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Critérios de Seleção e Criação de Recursos Educacionais Digitais (REDs) Fonte: Wavebreak Media Ltd /123rf EXPEDIENTE Autoria: Carlos Eduardo Lima Braga Edição: Denise Pellegrini Leitura crítica: Ana Paula Manzalli Revisão: Denise Rocha Design instrucional: Sara Marques Arte: Lucas Taterka Coordenação: Bruna Carvalho Realização: Sincroniza Educação Licença Creative Commons Este conteúdo está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Objetivos ou expectativas de aprendizagem: ● Sistematizar conceitos referentes ao Ensino Híbrido ● Refletir sobre a importância de avaliar a qualidade dos recursos educacionais digitais (REDs) que desejamos incluir nas aulas ● Conhecer um instrumento de avaliação de REDs (a rubrica) e uma referência de critério para a avaliação desses recursos ● Explorar REDs de criação de conteúdos, ferramentas autorais para professores e estudantes voltadas para a elaboração de textos, questionários, sites e vídeos Tópicos a serem abordados: ● Principais pilares e conceitos do Ensino Híbrido ● Critérios de seleção e criação de recursos educacionais digitais (REDs) ● REDs de criação que podem contribuir para o letramento em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Introdução Olá, cursista! Dando sequência a nossos estudos, vamos aprofundar discussões acerca dos principais pilares do Ensino Híbrido e dos critérios de seleção e criação de recursos educacionais digitais (REDs) para utilização em experiências de ensino e aprendizagem. Como vimos no módulo anterior, os debates sobre Ensino Híbrido e Metodologias Ativas vêm ocupando cada vez mais um importante espaço nos ambientes escolares. Porém, é muito importante a necessidade de um processo rígido de seleção crítica e certificação dos diversos materiais digitais que poderão compor suas experiências de ensino e aprendizagem. Em tempos de conexão digital alargada e de estruturas de comunicação cada vez mais acessíveis, que se juntam a plataformas e redes sociais, incentiva-se a criação autônoma de conteúdo pelos usuários. Nesse cenário, multiplicam-se informações desencontradas, sem o respaldo de instituições de pesquisa referenciadas, e materiais que não citam fontes ou são plagiados. Precisamos compreender, portanto, a complexidade desse cenário e sua irradiação por todas as camadas sociais, e redobrar a atenção sobre nossos critérios de avaliação e seleção de materiais digitais que serão utilizados no ambiente escolar. Para isso, aprofundaremos este debate no decorrer do curso. 1. Principais pilares e conceitos do Ensino Híbrido Vamos começar reunindo e aprofundando os fundamentos do Ensino Híbrido. Trataremos de sua metodologia, das principais práticas e, principalmente, de como selecionar e utilizar os REDs nas atividades desse tipo, estimulando cada vez mais uma experiência de ensino e aprendizagem na qual o conhecimento se construa numa atmosfera de coletividade, respeito e descobertas. Como já pusemos em foco neste curso, o Ensino Híbrido é um conjunto de metodologias e práticas de ensino e aprendizagem que se completam entre o universo digital e o presencial, objetivando ao protagonismo dos estudantes. De acordo com Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação, livro organizado por Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto e Fernando de Mello Trevisani, existem dois principais tipos de aplicação do Ensino Híbrido nas instituições públicas e privadas atentas a esse movimento pedagógico transformador do século XXI. Um deles, o tipo sustentado, mantém um modelo predominantemente curricular, inserindo aos poucos as atividades mais inovadoras enquanto preserva suas estruturas de divisão de turmas, aulas, em sua maioria, expositivas, e espaços tradicionais de interação educacional. As aulas são modificadas gradativamente. Pouco a pouco, faz-se uma interação cada vez maior com o universo tecnológico por meio de mecanismos digitais e presenciais de compartilhamento. O segundo tipo de aplicação de EH, o de modelos disruptivos, dá-se de maneira mais estrutural. Nesse caso, a escola passa por uma profunda transformação na metodologia ‒ com a proposição de projetos em vez de aulas ‒, nas divisões de turma e na estrutura física e arquitetônica. As duas formas de aplicação do Ensino Híbrido são válidas e importantíssimas! Afinal de contas, vale lembrar que a melhor maneira de transformar sua aula e sua escola é a contextualização cultural. Para isso é preciso levar sempre em consideração a capacidade física, de estrutura material e cultural