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Bases da medicina por sistemas e aparelhos: Sistema digestivo Bases da medicina por sistemas e aparelhos: Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Sistema digestivo Gastroenterologia clínica DRGE “Doença crônica causada pelo refluxo do conteúdo estomacal e até mesmo duodenal para o esôfago e órgãos adjacentes, causando prejuízo na qualidade de vida” Fisiopatologia • Pressão torácica negativa e pressão abdominal positiva favorece a ocorrência do refluxo • Mecanismos de proteção o Junção esofagogástrica o Teoria dos dois esfíncteres – JEG + crura diafragmática ▪ Crura diafragmática é constituída por musculatura estriada e responde prontamente a estímulos ▪ JEG é constituída por musculatura lisa e responde mais lentamente a estímulos o Clareamento / clearence esofágica ▪ Mecânico – 90 a 95% da eficácia ▪ Químico – Bicarbonato salivar ou esofagiano distal o Defesa da mucosa ▪ Pré-mucosa – Limitação à entrada de H⁺ na célula ▪ Mucosa – Grânulos citoplasmáticos para tamponamento ▪ Pós-mucosa - Irrigação o Rápido turnover da mucosa Espectro clínico • Manifestações esofagianas típicas o Pirose – Ascendente, do apêndice xifoide até a fúrcula esternal o Regurgitação ácida VPP de 80%! o Queimação retroesternal – Fixa o Eructação o Náuseas e vômitos o Soluços o Empachamento o Epigastralgia • Manifestações extra/supraesofagianas – Presentes em menos de 20% dos casos o ORL – Faringite, rinite, otite e sinusite crônicas; alterações da voz; câncer de laringe; laringoespasmo; globus; pigarro crônico o Respiratórias - Tosse crônica, bronquite, bronquiectasia, asma brônquica, pneumonia de repetição em crianças e idosos, fibrose pulmonar o Orais – Halitose, aftas e desgaste do esmalte dentário dos incisivos Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Diagnóstico complementar • EDA – Diagnóstico em 35-40% dos pacientes o Formas clínicas ▪ Forma erosiva – Tendência maior a recidivas pós-tratamento ▪ Forma não-erosiva o Classificação de Los Angeles o Complicações – Estenose, esôfago de Barrett, etc • pHmetria de 24 horas para avaliação do tempo de exposição ácida, medindo a porcentagem de tempo de exposição esofágica a pH abaixo de 4 o Normal – Abaixo de 4,2% ▪ Posição ortostática – Abaixo de 6,3% ▪ Decúbito – Abaixo de 1,2% o Falsos negativos chegam a até 25% e podem estar ligados a outros tipos de refluxo, como o duodenogastroesofágico, ou a medidas comportamentais • Impedâncio-pHmetria de 24 horas • Radiografia contrastada de esôfago - Uso no diagnóstico diferencial • Manometria de esôfago • Nasofibrolaringoscopia – Suspeita de lesões de cordas vocais, câncer, etc Tratamento • Objetivos do tratamento o Fase aguda (2-3 meses) - Cicatrização de eventuais sintomas, alívio sintomático e melhoria na qualidade de vida o Fase de manutenção - Além dos objetivos da fase aguda, adiciona-se a prevenção de complicações • Componentes o Medidas higienodietéticas – Perda de peso, elevação da cabeceira da cama para refluxo noturno o Medicamentoso – Antiácidos, bloqueadores H₂, IBP, procinéticos o Cirúrgico - Fundoplicatura o Endoscópico – Uso de substâncias inertes ou radiofrequência para aumento do EEI Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Alany Porfírio Realce Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Dispepsia funcional “Presença de dor e/ou desconforto, persistente ou recorrente, no epigástrio, na ausência de anormalidades estruturais e/ou irregularidades metabólicas e bioquímicas que justifiquem a sintomatologia” Critérios diagnósticos pelo consenso de Roma IV Um ou mais dos seguintes sintomas por pelo menos 4 meses • Plenitude gástrica pós-prandial • Saciedade precoce • Dor ou queimação epigástrica não associada com defecação • Os sintomas não podem ser totalmente explicados por outra condição médica Subtipos da DF • Síndrome do desconforto pós-prandial o Plenitude pós-prandial perturbadora ou saciedade precoce que impede o paciente de finalizar uma refeição regular o Distensão abdominal superior, náusea pós-prandial ou eructação excessiva reforçam o diagnóstico • Síndrome da dor epigástrica o Dor suficientemente intensa para atrapalhar as atividades normais ou queimação localizada no epigástrio ▪ Dor não é generalizada ou localizada em outra região do abdome ou do tórax ▪ Não é aliviada pela defecação ou eliminação de flatus o Componentes que dão sustentação ▪ Dor e queimação, mas sem componente retroesternal ▪ Dor é comumente induzida ou aliviada pela ingestão de alimentos, mas pode ocorrer em jejum ATENÇÃO! • Emagrecimento, vômitos recorrentes, disfagia progressiva, presença de sangramento e icterícia são os principais sinais de alarme na DF Fisiopatologia Permanece desconhecida • Possível influência de diversos fatores psicológicos e fisiológicos, como diagnósticos psiquiátricos ou anormalidades na motilidade gastrintestinal Propedêutica • Não se recomenda a realização de uma grande bateria de exames complementares para a DF, especialmente na ausência de sinais de alarme! • Dispepsia não investigada o Exclusão de sinais de alarme o Exclusão do uso de aspirina e AINEs o Diferencial com refluxo nos casos de sintomatologia típica ▪ Teste terapêutico com IBP o Pesquisa, e eventual tratamento, do H. pylori o EDA para pacientes com sinais de alarme e para aqueles com idade acima de 35 ou 40 anos, especialmente naqueles com início recente dos sintomas o Realização de parasitológico de fezes para diferencial com parasitoses • Dispepsia funcional diagnosticada o Presença de cofatores psicológicos, ambientais, dietéticos e o uso de medicamentos que possam ocasionar ou agravar a sintomatologia o EDA em período sintomático para confirmação diagnóstica ▪ Biópsia para detecção de H. pylori o US na suspeita de doença de vias biliares ou pancreáticas o Diferencial com doença celíaca e intolerância à lactose nos casos suspeitos Tratamento Alívio sintomático e melhoria na qualidade de vida são os objetivos • Dietético e comportamental o Redução no consumo de alimentos gordurosos, condimentados, ácidos, café, álcool e cigarro pode ser benéfica o Fracionamento das refeições o Realização das refeições em um local tranquilo e, sempre que possível, sem discussões ou assuntos que possam gerar maior tensão emocional o Psicoterapia e outras técnicas que propiciem a redução do estresse e relaxamento podem ser recomendadas • Medicamentoso – Alívio do sintoma principal! o Antiácidos o Antissecretores – IBP e bloqueadores H₂ o Procinéticoso Antibióticos para erradicação do H. pylori o Ansiolíticos e antidepressivos Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Síndrome do intestino irritável Visão geral • Incide em qualquer faixa etária, especialmente em adultos jovens, dos 15 aos 40 anos, com preferência pelo gênero feminino • Fisiopatologia – Diversos fatores são elencados o Alteração da motricidade, hipersensibilidade visceral, disfunção autonômica o Ativação do sistema imunológico da mucosa intestinal pós-infecção gastrintestinaI, alterações na microbiota o Fatores psicossociais • Possui uma natureza benigna pela sua não interferência com o estado geral dos sujeitos e não predisposição a outras doenças mais graves! Critérios de ROMA IV Alterações de hábito intestinal • Diarreia – Cólicas em andar abdominal inferior que melhoram após múltiplas evacuações de consistência amolecida/aquosa ou eliminação de gases, especialmente pela manhã o Diferencial com doença celíaca • Constipação - Evacuações difíceis, mesmo que diárias, sempre com pequenos volumes de fezes muito endurecidas e a sensação da necessidade de defecar o Diferencial com a constipação crônica – Na SII estão presentes dores ou desconfortos abdominais e distensão • Misto – Geralmente há predominância de uma das formas Diagnóstico • Anamnese • Exame físico o Distensão abdominal pode estar presente o Dor à palpação abdominal, especialmente em QIE o Timpanismo aumentado e RHA aumentados o Sensação de hipertonia do esfíncter ao TR • Exames complementares – Dúvida diagnóstica o Parasitológico e coprocultura, sangue oculto o Hemograma, glicemia, provas inflamatórias, dosagens hormonais o Enema opaco é o exame de imagem inicialmente recomendado, por ser o colo a víscera mais representativa das disfunções motoras da síndrome Tratamento • Orientação dietética o Evitar alimentos que causem meteorismo o Diferencial com intolerância à lactose e alergias alimentar com teste de suspensão do consumo o Dieta rica em fibras é útil tanto para o constipado quanto para o diarreico • Terapia medicamentosa o Antiespasmódicos/anticolinérgicos – Reduzem tônus e atividade segmentadora do sigmoide, espasticidade do colo e a dor o Opiáceos e derivados – Úteis em pacientes com a forma diarreica, podem ser utilizados por longos períodos, sem efeitos colaterais o Laxantes aumentadores de volume fecal – Atuam na suplementação da ingestão de fibras da dieta e podem ser utilizados em todos os tipos o Laxantes osmóticos ou emolientes – Casos de constipação mais grave o Procinéticos - Agonistas ou antagonistas de receptores da permitirão diferente abordagem medicamentosa, tanto para os pacientes constipados como para os diarreicos o Bloqueadores dos canais do cálcio - O brometo de pinavério bloqueia o subtipo "L" dos canais de cálcio, agindo, preferencialmente, na musculatura lisa do TGI, sem interferência no sistema cardiovascular, com