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Legislação e Educação Especial no Brasil

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Prévia do material em texto

Meta da aula
Apresentar as principais iniciativas nacionais no 
campo da legislação, com vistas ao atendimento e 
à educação das pessoas com deficiência ou necessi-
dades educacionais especiais, até o século XX.
6AULA
ob
jet
ivo
s Após o estudo do conteúdo desta aula, esperamos que você seja capaz de:
1. identificar as leis e as políticas públicas no 
campo da Educação Especial;
2. reconhecer a importância das conquistas 
das pessoas com necessidades especiais nas 
diferentes áreas.
Marcos históricos nacionais 
da Educação Especial 
até o século XX
Maria Angela Monteiro Corrêa
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
94 CEDERJ
A despeito de todo o preconceito, a vida das pessoas deficientes ou diferentes 
foi ocupando espaços de significativa importância na legislação, à medida que 
o convívio em sociedade foi se tornando cada vez mais frequente.
A luta pelos direitos de ir e vir das pessoas com deficiência e o acesso aos 
mesmos bens que a maioria dos indivíduos em sociedade usufrui, como: a 
educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o esporte, o lazer e a cultura, entre 
outros fatores, concorreram para esta mudança de postura.
Assim, são muitos ainda os excluídos na sociedade. Não se trata de sair em 
defesa de uma classe que vive à margem do que a grande maioria das pessoas 
tem acesso. Na realidade, deve-se ter a consciência de que, ainda hoje, as 
mulheres, os negros, os índios, os velhos, as crianças e tantos outros grupos 
de pessoas travam verdadeiras batalhas para sobreviver em igualdade de 
condições e para serem tratados com respeito em nosso país.
Nos últimos anos, a palavra inclusão é usada de forma bastante frequente em 
diferentes contextos; no entanto, inclusão não significa apenas poder estar 
junto com os outros e não ser discriminado, mas também e principalmente 
sentir-se aceito e conviver em um ambiente onde o ser humano é tratado 
com respeito e dignidade.
A legislação, nesse sentido, é um dos meios mais eficazes para se combater a 
discriminação na sociedade, pois ela protege os direitos do cidadão deficiente; 
entretanto, as leis não conseguem fazer com que as pessoas se modifiquem, 
pois, como muito bem lembrou Jannuzzi (1993), “nos países desenvolvidos 
a lei é baixada para consagrar o costume. Aqui se tem a pretensão de gerar 
mudanças de costumes através da imposição das leis” (p. 15).
Um aspecto importante que merece ser destacado é que a legislação brasileira 
até a década de 1980 tinha um caráter assistencialista e paternalista, que 
ratificava a forma como as pessoas portadoras de deficiência eram vistas e 
tratadas na prática. Cabia à pessoa deficiente adaptar-se ao meio em que 
vivia, e não o contrário.
Nesta aula, os principais documentos nacionais e legislações no campo da 
Educação Especial serão objeto de estudo. O destaque será dado à Constituição 
Federal (1988); à Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência (Corde/1989); ao Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); ao 
Plano Decenal de Educação para Todos (1994); à Política Nacional de Educação 
Especial (1994); à Portaria no 1.793/1994; à Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional (1996), ao Aviso Circular no 277/1996; à Portaria no 319/1999; 
ao Decreto no 3.076/1999; à Política Nacional para a Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência (BRASIL, 1999).
INTRODUÇÃO
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Fonte: http://www.sxc.hu/photo/191197
Dessa forma, conhecer a legislação que garante os direitos de todos possibilita 
avaliar as políticas públicas e pensar sobre a história e a cultura do país. Isto 
torna mais fácil o caminho para a construção de uma sociedade inclusiva, isto 
é, uma sociedade aberta às diversidades e à participação de todos.
Não se tem a pretensão de esgotar nenhum desses temas, mas destacar nas 
leis e políticas públicas vigentes os aspectos mais significativos tanto para as 
pessoas com necessidades especiais, como para a Educação Especial.
A ordem apresentada desses documentos será cronológica, para que se pos-
sa observar e apreender a evolução dos diferentes enfoques contemplados 
na legislação e a forma lenta e gradual com que o país foi construindo um 
caminho para atender as pessoas deficientes ou aquelas que necessitam de 
recursos específicos para serem escolarizadas e para viverem em sociedade.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração, durante todo o estudo 
desse conteúdo, é que o país sofreu constantes influências externas de todos 
os movimentos internacionais em benefício das pessoas deficientes ou com 
necessidades especiais e este cenário mundial em movimento auxiliou enor-
memente as mudanças nas políticas públicas brasileiras, mesmo que elas se 
apresentem ainda de forma superficial e acanhada.
Assim, os conteúdos estudados, na aula anterior, sobre os marcos históricos 
internacionais da Educação Especial até o século XX compõem o contorno 
deste cenário mundial de que tratamos. Entender o percurso da legislação 
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
96 CEDERJ
brasileira sob esta ótica possibilita integrar conteúdos e acontecimentos muito 
mais amplos do que simplesmente tomar como foco as condições internas e 
intelectuais de nosso país na construção de sua legislação.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988)
A Assembleia Nacional Constituinte promulgou a Constituição 
da República Federativa do Brasil, considerando, principalmente,
(...) um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça com valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada 
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e interna-
cional, com solução prática das controvérsias (BRASIL, 1988).
