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AULA 01 - CONCURSO DE PESSOAS (1)

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AULA 01
CONCURSO DE PESSOAS
1 - CONCEITO
É a cooperação de vários agentes para a prática de um delito e pode se desenvolver de duas formas: COAUTORIA e PARTICIPAÇÃO.
Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes como a reunião de duas ou mais pessoas, de forma consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando para o cometimento de certa infração penal.
Em nosso ordenamento, há inúmeras infrações penais que podem ser praticadas por uma só pessoa (ex.: art. 155 CP - furto) - são os chamados Crimes Unissubjetivos; e outras que, exigem, no mínimo duas ou mais pessoas (ex.: art. 288 CP – associação criminosa – 3 ou mais pessoas / art. 35 da Lei 11.343 – associarem-se 2 ou mais pessoas...) – o qual chamamos de Crimes Plurissubjetivos. 
O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies:
 EVENTUAL - Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma pessoa. Isso não impede, contudo, que eventualmente ele venha a ser praticado por mais de uma pessoa 
(Ex.: Furto, roubo, homicídio).
NECESSÁRIO - Nesta hipótese o tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: 
a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); 
b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); 
c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa)
2 – TEORIAS SOBE O CONCURSO DE PESSOAS
Dada a sua utilidade e constância na vida prática penal é de suma importância saber qual a sua natureza jurídica, requisitos para configuração, espécies e formas de concurso de pessoas, bem como se dá a respectiva punição dos agentes.
No que concerne, a NATUREZA JURÍDICA, existem três teorias que tratam do assunto, são elas: 
a) teoria unitária (monista): O Código Penal adotou, via de regra, esta teoria, determinando que “havendo pluralidade de agentes, com diversidade de condutas, mas provocando apenas um resultado, há somente um delito”
Isso não significa que todos que respondem pelo delito terão a mesma pena. A pena de cada um irá corresponder à valoração de cada uma das condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade”). Em razão desta diferenciação na pena de cada um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma espécie de teoria monista temperada (ou mitigada). 
b) teoria pluralista:  Para esta teoria cada pessoa responderia por um crime próprio, existindo tantos crimes quantos forem os participantes da conduta delituosa, já que a cada um corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. (César Roberto Bitencourt)
Esta teoria foi adotada como exceção no § 2º do art. 29 do Código Penal, ao dispor que “se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”. 
Em outras palavras, embora todos os agentes provoquem somente um resultado, cada partícipe responderá por um crime diferente. Fernando Capez com a didática que lhe é peculiar traz o seguinte exemplo: 
“É o caso do motorista que conduz três larápios a uma residência para o cometimento de um furto. Enquanto aguarda, candidamente, no carro, os executores ingressarem no local e efetuarem a subtração sem violência (furto), estes acabam por encontrar uma moradora acordada, que tenta reagir e, por essa razão, é estuprada e morta. O partícipe que imaginava estar ocorrendo apenas um furto responderá somente por este crime, do qual quis tomar parte. Interessante: o delito principal foi latrocínio e estupro, mas o partícipe só responderá por furto, único fato que passou pela sua mente (se o resultado mais grave for previsível, a pena ainda poderá ser aumentada até a metade, mas o delito continuará sendo o mesmo). 
Há ainda outras exceções pluralísticas em que o partícipe responde como autor de crime autônomo: o provocador do aborto responde pela figura do art. 126 do Código Penal, ao passo que a gestante que consentiu as manobras abortivas, em vez de ser partícipe, responde por crime autônomo (CP, art. 124); 
na hipótese de casamento entre pessoa já casada e outra solteira, respondem os agentes, respectivamente, pelas figuras tipificadas no art. 235, “caput” e § 1º, do CP”.
c) teoria dualista: existem dois crimes, ou seja, um praticado pelos autores - que realizam a conduta típica emoldurada no ordenamento positivo e o outro praticado pelos partícipes, que desenvolvem uma atividade secundária.
3 – REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS
a) Pluralidade de agentes e de condutas- Para que possamos falar em concurso de pessoas é necessário que tenhamos mais de uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. 
 
É necessário que sejam agentes culpáveis? 
A doutrina se divide, mas prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem ter discernimento, de maneira que a ausência de culpabilidade por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. 
Regra aplicada aos crimes unissubjetivos (aqueles em que basta um agente para sua caracterização). 