ação eficaz nos tipos diarreicos o Antidepressivos - Podem ser usados para controle não só do eventual componente psíquico do doente, como também por seu efeito anticolinérgico, para tratamento da dor e da diarreia o Ansiolíticos - A ansiedade deverá ser tratada quando detectada e estiver colaborando para a piora dos sintomas o Colistiramina - Quelante de sais biliares é, ocasionalmente, indicada no controle da diarreia desses doentes, ainda que não haja uma justificativa fisiopatológica clara para essa finalidade • Psicoterapia - Está indicada e costuma trazer bom resultado nos doentes em que o componente psicológico é muito atuante Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Gastrite Gastrite Inflamação da mucosa gástrica • Etiologias o Infecção por H. pylori é a maior causa de gastrite ▪ 50 a 60% da população mundial está infectada ▪ Cursa com uma gastrite aguda fugaz que evolui para gastrite crônica, que pode estar ativa o Consumo de AINES o Ingestão de álcool o Intoxicações ou infecções o Autoimune – Pode determinar alterações em exames laboratoriais, como em anemias por doenças autoimunes • Quadro clínico o Dor epigástrica em peso ou queimação, continuação, acompanhada de náuseas e vômitos, agravados pela alimentação ▪ Apenas 20% dos portadores de gastrite aguda têm sintomas ▪ Eventualmente, associam-se quadros diarreicos, compondo as gastrenterocolites agudas (GECA) o Quadros mais graves ocorrem quando há desidratação e/ou hemorragia digestiva alta (HDA), podendo cursar até com anemia ferropriva • EDA é fundamental para a detecção da região afetada, coleta de material para a pesquisa do H. pylori e realização da histologia o Realização em quadros hemorrágicos ou de falha terapêutica • Tratamento o Afastamento do agente etiológico o Analgésicos e antiácidos podem ser utilizados como sintomático o Reposição hidroeletrolítica e/ou de sangue, se necessário o Jejum oral, procinéticos (metoclopramida, domperidona ou bromoprida), antieméticos e sondagem gástrica podem ser necessários quando há vômitos o Dieta leve, com pouca gordura e condimentos; com ingestão lenta e fracionada o IBP e bloqueadores H₂ podem ser utilizados o O tratamento anti-Hp mais empregado é a associação de IBP a dois antimicrobianos (amoxicilina e claritromicina) o Substituição de AINEs por paracetamol, dipirona, corticosteroides ou por inibidores seletivos da COX-2 o Substituição de AAS por outros anti-agregantes plaquetários Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Doença ulcerosa gastroduodenal “Solução de continuidade da mucosa do trato digestivo exposto à secreção cloridropéptica, que compromete a muscularis mucosae e tem fibrose subjacente” Lesões ulcerosas • Geralmente são únicas e ocorrem no estômago ou duodeno • H. pylori e o uso de AINES são os principais fatores etiológicos o Temperamento, álcool e café não possuem papel ulcerogênico • As lesões ocorrem pelo desequilíbrio entre fatores agressivos e defensivos da mucosa gástrica, com sua autodigestão o Há alternância de fases de lesão e cicatrização Úlcera duodenal • A relação é de 4 a 5 casos de úlcera duodenal para 1 úlcera gástrica • Em 95% dos pacientes, localiza-se no bulbo duodenal, a no máximo 2 cm do piloro e tem diâmetro inferior a 2 cm • Acomete igualmente os gêneros e predomina em adultos com menos de 45 anos o A incidência em pais ou irmãos de ulcerosos é três vezes maior que na população com as mesmas características • A infecção por H. pylori, que causa antrite crônica ativa, está presente em 90% dos pacientes; nos demais, deve-se ao uso de AINEs o O desequilíbrio agressão-defesa duodenal acarreta duodenite crônica o Há metaplasia gástrica no bulbo o H. pylori presente no antro pode colonizar as áreas metaplásicas Úlceras gástricas • Predomina no Japão, em regiões da Índia e em países escandinavos e andinos o Acomete preferencialmente população com baixo nível de higiene • Rara antes dos 15 anos, maior parte dos casos se dá após os 55 anos • A UG ocorre nos infectados pelo Hp que desenvolvem pangastrite e/ou nos usuários de AINE • Geralmente, acomete a região pré-pilórica ou a pequena curvatura, próxima à incisura angular • Fatores relacionados o Hipossecreção ou normossecreção cloridropéptica o Deficiência dos fatores defensivos da barreira mucosa o Retardo do esvaziamento gástrico o Refluxo duodenogástrico, secundário à disfunção pilórica • A bile refluída rompe a BM e possibilita a retrodifusão dos íons H⁺ para os espaços intra e intercelulares, causando citólise Quadro clínico • Dor epigástrica pouco intensa, em queimação, que persiste por 4 a 8 semanas e é rítmica o Ritmicidade da UD – Dói, come e passa o Ritmicidade da UG – Bem, come, dói e passa • Úlcera duodenal o Comum haver dor noturna que desperta o paciente e é aliviada pela ingestão de leite, alimentoou antiácido o Associação com doença do refluxo gastresofágico é comum Confirmação diagnóstica • EDA é padrão ouro por permitir a obtenção de material para histologia, pesquisa de Hp e instituição de medidas terapêuticas o Repetição após seis semanas • Detecção do H. pylori o Sorologia o Teste respiratório com carbono marcado o Pesquisa de antígeno nas fezes • Gastrinemia, calcemia, pepsinogênio sérico e perfil secretório podem ser realizados em casos excepcionais Tratamento Alívio da dor, promoção da cicatrização das lesões, prevenção de recorrências e complicações • Restrição de alimentos que desencadeiam sintomas • Fumo retarda a cicatrização e aumenta a recidiva da UP • Antiácidos, IBP e bloqueadores de receptores H₂ devem ser mantidos por 4 a 8 semanas nos casos em atividade • Erradicação do H. pylori! o IBP, amoxicilina e claritromicina 2x ao dia, por 7 dias Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Pancreatite aguda Considerações gerais • Etiologias biliar e alcóolica são as mais comuns o 3-7% dos pacientes com colelitíase desenvolverão PA biliar o Risco para a PA é inversamente proporcional ao tamanho dos cálculos o Cerca de 5% dos alcóolatras pesados desenvolvem pancreatite, geralmente como exacerbação de uma pancreatite crônica o Hipercalcemia e hipertrigliceridemia também são etiologias possíveis! • Dor abdominal com aumento de enzimas pancreáticas caracteriza a PA • Há alteração das funções pancreáticas exócrinas e endócrinas • Pode haver sintomatologia em órgãos à distância Classificação • Leve (edematosa/intersticial) – Auto-limitada, sem acometimento sistêmico • Grave (necrosante/necro-hemorrágica) – Lesões peri-pancreáticas e sistêmicas o Complicações sistêmicas – Respiratórias, cardiovascular e renal o Síndrome da resposta infamatória sistêmica (SIRS) com síndrome da disfunção orgânica multissistêmicas (MODS) Classificação de Atlanta, 2013 – Revisada • Leve • Moderadamente grave – Falência orgânica transitória • Grave Indicação de TC com contraste • Dúvida diagnóstica • Piora clínica nas primeiras 48-72 horas após admissão hospitalar • Evoluir com complicações CPRE • Uso em patologias de colédoco terminal e/ou colangite • Diagnóstico e tratamento! Fatores prognósticos • Clínicas e demográficas Idade acima de 60 anos Comorbidades graves IMC > 30 Tabagismo Disfunção orgânica acima de 7 dias Susceptibilidade genética Derrame pleural ou infiltrado pulmonar Ingestão prolongada e pesada de álcool • Laboratoriais o Ht > 44 o Azotemia (ureia e creatinina) o PCR – Pico em 72 horas; valores muito em levados em 24 horas já são indicadores o Cálcio baixo o Procalcitonina • RANSON • Apache II Tratamento Todo paciente deve ser internado! • Objetivos o Sedação o Combate ao choque o Prevenção ou tratamento de alterações hidroeletrolíticos, metabólicos e outras complicações • Hiper-hidratação inicial • Analgesia – Morfina é contraindicada! • IBP e bloqueadores H₂ para a prevenção de úlceras de estresse • Dieta zero por 48 horas nos casos leves e de 72 horas para casos graves o Dieta enteral via sondas ou parenteral • Antibioticoterapia o Leve – Não se faz o Grave – Busca por quadro infeccioso em outros sítios ▪ Necrose > 30% • Cirurgias – Infarto intestinal, perfuração, hemorragia de grandes volume e síndromes compartimentais refratárias ao tratamento clínico Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Pancreatite crônica “Inflamação contínua com alterações morfológicas irreversíveis” Tétrade clínica • Dor abdominal em epigástrio, com irradiação para o dorso • Má digestão – Perda de peso, esteatorreia • Diabetes Fatores de risco • Álcool o 5 a 10% dos alcoolistas evoluem para PC o 30-40 anos ao diagnóstico após dez anos de abuso o Consumo de 150 a 175g/álcool/dia • Tabagismo • Fatores genéticos • Nutrição Patogênese Não há consenso • Sequência de necrose-fibrose na etiologia alcóolica • Hipótese da pancreatite aguda sentinela Classificação • Tóxica-metabólica • Idiopática • Genética • Auto-imune • Recorrente e grave pancreatite aguda • Obstrutiva Diagnóstico complementar • Padrão ouro é a biópsia cirúrgica, especialmente nas fases iniciais • Visualização de calcificações por radiografia, TC ou US Tratamento • Cessação do etilismo, se essa for a causa • Dor - Medidas comportamentais, analgesia, terapia endoscópica e cirurgia • Reposição enzimática para o tratamento da esteatorreia • Reposição enzimática, antidiabéticos e insulinoterapia para a diabetes Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Hepatites agudas “Processo inflamatório do fígado que