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Reformas Processuais Penais

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Matéria: Reformas Processuais Penais 
- Introdução:
 Nessa aula serão estudadas as transformações do sistema Processual Pena, seus princípios, garantias e regras constitucionais informadoras, as questões controvertidas e os conflitos de Direito Internacional com vistas à investigações das praticas penais e respectivas compreensão critica da realidade atual, pois, a partir desta , torna-se, possível a reflexão sobre o caráter histórico de constituição de responsabilidade em conformidade com o Estado de Direito.
- Histórico:
 Na Roma antiga, o Estado não se metia nos conflitos de ordem Penal. Cabe ressaltar que não havia intervenção do Estado, uma vez que todo conflito e interesse penal era tratado de forma privada, assim sendo, a vitima e o infrator escolhiam o juiz para julgar o conflitos Penal entre as partes, e esse juiz era escolhido aquele que tivesse mais poder e influência social na localidade que morava. Com isso uma vez que surgia a figura do juiz, surgia também a figura do pretor.
*PRETOR – (O pretor sim era uma pessoa letrada o que significa (estudada), tendo uma formação jurídica, sua função era auxiliar o juiz escolhido pelos litigantes quando do julgamento. No entanto, pelo fato de ser escolhido pelos contendores, apesar de ter conhecimento técnico).
 A participação do Estado na área CRIMINAL começou ou se deu surgimento na Idade Média e juntos com ela também veio o surgimento o Sistema inquisitório. Tendo em vista para se trata de um sistema conhecido por reunir as funções de causar e de julgar no mesmo órgão estatal.
 E cabendo ressaltar que nesse contexto, o contraditório e ampla defesa eram absolutamente inexistentes, porque estavam desvestidos de qualquer efetividade.
 Diante disso não podemos esquecer que esse sistema perdurou até a Revolução Francesa, onde surgiu o Sistema Acusatório. No entanto o estado continuou a intervir nas questões criminais, porém a partir daí iriam regular os conflitos criminais perante dois órgãos, um que se incumbia da acusação, ou seja, o Ministério Público. Pode ser dizer que incrementou o sistema acusatório, assim trazendo um órgão exclusivamente para o âmbito acusatório.
OBS: No entanto no que se refere ao Sistema Acusatório não veio apresentar o termino do Sistema Inquisitório, pois na verdade é muito difícil termos um Sistema Acusatório puro.
 Cabe falar que o sistema acusatório em destaque o nosso ele e hibrido ou misto, por se tratar de sistemas com preocupações acusatórias, mas não podendo esquecer que ainda com várias reminiscências inquisitivas. 
 Em questão do sistema acusatório o que temos mais perto de um Sistema Acusatório puro em termos de experiencias mundial foram os juizados de instrução. Esses tipos de juizado existem em países Europeus como Portugal e Itália. Pois e nesses que existe o maior rigor, dois juízos, que é o juiz que acompanha a investigação de perto e o outro juiz com o papel do julgador que é aquele que intervém quando a denúncia foi dada ou admitida.
OBS: Existes três tipo de Sistema Processual Penal a serem estudados, primeiro o Sistema acusatório, segundo Sistema inquisitório e o terceiro que é e o Sistema Misto que trata acima que foi dado diante a revolução francesa. 
 - SISTEMA ACUSATÓRIO
 Esse modelo de sistema é o que mais se aproxima do sistema acusatório puro, porque a sentença será prolatada por um juízo que adentra aos outros complementares imparcial, sem qualquer juízo de valor já pré-concebido uma vez que toda a investigação criminal preliminares contou com a intervenção de um juiz, chamado de juiz intretor, que exerce a sua competência no momento de receber ou rejeitar a denúncia. 
 Rejeição da denúncia significa a extinção daquele procedimento de acusação.
- SISTEMA BRASILEIRO (PARTE 1)
“O Sistema brasileiro pretende ser acusatório tem preocupações próprias de um sistema acusatório, mas apresenta tantos traços inquisitivos que se torna misto ou híbrido”. 
 -Temos que dar atenção, pois muitos autores brasileiros cometem um equívoco terminológico ao falarem que é um sistema acusatório, mas com muitas remanescias inquisitórias. Isso porque a reforma do CPP trouxe mais traços inquisitórios para o nosso sistema acusatório.
- ATENÇÃO!: O Art156, I do CPP na forma da Lei n° 11.690/2008.
