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Introdução à analise do discurso

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Introdução á análise do 
discurso
UFMG/FALE
Prof.ª Kelly Cristina de Oliveira
1/2015
Alunas: Andrea Barbosa, Kate Garofalo, Larissa Vaz, Vanessa
Ao utilizar o termo “discurso”, admitimos a existência da 
ideologia, mesmo que implícita, e o uso da linguagem 
como uma forma de prática social, reflexo de variáveis 
situacionais e não como atividade puramente individual. 
As condições de produção – contexto sócio-histórico e 
ideológico. Pêcheux esclarece que também fazem parte 
das condições de produção o “contexto” sócio-histórico e 
ideológico, e a “situação” (o contexto imediato da fala), 
sendo que ambos funcionam conjuntamente.
A imprensa para muitos é a única fonte de informação, o 
grande público passa a reproduzir, atribuindo á expressão 
do pensamento uma originalidade. Os meios de 
comunicação em massa atendem a interesses particulares, 
por exemplo, do governo e outras corporações.
Os profissionais de imprensa ao recriar a realidade que testemunham, 
asseveram e legitimam uma determinada interpretação do fato, de 
acordo com a linha editorial do veículo de comunicação ao qual 
disponibilizam sua força de trabalho.
O jornal é tido como fonte confiável de informação, transmitindo 
credibilidade /parcialidade/objetividade/neutralidade/imparcialidade 
junto aos seus leitores. Mas é importante lembrar que a língua não é 
neutra, nem transparente. 
O sujeito apresenta em sua fala seus valores, crenças, interesses e 
ideologias que determinam a linha editorial adotada pelo veículo de 
comunicação. Cabe ao profissional que trabalha nessa empresa 
adequar a sua subjetividade aos princípios e condutas que lhe são 
exigidos. Muitas vezes, o jornalista assume uma voz que não lhe é 
própria.
AD identifica as marcas que podem determinar os caminhos de uma estrutura discursiva e que, 
embora não identificadas de forma explícita, atuam como referências que, representam as formações 
discursivas.
“Os dizeres não são, como dissemos, apenas mensagens a serem decodificadas. São efeitos de 
sentidos que são produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no 
modo como se diz, deixando vestígios que o analista de discurso tem de apreender. São pistas que 
ele aprende a seguir para compreender os sentidos aí produzidos, pondo em relação o dizer com sua 
exterioridade, suas condições de produção. Esses sentidos têm a ver com o que é dito ali, mas 
também em outros lugares, assim como com o que não é dito, e com o que poderia ser dito e não 
foi.”
Fonte: ORLANDI, Eni Pulcinelli. Análise do Discurso: princípios & procedimentos. São Paulo: Pontes, 2007.
Analisar um discurso jornalístico a partir da AD é compreender e expor 
através da linguagem a apresentação do real, relatando o que 
acontece no mundo.
O discurso jornalístico é existente na mídia falada, escrita, digital, 
transmitido através do rádio, televisão, imprensa e internet, relata o 
que acontece no mundo.
O discurso jornalístico é um discurso polifônico, pois várias vozes 
