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5 -DOENÇAS-NEUROLÓGICAS-CAUSADAS-POR-BACTÉRIAS

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Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 12 nº 1 Jan. 2019 ISSN 2359-3938 
 
DOENÇAS NEUROLÓGICAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS: um estudo sobre 
Mycobacterium leprae, Neisseria meningitidis e Clostridium tetani 
 
Ionara da Silva Leão1 
Valdeane Souza Macedo2 
Aline Alves de Souza3 
Alexandre Zandonadi Meneguelli4 
 
RESUMO: As bactérias podem ser um fator de alto risco quando se trata do sistema 
neurológico, por ser uma parte do corpo sensível e de grande importância para a homeostase 
do organismo. Vários fatores e agentes etiológicos como o Mycobacterium leprae, Neisseria 
meningitidis e Clostridium tetani , podem levar a sérios problemas de saúde, seja direta ou 
indiretamente e assim trazendo complicações as quais chegam a ser fatais em casos graves. 
O objetivo do estudo foi mostrar as principais bactérias que podem atingir o sistema 
neurológico com base em fatores de riscos, incidências, transmissão, diagnósticos e o 
tratamento. Selecionaram-se treze artigos para a revisão bibliográfica com relevância sobre o 
tema. Essas doenças causadas por bactérias na maioria dos casos são infectocontagiosas, 
causadas também por falta de higiene, locais com pouco oxigênio e objetos contaminados. 
Há inúmeras formas para prevenir como evitar contato direto com pessoas infectadas, ou que 
não deram início ao tratamento, pois a hanseníase com o início do tratamento já é 
interrompida a sua transmissão. Evitar contatos com objetos perfurantes aos quais estejam 
enferrujados, pois o tétano é uma doença que se inicia a partir desse fator, evitar 
aglomerações de pessoas infectadas por meningite e contato íntimo das mesmas. 
Recomenda-se manter a vacinação e/ou tratamento em dia dessas patologias evitando a sua 
transmissão, sendo de extrema importância está atento aos sinais e sintomas das mesmas. 
 
Palavras-chave: Meningite. Hanseníase. Tétano. Agente etiológico. 
 
NEUROLOGICAL DISEASES CAUSED BY BACTERIA: a study on 
Mycobacterium leprae, Neisseria meningitidis and Clostridium tetani 
 
ABSTRACT: Bacteria can be a high risk factor when it comes to the neurological system, 
being a sensitive part of the body and of great importance for the homeostasis of the organism. 
 
1Graduanda do curso de Enfermagem na Faculdade Panamericana de Ji-Paraná-UNIJIPA (E-mail: 
Ionara54op@gmail.com) 
2Graduanda do curso de Enfermagem na Faculdade Panamericana de Ji-Paraná-UNIJIPA (E-mail: 
 deanymacedo@gmail.com) 
3Graduanda do curso de Enfermagem na Faculdade Panamericana de Ji-Paraná-UNIJIPA (E-mail: 
line_liebe@hotmail.com) 
4Graduado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, Especialista em 
Zoologia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal, Mestre em Ciências Ambientais pela 
Universidade Federal de Rondônia. Doutorando em Biotecnologia pela Universidade Católica Dom 
Bosco – UCDB. Professor do Ensino Superior na Faculdade Panamericana de Ji-Paraná – UNIJIPA. 
E-mail: alexandre.meneguelli@unijipa.edu.br) 
mailto:Ionara54op@gmail.com
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Several factors and etiological agents such as Mycobacterium leprae, Neisseria meningitidis 
and Clostridium tetani, can lead to serious health problems, either directly or indirectly and 
thus bringing complications that become fatal in severe cases. The aim of the study was to 
show the main bacteria that can reach the neurological system based on risk, incidence, 
transmission, diagnosis and treatment factors. Thirteen articles were selected for the 
bibliographic review with relevance on the theme. These diseases caused by bacteria in most 
cases are infectious, caused also by lack of hygiene, places with little oxygen and 
contaminated objects. There are numerous ways to prevent direct contact with infected people, 
or have not started treatment, since leprosy with the initiation of treatment is already 
discontinued. Avoid contacts with perforating objects that are rusty, since tetanus is a disease 
that starts from this factor, avoid agglomerations of people infected by meningitis and intimate 
contact of them. It is recommended to keep the vaccination and / or treatment in day of these 
pathologies avoiding its transmission, being of extreme importance is attentive to the signs and 
symptoms of the same. 
 