As Reformas Constitucionais no país aconteceram nos anos de 1824, 1891, 
1934, 1937 e 1988.
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A Educação Especial (EE) fundamenta-se na Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil (1988), especialmente nos seguintes artigos:
Título III – Da Organização do Estado
Capítulo II – Da União
(...)
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios:
(...)
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia 
das pessoas portadoras de deficiência.
(...)
Título VIII: Da ordem social
(...)
Capítulo III – Da educação, da cultura e do desporto
Seção I – Da educação
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu 
preparo para o exercício da cidadania e à sua qualificação para 
o trabalho.
(...)
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado me-
diante a garantia de:
(...)
III – atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Observe que o texto da Constituição, quando faz referência ao atendi-
mento dos alunos com deficiência, utiliza a palavra preferencialmente 
para indicar o local onde estes alunos devem ser atendidos. Vale lembrar 
que isto aconteceu no final dos anos 1980.
!
Nessa época, usava-se 
a expressão pessoa 
portadora de 
deficiência para 
fazer referência 
àquela demanda de 
recursos especiali-
zados para superar 
ou minimizar suas 
dificuldades.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
98 CEDERJ
Capítulo VII – Da família, da criança, do adolescente, do jovem 
e do idoso
(...)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar (...)
§ 1o. O Estado promoverá programas de assistência integral à saú-
de da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação 
de entidades não governamentais, mediantepolíticas específicas 
e obedecendo aos seguintes preceitos:
(...)
II. criação de programas de prevenção e atendimento especializa-
do para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou 
mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem 
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho 
e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços co-
letivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas 
as formas de discriminação.
A Constituição Federal (1988) tem ainda outros dispositivos 
que tratam das pessoas com deficiência e podem ser encontrados nos 
seguintes títulos:
 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais (Art. 7o);
 – Da Organização do Estado (Art. 24);
 – Da Administração Pública (Art. 37);
 – Da Ordem Social (Art. 203);
 – Das Disposições Constitucionais Gerais (Art. 244).
Dessa forma, a Constituição Brasileira de 1988 contempla dife-
rentes temas, em variados aspectos, com vistas à dignidade humana, à 
promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor e idade, e quaisquer outras formas de discriminação e a prevalência 
dos direitos humanos.
Para a Constituição, em seu Art. 208, o dever do Estado com a 
educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede 
regular de ensino. O apoio específico às pessoas com deficiência chegou 
com a Lei no 7.853, no ano seguinte.
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Observe que, nesse período, os documentos oficiais adotavam:
- o termo “integração”, para tratar da inserção das pessoas deficientes 
na sociedade; e
- a expressão “pessoas portadoras de deficiência”, para se referir às 
pessoas deficientes.
!
No ano seguinte à promulgação da Constituição, a Lei no 7.853 é 
aprovada para apoiar as pessoas com deficiência e sua integração social 
e, também, para a criação de um órgão que assegurasse os interesses 
destas pessoas junto ao Poder Público.
LEI N0 7.853 DE 24 DE OUTUBRO DE 1989 
Esse documento dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de 
deficiência, sua integração social, sobre a coordenadoria nacional para 
integração da pessoa portadora de deficiência – corde, instituindo a tutela 
jurisdicional de interesses coletivos destas pessoas, disciplina a atuação 
do Ministério Público, define crimes, entre outras providências.
No Artigo 2o, consta que
Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas por-
tadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, 
inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, 
à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de 
outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu 
bem-estar pessoal, social e econômico.
Passados dez anos, essa Lei é regulamentada por meio do Decreto 
no 3.298/99 que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da 
Pessoa Portadora de Deficiência.
Podemos perceber que, lentamente, em forma de lei e decretos, os 
direitos das pessoas com deficiência passam a constar da legislação brasilei-
ra. As últimas três décadas foram o período mais produtivo neste sentido.
Quer saber mais sobre a Corde e suas competências? 
Acesse: http://www.prolix.fraterbrasil.org.br/CORDE.htm
A coordenadoria 
nacional para 
integração da 
pessoa portadora 
de deficiência – 
corde é o órgão 
do Departamento 
de Promoção dos 
Direitos Humanos da 
Secretaria de Estado 
dos Direitos Huma-
nos, responsável pela 
gestão de políticas 
voltadas para inte-
gração da pessoa 
portadora de defi-
ciência, sendo o seu 
eixo focal a defesa de 
direitos e a promoção 
da cidadania.
Atualmente, com 
base na Portaria nº 
2.344,de 05/11/2010, 
a CORDE transfor-
mou –se na Secretaria 
Nacional de Promoção 
dos Direitos da Pessoa 
com Deficiência.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
100 CEDERJ
Em 1990, com o objetivo de estipular os direitos e as responsabi-
lidades das crianças e dos adolescentes, até então definidos no contexto 
do Código Civil e da Constituição, foi promulgado o Estatuto da Criança 
e do Adolescente pelo presidente Fernando Collor de Mello.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI NO 8.069/90)
Para efeito do Estatuto, considera-se criança a pessoa até 12 anos 
incompletos e adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de idade (Art. 2o).
Entre os temas tratados estão a saúde, a família, o trabalho, a guar-
da, a justiça da infância e juventude, a infração, o lazer, o pátrio poder e o 
portador de deficiência. A educação é abordada nos Art. 53 a 59.