pode ser causado pela ação de drogas, fármacos, álcool, acometimento por vírus com tropismo pelo fígado, doenças autoimunes e metabólicas, entre outros” Infecção aguda pelo HAV • Vírus de RNA com transmissão pela via oral, seja por fezes, alimentos ou água contaminados • Padrão epidemiológico o Regiões mais pobres (Norte e Nordeste) - Acometimento pediátrico o Regiões mais ricas – Infecção mais tardia, sendo comum entre adolescentes e adultos jovens • Quadro clínico o Após uma replicação inicial no intestino, o vírus segue até o hepatócito pela via hematogênica, onde exercerá um efeito citotóxico o Período de incubação varia entre 2 e 6 semanas o Pródromo com febre baixa, dor abdominal, indisposição e mal-estar geral; seguidos de náuseas, vômitos, acolia fecal, colúria e icterícia ▪ Mais frequente a partir da adolescência e no adulto jovem ▪ Nas crianças menores, esse quadro pode ser pouco sintomático e, com grande frequência, anictérico o Na maioria dos casos, a doença evolui com mal-estar geral, inapetência por 1 a 3 semanas, com melhora progressiva e resolução clínica completa o Necrose maciça do fígado, com insuficiência hepática e, eventualmente, evolução fatal ocorre em raríssimos casos • Diagnóstico laboratorial o No hemograma, pode haver neutropenia, linfopenia e algum grau de atipia linfocitária (10 a 20%) o Transaminases e bilirrubinas para o acompanhamento do processo ▪ ALT com níveis acima de 1.000 UI/L e os de AST pouco inferiores ▪ Bilirrubinas costumam estar acima de 2,5 mg/dL ▪ Tempo de protrombina alargado costuma refletir a gravidade o Pesquisa de anticorpos (lgM e/ou IgG) dirigidos contra o HAV • Tratamento medicamentoso baseado em sintomáticos para febre e/ou vômitos, repouso no leito e orientação dietética o Consumo de álcool restrito até a resolução do episódio • Profilaxia pela vacinação, atualmente aos 15 meses de vida ATENÇÃO! • Não há infecção crônica pelo HAV! Infecção aguda pelo HBV • Vírus de DNA com transmissão por sangue e hemoderivados, bem como pela exposição a secreções orgânicas (saliva, urina, esperma, secreções vaginais) o A via sexual é a forma mais comum de transmissão no Brasil • Período de incubação varia de 2 a 6 meses e o curso clínico é semelhante ao apresentado nas infecções pelo HAV • 90 a 95% dos infectados evoluem para a cura, enquanto os demais apresentarão a forma crônica da infecção o Infecção no período pré-natal ou em indivíduos imunodeprimidos predispõe à cronificação o 1% dos pacientes podem cursar com hepatite aguda fulminante, que leva a uma falência hepática aguda • Diagnóstico etiológico se dá pela detecção de marcadores virais e anticorpos o HbsAg e o anti-HbC IgM são os marcadores importantes da fase aguda o O surgimento do anticorpo anti-HBs marca o início da fase de convalescência e de redução de sintomas sistêmicos o Após o desaparecimento do HbsAg, o paciente já não pode mais transmitir a doença o A presença do antígeno HbeAg pressupõe a ocorrência de replicação viral •Tratamento é habitualmente sintomático, já que há um grande índice de cura o Tratamento medicamentoso específico com antivirais está indicado apenas nas formas mais graves (INR > 1,6) o Transplante hepático é o tratamento preconizado nos casos de formas fulminantes • Profilaxia com vacinação realizada ao nascimento, aos 2, 4 e 6 meses de idade o Nos casos de ausência de soroconversão, mais 3 doses podem ser tentadas o O emprego da gama-globulina hiperimune para HBV, de preferência nas primeiras 48 horas após o contato, é recomendado para os casos onde o momento da infecção é conhecido ATENÇÃO! • As hepatites crônicas possuem duração superior a 6 meses Infecção aguda pelo HCV • Transmissão se dá por transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas para o uso de drogas endovenosas • Período de incubação de 7-8 semanas, mas pode se estender por até 26 semanas • Quadro clínico o Assintomático o Oligossintomático – Habitualmente evoluem melhor que os assintomáticos • 70 a 80% dos pacientes evoluem para a forma crônica! • Diagnóstico o Aumento de transaminases o Pesquisa de RNA viral por técnicas moleculares o Pesquisa de anticorpos • Tratamento o Acompanhamento do HCV-RNA até o 3º mês o Caso não negative, terapia com interferon deve ser considerada para evitar a cronificação Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Infecção crônica pelo HBV A doença • Doença oligoassintomática ou assintomática por longos períodos de tempo • Sinais e sintomas costumam surgir apenas nas fases mais avançadas da doença, quando o paciente já apresenta cirrose hepática e suas complicações • O diagnóstico da hepatite crônica baseia-se na positividade do antígeno de superfície do HBV (HBsAg) por período superior a seis meses, acompanhado de anti-HBc total positivo o Imunotolerância – Há intensa replicação viral e baixa resposta ▪ HbeAg positivo, altos títulos HBV-DNA, ALT normal o Clareamento imune – Resposta do hospedeiro ▪ Redução dos níveis de HBV-DNA, soroconversão de HbeAg para anti-Hbe, elevação da ALT e presença de inflamação hepática o Portador inativo – Ausência de replicação e de atividade inflamatória o Reativação – Há retorno da inflamação à biópsia e de sinais de replicação Tratamento Bastante complexo pelas diferentes taxas de resposta, efeitos colaterais e resistência virológica • Objetivos – Supressão duradoura da replicação viral, prevenção da progressão da doença, melhora da qualidade de vida e da sobrevida o Pacientes HbeAg positivos – Normalização das aminotransferases, supressão da carga viral do HBV, supressão do HBeAg e/ou soroconversão para anti-HBe, supressão do HBsAg e/ou soroconversão para anti-HBs o Pacientes HBeAg-negativos - Normalização das aminotransferases, supressão da carga viral do HBV, supressão do HBsAg e/ou soroconversão para anti-HBs • Indicações • O tratamento com interferon ou fármacos antivirais (entecavir ou tenofovir) é efetivo em alcançar esses objetivos, na maioria dos pacientes Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Infecção crônica pelo HCV Diagnóstico complementar • O diagnóstico laboratorial é feito pela positividade do anti-HCV, associada à presença do HCV-RNA, detectável no soro por técnica de PCR o A determinação do genótipo do HCV (1 a 6) deve ser realizada previamente ao tratamento, já que pode ser determinante do tempo e do tipo de tratamento da infecção o Sempre que houver a presença do HCV-RNA por PCR no soro, independentemente dos níveis das aminotransferases, recomenda-se a realização de biópsia hepática, que poderá revelar graus variáveis de lesão histológica, tanto em termos de inflamação como de fibrose • Métodos de imagem convencionais, como US, TC e RM, possuem alta especificidade para o diagnóstico de cirrose hepática, mas baixa sensibilidade para identificar os estágios iniciais de fibrose • A elastografia hepática transitória (EHT) avalia a elasticidade tecidual em pacientes com doenças hepáticas crônicas e estima o grau de fibrose o Método não invasivo e indolor que utiliza ondas elásticas e US de baixa frequência o Recentemente, tanto a EHT quanto a biópsia hepática são utilizadas para avaliação inicial dos pacientes com hepatite crônica C Indicação de tratamento • Pacientes com replicação virai no sangue e evidências bioquímicas e histológicas de lesão do parênquima hepático têm indicação de tratamento • Naqueles pacientes em que a biópsia não foi realizada ou foi contraindicada, o resultado da EHT também pode ser utilizado com essa finalidade Esquema de tratamento • Até meados de 2013, o principal medicamento utilizado no tratamento da hepatite C era o interferon-α, que possui ação antiviral e imunomoduladora, exacerbando a atividade do sistema imune • Desde 1998, sabe-se que a utilização da ribavirina no tratamento da hepatite C, em associação com o interferon (IFN), aumenta significativamente a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) • Boceprevir e telaprevir, são inibidores da protease viral (IPs) e, quando associados ao esquema duplo peg-lFN e RBV, demonstraram aumentar significativamente a RVS em portadores de infecção pelo genótipo 1 Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Cirrose e complicações “Processo difuso e irreversível caracterizado pelo desenvolvimento de nódulos regenerativos circundados por fibrose em resposta a doenças crônicas do fígado” Etiologias mais comuns • Hepatite C • Doença hepática alcóolica • Doença gordurosa não alcóolica Quadro • Compensada – Habitualmente assintomática o Diagnóstico por biópsia hepática, alterações ao exame físico, testes bioquímicos, exames de imagem ou cirurgia abdominal • Taxa de descompensação de 5 a 7% ao ano • Não compensada o Fadiga, a diminuição da libido e o consumo de massa muscular podem aparecer antes das complicações o Ascite, HDA ou encefalopatia hepática são complicações possíveis Diagnóstico • Fundamental a suspeição em pacientes com doença hepática crônica! • Diagnóstico feito pelo conjunto de alterações clínicas, laboratoriais, endoscópicas, de imagem e possíveis complicações • Biópsia hepática é padrão-ouro em pacientes assintomáticos Tratamento • Interrupção do processo desencadeante • Nutrição – Cirróticos tendem a ser hipercatabólicos e desnutridos o Fundamental evitar quadros carenciais! • Prevenção de complicações • Rastreamento de CHC • Identificação de fatores que possam piorar a função hepática