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A educação de Jovens e Adultos

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL 100% ONLINE
 PEDAGOGIA – 3º SEMESTRE
Produção textual Interdiciplinar INDIVIDUAL
SALVADOR
2019
Produção textual Interdiciplinar INDIVIDUAL
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas de Metodologia Cientifica ,Educação Jovens e Adultos, Historia da Educação, Educação Formal e não Formal, Didática, Ed- comunicação oral e Escrita, Praticas Pedagógicas: Gestão de sala de aula. 
 Professores: Maria Luzia Silva Mariano
 Mayra Campos Frâncica dos Santos 
 Natália Gomes dos Santos 
 Márcio Gutuzo Saviani 
Natália da Silvia Bugança Tutora eletrônica: Claudia G Nascimento
Tutora de sala: 
SALVADOR
2019
Sumário
1 INTRODUÇÃO	4
2 DESENVOLVIMENTO	5
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS	14
4 REFERÊNCIAS	15
INTRODUÇÃO 
Este trabalho tem como objetivo apresentar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, a Educação de Jovens e Adultos no Brasil e compreender como se configurou ao longo da história, refletindo sobre as práticas pedagógicas com esse público, possuindo uma trajetória histórica de ações descontínuas, marcadas por uma diversidade de programas, muitas vezes não caracterizadas como escolarização, sendo uma modalidade de ensino que sempre enfrentou resistências e dificuldades, desde que os Jesuítas eram responsáveis pela educação no Brasil Colônia até os dias atuais sofrendo muitas criticas pelos métodos que eram utilizados por não obterem resultados positivos e assim muitos foram extintos ao decorrer da historia.
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino complexa porque envolve dimensões que transcendem a questão educacional, até uns anos atrás, essa educação resumia-se à alfabetização como um processo compreendido em aprender a ler e escrever, alfabetizar jovens e adultos não é apenas ensino e aprendizagem é também a construção de uma perspectiva de mudança e é com esse pensamento que surgiu uma referência no panorama da educação: Paulo Freire, um novo jeito de pensar trazendo questões relativas ao processo histórico do aluno, com o pensamento de que a escola tinha que ensinar o aluno a “ler o mundo “ para obter transformações tendo em vista que se o aluno não sabe a realidade do mundo em que vive não é possível lutar em busca de melhorias, para que houvesse uma transformação seria necessário a conscientização, por isso Freire criou o seu método de ensino que usa a educação como instrumento de mudança social, permitindo assim que homens e mulheres sejam vistos e reconhecidos como sujeitos de sua história e não como meros objetos, é preciso que a sociedade compreenda que alunos de EJA vivenciam problemas como preconceito, vergonha, discriminação, críticas e que tais questões são vivenciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em comunidade.
Hoje a EJA é um direito assegurado pela lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegurado gratuitamente aos que não tiveram acesso na idade própria e segundo a LDBEN, o poder publico deverá estimular o acesso e a permanência do jovem e do adulto na escola, o presente trabalho, portanto tem seu foco na escolarização de Jovens e Adultos analfabetos ou com baixa escolarização.
2. DESENVOLVIMENTO
Alfabetizar jovens e adultos não é apenas o ato de ensino e aprendizagem é a construção de uma perspectiva de mudança sendo uma modalidade de ensino complexa porque envolve dimensões que transcendem a questão educacional e quando partimos de uma investigação histórica, temos que levar em consideração a sua relevância para a construção do conhecimento e olhando para o passado podemos compreender o processo histórico da EJA e como a mesma se desenvolveu até os dias atuais.
A educação no Brasil iniciou seus primeiros passos focados exclusivamente na catequização com os Jesuítas, sendo uma educação pensada pela Igreja Católica com o objetivo de converter a alma do índio à fé cristã, havendo uma divisão clara de ensino: as aulas para os índios ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos próprios indígenas e os filhos dos colonos recebiam o conhecimento nos colégios, locais mais estruturados por conta que recebiam mais investimento e com um ensinamento mais aprofundado.
 Com a saída dos Jesuítas 1759 a educação de jovens e adultos se dava de forma assistemática não se constatando iniciativas significativas do governo, sendo um total colapso. Dessa forma, a história da educação brasileira foi sendo marcada pelo o elitismo que restringia a educação às classes mais ricas e dominantes.
