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O CASO DA AZALÉIA NORDESTE Uma Experiência de Benefícios Sociais Gerados em Projetos Privados

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O CASO DA AZALÉIA NORDESTE 
Uma Experiência de Benefícios Sociais Gerados 
em Projetos Privados 
 
 
 
 
ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 1 - AO1 
 
 
 
DIRETOR 
José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha 
 
SUPERINTENDENTE 
Carlos Gastaldoni 
 
 
Elaboração: 
GERÊNCIA SETORIAL DE BENS DE CONSUMO NÃO DURÁVEIS 
José Eduardo Pessoa de Andrade - Gerente 
Flavia Menna Barreto Alexim - Estagiária 
 
Colaboração: 
Carlos Augusto Muller Ferreira - AO1/DEPAN 2 - Chefe 
David John Allen - AO1/DEPAN 2 
 
Apoio Bibliográfico: 
Arthur Adolfo Guarido Garbayo - AP/COPED 
 
Apoio em Informática: 
Francisco de Assis Pereira França - AO1/GESIS 
Cristina Turano - AO1/GESIS 
 
Agradecimento: 
José Eduardo Zdanowicz - Diretor Adjunto da Calçados Azaléia S/A 
 
Maio de 2001 
 
É permitida a reprodução parcial ou total deste artigo desde que citada a fonte. 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 
 
ÍNDICE 
 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 1 
2. O GRUPO AZALÉIA.......................................................................................................................................2 
3. O PROJETO AZALÉIA NORDESTE .......................................................................................................2 
3.1. Objetivo..................................................................................................................................................... 2 
3.2. Geração de empregos......................................................................................................................... 3 
4. INVESTIMENTOS E INCENTIVOS PÚBLICOS ..................................................................................5 
5. A REGIÃO SÓCIO-ECONÔMICA – ITAPETINGA/BA.......................................................................5 
6. OS RESULTADOS ECONÔMICO-FINANCEIROS INICIAIS DO PROJETO..........................11 
7. AS AÇÕES E RESULTADOS SOCIAIS INICIAIS ..............................................................................12 
8. CONCLUSÃO E PROPOSTAS ...............................................................................................................16 
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................19 
 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 1 
1. Introdução 
 
Nossa sociedade, predominantemente, atribuía ao setor público a 
exclusiva responsabilidade pela solução das questões sociais. O setor privado, por 
outro lado, só se dedicava a ações sociais de cunho filantrópico. Essa tradicional 
divisão de tarefas começou a ser modificada através da atuação de várias 
associações empresariais, entre as quais merecem destaque o Instituto Ethos e o 
Gife1, que adotaram o conceito da responsabilidade social corporativa. 
 
As empresas privadas que passaram a realizar investimentos e ações de 
natureza social constituíram-se como empresas socialmente responsáveis. Essas 
empresas, além de buscarem seus objetivos tradicionais (remuneração dos 
acionistas, satisfação dos clientes, etc) também procuram a promoção do 
crescimento profissional e social de seus funcionários, agregando, ao caso 
brasileiro, “o objetivo de combater a exclusão social e promover a cidadania de 
enorme parcela da população ainda à margem dos benefícios do 
desenvolvimento e da modernização econômica”2. 
 
Este estudo apresenta o caso da Azaléia Nordeste, projeto de 
investimento realizado pelo Grupo Azaléia, uma empresa nacional situada entre as 
cinco maiores organizações calçadistas do mundo, na região do município de 
Itapetinga, na Bahia. Foram destacados os resultados sociais potenciais ou já 
obtidos em conseqüência da realização desse investimento. 
 
Na realidade, a responsabilidade social corporativa do Grupo Azaléia 
antecede a fase atual de estímulo e sistematização dessas iniciativas. A empresa 
já nasceu sob valores culturais que preconizavam a ação social. A experiência 
acumulada em mais de 40 anos de atividades no município gaúcho de Parobé-RS, 
combinando a gestão de resultados, típica da esfera privada, sem descurar da 
atuação de tipologia pública, serviu de referência para a integração social que 
está sendo estruturada no Projeto Azaléia Nordeste. 
 
Na definição dos resultados sociais apresentados adotou-se conceito 
flexível, objetivando gerar o maior número possível de informações. Entendeu-se 
que essas informações poderiam posteriormente ser trabalhadas com o rigor 
conceitual que está sendo firmado pelas já citadas organizações empresariais. 
Portanto, o maior objetivo deste estudo é o de estimular, pela divulgação de 
experiências já realizadas, a multiplicação de novas ações empresariais de cunho 
social. Ao mesmo tempo, destacar que o BNDES, através de seus financiamentos 
a projetos com solidez de resultados econômico-financeiros, também desempenha 
a função de alavancar benefícios sociais resultantes desses projetos e constitui-se 
num parceiro de excelência para iniciativas empresariais dessa natureza. 
 
1 Essas ações empresariais de cunho social foram apresentadas nos Relatos Setoriais nos 1 e 2, elaborados pela Gerência de 
Estudos Setoriais – Geset/AS do BNDES. 
2 Programa “Empresas, Responsabilidade Corporativa e Investimentos Sociais”. 
 