e sua evitação Classificações prognósticas • Child-Turcotte-Pugh – Ascite, encefalopatia, albumina sérica, bilirrubina sérica e tempo de protrombina/INR são os parâmetros para o cálculo o Sobrevida - 100% no estágio A, 81% no estágio B e 45% no estágio C • MELD – Preditor de mortalidade em 3 meses o 𝑀𝐸𝐿𝐷 = [0,957 𝑥 (𝐶𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑔 𝑑𝐿 ) + 0,378 𝑥 (𝐵𝑖𝑙𝑖𝑟𝑟𝑢𝑏𝑖𝑛𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑔 𝑑𝐿 ) + 1,12 x INR + 0,643] 𝑥10 Hipertensão porta Aumento do gradiente de pressão porta acima de 5mmHg • A HP ocorre na cirrose pelo aumento de resistência vascular e do fluxo sanguíneo • Diagnóstico pela presença de varizes esofagogástricas à EDA ou pelo aumento de calibre da veia porta e/ou esplênica aos exames de imagem Varizes esofagogástricas • Rastreamento para presença de varizes esofágicas deve ser feita em todo paciente cirrótico, independente do grau de comprometimento hepático o Incidência de 5 a 10% ao ano em pacientes cirróticos • Fatores preditivos para sangramento das varizes incluem o seu tamanho, gravidade da doença hepática, presença de sinais vermelhos e gradiente de pressão venosa hepática (GPVH) acima de 12mmHg o Pacientes Child-Pugh B ou C, com varizes de fino calibre ou com sinais vermelhos nas varizes devem sersubmetidos à profilaxia primária o Pacientes com varizes de médio e grosso calibre devem ser submetidos à profilaxia primária independentemente da gravidade da • Profilaxia primária o Ligadura elástica via endoscópica o β-bloqueadores – Promovem a redução do DC e do fluxo sanguíneo esplâncnico, além de uma vasodilatação intra-hepática ▪ Resposta diversa ao tratamento, efeitos colaterais em 40% • Hemorragia por varizes – Emergência médica! o Ocorre atinge 4% dos cirróticos ao ano o EDA e estabilização hemodinâmica são as principais condutas clínicas, junto com a ATB profilática o Tratamento endoscópico com ligadura elástica ou, na sua ausência, escleroterapia Ascite • Fisiopatologia 1. Cirrose leva a um aumento da pressão portal 2. Há vasodilatação esplâncnica e uma má-distribuição da volemia 3. Com a redução do volume efetivo circulante, sistemas compensatórios são ativados; como o SRAA, SN simpático e liberação de ADH 4. Há retenção de água e sódio 5. Extravasamento para a cavidade peritoneal • Tratamento o Dieta hipossódica é a principal opção terapêutica ▪ Dietas pouco palatáveis podem levar a uma baixa aderência ao tratamento ou a um agravamento do estado nutricional! o Diuréticos poupadores de potássio – Espironolactona e amilorida ▪ Possível associação com diuréticos de alça, como a furosemida o Paracentese de alívio e TIPS - Utilizadas em pacientes refratários (10%) Encefalopatia hepática Síndrome neuropsiquiátrica decorrente do acúmulo de excretas nitrogenadas no SNC • Alterações na cognição, na personalidade, na função motora ou no nível de consciência caracterizam o quadro • Maioria dos episódios é secundária a um fator desencadeante Hemorragia digestiva Infecções Constipação Desidratação ou hipovolemia Uso de diuréticos, especialmente os de alça Uso de BDZ e outros depressores de SNC Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos Ingestão excessiva de proteínas de origem animal • Diagnóstico é clínico • Tratamento o Medidas de suporte o Redução na produção a absorção de produtos nitrogenados ▪ Lactulose aumenta a excreção fecal de bactérias ▪ Antibióticos (neomicina e metronidazol) reduzem a população de bactérias produtoras de excretas nitrogenadas ▪ L-ornitina L-aspartato estimula a fixação da amônia, por meio da síntese de glutamina ou de ureia pelos hepatócitos ▪ Restrição de proteínas da dieta não encontra suporte na literatura e traz o risco de agravamento do estado nutricional Carcinoma hepatocelular Tumor primário do fígado • Maior fator de risco para seu desenvolvimento é a cirrose, pelo aparecimento de displasias em nódulos regenerativos • Frequentemente assintomático • Rastreamento em todos os pacientes cirróticos por US e dosagem de AFP a cada seis meses • Tratamento essencialmente cirúrgico o Transplante hepático, ressecção, ablação por radiofrequência, quimioembolização ou quimioterapia intra-arterial Síndrome hepatorrenal Último dos eventos renais e hemodinâmicos da história natural da ascite • Fisiopatologia o Intensa ativação de sistemas vasoativos endógenos leva à redução da TFG e insuficiência renal na ausência de outras causas o Expansão plasmática não reverte o quadro • Mortalidade altíssima! – 50% dos óbitos por insuficiência hepática o Tipo 1 – Instalação rápida e sobrevida média de um mês o Tipo 2 – Instalação mais lenta e sobrevida média de seis meses • Critérios diagnósticos o Cirrose com ascite o Creatinina sérica acima de 1,5 mg/dl ou aumento para o dobro do nível basal em menos de duas semanas o Ausência de melhora sustentada da creatinina, após, pelo menos, 48 horas de suspensão de diuréticos e expansão plasmática com albumina o Ausência de choque o Ausência de uso recente de substâncias nefrotóxicas ou vasodilatadores o Ausência de nefropatia preexistente e/ou alteração compatível à US das vias urinárias • Tratamento o Suspensão de diuréticos e vasodilatadores o Identificação e tratamento precoces dos possíveis fatores precipitantes o Expansão volêmica o Uso de vasoconstritores para reversão da vasodilatação esplâncnica produzem um alívio momentâneo o Transplante de fígado Síndrome hepatopulmonar (SHP) e hipertensão portopulmonar • A SHP caracteriza-se pela anormalidade na oxigenação do sangue devido a dilatação intravascular pulmonar, na presença de doença hepática crônica ou hipertensão porta o Está presente em 15 a 30% dos cirróticos o Associada a maior mortalidade o Tratamento clínico proporciona resultados modestos, sendo o tratamento definitivo, para os elegíveis, o transplante hepático • A HPP é menos comum, presente em 3 a 10% dos cirróticos o Há aumento na pressão média da artéria pulmonar, no contexto de paciente com hipertensão porta e na ausência de doença pulmonar intrínseca ou insuficiência cardíaca esquerda o O tratamento baseia-se no tratamento da hipertensão pulmonar primária e o transplante é indicado para casos selecionados Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Diarreias Abordagem inicial • Gravidade clínica - Presença de diarreia com pus, sangue e muco, sinais de hipovolemia, febre alta e dor abdominal intensa • Duração da doença • Cenário epidemiológico • Competência imunológica do hospedeiro - Desnutrição, doenças que rebaixam a imunidade, uso de substâncias imunossupressoras, uso de substâncias que bloqueiam a acidez gástrica e faixa etária • Descoberta do agente etiológico ATENÇÃO! • 3 semanas é a duração máxima para uma diarreia ser considerada aguda Diarreias agudas • A principal causa de diarreias agudas é infecciosa! o As diarreias de etiologia parasitária devem possuir quadro mais arrastado ▪ Diagnóstico por exame parasitológico de fezes ▪ Tratamento de escolha com imidazólicos o Diarreias pós-ATB – Espectro variado de manifestações ▪ Colite pseudomembranosa por C. difficile o Primeira manifestação de uma doença crônica • A manutenção do estado de hidratação do paciente é a principal conduta o Sintomáticos, como anticolinérgicos e antieméticos, podem ser prescritos Diarreias crônicas • A anamnese deve buscar mudanças dietéticas, ingestão de medicamentos potencialmente causadores de diarreia, antecedentes cirúrgicos, etilismo crônico e repercussão no estado geral • Hemograma, VHS, dosagem das proteínas plasmáticas, glicemia de jejum, T4 livre e TSH, protoparasitológico das fezes, coprocultura e pesquisa de gordura fecais são os exames complementares que podem ser pedidos o Gorduras aumentadas nas fezes indicam uma síndrome de má-absorção • Doença diverticular, tumores, doenças imunológicas, doença de Crohn e colite ulcerativa são diagnósticos diferenciais Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Constipação crônica “Duas ou menos evacuações por semana, evacuações com esforço, eliminação de fezes muito pequenas e/ou muito duras, a sensação de evacuação incompleta ou manobras digitais para sua exoneração” Constipação funcional • Tipo mais frequente de constipação • Ocorre mais em adultos jovens e no sexo feminino • Erros alimentares, sedentarismo, desvios de postura e negação repetida do atendimento ao reflexo da evacuação estão entre os possíveis desencadeantes o Modificações do hábito alimentar ou de horários de trabalho podem precipitar ou acentuar o quadro o Baixo teor de fibras dietéticas e diminuição da ingestão de líquidos são os principais fatores da dieta Constipação orgânica • Doenças de diversos sistemas, medicamentos e afecções colorretais podem desencadear uma constipação orgânica crônica • Exame físico deve incluir a palpação detalhada dos segmentos cólicos; análise dos ruídos intestinais e exame anorretal, pela inspeção anal estática e sob esforço e toque retal, incluindo a avaliação do tônus do esfíncter anal Diagnósticocomplementar • Avaliação metabólica – Glicose, creatinina, cálcio, magnésio, potássio, T4 e TSH • Estudo radiológico - Identificação de obstáculos mecânicos e do estado dos segmentos colônicos • Exames endoscópicos (colonoscopia ou retossigmoidoscopia) nos casos da identificação de lesões e biópsia Tratamento • Orientação dietética e comportamental (atendimento ao reflexo da evacuação) • Laxativos