O objetivo do estatuto é atender, promover e defender os direitos 
da criança e do adolescente.
A proteção integral, segundo Costa (1990), implica mudanças 
que abrangem:
As políticas sociais básicas, como: saúde, educação, habitação, 
trabalho, lazer, profissionalização e outras consideradas direito 
de todos e dever do Estado; as políticas assistenciais: as ações de 
assistência médica, psicológica e jurídica às crianças vitimizadas; 
defesa jurídico-social das crianças e adolescentes envolvidos em 
situações com implicações legais.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069/90) tem mais 
de 267 artigos, capítulos e títulos, e dispõe sobre a proteção integral à 
criança e ao adolescente.
Para conhecer mais sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente, acesse o site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L8069.htm.
PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS (1993)
O governo brasileiro apresentou o Plano Decenal de Educação 
para Todos em Nova Delhi, em um encontro promovido pela Unicef 
e pelo Banco Mundial que reuniu os nove países mais populosos do 
pá t r i o p o d e r
É um conjunto de 
direitos e obrigações, 
quanto à pessoa e 
aos bens do filho 
menor não emanci-
pado, exercido em 
igualdade de condi-
ções, por ambos os 
pais, tendo em vista 
o interesse e a prote-
ção do filho.
es tat u t o
É a Lei orgânica que 
expressa formalmen-
te os princípios que 
regem a organização 
de um Estado, socie-
dade ou associação. 
A Constituição é o 
estatuto fundamental 
de uma Nação.
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Terceiro Mundo − Tailândia, Brasil, México, Índia, Paquistão, Ban-
gladesh, Egito, Nigéria e Indonésia −, que juntos, na época, possuíam 
mais da metade da população mundial.
Situando...
O Plano Decenal de Educação para Todos foi elaborado pelo Ministério da 
Educação (MEC), destinado a cumprir, no período de uma década (1993 
a 2003), as resoluções e metas da Conferência Mundial de Educação para 
Todos, realizada em Jontiem, na Tailândia, em 1990. Este documento é 
considerado "um conjunto de diretrizes políticas, voltado para a recu-
peração da escola fundamental no país".
Em seu conjunto, o Plano Decenal de Educação marca a aceitação 
formal, pelo Governo Federal brasileiro, das teses e estratégias que es-
tavam sendo formuladas nos foros internacionais mais significativos na 
área da melhoria da Educação Básica, entre eles a Declaração Mundial 
de Educação para Todos (1990).
As principais ideias contidas no Plano Decenal têm origem na 
preocupação da comunidade internacional com a educação, tendo em 
vista o novo cenário social, advindo da sociedade da informação. Neste 
sentido, a Educação Fundamental tem sido considerada um "passaporte 
para a vida," devendo desenvolver em todas as pessoas um corpo de 
conhecimentos essenciais e um conjunto mínimo de competências cog-
nitivas, para que possam viver em ambientes saturados de informações 
e continuar aprendendo (MENEZES; SANTOS, 2002).
O plano expressa sete objetivos gerais de desenvolvimento da 
Educação Básica:
1. satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem das crianças, 
jovens e adultos, provendo-lhes as competências fundamentais requeridas 
para a participação na vida econômica, social, política e cultural do país, 
especialmente as necessidades do mundodo trabalho;
2. universalizar, com equidade, as oportunidades de alcançar e 
manter níveis apropriados de aprendizagem e desenvolvimento;
3. ampliar os meios e o alcance da Educação Básica;
4. favorecer um ambiente adequado à aprendizagem;
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
102 CEDERJ
5. fortalecer os espaços institucionais de acordos, parcerias e 
compromisso;
6. incrementar os recursos financeiros para manutenção e para 
investimentos na qualidade da Educação Básica, conferindo maior efi-
ciência e equidade em sua distribuição e aplicação;
7. estabelecer canais mais amplos e qualificados de cooperação 
e intercâmbio educacional e cultural de caráter bilateral, multilateral e 
internacional.
Esses objetivos serão lembrados alguns anos depois, em 1996, na 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, ao consolidar e 
ampliar o dever do poder público com a educação em geral e, em parti-
cular, com o Ensino Fundamental.
Dessa forma, o Plano Decenal de Educação tem como foco 
principal à universalização da Educação Básica e a erradicação do 
analfabetismo. A pessoa deficiente é incluída como um dos segmentos 
da clientela escolar e passa a receber mais atenção para alcançar esta 
universalização com qualidade e equidade. Para tanto, é necessário que 
se implementem estratégias de ensino que atendam às necessidades es-
pecíficas de aprendizagem do aluno especial e que se empreguem todos 
os esforços no sentido de melhorar o acesso e garantir a permanência 
escolar destes alunos.
