Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
77 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Unidade III 5 PROCESSOS DE INFORMAÇÃO Hoje em dia é muito comum ouvirmos falar que milhões de dólares foram gastos para desenvolver e lançar uma campanha publicitária em âmbito nacional. No entanto, é preciso levar em conta que se não for possível expor os consumidores à mensagem, ou seja, fazer com que eles prestem atenção nela, consigam compreendê-la ou até mesmo se lembrem dela, o investimento será em vão. Nesta unidade, vamos entender como funciona a apreensão da informação recebida pelo consumidor. A informação pode ser obtida pelo consumidor por meio dos sentidos da visão, audição, paladar, olfato e tato. É importante perceber que os estímulos naturais compreendem, por exemplo, ondas sonoras, ondas de luz, substâncias químicas, sensações táteis produzidas por texturas e graus de temperatura. Segundo Martin Lindstrom (2007, p. 103), “branding é a criação de laços emocionais entre marca e o consumidor. [...], as emoções se baseiam na informação captada por nossos sentidos”. Observação Os sentidos podem ser trabalhados para a construção de uma marca com o objetivo de tornar a informação mais duradoura, impactante ou melhor. Consequentemente, as ações devem resultar do trabalho simultâneo dos sentidos, tornando-as parte da experiência de vida dos consumidores. Igualmente, a linguagem a ser transmitida deve ser voltada para um público específico. Quer dizer, se a campanha publicitária for para crianças, a linguagem deve ser voltada para elas, criando laços emocionais com relação à informação recebida. Lindstrom (2007) ainda ilustra os estímulos causados pelas marcas, os quais atingem nossos sentidos, provocando uma experiência sensorial e gerando no consumidor a percepção da marca em si e de seus atributos: • Audição (recursos sonoros): há uma diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é o recebimento das informações por meio do ouvido, seu sentido fisiológico em si. Escutar é filtrar, ser seletivo, lembrar e responder à mensagem. Assim, os ouvidos ouvem e o cérebro escuta. O som está diretamente relacionado à emoção, portanto, trata-se de uma poderosa ferramenta para a constituição do branding. Apoiando-se nessa colocação de que o som está ligado à emoção, o autor destaca a música como um fator evocativo de lembranças passadas e sensações vividas em outras ocasiões. Dessa forma, nenhum som pode ser ignorado. O próprio ruído “natural” do produto deve ser sua marca registrada na composição do branding, ainda que não seja o fator principal do produto ou serviço, ele deve ser incorporado como assessório. 78 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III • Visão: o sentido mais poderoso e o mais utilizado pelos profissionais de marketing. É necessário fazer um ícone para a marca, tornando esse ícone o sinônimo dela. Algo que o diferencie dos demais, como cor, forma, design ou qualquer outro aspecto visual próprio da marca. Feito isso, permitirá um reconhecimento instantâneo, remetendo o consumidor à lembrança do produto. • Toque: o que se sente sobre uma marca está muito relacionado com o tipo de qualidade atribuída ao produto. Portanto, essa sensação é responsável pela formação da percepção da marca. • Olfato (odor): as essências evocam imagens, sensações, lembranças e associações. O olfato é capaz de identificar milhares de cheiros no ambiente diariamente. Segundo Lindstrom (2007), testes revelam que 40% da melhora do humor está relacionada a um cheiro agradável, portanto, é fator relevante em sua alteração. Nesse sentido, o aroma desempenha um papel de aceitação ou rejeição de uma marca. • Paladar (sabor): o paladar, juntamente com o olfato, são sentidos relacionados a substâncias químicas e estão diretamente interligados. Lindstrom (2007) comenta sobre um novo instrumento para melhor aproveitamento desses sentidos, denominado design organoléptico, em que se utiliza uma técnica que incorpora o sabor e o aroma no processo de design para assegurar a sinergia entre aquilo que os consumidores provam e cheiram com o que escutam, tocam e ouvem. Essa técnica procura traduzir para as embalagens as sensações e percepções dos consumidores, ou seja, traduzir a experiência real do consumidor. O sabor também está relacionado a outros sentidos, como cor (visão) e forma (tato). Observação O paladar pode ser facilmente estimulado pelos sistemas de neurônios- espelho, assim, ao se elaborar uma campanha de alimentos, os profissionais de marketing devem se lembrar de fazer com que os consumidores possam ver a degustação dos produtos. Kotler e Keller (2006, p. 7) nos dizem que [...] orquestrando diversos serviços e mercadorias podemos criar, apresentar e comercializar experiências. O Magic Kingdom da Walt Disney World é uma experiência. Nele, você visita um reino de fadas, um navio pirata e uma casa mal-assombrada. À sua maneira, o Hard Rock Café e o Planet Hollywood também são experiências dessa natureza. Existe um mercado para experiências peculiares, como passar uma semana em um centro de treinamento de beisebol, jogando com grandes craques seniores; reger a Orquestra Sinfônica de Chicago por cinco minutos; escalar o monte Everest. 79 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 5.1 O que é processamento de informação? A figura a seguir apresenta um diagrama simplificado do processo de informação recebida pelo consumidor. Esse diagrama mostra que três fatores influenciam esse processamento, o qual pode ser discriminado pelos seguintes níveis: percepção, o nível de envolvimento do consumidor e a memória. A percepção é o processo por meio do qual os indivíduos são expostos à informação, prestam atenção nela e a compreendem. Entrada de informação Processo de percepção Exposição Atenção Compreensão Envolvimento Memória Figura 14 – Modelo de processamento de informação pelo consumidor No estágio de exposição inicial, os consumidores recebem a informação por meio dos sentidos, já no estágio de atenção, concentram-se em um estímulo e para ele direcionam sua capacidade de processamento. No estágio de compreensão, organizam e interpretam a informação a fim de captar seu significado. O segundo fator que influencia o processamento de informação é o grau de envolvimento do consumidor. Tal aspecto é o que determina se ele passará do estágio de exposição para o de atenção, chegando ao estágio de compreensão de memória. O componente final do modelo de processamento de informação é a função da memória. Como se pode ver na figura precedente, a memória desempenha seu papel em cada um dos estágios. Ela ajuda a orientar os processos de exposição e atenção, ao permitir que os consumidores antecipem os estímulos com os quais podem vir a ter contato. Auxilia no processo de compreensão ao armazenar o conhecimento do consumidor acerca do ambiente. Essa base de conhecimento pode ser acessada a fim de ajudar a pessoa a entender o significado de um estímulo (estudaremos mais sobre a memória na próxima unidade). No Brasil, em 1990, foi aprovado o Código de Defesa do Consumidor, que estabelece as normas de proteção e defesa do consumidor. Esse código é parte integrante da Política Nacional de Relações de Consumo, que tem por objetivo o atendimento às necessidades do consumidor, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferência e harmonia das relações de consumo. Assim, é possível evitar abusos por parte das organizações tanto em termos de propaganda, quanto de prestação de serviços. 