da instituição, assim como a formação gradativa do corpo docente. Baseando-se na utilização do Ensino Híbrido para a ampliação da aprendizagem e do protagonismo estudantil durante o processo de aquisição e compartilhamento de conhecimento, ambas as formas de aplicação apresentam um direcionamento político-pedagógico que, de acordo com o livro Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação, enfatiza: ● O projeto de vida de cada aluna e aluno, com orientação de um mentor. ● Valores e competências socioemocionais e de conhecimento. ● Equilíbrio entre a aprendizagem pessoal e a coletiva, e o respeito ao ritmo e ao estilo de aprendizagem de cada um, combinado com as Metodologias Ativas de grupo, sem a divisão em disciplinas e com a integração de tempo, espaços e tecnologias digitais. Esses princípios fundamentais para a estruturação de um planejamento político-pedagógico que utilize o Ensino Híbrido são formas de garantir que as alunas e os alunos possam aprender em partilha ao mesmo tempo em que tenham respeitado seu ritmo e um direcionamento aos seus interesses durante todo o processo. A aula não se caracteriza mais como um momento de pretensa transferência de conhecimento de uma professora, ou um professor, para vários estudantes durante períodos que vão de 45 minutos a uma hora. Há uma reestruturação da prática escolar. O conteúdo a ser ministrado deve ser instigante e convidativo. Para isso, é necessário que ele seja territorializado, tornando-se simbolicamente mais próximo da cultura local. Nessas experiências, são utilizados recursos digitais que passaram por um processo de curadoria e seleção e que que possam servir para acrescentar possibilidades antes impossíveis. Não se trata apenas de inserir determinada ferramenta digital nas experiências de ensino e aprendizagem, mas de ter discernimento sobre a intencionalidade pedagógica por detrás de sua utilização. Isso amplia as possibilidades de aprendizagem, gerando significação e experimentação paralelamente ao aumento de repertório e conscientização relacionados ao acesso à informação durante os estudos realizados coletiva ou individualmente. Até aqui, você viu os princípios do Ensino Híbrido e as formas de implantá-lo em suas aulas. Antes de iniciar o próximo tópico, responda à atividade a seguir. 1) Com base no que estudamos durante o curso e focados no texto sobre os principais pilares e conceitos do Ensino Híbrido, responda: o que é indispensável para uma aula que utiliza o Ensino Híbrido? a. Trabalhos exclusivamente individuais para que se fortaleça a independência e a autonomia de cada aluna e aluno. ● Incorreta: Embora haja momentos em que as estudantes e os estudantes trabalham individualmente, esse procedimento não é geral. As aulas potencializadas pelo Ensino Híbrido preservam momentos de trabalho individual, em pares e em grupo. Todos esses momentos têm resguardado um determinado tempo para o compartilhamento com o grupo. b. Uso de tecnologia em parceria com atividades presenciais, preservando-se o respeito ao ritmo individual de cada estudante e o compartilhamento com o grupo a cada etapa. ● Correta: a expressão Ensino Híbrido já indica a misturade práticas apoiadas pelas tecnologias às presenciais. Assim, uma aula que utiliza essa metodologia deve atuar nos meios digital e presencial. Para além desse fundamento, dentro do Ensino Híbrido estão as práticas individuais e coletivas, que atuam sempre em conjunto. Dessa forma, preserva-se a construção da autonomia em parceria constante com o desenvolvimento coletivo do grupo. c. Lição de casa em todas as aulas para que, na seguinte, sejam corrigidas. ● Incorreta: embora haja inúmeros modelos de tarefas e atividades dentro das aulas que utilizam Ensino Híbrido, a lição de casa não é obrigatória. Mesmo porque, em uma das metodologias contempladas nesse curso, a sala de aula invertida, as tarefas são feitas em sala com o apoio da professora, ou do professor, enquanto o estudo do conteúdo expositivo é feito fora da escola com o apoio de ferramentas digitais. d. A utilização da tecnologia de última geração disponível no mercado. ● Incorreta: embora um dos fundamentos do Ensino Híbrido seja justamente a integração entre tecnologia e atividades presenciais para o desenvolvimento de experiências de ensino e aprendizagem inovadoras, isso não quer dizer que sejamos reféns da utilização de determinada tecnologia, ou da mais atual. Devemos utilizar aquilo que está ao nosso alcance ‒ laboratórios, bibliotecas públicas, espaços dos mais variados, assim como seus equipamentos. A melhor