SETOR DE CALÇADOS 2 
2. O Grupo Azaléia 
 
Uma pequena fábrica, com equipamentos de segunda mão, conduzida 
pelos cinco sócios fundadores e suas respectivas esposas, iniciou no 2o semestre 
de 1958, em Parobé, Rio Grande do Sul, a produção de calçados femininos que 
viria a se constituir na base para a consolidação do grupo industrial em formação. 
 
Passados mais de 40 anos, aquela pequena fábrica foi transformada no 
Grupo Azaléia, cuja dimensão pode ser visualizada na tabela 1, com valores 
relativos ao encerramento do ano 2000. 
 
Tabela 1 – Informações básicas do Grupo Azaléia 
 
Fábricas / Localização 
Complexo Industrial da Matriz Parobé / RS 
Calçados Azaléia São Sebastião Ltda São Sebastião do Caí / RS 
Azaléia Calçados Conceição Ltda São Sebastião do Caí / RS 
Azaléia Calçados Novo Hamburgo Ltda Novo Hamburgo / RS 
Azcouro – Indústria de Couros Ltda Uruguaiana / RS 
Itapetinga / BA 
Calçados Azaléia Nordeste S/A 
Itaporanga d’Ajuda / SE 
Principais produtos 
Azaléia 
Calçados femininos 
Dijean 
Tênis esportivos Olympikus 
Número de empregados 
13.809 
Informações financeiras 
Vendas líquidas R$ 561,0 milhões 
Exportações R$ 112 milhões 
Lucro líquido R$ 53,7 milhões 
Valor do ativo total R$ 593,3 milhões 
Valor do patrimônio líquido R$ 333,6 milhões 
Volume de vendas 
Vendas totais 34,7 milhões de pares 
Vendas no mercado interno 26,7 milhões de pares 
Exportações 7,9 milhões de pares 
Fonte: Azaléia. Elaboração própria. 
 
 
3. O projeto Azaléia Nordeste 
3.1. Objetivo 
 
Implantação de um complexo industrial (matriz) para a fabricação de 
calçados femininos e esportivos no município de Itapetinga - Bahia e em galpões 
 
SETOR DE CALÇADOS 3 
industriais (filiais), no próprio município e em municípios vizinhos, com capacidade 
instalada para produzir 50.000 pares/dia. 
 
O complexo industrial (matriz) é integrado por 15 pavilhões, destinados às 
operações industriais e aos demais serviços auxiliares. 
 
O conceito do projeto considera ainda a fabricação do cabedal, parte 
superior do calçado, num conjunto de galpões (filiais), construídos pelo poder 
público municipal ou estadual, com máquinas fornecidas pela Azaléia. A montagem 
final do calçado é conduzida no complexo industrial de Itapetinga. 
 
Atualmente a empresa está utilizando cerca de 80% da capacidade 
instalada, tendo produzido 5,58 milhões de pares no ano 2000, atingindo uma 
média de 32.000 pares/dia, dos quais 19.600 de calçados esportivos e 12.400 de 
sandálias. A empresa estima que a produção total atinja a 54.000 pares/dia até o 
finalde 2001. 
 
3.2. Geração de empregos 
 
Previsão inicial de 4.418 empregos diretos e 2.774 indiretos. 
 
Em 2000 a Azaléia Nordeste S. A. foi responsável pela geração de 1.351 
novos postos de trabalho, com a abertura de 9 filiais, atingindo ao final do período 
o total de 4.412 empregos diretos. 
 
Os serviços auxiliares do complexo geram 135 empregos indiretos, 
conforme a seguinte discriminação: 
 
• refeitório (68 pessoas) 
• jardinagem (6 pessoas) 
• serviços de montagem (6 pessoas) 
• instalações elétricas e marcenaria (16 pessoas) 
• confecção de uniformes (6 pessoas) 
• serviço de transporte de funcionários (33 pessoas) 
 
A tabela 2 mostra a distribuição dos empregos diretos na matriz e nas 
diversas filiais da região de Itapetinga. 
 
SETOR DE CALÇADOS 4 
 
Tabela 2 – Instalações industriais e geração de emprego 
 
Unidade Município Empregos diretos 
Matriz (complexo industrial) Itapetinga 2.808 
Filial 1 (galpão industrial) Itapetinga 222 
Filial 4 (galpão industrial) Itapetinga 197 
Filial 5 (galpão industrial) Itapetinga 82 
Filial 2 (galpão industrial) Itororó 72 
Filial 18 (galpão industrial) Itororó 42 
Filial 23 (galpão industrial) Itororó 39 
Filial 3 (galpão industrial) Itambé 85 
Filial 6 (galpão industrial) Itambé 84 
Filial 7 (galpão industrial) Potiraguá 77 
Filial 8 (galpão industrial) Itarantim 191 
Filial 9 (galpão industrial) Macarani 191 
Filial 17 (galpão industrial) Macarani 45 
Filial 10 (galpão industrial) Maiquinique 73 
Filial 19 (galpão industrial) Firmino Alves 49 
Filial 20 (galpão industrial) Firmino Alves 45 
Filial 21 (galpão industrial) Ibicuí 41 
Filial 22 (galpão industrial) Iguaí 67 
Filial 24 (galpão industrial) (*) Caatiba 2 
Filial 25 (galpão industrial) (*) Nova Canaã - 
Total 4.412 
Fonte: Azaléia. 
(*) - em fase de implantação. 
 