80 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III Saiba mais No site do Procon é possível acessar a Cartilha doConsumidor para obter mais informações sobre os direitos de defesa do consumidor: PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR (PROCON). Cartilha do consumidor. 1999. Disponível em: <http://www.procon. al.gov.br/legislacao/cartilhadoconsumidor.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2017. 5.2 O estágio de exposição Conforme vimos na figura anterior, a exposição a um estímulo é o primeiro passo no processamento de informação. A partir da exposição à informação, os órgãos sensoriais do consumidor são ativados e tem início todo o mecanismo de processamento que foi esclarecido. A fim de influenciar os consumidores, os profissionais de marketing devem elaborar um anúncio adequado para transmitir nos meios e canais de comunicação pertinentes direcionados ao público que se quer atingir. Uma das características do estágio de exposição é sua seletividade. Por meio de um processo de exposição seletiva, os consumidores escolhem de maneira ativa se querem se expor à informação ou não. Na medida em que aumenta o envolvimento com um tipo específico de produto, é mais provável que os consumidores se exponham de modo seletivo a anúncios sobre ele. Por exemplo, o controle remoto permite que os consumidores mudem de modo rápido e eficaz de um canal para outro. Um estudo descobriu que 65% das casas com televisão a cabo não assistem aos comerciais. O segredo para prevenir que as pessoas evitem as mensagens seletivas, é tornar a propaganda tão atrativa a ponto desses espectadores desejarem vê-la. 5.3 O estágio de atenção Os profissionais de marketing devem fazer mais do que expor os consumidores à informação, precisam também fazer com que eles prestem atenção ao que estão ouvindo ou vendo. Quando existe atenção, a capacidade cognitiva é direcionada para um estímulo, de maneira que o anúncio é processado conscientemente. Assim, quando um consumidor presta atenção em uma propaganda, maior será a probabilidade de o indivíduo querer comprar o produto. 5.4 O estágio de compreensão No estágio de compreensão, imediatamente posterior ao estágio de atenção, os consumidores claramente organizam e interpretam informações, a fim de gerar um significado a partir deles. Organização perceptiva é o processo por meio do qual as pessoas percebem as formas, as figuras e as linhas do mundo visual. A interpretação, por sua vez, é o processo em que as pessoas se baseiam para agregar significado a um estímulo, utilizando ainda suas experiências, memórias e expectativas. O estudo de compreensão é especialmente importante para anunciantes. Os pesquisadores descobriram que, quando as pessoas não compreendem corretamente um anúncio, elas geralmente são menos persuadidas por ele. 81 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 5.5 Envolvimento do consumidor O envolvimento do consumidor é definido como a importância percebida ou o interesse pessoal em relação à aquisição, ao consumo e à disposição de uma mercadoria, serviço ou ideia. Na medida em que o envolvimento aumenta, os consumidores têm maior motivação para captar, compreender e elaborar as informações relevantes para a compra. Diversos fatores influenciam o nível de envolvimento de um consumidor. Entre eles estão: o tipo de produto em consideração, as características da informação recebida pelo consumidor, as características da situação na qual o consumidor está atuando e a sua personalidade. Na medida em que o produto ou serviço em consideração se torna mais necessário ou procurado, é provável que o envolvimento do consumidor aumente na hora da aquisição. Assim, se o objetivo do consumidor for comprar um presente para uma pessoa querida – sua noiva, por exemplo –, o envolvimento provavelmente aumentará. Os pesquisadores identificaram dois tipos diferentes de envolvimento. O envolvimento circunstancial ocorre durante um curto período e está associado a uma situação específica, como a necessidade de substituir um produto que quebrou (por exemplo, um chuveiro); e o envolvimento duradouro representa um compromisso mais longo e maior preocupação com o tipo de produto; esse tipo de envolvimento é identificado quando um consumidor gasta tempo pensando a respeito do produto diariamente. 6 PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO DO CONSUMIDOR Antes de efetuar uma compra, os consumidores passam por um processo de decisão. Desde o século XVIII até a década de 1970 do século passado, os pesquisadores consideravam que as pessoas se moviam linearmente ao longo do processo genérico de tomada de decisão, que consiste no conjunto de processos envolvidos no reconhecimento de problemas, na busca de soluções, na avaliação de alternativas, na escolha entre opções e na avaliação dos resultados da escolha. Reconhecimento do problema Busca Avaliação das alternativas Escolha Avaliação pós-compra Figura 15 – Um fluxograma genérico do processo de decisão do consumidor Contudo, no final da mesma década, os autores começaram a questionar a premissa de que todas as compras do consumidor resultam de um processo cuidadoso e analítico. Alguns sugeriram que em muitas circunstâncias os consumidores talvez não adotem nenhum processo de tomada de decisão antes de efetuar a compra. A perspectiva tradicional da tomada de decisão enfatiza a abordagem racional do processamento de informação para o comportamento de compra. Devido às limitações do processo tradicional de decisão do consumidor, os pesquisadores propuseram modelos alternativos de tomada de decisão que colocam diferentes níveis de ênfase em cada um dos estágios identificados no fluxograma genérico indicado. 