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PROJETO INTEGRADOR III - HABEAS DATA -EVOLUÇÃO HISTORICA TRATATIVA DO HABEAS DATA NA PRATICA JUDICIARIA 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS
FACULDADE DE DIREITO
PROJETO INTEGRADOR III
HABEAS DATA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA TRATATIVA DO HABEAS DATA NA PRÁTICA JUDICIÁRIA
		ACADÊMICOS: ANDRESSA MAGNO ROYER
EDUARDA GOMES RIBEIRO
FRANCISCO TIAGO DIAS GUARIBANO
LETÍCIA GOMES MOURA
NATHÁLIA PEREIRA LIMA
REBECA DE ASSIS LEAL
		ORIENTADORA: ISADORA MARGARETE GUIMARÃES DA SILVA 
PORTO VELHO
2020
HABEAS DATA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA TRATATIVA DO HABEAS DATA NA PRÁTICA JUDICIÁRIA
		ACADÊMICOS: ANDRESSA MAGNO ROYER
EDUARDA GOMES RIBEIRO
FRANCISCO TIAGO DIAS GUARIBANO
LETÍCIA GOMES MOURA
NATHÁLIA PEREIRA LIMA
REBECA DE ASSIS LEAL
Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário São Lucas como requisito de nota parcial na disciplina de Projeto Integrador III, sob orientação da Prof.ª Isadora Margarete Guimarães da Silva.
PORTO VELHO
2020
RESUMO
Este trabalho busca investigar a instauração do Habeas Data, garantia constitucional introduzida no direito brasileiro, atualmente prevista no art. 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal de 1988, e posteriormente regulamentada pela Lei nº 9.507/97, objetivou-se mostrar a relevância da criação como marco de superação de um longo período ditatorial, em que o poder público arquivava sigilosamente informações sobre a vida particular e as convicções ideológicas dos indivíduos, ou seja, o seu objetivo é assegurar o acesso a informações contidas em banco de dados ou registros que estejam em posse do poder público ou entidades de caráter público. Foi instituído diante a grande necessidade de uma nova sociedade que vem se formando ao longo dos anos, onde cada vez mais anseia por informação, e diante tantas informações que acabam vindo a público, podem acarretar prejuízo ao indivíduo, expondo sua intimidade, então, o habeas data surge em meio a necessidade de parar os abusos aos direitos à intimidade e à privacidade de cada pessoa. Este trabalho visa mostrar a evolução histórica do habeas data em meio a prática judiciária.
Palavras-chave: Habeas data. Constituição Federal de 1988. Período ditatorial. Evolução histórica. Prática judiciária.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ………………………………………...………………………….. 05
2. ORIGEM HISTÓRICA DO INSTITUTO JURÍDICO ……...………………….. 06
2.1.	NOMENCLATURA LATINA ATRIBUÍDA AO REMÉDIO ……….……………… 07
3. DEFINIÇÃO E NATUREZA JURÍDICA …..……………………………………. 07
4. FINALIDADE ………………………..……………………………………………. 08
5. ASPECTOS PROCESSUAIS ……………………………………………..……… 09
5.1.	DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA …………………………………..……... 09
5.2.	A GRATUIDADE DA AÇÃO …………………………………...………………….. 09
5.3.	A FASE PRÉ-JUDICIAL E O INTERESSE DE AGIR …………………...……...… 10
6.	PROCEDIMENTO ……..........……………………………………………………. 10
6.1.	PETIÇÃO INICIAL ………………………………………………………………… 10
6.2.	NOTIFICAÇÃO ……………………………………………………………………. 11
6.3.	INFORMAÇÕES …………………………………………………………………… 11
6.4.	COMPETÊNCIA …………………………………………………………………… 12
7.	CONCLUSÃO ………………………………………………………………...…… 13
8.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………………… 14
1.	INTRODUÇÃO
O habeas data constitui uma garantia fundamental, inserido na Constituição Federal, assegurando os direitos de acesso à informação inerente ao sujeito de direito, à intimidade e à vida privada, denominados como direitos humanos ou direitos fundamentais. Inicialmente foi visto como um instituto que poderia servir eventuais vítimas do regime político não democrático que findava, para obtenção de acesso a dados constantes de registros de órgãos de inteligência e informação. Ou seja, visa justamente assegurar ao cidadão o direito de pleitear judicialmente a exibição dos registros públicos ou privados nos quais estejam incluídos seus dados pessoais, tutelando, assim o direito fundamental de inviolabilidade da intimidade e da vida privada do indivíduo (artigo 5º, inciso X da Constituição Federal).