de aumento de volume do bolo fecal, osmóticos, emolientes ou irritantes/catárticos • Procinéticos Complicações • Fecalomas com impactação fecal • Formação de fístulas, abscessos e peritonite fecal requerem manipulação cirúrgica • Encoprese e incontinência Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Doença de Crohn Fisiopatologia • Maior permeabilidade a antígenos luminais microbianos e/ou alimentares gera uma resposta exacerbada do sistema imune adquirido da mucosa • A inflamação decorrente possui um caráter invasivo, com posterior fibrose nas áreas envolvidas o Formas clínicas – Ulcerativa, estenótica e fistulizante Visão geral • Início dos sintomas se dá entre os 15 e 35 anos ou mais tardiamente, aos 55 o Evolução da doença se dá por surtos • Pode afetar qualquer segmento do TGI, da boca ao ânus, de forma salteada o Região ileocecal é a mais atingida Manifestações clínicas • Topografias o Ileocecal - Episódios repetidos de diarreia, acompanhada de dor abdominal no quadrante inferior direito, febre baixa e perda de peso! o Colo - Evacuações com muco e sangue • Fístulas com outros órgãos ou com o exterior, como perineais e perianais • Adolescentes com retardo de crescimento ou febre de origem indeterminada devem ter diagnóstico diferencial com DC! • Podem ocorrer lesões cutâneas, como eritema nodoso ou, mais raramente, pioderma gangrenoso, bem como sinais inflamatórios articulares Tratamento medicamentoso • 5-ASA/mesalazina e corticosteroides podem ser usados para formas leves/moderadas e moderadas/graves, respectivamente o Corticoides devem ser utilizados pelo menor tempo possível! 1 • Imunomoduladores, como a azatioprina e a 6-mercaptopurina são o tratamento de escolha das formas moderadas e das fístulas o MTX em refratários a AZA e 6-MP • A ciclosporina A e os imunobiológicos podem ser utilizados nas formas graves Tratamento cirúrgico • ID – Ressecção apenas para as complicações, já que não curam o paciente • Colo – Ressecção total pode ser pensada se há um comprometimento generalizado do órgão; contudo, pode-se tentar uma colectomia parcial em casos mais limitados • Lesões anorretais – Fistulomomias, fissurectomias, drenagens, etc Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Retocolite ulcerativa Visão geral • Etiologia desconhecida – Predisposição genética e fatores ambientais estão relacionados com o seu aparecimento, como na Doença de Crohn • Decorre de inflamação crônica do colo e do reto, comprometendo o intestino grosso de forma ascendente • Lesão exclusivamente da mucosa cólica, com áreas de inflamação contínua, sem trechos sadios intercalados • Há evidente predomínio do seu aparecimento em jovens, em torno da 2ª até a 4ª década da vida, com um segundo pico a partir dos 55 anos Quadro clínico • Diarreia crônica, na maioria dos casos acompanhada da evacuação concomitante de muco e sangue • Dor abdominal em cólica, aliviada após o ato de evacuar • Sintomas do tipo puxo, tenesmo e urgência fecal estão presentes • Febrículas podem ser referidas • Perda de peso ou crescimento inadequado • Manifestações extra-intestinais - Osteoarticulares, oftálmicas, dermatológicas, hepatomegalia, dentre outras o Podem preceder os sintomas intestinais Diagnóstico complementar • Colonoscopia é melhor método diagnóstico! – Material para o histopatológico o Colonoscopias de rotina (2 anos) pelo maior risco de tumores colorretais • Enema opaco • Hemograma, hemossedimentação, dosagem da proteína C reativa, α-1 glicoproteína ácida, ferro sérico e proteína total e frações auxiliam na avaliação das condições nutricionais do paciente, bem como da atividade da inflamação • A pesquisa, no soro, do anticorpo anti-citoplasma de neutrófilo (p-ANCA) é investigação reservada a casos de dúvida o Positividade na RCUI é de cerca de 70% • Diferencial com infecções intestinais Tratamento clínico • Surtos de atividade – Sulfassalazina o Possível associação com corticosteroides em casos mais graves • Manutenção de 2 g de sulfassalazina tende a prevenir a recidiva do processo por tempos longos ou mesmo diminuir sua intensidade quando da recorrência o 5-ASA pode ser utilizado, apesar da menor eficácia, pela menor ocorrência de efeitos colaterais • Imunossupressores nos casos refratários aos tratamentos com sulfassalazina, corticosteroides e 5-ASA • ATB no caso de infecções associadas Tratamento cirúrgico Tende a ser curativo • Indicações – Refratariedade ao tratamento clínico, ocorrência de complicações e displasias de alto grau • Protocolectomia total e anastomose ileoanal é a cirurgia de eleição o Aumento do número de evacuações diárias e possível perda insensível de material fecal são possíveis complicações da cirurgia o Ileostomia também pode ser feita Sistema digestivo Gastroenterologia clínica Tumores de aparelho digestivo Câncer de esôfago • Estatísticas o 3 homens afetados para cada mulher o Tumores de células escamosas é o tipo histológico mais comum, seguido pelos adenocarcinomas o 50% dos tumores já são metastáticos ao diagnóstico • Alcoolismo e tabagismo são os principais fatores de risco; esôfago de Barrett e dieta inadequada também podem ser mencionados • Disfagia rapidamente progressiva e emagrecimento são os sintomas mais característicos o Sialorreia e odinofagia são sintomas de doença avançada! o Adenomegalia cervical e hepatomegalia também podem estar presentes o Tumores de terço superior e médio podem cursar com sintomas respiratórios, como pneumonias de repetição • Diagnóstico complementar o Endoscopia com biópsia para o diagnóstico é o método preferencial o TC de tórax e abdome para estadiamento o Broncoscopia o Ecoendoscopia pode permitir um diagnóstico mais precoce o Esofagograma para acompanhamento Câncer de estômago • Infecção por H. pilory, história familiar, dieta inadequada, cirurgias gástricas prévias e tabagismo são fatores de risco • 95% dos tumores são adenocarcinomas, 2% são linfomas • Emagrecimento, dor epigástrica incaracterística e saciedade precoce são sintomas chamativos o Disfagia em tumores de regiões altas o Vômitos por obstruções o Sangramentos são mais raros • Classificação macroscópica de Bormann – Polipoide, ulcerado, ulcerado e polipoide, infiltrativo • Classificação de Lauren – Difuso e intestinal • Diagnóstico complementar o Endoscopia com biópsia para o diagnóstico é o método preferencial o TC de tórax e abdome para estadiamento o Ecoendoscopia pode permitir um diagnóstico mais precoce o Laparoscopia para avaliação prévia Câncer de colorretal • Homens e mulheres são afetados igualmente • Dieta, tabagismo, história familiar (20%), lesões pré-neoplásicas (pólipo adenomatoso) e outras condições precursoras são fatores de risco o HNPCC • Tumores à esquerda e adenocarcinomas (95%) são mais comuns! • Alteração de hábito intestinal é a queixa mais comum dos pacientes o Tumores à direita habitualmente cursam com diarreia, anemia e massa palpável o Tumores à esquerda cursam com constipação o Tumores de reto podem cursar com fezes afiladas • Diagnóstico e estadiamento o Colonoscopia com biópsia para diagnóstico o TC de tórax, abdome e pelve para estadiamento ▪ Outras TC podem ser pedidas em suspeitas de metástases o Antígeno carcinogênico embrionário (CEA)pode ser utilizado para a monitorização Câncer de pâncreas • Adenocarcinoma representam 90% dos casos • 50% dos pacientes já são metastáticos ao diagnóstico, especialmente para o fígado • Tabagismo, alcoolismo, obesidade, pancreatite crônica, diabetes e história familiar de câncer são fatores de risco • Anorexia, emagrecimento, dor no andar abdominal superior são comuns o Icterícia, colúria e acolia fecal ocorrem em tumores de cabeça de pâncreas que comprimem a via biliar • Diagnóstico de imagem por TC abdominal ou RNM o Resultados de imagem positivos requerem uma ecoendoscopia com punção por agulha fina (PAF) • CEA e CA19-9 são marcadores tumorais que podem ser utilizados Bases da medicina por sistemas e aparelhos: Sistema digestivo Gastrocirurgia Sistema digestivo Gastrocirurgia Acalasia e megaesôfago “Distúrbio raro e que afeta a motilidade esofágica, com perda do peristaltismo e ausência de relaxamento do EEI em resposta à deglutição” Fisiopatologia • Decorre da perda seletiva de neurônios inibitórios do plexo mioentérico por resposta autoimune, fenômeno ainda não completamente entendido • Também pode ocorrer na Doença de Chagas, pela degeneração dos plexos em vigência da infecção pelo Trypanosoma cruzi Quadro clínico • Os sintomas centrais são disfagia para sólidos e líquidos, regurgitação de alimentos não digeridos, perda de peso e dor torácica o Pirose e tosse noturna também podem estar presentes o Complicações pulmonares são as manifestações extraesofágicas mais comuns, seja por microaspirações do conteúdo ou compressão mecânica o Importante o diagnóstico diferencial da dor decorrente da acalasia com anginas de origem cardíaca! • Indícios de doença chagásica devem ser pesquisados durante a anamnese • O escore de Eckardt avalia a gravidade do quadro e eficácia do tratamento o Estágio 0 – 0 ou 1 ponto o Estágio I – 2 ou 3 pontos o Estágio II – 4 a 6 pontos o Estágio III - Acima de 6 pontos ATENÇÃO! • A acalasia deve ser diferenciada de carcinoma estenosante distal e estenose péptica Métodos de imagem Fundamentais para o diagnóstico diferencial com outras afecções do TGI • EDA – Pode sugerir o diagnóstico, apesar da baixa