. Apud ARCE, 2002) 
 
 Froebel afirmava que enquanto a professora cantasse essa rima, deveria ir 
dividindo o cubo todo em duas partes iguais. A divisão poderia ser feita 
horizontalmente ou verticalmente. Enquanto a professora canta, deve-se fazer 
passar pelo cubo, dando vida a esse objeto, dando a impressão que fosse o cubo 
que estivesse falando com as crianças. 
 
“[...] De cima se você me dividir, 
as duas metades ficarão em pé; 
se você me dividir pelo meio, 
Metades deitadas, encontrarão sua vista. 
Em posição, não são as mesmas, 
Cada uma é como a outra metade.” (FROEBEL, 1917, Apud ARCE, 2002) 
 
 Segundo Froebel, as atividades com o quarto dom, devem ser dirigidas e 
mediadas atentamente pelo professor, onde a criança deve ser levada a 
compreender os conceitos matemáticos que poderiam ser encontrados. 
 A partir do “quarto dom” as atividades começam ser dirigidas através de 
cópias de figuras já prontas ou por intermédio da mediação do professor. 
 Quinto dom, composto de um cubo grande dividido em 27 cubos menores, 
entre os quais alguns estão divididos no sentido diagonal. 
 Sexto dom, consistia em 27 tábuas planas de diferentes tamanhos que 
quando colocadas umas sobre as outras e completando com as menores formavam 
um cubo grande e que estão sendo interpretada nessa rima: 
 
 [...] Coloque uma metade sobre uma metade 
 deite uma metade ao lado de uma metade 
 uma forma longa esta deve ser; 
 com tudo forma e tamanho iguais se mostram em 
 cada posição como nós conhecemos [...](FROEBEL, 1917, Apud ARCE, 2002) 
 
Sétimo dom, trata-se de vários triângulos coloridos e a ênfase dada a esse 
dom era o estudo das formas planas. Este dom, segundo Froebel leva a criança à 
exploração das formas planas, geométricas, e a identificação das cores. 
 Oitavo dom constituía-se em diversas formas geométricas (conhecidas hoje 
em dia como o material USINAIRE), através da manipulação desse dom, as 
crianças construiriam as mais diversas formas e objetos. 
 Nono dom era composto de muitos círculos feitos de cobre, entrelados entre 
si, formando uma corrente, era usado juntamente com o oitavo dom. 
 Décimo dom, composto por diversos materiais como tabuinhas, bastões, 
caixas de diferentes tamanhos e formatos. Esse material permitia que a criança 
explorasse diversos tipos de materiais ao mesmo tempo. 
 Segundo OSBORN (1991: So Apud. ARCE, 65) os seis primeiros dons 
trabalhavam com o concreto e os últimos quatros exploravam e davam ênfase para o 
abstrato, estudando a geometria e a álgebra, e, segundo Froebel deveriam ser 
utilizados a partir dos 10 anos. 
 É interessante destacar que os “dons” foram elaborados para que a criança 
pudesse interiorizar e exteriorizar seus conhecimentos. Como explica Froebel citado 
por ARCE: 
 
[...] o anseio mais profundo da vida interna é se ver espelhado em algum objeto externo. E 
através de tal reflexo a criança aprende a conhecer sua atividade, essência, direção e 
objetivo, e aprende também, a ordenar e determinar sua atividade em correspondência com o 
fenômeno externo. Tal como refletir a vida interna, fazer chegar o erro na fonte. É essencial 
que através disso a criança conscientize-se e aprenda a ordenar, determinar e se controlar. A 
criança deve perceber e manter sua própria vida em uma manifestação objetiva antes que ela 
possa percebe-la e mantê-la nela mesma. Esta lei de desenvolvimento, pré-escrita pela 
natureza e pelo caráter essencial da criança, deve sempre ser respeitada e obedecida pelo 
educador verdadeiro, seu reconhecimento é o objetivo dos meus “dons” e jogos. Os 
fenômenos externos da vida ativa da criança não devem ser considerados externamente e 
isoladamente pelo educador, eles devem sempre ser estudados em suas relações com a vida 
interna, como procedendo ou recuando dela. (2002 p. 62-63) 
 
Os dons eram trabalhados juntamente com as “ocupações” e, através destas 
poderiam ser representados, trabalhando a interiorização e exteriorização dos 
“dons”. 
 As ocupações eram materiais que se modificavam com o uso (argila, areia, 
lápis, papel, linhas, sementes) e eram utilizadas em atividades de modelagens, 
recortes, dobraduras, colagens e alinhavos em cartões com diferentes desenhos. As 
crianças montavam também colares utilizando contas ou sementes perfuradas. Além 
dessas, há outras que estimulavam a iniciativa das crianças nas atividades formais. 
 Jogos, histórias e canções, completam a listagem de matérias que 
acompanhando os “dons” e as “ocupações” se articulam via à mediação do 
professor. 
 Por meio dos jogos, são trabalhadas as regras, a forma de utilização, 
delimitações de ações. Capacitam a criança a atuar de modo independente, dentro 
de certos limites e regras. Conforme explica Froebel citado por ARCE: 
 
[...] o objetivo do jogo consiste na atividade simplesmente; seu objetivo descansa agora em 
um definido e consciente propósito, ele procura a representação em si ou

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