Fontes de recursos 
 
Tabela 3 – Investimento e fontes de recursos 
 
Fontes R$ mil % 
Investimento Total 117.253 100 
1. Recursos Próprios 58.320 50 
2. Sistema BNDES 29.525 25 
BNDES 17.102 15 
FINAME 12.423 10 
3. Outros Financiamentos 29.408 25 
FINOR 15.137 13 
Financiamento de Fornecedores 14.271 12 
Fonte: BNDES. 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 5 
4. Investimentos e Incentivos Públicos 
 
O projeto Azaléia Nordeste, implantado com 50% de recursos próprios e 
50% de recursos financiados, pelo BNDES e outras instituições, também se 
beneficiou de investimentos suplementares realizados pelo setor público, 
principalmente na área de infra-estrutura. A existência de uma infra-estrutura 
industrial representaria um fator de atração para os investimentos na região, além 
da disponibilidade de mão-de-obra de baixo custo. 
 
O Estado da Bahia, para o setor calçadista, oferece “terreno a preço 
incentivado, com disponibiização de energia elétrica, gás natural, telefone, água 
e esgoto no pórtico de acesso ao empreendimento” 3. 
 
Foi construído, pelo governo estadual, novo acesso ao distrito industrial de 
Itapetinga, com uma ponte de 87 metros sobre o rio Catulé, que corta a cidade. O 
aeroporto de Itapetinga, a um custo de R$ 1,8 milhão, foi preparado para receber 
jatinhos e aviões de médio porte. As estradas vicinais da região também estão 
sendo pavimentadas pelo Governo do Estado.4 
 
A implantação dos galpões das filiais, incluindo o terreno e as instalações 
físicas, também está sendo assumida pelo Governo estadual. A Azaléia contribui 
com o investimento nas máquinas. 
 
Além dos investimentos, o Estado oferece outros incentivos para as 
indústrias calçadistas que se instalam na Bahia, destacando-se o crédito 
presumido de até 90% do imposto incidente durante o período de até 15 anos de 
produção e o diferimento do ICMS devido5. 
 
O treinamento da mão-de-obra está sendo assumido, conjuntamente pelo 
SENAI, pelo Governo do Estado e pela empresa. 
 
5. A Região Sócio-Econômica – Itapetinga/BA 
 
A cidade de Itapetinga localiza-se na região sudeste do Estado da Bahia, 
distando pouco mais de 100 km das cidades de Vitória da Conquista e de Itabuna, 
e 570 km de Salvador. Na classificação adotada pela Secretaria Estadual de 
Planejamento, a cidade integra o Eixo Planalto de Desenvolvimento Econômico. 
 
Os mapas seguintes permitem visualizar a posição geográfica do município 
de Itapetinga e dos demais municípios onde estão sendo instaladas as filiais do 
projeto Azaléia. 
 
3 Informação da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, na página do Governo da Bahia na internet. 
4 Balanço Anual/Gazeta Mercantil, outubro de 2000. 
5 Página do Governo da Bahia na internet. 
 
SETOR DE CALÇADOS 6 
 
Mapa 1 - Posição geográfica do Município de Itapetinga 
 
Mapa 2 - Itapetinga e os municípios com filiais do Projeto Azaléia 
 
 
 
 
A microrregião do município de Itapetinga, além dos municípios vizinhos, 
atravessou uma fase de regressão econômica nos últimos anos, pelo menos até 
 
SETOR DE CALÇADOS 7 
1996, dependente da pecuária bovina extensiva, destinada principalmente à 
produção de carne. A tabela 4 resume alguns indicadores dessa regressão: 
 
 
Tabela 4 – População e indicadores econômicos do município 
 
1980 1996 2000 
Indicador 
Valor Índice Valor Índice Valor Índice 
População (4) 
Município de Itapetinga 47.417 100 54.279 114 57.800 122 
Estado da Bahia 9.454.346 100 12.541.675 133 13.066.764 138 
Produto Interno Bruto (5), em US$ milhões de 1998 
Município de Itapetinga 149 100 104 70 n.d. 
Outros municípios com filiais 
da Azaléia (1) 256
 100 201 79 n.d. 
Estado da Bahia 24.486 100 32.206 132 n.d. 
Rebanho bovi no de 
Itapetinga(6), em cabeças 
(2) 201.515 100 97.239 48 (3) 91.640 
Obs.: (1) Municípios citados na tabela 2, com exceção de Nova Canaã; (2) em 1985; (3) em 1998. 
Fonte: (4) IBGE, incluindo resultados preliminares do Censo 2000; (5) e (6) - Dados básicos IBGE/IPEA e IBGE – 
Censo Agropecuário apud SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - 
www.sei.ba.gov.br, Anuários Estatísticos 1997,1999 e 2000 - SEI/BA. Elaboração própria. 
 