No título pertencente aos direitos e garantias fundamentais, dispõe a Constituição de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXII, o remédio constitucional do habeas data:
conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
2.	ORIGEM HISTÓRICA DO INSTITUTO JURÍDICO
Há grande discussão quanto ao surgimento do Habeas Data. A doutrina aponta a sua origem à legislação ordinária dos Estados Unidos da América, por meio do Freedom of Information Act de 1974, que foi alterado quatro anos mais tarde pelo Freedom of Information Reform Act, que visava possibilitar o acesso do particular às informações contantes em registros e bancos de dados públicos ou com acesso ao público.
Contudo, foi na Europa que se concedeu ao indivíduo, pela primeira vez em plano constitucional, a possibilidade de conhecer as suas informações pessoais constantes de registros informáticos. O primeiro país a inserir a proteção aos direitos fundamentais à informação, à honra e à intimidade foi Portugal em 1976.
No entanto, Diomar Ackel Filho admite em sua obra, que a ação de habeas data é uma inovação estritamente brasileira, posto que se trata de medida específica que aborda a problemática do acesso a banco de dados pelo particular (ACKEL Fº, 1991).
É interessante destacar que a implantação da garantia aos direitos à informação, à imagem e à vida privada na Constituição Brasileira se deu, frente ao massacre aos direitos fundamentais no período da Ditadura Militar. Durante os “anos de chumbo” (1964-1985) a ordem social vigente foi substituída por um Estado totalitário e opressor, instituiu-se por intermédio da Lei 4.341/64, um Serviço Nacional de Informação (SNI), que armazenava dados obtidos pelos mais variados meios, incluída a coação física e psicológica. Nesse momento os direitos e garantias existentes não passavam de mero caráter teórico, ou seja, os direitos fundamentais, foram visivelmente ignorados pelos militares, pois, para manter a ordem do forçoso regime era necessário a inspeção ininterrupta das ações dos cidadãos, para evitar qualquer oposição ao sistema instalado.
As palavras do jurista, advogado e magistrado brasileiro José Carlos Barbosa Moreira, bem relatam este conturbado período:
“Informações aleatoriamente colhidas, em fontes de discutível idoneidade e por meios escusos, não raro manipuladas sem escrúpulos, ou mesmo fabricadas pela paranóia de órgãos repressivos, viram-se incorporadas a registros oficiais ou paraoficiais e passaram a fornecer critérios de avaliação para a imposição de medidas punitivas ou discriminatórias. Tais critérios eram insuscetíveis de objeção e discussão, até pelo simples e óbvio motivo de que os interessados não tinham acesso aos dados constantes dos registros. Ninguém pode sequer tentar demonstrar a falsidade ou incorreção de algo que ignora em que consiste... Situação desse gênero foi literariamente imortalizada pela pena de Kafka.”
Dispõe o Min. Gilmar Mendes que a ação de habeas data é um instrumento primordial de acesso aos dados constantes dos arquivos armazenados pelos militares durante os “anos de chumbo”, pois as informações ilegalmente capturadas justificavam a perseguição político-filosófica, partidária, religiosa e racial aos ditos “rebeldes” (MENDES, 2009 apud MASSON, 2013, p. 389).
Passado o período da ditadura militar, instituiu-se o Estado Democrático de Direito, que restaurou os direitos e garantias fundamentais com base no princípio da dignidade da pessoa humada. Na realidade, não foi a Constituição Federal o primeiro documento a conter essa garantia, o Rio de Janeiro, enquanto Estado-membro, deu o ponta pé inicial à legalização deste instituto jurídico por meio da Lei Estadual nº 824/1984, dispondo a garantia de acesso, a origem, utilização e retificação da informação pessoal em bancos de dados públicos ou privados nas esferas municipal e estadual. Seguindo o mesmo caminho, de forma mais ampla, o Estado de São Paulo, estabeleceupor meio de Lei estadual nº 5.702/1987 o direito de qualquer cidadão acessar informações sobre sua pessoa nos órgãos da administração direta e indireta, inclusive em bancos de dados policiais, podendo complementar, esclarecer, ou excluir informações falsas, incompletas ou aquelas incertas.
