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Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo Dimensionamento de Colunas de Destilação de Pratos Perfurados Adriele Cardoso – RA: 1351121 Santa Bárbara d’Oeste Junho/2018 1. INTRODUÇÃO O presente projeto tem como finalidade dimensionar uma coluna de destilação com pratos perfurados. Para realizar esta análise serão necessários conhecimentos em termodinâmica, transferência de calor e massa operações unitárias e balanços de massa e energia. 2. DESENVOLVIMENTO 2.2 Determinação de tamanho aproximado da coluna Uma estimativa aproximada do tamanho total da coluna pode ser feita uma vez que se conheça o número de estágios reais requeridos para uma dada separação. Esta estimativa é sempre utilizada para obter uma estimativa grosseira de custo capital do projeto. 2.3 Espaçamento entre pratos: A altura da coluna depende do espaçamento entre pratos. Espaçamentos entre 0,15 m (6 in) até 1,0 m (36 in) são normalmente utilizados. O espaçamento escolhido dependerá do diâmetro da coluna e das condições de operação. Pequenos espaçamentos são utilizados para colunas de pequeno diâmetro, e onde exista restrições de altura, com em situações onde a coluna será instalada no interior de construções. Para colunas abaixo de um metro de diâmetro, espaçamento de pratos de 0,3 a 0,6 m são normalmente utilizadas, e 0,5 m (18in) podem ser utilizadas como estimativa inicial. Sendo revisado, se necessário, que o projeto detalhado do prato for realizado. Um espaçamento maior será necessário entre certos pratos de modo acomodar arranjos de alimentação e retirada, e para o acesso à operadores. 2.4 Diâmetro da Coluna O principal fator que determina o diâmetro da coluna é a vazão volumétrica de vapor. A velocidade de vapor deve estar abaixo da que ocasiona um arrasto excessivo de líquido ou uma queda de pressão elevada. A equação 01 abaixo, que é baseada na equação de Souder e Brown, pode ser utilizada para estimar a velocidade superficial de vapor permitida, e consequentemente a área e diâmetro da coluna. Onde: �⃗⃗⃗�⃗⃗⃗ �⃗� - máxima velocidade superficial de vapor permitida, baseada na área de seçao reta total da coluna, m/s 𝑙𝑡 - espaçamento de prato, m (faixa entre 0,5 e 1,5) ρv e ρL - massas específicas da fase vapor e líquida, respectivamente, kg/m3 O diâmetro da coluna, Dc, pode então ser calculado: 𝐷𝑐 = √ 4∗𝑉𝑣 𝜋∗𝜌𝑣∗�⃗⃗⃗⃗�⃗⃗⃗�⃗� Equação 02 Onde: Vv é a vazão máxima de vapor, kg/s. Esta estimativa aproximada do diâmetro deve ser revisada quando o projeto detalhado do prato for realizado. 2.5 Procedimento para dimensionamento dos pratos Quando a vazão de vapor está muito alta e a vazão da fase liquida esta fixa, pode ocorrer a inundação da coluna, por outro lado, se a vazão de vapor estiver muito baixa pode ocorrer o gotejamento da fase líquida e por consequência ocasionar a entrada de líquido pelos orifícios dos pratos. A vazão excessiva de líquido sobrecarrega o downcomer ocasionando a queda de pressão da coluna. Um prato é considerado eficiente quando se tem uma alta transferência de massa entre a fase líquida e vapor. Para o dimensionamento dos pratos deve-se se seguir os seguintes procedimentos de cálculo: 2.6 Diâmetro da coluna: Para calcular o diâmetro da coluna primeiramente deve-se calcular a velocidade máxima de inundação (uf), proposta por Fair (1961, apud TOWLER, 2008), dada pela equação 03. 𝑢⃗⃗⃗𝑓 = 𝐾1 √ρL−ρv ρv Equação 03 Onde: Uf: Velocidade máxima de inundação ρL: Massa específica do líquido ρv: Massa específica do gás Para calcular o K1 deve-se calcular o fator de fluxo de líquido-vapor (𝐹𝐿𝑉) pela equação 04, e obtê- la pela Figura 1. 