Entre 1980 e 1996, a população de Itapetinga cresceu menos da metade 
do que a população do Estado da Bahia (14% e 33% respectivamente). Entre 
1996 e 2000, a população do município já cresceu 50% a mais do que a do 
Estado (6,5% e 4,2%, respectivamente), provavelmente já como consequência da 
implantação do projeto da Azaléia. 
 
Também, entre 1980 e 1996, enquanto o PIB do Estado cresceu 32%, o 
PIB do município regrediu 30% e o dos demais municípios com filiais do projeto 
regrediu 21%. E a pecuária bovina, principal atividade econômica do município, 
teve seu número de cabeças reduzido a menos da metade entre 1985 e 1996. Em 
1998, o número de cabeças representava apenas 45% do valor de 1985. 
 
As próximas tabelas mostram alguns indicadores econômicos e sociais do 
município. 
 
Saúde 
 
Tabela 5 – Indicadores relacionados a área da Saúde 
 
Categoria 1996 1998 1999 
Hospitais conveniados ao SUS 2 2 2 
Leitos contratados 167 167 167 
Servidores estaduais na área de saúde n.d. 88 n.d. 
Servidores de nível superior n.d. 43 n.d. 
Servidores médicos n.d. 20 n.d. 
 
SETOR DE CALÇADOS 8 
Fonte: MS/SUS apud SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, 
www.sei.ba.gov.br; Anuários Estatísticos 1997,1999 e 2000, SEI/BA. Elaboração própria. 
 
SETOR DE CALÇADOS 9 
 
Embora com apenas dois hospitais, oferecia 3,1 leitos por mil habitantes, 
superior à média do Estado da Bahia, com 2,2 em 1997, e inferior à média 
brasileira de 1992, 3,6. O número de médicos, apenas 0,4 por mil habitantes, sem 
considerar os médicos não vinculados à área pública, é inferior à média total do 
Estado da Bahia de 0,7 e à média nacional de 1,3 , segundo dados do Conselho 
Federal de Medicina para 1997. 
 
Educação 
 
Tabela 6 - Indicadores relacionados a Área da Educação 
 
Nível de ensino Nº de estabelecimentos Nº de matrículas Nº de docentes 
 1996 1999 1996 1999 1996 1999 
Pré-escolar38 37 3.920 1.598 82 82 
1º grau 51 55 11.580 15.869 428 520 
2º grau 4 5 1.578 2.353 104 127 
Total 93 97 17.078 19.820 614 729 
Fonte: MEC apud SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, 
www.sei.ba.gov.br; Anuários Estatísticos 1997,1999 e 2000, SEI/BA. Elaboração própria. 
 
 
Os indicadores da área de educação apontam melhorias entre 1996 e 
1999, destacando-se o número de matrículas, com aumento de 16%, e o número 
de docentes, com aumento de 19%. No número de matrículas, enquanto o pré-
escolar diminuiu, o aumento foi de 37% no 1º grau e de 50% no 2º grau. No 
número de docentes, o aumento foi, para cada um desses dois últimos graus, de 
22%. 
 
Em 1999, com cerca de 37% da população matriculada, até o 2º grau, e 
13 docentes por cada mil habitantes, as estatísticas da educação apresentam 
dados mais favoráveis que as da saúde. Cálculos para o Brasil, em 1998, 
baseados nas estatísticas do MECe no IBGE, apontam para a taxa de 30% de 
matrícula nos mesmos níveis citados. Existem, também, cursos profissionalizantes 
do SENAC e cursos superiores de Pedagogia e Zootecnia, embora sem 
quantificação pela fonte utilizada. 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 10 
Produção agrícola e animal 
 
Tabela 7 – Valores da produção agrícola e animal 
 
 1996 1997 1998 Per capita (1) 
Agrícola 
Banana, em kg 4.000 5.000 5.000 0,092 
Limão, em kg n.d. n.d. 46.000 0,847 
Animal 
Leite de vaca, em mil litros 2.999 2.939 n.d. 0,054 
Ovos de galinha, em mil dúzias 9 13 n.d. 0,166 
Obs.: (1) Produção agrícola, de 1998 em relação à população de 1996; produção animal, de 1997 em relação à 
população de 1996. 
Fonte: IBGE – PAM; IBGE – Censo Agro 95/96 apud SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais 
da Bahia, www.sei.ba.gov.br; Anuários Estatísticos 1997,1999 e 2000, SEI/BA. Elaboração própria. 
 
Essas estatísticas de produção de alguns alimentos evidencia um quadro 
de carência. A produção de banana atingiu somente 92 gramas/habitante/ano, a 
de limão, 847 gramas/habitante/ano, ambas em 1998, a de leite alcançou cerca de 
54 litros/habitante/ano, a de ovos, apenas 2,9 unidades/habitante/ano, ambas em 
1997. 
 