Já no âmbito constitucional, o direito de acesso às informações personalíssimas foi uma inovação expressa à Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXXII, trazendo a garantia do habeas data, que garante o acesso, a retificação ou anotação em banco de dados públicos ou de caráter público no tocante às informações relativas à própria pessoa impetrante, classificado como o meio de realização dos direitos fundamentais, interligando-se diretamente com o princípio da dignidade da pessoa humada, os direitos à intimidade, à informação e à vida privada (BRASIL,2014).
2.1.	NOMENCLATURA LATINA ATRIBUÍDA AO REMÉDIO
A nomenclatura combina com o verbo habeas, segunda pessoa do subjuntivo de habeo, es, ui, itum, ere (que, dentre outros possíveis significados, aqui adquire o sentido de “ter, possuir, entrar de posse, tomar ou obter), com o substantivo data, acusativo plural de datum, que significa “dado” ou, em termos técnicos, representação convencional de fatos, conceitos, ou instruções de forma apropriada para comunicação e processamento por meios automáticos.
3.	DEFINIÇÃO E NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de um direito que ampara a todas as pessoas que o solicite, através da via judicial, a exibição de registros públicos ou privados em que estejam incluídos seus dados de ordem pessoais, para que deles se tome conhecimento e se necessário for sejam retificadas ou complementadas as informações relativas à sua pessoa.
Segundo Diomar Ackel Filho, “habeas data é a ação mandamental, sumária e especial, destinada à tutela dos direitos de cidadão à frente dos bancos de dados, a fim de permitir o fornecimento das informações registradas, bem como sua retificação, em caso de não corresponder à verdade”.
O habeas data é uma ação judicial, de natureza civil, que tem por finalidade a tutela dos direitos fundamentais de informação, privacidade e intimidade do indivíduo, exigindo por parte do magistrado uma decisão de mérito, devendo ser preenchidas as condições da ação, quais sejam a legitimidade das partes, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido, ou seja, é fundamental que se apresente alguns conceitos doutrinários, interligando posições equivalentes e contrárias, a fim de que se abordem as informações relativas de forma completa.
4.	FINALIDADE
O habeas data não apresenta uma única finalidade. A primeira refere-se à obtenção de informações existentes na entidade governamental ou de caráter púbico, a segunda corresponde a uma eventual retificação ou complementação dos dados nelas constantes, e a terceira uma possível exclusão ou contestação de tais dados. Portanto, uma natureza mista, desenvolvendo em duas fases, mandamental, quando concede-se ao impetrante o direito ao acesso às informações e constitutiva, quando necessário a retificação ou complementação.
Foi sancionada no dia 12 de novembro de 1997, a Lei nº 9.507, artigo 7º:
Conceder-se-á habeas data: 
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Portanto, a lei prevê a utilização do habeas data não apenas para retificar informações, mas também para contestação ou explicação acerca de fatos que, mesmo verdadeiros, possam ser objeto de interpretações incompletas ou equivocadas, tentando assim evitar possíveis humilhações ou discriminação que tais dados possam causar ao indivíduo.
5.	ASPECTOS PROCESSUAIS
Como o habeas data é uma ação, será necessário a instauração de um processo jurisdicional, e para tal deverá seguir as regras processuais vigentes das condições da ação, que são: legitimação processual, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido.
5.1.	DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA
Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira possui legitimidade ativa para impetrar essa ação constitucional, com a finalidade de conhecer ou retificar informações sobre sua própria pessoa. Em se tratando de dado pessoal (ou personalíssimo), somente a pessoa em cujo nome constar o registro tem legitimação ativa ad causam ou legitimação para agir. Isto porque o remédio é instrumento de tutela individual, ou seja, o impetrante tem que ser o próprio titular do direito. Essa legitimidade é denominada como ordinária, pois o impetrante deve ajuizá-la em seu próprio nome buscando a proteção do próprio interesse. No entanto, é importante frisar que há entendimentos jurisprudenciais que admitem a impetração do habeas data por herdeiros legítimos ou cônjuge supérstite para obtenção de informações referentes à pessoa do morto.
A legitimação passiva como o próprio texto diz serão as instituições da administração direta e indireta ou particulares que tenham caráter público (pessoa jurídica de direito privado) com dados relativos à pessoa do impetrante. Vale destacar a importância da definição do agente coator na inicial, pois a ele cabe o dever de apresentar, retificar ou excluir tais informações, contudo, isso não quer dizer que ele será parte do processo, já que o polo passivo da demanda será preenchida pelas partes anteriormente mencionadas.