acurácia o Importância na detecção de lesões cancerosas ou pré-cancerosas decorrentes da estase crônica • Esofagografia baritada o Importante para a definição da morfologia (diâmetro e eixo) do órgão o Pode parecer normal, especialmente nas fases mais iniciais da doença o Há distensão proximal com afunilamento distal, formando o padrão em “bico de pássaro” o Classificação de Rezende para a avaliação da dilatação • Manometria – Exame padrão-ouro, permite o diagnóstico de certeza mesmo nas fases iniciais o Aumento da pressão no EEI o Aperistalse o Relaxamento esfincteriano incompleto durante a deglutição Tratamento Alívio dos sintomas, melhora do esvaziamento esofagiano e prevenção do desenvolvimento do megaesôfago são os objetivos do tratamento • Dilatação pneumática do EEI com balão é o tratamento conservador mais frequentemente empregado e indicado inicialmente para a redução de pressão e desobstrução funcional • Nitratos e antagonistas de canais de cálcio são as drogas mais utilizadas, pela promoção do relaxamento temporário da musculatura lisa • A toxina botulínica inibe a liberação de acetilcolina e está indicada para pacientes idosos com morbidades associadas, após falha no tratamento cirúrgico, dentre outros • A cirurgia conservadora mais empregada é a miotomia de Heller, com secção de fibras musculares do EII; uma complicação comum é a DRGE o Há a associação da miotomia de Heller com uma fundoplicatura, envolvendo o fundo do estômago ao redor da porção distal do esôfago, a fim de proporcionar um mecanismo antirrefluxo o Possui melhores resultados a longo prazo Sistema digestivo Gastrocirurgia Câncer de esôfago RELEMBRANDO • Histologia do esôfago o Mucosa – Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado sobre lâmina própria e separado da submucosa pela camada muscular da mucosa, constituída de células musculares lisas o Submucosa – Tecido conjuntivo contendo glândulas esofágicas com ácinos mucosos o Muscular – Camada de músculos estriados esqueléticos em sua porção mais proximal e músculos lisos na sua porção distal ▪ Organizada em uma camada circular interna e outra longitudinal externa, separadas pelo plexo mioentérico o Adventícia – Camada mais externa e de tecido conjuntivo Epidemiologia • Terceira causa de câncer entre as neoplasias do trato digestório • Afeta mais homens do que mulheres (3:1) • Tipos histológicos mais comuns são CEC e o adenocarcinoma o Pode ser cervical; torácico superior, médio ou inferior Quadro clínico • Disfagia rapidamente progressiva e sem períodos de acalmia é o sintoma mais comum! • Emagrecimento, tosse, engasgos, rouquidão, regurgitação, hematêmese, odinofagia e pneumonias de repetição também podem ser sintomas • Relação com tabagismo, etilismo, acalasia do esôfago, uso crônico de bebidas quentes, más condições de higiene, deficiências de vitaminas A e C, ferro e zinco, doença do refluxo gastresofágico e ao esôfago de Barrett Diagnóstico • EDA com biópsia da lesão • TC de tórax e abdome para o estadio clínico • Broncoscopia pode ser indicada para avaliar possíveis invasões de traqueia Tratamento • Esofagectomia é a operação potencialmente curativa em doentes com condições clínicas suficientes para suportar o ato operatório e nos quais não se detecta evidência de metástases a distância e/ou invasão de outros órgãos • Para tumores restritos à mucosa esofágica, a ressecção endoscópica por "mucosectomia esofágica", pode ser indicada com finalidade curativa o O histopatológico é importante para a análise das margens cirúrgicas e avaliar se há a necessidade de conversão para esofagectomia o Sobrevida é de 80 a 90% dos pacientes, porém apenas 5% são diagnosticados nesse estágio • Estágios mais avançados (III e IV) exigem associação com radioterapia e quimioterapia, dada a menor sobrevida em 5 anos (10-15%) • Após ressecção esofágica, o estômago e/ou colo são as vísceras mais empregadas para reconstituição do trânsito Sistema digestivo Gastrocirurgia Cirurgia bariátrica RELEMBRANDO • O cálculo do IMC se dá pela divisão do peso pelo quadrado da altura da pessoa • Classificação dos IMC • O tratamento inicial da obesidade deve ser sempre clínico! Indicações e contraindicações da cirurgia Avaliação pré-operatória • Liberação da equipe multiprofissional • Aderência ao tratamento com perda de peso • Endoscopia, US e exames laboratoriais Pós-operatório • Dieta líquida por cerca de 30 dias; seguida pela introdução de uma dieta pastosa por 2 meses; quando por fim, os alimentos sólidos são introduzidos de maneira lenta e gradual • Utilização de meias elásticas para a prevenção de TVP, além de anticoagulação • As cintas abdominais são indicadas para pacientes que associaram a abdominoplastia, para prevenção de hérnias incisionais • Acompanhamento multiprofissional IMC acima de 35 com associação a algum componente da síndrome metabólica ou IMC acima de 40 Aderência as orientações dos profissionais de saúde Obesidade há mais de 2 anos Obesidade por doenças endócrinas Falta de compreensão dos aspectos cirúrgicos ou para manutenção do seguimento Ausência de suporte familiar Transtornos mentais graves Alto risco clínico Gastroplastia (bypass) • Técnica mais realizada no mundo • Momentos da cirurgia o Redução do conteúdo alimentar para 50 a70mL o Deabsortivo, com a ligação do estômago na porção do íleo terminal • Antigamente se colocava um anel de silicone na região de inserção do novo estômago para reduzir a hiperfagia; o que não feito hoje pelo risco de infecção e ativação imunológica • Há o risco da ocorrência de hérnia no local da anastomose (0,5 a 2%) Sleeve (gastrectomia) • Técnica mais rápida e simples • Redução do conteúdo alimentar pela secção do estômago de forma tubular seguida de gastrectomia o Há menor atuação da grelina, promovendo uma maior saciedade o Há preservação de acessos endoscópicos • Não possui a vantagem deabsortiva, o que a torna menos recomendada para pacientes com síndromes metabólicas • Maior risco de reganho de peso se comparada à técnica do by-pass, o que a contraindica para pacientes mórbidos Sucesso da cirurgia • Perda de peso o 8 a 12% no 1º mês o 18 a 22% até o 3º mês o 28 a 32% até o 6º mês • Em torno de 40% em até 1 ano • Perda de 25 a 40% do peso total • Redução de 15 pontos de IMC • Perda de 50% do excesso de peso • Resolução de problemas secundários à obesidade Complicações • Sangramentos e fístulas são as principais complicações! o As fístulas do bypass costumam ser mais benignas que as do Sleeve Sistema digestivo Gastrocirurgia Câncer gástrico Epidemiologia • Quarto em incidência e segundo em mortalidade no mundo • Afeta mais as pessoas com mais de 55 anos e mais homens do que mulheres (2:1) • 90% dos tumores gástricos são adenocarcinomas, 5% são linfomas, 3% são GIST, dentre outros tipos • O estômago raramente é sede de metástases Fatores • Protetores – Ingestão de frutas e vegetais • De risco – Ingestão de alimentos salgados e/ou defumados, tabagismo e infecção pelo H. pilory, gastrite crônica atrófica Classificações • Macroscópica de Borrmann o Tipo IV possui um componente fibroso importante e é o que possui menor tempo de sobrevida! • Da Sociedade Japonesa de Pesquisa do Câncer Gástrico o Precoce – Limitado à mucosa e/ou submucosa, com índice de sobrevivência superior a 90% o Avançado – Presença do tumor além da camada submucosa, com sobrevida abaixo dos 30% em 5 anos • Classificação histológica de Lauren o Tipo intestinal ou bem diferenciado – Há metaplasia intestinal no estômago, com as células se organizando de maneira coesa e formando estruturas tubulares o Tipo difuso, indiferenciado ou infiltrativo – As células cancerosas estão separadas ou em pequenos grupos, com secreção mucinosa dispersa pelo citoplasma ou estroma Quadro clínico • Sintomatologia inicial é vaga e inespecífica o Dor epigástrica vaga, que melhora com dieta ou antiácidos • Dor contínua, perda de peso, plenitude gástrica, anorexia, náuseas e vômitos, hemorragia digestiva, disfagia, queda do estado geral, emagrecimento, palidez cutâneo-mucosa, tumor abdominal visível ou palpável, ascite, hepatomegalia e adenomegalia cervical caracterizam doença avançada • Linfadenomegalia supra-clavicular à esquerda e axilar, sugerem doença metastática Diagnóstico e estadio • A EDA é o exame mais importante para o diagnóstico, permite a visualização da lesão e sua classificação macroscópica; além disso, auxilia no planejamento cirúrgico, inclusive quanto ao nível da ressecção gástrica • A comprovação histológica se dá pela obtenção por biópsia de tecido • O exame contrastado com bário do esôfago, estômago e duodeno permite avaliar as características macroscópicas da lesão, porém tem sido pouco requisitado em virtude das informações que a EDA com biópsia possibilita • TC e RNM podem ser pedidas para estabelecer a extensão da doença e permitir o seu estadiamento o PET-TC pode ser utilizado para o diagnóstico de metástases à distância • A ecoendoscopia permite avaliar a profundidade da lesão na parede gástrica e, com menor precisão, os linfonodos peritumorais, estando mais indicada principalmente no câncer gástrico precoce Tratamento A cura do câncer gástrico só pode ser obtida pelo tratamento cirúrgico radical • Tratamento cirúrgico curativo com gastrectomia subtotal objetiva ressecar o tumor com margens adequadas e os linfonodos regionais eventualmente infiltrados pelo tumor o Ressecção