-No Brasil, não é possível falar em sistema acusatório puro, pois sempre (teve, passado) e continua tendo (presente) JUIZ “Lei n°11.690/08, art. 156, I”
 Cabendo ressaltar que o juiz tem uma prospera ativa ao longo de toda relação processual penal, ou seja, o juiz não adota uma postura contemplativa na relação processual, pois sendo adotada pelo juiz coleciona várias ordens oficiosos, sendo cujo exercício não vai defender de qualquer provocação das partes.
 É óbvio, porque se o juiz, ao longo do inquérito, conheceu todas as medidas cautelares repressivas e deferiu todas, até é natural, por uma questão de vaidade intelectual, que é inerente ao ser humano que se busque uma condenação que vai chancelar todas as medidas cautelares repressivas e probatórias que ele próprio deferiu. E é isso que acaba enfraquecendo demasiadamente o nosso sistema acusatório.
 No entanto, pode-se dizer que até o momento, os traços inquisitórios do sistema acusatório pátrio foram chancelados pelo STF e pelo STJ, que não identificam qualquer comprometimento da imparcialidade do juízo. No tocante aos poderes cautelares oficiosos, pelo fato deles se pautarem numa cognição apenas sumária, encerrariam uma valoração precária (rebus sic stantibus), e então não seria possível se extrair daí qualquer pré-julgamento.
 - SISTEMA BRASILEIRO (PARTE 2)
 Como já dito anteriormente, os traços do sistema inquisitório foram mantidos pela Lei nº 11.719. O Artigo 384 do CPP, que traz a figura do aditamento provocado, ocorre quando surge ao longo da instrução um fato novo. Sendo um sistema acusatório puro, o MP reconheceria esse fato novo e espontaneamente aditaria a denúncia para já incluir aquele fato novo, porque ele é a acusação. No entanto, o Artigo 384, embora reformado pela Lei nº 11.719, conservou a provocação. Assim, estabelece o § 1º que se o MP não proceder ao aditamento, haverá a aplicação do Artigo 28 do CPP, ou seja, temos o juiz provocando e controlando o aditamento. E esse artigo, já reformado, foi chancelado pelos tribunais superiores, mas houve uma ressalva para que essa interferência não acontecesse desmedidamente, que seja aplicada excepcionalmente.
 Já a doutrina tenta, para purificar o sistema acusatório, implementar um juízo de instrução. Para tanto, sustenta que a partir do momento que o juiz decreta de ofício uma medida cautelar, requisita a instauração de inquérito, ou interfere na acusação, via Artigo do CPP, via aditamento provocado, é certo que já se manifestou antecipadamente a respeito de questões fáticas e jurídicas pertinentes à demanda, e com isso comprometeu a sua imparcialidade, tornando-se impedido de prosseguir na demanda, nos termos do Artigo 252, III, do CPP, fazendo-se uma interpretação ontológica, teleológica deste artigo.
 No entanto, em se tratando de poderes cautelares oficiosos do juiz cumpre distinguir: quando pré-processuais, serão inconstitucionais, conduzindo ao seu impedimento nos termos acima narrados porque é o juiz exercendo um papel ativo ainda no inquérito policial, que é inquisitório, intrometendo-se diretamente na atuação repressiva do Estado (autoridade policial e MP); já incidentalmente ao processo, tais poderes são constitucionais, eis que decorrentes do poder geral de cautela do juiz que enquanto condutor do processo é o maior interessado em garantir a efetividade da prestação jurisdicional.
 A seguir, entraremos no estudo dos princípios processuais penais. Antes de iniciarmos, cumpre destacar nesse estudo que o mesmo deverá ser feito de forma integrada e não independente, tal como faz a doutrina. Isso porque os princípios não devem ser pensados como se fossem compartimentos estanques. Ao contrário, eles se integram e, muitas vezes, são consequência, ou umé pressuposto do outro.
- DEVIDO PROCESSO LEGAL – ART.5°, LIV, DA CR.
 
Ninguém será despido dos seus bens, nem de sua liberdade sem perpassar por um devido processo legal. Logo inicialmente, o devido processo legal admite duas formas de abordagem. Uma estritamente formal e a outra, que é a mais interessante: material (prova).