Assim, se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos (penalmente imputável) determina a um doente mental (sem qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem vontade como mero instrumento para praticar o crime. 
Não há concurso, pois um dos agentes não era culpável e não tinha discernimento.
Regra nos crimes plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de associação criminosa, por exemplo (art. 288 do CP), se um dos colaboradores não é culpável, mesmo assim permanece o crime. 
Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não é necessário que todos os agentes sejam culpáveis, bastando que apenas um o seja para que reste configurado o delito em sua forma qualificada.
Nessas duas últimas hipóteses (crimes plurissubjetivos e crimes eventualmente plurissubjetivos), no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. 
Contudo, essa ressalva só se aplica ao caso de concurso entre culpável e o não culpável que possui discernimento. Assim, se o agente culpável se vale de alguém sem culpabilidade como mero instrumento, sem que ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria mediata. 
EX.: No caso do concurso entre um agente culpável e um menor de 17 anos, por exemplo (não culpável por inimputabilidade), pode ser reconhecido o concurso de pessoas (concurso aparente), já que o menor possui a vontade e esta vontade convergia com a do imputável, não tendo sido utilizado como mero instrumento.
b) Relevância causal das condutas - A conduta típica ou atípica de cada participante deve se integrar em uma corrente causal que determina o resultado. Para configurar participação a conduta precisa ter eficácia causal, provocando, facilitando, estimulando a conduta principal. 
A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal.
 Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, receptação, etc.). Porém, se a colaboração for posterior à consumação, mas combinada previamente, há concursode pessoas.
Ex: Imagine que Genivalda decide matar seus pais, e combina com seu namorado para que ele esteja às 15h em ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na fuga), posterior à consumação, mas fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas. 
Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado tivesse ido à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do CP). 
c) Vínculo Subjetivo / Liame Subjetivo ou Psicológico - Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem existir vários agentes que contribuam para uma ação comum. 
Não satisfaz o agente atuar com dolo/culpa. 
É necessário que haja uma relação subjetiva entre os participantes do crime, pois, do contrário, várias condutas poderão ser isoladas, autônomas e até mesmo desprezíveis. 
Deve haver, portanto, um vínculo psicológico e normativo entre os diversos autores do crime, de forma a se analisar essas condutas como um todo, e a ser possível a aplicação do art. 29 do Código Penal.
Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo a concordância psicológica caracterizam, no máximo, “conivência”, que não é punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica.
 “Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à responsabilidade pelas consequências da ação.” (MIRABETE, Manual, v.1, p.226)
Portanto, deve haver uma participação consciente e voluntária no fato, mas não é indispensável o acordo prévio de vontade para a existência do concurso de pessoas.
Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à vontade do outro, em que os participantes deverão atuar com vontade homogênea, no sentido todos visarem a realização do mesmo tipo penal. A existência de vínculo subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio (pactum sceleris) entre os delinquentes. Rogério Greco afirma que se não se conseguir vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes do crime doloso, cada um responderá isoladamente por sua conduta.
Já nos delitos culposos há divergência doutrinária. 
Antigamente, se pesava a possibilidade de concurso de agentes, porém, atualmente tem se admitido, até com certa tranquilidade que alguém possa conscientemente contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui, deve-se verificar o elemento vontade na realização da conduta, mas não na produção do resultado. Diferentemente do concurso de pessoas no crime doloso, o binômio consciência e vontade não conectam para um objetivo de prática criminosa, mas sim de realizar a conduta culposa pela imprudência, negligência ou imperícia. Sendo assim, é importantíssimo diferenciar o vínculo subjetivo que existe no concurso de pessoas (crimes dolosos) com o normativo (crimes culposos).
d) Identidade de fato / Unidade de Crime ou Contravenção
O quarto requisito para se configurar o concurso de pessoas, as infrações praticadas pelos concorrentes sejam únicas – Unidade da Infração Penal. É imprescindível que todos atuem com esforços conjugados a fim do mesmo objetivo criminoso.
Damásio de Jesus considera que se trata de identidade de infração para todos os participantes, não propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira consequência jurídica diante das outras condições. Desse modo, não há de se falar em concurso de pessoas se a concorrência entre dois ou mais agentes não se destinar a mesma prática de certa e determinada infração penal.
Daí podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitário.
e) Identidade de Ilícito Penal / Existência de fato punível - Trata-se do princípio da exterioridade. 