Receitas públicas 
 
Tabela 8 – Valores das receitas públicas do Município de Itapetinga 
 
 1996 (3) 1999 (4) Per capita, em R$ (2) 
 R$ milhões R$ milhões em R$ 
Receitas tributárias do município 0,4 0,6 10,4 
Outras receitas 0,1 0,2 3,8 
Transferências correntes do Estado 3,9 4,7 87,3 
Transferências correntes da União 3,2 6,0 110,0 
Outras transferências correntes (1) 0,9 - - 
Receita de capital 0,0 0,1 2,7 
Total geral das receitas 8,6 11,6 214,2 
Obs.: (1) Classificação não especificada a origem pela fonte; (2) Receita de 1999 em relação à 
população de 1996. 
Fonte: (3) Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Registros Administrativos 1996-
1998 e IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil 1997 apud página ibge.gov.br/cidadesat; (4) TCM - 
Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. Elaboração própria. 
 
A arrecadação total do município já aumentou entre 1996 e 1999, embora 
os recursos movimentados durante a fase de implantação da fábrica possam ter 
contribuído para esse aumento, é difícil explicá-lo por uma associação direta com 
o projeto da Azaléia. Entretanto, o montante total das receitas ainda caracteriza a 
situação de carência do município – R$ 214,2 por habitante ano em 1999. 
 
O conjunto desse quadro sócio-econômico desfavorável, sem dúvidas, 
deverá ser revertido com a implantação e operação do projeto Azaléia – NE. 
 
SETOR DE CALÇADOS 11 
6. Os Resultados Econômico-Financeiros Iniciais do Projeto 
 
As atividades da empresa foram iniciadas em 1998, ocorrendo as 
primeiras vendas no final do primeiro trimestre do ano. A concretização efetiva do 
projeto, porém, só foi alcançada no ano 2000, com a utilização de 70% de sua 
capacidade de produção. São produzidos atualmente 32.000 pares/dia, dos quais 
19.600 calçados esportivos e 12.400 sandálias. 
 
A evolução das vendas e do lucro líquido, vistas no gráfico abaixo, 
evidencia o crescimento significativo dos resultados da empresa. 
 
Gráfico 1 - Evolução dos resultados da Azaléia - NE 
 
0
20
40
60
80
100
120
R
$ 
m
ilh
õe
s
1998 1999 2000
Vendas líquidas Lucro líquido 
 
Refletindo a consolidação do projeto, a evolução dos impostos e encargos 
sociais gerados também é bastante significativa, com aumento de 2.350% entre 
1998 e 2000, conforme mostrado na tabela seguinte. Em 2000, esses impostos e 
encargos gerados (R$ 15,9 milhões) já superaram o total das receitas do Município 
de Itapetinga em 1999 (R$ 11,6 milhões). 
 
Tabela 9 – Impostos e encargos sociais gerados 
 
Valores em R$ mil 
Descrição 1998 1999 2000 
FGTS 56 399 729 
INSS 195 1.342 2.392 
IOF 0 50 2 
IRRF 6 98 50 
CPMF 37 197 546 
IPI 0 0 0 
ICMS 49 337 721 
Outros impostos estaduais 0 14 18 
PIS 55 465 742 
COFINS 171 1.744 3.424 
IRPJ 16 839 5.160 
Contribuição Social 63 372 2.083 
Impostos e Taxas Municipais 0 2 2 
TOTAL 648 5.859 15.869 
Fonte: Azaléia. 
 
SETOR DE CALÇADOS 12 
 
O gráfico 2 mostra que o mercado interno é o principal destino das vendas 
da empresa, com 96,57%. Os maiores compradores são os Estados de São 
Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis por 39,87% do faturamento. No conjunto, a 
proporção das vendas para os Estados do Nordeste se restringe a 20,09%. 
 
Gráfico 2 – Destino das vendas 
 
3,43%
76,48%
20,09%
Região Nordeste Demais Regiões Exportação
 
 
Como visto a seguir, no gráfico 3, o projeto ainda é muito dependente das 
matérias-primas vindas de outros Estados, com 81,14%. O Estado do Rio Grande 
do Sul concentra o fornecimento com 80% do total. No próprio Estado da Bahia, o 
projeto se abastece com apenas 17,44% de suas matérias-primas, indicando 
possibilidade de melhorias no sistema de logística e potencial de mercado para a 
instalação de fábricas de componentes nesse Estado. 
 