Em 2001, sete anos após a aprovação do Plano Decenal de Edu-
cação para Todos, o Congresso Nacional aprova o Plano Nacional de 
Educação – Lei no 10.702 e, no ano seguinte, entra em vigor a primeira 
Política de Educação Especial do país.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL (1994)
A Política Nacional de Educação Especial (PNEE), segundo a 
Secretaria do MEC (1994), é:
A ciência e a arte de estabelecer objetivos gerais e específicos, de-
correntes da interpretação dos interesses, necessidades e aspirações 
de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas (problemas 
de conduta) e de altas habilidades (superdotados), assim como o 
de bem orientar todas as atividades que garantam a conquista e 
a manutenção de tais objetivos (p. 7).
eq u i d a d e
Significa igualdade 
ou disposição de 
reconhecer igual-
mente o direito de 
cada um.
condutas típicas
São manifestações 
de comportamentos 
típicos de pessoas 
com síndromes e 
quadros psicóticos 
neurológicos ou psi-
quiátricos. Elas oca-
sionam atrasos no 
desenvolvimento e 
prejuízos no relacio-
namento social em 
grau que necessite 
atendimento educa-
cional especializado.
Enquanto síndrome, 
é um conjunto de 
sintomas e de sinais 
que podem ser pro-
duzidos por mais de 
uma causa.
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O conteúdo da Política de Educação Especial fundamenta-se na 
Constituição Federal (1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(Lei no 5.692/71, com redação alterada pela Lei no 7.044/82), no Plano 
Decenal de Educação para Todos/MEC (1993) e no Estatuto da Criança 
e do Adolescente (Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990).
A Política Nacional de Educação Especial, de 1994, orienta o 
processo de integração instrucional que condiciona o acesso às classes 
comuns do ensino regular àqueles que “(...) têm condições de acompa-
nhar e de desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino 
comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”(p.19).
Cabe observar que, a partir da compreensão de padrões homo-
gêneos de aprendizagem e de participação, a Política não provoca uma 
reformulação das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados 
os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mas mantém 
a responsabilidade da educação destes alunos exclusivamente no âmbito 
da Educação Especial.
No mesmo ano, entra em vigor a Portaria que trata da formação 
de docentes e de profissionais que trabalham com pessoas com necessi-
dades especiais.
PORTARIA NO 1.793 DE DEZEMBRO DE 1994
O trabalho educacional com os alunos deficientes requer dos pro-
fessores e profissionais do ensino conhecimentos específicos e formação 
continuada. Tendo em vista que poucos detêm conhecimentos na área, 
o MEC toma a iniciativa de recomendar a inclusão destes conteúdos na 
formação universitária de docentes.
Em forma de documento, a Portaria no 1.793/94 dispõe sobre a 
necessidade de complementar os currículos de formação de docentes e de 
outros profissionais que interagem com portadores de necessidades espe-
ciais – como ainda eram chamados na época – e dá outras providências.
Nessa Portaria, consta a recomendação de inclusão da disciplina 
“Aspectos Ético-Político-Educacionais da Normalização e Integração 
da Pessoa Portadora de Necessidades Especiais”, prioritariamente, nos 
cursos de Pedagogia, Psicologia e de todas as Licenciaturas (Art.1o).
A disciplina relacionada pela Portaria para complementar os 
currículos trata de temas como a normalização e a integração da pessoa 
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
104 CEDERJ
com necessidades especiais. Vale lembrar que normalização significa 
oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas condições 
e oportunidades sociais, educacionais e profissionais dos demais indi-
víduos. Normalização significa aceitar a maneira de estes indivíduos 
viverem com direitos e deveres. É respeitar as características pessoais, 
enquanto integração significa considerar os valores democráticos da 
igualdade, da participação ativa e do respeito a deveres e direitos so-
cialmente estabelecidos. Integração implica reciprocidade e envolve a 
aceitação daquele que se insere.
A Portaria no 1.793/94 recomenda a inclusão da disciplina “Aspec-
tos Ético-Político-Educacionais da Normalização e Integração da Pessoa 
Portadora de Necessidades Especiais” também para os cursos de Ciência 
da Saúde – Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fono-
audiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional – e 
para os cursos de Serviço Social e demais cursos superiores, de acordo 
com suas especificidades (Art. 2o). A importância deste conteúdo se dá 
porque, até então, não havia qualquer orientação neste sentido para os 
profissionais que atendem as pessoas de uma maneira geral e, inclusive, 
aquelas com necessidades especiais.
Há ainda a recomendação da manutenção e expansão de estudos 
adicionais, cursos de graduação e de especialização já organizados para 
as diversas áreas da Educação Especial (Art. 3o).
Desde aquela época, 1994, estava sinalizada com essa Portaria 
a necessidade de que os currículos da formação de docentes incluíssem 
conteúdos sobre as pessoas com necessidades especiais. Porém, isso só 
se efetivou, mesmo que de forma tímida e pontual, por meio de inicia-
tivas isoladas e de maneira gradativa, por profissionais que detinham 
conhecimento e prática nessa área.
Atualmente, pode ser observado que muitos cursos de Licenciatu-
ra têm pelo menos uma disciplina voltada à educação das pessoas com 
necessidades especiais e, nem sempre, é uma disciplina obrigatória. Dada 
a abrangência e a complexidade do tema, esta oferta é insuficiente para 
a formação docente.
Quando futuros profissionais estão ainda na universidade, eles têm 
a oportunidade de ampliar e aprofundar seus conhecimentos, no sentido 
de estudar e pesquisar sobre novos campos do saber e, quando estes 
alunos são desafiados e orientados para inovadoras formas de pensar, a 
formação universitária se enriquece e as futuras atividades profissionais 
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e docentes se transformam qualitativamente, de maneira a possibilitar 
práticas adequadas às necessidades destas pessoas. Assim, é na formação 
universitária a melhor possibilidade de incluir novos conhecimentos.Atende aos Objetivos 1 e 2
1. Para se familiarizar com a legislação estudada até aqui e reconhecer a 
importância dessas conquistas para as pessoas com necessidades especiais, 
realize a atividade abaixo.