Após a proclamação da Independência do Brasil surgiu à primeira constituição brasileira que constava que a instrução primaria era gratuita a todos os cidadãos, no entanto, essa lei, infelizmente ficou só no papel, foi só a partir do Ato Constitucional de 1834, que ficou sob a responsabilidade das províncias a instrução primaria e secundária de todas as pessoas, mas que foi designada especialmente para jovem e adulto que era carregada de um princípio missionário e caridoso, deixando de ser um direito para ser um ato de solidariedade. 
Com o início do século XX, começou-se a culpar as pessoas analfabetas da situação de subdesenvolvimento do Brasil, havendo uma grande mobilização social que pretendia exterminar o mal do analfabetismo, tornando assim a pessoa analfabeta um ser produtivo que contribuísse para o desenvolvimento do pais já que o Brasil passava por uma grande mudança econômica com o processo de industrialização e também com a necessidade de aumentar a base eleitoral, surgindo assim as escolas para capacitar os jovens e adultos, as três primeiras campanhas de alfabetização em massa ocorrerão entre 1947 a 1963, descritas a seguir em linhas gerais.
	Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA)
	Campanha Nacional de Educação Rural (CNER)
	Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA)
A partir de 1947 foi entregue a Lourenço Filho a tarefa de promover Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), que tinha como objetivo levar a “educação de base” a todos os brasileiros “iletrados”, nas áreas urbanas e rurais, sendo a primeira iniciativa governamental para a redução do analfabetismo, a campanha possuía duas estratégias de alfabetizar e a capacitação profissional e atuação junto com a comunidade, as primeiras atividades foram desenvolvidas segundo o plano de ensino supletivo elaborado pelo SEA, mas as elevadas expectativas do CEAA não foram realizadas plenamente não chegando a constar os resultados esperados nas localidades isoladas do interior do pais e começou a entrar em declínio recebendo graves críticas sobre a sua atuação, Lourenço Filho acabou desdobrando a campanha em duas no ano de 1948 criando a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER) que compreendia ações conjuntas do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura, seus objetivos eram investigar e pesquisar as condições econômicas, sociais e culturais da vida do homem brasileiro no campo; preparar técnicos para atender às necessidades da educação de base ou fundamental; promover e estimular a cooperação das instituições e dos serviços educativos existentes no meio rural; concorrer para a elevação dos níveis econômicos das populações rurais por meio do emprego de técnicas avançadas de organização da produção agrícola e do trabalho; contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões educativos, sanitários, assistenciais, cívicos e morais das populações rurais, havendo um reconhecimento de que era preciso oferecer mais que a alfabetização, no entanto oferecia apenas a iniciação da leitura e a escrita. Em geral os profissionais alfabetizadores não possuíam formação para o exercício do ensino, as aulas eram realizadas emlocais como: igrejas e empresas, as aulas duravam em media 2 horas e com matérias didáticos ruins; mesmo com essas duas campanhas ficaram constatadas através de pesquisas do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) que as mesmas não eram eficazes para alfabetização segundo os resultados, sendo assim proposto pelos mesmos um caminho alternativo para combater o analfabetismo, sendo um projeto experimental que tinha por objetivo a melhoria da escola primaria e uma ação complementar de educação de jovens e adultos e nesse contexto criou-se a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA) com a finalidade de ajudar a melhoria de vida dos indivíduos, visando o desenvolvimento econômico e social. 
Muitas foram as criticas que surgiram para que fosse solucionado o problema do analfabetismo ao final dos anos 1950, buscando a consolidação de um novo paradigma pedagógico surgindo Paulo Freire como referencia principal, inspirando os principais programas de alfabetização e educação no Brasil nos anos 60 e como consequência em 1963 as três campanhas CAA, CNER E CNEA, foram extintas pelo fato de não corresponderem a nova forma de pensamento sobre o analfabetismo.
