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Leticia Frei Introdução: A vesicula biliar tem como função armazenar a bile, liquido produzido pelo figado que atua na digestão de gorduras do intestino. A bile é formada pela mistura de varias substancias: colesterol responsavel pela imensa maioria da formação de calculos, que podem impedir o fluxo da bile para o intestino e causar uma inflamação chamada de colecistite. Apresenta elevada prevalencia familiar, provavelmente por influencia genetica e os calculos de colesterol são 3x mais frequentes na obesidade acentuada. Fisiopatologia: A formação dos calculos biliares acontecem em 3 fases principais: Supersaturação biliar: com a formação da bile litogenica – bile que contem excesso de colesterol. Condição que leva a mudança de estado, aparecendo uma cristalização de coleterol. Nucleação: processo que os cristais de colesterol monoidratado se formam e se aglomeram. O calcio promove a fusão e aumento dos cristais de colesterol. Crescimento do calculo: depende muito da estase biliar na vesicula. A hipomotilidade da vesicula é componente importanste na formação do calculo, promovendo a permanencia dos cristais na vesicula por um tempo prolongado e exposição de novos calculos e o gel de mucina que age como cimento aderindo os cristais. Obs: o colesterol é uma substancia insoluvel e tende a precipitar e formar cristais. Existem tambem os calculos pigmentares, mais raros. Os calculos pigmentares castanhos são maciços e sem formas definidas. São os unicos formados fora da vesicula biliar, contem sais de bilirrubina e outras substancias. Mais comum na vigencia de infecções, bile cronicamente infectada por bacterias, como E.coli e Klebsiella sp. Os calculos pigmentares negros associam-se as doenças hemoliticas, à cirrose, à alimentação parenteral prolongada e à pos-ressecção ileal. Em condições ideias, as tres formam micelas mistas, que são soluveis e impedem a formação do calculo. Esse equilibrio não acontece em todos os individuos , oque leva a formação da bile supersaturada em colesterol - bile litogenica. Fatores de risco: - Gravidez (efeito hormonal e principalmente em multiparas). - Obesidade (excesso de colesterol). - Diabete mellitus (distubio do metabolismo lipido ao nivel do hepatocito). - Hiperlipoproteina do tipo IV (elevação dos triglicerideos). - Exclusão anatomica ou funcional do ileo terminal (diminuição do pool de sais biliares). Colelitíase Leticia Frei - Medicamentos (sequestradores de sais biliares). - Fistula biliar externa (diminuição do pool de sais biliares). - Cirrose hepatica (deficiencia da conjugação da bilirrubina). - Pacientes hemoliticos (hemolise cronica). - Pancreatite cronica. - Estenose de coledoco terminal Quadro clinico: 80% são assintomaticos, enquanto a minoria é sintomatica, consequencia da obstrução do canal cistico. - Dor recidivante - Sinal de murphy positivo - Dor epigastrica ou no QSD - Colica biliar - Dor intensa, continua e raramente em colica - Pode irradiar para a região interescapulovertebral - Inicio subito e aumenta de intensidade. Se a dor persistir por mais de 3 horas pensar em colecistite aguda. Diagnostico: Levar em consideração o quadro clinico da colica biliar simples, associada a exames hematologicos normalmente normais. - Exame radiologico - Exame ultrassonografico – calculos maiores que 2cm – padrão ouro. - Colecistografia oral - Radiografia simples de abdome - Colangiopancreatografia retrofrada por via endoscopica (CPRE) – serve para diagnostico e medida terapeutica. Tratamento: A litiase assintomatica não exige tratamento cirurgico – condutas conservadoras: evitar dietas gordurosas e em grande quantidade. Litiase sintomatica: cirugico – colecistectomia (via aberta e videolaparoscopia) – padrão ouro. Medicamentoso: para calculos de colesterol radiopacos menores que 1,5cm, acido ursodesoxicolico. Leticia Frei Introdução: A coledocolitiase se refere a presença de cálculos biliares no ducto colédoco, também conhecido como ducto biliar comum. A coledocolitiase pode ser classificada em primaria, quando o calculo se forma no próprio colédoco ou secundaria, quando o calculo se formou na vesicular biliar e migrou para o ducto colédoco. Fisiopatologia: A maior parte dos cálculos do colédoco se forma inicialmente na vesícula biliar e migra pelo ducto cístico para o colédoco, sendo classificados como cálculos secundários. Estes cálculos geralmente são do tipo pigmento marrom e devem alertar o cirurgião para a probabilidade de recorrência dos cálculos. Já os cálculos primários, ou seja, formados no próprio ducto colédoco, associam-se à estase biliar e a infecção. As causas de estase biliar que leva o desenvolvimento de cálculos primários incluem estenose biliar, estenose papilar, tumores ou ate outros cálculos (secundários). Quadro clinico: -Dor no QSD ou epigástrio. -Náusea e vômitos. -Febre (só em casos de complicações). -Sensibilidade do QSD ou epigástrio. -Icterícia. -↑Bilirrubina sérica -↑Aminotransferases -↑Fosfatase alcalina Diagnostico: -Exames laboratorias (bilirrubina, aminotrasnferases e fosfatase alcalina). -Estudos de imagem : USG, colangiopancreatografia ressonância magnética. Com o objetivo de confirmar ou excluir a presença de cálculos no ducto colédoco. Tratamento: Colangioprancreatografia endoscópica retrograda pré-operatoria (CPRE) seguida por Colecistectomia eletiva. Coledocolitiase Leticia Frei Introdução: A colecistite é um processo inflamatório da vesícula biliar que pode ocorrer devido a uma oclusão do ducto cístico. Sua principal causa é a litíase, ou seja, colecistite aguda calculosa, que é responsável por 90% dos casos. Mas outras causas podem contribuir para o desenvolvimento da colecistite, processos neoplásicos, estenose fibrosa, ascaridíase, compressão por linfonodos dilatados, aderências, nutrição parenteral por longo período, má perfusão tecidual. Fisiopatologia: Consiste na obstrução do ducto cístico. No caso de colecistite calculosa essa obstrução decorre da presença de um calculo no infundíbulo da vesícula biliar ou no ducto, levando assim a distensão do órgão e como consequência sua contração, que se manifesta clinicamente como cólicas. Devido a isso, ocorrem alterações locais como edema e ulcerações, além disso, a parede da vesícula biliar produz substancias como a Fosfolipase A, que age com a bile produzindo substancias irritativas a mucosa, e prostaglandinas, que provoca o processo inflamatório. Como consequência desse processo inflamatório a circulação venosa e linfática é comprimida corroborando para o aumento do edema e para possíveis complicações. Alem do mais, a distensão biliar pode levar a isquemia tecidual causando a gangrena e posteriormente uma perfuração causando uma peritonite. E. coli, Klebsiella, Proteus, Peptostreptococcus, C.perfringens e B. fragilis. Quadro clinico: -Dor intensa ou desconforto no HD ou epigástrio. -Náusea e vomito. -Febre -Dor súbita e continua. -Ictericia -Sinal de Murphy positivo Diagnostico: -A partir de aspectos clínicos e -USG abdominal -TC Exames laboratorias: -↑Aminotrasnferes -↑Fosfatase alcalina Colecistite Aguda Leticia Frei -↑Amilase -↑Proteina C reativa Tratamento: 50% dos casos tem resolução espontânea em um período de 7 a 10 dias. -Antibióticos - Colecistectomia laparoscópica -Aspiração por agulha fina guiada por USG Leticia Frei Introdução: A colangite bacteriana aguda é a complicação mais grave e mais letal de todas as complicações dos cálculos biliares. Causada por cálculos que obstruem o ducto biliar comum e elevam a pressão intraluminal.O pus sob pressão nos ductos biliares leva a disseminação rápida de bactérias para o sangue através do fígado sepse. A forma mais comum da colangite é a não supurativa, mas pode ocorrer a forma grave de colangite supurativa aguda, é a causa por supuração intraductal e obstrução total do colédoco. Etiologia e Fisiopatologia: A colangite decorre de um calculo incrustado no ducto biliar com consequência a estase da bile. Outras causas são: neoplasias, estreitamentos biliares, infecções parasitarias e anormalidades congênitas dos ductos biliares. Comum em pacientes com coledocolitiase e pacientes com estreitamento pós-traumatico do ducto biliar. Com maior probabilidade de ocorrer quando o ducto biliar que já contenha bactérias se torna obstruído. As bactérias mais comuns: E. coli, Krebsiella, Pseudomonas, Proteus e Enterococos. Os microrganismo adentram na cadeia biliar quando os mecanismos de defesa ou barreira estão alterados, por exemplo: Esfincter de Oddi, atividade bacteriostática dos sais biliares, IgA secretora e mucosa biliar. A obstrução do lumen biliar aumenta a pressão e a permeabilidade dos ductos, oque facilita a translocação das bactérias da circulação portal para o trato biliar e para a corrente sanguínea. Quadro clinico: Triade de Charcot: dor no QSD, icterícia e febre. Dor leve e transitória, acompanhada de calafrios e rigidez. Pacientes idosos podem apresentar confusão mental, letargia e delirium. Alterações do estado mental e hipotensão em combinação a tríade de charcot é chamada de Pentade de Reynolds, ocorrem na colangite supurativa grave. Diagnostico: - Ultrassonografia: monstra ductos biliares dilatados e ocasionalmente identifica um calculo. - Colangiopancreatografia por ressonância magnética: identifica pedras >1cm. - Colangiopancreatografia retrograda endoscópica: padrão ouro. - Exames laboratoriais: hemograma, eletrólitos, função hepática e hemoculturas. Leucocitose Aminotransferase podem atingir 2.000 UI/L – necrose hepática aguda. ↑Bilirrubina Colangite Leticia Frei ↑ Fosfatase alcalina ↑ Gama-GT Tratamento: Todos os pacientes diagnosticados devem ser internados para hidratação, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e analgesia. - Terapia empírica: casos de suspeita de colangite bacteriana. - Ertapenem 1g, IV 1x ao dia – casos leves - Metronidazol + cefepime – casos de alto risco. Leticia Frei Introdução: Colecistite crônica quase sempre resulta de cálculos biliares e episódios anteriores de colecistite aguda. Danos ocasionados na colecistite crônica variam de infiltração leve a vesícula biliar fibrosa, contraída e de paredes espessas. Externa calcificação das paredes da vesícula pela fibrose é denominada vesícula em porcelana. Quadro clinico: -Colica biliar -Dor abdominal superior com defesa local. -Sem febre Diagnostico: -USG Deve ser suspeitada em todo paciente que apresente cólica biliar recorrente e litíase vesicular. Tratamento: -Colecistectomia laparoscópica Colecistite Crônica