82 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III Alguns modelos integrativos procuraram organizar a complexidade de variáveis da compra e do consumo em etapas. Entre eles, podemos citar o modelo de Nicosia (1966), o de Howard e Sheth (1969) e o modelo de Engel, Blackwell e Miniard (1986). Segundo esses modelos, quando os consumidores passam por todos os estágios do processo de decisão, ocorrem altos níveis de processamento de informações. Influências externas: grupos, família, empresa, personalidade, tempo disponível, situação financeira Estímulos do meio social Processo perceptivo: Seleção Interpretação dos estímulos Processo de aprendizagem: Motivações Critérios de escolha Conjunto evocado Predisposições Sequência de compra: Conhecimento Atitude Intenção Compra Estímulos profissionais Figura 16 – Resumo do modelo de Howard e Sheth (1969), adaptado para a visualização das etapas 6.1 As expectativas do consumidor Vamos começar estudando as informações referentes às etapas que antecedem a compra, considerada a primeira etapa. O processo de consumo começa com as experiências que passamos ao longo da vida. Dia e noite tomamos consciência das experiências de nossa vida, de nosso corpo, de nossas ideias (no sentido amplo, incluindo emoções, sonhos e fantasias), de nosso meio físico e do nosso meio social. As escolhas sobre o que e como consumir começam muito antes do momento da compra propriamente dita. Elas remontam às expectativas mais básicas da existência humana, que nascem de nossas vivências, na busca de ordem, superação e prazer. Essa mescla de experiências constitui o pano de fundo em que brotam as expectativas no segundo passo do consumo. Para nós, os conceitos mais importantes na compreensão do comportamento não é o de desejo nem o de necessidades, que remetem à história passada do sujeito, mas sim o de expectativas, que remetem ao futuro. 83 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Em cursos e palestras, tem sido utilizado o termo expectativas, que é mais adequado do que a ideia de desejo ou necessidade. Essa última palavra vem carregada de sentidos que pouco auxiliam na compreensão do comportamento e trazem certas complexidades.As necessidades têm sentido de algo inerente, impossível de ser modificado, tal como aparece nos princípios da teoria de Maslow. Já com o conceito expectativas, estamos no campo da liberdade em que cada um elabora as suas de acordo com uma dinâmica interminável e natural à vida humana. Um consumo pode estar associado a várias expectativas. No caso de um carro novo, por exemplo, podemos encontrar a esperança de impressionar o companheiro ou um amigo, ou ainda com a expectação que o veículo não terá problemas mecânicos, além de apresentar ótimo desempenho. O que se conclui é que não basta conhecer os modos de compra e uso de um produto, precisamos conhecer as experiências e as expectativas que levaram à busca e à compra desse artefato. Sem esse conhecimento, fica muito difícil adaptar os produtos ou incrementar a satisfação do consumidor. As expectativas podem ser infinitas, mas é possível ordená-las em torno de quatro horizontes básicos: • Expectativas em relação ao corpo: pesquisas indicam que raramente as pessoas estão satisfeitas com seu corpo, elegendo uma gama de produtos e serviços que modifiquem essa situação. • Expectativas em relação ao psiquismo (ideias, afetos, valores): produtos como livros de autoajuda ou serviços como psicoterapias e escolas de yoga estão intimamente relacionados com ética, valores e crenças. Já sobre os conteúdos afetivos, além da literatura, inúmeros produtos e serviços são disponibilizados para que o consumidor possa usufruir de experiências novas que a vida não lhe proporciona. Esportes perigosos, viagens e filmes de inúmeros gêneros também compõem esse horizonte. • Expectativas em relação a outras pessoas: empregados querem ser patrões, filhos querem comandar, namorados lutam pelo poder de um sobre o outro, comandados querem liderar, consumidores querem ser especiais e assim por diante. Não existe nada de errado nisso, pois o esforço para se tornar melhor que o outro é a base da competição. O problema ocorre quando produtos são apresentados como meios de adquirir vantagens, dando a falsa impressão de superioridade. • Expectativas em relação à natureza e aos objetos: há evidências de que as pessoas estão constantemente insatisfeitas com os objetos ao seu redor e com a forma como lidam com eles. Roupas, casa, carros, louças, móveis e inúmeros outros objetos de seu cotidiano são frequentemente trocados, modificados ou abandonados. As relações com a natureza vêm se tornando mais conscientes, embora sempre tenha existido. Problemas de poluição e escassez de matérias-primas têm levado as pessoas a criarem expectativas sobre suas relações com a natureza. Os profissionais de comunicação têm percebido que as expectativas dos consumidores têm um leque mais amplo do que os benefícios utilitários imediatamente relacionados aos produtos, e que os caminhos de realização dessas expectações podem ser os mais diversos. O trabalho de casa, considerado 84 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III por muitas mulheres um verdadeiro estorvo do qual querem se livrar, pode se tornar menos penoso com aquele produto que promete “liberdade” e facilidade. Figura 17 – Produtos de limpeza: uma rede de promessas Saiba mais Para saber mais sobre o comportamento do consumidor, leia: GIGLIO, E. M. O comportamento do consumidor. São Paulo: Cengage Learning, 2005. 6.2 Alternativas para escolha do produto Ao selecionar suas vivências e interesses, além do seu próprio conhecimento sobre suas expectações, o consumidor inicia a busca de soluções para a efetivação de um projeto. Nessa busca e escolha, entram em jogo os processos de aprendizagem e memória. A partir da inter-relação dessas variáveis, cria-se um leque de opções que pode incluir desde apenas um produto específico até uma gama diversificada deles. 6.2.1 Aprendizagem do consumidor A aprendizagem é uma mudança de comportamento causada pela experiência. Pode ocorrer por meio de simples associação entre um estímulo e uma resposta ou mediante uma série complexa de atividades cognitivas. 