aula inovadora é aquela que atende às necessidades e expectativas de aprendizagem, utilizando aquilo que há à disposição, desenvolvendo a autonomia dos estudantes, dos docentes e do ambiente escolar como um todo. e. A utilização do máximo de recursos possível, sejam eles equipamentos ou referências de sites, vídeos etc. ● Incorreta: como sabemos, a internet está cheia de ótimos conteúdos, responsáveis e certificados, mas também de conteúdos falsos e irresponsáveis. Por isso é necessário um processo de seleção e crítica dos conteúdos a serem abordados nas experiências de ensino e aprendizagem. Não precisamos utilizar o máximo de recursos possível, mas selecionar com racionalidade e organização qual deles vai corresponder às nossas expectativas e utilizá-lo de maneira completa. Livro: Aula nota 10 - Guia Prático Autor: Doug Lemov; tradução de Leda Beck Ano: 2013 Editora: Boa Prosa ISBN: 978-85-64684-23-2 Resumo: Aula Nota 10 é um guia prático de atividades para a sala de aula, um livro excelente para quem busca aprimorar suas aulas, mas ainda sente a necessidade de dicas e modelos a seguir. Ele foi desenvolvido especialmente para conquistar a adesão a seu uso em sala de aula, abordando formas práticas de elaboração de desafios e tarefas instigantes que levem os alunos a se interessar cada vez mais pelas atividades. Como abordado neste tópico acerca do Ensino Híbrido, o livro pode municiar a professora, ou o professor, com atividades de aquecimento e finalização das aulas. 2. Critérios de seleção e criação de recursos educacionais digitais (REDs) Como já vimos, a educação do século XXI exige muito mais de docentes e estudantes do que apenas a exposição e reprodução de conteúdos programáticos. Em um mundo cada vez mais apoiado nas plataformas digitais, com possibilidades gigantescas de pesquisa e acesso à informação, a educação ‒ e a sociedade como um todo ‒ vive um intenso processo de transformação. Com base no debate estabelecido desde o início do curso, sabemos que as práticas inovadoras da educação passam, cedo ou tarde, pela utilização de plataformas metodológicas, organizacionais, de hardware e/ou de software. Com o decorrer do tempo, esse processo põe em xeque e problematiza algumas práticas tradicionais de ensino e aprendizagem, sem, contudo, excluí-las. Vale lembrar que o melhor recurso digital é aquele que mais bem se adapta à sua territorialidade e à cultura do território que ocupa. Para isso é importante avaliar cada um deles, considerando suas qualidades e deficiências. A ideia é que os REDs contemplem os objetivos de aprendizagem previstos e potencializem de tal maneira as aulas que, sem a tecnologia utilizada, a mesma atividade não seria possível. A intencionalidade pedagógica em torno do uso de tecnologias educacionais é fundamental. Trata-se de ampliar as possibilidades de uma experiência, alcançando aprendizados mais amplos e, de preferência, com o uso de plataformas que dependam da colaboração. Para basear esse processo, as professoras e os professores precisam de letramento digital e midiático, uma atualização conceitual e prática envolvendo as necessidades de um trabalho que conecta o presencial e o digital. O desenvolvimento de um olhar crítico é essencial, principalmente quando se fala de REDs. Hoje, qualquer pessoa com acesso a um computador, um notebook, um tablet ou um celular é capaz de produzir um conteúdo e disponibilizá-lo on-line. Por isso devemos ter cuidado redobrado na seleção e na utilização dos materiais que podem incrementar nossas experiências de ensino e aprendizagem, assim como despertar nas alunas e nos alunos a criticidade e o cuidado. Uma forma muito utilizada atualmente para selecionar e avaliar conteúdos complexos são as rubricas ‒ uma forma de configurar critérios de avaliação personalizados ou baseados em resultados para pontuação. De acordo com Planejamento para a compreensão: alinhando currículo, avaliação e ensino por meio da prática do planejamento revers o, livro de Grant Wiggins e Jay McTighe, as rubricas descrevem graus de qualidade, proficiência ou compreensão ao longo de um continuum. "Rubrica é um guia de avaliação baseado em critérios que consistem de uma escala de medida fixa (4 pontos, 6 pontos ou o que for apropriado) e de descrições das características para cada ponto dessa gradação” (WIGGINS e MCTIGHE, p. 169). No contexto pedagógico, as rubricas são usadas principalmente para substituir a avaliação clássica, que são baseadas em notas simples, por outra, de caráter qualitativo. Essa mesma técnica, empregada na avaliação do desempenho