Gráfico 3 – Origem das matérias-primas 
 
1,42%
81,14%
17,44%
Bahia Outros Estados Importações 
 
 
7. As Ações e Resultados Sociais Iniciais 
 
A ação social da empresa se manifesta nos procedimentos diretamente 
associados à sua atividade fim, ou seja, na seleção, treinamento e recrutamento 
de pessoal, nos procedimentos relativos à saúde de seus funcionários e em 
diversas outras iniciativas não relacionadas à sua atividade. A seguir, são 
resumidas as principais ações. 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 13 
Na seleção, treinamento e recrutamento de pessoal 
 
Critérios utilizados na seleção dos funcionários: 
 
a) Postura “politicamente correta”: 
 
• ausência de restrição por sexo 
• ausência de restrições às pessoas portadoras de deficiência (existem vários 
funcionários que se enquadram neste grupo) 
• não exigência de experiência prévia na produção de calçados 
b) Exigências: 
 
• idade mínima de 18 anos 
• escolaridade mínima de 1º grau incompleto (acima da 5ª série) 
• residência em Itapetinga ou na cidade onde está localizada a filial 
• conclusão, com aprovação, do treinamento do SENAI 
 
c) Preferência: 
• candidatos com familiares trabalhando na empresa 
 
O custo médio da mão-de-obra é de R$ 425,60 mensais (já incluídos os 
encargos sociais) e a escolaridade média do corpo funcional é de primeiro grau 
incompleto (acima da 5ª série). 
 
Os funcionários da produção trabalham em turnos: em dois turnos, os de 
calçados, e em três turnos, os de solado e outros componentes. 
 
Treinamento 
 
A Empresa mantém convênio com o SENAI para treinar seus funcionários. 
O treinamento é efetuado dentro da Empresa através de um programa com a 
duração de 540 horas. Durante este período, os alunos recebem auxílio do SENAI, 
em dinheiro, alimentação e vale-transporte. 
 
Desde o início desse convênio, já receberam treinamento 6.174 pessoas. 
Dos 5.262 concluintes do curso, 5.071 foram contratados pela Calçados Azaléia 
Nordeste S/A. 
 
No início de 2001, 200 pessoas recebiam treinamento, prevendo-se a 
abertura de 1.500 a 2.000 novasvagas no decorrer desse ano. 
 
Na área de saúde dos funcionários 
 
a) instalações e estrutura: 
Ambulatório médico com três enfermeiras e dois médicos, para 
atendimento da saúde do trabalhador através da Medicina do Trabalho. 
 
 
SETOR DE CALÇADOS 14 
O Setor de Segurança no Trabalho, formado por engenheiros e técnicos 
em segurança, desenvolve suas atividades implementando melhorias necessárias 
para minimizar os riscos de acidentes de trabalho e promovendo atividades 
educativas e preventivas, visando garantir a segurança dos trabalhadores e da 
Empresa. 
 
b) convênios e programas: 
• Convênio com médica ginecologista para o atendimento de todas as 
funcionárias, realizando trabalho educativo e preventivo, principalmente em 
relação às doenças sexualmente transmissíveis e à saúde da mulher. 
• Programas de recuperação de pessoas viciadas no uso de drogas. 
 
c) resultado da avaliação das condições de saúde dos funcionários 
De um modo geral, as condições dos funcionários são consideradas 
regulares, embora, conforme informações levantadas nas fichas funcionais, sejam 
encontradas doenças associadas à carência social, como alguns problemas 
dentários e desnutrição. Existem também enfermidades relacionadas à falta de 
higiene, como verminoses, e ainda alguns casos de tuberculose. 
 
Segundo a empresa, as melhorias nas condições de saúde e no nível de 
escolaridade são bastante visíveis. 
 
Em outros benefícios 
a) participação dos funcionários nos resultados da empresa 
b) convênio com as creches do município 
c) prédio da Associação dos Funcionários, em construção, que deverá ser uma 
importante área de lazer e integração 
 
Participação em projetos filantrópicos, sociais e culturais 
• IPAM (Instituto de Promoção e Amparo ao Menor de Itororó) – trabalha com 
menores de rua, em conjunto com o Banco do Brasil; 
• APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Itapetinga – auxílio 
com calçados; 
• Asilo de Idosos de Itapetinga – fornecimento de calçados e, diariamente, de 
alimentação; 
• Orquestra Filarmônica de Meninos Carentes (Itapetinga) – auxílio financeiro 
e fornecimento de calçados aos alunos; 
• Creches municipais da cidade de Itapetinga – fornecimento de material 
didático, ajuda financeira e presentes de Natal para as crianças; 
• Lar dos Meninos de Rua (Itororó) – fornecimento de material esportivo e 
calçados; 
 
SETOR DE CALÇADOS 15 
• Associações de Bairros – distribuição de cestas básicas no Natal, em torno 
de 3 toneladas de alimentos. Esta iniciativa conta com o apoio do Coral Azaléia; 
• Outros projetos culturais e sociais – patrocínio aos Cantores da Terra, aos 
escritores da cidade e a eventos comunitários na cidade de Itapetinga e outros 
municípios próprios (Maiquinique, Itarantim, Macarani, etc). 
 