da porção distal do esôfago, baço ou corpo e cauda do pâncreas podem ser necessárias, a depender da localização do tumor para garantir uma margem de segurança • Câncer gástrico precoce – Pacientes brasileiros tratados nesse estágio não superam os 14% o Sobrevivência superior a 95% em 5 anos com o tratamento adequado o Tratamento endoscópico para tumores limitados à mucosa, não ulcerado, com tipo histológico bem diferenciado e menores que 2 cm • Tratamentos neoadjuvantes, adjuvantes e paliativos – Reduzem o índice de recidivas em pacientes com doença localmente avançada Sistema digestivo Gastrocirurgia Câncer de fígado Epidemiologia • Sexta causa de câncer e terceira causa de morte por câncer mundialmente • Atinge com mais frequência homens na faixa etária dos 50 anos ATENÇÃO! • Os pacientes cirróticos devem ser acompanhados cuidadosamente, já que 80% dos hepatocarcinomas surgem nesses pacientes • Dentre as etiologias da cirrose que podem determinar o aparecimento de um HCC estão a HBC, HCV, doença hepática alcóolica, esteato-hepatite não alcóolica, hemocromatose, etc • O rastreamento em cirróticos é feito por US abdominal, mais sensível, e dosagem sérica de AFP a cada seis meses Quadro clínico • Emagrecimento, dor em hipocôndrio direito, aumento de volume abdominal por ascite, hepatomegalia, febre e icterícia são sinais comuns • Descompensação hepática em pacientes cirróticos pode ser a primeira manifestação de tumor • O processo diagnóstico geralmente se inicia com um nódulo detectado por US, TC ou RM Métodos diagnósticos Baseados em dados clínicos, laboratoriais e, quando necessário, evidência histológica • Lesão por agulha ou biópsia possuem mínimas complicações associadas, mas há até 40% de falso-negativos • Histopatológico é mandatário em casos duvidosos, especialmente quando o doente não tem cirrose hepática Critério de Barcelona • Exame anatomopatológico positivo • Dois métodos radiológicos (US com Doppler ou contraste por microbolhas, RM, TC e arteriografia) demonstrando lesão focal com mais de 2cm e hipervascularização arterial. • Exame radiológico trifásico (TC helicoidal multislice, RM, US com contraste por microbolhas) com lesão focal com mais de 2cm, hipervascularização arterial e depuração rápida de contraste • Critério combinado - Exame radiológico + dosagem sérica de AFP acima de 200ng/mL Prognóstico e estadio Prognóstico e estadio dependem não só das caraterísticas do tumor, mas de quão impactadas estão as funções hepáticas • Estadio proposto pelo Barcelona Clinic Liver Cancer • Cintilografia óssea e TC de tórax são necessárias detectar possíveis metástases, independente do estadio do paciente Tratamento curativo Podem beneficiar apenas de 30 a 40% dos pacientes • Ressecção o Realizada em pacientes não cirróticos ou em cirróticos com HCC único, de localização favorável, assintomáticos e com função hepática normal o Recorrência acima de 50% em até 5 anos, mesmo com os pacientes bem selecionados • TX hepático o Critérios de Milão ▪ Melhores candidatos são pacientes com HCC único de até 5 cm ou até três nódulos menores que 3cm; sem doença extra-hepática ou invasão vascular ▪ Índices de sobrevida maiores do que 70% em cinco anos e recorrência menor do que 15% o Menores índices de recidiva se comparado com outras técnicas radicais, pela remoção de lesões pré-cancerosas o Terapias adjuvantes devem ser utilizadas para prevenir a progressão do tumor o Morbimortalidade para doadores vivos é alta,de até 14% • Ablação percutânea – Melhor tratamento para HCC não cirúrgicos o Bons resultados em sobrevida e poucas complicações o Risco de recidiva! Tratamento paliativo • Embolização ou quimioembolização – Terapia mais utilizada para HCC irresecável • Tamoxifeno • Quimioterapia arterial ou sistêmica • Imunoterapia Sistema digestivo Gastrocirurgia Litíase biliar História natural • Os cálculos biliares estão presentes em aproximadamente 10% das pessoas com idade entre 20 e 40 anos e em até 20% das pessoas entre 40 e 60 anos • A maioria dos pacientes permanecerá assintomática, com apenas 20% evoluindo em 15 anos de acompanhamento para o estágio de colecistopatia calculosa • A evolução entres os portadores de colecistopatia calculosa varia desde a resolução espontânea até uma série de complicações possíveis, como coledocolitíase, colecistite aguda, etc • Fatores de risco Sexo feminino Cirrose Obesidade Perda de peso rápida Idade > 40 anos Anemias hemolíticas Medicações – Estrogênios e ACO, ceftriaxona, Quadro clínico • A colecistopatia calculosa se apresenta, tipicamente, como uma dor em cólica em epigástrio e/ou hipocôndrio direito, de forte intensidade e duração média de meia a uma hora, sem icterícia ou colúria e desencadeada por alimentação • Diaforese, náuseas e vômitos podem acompanhar o quadro doloroso • Associação com alimentação não é universal e a dor pode ser predominantemente noturna em alguns pacientes • Pode haver dor à palpação em hipocôndrio direito ao exame físico • Cólica biliar, febre, icterícia, sinais de irritação peritoneal e alteração de exames laboratoriais sugerem formas mais graves Diagnóstico complementar • Exame de imagem de escolha é o US abdominal, com sensibilidade de 84% e especificidade de 99%; revelando imagens hiperecogênicas móveis, com sombra acústica posterior o Repetição dos exames, US endoscópica e a pesquisa de cristais na bile pode aumentar a sensibilidade diagnóstica • TC e RX não são bons exames para o diagnóstico • Habitualmente, os exames laboratoriais estão normais, mesmo na colecistopatia calculosa não complicada • Muitos dos sintomas encontrados estão presentes em alguns diagnósticos diferenciais; logo, é importante imaginar que a colecistopatia pode ser apenas um achado de exame RELEMBRANDO • Os ácidos biliares (cólico e quenodesoxicólico) são sintetizados no fígado a partir do colesterol, que também é precursor dos esteroides e da vitamina D • A conjugação dos ácidos, ainda no fígado, aumenta a solubilidade aquosa e reduz a sua absorção passiva no intestino delgado • A porção dos sais que não é absorvida no intestino sofre a ação de bactérias da flora intestinal e são convertidos nos ácidos litocólico e desoxicólico, que por fim são absorvidos no intestino • Os ácidos secundários absorvidos pelo intestino retornam ao fígado, onde servem de substrato para a síntese de sais biliares novamente • A circulação entero-hepática propicia uma quantia estável de ácidos biliares e as pequenas perdas fecais são repostas pela síntese hepática Fisiopatologia • 90% dos cálculos são formados por colesterol, presente na bile, e são conhecidos como cálculos amarelos • Os cálculos negros, formados a partir de pigmentos biliares, costumam estar associados a situações de hemólise e aumento da oferta de bilirrubina indireta para o fígado Tratamento A maioria dos pacientes é assintomática e não deve receber nenhum tratamento, o que é corroborado por um risco de desenvolvimento de sintomas de apenas 1% ao ano • Tratamento inicial do quadro doloroso deve focar na analgesia, baseada em AINH e opioides • Os portadores de cálculos sintomáticos habitualmente são encaminhados para o tratamento cirúrgico por colecistectomia videolaparoscópica o Diabéticos, portadores de doença hemolítica e candidatos a transplante de órgãos podem ser considerados para o tratamento cirúrgico, mesmo se assintomáticos • Pacientes sintomáticos que recusam ou possuem alguma contraindicação ao tratamento cirúrgico podem ser considerados para o tratamento clínico com ácidos biliares litolíticos o Diarreias, hipercolesterolemia, alteração de transaminases são potenciais efeitos colaterais o Risco de recorrência de 15% em um ano e 45% em 3 anos Colecistite aguda Inflamação aguda da vesícula, associada ou não a um processo inflamatório • Complicação mais comum da vesícula calculosa; com incidência entre 6 e 11% dos pacientes em seguimento por 11 anos o Nos casos infecciosos, os organismos mais comumente envolvidos são a E. coli, Klebsiella e os enterococos o Uma pequena porcentagem dos casos pode ser secundária apenas à isquemia da parede vesicular, chamada de colecistite alitiásica • Há dor intensa e prolongada em epigástrio e/ou hipocôndrio direito, frequentemente associada à febre e com possível irradiação para as costas, ombro ou região escapular direita; pode haver icterícia o Sinal de Murphy está presente! • US abdominal é o exame de escolha, com espessamento da parede vesicular, presença coleções e líquido livre, etc • Exames laboratoriais podem revelar leucocitose com ou sem desvio à esquerda, além de alterações nas enzimas hepáticas, bilirrubinas e amilase • Tratamento é a abordagem cirúrgica aguda Coledocolitíase Presença de cálculos no ducto biliar comum, comumente originados por migração • Podem ser assintomáticos, apesar de geralmente se manifestarem com crises mais prolongadas de dor em cólica, acompanhadas por náuseas, vômitos, icterícia e colúria transitórias, com alterações nos testes de colestase o Colestase é caracterizada pela dosagem sérica das bilirrubinas, com aumento de bilirrubina direta e indireta, com predomínio da direta; da fosfatase alcalina e gama-GT e enzimas de excreção biliar o Transaminases são inespecíficas, pois podem estar elevadas em colestases intra e extra-hepáticas • A colangite, que é a inflamação das vias biliares secundária a sua obstrução, e a pancreatite aguda podem