85 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Segundo Kotler (1998), aprendizagem são todas as mudanças ocasionadas no comportamento de um indivíduo em função de suas experiências. Existem duas linhas de pensamento sobre como os indivíduos aprendem: as teorias comportamentais e as teorias cognitivas. Ambas contribuem para o entendimento do comportamento do consumidor. Os teóricos comportamentais veem a aprendizagem como respostas observáveis aos estímulos, enquanto os teóricos cognitivos acham que ela se deve a um processamento mental. As três grandes teorias comportamentais da aprendizagem são o condicionamento clássico, o condicionamento instrumental e a aprendizagem observacional (substitutiva). 6.2.1.1 Condicionamento clássico O primeiro tipo de condicionamento, denominado condicionamento clássico, foi desenvolvido pelo fisiologista russo Ivan Pavlov (PAVLOV apud SALKIND, 2004, p. 164). Pavlov fez uma experiência envolvendo um cão, uma campainha e um pedaço de carne. O fisiologista percebeu que quando o cão via o pedaço de carne, ele salivava, o que foi chamado de reflexo não condicionado. Pavlov também começou a tocar a campainha (estímulo neutro) quando ia mostrar o pedaço de carne. Rapidamente o cão passou a associar a carne à campainha, salivando também toda vez que ela era tocada. Essa reação a um estímulo neutro foi chamada de reflexo condicionado. O condicionamento clássico foi importante para explicar a associação de um estímulo a outro. Assim, esse tipo de condicionamento é importante para explicar a associação (positiva ou negativa) que um consumidor faz de uma marca, por exemplo. Esse processo de associação de um estímulo para outro é a base para certas estratégias de marketing, como licenciamento e marcas de família, em que as associações positivas de um consumidor a um produto são transferidas para outros contextos. Observação As marcas de família e/ou casas ficaram assim conhecidas, pois os comerciantes, para identificar seus produtos e estabelecimentos, usavam seus nomes familiares. 6.2.1.2 Condicionamento operante ou instrumental O outro tipo de condicionamento é o operante ou instrumental. Os teóricos da aprendizagem instrumental entendem que a aprendizagem ocorre por meio de um processo de tentativa e erro em que os resultados positivos (isto é, as recompensas) causam o comportamento repetido. Tanto o esforço positivo quanto o negativo podem ser usados para estimular o comportamento desejado. 86 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III A grande questão do condicionamento operante não é a de fazer a correlação entre um estímulo e outro, como no caso do condicionamento clássico, mas sim de fazer a associação entre um estímulo e a consequência dele. O condicionamento instrumental foi desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner (SKINNER apud SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Segundo Skinner, o máximo da aprendizagem individual ocorre em um ambiente controlado no qual os indivíduos são recompensados pela escolha de um comportamento apropriado. Desta forma, a mensagem publicitária e a promoção de vendas atuam como estímulos do condicionamento clássico, e a somatória das recompensas oriundas das promoções e dos benefícios oferecidos pelos produtos ou serviços instaura um tipo de comportamento no qual o consumidor avalia os produtos baseado nessas proposições, ou seja, no comportamento instrumental. Estímulo positivo ou negativo Resposta ao estímulo Consumidor/aprendiz Figura 18 – O consumidor como uma “caixa-preta”: perspectiva behaviorista de aprendizagem 6.2.1.3 Aprendizagem observacional A teoria cognitiva da aprendizagem afirma que o tipo de aprendizagem mais característico dos seres humanosé o que propõe resolução de problemas. Aprendemos observando o comportamento dos outros. A aprendizagem cognitiva ocorre como resultado de processos mentais. Por exemplo, a aprendizagem por observação acontece quando o consumidor apresenta um comportamento como resultado de ter visto alguém o realizando e sendo recompensado por isso. O aprendizado ocorre com a experimentação, porém é mais do que só experimentar. É necessário que a atividade seja considerada interessante e importante pelo sujeito envolvido, se consumirmos uma refeição vegetariana, por exemplo, mas os conceitos dessa alimentação não se relacionam em nossa consciência com algo considerado importante, como viver de modo mais saudável ou o benefício à causa animal, tal comportamento terá poucas chances de ser repetido, e esse hábito de consumo não será tão valorizado. Quanto mais experiência um consumidor tiver com uma categoria de produtos, maior será sua capacidade de memorizar informações. Existe uma forma de aprendizagem que não depende de experiências: é aquela passada de boca em boca, em que os conceitos são transmitidos. É o caso da imagem negativa de um produto, que vai se espalhando, para desespero do fabricante. Em certos casos, como ocorre com alguns modelos de automóveis, o conceito fica tão negativo que se investe mais tentando modificá-lo do que no lançamento de um novo produto. 87 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Atenção O consumidor concentra-se no comportamento de um modelo Retenção O consumidor retém esse comportamento na memória Processo de produção O consumidor tem a habilidade de realizar o comportamento Motivação Surge uma situação em que o comportamento é útil para o consumidor Aprendizagem observacional O consumidor adquire e realiza o comportamento anteriormente demonstrado por um modelo Figura 19 – Componentes da aprendizagem observacional Aprendendo com a própria experiência e/ou com o relato de outros, além de recordá-los, o consumidor vai formando padrões de conduta ao procurar produtos/serviços. Esses padrões de procura fazem parte do que chamamos de hábitos de consumo. O profissional de marketing que conseguir criar um hábito de compra no seu consumidor deve se esforçar para não permitir nenhum erro em sua venda, nenhuma crise de qualidade ou abastecimento. Caso isso ocorra, um concorrente vigilante não perderá a oportunidade de entrar no circuito de estimulação dirigida ao consumidor, buscando reavivar sua memória sobre outras alternativas. Lembrete O boca a boca é o único método de promoção de consumidores, feito por consumidores e para consumidores. Ter clientes fiéis e satisfeitos, que se orgulham de fazer negócios com um dado fornecedor, é o sonho de toda empresário. Clientes satisfeitos não só comprarão novamente como também são anúncios ambulantes da empresa. 