falam através dele. Estão presentes as vozes dos produtores, 
repórteres, cinegrafistas, editores, diretores e os proprietários do jornal, 
que interferem na posição enunciativa do sujeito jornalista e de todos 
os outros envolvidos e assim agregam a posição de um conjunto de 
vozes que interferem no sentido do discurso, mantendo uma postura 
isenta, independente e imparcial.
Faculdade de Filosofia e Ciências 
Humanas da UFMG vira boca de fumo
Venda e consumo de cocaína, maconha, LSD e outras 
drogas ocorrem livremente no Diretório Acadêmico da Fafich, 
sem qualquer repressão.
 compartilhar: Facebook Google+ Twitter
 postado em 27/03/2015 06:00 / atualizado em 27/03/2015 12:48
 Mateus Parreiras , Paola Gomes /
Fonte:<http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/03/27/interna_gerais,
631781/trafico-ocupa-ufmg.shtml>
Alguns recursos da análise de discurso são utilizados para identificar as 
características ideológicas dos sujeitos:
Primeiramente o que se destaca é o uso do dispositivo da modalidade 
linguística conhecida como manchete:
->É uma espécie de pacto, um tipo de conivência, onde se afirma a 
função dos sujeitos que representam os papéis enunciativos: (o EU que 
fala e o EU que recebe e adere a ideia apresentada). É a autoridade 
que o enunciador necessita para ganhar credibilidade.
Sujeitos: O EU que fala – Jornal Estado de Minas /TV Alterosa/ UAI
Formação discursiva: tradicional, respeitado, comprometido, 
credibilidade, prestígio nacional, um jornal considerado de elite e com 
postura política da direita.
 O EU que recebe – a sociedade como um todo.
O jornalista é o enunciador (intérprete) do jornal e para assegurar um 
resultado de objetividade, como precaução se afasta da enunciação, 
não se compromete, é imparcial. Um dos recursos utilizados é a 3ª 
pessoa, no tempo e no espaço , usando o discurso direto para afirmar 
a verdade.
Tempo: Enquanto: Conjunção temporal - tem valor semântico de 
tempo – Durante –ao passo que..., a medida que...
Espaço: Campus UFMG – Diretório Acadêmico – FAFICH
Enquanto alunos assistem atentos às aulas em salas um tanto vazias, a 10 
metros, nos corredores, jovens consomem e vendem maconha, cocaína, LSD 
e loló em pleno Diretório Acadêmico, que deveria dar suporte aos 
estudantes, mas se tornou boca de fumo. O tráfico e o uso de drogas no 
câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, 
tomaram conta de vários espaços e se instalou de forma acintosa e aberta 
dentro do DA da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). O local 
está completamente degradado, com pichações alusivas a entorpecentes e 
gangues disputando espaços nas paredes e móveis. Uma fila de alunos, com 
cadernos debaixo do braço e mochilas nas costas, conta dinheiro para 
consumir as drogas entregues a eles sem qualquer constrangimento.
Dialogismo, polifonia : a conjunção adversativa MAS – exprime oposição, ou seja, apresenta dois pontos 
de vista diferentes, mudando a conclusão e a orientação da frase.
“em pleno Diretório Acadêmico, que deveria dar suporte aos estudantes, mas se tornou boca de fumo.”
 