𝐹𝐿𝑉 = 𝐿𝑤 𝑉𝑤 𝑃𝑣 . √ ρL Equação 04 Onde: FLV: Fator de fluxo de líquido-vapor Lw: Comprimento do vertedor Vw: Vazão de vapor ρL: Massa específica do líquido ρv: Massa específica do gás Figura 1 - Relação entre espaçamento entre pratos e o fator de fluxo líquido-vapor. Fonte: TOWLER, (2008). Então, obtém-se o valor da área livre ativa (An) dividindo-se a vazão de vapor Vw pelo produto entre a massa específica do vapor e a velocidade de inundação (uv), conforme equação 05 (TOWLER, 2008). 𝐴𝑛 = 𝑉𝑤 ρ𝑣.u𝑣 Equação 05 Onde: Vw: Vazão de vapor 𝜌𝑣: Massa especifica do vapor u𝑣: Velocidade de inundação Obs.: Considera-se u𝑣 sendo 85% do valor da velocidade máxima de inundação, uf (TOWLER, 2008). Logo: 𝑢⃗⃗⃗𝑣 = 0,85. 𝑢⃗⃗⃗𝑓 Equação 06 Por fim, estima-se a área transversal da coluna (Ac), segundo Towler (2008), considerando que: 𝐴𝑛 = 0,8. 𝐴𝑐 Equação 07 O diâmetro pode ser encontrado pela Equação: 𝐷𝑐 = √ 4.𝐴𝑐 𝜋 Equação 08 2.7 Cálculo Área do prato As áreas do vertedor (Ad), ativa efetiva (Aa) e de perfurações (Ah) são estimadas pelas Equações (TOWLER, 2008). - Área do Vertedor: 𝐴𝑑 = 0,12𝐴𝑐 Equação 09 Onde: 𝐴𝑐: Área transversal da coluna - Área ativa efetiva: 𝐴𝑎 = 𝐴𝑐 − 2 . 𝐴𝑑 Equação 10 - Área de perfurações: 𝐴ℎ = 0,1. 𝐴𝑎 Equação 11 2.8 Verificação de arraste Arraste pode ser estimado por correlação dada por Fair (1961), figura 2, que dá a fração de arraste ψ (kg de líquido arrastado/kg total de fluxo de líquido) como uma função do fator líquido- vapor FLV, tendo o percentual de inundação como parâmetro. O percentual de inundação é dado por: 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢⃗⃗⃗𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑢⃗⃗⃗𝑛𝑑𝑎çã𝑜 = 𝑢⃗⃗⃗𝑛 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑢⃗⃗⃗𝑎𝑙 (𝑐𝑜𝑚 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑛𝑎 á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙) 𝑢⃗⃗⃗𝑓 Equação 12 Como um guia grosseiro para o limite superior de ψ pode ser tomado como 0,1. Figura 2 - Correlação de arraste para pratos perfurados 2.9 Velocidade de gotejamento O limite mínimo da faixa de operação ocorre quando o líquido escoa pelos orifícios. Este ponto é chamado de ponto de gotejamento. A velocidade de vapor neste ponto é a mínima para que a coluna opere de modo estável. A área de perfurações (Ah) deve ser muito bem determinada a fim de que a velocidade do fluxo de vapor esteja imediatamente acima deste limite mínimo. Segundo Chase (1967, apud TOWLER, 2008), esta velocidade pode ser estimada por: 𝑣 𝑢⃗⃗⃗ℎ = [𝑘2−0,90(25,4−𝑑ℎ)] (𝜌 ) 1⁄2 Equação 13 Onde: 𝑢⃗⃗⃗ℎ - é a velocidade mínima de vapor através dos furos (com base na área de furos), m/s dh - é o diâmetro dos furos, mm K2 - uma constante, depende da profundidade do líquido no prato, obtido pela figura 3 Figura 3: Correlação de ponto de gotejamento para pratos perfurado A altura de líquido no prato é igual a altura da represa hw mais a altura da crista do líquido sobre a represa how. 2.10 Crista de líquido sobre a represa A altura how é obtida pela equação abaixo e então, obtém-se a velocidade do vapor no ponto em que ocorre gotejamento. how = 750 . ⌊ 𝑙𝑤 𝑝𝑙.