Resultados Sociais 
 
A rigor, a avaliação dos resultados sociais demandaria a definição de 
indicadores e o acompanhamento de sua evolução. Os dados disponíveis são 
apenas indicações preliminares do processo de melhoria de qualidade de vida que 
atravessa a cidade de Itapetinga, decorrente da instalação do projeto da Azaléia e 
do conseqüente aumento de empregos gerados e incremento de renda da 
população. Essas indicações preliminares são discriminadas a seguir: 
 
• diminuição do desemprego – Embora não existam estatísticas disponíveis sobre 
o desemprego local, o simples cotejo dos dados das tabelas 2 e 10 permite 
avaliar o impacto do projeto da Azaléia sobre o desemprego na região. 
 
Tabela 10 – Estrutura do pessoal ocupado no município de Itapetinga, em 1996 
 
Classificação da atividade empregadora Número de pessoas ocupadas 
Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 140 
Indústrias extrativas 45 
Indústrias de transformação 573 
Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 108 
Construção 29 
Comércio, reparação de veículos automotores, objetos 
pessoais e domésticos 1.288 
Alojamento e alimentação 86 
Transporte, armazenamento e comunicação 109 
Intermediação financeira 112 
Imobiliária, aluguéis e serviços prestados às empresas 141 
Administração pública, defesa e seguridade social 831 
Educação 89 
Saúde e serviços sociais 210 
Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 130 
Total 3.891 
Fonte: IBGE, Cadastro Central de Empresas 1996 e Malha Municipal Digital do Brasil 1997. 
 
O total de pessoas ocupadas, segundo o IBGE (ver tabela 10), alcançava 
3.891 pessoas em 1996, considerando-se o emprego formal. Os empregos diretos 
gerados pelo projeto Azaléia alcançavam, apenas no município de Itapetinga (ver 
tabela 2), 3.309 pessoas em 2000. Mesmo considerando-se um aumento do 
número de pessoas ocupadas após 1996, a dimensão dos empregos gerados no 
projeto se aproxima, em ordem de grandeza, do total dos empregos formais do 
município. Não existe atividade empregadora no município que contribua em níveis 
 
SETOR DE CALÇADOS 16 
próximos ao da Azaléia. As principais atividades (comércio, setor público e 
indústria de transfomação) ocupavam juntas 2.692 pessoas. Portanto, a natureza 
da atividade calçadista e a dimensão desse projeto proporcionaram uma 
oportunidade ímpar para a redução de desemprego na região. Se por um lado, a 
empresa passou a dispor de grande poder no local, por outro, também passou a 
assumir uma grande responsabilidade. 
 
• acesso à orientação de profissionais da área médica 
• redução do índice de natalidade (associada principalmente à falta de 
orientação, havendo casos de jovens com 4 filhos já aos 18 anos de idade) 
• recuperação de pessoas viciadas no uso de drogas - algumas dessas pessoas 
já estão trabalhando e ajudando suas famílias – desse grupo, famílias inteiras 
trabalham na Calçados Azaléia Nordeste S/A, incluindo pais, filhos, sobrinhos, 
primos, etc. 
• redução do êxodo populacional – a oferta de novos postos de trabalho contribui 
para a redução do êxodo da população masculina, que ocorria principalmente 
para o Estado de São Paulo, além de propiciar o próprio retorno para a região, 
em função das novas oportunidades surgidas. Conforme já observado na tabela 
4, a população do município cresceu mais do que a do Estado no período 1996-
2000, revertendo a situação do período 1980-1996. Nas regiões onde existem 
instalações do projeto, as pessoas não são incentivadas ao abandono de suas 
cidades. Segundo o IBGE, a diferença entre a população feminina e masculina 
diminuiu de 1.271, em 1996, para 858, em 20006. Complementarmente, o 
retorno da população masculina favoreceu a retomada do contato dos filhos 
com seus pais, além de oferecer oportunidades para a recomposição de 
núcleos familiares desagregados. 
• retorno aos estudos – incentivados pelos novos postos de trabalho criados e 
pelas perspectivas de futuro. Anteriormente, além de limitadas em número de 
postos, essas perspectivas se restringiam às atividades de vaqueiro, fateiro, 
pedreiro, servente, doméstica ou funcionário público. 
8. Conclusão e propostas 
 
Esse trabalho apresenta limitações muito claras por não ter realizado 
pesquisa de campo com a Prefeitura do município de Itapetinga, além de 
entrevistas com representantes de sua população e dos empregados da Azaléia 
Nordeste. Foi baseado, essencialmente, em pesquisa bibliográfica e em 
informações prestadas pela empresa. 
 
Entretanto, consideradas essas limitações, os resultados obtidos já 
permitem tirar algumas conclusões dos benefícios sociais obtidos através da 
atuação de empresas privadas. 
 
É óbvio que a decisão do Grupo Azaléia de implantar um conjunto 
industrial na região de Itapetinga foi motivada pela perspectiva de realização de 
 
6 IBGE, Contagem da População 1996 e Resultado dos Dados Preliminares do Censo 2000. 
 
SETOR DE CALÇADOS 17 
um negócio lucrativo, apoiado num conjunto de incentivos oferecidos pelo Governo 
do Estado da Bahia e pelo custo relativamente menor da mão-de-obra local. Por 
outro lado, dado seu pioneirismo na região,os riscos envolvidos foram elevados. 
Certamente, a experiência e o dinamismo do Grupo empreendedor no segmento 
de calçados, aliado à sua competência para lidar com questões sociais, 
contribuíram para que a empresa soubesse avaliar adequadamente os riscos 
envolvidos e concluísse pela implantação do projeto. 
 