Keywords: Meningitis. Leprosy. Tetanus. Etiological agent. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O sistema nervoso apesar de ser bem revestido, ainda é possível ocorrer 
invasões em seu meio por bactérias e causar danos às suas células. Pode-se citar 
como doenças neurológicas causadas por bactérias a meningite, tétano e hanseníase. 
A meningite bacteriana é uma inflamação nas meninges, uma membrana que 
recobre o cérebro, sendo causada por vários tipos de bactérias. O seu 
comprometimento na saúde pode ser grave, se não a tratada de maneira adequada, 
podendo então ser fatal. 
O tétano é uma doença infecciosa, sendo transmitida por meio de ferimentos 
na pele, contato com a terra ou objetos contaminados. Em casos mais graves a 
doença pode ter comprometimento da musculatura e levar a morte. A sua prevenção 
é pela vacina antitetânica. 
A hanseníase, após entrada no organismo irá se localizar na célula de 
Schwanne na pele é de característica contagiosa conhecida também como Lepra, 
uma doença que afeta o sistema neurológico, podendo dizer que é a única bactéria 
que cresce no sistema nervoso periférico sobrevivendo as reações dos macrófagos. 
Causa transtornos aos nervos a partir de respostas imunológicas (GROSSI, 2003). 
 
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2 METODOLOGIA 
 
O presente trata-se de uma revisão bibliográfica sobre as principais doenças 
neurológicas causadas por bactérias. As pesquisas foram realizadas, utilizando como 
base o Google Acadêmico e Scielo, de onde se selecionou treze artigos com 
abordagem relevante sobre o tema e dois livros em língua portuguesa e inglesa, nos 
períodos de 1991 a 2015. As palavras-chave usadas para fazer a pesquisa foram: 
Doenças por bactérias, Doenças neurológicas, hanseníase, meningite bacteriana, 
tétano, Neisseriameningitidis, Haemophilusinfluenzae, Streptococcuspneumoniae, 
Listeriamonocytogenes, Clostridium tetani, Micobacteríumleprae e dados 
epidemiológicos. Também se utilizou dados do: Ministério da Saúde, Secretária de 
vigilância em saúde, Datasus. 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
3.1 Neisseria meningitidis 
3.1.1 Morfologia bacteriana e aspectos genéticos 
A meningite bacterianapode ser causada por vários agentes bacterianos, 
podendo citar: a bactéria Neisseria meningitidis é de formato diplococo e gram-
negativo. Possui diversos sorogrupos, de acordo com o antígeno polissacarídeo da 
cápsula. Os mais frequentes são os sorogrupos A,B, C, W135 e Y (BRASIL, 2009). 
A Haemophilus influenzae tipo B (Hib) é um cocobacilo, gram-negativo, sem 
forma definida e pequeno, “pode ser classificada, atualmente, em 6 sorotipos (A, B, C, 
D, E, F), a partir da diferença antigênica da cápsula polissacarídica.(BRASIL, 
2006,p.21). A Streptococcus pneumoniae é diplococo e gram-positivo. 
“Éalfahemolítico e não agrupável, possuindo mais de 90 sorotipos capsulares. 
”(BRASIL, 2006, p.21). 
Outra bactéria responsável pela meningite é a Listera monocytogenes, é um 
bacilo “Gram-positivo pequeno com extremidades arredondadas e não produz 
esporos ou cápsulas (BARANCELLI, 2011, p. 155). 
 