5.2.	A GRATUIDADE DA AÇÃO
A Lei do Habeas Data e a Constituição asseguram de forma ampla a isenção de custas, despesas processuais e honorários advocatícios (art. 5º, inciso LXXVII, CF/88, e art. 21, Lei nº 9.507/97), tendo em vista a importância do habeas corpus como instrumento relacionado à proteção das liberdades.
5.3.	A FASE PRÉ-JUDICIAL E O INTERESSE DE AGIR
A jurisprudência desenvolveu o entendimento de que, para cabimento do habeas data, é necessário que o impetrante haja tentado administrativamente, de forma frustrada conhecer as informações, retificá-las ou fazer as devidas anotações complementares, do contrário, faltar-lhe-á interesse de agir, não havendo nesta hipótese ofensa à inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 5º, inciso XXXV, CF/88, mas, em desnecessidade do ingresso em juízo, pois, os dados poderiam ter sido obtidos sem a necessidade da impetração do habeas data.
Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça editou a súmula nº2, que fala, “não cabe habeas data se não houver recusa de informações por parte da autoridade administrativa” (art. 5º, inciso LXXII, alínea ‘a’, CF/88). Depois, a Lei nº 9.507/97 passou a disciplinar essa fase pré-judicial (artigos 2º e 4º) e a exigir que a inicial do habeas data viesse com prova de recusa por parte da autoridade administrativa (art. 8º, parágrafo único, Lei Habeas Data).
O habeas data poderá ser ajuizado de acordo com o artigo 8º, parágrafo único, inciso I, da Lei Habeas Data:
Art. 8º, Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
6.	PROCEDIMENTO
O procedimento do habeas data foi regulado pela Lei nº 9.507/97, caracterizado como procedimento especial com sumariedade no seu trâmite, admitindo-se a fase administrativa (ou extrajudicial, já que não aciona o judiciário) e a judicial (preenchimento de pressupostos processuais e condições da ação).
6.1.	PETIÇÃO INICIAL
É o instrumento do pedido capaz de permitir o início e desenvolvimento de qualquer ação, e neste sentido, deve seguir a regra do artigo 282 a 285 do Código de Processo Civil, sendo oferecida em duas vias. Os documentos que instruírem a primeira acompanharam por cópia a segunda, neles incluída a prova do uso da via administrativa, comprovando dessa forma, o interessede agir. Na inicial devem estar narrados todos os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. Os fatos que constituem a causa de pedir, de simples e fácil entendimento, são aqueles aptos a produzir, por si, os efeitos pretendidos, conhecimento, retificação ou justificação de informações.
Devem constar ainda no pedido, retificação ou justificação de informações, com todas as suas especificações, isto é, com todo o volume e profundidade de trabalhos que se fizerem necessários, a relação das provas documentais produzidas, com as quais o impetrante demonstra a veracidade de suas alegações, ou sua plausibilidade; e o requerimento de notificação do impetrado.
Estando a petição inicial em termos, capaz de ser recebida e produzir o efeito e alavancar a ação, o juiz a despachará, em atendimento ao artigo 9º da Lei.
6.2.	NOTIFICAÇÃO
O juiz ordenará a notificação do impetrado, a fim de que apresente, no prazo de dez dias, as informações necessárias à solução da demanda. Acompanhará a notificação, que se fará por meio de ofício, a segunda via da inicial, anexados os documentos instrutórios. O cumprimento de tal determinação judicial se fará por meio de entrega pessoal do ofício de notificação por oficial de justiça, ou simples protocolo no órgão em que seja titular o impetrado, em ambos os casos mediante recibo, valendo ainda a notificação via postal, mediante aviso de recebimento. Caso haja recusa no recebimento de tal expediente, o oficial de justiça procederá à lavratura de certidão, e o funcionário dos correios passará declaração, ambos tendo que se revestir de caráter suficientemente esclarecedor, apesar de simplificado.
6.3.	INFORMAÇÕES
As informações serão prestadas pelo impetrado notificado, e devem ser firmadas sem intermédio de preposto ou procurador, num prazo de dez dias. Devem prescindir de juízo de valor, apresentando os fatos relevantes acerca da inicial, negando ou não a retificação ou justificação demandada. Deverá defender a integridade formal e material dos seus atos, estes adotados em nome do Estado ou da Instituição de caráter público que representa, evitando discussão de aspectos com caráter de contestação.