Em 1964 ocorreu a aprovação do Plano Nacional de Alfabetização que surge com objetivo de disseminar programas de alfabetização com base na proposta de Paulo Freire, o individuo deveria ser educado de dentro para fora, e com a nova pratica de aprendizagem e leitura dava ao mesmo liberdade para ler, escrever, mas para que a escrita fizesse sentindo deveria ter um caráter critico e socializador, que analisasse o contexto politico, social e individual de cada um, sendo uma educação com pratica libertadora; mas com a o golpe militar de 1964 os programas foram considerados como uma grave ameaça, sendo reprimidos, criando-se assim pelo governo militar em 1967 o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), alfabetização ficou restrita à apreensão da habilidade de ler e escrever, voltando-se a uma educação de base assistencialista e conservadora, com a ideia de que as pessoas que não eram alfabetizadas eram responsáveis por sua situação de analfabetismo e pela situação de subdesenvolvimento do Brasil.
 Com o fim do Mobral em 1985, surgiram outros programas como a Fundação Educar, que estava vinculada especificamente ao Ministério da Educação, com papel de supervisionar e acompanhar, junto às constituições e secretarias, o investimento dos recursos transferidos para a execução de seus programas. No entanto, em 1990, com o Governo Collor, a Fundação Educar foi extinta sem ser criado nenhum outro projeto em seu lugar. 
Em 2003, o governo federal lançou o Programa Brasil Alfabetizado, que no início tinha característica de mais uma campanha, com ênfase no trabalho voluntário, prevendo erradicar o analfabetismo em quatro anos, com o objetivo principal de universalizar o acesso à educação, garantindo o direito constitucional que todo cidadão brasileiro possui de acesso à educação e, consequentemente, de ler e escrever.
E assim, chegamos aos dias atuais, século XXI com uma alta taxa de pessoas que não têm o domínio sobre a leitura, a escrita e as operações matemáticas básicas, o problema de analfabetismo esta presente no Brasil há muitos anos, e fica o questionamento se existe realmente um interesse público, ou "privado", de erradicar o analfabetismo, uma vez que já existiram diversas ações que buscaram dar acesso aos cidadãos à educação e mesmo assim ainda possuímos níveis extremamente altos de analfabetismos. Todos os projetos e planos visavam o avanço na educação e a erradicação do analfabetismo mais o nível de organização desses planos é surpreendentemente mal executado, podemos avaliar nossas ações educativas atuais, através dos fatos históricos discorridos, precisamos buscar o que deu certo e o que foi apenas uma tentativa falha. 
Sendo nós futuros profissionais da educação temos que nos perguntar qual educação queremos? Qual a função da escola, sobretudo diante do processo de escolarização da população analfabeta e com baixa escolarização? Quais são os desafios e as possibilidades para a efetivação do direito à educação de Jovens e Adultos? Como devemos conduzir o processo avaliativo, tendo em vista saber como está a aprendizagem dos estudantes que frequentam a EJA?
A definição de uma pessoa analfabeta é bem clara, refere-se aos indivíduos que não sabem ler e escrever um bilhete simples e o Brasil ainda convive com 17% dos jovens entre 15 e 24 anos que são analfabetos ou analfabetos funcionais, um dado alarmante, sendo uma realidade causada pelos modelos de educação arcaicos, sem inovações, que estimulam a capacidade criativa dos sujeitos, gerando insegurança e insatisfação pessoal, convencidos de que não adianta continuar na escola, muitos estudantes se afastam por falta de motivação, por não acreditarem que são capazes e para melhorar essa visão a escola deve manter uma política educacional voltada para atender a diversidade, onde são valorizadas as habilidades e potencialidades de cada um, em quê cada qual pode colaborar com as experiências e crescimento do grupo,  formando indivíduos críticos e criativos que possam exercer plenamente a cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade, sendo preciso pensar no universo em que os alunos vivem e a cultura em que estão inseridos, construindo uma alfabetização a partir do conhecimento de realidade dos alunos para depois se aprofundar de novos conhecimentos, tendo em vista que se o aluno não sabe a realidade do mundo em que vive não é possível lutar em busca de melhorias, para que haja uma transformação é necessário a conscientização, a escola deve ser instrumento de mudança social, permitindo assim que homens e mulheres sejam vistos e reconhecidos como sujeitos de sua história e não como meros objetos.