dos estudantes, será utilizada aqui para discriminar, descrever em partes e classificar os conteúdos digitais. O estudo “Modelos de curadoria de recursos educacionais digitais”, publicado em 2017 pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), define alguns meios fundamentais para seleção, curadoria e criação de REDs. Entre eles está o Instrumento de Revisão de Objetos de Aprendizagem, conhecido como LORI ‒ Learning Objects Review Instrument (NESBIT, BELFER e LEACOCK, 2002). A ideia é usarmos o modelo LORI para gerenciar a seleção de REDs a serem utilizados em nossas experiências de ensino e aprendizagem. Para a observação e a análise crítica dos recursos, ele se baseia em alguns critérios: ● Qualidade de conteúdo ● Alinhamento com o objetivo de aprendizagem ● Feedback e adaptação ● Motivação ● Design de apresentação ● Usabilidade de interação ● Acessibilidade ● Reusabilidade ● Conformidade com padrões No infográfico a seguir, você vai conferir o que prevê cada um desses critérios. Até aqui vimos a importância de avaliar e escolher bem os recursos a serem usados em sala, e ferramentas eficazes para fazer isso. Antes de passar para o terceiro tópico, responda à atividade que segue. 2) Assinale a única alternativa falsa sobre a importância de avaliar REDs: a. A possibilidade de qualquer um produzir e disponibilizar conteúdo on-line é incrível do ponto de vista da liberdade de expressão (bilhões de pessoas podem ter voz na internet), mas há um risco maior de utilizarmos recursos digitais com informações incorretas ou imprecisas, e prejudicarmos a aprendizagem das alunas e dos alunos. ● Esse é realmente nosso contexto atual, ou seja, a sentença é verdadeira e estamos buscando a falsa. Quanto maisdemocrático é o acesso à produção de conteúdos na internet, mais cuidados devem ser tomados para averiguar se o conteúdo disponível é de boa qualidade, com informações corretas. b. As rubricas são um instrumento de avaliação que podem ser utilizadas para a verificação de aprendizagem das alunas e dos alunos e também para avaliar a qualidade de um recurso educacional, seja ele digital ou não. ● Essa é realmente a finalidade das rubricas, ou seja, a sentença é verdadeira e estamos buscando a falsa. Conforme citado no tópico, "rubrica é um guia de avaliação baseado em critérios que consistem de uma escala de medida fixa (4 pontos, 6 pontos ou o que for apropriado) e de descrições das características para cada ponto dessa gradação” (WIGGINS e MCTIGHE, p. 169). c. Os critérios do sistema LORI são um exemplo do que deve ser observado em um recurso educacional digital para averiguar sua qualidade e decidir se ele é adequado para utilização pelos alunos. ● Essa sentença sobre o sistema LORI é verdadeira, e neste exercício estamos buscando a falsa. Existem outros instrumentos de avaliação de REDs pelo mundo, e você também pode criar o seu! O importante é considerar quais critérios nos permitem avaliar a qualidade do RED e se sua utilização trará benefícios para a aprendizagem dos alunos. d. Se um RED não atender a um dos critérios do sistema LORI, ou se receber uma pontuação baixa em um deles, significa que ele é inadequado para utilização pelos alunos. ● Parabéns! Essa sentença não é verdadeira, e neste exercício estávamos procurando justamente por ela! Nem todos os critérios do sistema LORI serão aplicáveis a todos os REDs, e não há nada de errado nisso. É possível, também, que um RED não se saia brilhantemente em todos os critérios. O importante é que, com essa avaliação, você tenha condições de saber se suas falhas e faltas afetarão a aprendizagem dos alunos. e. Nem todos os REDs atenderão a todos os critérios de uma rubrica, e isso não significa que ele seja de má qualidade. Por exemplo, o Google Documentos é um ótimo RED, mas não atende ao critério “Qualidade de conteúdo”, uma vez que é uma ferramenta autoral ‒ cada usuário é responsável pela inclusão de conteúdo nela. ● Essa sentença sobre o uso da rubrica é verdadeira e, neste exercício, estamos buscando a falsa. Existem diversos tipos de RED, e o sistema LORI não está adaptado a essas variações. É possível que alguns critérios da rubrica, portanto, não se apliquem a um RED, mas isso não significa que ele seja ruim ou inadequado. Cabe à professora, ou ao professor, identificar se suas falhas ou faltas afetarão a aprendizagem dos alunos. 