Consultando o texto da aula, preencha o quadro abaixo com as informa-
ções que obteve sobre a legislação, no que diz respeito às pessoas com 
necessidades especiais. Considere que na primeira coluna do quadro abaixo 
constam várias datas, correspondentes aos títulos da Legislação e Políticas 
Públicas da segunda coluna:
• preencha a terceira coluna com 3 pontos destacados de cada documento 
correspondente.
Data
Títulos das Leis e/
ou Portarias
Relacione pelo menos 3 aspectos 
importantes direcionados às pessoas 
com necessidades especiais
1988
Constituição 
Federal
1.
2.
3.
1989 Lei no 7.853
1.
2.
3.
1990
Estatuto da Criança 
e do Adolescente 
Lei no 8.069/90
1.
2.
3.
1993
Plano Decenal de 
Educação para 
Todos
1.
2.
3.
ATIVIDADE
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
106 CEDERJ
Data
Títulos das Leis e/
ou Portarias
Relacione pelo menos 3 aspectos 
importantes direcionados às pessoas 
com necessidades especiais
1994
Política Nacional de 
Educação Especial
1.
2.
3.
1994 Portaria no 1.793
1.
2.
3.
RESPOSTAS COMENTADAS
Ao realizar esta atividade, você pode ter destacado, a seu critério, 
diferentes aspectos. O importante ao revisar o conteúdo da aula, 
agora de forma sistemática, é que você tenha percebido, com mais 
detalhes, cada uma dessas legislações, quanto ao atendimento das 
pessoas com defi ciências.
Você pode ter destacado na Constituição Federal, por exemplo, os 
seguintes pontos:
1. é competência da União, dos Estados, Distrito Federal e dos 
municípios cuidar da saúde, da assistência pública e da proteção 
das pessoas com defi ciência;.
2. a educação é direito de todos e dever do Estado e da família;.
3. é dever do Estado garantir o atendimento especializado aos por-
tadores de defi ciência, preferencialmente na rede regular de ensino.
Na Lei no 7.853 de 1989, você pode ter respondido que:
1. ela dispõe sobre o apoio e a integração social das pessoas por-
tadoras de defi ciência;
2. dispõe também sobre a Coordenadoria para a Integração da 
Pessoa Portadora de Defi ciência – Corde;
3. cabe assegurar às pessoas com defi ciência o pleno exercício de 
seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao 
trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à 
maternidade.
E assim por diante, até completar o quadro proposto pela atividade. 
Cabe a você a escolha dos pontos que considera mais interessantes, 
no que diz respeito às pessoas defi cientes.
ATIVIDADE
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LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL 
(LDB/1996)
Antes de se tratar da Educação Especial, na atual Lei de Diretrizes 
e Bases (1996), vale mencionar que a Lei no 4.024/61 já reconhecia a 
Educação Especial, no Art. 88, que tratava do direito dos excepcionais à 
educação e que ela deveria ser feita no sistema geral de ensino, para que 
os deficientes fossem integrados à comunidade. Tal lei não criou compro-
missos para a escola pública, apoiando somente as iniciativas privadas.
Dez anos depois, o Art. 9o da Lei 5.692/71 dispõe que os alunos 
que apresentavam deficiências físicas ou mentais, que se encontravam 
em atraso considerável com relação à idade regular de matrícula e os 
superdotados deveriam receber tratamento especial.
São três as leis que fixam as diretrizes e bases do ensino (LDBs):
Lei no 4.024/61
Lei no 5.692/71
Lei no 9.394/96
Na atual LDB (Lei no 9.394/96), o Capítulo V trata especificamente 
da Educação Especial em seus artigos 58, 59 e 60.
Capítulo V − Da Educação Especial
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta 
Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencial-
mente na rede regular de ensino, para educandos portadores de 
necessidades especiais.
§ 1o. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, 
na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de 
educação especial.
§ 2o. O atendimento educacional será feito em classes, escolas 
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições 
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes 
comuns de ensino regular.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
108 CEDERJ
§ 3o. A oferta de educação especial, dever constitucional do 
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a 
Educação Infantil.
Quanto ao sistema de ensino
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com 
necessidades especiais:
I − currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organiza-
ção específicos, para atender às suas necessidades;
II − terminalidade específica para aqueles que não puderem atin-
gir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em 
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor 
tempo o programa escolar para os superdotados;
III − professores com especialização adequada em nível médio ou 
superior, para atendimento especializado, bem como professores 
do ensino regular capacitados para a integração desses educandos 
nas classes comuns;
IV − educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva 
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas 
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho 
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, 
bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior 
nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V − acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais su-
plementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Quanto aos órgãos normativos
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelece-
rão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins 
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em Educação 
Especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa 
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com 
necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, in-
dependentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.