A omissão ou ausência de informações não importa em confissão de matéria fática, vez que não constitui propriamente obrigação, mas apenas um ônus processual. O julgador avaliará os fatos constantes da inicial em razão das provas documentais e a ausência de informação é invalida para alterar a solução do feito.
6.4.	COMPETÊNCIA
Na realidade, a competência originária e recursal para a propositura do habeas data já se encontrava disciplinada em nível constitucional, sendo certo que o artigo 20 da Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997, simplesmente tratou de repetir as disposições constitucionais referentes ao tema, previstas nos artigos 102, II, a; artigo 105, I, b; artigo 108, I, c; art. 109, VIII; artigo 121, § 4º, V e artigo 125, § 1º, todos da Constituição Federal.
· Com relação ao julgamento do habeas data, compete originariamente: 
a) Ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do presidente da República, das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, exceto nos casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos.
· Em grau de recurso, compete:
a) ao Supremo tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Supremo Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a justiça do Distrito Federal.
7.	CONCLUSÃO
Conclui-se que o habeas data teve sua origem no direito externo, surgindo no Brasil através de leis estaduais, mas que ainda se restringiam à sua jurisdição. Mesmo com os prejuízos causados aos direitos fundamentais dos cidadãos durante a Ditadura Militar, o ordenamento jurídico brasileiro admite a garantia constitucional do habeas data, intentando maior acesso por parte do impetrante. Portanto, o instituto foi criado “com os olhos no passado”, preocupado, principalmente, com a abertura dos arquivos públicos existentes nos órgãos da repressão, sobretudo, no Serviço Nacional de Informações - SNI.
O trabalho procurou localizar o habeas data na doutrina e jurisprudência, passando pela disposição constitucional e a sua regulamentação, introduzida pela Lei nº 9.507/97, traçando um esquema que passou pela competência, legitimidade e procedimentos.
Verifica-se, no entanto, que recentes mudanças na realidade política e social poderão influenciar o futuro do habeas data. Atualmente não são mais os serviços governamentais os principais armazenadores de informações sobre a vida particular dos indivíduos, mas sim instituições privadas que, através de dados recebidos automaticamente quando do acesso a uma página na internet, do preenchimento de cadastros ou de consultas a um site de relacionamento pessoal, obtêm informações e acesso ao perfil de cada pessoa, interferindo em sua privacidade e em sua vida pessoal. De um momento para outro, nos tornamos alvos de mensagens indesejadas recebidas via correio eletrônico. Pessoas desconhecidas telefonam em diferentes horários para nossas residências, locais trabalhos e aparelhos celulares, oferecendo os mais variados produtos e serviços. A sociedade de consumo de massa passou a criar diversos bancos de dados, produzidos e mantidos por particulares, muitas vezes abusivos e ofensivos a direitos fundamentais. Da mesma forma, os chamados “vírus” são disseminados pela rede mundial de computadores, possibilitando o acesso a arquivos e dados das mais diversas pessoas, expondo informações sobre suas vidas pessoais e particulares.
Com essa pesquisa, podemos comprovar a importância do instituto, e sua efetividade enquanto garantia constitucional. É certo que o habeas data constitui um forte instrumento de defesa do cidadão face à sociedade moderna.
Em suma, o habeas data, da forma como foi previsto no texto constitucional e regulamentado por intermédio da Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997, possui uma importante finalidade de preservação do direito à intimidade, privacidade e acesso às informações, constituindo importante instrumento de respeito aos direitos e garantias fundamentais do ser humano. 
8.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, José Carlos Barbosa. O ‘habeas data’ e sua lei regulamentadora. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 35, n. 138, p. 91, 1998.pdf. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496870/RIL138.pdf?sequence=1 > Acesso em: 26/02/2020.
ACKEL Fº, Diomar. Writs Constitucionais. “habeas corpus”, mandado de segurança, mandado de injunção, “habeas data”. São Paulo: Saraiva, 1991.pdf> Acesso em: 26/02/2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf > Acesso em: 26/02/2020.
______. Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997. Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9507.htm >. Acesso em: 26/02/2020.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 588.pdf > Acesso em: 26/02/2020.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 29ª edição, 2003. São Paulo: Atlas, 2003.pdf > Acesso em: 26/02/2020.

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