3. REDs de criação que podem contribuir para o letramento em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Depois de abordarmos a importância de selecionar bem os REDs a serem trabalhados com a turma e de apresentarmos formas de fazer isso, vamos tratar de exemplos práticos para que você utilize no dia a dia. Alguns REDs contêm os conteúdos curriculares divididos por segmento, ano e disciplina ‒ exemplos de ferramentas gratuitas nesse formato são a Khan Academy, a Escola Digital e o YouTube Edu. Outros são ferramentas que chamamos de autorais, ou REDs de criação, ou seja, recursos que facilitam e oferecem novas possibilidades de criação autoral e inédita de conteúdos em diferentes formatos. As ferramentas Google, que exploramos brevemente durante a formação presencial, são ótimos exemplos de REDs de criação, pois permitem a criação e o compartilhamento de textos (Google Documentos), apresentações em slides (Google Apresentações), tabelas e gráficos (Google Planilhas), questionários (Google Formulários) e até mesmo sites com o seu jeito (Google Sites). Todas essas ferramentas possibilitam uma interação robusta entre os estudantes, que aprimora o processo de ensino e aprendizagem. Além de colaborativas e criadas por educadores para educadores, elas são gratuitas! Por isso, neste tópico, vamos comentar um pouco mais sobre as possibilidades de uso dos REDs de criação. ● Google Documentos Nosso primeiro exemplo é o Google Documentos, usado para a edição colaborativa de texto. Nessa plataforma você consegue compartilhar um documento com vários estudantes ao mesmo tempo. Há dois tipos principais de configuração de compartilhamento, a direta ‒ por e-mail (Gmail) ‒ e a indireta, via link. ○ No compartilhamento via e-mail (Gmail) a plataforma dá acesso exclusivo ao documento a quem tiver o e-mail inserido. Com isso a professora, ou o professor, tem acesso completo ao histórico de edições, e pode verificar quem fez cada parte do documento, e em que momento. ○ No compartilhamento via link, a plataforma dá acesso a todos os que tiverem o endereço (URL) do link do documento. Esse procedimento ajuda o compartilhamento rápido, porém, por não requisitar login (via e-mail Gmail), não é possível ter o histórico de edições discriminando exatamente quem fez cada edição. Quem editar o documento constará como anônimo. Com essa aplicação, é possível incentivar entre as alunas e os alunos a produção coletiva de textos para trabalhos acadêmicos e projetos em diferentes formatos, como peças de teatro e outras expressões artísticas. Uma possibilidade interessante é os estudantes usarem a ferramenta para analisar textos e materiais de outros autores e colegas, registrando suas dúvidas, críticas e sugestões no formato de comentário. Os grupos de alunos também podem registrar anotações sobre aulas expositivas ou experimentos práticos em um mesmo documento, de forma que todos possam se apoiar nas anotações e usufruir dos registros para consulta. Para a professora, ou o professor, a ferramenta apresenta um recurso que poderá auxiliar na correção de textos e trabalhos dos estudantes: é o modo de “Sugestão”, que fica no canto superior direito da plataforma. Repare no ícone de caneta, logo abaixo do botão azul “Compartilhar”. Ao clicar neste botão, aparecerá a seguinte grade de opções: Fonte: Printscreen de uma funcionalidade da ferramenta Google Documento Essas são as possibilidades de interação com o texto. Ao clicar na opção “Sugestões”, você pode indicar alterações no texto, sem apagá-las do documento. Assim, a estudante, ou o estudante, verá o texto original e sua sugestão de maneira discriminada, podendo aceitá-la ou não,além de comentar a ação, o que cria um ambiente respeitoso e colaborativo para a correção dos textos produzidos. Em uma turma de 6º ano, por exemplo, a professora de Língua Portuguesa pode utilizar o Google Documentos para trabalhar a produção de textos do campo jornalístico-midiático, e desenvolver a habilidade EF69LP08 (veja o quadro). Com base numa pauta inicial, os grupos de alunos definiriam como levantar as informações, registrar os fatos descobertos por meio de entrevistas e pesquisas, escrever o texto seguindo as características do gênero jornalístico (com título, linha fina e lide) e inserir os elementos que acompanham uma reportagem (foto com legenda, destaque para a declaração de um entrevistado etc.). Em uma atividade posterior, um grupo de alunos acessaria a reportagem do outro grupo e deixaria comentários com dúvidas, sugestões, elogios etc., de forma que todos recebam uma devolutiva de seus pares e possam aprimorar o trabalho com base nisso. Por fim, a professora, ou o professor, faria uma correção do texto no modo “Sugestões”, marcando as alterações necessárias. Assim, os grupos poderiam