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O Preconceito Linguístico na Atual Realidade Brasileira - Parte 2

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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA ATUAL REALIDADE BRASILEIRA
Acadêmico: Abel Paim
Tutor Externo : Rudson Adriano Rossato da Luz
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo elencar algumas das variações lingüísticas correntes mais conhecidas no Brasil, relacionando as diversas formas mais comuns que o preconceito assume atualmente, e explorar alternativas para combatê-las, ocupando-se em demonstrar, de maneira linear, as conseqüências catastróficas geradas pela inércia das instituições educacionais, bem como explorar alguns dos novos paradigmas para a utilização da língua portuguesa na atualidade.
Palavras-chave: Variação lingüística, preconceito, língua, evolução.
1. INTRODUÇÃO
 Existe no Brasil uma tradição cultural que nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito Linguístico.
 A pergunta, então, é: Como combater o preconceito lingüístico? Como extinguir deficiências na tolerância com as diversas variações do Português falado no Brasil, deficiências estas que se perpetuaram por inúmeras gerações, e hoje parecem cada vez mais arraigadas na nossa sociedade?
 Num primeiro momento, serão elencadas as variações em uso, suas características, sejam elas regionais, populacionais, temporais. Também é importante verificar, sempre que possível, a origem histórica e a raiz etimológica dos termos, sua evolução e degradação, quando se aplica. Com estas informações em mãos, será possível passar para a próxima fase, que é o ápice deste trabalho.
 Através do método de análise, comparação e refutação de argumentos, tratar-se-á de demonstrar que a grande maioria, senão a totalidade de formas de preconceito praticadas contra as inúmeras variações da língua falada (e escrita) não passa de simples falta de informação, educação e cultura, por parte daqueles que as cometem.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 O Brasil é um país gigantesco, de tamanho continental, colonizado pelos portugueses, com descendentes de vários países europeus, africanos e asiáticos, sendo que é, sem dúvida alguma, o país com a maior miscigenação da América Latina. Essa mistura de raças e idiomas contribuiu para o desenvolvimento de diversos dialetos, sotaques e gírias, sendo que a Língua Portuguesa falada no Brasil é diversa, e não deveria dar espaço para o fenômeno do Preconceito Linguístico.
 De acordo com Bagno (2013):
O termo preconceito designa uma atitude prévia que assumimos diante de uma pessoa (ou de um grupo social), antes de interagirmos com ela ou de conhecê-la, uma atitude que, embora individual, reflete as idéias que circulam na sociedade e na cultura em que vivemos. Assim como a pessoa pode sofrer preconceito por ser mulher, pobre, negra, indígena, homossexual, nordestina, deficiente física, estrangeira, etc., também pode receber avaliações negativas por causa da língua que fala ou do modo como fala sua língua.
 Esta forma infeliz de ver o mundo tem criado complicações desde o Ensino Básico, em sala de aula. Muitas vezes o próprio aluno vem de casa com o preconceito já instalado em sua maneira de pensar. Até mesmo os professores poder ter uma visão distorcida acerca do assunto. Martins (2014) explica que “É comum confundir o ensino de Português com ensino de uma norma padrão homogeinizadora e abstrata... que muito tem prejudicado o ensino de português como língua materna: o preconceito lingüístico.”
 O linguista Marcos Bagno (2000) afirma que o preconceito lingüístico apresenta-se na forma de um círculo vicioso formado por três fundamentos: gramática tradicional, ensino tradicional e livros didáticos. Ocorre que, em função do ensino tradicional, os professores recorrem aos livros didáticos, que são elaborados com base na gramática tradicional, que serve de base para o ensino nos moldes tradicionais, fechando assim o círculo. Este é um dos muitos assuntos abordados pelos sociolinguistas:
Justamente por acreditarem que a variação consiste numa espécie de caos organizado, cujos princípios merecem ser escrutinados, é que os sociolinguistas voltaram a atenção para seu exame. (CAMACHO, 2005, P.61).
 
 Diferentemente dos métodos da análise sociolingüística, que utiliza-se de dados brutos, este trabalho seguirá a linha empirista, que tem por base a vivência, onde o autor está inserido no meio em questão, ou seja, dos que têm a língua portuguesa falada no Brasil, como língua materna. 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS
 De acordo com as diretrizes que regem as normas de elaboração de um artigo científico, isto é, a sequência de etapas consecutivas, o trabalho deve apresentar os resultados obtidos através da observação, descrição, comparação, análise e síntese. De forma diferenciada, este método também se aplica à pesquisa e elucidação dos problemas relacionados ao preconceito lingüístico: este tem por objetivo desmistificá-lo, através da definição destes pré-julgamentos; investigar as causas e conseqüências dessa subvalorização das formas diferenciadas de pronúncia da língua; bem como condensar os resultados de diversas pesquisas anteriores relacionadas ao tema, apresentando, como resultado, sugestões de mudanças que surtirão resultado à longo prazo, porém de maneira definitiva.
 A análise parte principalmente da experiência empírica do autor, e suas experiências ao longo da vivência, como falante da língua portuguesa e suas observações, nem sempre documentadas, por acumularem-se desde a infância, sobre a forma como são tratadas as diversas variantes da Língua, e as pessoas que as utilizam, nos mais diversos contextos sociais. Outra fonte fundamental de pesquisa são os textos e relatos encontrados em abundância na internet, e o dilema enfrentado por pessoas que se apropriam de formas estigmatizadas do português, seja por conter traços descontínuos, ou por fazerem partes do léxico de algum dialeto regional. Até mesmo o sotaque de algumas regiões do Brasil é estigmatizado pelos vizinhos de outras regiões. 
 O trabalho tem início a partir da pesquisa por termos, em buscadores da internet. Também foram usados, para fins de pesquisa, livros didáticos e científicos relacionados ao ensino de português, cujas seções, direta ou indiretamente, tratam da questão do preconceito lingüístico. Trabalhando o tema, podem-se observar os resultados e conclusões obtidos pelos autores, que corroboram os atingidos por este trabalho.
 Posteriormente, passa-se a elencar uma série de recomendações de viés social, relativas ao ensino e mudança de paradigmas na forma de ver e entender o mundo da comunicação, sobretudo a interlocução falada, que é (ou deveria ser) influenciadora da escrita.

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