𝑙 𝑤 2⁄3 ⌋ Equação 14 A altura da represa (hw) é uma dimensão importante, pois influi diretamente na eficiência da coluna. Uma hw muito alta promove o aumento da eficiência, porém, o custo é maior e a queda de pressão no prato também aumenta. Para colunas operando sob pressão atmosférica, recomenda- se uma hw entre 40 e 50 mm (TOWLER, 2008). A altura do vertedor de saída varia de 0 a 100 mm, sendo empregado normalmente, para vazões mínimas, o valor de 7 mm (CALDAS et. al., 2007, p. 155). O comprimento da represa, segundo TOWLER, 2008 (lw) é o parâmetro que delimita a área do downcomer. Recomenda-se usar um valor inicial de 77% do valor do diâmetro da coluna. Com isso, a área de downcomer corresponderá a 12% da área transversal. 2.11 Dimensões dos orifícios A equação abaixo fornece uma correlação entrea área total para perfurações (Ap) e a área perfurada (Ah) para encontrar a distância entre os orifícios (lp). 𝐴ℎ 𝐴𝑝 = 0,9 [ 𝑑ℎ ] 2 𝑙𝑝 Equação 15 A área total para perfurações Ap é dada pela equação 16. 𝐴𝑝 = 𝐴𝑎 − 𝐴𝑐𝑧 Equação 16 Onde Acz corresponde as áreas calmas. Algumas recomendações a respeito das dimensões dos orifícios: • Área perfurada: A área disponível para per furação será reduzida pela obstrução causada por estruturas (anéis de suporte e colunas), e pelo uso de zonas de calmaria. Zonas de calmaria são faixas não perfuradas do prato nos lados de entrada e saída do prato. A largura de cada zona é normalmente a mesma. - Valores recomendados são: colunas abaixo de 1,5 m de diâmetro, 75 mm; acima deste diâmetro, 100 mm. - A largura dos anéis de suporte para pratos seccionais será normalmente entre 50 a 75 mm: o anel de suporte não deve se extender dentro da área de vertedouro. Uma faixa de prato não perfurado deverá ser deixado na beirada do prato para fixar o prato na parede da coluna. A área não perfurada pode ser calcula a partir da geometria do prato. A relação entre o segmento da represa, largura do segmento e o ângulo descrito pelo segmento é dado pela figura 4. • Tamanho de furos: O tamanho dos furos variam desde 2,5 até 12 mm; 5 mm é o tamanho preferido. Furos maiores são ocasionalmente utilizados para sistemas onde há incrustação. Os furos podem ser feitos por furados ou puncionados, sendo este último mais barato. Contudo o tamanho mínimo de furo que pode ser puncionado dependerá da espessura do prato. Para aço carbono, tamanho de furos aproximadamente iguais a espessura do prato podem ser puncionados, mas para aço inoxidável o tamanho mínimo de furo que pode ser puncionado é em torno de duas vezes a espessura do prato. Espessuras típicas de espessura de prato são: 5 mm (3/16 in) para aço carbono, e 3 mm para aço inoxidável. Quando prato puncionados são utilizados eles devem ser instalados com a direção da punção para cima. Punção forma uma leve restrição, e revertendo o prato aumentará a queda de pressão. Figura 4: Relação entre a geometria 2.12 Gradiente Hidráulico O gradiente hidráulico é a diferença no nível de líquido necessário para guiar o fluxo de líquido através do prato. Em pratos perfurados, assim como em pratos com campânulas, a resistência para o líquido fluir é pequena, e o gradiente hidráulico é usualmente ignorado em projeto de pratos perfurados. Pode ser significante em operações a vácuo, à medida que se usam menor altura de represa o gradiente hidráulico pode ser uma fração significativa da altura de líquido total. 2.13 Queda de pressão nos pratos A queda de pressão no prato é um parâmetro muito importante a se considerar. A perda de pressão se deve ao movimento do gás fluindo pelos orifícios e ao líquido que fica retido sobre o prato. Para estimar a pressão existente no prato, utiliza-se a equação, baseada nos princípios da mecânica de fluidos. 𝛥𝑃𝑡 = 9,81 . 