 O devido processo legal, na sua concepção estritamente formal, significa a observância do procedimento previsto em lei. Ou seja, numa acepção estritamente formal, o devido processo legal será respeitado desde que seja observado o procedimento previsto em lei. Só que essa acepção apenas formal do devido processo legal não mais se emprega. Hoje se pensa não só num devido processo legal do ponto de vista formal, mas sobretudo do ponto de vista substancial ou material, ou seja, vai se exigir um processo legal que não se mostre indevido. Isto é, um processo legal que seja sinônimo de processo justo, assegurando a máxima efetividade às garantias constitucionais, processuais. Portanto, um devido processo legal, como sinônimo de processo justo, de processo que não seja indevido, é aquele no qual se dê máxima efetividade às garantias constitucionais, processuais.
-PILARES DO GARANTISMO
Para trabalhar de forma justa, um processo deve trabalhar com os quatros pilares do garantirismo 
Máxima efetividade às garantias constitucionais processuais: 
-Imparcialidade do juízo: A partir do momento em que temos um sistema acusatório híbrido, um sistema acusatório misto, não se pode dizer que a imparcialidade do juiz está inteiramente preservada, como prega e exige o devido processo legal como sinônimo de processo justo.
 Assim, as notas inquisitórias previstas no nosso sistema acusatório impedem que seja concretizada uma das metas do garantismo processual penal que é a imparcialidade do juiz.
-Busca incondicional da verdade: A busca incondicional da verdade encontra-se relativizada no nosso processo penal, mas isso será estudado na abordagem ao princípio da busca da verdade material ou substancial, que também se encontra relativizado.
E como compatibilizar a esse devido processo legal as chamadas medidas cautelares inominadas? Porque o Artigo 5º, LIV, da CR é muito claro ao estabelecer que ninguém será despido dos seus bens, nem da sua liberdade se não houver um devido processo legal. Isso significa dizer então que ao menos em princípio, qualquer medida cautelar restritiva de direitos tem que ter previsão em lei. Portanto, para que se tenha um devido processo legal como sinônimo de um processo justo, é preciso garantir a paridade entre as partes. Portanto, é preciso dispensar às partes tratamento igual. No entanto, a relação processual penal é naturalmente desproporcional por ser um duelo que tem de um lado o Estado com todo um aparato repressivo e de outro lado, nós temos simplesmente o réu e o seu advogado. E assim sendo, a isonomia pede que as partes, em situações jurídicas distintas, recebam um tratamento desigual, porque igualdade significa tratar desigualmente desiguais na proporção em que se desigualam. Então, se a relação processual penal é naturalmente desigual, necessário é encontrar meios para ao menos minimizar essas desigualdades, garantir o equilíbrio do duelo e garantir, portanto, essa paridade.
- Respeito à vítima: O respeito à vítima foi positivado na reforma do CPP, no novo Artigo 201, modificado pela Lei nº 11.690/2008, que apresenta sensíveis preocupações com a vítima. Exatamente a preocupação de dar a ela um papel mais ativo no processo penal. Nesse sentido, pode-se destacar o Artigo 201, §§ 2º e 3º. O parágrafo segundo porque prevê que em respeito à vítima esta deve ser comunicada da saída e do ingresso do réu do estabelecimento prisional, deve ser notificada das audiências, apesar desta última determinação ser desnecessária pelo fato de sua necessidade em prestar seu depoimento. O parágrafo terceiro determina que a sua intimação deva ser pessoal, salvo se ela optar por ser intimada via correspondência eletrônica, via correio eletrônico, mas a opção é dela, ser intimada da sentença condenatória ou absolutória de todos os demais acórdãos que venham a modificá-la ou confirmá-la.
 Essas inovações trazidas pela Lei nº 11.690 inegavelmente existiram para positivar esse postulado garantista, para reforçar o devido processo legal como sinônimo de processo justo.
 - PRINCÍPIO FAVOR REI OU FAVOR LEBERTATIS:
-Por força da isonomia, surge um subprincípio: Favor rei ou favor libertatis. 
 Segundo o princípio do favor rei ou favor libertatis, confere-se ao acusado um gama de benefícios processuais que tem por escopo minimizar a natural desigualdade existente entre o Estado e réu, de maneira a permitir uma paridade de armas. 