Conforme Orlandi - o Interdiscurso “é todo o conjunto de formulações feitas e já esquecidas que 
determinam o que dizemos. Para que minhas palavras tenham sentido é preciso que elas façam sentindo.”(p. 
33), ou seja, refere-se ao curso do discurso, é a língua em movimento, usamos as palavras dos outros em 
nosso contexto, reorganizamos para construir o nosso discurso.
Conforme Orlandi - a Memória Discursiva é definida com aquilo que se fala ante, em outro lugar, 
independentemente. (p. 31) Ou seja, os dizeres que o jornalista carrega consigo e as condições de produção 
(contexto histórico, ideológico), o pré-construído.
Então podemos dizer que o interdiscurso é a associação entre as palavras e os sentidos (e as ideias 
são adquiridas através da linguagem) que elas ativam-na memória.
 
 Interdiscurso
“As linhas são os tipos de discursos de um certo saber e se entrecruzam com outro para produzir um 
novo saber, um novo sentido e os pontos que se encontram são os interdiscursos, são as novas 
formações discursivas".
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=vf7t8-T0wxQ
Publicado em 24 de maio de 2014
Trecho de uma aula do prof. José Uchoa (UFMA) sobre Análise de Discurso
 
A interação entre os indivíduos, todas as formas e meios de comunicação estão interligados às 
condições de uma dada situação social, o que provocam reflexos na sociedade como um todo.
https://www.youtube.com/watch?v=vf7t8-T0wxQ
https://www.youtube.com/watch?v=vf7t8-T0wxQ
Esquecimentos:
1º é o esquecimento ideológico: o sujeito considera ser (a fonte do sentido) o inovador da notícia, no 
entanto, ele apenas resgata os sentidos já-ditos, a partir da sua ideologia
2º. O segundo esquecimento é o aquilo que o sujeito diz significa exatamente aquilo que ele quis 
dizer, e não poderia ser dito de outro modo.
Orlandi explica este esquecimentos (p. 35)”pensamos o que dizemos só pode ser dito comaquelas 
palavras e não outras, que só pode ser assim.[...]uma relação natural entre a palavra e a coisa”
reportagem do Estado de Minas e da TV Alterosa passou a noite de ontem nas dependências da Fafich e testemunhou a 
compra, a venda e o consumo de drogas em vários locais. Logo que se chega aos corredores do terceiro andar, onde 
funciona o DA, o volume alto das músicas de funk dá indício de que uma festa está ocorrendo por perto. À distância, a 
imagem do sala onde funciona o DA causa impacto, por causa das paredes e vidros pichados, algumas vidraças 
quebradas e iluminação em meia luz. O cheiro característico de maconha domina o ambiente. Sentados, recostados às 
muretas dos corredores e em grupinhos fechados, jovens de bonés negociam buchas de maconha e consomem a droga em 
cigarros que rodam de mão em mão. Tudo isso entre o vaivém de estudantes, professores e funcionários, que apesar de 
aparentar ciência do que está acontecendo, desviam seus olhares e até o trajeto.
Para entrar na sala do DA, é preciso atravessar um corredor estreito e escuro que lembra uma boca de fumo. Os jovens que 
vendem e consomem drogas entram e saem o tempo todo, como se estivessem apressados. Para entrar na sala, a reportagem, 
sem se identificar, seguiu com um casal de alunos que ainda carregavam cadernos e livros. O rapaz, de blusa xadrez e calça 
jeans, parecia ser amigo da jovem que vestia short e blusa xadrez. Os dois aparentavam ter menos de 20 anos e chegaram como 
se já conhecessem o esquema. O estudante foi quem pediu a droga a um dos traficantes, usando boné. “Quero maconha”, 
disse, simplesmente. O casal então foi levado até o fornecedor que tinha a droga, um adolescente de chinelos e short, que 
estava encostado em uma mesa. O traficante abriu uma sacolinha e expôs a erva solta, tirou com a mão um punhado e 
passou para o estudante. Imediatamente, o aluno dispôs a maconha num papel próprio e enrolou um cigarro, enquanto 
deixava o espaço. Depois, os dois foram vistos acendendo o cigarro.
Dialogismo:
“Todo discurso manifesta a presença de outros discursos.” Como afirma Bakhtin (1990)
E a partir deste conceito que Bakhtin desenvolveu o princípio da dialogicidade da linguagem, onde a 
enunciação é compreendida como uma interação constitutiva (várias vozes.), portanto um diálogo, 
constante e entre os discursos de uma sociedade, é uma forma de ligação entre a linguagem e a vida
BAKHTIN, M (VOLOCHÍNOV). Marxismo e filosofia da linguagem. 5ed.São Paulo: Hucitec, 1990.
Polissemia e Paráfrase: relação entre o mesmo e diferente.
Segundo Bakhtin (2006b:42),
“As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem 
de trama a todas as relações sociais em todos os domínios. É, portanto, claro 
que a palavra será sempre o indicador mais sensível de todas as 
transformações sociais, mesmo daquelas que apenas despontam, que ainda 
não tomaram forma, que ainda não abriram caminho para sistemas ideológicos 
estruturados e bem-formados.”
BAKHTIN, M . (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem. 8 ed. Trad. Michel Lahud e 
Yara Vieira.. São Paulo. HUCITEC, 1997.p. 41.

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