Um dos grandes desafios encontrados na educação do Brasil é que ao longo dos anos se consolidou apenas uma conscientização de educação na infância, mais não uma cultura que incentivasse a educação ao longo de toda vida, sendo assim muitos dos jovens e adultos que se matriculam afastam-se da escola por pura falta de motivação, por não acreditarem que são capazes, a cobertura escolar ainda é pequena e com uma oferta insuficiente, mas principalmente porque a educação oferecida não é qualificada. Deve existir uma flexibilidade no que diz respeito a ensino e aprendizagem, além de uma procura por conteúdos curriculares que estejam conectados ao universo sociocultural dos estudantes, com os recursos didáticos apropriados, com um profissional pedagógico preparado, motivado e que não subestima seus alunos, incentivando-os , destacando a curiosidade, indagar a realidade para transformarem os obstáculos em reflexão para entender o processo educativo, fazendo assim o aluno seja um ser pensante, critico e produtor do seu conhecimento, sendo uma educação possível e capaz de mudar significante a vida de uma pessoa, permitindo-lhe escrever uma nova historia de vida.
No que se refere as avalições a mesma deve seguir as orientações contidas no artigo da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios : 
 
• Investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos;
• Contínua: permite a observação permanente do processo ensino-aprendizagem e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica;
• Sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do educando, utilizando instrumentos diversos para o registro do processo;
• Abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do educando;
• Permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo educando no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da escola.
O processo avaliativo deve está coerente com os objetivos propostos e métodos de ensino, a avaliação deve ser dialética, o educando deve confronta-se com o objeto do conhecimento, com participação ativa, valorizando o fazer e orefletir, quando ocorre um erro no processo ensino-aprendizagem indica que os conteúdos que devem ser retomados, o trabalho com as práticas de linguagem deve partir das necessidades dos alunos. 
Podemos claramente observar que as políticas para o combate ao analfabetismo da EJA, ainda se valem de ações que nos passado levaram ao fracasso dos programas implantados, devendo haver mudanças na forma como o ensino é praticado, investir mais na formação de bons profissionais, de uma forma que a educação para os jovens e adultos seja um direito, e não um favor prestado dos governos, da sociedade ou dos empresários.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é um instrumento que permite mudança na vida de todas as pessoas, independentemente da idade ou classe social e diante de todo material discorrido acima se tornou possível rever alguns aspectos da educação de jovens e adultos, tais como o histórico da EJA e sua evolução no Brasil, a formação do professor e suas práticas de ensino, além de constatar que a é uma educação possível, mas que precisa de mudanças para ser uma educação de qualidade e de mudança social para aqueles que por algum motivo não tiveram acesso a escola ou não conseguiram continuar motivados a estudar, independentemente da idade ou classe social. 
Estudar pode não resolver todos os problemas sociais, nem acabar com a injustiça, mas é um meio pelo qual a pessoa pode reescrever sua própria história; todos podem e devem contribuir para o desenvolvimento da Educação para os jovens e adultos, devendo ser implantadas melhores políticas integradas para a EJA, com escolas que elaborarem projetos adequado para seus próprios alunos, os professores devem estar sempre atualizando seus conhecimentos e métodos de ensino e não se acomodando a modelos prontos, os alunos devem sentir orgulho da EJA e valorizar a oportunidade que estão tendo de estudar e ampliar seus conhecimentos, sendo motivados ao aprender, e a sociedade deve contribuir não discriminando essa modalidade de ensino nem seus alunos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HADDAD, Sérgio. Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Mec, 2002.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA Educar em Revista, núm. 29, 2007, pp. 83-100 Universidade Federal do Paraná Paraná, Brasil. Educar em Revista, n. 29, p. 83-100, 2007.
PILETTI, Nelson. História da Educação no Brasil. 6º ed. São Paulo: Ática, 1996.
DE OLIVEIRA, Marta Kohl. JOVENS E ADULTOS COMO SUJEITOS DE CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM. Brasília, outubro de 2005, p. 59, 2005
CORRÊA, Luis Oscar Ramos. Fundamentos metodológicos em EJA I. IESDE BRASIL SA, 2009.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 26º Ed. RJ: Paz e Terra, 2002.
DI PIERRO, Maria Clara; GRACIANO, Mariângela. A Educação de Jovens e Adultos no Brasil: informe apresentado à oficina regional da UNESCO para América Latina y Caribe. São Paulo, 2003, p. 08 – 09.
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CEB 11/2000, de 10 de maio de 2000. Diretrizes curriculares nacionais para educação de jovens e adultos. Brasília: MEC, 2000.

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