 O próprio nome do princípio já é indicativo, favor rei, favor libertatis. Favor rei porque remete à ideia de favor real. É o Estado soberano através do poder Legislativo confiando ao réu uma série de benesses, uma série de favores processuais penais, a fim de diminuir a natural desigualdade, natural desproporção que temos na relação processual penal entre Estado a acusado. E favor libertatis porque são favores que tem como destinatário o réu, e, portanto, tem como destinatário a sua própria liberdade. Veja exemplos:
-ATENÇÃO! O Artigo 386, VII, do CPP é fundamento para uma sentença absolutória não existir prova suficiente para a condenação. Outro exemplo é o Artigo 609, parágrafo único, do CPP, em que os embargos infringentes ou de nulidade são recursos privativos da defesa, ou seja, o legislador reservou um recurso somente à defesa. Antes de recorrer especialmente ao STJ, ou recorrer extraordinariamente ao STF, o réu terá oportunidade de tentar antes mais um recurso, embargos infringentes e de nulidade, objetivando que aquele voto vencido possa prevalecer. Em obediência a esse princípio, pode-se mencionar também o Artigo 626, parágrafo único, do CPP, que veda a revisão criminal pro societatis.
- Questão interessante a se destacar é a possibilidade de ser prever que o princípio em estudo possui chancela na Constituição: Vejamos:
O acórdão denegatório de HC desafia recurso ordinário constitucional ao STJ, se proveniente de Tribunal inferior (Artigo 105, II, a da CR) ou ao STF se a decisão for proveniente de Tribunal Superior (Artigo 102, II, a da CR). Assim, a contrário sensu, se o acórdão for concessivo da ordem de HC desafiará recurso especial (Artigo 105, III, da CR) ou extraordinário (Artigo 102, III, da CR) cujos requisitos de admissibilidade são vários, como prequestionamento, mostrar manifesta violação à lei federal no caso de recurso especial, a jurisprudência do STJ, ou no caso de recurso extraordinário, ofensa à CR, sem contar a própria repercussão geral. Assim, é nítido que é mais fácil recorrer de um acórdão denegatório ou da ordem de HC. Ficou nítido o tratamento diferenciado em prol da defesa.
 “No entanto, podemos observar que a Lei n° 11.690/20008, ai inserir o inciso II, no Art. 156, do CPP, acaba por violar o princípio aqui estudado, visto que permite ao juiz realizar diligências de ofício para dirimir dúvidas sobre ponto relevantes. A questão que se coloca é a seguinte: se, na dúvida, o juiz deve absolver o réu, como ele pode realizar diligências para dirimir dúvidas?”
- PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO ART. 5°,LV, da CR.
O princípio em estudo exige ciência e participação efetivas das partes ao logos de todos o evolver processual, de sorte que a sentença final expressará não só o trabalho intelectivo do juiz, mas também das partes. Ou seja, as partes têm que participar ativamente do processo, de maneira tal que a sentença final vai refletir não só no trabalho intelectual desenvolvido pelo sentenciante, mas no trabalho desenvolvido pelas próprias partes. Isso é importante porque contraditório efetivo exige participação efetiva. 
- PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA, ART.5°, LV, da CR.
A ampla defesa também apresenta uma concepção formal e material. Não basta que um réu esteja formalmente defendido, o que significa tão somente que o réu estáregulamente assistido por um advogado ou por um defensor. É fundamental que o réu esteja também materialmente defendido. Ou seja, que a defesa técnica não se mostre omissa e que se mostre comprometida com a causa.
- PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ART. 5°, LIII, da CR.
 Diante descrito no artigo mencionado acima quer dizer expressamente que ninguém será processado e julgado a não ser pela autoridade.
 A garantia do juiz natural está pautada em regras de competência, gerais, impessoais, abstratas, que predeterminam um juízo competente para o processo e julgamento da causa. Na garantia do juiz natural o foco não é propriamente a pessoa do juiz, a pessoa física do juiz. Aqui o foco claramente é o órgão jurisdicional, pois sabe-se que a jurisdição em si é impessoal. Ou seja, quando se prolata uma sentença, tem-se uma sentença que foi prolatada não pelo juiz x ou pela juíza y, mas sim pelo órgão da 10ª Vara Criminal.
 Agora, se o foco é o órgão jurisdicional, uma coisa é certa, é fundamental que esse órgão jurisdicional não seja desnaturado, ou seja, que aquele órgão jurisdicional seja composto por magistrados próprios a ocupá-lo. Segundo a 5ª Turma do STJ (Informativo nº 357 do STJ), pautada também em precedentes do STF, é inadmissível à luz do princípio do juiz natural que uma câmara criminal seja composta majoritariamente por juízes convocados e não por desembargadores, já que descaracteriza a sua composição e por conseguinte, o órgão jurisdicional, aproximando-o das turmas recursais, estas compostas por juízes de 1ª instância.