Assim, necessário que o fato praticado pelos agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Para a caracterização do crime tentado, necessário que seja dado início à execução do crime. Se o fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP determina, ainda, de modo específico para a hipótese de concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o crime for, ao menos, tentado.
4) AUTORIA
Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito de AUTOR.
a) Teoria Extensiva - O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe, considerando que todos aqueles que concorrem para o crime são autores do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista” de que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser considerado autor do crime.
b) Teoria Subjetiva ou Unitária - Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível definir quem era autor e quem era partícipe, surgiu a teoria subjetiva da participação, que considerava como autor aquele que pratica o fato como próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acessória ao “crime de outra pessoa”. Isso era fundamental para a fixação da pena de cada um, já que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas.
c) Teoria Restritiva - Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções, surgiu o conceito restritivo de autor. 
Para esta teoria restritiva, autor e partícipe não se confundem. 
Autor será aquele que praticar a conduta descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). 
Todos os demais, que de alguma forma prestarem colaboração (material ou moral), serão considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP.
A autoria em Direito penal pode ser:
1) individual: dá-se a autoria individual quando o agente atua isoladamente (sem a colaboração de outras pessoas). 
2) coletiva: a autoria é coletiva quando há o concurso de duas ou mais pessoas para a realização do fato. Como se vê, a autoria coletiva nada mais significa que coautoria.
3) imediata: ocorre quando o sujeito executa o delito, seja de forma direta (atuando pessoalmente – desferindo um tiro mortal), seja de forma indireta (quando o agente se vale de animais, por exemplo, para o cometimento do crime).
4) mediata: ocorre autoria mediata quando o autor domina a vontade alheia e, desse modo, se serve de outra pessoa que atua como instrumento.
5) colateral: ocorre autoria colateral quando várias pessoas executam o fato (contexto fático único) sem nenhum vínculo subjetivo entre elas. Exemplo: policiais de duas viaturas distintas, sem nenhum acordo ou vínculo entre eles, abusivamente, disparam contra vítima comum, que vem a falecer em razão de um dos disparos. 
Como fica a responsabilidade penal nesse caso? O policial autor do disparo fatal responde por homicídio doloso consumado enquanto o outro, autor do disparo não letal, responde por tentativa de homicídio doloso. 
Na autoria colateral, cada pessoa responde pelo seu fato. Não há uma obra comum. 
Há delitos vários, regidos pela teoria pluralística, ou seja, cada um responde pelo que fez. 
A autoria colateral pode ocorrer nos crimes dolosos bem como nos culposos. 
Nos culposos a autoria colateral é denominada de "concorrência de culpas", que se expressa por meio de crimes culposos paralelos ou recíprocos ou sucessivos.
6) incerta (ou autoria com resultado incerto): se dá quando, na autoria colateral,não se descobre quem produziu o resultado ofensivo ao bem jurídico. 
Exemplo: vários policiais disparam suas armas contra vítima comum e não se descobre quem efetivamente foi o autor do disparo letal. 
Como fica a responsabilidade penal nesse caso? 
Diante da impossibilidade de se descobrir o autor do disparo letal, todos devem responder por tentativa de homicídio (apesar da morte da vítima). 
Punir todos por homicídio consumado é um absurdo porque apenas um dos disparos foi letal. Deixá-los impunes tampouco é admissível.
Logo, a solução nesse caso menos ruim é a consistente em punir todos por tentativa.
No caso de autoria incerta no crime culposo (no exemplo das duas pessoas que autonomamente começaram a rolar pedras do alto de uma colina, culminando com a morte de um transeunte, que foi atingido por uma delas, não se descobrindo qual exatamente atingiu a vítima) a solução penal é outra: não há como punir os dois pela tentativa porque não existe tentativa em crime culposo. 
Também não há como puni-los (ambos) pelo crime culposo consumado. 
Logo, a impunidade de ambos é inevitável.
7) Autoria incerta e autoria ignorada: autoria ignorada é conceito de processo penal e ocorre quando não se descobre quem foi o autor da infração. Não se confunde com a autoria incerta (ou com resultado incerto), onde se sabe quais foram os autores do delito (e só não se sabe quem foi o autor da conduta lesiva mais relevante). A dúvida existente na autoria incerta reside em saber quem foi o autor da conduta lesiva ao bem jurídico. A dúvida na autoria ignorada está em saber quem foi o autor do fato.