Alguns pontos que podem ser observados na LDB/1996 reforçam 
as legislações anteriores e apontam a direção para o atendimento aos 
alunos com necessidades especiais:
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• Educação Especial, como modalidade de educação escolar, ofe-
recida preferencialmente na rede regular de ensino;
• quando necessário, serviços de apoio especializado para atender 
às especificidades desses alunos;
• em função das condições dos alunos, quando não for possível 
o atendimento em classes comuns de ensino regular, o atendimento será 
feito em classes, escolas ou serviços especializados;
• a oferta de Educação Especial é dever constitucional do Estado 
e tem início durante a Educação Infantil, de zero a seis anos.
No final da década de 90, com a passagem gradativa dos alunos 
com deficiência aos níveis mais adiantados da escolarização, há a preo-
cupação de que eles, quando na universidade, encontrem condições favo-
ráveis para prosseguirem seus estudos. Neste sentido, o MEC elabora um 
documento orientando alguns procedimentos para melhor atendê-los. 
AVISO CIRCULAR MEC/GM NO 277/96
Em maio de 1996, o então ministro da Educação, Paulo Renato 
de Souza, enviou um documento para os reitores das Instituições de 
Ensino Superior − IES para que “empreendessem esforços no sentido de 
adequar-se, estruturalmente, para criar condições próprias, de forma a 
possibilitar o acesso dos alunos portadores de deficiência ao 3o grau” 
(MEC,1996). Na época, a despeito do elevado número de solicitações 
dos pais dos alunos comdeficiência, os levantamentos do Brasil não 
contemplavam o atendimento educacional às pessoas com deficiência.
O documento alertava sobre os principais procedimentos para 
atender a esses alunos, desde a elaboração do edital, o atendimento 
durante as provas e, para a correção das provas, trazia, inclusive, uma 
série de sugestões que visavam ao acesso desses candidatos ao 3o grau, 
com bancas especiais; textos ampliados, lupas ou outros recursos ópticos 
especiais para pessoas com baixa visão − na época chamadas pessoas 
com visão subnormal −; utilização de recursos e equipamentos específi-
cos para cegos, como provas orais e/ou em Braille, sorobã, máquina de 
datilografia comum ou Perkins/Braille, dosvox adaptado ao computador; 
intérprete, no caso de Língua de Sinais no processo de avaliação dos 
candidatos surdos.
sorobã
É um instrumento uti-
lizado para trabalhar 
cálculos e operações 
matemáticas. Espécie 
de ábaco que contém 
cinco contas em cada 
eixo e borracha com-
pressora para deixar 
as contas fixas.
dosvox
Sistema operacional, 
desenvolvido pela 
Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, que 
possui um conjunto 
de ferramentas e apli-
cativos próprios, além 
de jogos, agenda, chat. 
Pode ser obtido gra-
tuitamente por meio 
de download, a partir 
do site do projeto 
Dosvox.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
110 CEDERJ
Para baixar e conhecer o Dosvox, acesse: http://intervox.nce.
ufrj.br/dosvox
Enfim, concluía no Aviso Circular:
(...) espero que essa Instituição possa, ainda, desenvolver ações 
que possibilitem a flexibilização dos serviços educacionais e da 
infraestrutura, bem como a capacitação de recursos humanos, de 
modo a melhor atender às necessidades especiais dos portadores 
de deficiência, possibilitando sua permanência, com sucesso, em 
certos cursos.
Atualmente, você já deve ter visto ou ter tomado conhecimento sobre a 
utilização desses recursos especializados para o atendimento das pessoas 
com deficiência ou necessidades educacionais especiais em provas, concur-
sos e vestibulares. No entanto, você sabia que o Ministério da Educação, 
há mais de uma década, havia feito orientações com este conteúdo para 
as Instituições de Ensino Superior – IES?
Com vistas a uma política de diretrizes e normas para o uso, o 
ensino, a produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades 
de aplicação, o MEC institui a Comissão Brasileira de Braille.
PORTARIA NO 319 DE 26 DE FEVEREIRO DE 1999
Considerando-se que o Sistema Braille, conhecido universalmente 
como código ou meio de leitura e escrita das pessoas cegas, o Ministério 
da Educação institui, na Portaria no 319/99, a Comissão Brasileira de 
Braille, vinculada à Secretaria de Educação Especial/Seesp.
Essa iniciativa se deu em função do interesse do Governo Federal 
em adotar para todo o país
(...) uma política de diretrizes e normas para o uso, o ensino, a 
produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades 
de aplicação, compreendendo especialmente a Língua Portuguesa, 
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a Matemática e outras Ciências, a Música e a Informática; con-
siderando a permanente evolução técnico-científica que passa a 
exigir sistemática avaliação, alteração e modificação dos códigos 
e simbologia Braille, adotados nos países de Língua Portuguesa e 
Espanhola; e, finalmente, considerando a necessidade do estabele-
cimento de permanente intercâmbio com comissões de Braille de 
outros países, de acordo com a política de unificação do Sistema 
Braille, a nível internacional, resolve (...)
Instituir no Ministério da Educação, vinculada à Secretaria de 
Educação Especial/Seesp e presidida pelo titular desta, a Comissão 
Brasileira do Braille, de caráter permanente.
O Ministério da Justiça, no mesmo ano, cria o Conselho Nacional 
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência Conade.
DECRETO NO 3.076/99
No ano de 1999, por meio do Decreto no 3.076, o Ministério da 
Justiça cria o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de 
deficiência (Conade).
O Conade é um órgão superior criado para acompanhar e avaliar 
o desenvolvimento de uma política nacional para inclusão da pessoa 
com deficiência e das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, 
assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e política 
urbana, dirigidos a este grupo social.