6.2.2 Memória do consumidor A memória influencia nos estágios de percepção: exposição, atenção e compreensão. Ela permite que os consumidores se antecipem e se exponham seletivamente aos estímulos que possam vir a encontrar. O conceito mais usual de memória a define como a capacidade de evocar situações passadas a partir de um estímulo presente. A memória tem a ver com o armazenamento de informações aprendidas. O modo como as informações são codificadas, quando percebidas, determina como serão armazenadas na memória. Os sistemas de memória conhecidos como memória sensorial, memória temporária e memória permanente desempenham um papel na retenção e no processamento de informações provenientes do mundo externo: 88 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III • Memória sensorial: a percepção de uma visão, um som, toque, cheiro ou gosto ocorre porque o estímulo ativa as fibras nervosas nos órgãos sensoriais de uma pessoa. Os impulsos elétricos que resultam do estímulo das células nervosas compõem a memória sensorial. • Memória temporária: é o local onde a informação é temporariamente armazenada enquanto é processada. Por exemplo, quando um consumidor pensa em um comercial de televisão ou tenta resolver um problema ativamente, o processo cognitivo está ocorrendo na memória temporária. • Memória permanente: ao contrário da memória temporária, a permanente tem como característica uma capacidade ilimitada de armazenar definitivamente a informação. 6.2.2.1 Os produtos e a memória Nosso conhecimento de produtos individuais é influenciado por outros produtos que associamos a eles. As informações não são armazenadas isoladamente, elas são incorporadas em estruturas de conhecimento, nas quais se associam a outros dados relacionados. A localização de informações sobre produtos em redes associativas e o nível de abstração em que são codificadas ajudam a determinar quando e como essas informações serão ativadas no futuro. Alguns fatores que influenciam a probabilidade de recuperação são o nível de familiaridade de um item, sua saliência na memória e se a informação foi apresentada em imagens ou por escrito. Os produtos também desempenham um papel como marcadores de memória. Eles são utilizados pelos consumidores para recuperar recordações sobre experiências passadas e, com frequência, são valorizados por sua capacidade de fazê-lo. Essa função também contribui para o uso da nostalgia como uma estratégia de marketing. Dados externos Codificação A informação é colocada na memória Armazenagem A informação é retida na memória Recuperação A informação armazenada na memória é encontrada quando necessário Figura 20 – O processo da memória A memória para informações sobre produtos pode ser medida por meio de técnicas de reconhecimento ou de recordações. Os consumidores têm mais tendência a reconhecer um anúncio se este lhe for apresentado do que recordá-lo sem receber nenhuma informação prévia. No entanto, nem o reconhecimento nem a recordação são automáticos ou confiavelmente traduzidos em preferências ou compra de produtos. Em uma dada pesquisa, perguntaram a algumas pessoas quais delas gostariam de entrar em um consórcio de viagem à Lua, as que recusaram o convite explicaram que normalmente não se sentiam bem em voos. Ainda questionadas, explicaram que nem sempre passavam mal e que continuavam a viajar de avião, mas uma ou duas recordações negativas lhes vinham à consciência e eram suficientes para a recusa. Na verdade, essas pessoas utilizavam uma seleção de experiências passadas para justificar sua recusa de um consumo futuro. 89 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR No relançamento do automóvel Fusca, há alguns anos, houve todo um trabalho de resgate da memória do público-alvo, buscando associá-la à situação presente. Nesse caso, a vivência passada positiva relembrada seria a justificativa para o consumo. 6.3 Atitudes do consumidor Como consumidores, todos nós apresentamos um grande número de atitudes em relação a produtos, serviços, anúncios, mala-direta, internet e lojas de varejo. Dentro do contexto do comportamento do consumidor, a apreciação das atitudes predominantes tem um considerável mérito estratégico. Podemos observar isso devido às novas tendências que vão surgindo. Nos últimos anos, em todo o mundo, ocorreu um crescimento rápido das vendas de produtos naturais para o banho, para o corpo e de outros itens cosméticos. Essa tendência parece estar vinculada à atual crença popular de que coisas “sintéticas” são ruins. Contudo, na realidade, a atitude positiva que favorece a venda de produtos naturais não se baseia em qualquer evidência sistemática de que estes sejam mais seguros ou melhores para os consumidores. Para se chegar ao cerne daquilo que impulsiona o comportamento do consumidor, a pesquisa da atitude é usada para estudar uma ampla faixa de questões estratégicas de marketing.Por exemplo, a pesquisa de atitudes é frequentemente levada a efeito para determinar se os consumidores aceitarão a ideia de um novo produto proposto, a fim de mensurar por que o público-alvo de uma empresa não reagiu favoravelmente ao seu novo tema promocional, ou para saber qual a propensão dos clientes-alvo a reagir a uma modificação proposta no desenho da embalagem da empresa. Para ilustrar esse fato, analisemos um caso. Grandes fabricantes de calçados esportivos, como Nike ou Reebok frequentemente realizam pesquisas entre os consumidores-alvo a respeito de diferentes tipos de calçados esportivos que comercializam. Essas empresas procuram atitudes de seus clientes em relação a tamanho, ajustes, conforto e elementos de moda, bem como suas reações em caso de teste dos potenciais novos desenhos ou características funcionais dos produtos. Elas também mensuram regularmente reações ao seu último anúncio e outras mensagens de marketing destinadas a desenvolver e mudar as atitudes do consumidor. Todas essas atividades de marketing estão relacionadas à importante tarefa de provocar impacto nas atitudes dos consumidores. De acordo com Thurstone, a atitude é “a quantidade de afeição ou sentimento a favor ou contra um estímulo” (THURSTONE apud MOWEN; MINOR, 2003, p. 142). A ideia de que as atitudes se referem à afeição ou à reação avaliadora geral é expressa por muitos pesquisadores. Enquanto a crença é o conhecimento cognitivo acerca de um objeto, a atitude é o sentimento afetivo que as pessoas têm em relação aos objetos. Em um contexto de comportamento do consumidor, uma atitude é uma predisposição aprendida, a qual poderá ser favorável ou desfavorável em relação a um dado serviço, produto, oferta etc. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). 