- OBS: O princípio do juiz natural tem como referencial sempre o órgão jurisdicional, porque regras gerais, impessoais e abstratas de competência vão predeterminar o órgão jurisdicional competente para processar e julgar uma determinada demanda. Então, o nosso foco aqui precisa ser o órgão jurisdicional. Sendo assim, se pensarmos em uma Câmara Criminal composta majoritariamente por juízes convocados, essa Câmara Criminal está caracterizada, pois, qual é a justificativa? Que aquele recurso, que aquela apelação viesse a ser julgada por um colegiado de desembargador
- PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (PARTE 1) 
O Artigo 399, § 2º, do CPP estabelece que o juiz instrutor deverá sentenciar a causa. Aqui não estamos nos referindo ao juízo, mas ao juiz. Ou seja, na realidade, enquanto o princípio do juiz natural foca no órgão, o princípio da identidade física do juiz, como o próprio nome já indica, foca na pessoa do juiz.
O princípio da identidade física do juiz, pensado por Giuseppe Chiovenda e Machado Guimaraes, sempre foi associado à oralidade. Ou seja, na realidade, a identidade física do juiz é braço direito da oralidade. E se é braço direito da oralidade, em verdade encontra seu berço no devido processo legal. Isso fica fácil de se identificar pelo seguinte: oralidade pressupõe contato imediato do juiz com a prova, ou seja, quando se afirmar que a prova por excelência é oral é porque quando se colhe uma prova oral o juiz tem contato direto, imediato com a vítima, com as testemunhas. E a oralidade só tem valor se vier acompanhada da identidade física do juiz, pois não sendo ele o sentenciante, teremos um julgamento lastreado não em depoimentos orais, mas sim em transcrições de depoimentos. Ou seja, a identidade física do juiz é um instrumento garantidor da oralidade no processo. E a oralidade no processo evidentemente está inserida no devido processo legal.
O objetivo do princípio do juiz natural é a imparcialidade do julgamento, motivo pelo qual jurisdição, competência, impedimentos e suspeições encontram nesse princípio a sua raiz dogmática. Por outro lado, o princípio da identidade física do juiz tem por escopo a concretização da oralidade do processo, que só faz sentido se o juiz instrutor for o sentenciante, pois do contrário o sentenciante julgará com base em transcrições de depoimentos, dando azo a um procedimento escrito e não oral.
Existem algumas hipóteses nas quais esse princípio necessariamente será mitigado. A própria lei, em determinadas hipóteses, vai mitigar esse princípio e aí não há problema algum, porque o princípio da identidade física do juiz tem previsão infraconstitucional. Como tem previsão infraconstitucional, a lei pode excepcionar a si própria. A lei pode perfeitamente anunciar um princípio e anunciar mitigações a esse princípio. Duas desde já se mostram evidentes, que são as cartas precatórias e cartas rogatórias. Outras duas, não precisam ter previsão expressa em lei, pois decorrem inclusive da própria cessação da jurisdição, quais sejam, morte e aposentadoria, já que tais hipóteses perpassam pela cessação da própria jurisdição.
Outra mitigação prevista na própria Lei nº 11.719/2008 seria o Artigo 383, § 2º, do CPP, uma vez que estabelece que no caso de desclassificação da imputação para competência de outro juízo deverá o juiz processante declinar da sua competência em favor daquele juízo. Ou seja, se ao final da instrução, o juiz então processante proferir uma decisão desclassificatória e por força dessa desclassificação houver a competência de outro juízo, a lei determina expressamente que aquele juízo processante decline da competência para outro juízo. Se ele vai declinar da competência, significa que aquela causa será efetivamente sentenciada por um juízo que não presidiu a instrução.
Seria também mitigação ao princípio da identidade física do juiz este ser promovido a desembargador. Com a promoção, leia-se, investidura e posse ultimadas. Sendo assim, se ele já foi investido e empossado desembargador, ele agora passa a integrar o colegiado. A jurisdição de que ele ora dispõe é aquela inerente ao colegiado que integra, portanto, ele não tem praticamente poderes monocráticos.
- PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FISÍCA DO JUIZ (PARTE 2)
O princípio da identidade física do juiz não veio no CPP por acaso. Surgiu exatamente no momento em que se consagrou entre nós a oralidade no seu grau máximo. Não era assim. Antes havia uma instrução criminal que se arrastava ao longo de três atos. Ao pegar como referencial o rito ordinário, havia interrogatório, sumário de acusação, sumário de defesa, e ainda diligências, alegações finais e só então a sentença.