8) complementar ou acessória: ocorre autoria complementar (ou acessória) quando duas pessoas atuam de forma independente, mas só a soma das duas condutas é que gera o resultado. Uma complementa a outra. Isoladas não produziriam o resultado. 
Ex.: No exemplo das duas pessoas que, de forma independente, colocam pequena porção de veneno na alimentação da vítima, falta entre elas acordo prévio (expresso ou tácito). De qualquer modo, é certo que os dois processos executivos são coincidentes e complementares. Eles juntos produzem o resultado, que não ocorreria diante de uma só conduta. Uma só conduta não mataria, mas a soma leva a esse resultado.
Solução penal: cada participante responde pelo que fez (tentativa de homicídio), não pelo resultado final (homicídio consumado). O risco criado pela conduta de cada uma delas era insuficiente para matar. A soma dos riscos criados colateralmente e complementarmente é que matou. Mas não houve adesão subjetiva de nenhum dos dois (para uma obra comum, para um fato comum). Muito menos acordo (expresso ou tácito). Nem o resultado derivou de uma conduta isolada (teoria da imputação objetiva). Estamos diante de uma situação de autoria colateral complementar. A responsabilidade é pessoal, cada um deve assumir o que fez (tentativa de homicídio para ambos). 
9) sucessiva: ocorre autoria sucessiva quando alguém ofende o mesmo bem jurídico já afetado antes por outra pessoa. Exemplo: CP, art. 138, § 1.º: quem propala ou divulga a calúnia precedente, sabendo falsa a imputação.
5 - DIFERENCIAÇÃO ENTRE AUTOR E PARTÍCIPE
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram.
a) Teoria Objetivo-Formal - estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta descrita no núcleo do tipo.
 Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a conduta de “matar” alguém. 
Todos os outros colaboradores seriam partícipes. 
O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como partícipe, e não como autor. 
Mais que isso: Essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um inimputável para cometer um crime).
b) Teoria Objetivo-Material - entende que autor é quem colabora com participação de maior importância para o crime, e partícipe é quem colabora com participação reduzida, independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa – matar, subtrair, etc.).
c) Teoria Do Domínio Do Fato - criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel, e posteriormente desenvolvida por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não.
 Para esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. 
Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem praticar o núcleo do tipo (“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence.
A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma diferenciação entre autor e partícipe a partir da noção de “controle da situação”. 
Aquele que, mesmo não executando a conduta descrita no núcleo do tipo, possui todo o controle da situação, inclusive com a possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta, deve ser considerado autor, e não partícipe.
O controle (ou domínio) da situação pode se dar mediante:
1 - Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta prevista no tipo penal
2 - Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de autoria mediata).
3 - Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela significativa, essencial e imprescindível.
Em todos estes casos, o agente será considerado autor do delito.
A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado.
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo, já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em contraposição à “vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto, considera-se adotada a teoria do domínio do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a complementar a teoria adotada.
Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito da posição do CP sobre a diferença entre autor e partícipe.
Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no núcleo do tipo penal. 
EX.: Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2º, I e II do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito.
EX.: No mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o “piloto de fuga”) é considerado partícipe, pois embora concorra para a prática do delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. 
Contudo, para a teoria do domínio do fato o motorista é autor, pois detém o controle funcional do fato (divisão de tarefas).
EX.: Por outro lado, José, que apenas emprestou o carro para o roubo, não podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do delito (uma vez esgotada sua participação), é considerado partícipe.
6 – RESPONSABILIDADE PENAL NO CONCURSO DE PESSOASDe acordo com a teoria monista adotada pelo CP, art. 29, caput, no concurso de pessoas há pluralidade de agentes e unidade de crime.
Assim, todos os envolvidos em uma infração penal são por ela responsáveis. Contudo, a identidade de crimes não importa em identidade de penas. O CP, art. 29 curvou-se ao princípio da culpabilidade, empregando o termo "na medida da sua culpabilidade".
Nesses termos, as penas devem ser individualizadas na análise do caso concreto, levando-se em conta o sistema trifásico delineado pelo CP, art. 68, onde as penas serão aplicadas de acordo com a culpabilidade de cada agente.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
Complementa o disposto, o art. 30 do CP, afirmando que “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.” Dessa forma, cada sujeito responderá de acordo com suas condições e circunstâncias.
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