O Conade faz parte da estrutura básica da Secretaria Especial dos 
Direitos Humanos da Presidência da República, atualmente denominada 
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2010).
Você pode estar perguntando: o que fez o governo brasileiro criar o 
Conade?
Naquela época, segundo o Censo de 2000 do IBGE, no Brasil existiam 
24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência ou incapacidade, 
o que representava 14,5% da população brasileira.
O Conade foi criado então para que essa população possa tomar parte do 
processo de definição, planejamento e avaliação das políticas destinadas 
à pessoa com deficiência. Isto se daria por meio da articulação e do diá-
logo com as demais instâncias sociais e com os gestores de administração 
pública direta e indireta.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
112 CEDERJ
Entre as competências do Conade, segundo o Artigo 2o do Decreto 
no 3.076/99, de que estamos tratando, podemos destacar:
I – zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para a 
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
II – acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políti-
cas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, po-
lítica urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência;
(...)
V – acompanhar e apoiar as políticas e as ações dos Conselhos 
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência no âmbito dos 
estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VI – propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem 
melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência;
VI – propor e incentivar a realização de campanhas visando à 
prevenção de deficiências e a promoção dos direitos da pessoa 
portadora de deficiência;
(...)
No Artigo 4o consta que:
Poderão ser instituídas outras instâncias deliberativas pelos Es-
tados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que integrarão 
o sistema descentralizado dos direitos da pessoa portadora de 
deficiência.
Quer conhecer mais sobre o Conade?
Acesse os sites http://portal.mj.gov.br/conade e http://www.
direitoshumanos.gov.br/pessoas-com-deficiencia-1/conade
Em 1999, é aprovada a política para a integração da pessoa defi-
ciente, para orientar e assegurar o pleno exercício dos direitos individuais 
e sociais das pessoas com deficiência.
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POLÍTICA NACIONAL PARA A INTEGRAÇÃO DA PESSOA 
PORTADORA DE DEFICIÊNCIA (DECRETO NO 3.298/99)
O Decreto regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 
1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras 
providências sobre o tema.
A Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de De-
ficiência é um conjunto de orientações que tem como objetivo assegurar o 
pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de 
deficiência. Segundo a Lei, cabe aos órgãos e entidades do poder público as-
segurarem à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos 
básicos, inclusive o direito à saúde, à educação, ao trabalho, ao desporto, 
ao turismo, ao lazer, à previdência social, ao acesso à edificação pública, à 
habitação, ao transporte, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, 
entre outros que propiciem bem-estar pessoal, social e econômico.
Esse Decreto, composto por artigos, com diferentes capítulos, 
considera em seu Art. 3o:
I – deficiência – todaperda ou anormalidade de uma estrutura ou 
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade 
para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado 
normal para o ser humano;
II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou 
durante um período de tempo suficiente para não permitir recu-
peração ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos 
tratamentos;
III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capa-
cidade de integração social com necessidade de equipamentos, 
adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa por-
tadora de deficiência possa receber ou transmitir informações 
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função 
ou atividade a ser exercida.
Os objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência são:
− o acesso, ingresso e permanência das pessoas com deficiência 
em todos os serviços oferecidos à comunidade;
− a integração dos órgãos e das entidades públicas e privadas nas 
Atualmente, com 
base na Portaria nº 
2.344/2010, ao invés 
de se usar Política 
Nacional para a 
integração da 
Pessoa Portadora de 
Deficiência usa-se 
Política Nacional para 
a Inclusão da Pessoa 
com Deficiência.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
114 CEDERJ
diversas áreas de saúde, educação, transporte, assistência social, previ-
dência, entre outros, visando à prevenção das deficiências, à eliminação 
das diversas causas e à inclusão social;
− o desenvolvimento de programas setoriais para atendimento das 
necessidades especiais das pessoas com deficiência;
− a formação de recursos humanos para o atendimento das pessoas 
com deficiência;
− a garantia de efetividade aos programas de prevenção, de aten-
dimento especializado e de integração social.
Além disso, este Decreto define os diferentes tipos de deficiência, 
estabelece os instrumentos a serem utilizados pela Política, define a 
competência do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de 
Deficiência (Conade), define a competência da Coordenadoria Nacional 
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), entre 
outras orientações.
CONCLUSÃO
A legislação e as políticas públicas no Brasil, voltadas para as pes-
soas com deficiência, quando analisadas nas últimas décadas, registram 
avanços importantes, principalmente a partir da Constituição Brasileira 
(1988). Com estas diretrizes legais estabelecidas, tem início um novo 
mosaico de configuração em benefício das pessoas com deficiência.
No entanto, ainda que ganhando espaços de direitos em diferen-
tes áreas e segmentos, estas conquistas são ainda bastante acanhadas se 
consideradas sob a ótica da vida do deficiente em sociedade, com base 
em suas dificuldades e com vistas às suas possibilidades. Há necessidade 
de uma ação conjunta de todos os segmentos da sociedade, buscando 
minimizar a distância entre os dispositivos legais e o cotidiano, visando 
a operar, efetivamente, uma mudança de atitude em relação às pessoas 
com necessidades especiais.