E foi a Lei nº 11.719 que consagrou a concentração máxima dos atos processuais. Consequentemente, deu-se máxima efetividade à oralidade. E aí entra o princípio da identidade física do juiz. Portanto, o legislador não agiu por um acaso. Ao contrário, o princípio da identidade física do juiz surgiu exatamente no momento em que a nossa legislação consagrou a oralidade máxima do processo penal, já que todos os atos instrutórios e decisórios ficaram reunidos em uma única audiência.
Uma questão que deve ser discutida é da possibilidade de aplicação do princípio da identidade física do juiz ao procedimento do Júri, 1ª fase. Por que isso? Quais seriam os argumentos contrários ao reconhecimento do princípio da identidade física do juiz no júri? 
- 1° ARGUMENTO - O primeiro argumento seria o Artigo 394, § 3º, do CPP, também motivado pela Lei nº 11.719/2008 que nos diz que nos processos de competência do Tribunal do Júri o procedimento observará as disposições estabelecidas nos Artigos 406 a 497 deste Código, ou seja, o legislador teria fechado o procedimento do Júri nos Artigos 406 a 497.
- 2° ARGUMENTO - O segundo argumento seria que na 1ª fase do procedimento do Júri haveria tão somente um juízo de admissibilidade da acusação, e portanto não se estaria diante do julgamento da causa propriamente dito.
Todavia, o Artigo 399, § 2º, do CPP é norma geral pertinente ao procedimento comum, logo aplicável subsidiariamente, nos termos dos parágrafos 2º e 5º do Artigo 394, a não ser que houvesse expressa disposição em sentido contrário, o que não ocorre, já que o Artigo 411 do CPP prevê oralidade máxima também na 1ª fase do procedimento do júri que, ao final, prevê sim a possibilidade de julgamento já que a par da pronúncia pode-se ter a impronúncia, a absolvição sumária ou a desclassificação, decisões essas que serão tomadascom maior acuidade caso o seu prolator tenha sido o instrutor.
Paralelamente à garantia do juiz natural, a doutrina também propõe o princípio do promotor natural. O princípio do promotor natural, segundo parte da doutrina, teria previsão no Artigo 127, § 1º, da CR, sendo um consectário lógico da própria independência funcional confiada aos membros do MP.
 No entanto, segundo o STF não vigora o princípio do promotor natural, não se podendo vislumbrar na independência funcional, na titularidade e na inamovibilidade manifestações desse princípio, pois na condição de órgão acusador é inerente ao MP a parcialidade, não havendo por que dispensar maiores preocupações com a isenção ou não da acusação, mesmo porque os pleitos ministeriais são concretizados ou não pelo juiz, este sim imparcial. Consequência dessa orientação: eventual violação ao princípio do promotor natural não gera qualquer nulidade.
- PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU CULPABILIDADE
o primeiro ponto a se destacar aqui é que esses princípios não são sinônimos (art.5°, LIV, da CR). E aqui infelizmente a nossa doutrina peca porque muitos autores anunciam o princípio da presunção de inocência, mas nas suas lições tratam presunção de inocência como presunção de não culpabilidade.
Segundo o artigo mencionado acima, ninguém será considerado culpado de um crime antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória. Pois bem. Quando se trabalha com a presunção de inocência, em verdade, trabalha-se com um sofisma. Pois se ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória é porque é inocente. Ou seja, a não antecipação da culpa importa no reconhecimento da inocência, até que sobrevenha uma sentença penal condenatória transitada em julgado. E aqui tem-se uma questão importante, pois se o artigo citado acima for interpretado como presunção de inocência compromete a constitucionalidade de praticamente todos os ônus processuais previstos no ordenamento, já que não se pode onerar o inocente.
Agora, em que pese muitos autores nos seus livros falarem em presunção de inocência, ou Estado de inocência, em verdade, estão trabalhando com presunção de não culpabilidade. Isso é a tônica nos Tribunais Superiores do país (STF\STJ) e nas Cortes Constitucionais europeias, ou seja, não só aqui como alhures, o Artigo 5º, LVII, isto é, a garantia de não ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, não é interpretada como uma presunção de inocência, mas sim como uma presunção de não culpabilidade, que tem uma diferença sutil: não ser considerado culpado não significa ser inocente. E é através dessa leitura que se salvaguarda a constitucionalidade desses ônus processuais.