90 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III As atitudes são armazenadas na memória permanente e atendem a quatro funções importantes para os consumidores. Primeiramente, a função utilitária determina que as pessoas expressem sentimentos para maximizar as compensações e minimizar as punições recebidas de terceiros. Nesse sentido, a expressão de uma atitude é como uma resposta condicionada operante. Por exemplo, um vendedor pode aprender que fazer comentários positivos a um cliente (isto é, expressar atitudes favoráveis) significa maior chance de venda. Em segundo lugar, as atitudes podem atender a uma função de defesa do ego. Em seu papel de defesa do ego, as atitudes protegem as pessoas das verdades básicas a respeito de si mesmas ou das realidades desagradáveis do mundo exterior. É o caso dos fumantes que expressam atitudes positivas em relação ao fumo para se defender contra a realidade do que estão fazendo a seus próprios corpos. Como terceira e quarta funções, as atitudes também expressam conhecimento e valor. Na função conhecimento, as atitudes servem como diretrizes para simplificar a tomada de decisão. Os consumidores poderão desenvolver atitudes em relação a vendedores que vestem roupas “chamativas”, ou em relação a lojas com música suave e decoração aconchegante. A função de conhecimento também ajuda a explicar os efeitos da fidelidade à marca. Permanecendo fiel a uma marca e mantendo uma atitude positiva em relação a um produto, os consumidores podem simplificar a tomada de decisões, evitando um longo e desgastante processo de busca de informação sobre marcas alternativas. Por fim, pela função de expressão de valor, os consumidores são capazes de expressar seus valores centrais e seu conceito do eu perante as outras pessoas. A função de expressão de valor pode ser identificada nos casos em que as pessoas usam roupas de marca, a fim de afirmarem algo a respeito de si mesmas. Existe uma concordância generalizada de que as atitudes são aprendidas. Isso significa que as atitudes relevantes para o comportamento de compra são desenvolvidas como resultado da experiência direta com o produto, de informações verbais obtidas de outras pessoas ou de exposição à propaganda nos meios de comunicação em massa, internet e diversas formas de marketing direto. É importante lembrar que, embora as atitudes possam resultar do comportamento, não são sinônimos de comportamento. Como predisposições aprendidas, as atitudes têm uma qualidade motivacional; elas podem impelir um consumidor para um determinado comportamento ou afastá-lo de outro específico. 6.3.1 Perspectivas do processo de compra Para entender um pouco mais sobre o processo de tomada de decisão do consumidor, vamos conhecer três perspectivas sobre o que a influencia em sua decisão da compra: • Perspectiva da tomada de decisão: de acordo com a perspectiva de tomada de decisão, a compra resulta primeiramente da percepção do consumidor de que existe um problema e, em seguida, do deslocamento por meio de uma série de etapas, estão o reconhecimento do problema, a busca, a avaliação da alternativa, a escolha e a avaliação pós-aquisição. As raízes dessa abordagem estão na psicologia cognitiva e na ciência econômica. • Perspectiva experimental: a perspectiva experimental sobre o comportamento do consumidor propõe que em alguns casos os consumidores não fazem suas compras de 91 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR acordo com um processo de tomada de decisão estritamente racional. Em vez disso, às vezes, as pessoas compram produtos e serviços a fim de se divertirem, criarem fantasias e obterem emoções e sentimentos. As compras por impulso e a busca por variedades estão classificadas dentro da perspectiva experimental. A busca por variedade ocorre quando os consumidores mudam de marca para diminuir os níveis de tédio e atrair estímulos. As raízes dessa perspectiva residem na psicologia experimental e nas várias áreas da sociologia e da antropologia. • Perspectivas da influência comportamental: a influência comportamental ocorre quando forças ambientais extremas impulsionam os consumidores a fazer compras sem necessariamente estes desenvolverem sentimentos ou opiniões prévias acerca dos produtos. Nesse caso, o consumidor não passa obrigatoriamente por um processo de tomada de decisão nem gera sentimentos ao comprar um produto ou serviço. Em vez disso, a ação resulta da influência direta de forças do ambiente sobre o comportamento, como dispositivos de promoção de vendas (por exemplo, cupons de descontos), normas culturais, o ambiente físico ou pressões econômicas. A perspectiva da influência comportamental fornece outro ponto de vista para a compreensão das razões pelas quais as pessoas se submetem às cirurgias plásticas, tais como fortes pressões sociais ou por parte de um grupo podem impulsionar uma pessoa a aumentar os seios ou a dar uma aparência mais bem delineada ao nariz. 6.3.2 Formação de crenças, atitudes e comportamentos Essas três perspectivas apresentadas anteriormente estão diretamente ligadas aos processos que causam a formação direta de crenças, atitudes e comportamentos. Crença é o pensamento descritivo que uma pessoa mantém a respeito de alguma coisa (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 196). As crenças estabelecem imagens a respeito de um produto, fazendo as pessoas agirem de acordo com elas. Um exemplo é a reputação de produtos vindos de outros países, como os automóveis e eletrônicos japoneses; inovações de alta tecnologia, refrigerantes, brinquedos, cigarros e jeans estadunidenses; vinhos, perfumes e artigos de luxo franceses; relógio suíço etc. O estudo de crenças e atitudes e sua relação com o comportamento tem implicações importantes para a estratégia promocional. A maneira como as empresas promovem uma marca depende do tipo de processo de compra que seu mercado-alvo usa na aquisição de produtos de sua categoria específica. O quadro seguinte resume algumas estratégias promocionais que as empresas podem usar, dependendo do processo de compra envolvido. 