Implantado o projeto, o primeiro conjunto de benefícios sociais derivou da 
própria natureza da atividade industrial envolvida, a produção de calçados, 
intensiva em utilização de mão-de-obra. A geração de emprego e de renda vêm 
contribuindo para melhorar a qualidade de vida da região. Como resultado indireto 
pode ser citado que “de janeiro de 1998 a março deste ano, 516 estabelecimentos 
comerciais foram criados” ao lado de “uma preocupação maior dos 
estabelecimentos em melhorar suas instalações e o serviço prestado”, segundo o 
presidente da Comissão dos Dirigentes Lojistas da cidade de Itapetinga7. 
 
O segundo conjunto de benefícios sociais decorreu da filosofia da 
empresa, que considera como um de seus objetivos a promoção do crescimento 
profissional e social de seus funcionários. Incluem-se, nesse caso, a política de 
treinamento, as ações na área de saúde e a participação nos resultados, entre 
outras. 
 
Esse caminho, por outro lado, não é feito só de flores, existindo muitas 
pedras a serem ultrapassadas. A experiência da atuação da Azaléia numa região 
de forte concentração e organização operária, como no Pólo Calçadista do Rio 
Grande do Sul, certamente trouxe modernização para as relações entre o capital e 
trabalho na região de Itapetinga. Mesmo assim, podem aflorar conflitos em 
intensidade não prevista e aquela experiência, isoladamente, não ser suficiente 
para equacionar os novos problemas. No Seminário Tecnocouro, realizado em 
Salvador em março de 2001, o Presidente do Conselho de Administração da 
Azaléia advertia para a necessidade de uma discussão cuidadosa entre as 
Empresas, o Governo do Estado da Bahia e os Sindicatos de Trabalhadores 
visando a um entendimento que preservasse o interesse das diversas partes, sem 
desconhecer a complexidade do relacionamento capital-trabalho e as pressões 
para elevação salarial. O grande desafio é buscar um ponto de equilíbrio entre a 
tendência a médio prazo de elevação dos salários praticados pelo setor calçadista 
na Bahia e a manutenção das vantagens de custo que atraíram a implantação das 
novas fábricas para a região. Os benefícios sociais trazidos pelos 
empreendimentos precisarão estar suficientemente dosados para assegurar 
também as vantagens econômicas de competitividade. 
 
O terceiro grupo de benefícios sociais gerados compreende a contribuição 
da empresa para as atividades filantrópicas, sociais e culturais da região. São 
atividades que valorizam a cultura regional e contribuem para elevar a auto-estima 
de uma população reconhecidamente sofrida. 
 
7 Citado no jornal Valor, 26.04.2001. 
 
SETOR DE CALÇADOS 18 
 
No estágio atual, é necessário desenvolver um conjunto de indicadores 
para quantificar, com relativo grau de confiabilidade, a evolução das condições 
sociais da região de Itapetinga e sua relação com o projeto da Azaléia. Conforme 
mostrado, a experiência inicial desse projeto trouxe ganhos sociais que necessitam 
de contínua avaliação. 
 
O BNDES, além de participar no financiamento da implantação de projetos 
industriais, deve estar atento à complexidade das questões sociais e também 
participar no acompanhamento da evolução dos benefícios nessa área. A difusão 
dessa experiência poderá contribuir para enriquecer a compreensão dos 
problemas sociais e para diminuir a exclusão social ainda predominante em nosso 
País. 
 
SETOR DE CALÇADOS 19 
9. Referências Bibliográficas 
 
• Balanço Social – Calçados Azaléia S/A - 1999 
• Estudo de Benefícios Sociais – elaborado pela própria Azaléia 
• Gazeta Mercantil – Balanço Anual: Bahia (outubro de 2000) 
• Informações Municipais/99, Ano IV, nº 4 – Governo do Estado da Bahia – 
Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia 
• Os Novos Investimentos Calçadistas – Roberto Antônio F. Carneiro 
• Os 40 anos de Calçados Azaléia S/A 1958-1998 – Erica D. Sarlet 
• Página do IBGE: www.ibge.gov.br 
• Página do Ministério da Educação: www.mec.gov.br 
• Página do Ministério da Saúde: www.saúde.gov.br 
• Página da SEI: www.sei.ba.gov.br 
• Relato Setorial Nº 2 AS/GESET BNDES – Balanço Social e Outros Aspectos da 
Responsabilidade Corporativa 
• Relato Setorial nº1 AS/GESET BNDES – Empresas, Responsabilidade 
Corporativa e Investimento Social – Uma Abordagem Introdutória 
• Tendências da Economia Baiana – Governo da Bahia - Secretaria do 
Planejamento, Ciência e Tecnologia

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