comparar seu trabalho com o texto original e compreender o motivo das mudanças. ● Google Formulários O Google Formulários é fantástico para utilização em sala de aula. Por se tratar de uma ferramenta de questionário, o app foi adaptado pelo time educacional da Google para funcionar como uma prova on-line, e com um adendo muito importantepara as professoras e os professores: a correção de maneira automática! Comece com uma atividade bem simples. Essa primeira aplicação, de preferência, não deve valer nota. Esse processo ajuda as alunas e os alunos a se habituar com a plataforma e previne situações desconfortáveis, no caso de haver algum erro durante o processo. Vá a seu Google Drive, clique em “Novo”, no canto superior esquerdo, e, na sequência, em “Mais”. Todas as ferramentas complementares vão aparecer. A primeira delas será o Google Formulários. Clique no ícone ou simplesmente abra uma nova aba no navegador e digite o endereço forms.new. Lembre-se de que todo formulário ou prova deve começar com um cabeçalho. Então, inicie com as perguntas Nome, Série e Turma para identificação das estudantes e dos estudantes. Em seguida, basta transferir, por exemplo, suas questões de múltipla escolha para a plataforma. Você verá um pequeno botão de “+”. Clique nele para adicionar as perguntas. Uma professora de Matemática do 6º ano, por exemplo, ao iniciar seu trabalho com o objetivo de desenvolver a habilidade EF06MA05 (veja o quadro abaixo ), pode criar uma avaliação diagnóstica. Em uma das perguntas, pode inserir uma série de números e solicitar aos alunos que cliquem apenas no que é primo. Em outra pergunta, pode pedir que indiquem quais números são múltiplos ou divisores de outro etc. A plataforma é bem intuitiva. Ao colocar o enunciado de uma questão de múltipla escolha, você verá que ela, automaticamente, é configurada para o formato que desejamos. Após a inserção das questões, clique na engrenagem presente no canto superior direito da tela e depois acione o modelo de prova em “Testes” > “Criar teste”. A partir de então, em letras azuis abaixo de cada questão, estará escrito “Chave de resposta”. Basta clicar e adicionar as respostas certas. Pronto! É só deixar a tecnologia Google trabalhar para você e, ao final da atividade, a correção de todas as provas simuladas será feita instantaneamente pela plataforma. Mais do que a correção, neste mesmo link será possível ver em gráficos quantos e quais estudantes acertaram cada questão, em um relatório detalhado para o diagnóstico da turma. Para que as alunas e os alunos façam a prova simulada, basta clicar em “Enviar” ou inserir os e-mails deles ou criar um link de compartilhamento. Nesse caso, basta que eles cliquem no link para terem acesso à prova! ● Google Sites Outra ferramenta autoral de criação de conteúdo oferecida gratuitamente pelo Google é o Google Sites. Com ela é possível desenvolver a própria página web, incluindo recursos de texto, foto e vídeo, links para outros materiais ou sites disponíveis na internet. Você pode escolher o layout da página e inserir elementos interativos, como textos recolhíveis (blocos de texto que podem ser escondidos ou expandidos novamente conforme o clique do usuário), e o carrossel de imagens (uma série de fotos que são exibidas, uma a uma, automaticamente, ou conforme o clique do usuário). Essa aplicação foi feita ‒ assim como toda a plataforma Google ‒ com base em intenção intuitiva de uso, ou seja, para que não seja necessária uma aula de informática para a sua utilização. Ao entrar no site sites.google.com, após fazer o login com seu endereço de e-mail do Gmail, observe os ícones e explore suas funções. Lembre-se: você está trabalhando na nuvem, ou seja, não precisa clicar em “Salvar”. Todas as edições ficam salvas automaticamente! Quando estiver com o site pronto, clique em “Publicar”. Você pode escolher se deixa o site com acesso público (aberto a qualquer usuário da internet) ou restrito apenas a quem tiver o link. O Google Sites pode ser utilizado de várias formas por professores e alunos. Uma professora, ou um professor, de Ciências do 6º ano, por exemplo, pode transformar o conteúdo de uma aula sobre células em um site, disponibilizando o conteúdo de maneira gráfica, incluindo referências de outros sites, vídeos, podcasts e outros objetos adequados a seus objetivos de aprendizagem. O site pode ser o material de estudo da sala de aula invertida e, depois de estudá-lo em casa, os alunos vão aproveitar o tempo da aula para tirar dúvidas, discutir o tema e elaborar um cartaz, uma maquete ou outro produto que