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ATIVIDADE FINAL
Atende aos Objetivos 1 e 2
Para conhecer as leis e as políticas públicas no campo da Educação Especial e reco-
nhecer a importância dos avanços e conquistas para as pessoas com necessidades 
especiais, em diferentes áreas, é necessária uma leitura atenta dos aspectos espe-
cíficos da legislação. Assim, para ajudá-lo nesta atividade, após a leitura da aula, 
volte ao texto e preencha o quadro abaixo, consultando as principais legislações 
no que diz respeito às pessoas com necessidades especiais, em que deve constar:
• na primeira coluna − a data correspondente à legislação mencionada;
• na terceira coluna − os principais pontos que você destaca em cada documento 
estudado.
Data
Títulos das Leis e/ou 
Portarias
Relacione pelo menos 3 aspectos importan-
tes direcionados às pessoas com necessida-
des especiais
Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional 
(LDB)
1.
2.
3.
Aviso Circular no 277
1.
2.
3.
Portaria no 319
1.
2.
3.
Decreto no 3.076
1.
2.
3.
Política Nacional para a 
Integração da Pessoa Por-
tadora de Deficiência
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2.
3.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
116 CEDERJ
R E S U M O
As Leis, os Decretos, as Portarias, as Políticas e o Estatuto que estudamos nesta aula 
demonstram claramente as primeiras iniciativas no campo da legislação, advindas 
da compreensão das necessidades e dos direitos das pessoas deficientes.
A Constituição do Brasil (1988) considera competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios cuidarem da saúde e assistência pública, dar 
proteção e garantia às pessoas portadoras de deficiência; considera a educação 
como direito de todos e dever do Estado e da família e, com relação à educação dos 
deficientes, o dever do Estado será efetivado mediante a garantia de atendimento 
educacional especializado, realizado preferencialmente na rede regular de ensino.
A Lei no 7.853/1989 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua 
integração social, sobre a Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência – Corde, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes 
e dá outras providências. Entre seus artigos, estabelece que ao poder público e a 
seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício 
de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, 
ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros 
que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem estar pessoal, 
social e econômico.
Entre os temas de que trata o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) estão 
a saúde, a família, o trabalho, a guarda, a justiça da infância e da juventude, a 
infração, o lazer, o pátrio poder e o portador de deficiência. O objetivo do Estatuto 
é atender, promover e defender os direitos da criança e do adolescente.
O Plano Decenal de Educação para Todos (1993) tem como foco principal a 
universalização da Educação Básica e a erradicação do analfabetismo. O portador de 
deficiência é incluído como um dos segmentos da clientela escolar e passa a receber 
mais atenção para se alcançar esta universalização com qualidade e equidade.
Na Política Nacional de Educação Especial (1994), está enunciado um conjunto 
de objetivos que procura garantir o atendimento da pessoa com necessidades 
especiais. O objetivo geral é servir como orientação do processo global de educação 
das pessoas com deficiências e nos objetivos específicos estão relacionados 
muitos itens que se ocupam, entre outros aspectos, do desenvolvimento das 
potencialidades; do incentivo à autonomia, à cooperação, à integração na sociedade;
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da eliminação de barreiras físicas; do desenvolvimento de ações integradas nas 
áreas de ação social, educação, saúde e trabalho.
A Portaria no 1.793/1994 dispõe sobre a necessidade de complementar os 
currículos de formação de docentes e de outros profissionais que interagem com 
portadores de necessidades especiais − como eram chamados na época − e dá 
outras providências.
Na LDB (1996), a Educação Especial tem destaque em três artigos que tratam do 
apoio aos educandos com necessidades especiais, que a educação deve ser oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino e que os sistemas de ensino deverão 
assegurar aos educandos com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas, 
recursos educativos e organização específica para atender às suas necessidades, 
entre outras orientações.
O Aviso Circular no 277/MEC/GM trata de uma solicitação aos reitores de Instituições 
Superiores para que empreendessem esforços no sentido de adequar-se, 
estruturalmente, para criar condições próprias,de forma a possibilitar o acesso dos 
alunos portadores de deficiência ao 3o grau. O documento alerta sobre os principais 
procedimentos para atender a estes alunos e faz algumas recomendações.
A Portaria no 319 de 1999 institui no Ministério da Educação a Comissão Brasileira 
de Braille.
O Decreto no 3.076/99 cria, no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional 
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade). Este órgão superior foi 
criado para acompanhar e avaliar o desenvolvimento de uma política nacional 
para inclusão da pessoa com deficiência e das políticas setoriais de educação, 
saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e 
política urbana dirigidos a este grupo social.
A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Decreto no 
3.298/99, traz um conjunto de orientações que visam a assegurar o pleno exercício 
dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência e objetivam, 
entre outras coisas, o acesso, ingresso e permanência das pessoas com deficiência 
em todos os serviços oferecidos à comunidade.
Dessa forma, de acordo com os ganhos no campo da legislação, no decorrer dos 
anos, foram promovidos avanços em termos da integração dos ensinos regular 
e especial, e da ampliação de responsabilidades do sistema educacional e da 
sociedade em atender às necessidades do deficiente, assegurando seus direitos.
Educação Especial | Marcos históricos nacionais da Educação Especial até o século XX
118 CEDERJ
INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, dando continuidade aos conhecimentos legais, você estudará 
"As Pessoas com Necessidades Especiais no Século XXI".

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