92 M KT- R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III Quadro 5 – Algumas estratégias promocionais baseadas no tipo de processo de compra do consumidor Processo de compra Possíveis estratégias promocionais Alto envolvimento Enfatizar o desenvolvimento de crenças sobre os atributos e benefícios do produto por meio de procedimentos de aprendizagem cognitiva. Pode enfatizar a propaganda impressa e a venda pessoal. Estimular a criação de afeição por meio de demonstração do produto e da propaganda, empregando procedimentos de condicionamento clássicos. Baixo envolvimento Enfatizar o desenvolvimento das crenças sobre os atributos do produto por meio da repetição de mensagens simples. Associar os displays de ponto de venda à propaganda. Expor o produto e os displays em áreas de tráfego intenso. Experimental/impulso Enfatizar a diversão e os sentimentos que podem ser obtidos pela ação de experimentar o produto e o serviço. Enfatizar a criação, por meio do condicionamento clássico, de sentimentos positivos em relação ao produto. Influência comportamental Utilizar técnicas de promoção de vendas, como prêmios, descontos, amostras ou cupons. Em muitos casos, contudo, o objetivo é persuadir por meio da mudança das atitudes e crenças preexistentes. Persuasão é a tentativa explícita de influenciar crenças, atitudes ou comportamentos. Poderíamos argumentar que os consumidores raramente entram em uma situação sem que tenham atitudes e crenças prévias acerca de um objeto. Por causa dessa experiência, é possível que os consumidores já tenham um sentimento inicial positivo ou negativo em relação a um novo produto ou serviço. Assim, até mesmo quando lançam novos itens, os comunicadores estão procurando persuadir os consumidores. A persuasão pode ser compreendida a partir das três perspectivas sobre o comportamento do consumidor: tomada de decisão, fase experimental e influência comportamental. Uma das abordagens para se compreender o processo de persuasão, chamada de Modelo de Probabilidade de Elaboração (Elaboration Likelihood Model – ELM), ilustra o percurso da tomada de decisão para a mudança de crença, atitude e comportamento. No ELM (esquematizado na figura a seguir), o processo de persuasão tem início quando o consumidor recebe uma mensagem. Após receber a mensagem, o consumidor começa a processá-la. Dependendo de fatores como o conteúdo da mensagem, a natureza do consumidor e sua situação, a pessoa processa a mensagem com maior ou menor envolvimento. Quando ocorre o processamento de informação de alto envolvimento, diz-se que a pessoa toma a rota central rumo à persuasão. Em contrapartida, em circunstâncias de baixo envolvimento, diz-se que o consumidor está tomando a rota periférica rumo à persuasão. 93 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Rota central Rota periférica Comunicação (fonte, mensagem, canal) Processamento de baixo envolvimento Mudança de crença Mudanças de comportamento Mudanças de atitude Processamento de alto envolvimento Respostas cognitivas Mudanças de crença e atitude Mudanças de comportamento Atenção e compreensão Figura 21 – O modo de probabilidade de elaboração da persuasão Quando ocorre a mudança de atitude e crença por meio da rota central, desenvolve-se a hierarquia de efeitos de alto envolvimento. Como resultado, o consumidor presta mais atenção à mensagem que está sendo recebida e considera com cautela a comunicação, comparando-a com sua posição de atitude. Se o consumidor for capaz de processar a informação, é provável que ele gere uma série de respostas cognitivas à comunicação. Lembrete Respostas cognitivas são os pensamentos favoráveis ou desfavoráveis gerados pelo consumidor como resultado de uma comunicação. A mudança de crença ocorre, em parte, com base nas respostas cognitivas, se são favoráveis ou não à mensagem. Após a mudança de crença, o consumidor passa então pela mudança de atitude que, por sua vez, leva à mudança de comportamento. Quando a mudança de crença e atitude ocorre por meio da rota central, os efeitos são relativamente duradouros e preveem o comportamento. Nessas circunstâncias de envolvimento, os consumidores empregam dispositivos mentais essenciais ao avaliarem a mensagem. Disposições mentais essenciais referem-se à ideia e aos dados de apoio que influenciam diretamente a qualidade dos argumentos desenvolvidos na mensagem. Na rota periférica rumo à persuasão ocorre a hierarquia de efeitos de baixo envolvimento. Há poucas respostas cognitivas porque o consumidor não está considerando cuidadosamente os prós e contras da questão. Em vez disso, os consumidores utilizam disposições mentais periféricas para determinar se vão aceitar ou rejeitar a mensagem. Dentre as disposições mentais periféricas destacam-se fatores como a atratividade e a autoridade da fonte, o número de argumentos apresentados e os estímulos positivos ou negativos que formam o contexto dentro do qual a mensagem foi apresentada (por exemplo, música agradável). Em circunstâncias de baixo envolvimento, as crenças podem mudar, mas é improvável que atitudes ou sentimentos também sejam influenciados. Caso atitudes sejam formadas, é provável que elas sejam relativamente temporárias e não serão capazes de prever um comportamento. 94 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III Resumo Nesta unidade vimos que o processamento de informação pelo consumidor é definido como a situação por meio da qual os consumidores são expostos às informações, prestam atenção nelas, compreendem, posicionam na memória e as armazenam para usar mais adiante, se necessário. Um dos problemas relatados com mais frequência pelos profissionais de marketing é o de fazer os consumidores captarem, compreenderem e se lembrarem das informações sobre um produto ou serviço. Nesse sentido, e conforme analisamos, antes da etapa de compra, existem experiências importantes que determinam o que esperamos do futuro, com qual carga de importância esperamos, o que selecionamos como possiblidade de satisfazer essas expectativas, e como validamos a compra e o consumo. Quando tratamos de atendimento ao cliente, nunca podemos desprezar todas as influências sofridas pelo consumidor até a sua chegada ao nosso ponto de venda. As influências recebidas, bem como as informações colhidas durante o processo pré-venda, formam as expectativas do cliente. Portanto, no processo de compra, o consumidor está constantemente tomando decisões tanto positivas quanto negativas em relação ao produto. Ou seja, a qualquer momento ele pode modificar, adiar ou rejeitar uma compra, visto que são diversas as variáreis de tomada de decisão de consumo. Assim, o consumidor irá procurar adquirir o item que melhor corresponda às suas expectativas, que compense o valor pago e que traga melhor certeza e satisfação. Estudamos ainda motivação e percepção e, nesta unidade, observamos a aprendizagem e a memória no processo de tomada de decisão do consumidor. O modo como as atitudes do consumidor se formam e como mudam são dois aspectos estreitamente relacionados, de considerável interesse para os praticantes do marketing. Quando se trata de formação de atitudes, é útil lembrar que as atitudes são aprendidas e que diferentes teorias da aprendizagem fornecem visões singulares de como elas podem ser formadas