ser complicações graves associadas o Os pacientes com colangite aguda com frequência apresentam a tríade de Charcot (dor no hipocôndrio direito, febre associada a calafrios e icterícia) e leucocitose o Nos casos graves, bacteremia e sepse podem levar à hipotensão e à alteração do nível de consciência; a pêntade de Reynold • A US abdominal é o exame de triagem, podendo ser associada a outros métodos mais acurados como a colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) e a US endoscópica o A CPRM é pouco invasiva e não utiliza contraste, enquanto a US endoscópica é indicada para cálculos menores do que 6 mm o Pacientes de alto risco devem ser submetidos imediatamente a realização de uma colangiografia retrógada endoscópica (CRE) Sistema digestivo Gastrocirurgia Pancreatite aguda “Condição inflamatória aguda do pâncreas, com acometimento variável das estruturas peripancreáticas e/ou órgãos à distância, causado pela ativação anômala, liberação intersticial e até autodigestão de tecidos por enzimas pancreáticas” A doença • 80% dos casos se apresentam como PA leve, com predomínio de mediadores anti-inflamatórios e morte celular em apoptose • A PA pode se apresentar como PA grave ou necrosante em até 20% dos casos, com insuficiência orgânica e/ou complicações locais, predomínio de mediadores pró-inflamatórios e morte celular em necrose o Necrose, abscesso ou pseudocisto são complicações locais mais comuns • Obesidade, colecistopatia e alcoolismo são fatores de risco para a sua ocorrência Diagnóstico etiológico As etiologias alcóolica e biliar correspondem a até 90% dos casos de PA • Episódios recorrentes sugerem etiologia alcóolica, que é mais comum emhomens entre os 40 e 60 anos de idade • A etiologia biliar é mais comum em mulheres • Outras causas menos comuns de PA são a hipertrigliceridemia, hipercalcemia e medicamentosa Quadro clínico • Dor aguda no andar superior do abdome, de moderada a muito intensa o Intensidade máxima dentro da primeira hora e, caracteristicamente, persiste sem alívio por mais de 24 horas o Irradiação para o dorso em cerca de metade dos casos – “ Em faixa” o Nunca em cólica! • Náuseas e vômitos são outros sintomas comuns na PA, principalmente como reflexo da dor intensa • A febre é um sinal importante, ocorrendo na maioria dos doentes no início do quadro, podendo chegar a 39° e persistir por vários dias o Quando associada à icterícia, pode ser decorrente de colangite aguda em pacientes com PA biliar e é indicação de imediata descompressão da via biliar principal • Em doentes com formas graves, sinais de peritonite podem surgir com sensibilidade dolorosa abdominal difusa e rigidez da parede abdominal • O sinal de Grey-Turner e o sinal de Cullen podem surgir nas formas mais graves • Podem ocorrer manifestações cardiovasculares e pulmonares, como derrames pleurais à esquerda Diagnóstico • Dois dos três seguintes achados o Dor abdominal característica de PA o Níveis séricos de amilase ou lipase, enzimas liberadas pelo parênquima pancreático durante o curso da PA, pelo menos 3 vezes acima do limite superior da normalidade ▪ Amilase atinge o seu pico e regride mais rapidamente que a lipase o Alterações características de PA nos métodos de imagem, especialmente na TC abdominal ou na RM • Após 48 horas do início do quadro, níveis de proteína C reativa superiores a 150 mg/dL costumam estar associados à necrose pancreática Exames de imagem • Radiografia simples de abdome auxilia no diagnóstico diferencial de outras causas de abdome agudo, como a obstrução ou perfuração intestinal • US abdominal é um exame de baixa sensibilidade para o diagnóstico de PA pela interposição de alças intestinais repletas de gás • TC com contraste intravenoso é o melhor método de imagem para excluir afecções que podem simular PA, avaliar a gravidade da doença, identificar complicações dessa afecção e, eventualmente, estabelecer a etiologia da doença o Uso em pacientes graves e em dúvida diagnóstica ATENÇÃO! • O grau de elevação enzimática não se correlaciona com a gravidade da PA e a normalização dos níveis enzimáticos não é necessariamente sinal de resolução da doença • US biliar deve ser realizada em todos os pacientes com suspeita de PA para descartar ou confirmar a etiologia biliar Diagnóstico diferencial • Colecistopatia aguda • Úlcera duodenal perfurada • Obstrução intestinal alta • Trombose mesentérica • Apendicite aguda • Síndromes coronarianas Avaliação da gravidade • PCR pode ser utilizado como preditor de gravidade, apesar de demorar até 48 horas para se elevar • Critérios de Ranson o Valores acima de 3 indicam uma PAG • Escore de Marshall modificado o Cada vez mais utilizado Tratamento • PA leve – Medidas de suporte! o Analgesia, hidratação, sintomáticos, jejum oral o Nunca são utilizados ATB • PA grave o Internação em UTI e avaliação contínua das funções orgânicas o Reposição volêmica e até uso de vasopressores pelo sequestro de líquidos para o terceiro espaço o Analgesia o Suporte nutricional pela via enteral sempre que possível o Uso de ATB pode ser pensado, especialmente nas formas necrosantes o Drenagem cirúrgica ou procedimentos minimamente invasivos são utilizados nos casos de necrose infectada e/ou abcesso • PCRE com papilotomia endoscópica e colecistectomia VLP podem ser realizadas para pacientes com etiologia biliar confirmada Sistema digestivo Gastrocirurgia Câncer de pâncreas O câncer de pâncreas • O adenocarcinoma ductal é a neoplasia que acomete o pâncreas com maior frequência (80%) e se origina a partir do epitélio de revestimento dos canalículos pancreáticos • Neoplasias císticas constituem 10% dos casos e tumores neuroendócrinos são 5% das neoplasias, possuindo um curso muito indolente o Tumores endócrinos podem ser não funcionantes ou funcionantes, com repercussão sistêmica de sua produção hormonal • Possui alta agressividade, baixos índices de ressecabilidade e mau prognóstico • 80% das pessoas afetadas estão entre os 60 e os 80 anos; além de afetar os homens mais do que as mulheres, na proporção de 1,3:1 • Corresponde a cerca de 2% dos diagnósticos e 4% das mortes por câncer no Brasil Fatores do risco • Sedentarismo; obesidade; pancreatite crônica hereditária e não hereditária; antecedentes familiares; gastrectomia e diabetes tipo II, especialmente de aparecimento recente • Tabagismo é fortemente relacionado; bem como o álcool, dietas com alto valor calórico e ricas em gordura de origem animal e exposição prolongada a compostos petroquímicos • Série de mutações genéticas de predisposição Quadro clínico Por sua sintomatologia muito inespecífica, muitos pacientes já chegam para atendimento em estágios avançados • Emagrecimento considerável em curto período de tempo • Astenia, adinamia e anorexia • Sintomas dispépticos - Náuseas, com e sem vômitos, e esteatorreia • Dor abdominal progressiva, com localização no andar abdominal superior e/ou dorso, de intensidade leve a moderada • Prurido intenso • Icterícia progressiva pela obstrução das vias biliares pode ser um sintoma em tumores de cabeça de pâncreas, que correspondem por até 80% dos casos o Além da icterícia, colúria e acolia estão presentes Exame físico • Discreta hepatomegalia • Sinal de Courvoisier-Terrier – Caracterizado pela presença de vesícula palpável e indolor, altamente sugestivo de tumores de cabeça de pâncreas, está presente de 30 a 40% dos casos • Situações de doença avançada o Sinal de Troisier – Presença de gânglio supra-clavicular esquerdo aumentado, o gânglio do Virchow o Ascite o Sinal de Sister Mary Joseph – Nódulos periumbilicais o Massa abdominal palpável o Sinal da prateleira de Blumer – Nódulos no fundo de saco ao toque retal o Sinal de Trousseau – Tromboflebite migratória, predispondo a fenômenos trombóticos Diagnóstico • Há redução nos níveis de Hb; aumento de bilirrubinas, especialmente da direta; aumento também da fosfatase alcalina, GGT e transaminases; redução da albumina e redução na absorção de vitamina K • O marcador CA 19-9 é o mais utilizado para corroborar o diagnóstico e auxiliar no estadiamento e acompanhamento do paciente • A US é útil na avaliação inicial do paciente ictérico, mostrando sinais indiretos do processo obstrutivo; apesar de pouco eficaz na identificação de tumores inferiores a 3 cm • A TC com contraste é fundamental para o diagnóstico e estadiamento! o Localização e características do tumor, grau de comprometimento de tecidos adjacentes, presença de linfadenomegalias, relação com estruturas vasculares e metástases hepáticas o Definição de ressecabilidade ou não na fase pré-operatória • A RNM vem ganhando espaço pela sua alta acurácia, comparável à da TC o Possibilidade de reconstrução colangiográfica da via biliar sem a administração de contraste o Ótima para o diagnóstico de tumores císticos • A US endoscópica é importante para o auxílio da punção ecoguiada, em casos de dúvida diagnóstica ou situações de neoplasias avançadas, em que a confirmação histopatológica torna-se fundamental para o tratamento • A pancreatocolangiografia retrógrada endoscópica (PCRE) é cada vez menos utilizada para diagnóstico Tratamento • Apenas 20% dos pacientes são elegíveis para tratamento curativo em tumores de cabeça de pâncreas, percentual ainda menor nos de corpo e cauda • Ressecção cirúrgica realizada através da duodenopancreatectomia,
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