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Caso: Após anos de defasagem salarial, milhares de trabalhadores que integravam o mesmo segmento profissional reuniram-se na sede do Sindicato W, legalmente constituído e em funcionamento há vinte anos, que representava os interesses da categoria, em assembleia geral convocada especialmente para deliberar a respeito das medidas a serem adotadas pelos sindicalizados. Ao fim de ampla discussão, decidiram que, em vez da greve, que causaria grande prejuízo à população e à economia do país, iriam se encontrar nas praças da capital do Estado Alfa, com o objetivo de debater publicamente os interesses da categoria de forma organizada e ordeira, e ainda fariam passeatas semanais pelas principais ruas da capital. Em situações dessa natureza, a lei dispõe que seria necessária a prévia comunicação ao comandante da Polícia Militar. No mesmo dia em que recebeu a comunicação dos encontros e das passeatas semanais, que teriam início em dez dias, o comandante da Polícia Militar, em decisão formalmente comunicada ao Sindicato W, decidiu indeferi-los, sob o argumento de que atrapalhariam o direito ao lazer nas praças e a tranquilidade das pessoas, os quais são protegidos pela ordem jurídica. Inconformado com a decisão do comandante da Polícia Militar, o Sindicato W procurou um advogado e solicitou o manejo da ação judicial cabível, que dispensasse instrução probatória, considerando a farta prova documental existente, para que os trabalhadores pudessem cumprir o que foi deliberado na assembleia da categoria, no prazo inicialmente fixado, sob pena de esvaziamento da força do movimento AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO ALFA, SINDICATO W, pessoa jurídica de direito privado, com Cadastro de Pessoas Jurídicas número, com domicílio e sede no endereço, com endereço eletrônico, representado por seu PRESIDENTE nome e prenome, estado civil, profissão, inscrito na Cadastro de Pessoas Físicas número, residente e domiciliado no endereço, com endereço eletrônico, vem, por intermédio de seu advogado, procuração em anexo, com endereço profissional, com endereço eletrônico, que informa para fins do artigo 77, inciso V do Código de Processo Civil(CPC), com fundamento no artigo 5°, incisos IV, XVI, IX, LXX, alínea “b” da Constituição Federal e lei número 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO em face de ato da autoridade coatora COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO ALFA, com endereço funcional, vinculado ao ESTADO ALFA, pessoa jurídica de direito público, com domicílio e sede no endereço, com inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas número, pelos fatos e razões a seguir. 1.DOS FATOS Os trabalhadores associados ao Sindicato W definiram debater publicamente os interesses da categoria de forma organizada e ordeira, bem como passeatas e semanais pelas principais ruas da capital, com a finalidade de manifestar descontentamento com anos de defasagem salarial. Assim, realizaram o aviso prévio à autoridade competente acerca do uso das praças públicas e passeatas. Entretanto, autoridade competente Comandante da Polícia Militar indeferiu formalmente (documento em anexo) a pretensão dos trabalhadores, sob o argumento que atrapalhariam o direito ao lazer nas praças e a tranquilidade das pessoas, os quais são protegidos pela ordem jurídica. Diante desse cenário, tornou-se necessário a tutela jurisdicional para assegurar os direitos líquidos e certos de liberdade de expressão, manifestação de pensamento e reunião dos trabalhadores. 2.DA COMPETÊNCIA O ato impugnado foi proferido na Capital do Estado Alfa, por autoridade que não possui foro originário no Tribunal de Justiça Estadual. Logo, a presente demanda amolda-se ao primeiro grau de jurisdição cível da capital do Estado Alfa. 3.DO CABIMENTO A pretensão cinge-se a proteger direito líquido não amparado por habeas corpus ou habeas data. Bem como o momento é tempestivo, conforme o prazo de 120(cento e vinte dias) prescrito pelo artigo 23 da lei 12.016/2009. 4.DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA A Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LXX, alínea “b” e o artigo 21 da lei n° 12.016/2009 prescrevem que a organização sindical possui legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança em defesa dos interesse de seus membros, dispensada autorização especial e desde que esteja há mais de 1(um) ano legalmente em funcionamento. Assim, o Sindicato W que está há mais de 20(vinte) anos legalmente em funcionamento (documento em anexo) é parte legítima para o caso em comento. Bem como o Comandante da Polícia Militar figura como parte passiva legítima, já que foi autoridade que praticou o ato impugnado, nos moldes do artigo 6°, §3° da lei n° 12.016/2009. Desse modo, resta configurado que o Sindicato W é parte legítima ativa e o Comandante da Polícia Militar é parte legítima passiva no caso em tela. 5.DO MÉRITO: DIREITO LÍQUIDO E CERTO Os direitos ora cerceados são a manifestação de pensamento (artigo 5°, inciso IV, CRFB), liberdade de expressão( artigo 5°, inciso IX,CRFB), e direito de reunião (artigo 5°, XVI, CRFB). Uma vez que os trabalhadores por meio de reunião em espaço público pretendem manifestar e sensibilizar os empregadores e sociedade acerca da violação salarial, sendo a prévia comunicação objetivando não frustrar outra reunião para mesmo local e momento. Desse modo, sendo tais direitos já positivados, sobretudo em texto constitucional, resta configurado a certeza do direito. Bem como, a eficácia plena das normas configuram a liquidez. Isto posto, resta inconteste que os trabalhadores foram impedidos de exercer direitos líquidos e certos. 6. DA LIMINAR O artigo 7°, inciso III da lei 12.016/2009 prescreve os requisitos de concessão de medida liminar, quais sejam, fundamento relevante e ineficácia da segurança final. Nesse ínterim, o caso em tela possui como fundamento relevante os documentos acerca da defasagem salarial e o documento que negou o exercício de direitos líquidos e certos(em anexo). Sendo a ineficácia da segurança final a prorrogação da defasem salarial, prejuízo à programação do evento que iniciaria em dez dias e deflagração de greve. Frisa-se que a defasagem salarial viola diretamente o fundamento da República Federativa do Brasil dignidade da pessoa humana. Uma vez que a subsistência dos trabalhadores está condicionada à salário insuficiente para dignidade humana plena. Bem como, a greve é instrumento último, pois a ausência dos serviços prestados pelos trabalhadores causará transtornos significativos à sociedade. Portanto, torna-se imperioso a concessão de medida liminar para que a autoridade coatora abstenha-se de adotar qualquer medida que impeça a realização das reuniões e das passeatas, com fulcro no artigo 7°, inciso III da lei 12.016/2009. 7.DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se: a) A audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas, conforme artigo 22, §2° da lei 12.016/2009; b) Concessão da medida liminar para que a autoridade coatora se abstenha de adotar qualquer medida que impeça a realização das reuniões e das passeatas, com fulcro no artigo 7°, inciso III da lei 12.016/2009; c) Notificação do coator acerca do conteúdo da petição inicial, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações, conforme artigo 7°, inciso I da lei 12.016/2009; d) Notificação do representante do Ministério Público para manifestação no prazo improrrogável de 10 (dez) dias, nos moldes do artigo 12 da lei 12.016/2009; e) Procedência total do pedido, com confirmação da concessão da ordem, atribuindo-se caráter definitivo à tutela liminar; f) Juntada das provas pré-constituídas. Atribui-se à causa ovalor de R$(valor por extenso). Nestes termos pede deferimento. Local, dia, mês, ano. Advogado, OAB/UF número.
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