Sendo assim, STF e STJ e as Cortes Constitucionais europeias interpretam essa garantia como presunção de não culpabilidade, ainda que por vezes se refiram nominalmente à presunção de inocência. Não ser considerado culpado não significa ser inocente, logo, são constitucionais os ônus processuais impostos ao acusado, desde que não traduzam antecipação expressa de culpa, materializada na antecipação de pena, eis que nulla pena sine culpa.
- PRINCIÍO DA VERDADE MATERIAL OU SUBSTANCIAL 
 Trata-se de uma utopia que tem por finalidade a prolação de uma sentença que se aproxime ao máximo da verdade mais factível. Já foi um dogma absoluto do processo penal, mas não é mais em vista dos mecanismos de justiça penal consensual.
A busca da verdade material hoje se mostra relativizada porque o legislador optou não só para as infrações de menor potencial ofensivo, mas também para infrações de médio potencial ofensivo (vide a suspensão condicional do processo) a possibilidade de termos mecanismos de composição consensual daquele conflito de interesses, seja entre os envolvidos, autor do fato e vítima (Artigo 74 da Lei nº 9099/95), seja entre o Estado-acusação e o autor do fato ou réu, respectivamente transação penal e suspensão condicional do processo. Ou seja, abdica-se de se buscar a verdade, em prol de uma composição consensual. E nesse aspecto, destaca-se aqui claramente uma preocupação não com uma justiça penal retributiva, mas sim com uma justiça penal restauradora porque voltada à restauração da paz social e do próprio suposto autor do fato.
- AULA 1 VIDEO AULA 
REFORMAS PROCESSUAIS AS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS DO PROCESSO PENAL
No que se refere a esse tema existe medida cautelares pessoais, porque temos também medidas cautelares reais que vem recair sobre a coisa. Tendo em vista que vamos estudar sobre as medidas cautelares pessoais que vem recair sobre o sujeito.
Antigamente a pessoa que era acusada de um crime ela só tinha duas opções ficar presa ou não. 
A sanção do legislador determina que vai ser feito que pode ser a prisão, mas como temos como sanção e a prisão. E quando se falar de prisão pena e quando se trata de ação penal que já transitou em julgado.
A sentença condenatória de segunda grau ela e um título suficiente para que um sujeito seja enviado para uma prisão pena.
O agente condenado apelo manteve a condenação em segundo grau esses agentes começa a iniciação da execução provisória da pena.
Hoje temos no que se refere em Direito penal antigamente antes mesmo da sentença condenatória penal a pena provisória tinha título cautelar mesmo que o agente venha a começar a pagar pelo seu crime, porém nos dias de hoje mesmo antes da sentença penal condenatória o agente começa a execução da sua pena provisória que com essa medida nos dias de hoje não possui mais o caráter cautelar. 
Medidas cautelares pessoais e tudo aqui que recai sobre a pessoa - antigamente só existia duas opções para o réu ou ele esperava o decorrer do processo em liberdade ou preso, pois não existia o meio termo nessa questão. 
-MEDIDAS CAUTELARES 
PRESSUPOSTOS DAS MEDIDAS CAUTELARES
(a) Fumus boni iuris ou fumus comissi delicti.
(b) Periculum in mora ou periculum libertatis -> quando a liberdade do agente vem causar dando para o decorrer do processo. Ai sim tem que ser retirado o direito de liberdade do agente.
Esses são os pressupostos para as medidas cautelares para assegurar o processo principal existe e ele não sofra nenhum tipo de interferência que ao final que ele gere uma consequência pratica.
A medida cautelar ela não goza de autonomia ela existe em um processo principal e para que ele tem um curso de forma correta se o agente gera um risco para esse processo vem a medida cautelar para que esse fato não ocorra.
Fumaça do cometimento do delito-
Não podemos esquecer que a regra e que o agente responda o processo em liberdade e a exceção é que o agente venha a responder o processo preso isso e tido e decretado pela constituição (pois sempre o agente e presumidamente e inocente)
Mas depois do decorrer do processo for dado o que o agente e culpado ai sim executará a prisão pena do mesmo.
-MEDIDAS CAUTELARES APLICÁVEIS NO PROCESSO PENAL:
ART.319, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX – CPP São medidas cautelares

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