demonstre seus conhecimentos sobre a organização básica das células e sua função nos seres vivos. Essa aula, ou sequência de aulas, possibilitaria o desenvolvimento da habilidade EF06CI05 ( veja o quadro abaixo). Outra opção é a utilização do Google Sites pelos estudantes para apresentar seus conhecimentos nesse formato, compartilhando, assim, conteúdos precisos e de qualidade com outras pessoas que estiverem pesquisando sobre o assunto. Vale ressaltar, portanto, a importância de buscar fontes seguras e referenciar todas as informações que serão disponibilizadas no site, tanto pelo professor quanto pelos alunos. ● Powtoon O Powtoon é uma ferramenta muito simples e adequada ao uso em contextos educacionais. Trata-se de um software de animação baseado na web. Justamente por isso não necessita de instalação de programas nem de máquinas de desempenho otimizado. Em outras palavras, ele é feito para que qualquer pessoa, em qualquer computador, possa criar apresentações animadas, editar vídeos ou imagens estáticas, adicionar trilha sonora ou até incluir a voz na animação ‒ nesse caso, a da professora, ou do professor, e dos estudantes. A plataforma tem uma seção exclusiva para pagantes, mas oferece suas principais potencialidades básicas para os usuários de forma gratuita. Os vídeos, depois de finalizados, podem ser exportados para o YouTube diretamente da plataforma. Ao fazer o login, você responde a uma questão objetiva sobre os principais propósitos de utilização do Powtoon. Assim, o software consegue localizar e disponibilizar conteúdos específicos para o que você procura. No módulo gratuito as edições de vídeo e animações em geral devem estar em um computador conectado à internet. A ferramenta pode ser utilizada pela professora, ou pelo professor, para produção de conteúdo voltado para os estudantes ou indicada a eles para a criação de apresentações animadas de seus trabalhos. Além disso, o Powtoon oferece uma série de templates, modelos de apresentações animadas e vídeos. Você pode fazer uma cópia e trabalhar em cima deles, otimizando seu tempo e conseguindo ir mais longe em suas apresentações logo no primeiro contato com a plataforma. Todo o conteúdo deste bloco tem o objetivo de ajudar você, professora, você, professor, a desenvolver sua competência em selecionar e criar REDs que apoiem a aprendizagem das alunas e dos alunos! No podcast a seguir, conheça mais sobre os diferentes níveis dessa competência e descubra em qual estágio você está neste momento. Agora, para fechar esse tópico, convidamos você a responder à atividade a seguir: 3) Assinale a única alternativa correta sobre a utilização de REDs de criação: a. O uso do Google Sites depende de um conhecimento de programação por parte do professor do ou estudante que deseja utilizar essa ferramenta. ● Incorreta: o Google Sites tem recursos e estruturas intuitivas que permitem a qualquer usuário desenvolver um site com título, diferentes seções, textos, imagens e links para outros sites. Nenhum conhecimento de programação é necessário para criar seu site! b. Um formulário criado com o Google Formulários só pode ser preenchido por quem tem e-mail Gmail. ● Incorreta: até é possível exigir que os respondentes de um formulário preencham seu e-mail Gmail para enviar as respostas, mas esse é um recurso específico que precisa ser ativado. Normalmente, qualquer pessoa com acesso ao link do formulário pode enviar suas respostas. Se você não quiser que elas sejam anônimas, pode inserir uma pergunta obrigatóriapara que os respondentes ponham seu nome completo. c. Apenas professores youtubers possuem as ferramentas e os equipamentos necessários para criar vídeos com os conteúdos de sua disciplina. ● Incorreta: qualquer professora, ou professor, pode acessar e utilizar ferramentas gratuitas, como o Powtoon, que permitem a criação e divulgação gratuita de vídeos. d. No Google Documentos só há uma forma de interação no texto, a edição. Por isso não dá para saber quem fez cada edição. ● Incorreta: há três formas principais de configuração de interação com a plataforma, a Edição ‒ na qual os participantes têm livre acesso ao documento; a Sugestão ‒ na qual as alterações no documento são postas à parte, e dependem de uma aprovação para ser incluídas no texto original; e a Visualização ‒ na qual os usuários têm acesso apenas à leitura do documento (esse modo pode ser utilizado para compartilhamento de algum material didático para os estudantes). Além dessas três formas de configuração de compartilhamento, há os Comentários, habilitados a partir da seleção de um