inicialmente. A formação de atitude é facilitada pela experiência pessoal direta e influenciada pelas ideias e experiências de amigos e membros da família, 95 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR e pela exposição aos veículos de comunicação em massa. Além disso, é provavél que a personalidade do indivíduo desempenhe um papel na formaçãode atitude. A decisão do consumidor de comprar ou não um produto ou serviço é um importante momento para a maior parte dos profissionais de marketing. Ela pode indicar se a estratégia de marketing foi inteligente, esclarecedora e eficaz, ou se foi mal planejada e errou o alvo. Também estudamos sobre hábitos de consumo, como cada mercado é controlado pelo hábito de seus consumidores. As empresas líderes de mercado preservam sua posição somente enquanto seus clientes mantiverem seus comportamentos habituais. Novos entrantes só serão bem-sucedidos se conseguirem suplantar o comportamento inconsciente arraigado de um ou mais segmentos, ou se criarem novos hábitos e, portanto, novos mercados. Alguns de nossos hábitos mais arraigados estão passando por profundas transformações. Já não lemos o jornal diário religiosamente. Telefones celulares substituíram os aparelhos fixos de milhões de pessoas e uma nova geração já vê os e-mails como superados. Até mesmo a venda de refrigerantes carbonatados está sofrendo queda consistente de 2% ao ano. Ao entender como desenhar produtos, escolher canais de distribuição, formar preços e criar mensagens que se fixem na mente, é possível criar uma fidelidade inconsciente de clientes – o bem mais valioso que uma empresa pode ter. Exercícios Questão 1. (Enade 2006) O Banco Solidariedade & Amigos S.A., com o objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços oferecidos aos clientes, além de aumentar sua competitividade no mercado, recém-adquiriu uma empresa de software, a SB Sistemas Bancários Ltda., que detinha 25% do mercado de programas de segurança bancária. Após uma análise organizacional, percebeu-se que a expansão desejada não ocorria devido à falta de agressividade da empresa e da sua estrutura extremamente verticalizada, pesada e inflexível. O Banco decidiu implementar uma transformação radical na nova empresa, redesenhando-a como uma organização adaptativa. Assim, será necessário desenvolver na empresa uma cultura organizacional que: I – seja voltada para o cliente; II – valorize a inovação e a criatividade; III – mantenha as crenças existentes; 96 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade III IV – promova o aprender a aprender; V – se baseie em metas e na implantação de um plano de incentivos. Estão corretas, apenas, as afirmativas: A) I, II e III. B) I, II e IV. C) III, IV e V. D) I, II, III e V. E) I, II, IV e V. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a estrutura tradicional baseia-se no modelo burocrático tradicional, com hierarquia rígida e regras bem definidas, contextualizadas em um ambiente estável e pouco competitivo. As estruturas inovativas e adaptativas representam um paradigma baseado na nova realidade ambiental. O ambiente empresarial é mais complexo, turbulento e em constantes mudanças: políticas, econômicas, sociais e mercadológicas. É um ambiente que exige estruturas flexíveis, que preparem a organização para o enfrentamento de problemas e de mudanças inesperadas, considerando-as oportunidades mercadológicas e de melhorias dos seus processos de negócios. Para aproveitar as oportunidades, de acordo com as mudanças mercadológicas, deve-se agir tendo em vista o principal stakeholder localizado no ambiente empresarial: o cliente. II – Afirmativa correta. Justificativa: para enfrentar as mudanças constantes e potencializar a competitividade empresarial, deve-se adotar um desenho organizacional que tenha a mudança como parte integrante de sua funcionalidade. Nessas estruturas inovativas ou adaptativas, é necessário valorizar a inovação e a criatividade com o objetivo principal de aumentar a competitividade do negócio. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: de acordo com os preceitos da cultura inovativa, os pressupostos de mudança e de flexibilidade incluem diversos fatores de motivação dos colaboradores e dos líderes, como o estímulo, a diversificação e a criatividade na tarefa. Esses fatores contrastam com uma postura calcada na manutenção das crenças. 97 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR IV – Afirmativa correta. Justificativa: as estruturas adaptativas são norteadas pela competitividade empresarial e estão em constante mudança, de acordo com as novas situações apresentadas pelo ambiente empresarial externo. A nova situação exige que as organizações e as pessoas estejam preparadas para o enfrentamento de problemas e de mudanças inesperadas, de forma a aproveitá-las como oportunidades mercadológicas e de melhorias dos seus processos de negócios. V – Afirmativa correta. Justificativa: por serem voltadas para resultados e para o melhor atendimento aos clientes, internos e externos, as metas devem estar em constante adaptação às estratégias empresariais, de acordo com as mudanças ambientais. Havendo mudanças nos objetivos organizacionais, exige-se uma definição clara de metas individuais para os colaboradores. Para que se obtenha sucesso, é imprescindível um sistema de incentivos baseado na consecução de metas individuais e coletivas. Esse alinhamento entre objetivos organizacionais e metas individuais sustentará o necessário processo de adaptação constante. Questão 2. (Enade 2009, adaptada) Pensando em aumentar o número de clientes, a empresa Alfa, uma das maiores livrarias do país e que está buscando obter maior conectividade e velocidade de transmissão de dados, implantou recentemente uma intranet. A respeito dessa implantação, é correto afirmar que a empresa: A) Criou uma rede de comunicação para realizar comércio eletrônico com seus clientes sem restrição de horário. B) Criou uma rede de comunicação que permite a integração com sua cadeia de suprimentos, ao possibilitar a interconexão com fornecedores e clientes. C) Gerou uma rede de comunicação que permite a troca de informações referentes a pedidos e dados financeiros com os seus fornecedores. D) Implantou uma rede local privativa, com funcionalidades similares às da internet, que dará suporte à comunicação, ao gerenciamento e ao planejamento dos seus negócios. E) Implantou um servidor para conexão com outros servidores de internet, que dá a ela a possibilidade de obter processamento distribuído. Resolução desta questão na plataforma.
Compartilhar