10−3 ℎ𝑡𝜌𝑙 Equação 17 Em que ΔPt refere-se a queda de pressão total no prato em na unidade Pascal (Pa). ℎ𝑡 = ℎ𝑑 + ℎ𝑤 + ℎ𝑜𝑤 + ℎ𝑟 Equação 18 ℎ𝑑 = 51 [ 𝑢⃗⃗⃗ℎ] 2 𝑝𝑣 Equação 19 𝐶𝑜 ℎ𝑟 = 12,5 .10−3 ρl 𝑝𝐿 Equação 20 Onde: ht = Altura de líquido existente no prato hd = Altura do prato em estado seco hw = Altura da represa how = Altura da crista de liquido da represa hr = Queda residual C0 = Coeficiente de descarga, obtido pela figura 5. Figura 5 - Correlação para o coeficiente de descarga. 2.14 Coluna de líquido no vertedouro A coluna de líquido no vertedouro é causada pela queda de pressão ao longo do prato e da resistência ao fluxo no próprio vertedouro. Em termos de altura de líquido, a coluna de líquido no vertedouro é dada por: ℎ𝑏 = (ℎ𝑤 + ℎ𝑜𝑤) + ℎ𝑡 + ℎ𝑑𝑐 Equação 21 Onde: hb - é a coluna de líquido no vertedouro, medido desde a superfície do prato, mm (figura 6). hdc - é a perda de carga no vertedouro, mm. Figura 6: Coluna de líquido no vertedouro A principal resistência ao fluxo será causado pela constricção na saída do vertedouro, e a perda de carga no vertedouro por ser estimado usando a equação de Cicalese (1947) ℎ𝑑𝑐 = 166 ∗ [ 𝐿𝑤𝑑 ] 2 Equação 22 𝜌𝐿∗𝐴𝑚 Onde: Lwd - é a vazão de líquido no vertedouro, kg/s. Am pode ser tanto a área de vertedouro Ad ou a área livre sob o vertedouro Aap; escolha a que for menor, m2. A área livre sobre o vertedouro é dado por: 𝐴𝑎𝑝 = ℎ𝑎𝑝 ∗ 𝑙𝑤 Equação 23 Onde: hap - é a altura do prato até a beirada do vertedouro do prato acima. Esta altura é normalmente definida como 5 a 10 mm (1/4 a 1/2 in) abaixo da altura da represa: ℎ𝑎𝑝 = ℎ𝑤 − (5 𝑎 10 𝑚𝑚) Equação 24 2.15 Altura da espuma Para prever a altura do líquido “aerado” no prato, e a altura de espuma no vertedouro, alguns meios de estimar a massa específica da espuma são necessários. A massa específica do líquido “aerado” será normalmente entre 0,4 a 0,7 vezes a massa específica do líquido. Um grande número de correlações tem sido propostas para estimar a massa específica da espuma como uma função das vazões volumétricas de vapor e das propriedades físicas do líquido. No entanto, nenhuma se demonstrou particularmente confiável, e para projeto é usualmente satisfatório assumir uma valor médio de 0,5 da massa específica do líquido. Este valor é também tomado como a massa específica média do fluido no vertedouro, o que significa que por segurança do projeto a coluna de líquido no vertedouro, não deve exceder metade do espaçamento do prato, evitando desta forma a inundação. Permitindo para a altura da represa: Equação 25 Este critério é superestimado, e quando um espaçamento de pratos pequenos são desejados uma melhor estimativa da massa específica da espuma no vertedouro deve ser utilizada. 2.16 Tempo de residência do vertedouro Tempo de residência suficiente deve ocorrer no vertedouro para que o vapor arrastado pelo líquido se desprenda evitando que um líquido altamente aerado seja carregado pelo vertedouro. Um tempo de pelo menos 3 segundo é recomendado. O tempo de residência (tr em segundos) no vertedouro é dado por: Equação 26 3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CALDAS, J. N.; LACERDA, A. I. DE; VELOSO, E.; PASCHOAL, L. C. M. Internos de Torres: Pratos e Recheios. 2. ed. Rio de Janeiro: Petrobras, Interciência, 2007. TOWLER, Gavin; SINNOTT, Ray. Chemical Engineering Desing: Principle and Economics of plant and Process Design, 2. ed. California: Butterworth-Heinemann, 2008. J.M. Coulson, J.F. Richardson, J.R. Backhurst, J.H. Harker, 1993. Particle Technology and Separation Process, in Coulson & Richardson Series — Chemical Engineering, Vol. 2, 4ª edição, Pergamon Press
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