trecho do texto original. e. Os REDs de criação são ferramentas autorais que permitem ao usuário elaborar, compartilhar e publicar conteúdos de diferentes formatos, como slides, formulários e vídeos. Por isso são ferramentas muito importantes para a professora, ou o professor, integrar o uso de tecnologias em sala de aula de acordo com os objetivos de aprendizagem. ● Correta: com o acesso a esses REDs de criação, tanto o professor quanto os alunos têm liberdade para organizar, sintetizar e disseminar informações que sejam relevantes ao processo de aprendizagem. Filme: The First Grader / O aluno Ano: 2010 Elenco: Oliver Litondo, Naomie Harris, Lwanda Jawar. Sinopse: o filme, baseado numa história real, tem como protagonista Kimani Ng'ang'a Maruge, um queniano de 84 anos. Para conseguir tornar realidade seu sonho de aprender a ler e escrever, ele se matricula em uma escola de ensino infantil no interior de seu país. Nessa difícil trajetória, em que se junta a alunos de 6 anos de idade, ele ainda precisa lidar com a intransigência da comunidade local e até mesmo do governo. Ao assistir a esse filme inspirador e emocionante, busque refletir sobre o ambiente em que leciona, suas potencialidades e dificuldades técnicas. Veja que, em primeiro lugar, há ambientes muito menos privilegiados para o desenvolvimento educacional e que, mesmo assim, há pessoas inovando e buscando sempre práticas alternativas. Em segundo lugar, reflita acerca de sua adaptabilidade. O que você pode fazer com o que há à disposição para ter o máximo de impacto possível sobre seus estudantes? Como debatemos neste módulo, a melhor tecnologia é aquela que melhor se adapta às características culturais e aos aspectos específicos de cada território em que se atua. Esperamos, então, que você se inspire nessa história incrível para a seleção precisa dos recursos que vai utilizar para incrementar suas experiências de ensino e aprendizagem. Lembre-se: sempre dá para fazer muito com pouco, e uma ferramenta bem utilizada é melhor do que ter acesso a ferramentas de ponta do mercado e não saber como adaptá-las à sua realidade. Considerações Finais Caro cursista, iniciamos este bloco tratando dos principais pilares e conceitos do Ensino Híbrido e de como ele pode ser introduzido em suas aulas. Você viu que atividades inovadoras podem ser inseridas aos poucos, preservando a estrutura curricular, e também de forma mais estrutural, o que envolve uma mudança metodológica profunda na escola como um todo. Lembramos que ambos os modelos são válidos e importantíssimos e que cabe a cada educadora e a cada educador filtrar suas experiências com a utilização de recursos educacionais digitais de acordo com a cultura e o território em que atua. Assim, você pode personalizar suas experiências, gerando significado e sentimento de pertencimento em todos os envolvidos, e melhorando significativamente suas aulas! Reforçamos também a importância de saber selecionar REDs e citamos formas de fazer isso, por meio de rubricas e do Instrumento de Revisão de Objetos de Aprendizagem, ferramenta conhecida como LORI. Esse é um entre vários modelos de avaliação por rubricas, mas nós o selecionamos por considerar muito boa sua fundamentação teórica. Além disso, ele se encaixa nos objetivos deste módulo: propor ao cursista uma experiência crítica de avaliação e curadoria dos conteúdos a serem utilizados em sala de aula. Por fim, citamos REDs úteis para o trabalho envolvendo o Ensino Híbrido nas aulas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, como as ferramentas Google. Gratuitas e de fácil acesso e compartilhamento, elas são amplamente reconhecidas e certificadas nos principais meios de classificação educativa pelo mundo, e adotadas nas principais faculdades e escolas dos Estados Unidos, o que demonstra um alto grau de adaptabilidade e uma busca constante pelo feedback dos usuários visando ao aprimoramento constante da ferramenta. As ferramentas Google para educação foram desenvolvidas por educadores para educadores, ou seja, são baseadas no trabalho coletivo e constantemente avaliadas e aperfeiçoadas por pessoas da área. Estão entre as ferramentas mais confiáveis para o desenvolvimento de experiências inovadoras de ensino e aprendizagem no mundo. Esperamos que este conteúdo tenha sido proveitoso e que contribua para o aprimoramento de sua trajetória. Até a próxima! Referências BACICH, L.; NETO, A. T.; TREVISANI, F. M. (orgs.). Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. CIEB. Notas técnicas #15. 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