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3.1.2 Transmissão 
A transmissão da meningite bacteriana pode ser adquirida de uma pessoa para 
outra, o contato de saliva, como beijos prolongados, compartilhamento de objetos 
pessoais por longo tempo, fazendo assim com que a bactéria se aloje na nasofaringe 
ou orofaringe, podendo posteriormente ser eliminada pelo sistema imunológico ou se 
aderir ao sistema nervoso(BRASIL,2009, p.22). 
A tuberculose é uma das doenças que facilitam a manifestação da bactéria da 
meningite, “Os casos de tuberculose pulmonar com escarro positivo à baciloscopia 
constituem a principal fonte de infecção, pois eliminamgrande número de bacilos [...]” 
(BRASIL, 2009, p.22) com isso ocorre o agravamento da doença, podendo assim 
desenvolver a meningite. 
A meningite por Listeriose é transmitida por “alimentos através do leite 
impropriamente processado, dos queijos, das carnes e dos vegetais é a fonte mais 
comum da infecção” (BLACK, 2013, p. 642). 
Esta forma de infecção é mais comum em pacientes que foram submetidos a 
transplantes renais. Quando este agente ataca uma gestante pode provocar aborto, 
sendo assim a meningite por listeriose é causadora de muitas lesões fatais (BLACK, 
2013) 
 
3.1.3 Fatores de risco 
Os riscos de contrair a doença podem-se reduzir “evitando-se situações de 
cansaço extremo e áreas com grandes aglomerações humana” (BLACK, 2013, p. 
641). Evitando dormir muito próximas as pessoas em locais que se encontra 
aglomerações e determinar horas de descanso para o corpo e mente. 
Os cuidados com a higiene pessoal é de extrema importância, pois a bactéria 
muitas vezes pode penetrar-se pela cavidade nasal ou oral, sendo assim familiares 
que possuem membros infectados pela bactéria devem manter alguns cuidados de 
contato íntimo com paciente, pelo fato que os membros da família possuem chances 
de serem portadores da doença, sendo assim a doença poderá manifestar-se(BLACK, 
2013, p. 641). 
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A infecção por meningite pode ser causada processos cirúrgicos e 
traumatológicos, onde a bactéria se aproveita do momento oportuno para se aderir ao 
sistema do paciente. Através de transfusão sanguínea também se pode adquirir um 
dos agentes contaminantes da doença. Fator que os pacientes devem estar cientes é 
se o local onde estão fazendo os procedimentos hospitalares é de segurança 
adequada (BLACK, 2013, p. 642). 
O prognóstico das meningites bacterianas depende de muitos fatores, 
dentre os quais incluem-se idade do paciente, agente etiológico, 
precocidade do diagnóstico, condições clínicas associadas, 
intensidade da resposta inflamatória, antibioticoterapia adequada e 
tempo necessário para esterilizar o LCR (FARIA,1999, p.55). 
 
Ao se tratar da meningite por Hib pode-se citar os seguintes fatores de risco “a 
idade, fatores socioeconômicos (que se sobrepõem aos riscos genéticos), frequentar 
ambientes como creches, presença de infecções associadas, ausência de aleitamento 
materno e fumo passivo” (BOUSKELA, 2000, p.335). 
 
3.1.4 Diagnóstico 
As manifestações clinicas da bactéria podem ser no geralde “quadro clínico 
grave e caracteriza-se por febre, cefaleia intensa, náusea, vômito, rigidez de nuca, 
prostração e confusão mental, sinais de irritação meníngea, acompanhados de 
alterações do Líquido Cefalorraquidiano (LCR)”(BRASIL, 2009, p.23). 
A evolução da doença sem o diagnóstico e tratamento correto pode trazer 
complicações tais como: a perda da audição, distúrbio de linguagem, anormalidade 
motora, retardo mental e distúrbios visuais. Ou até mesmo evoluir para coma, 
convulsões, paralisias, entre outros sintomas e podendo evoluir-se para o óbito. 
O diagnóstico feito em laboratório para detectara presença de um dos agentes 
causadores da meningite é por meio da análise do líquido cefalorraquidiano, a 
aparência do líquido coletado é de aspecto turvo e cor branca leitosa e também pode 
ser feito através da coleta de sangue (BRASIL, 2009, p. 53). 
 
3.1.5 Tratamento 
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O tratamento da meningite bacteriana deve ser feito o quanto antes possível, 
por meio de antibiótico, “preferencialmente logo após a punção lombar e a coleta de 
sangue para hemocultura. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de 
tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa 
assistência”(BRASIL,2005, p.26). 
O paciente será tratando por meio da antibioticoterapia, que “é administrada 
por via venosa por um período de sete a 14 dias, ou até mais, dependendo da 
evolução clínica e do agente etiológico” (BRASIL, 2009, p. 26). A penicilina é a droga 
mais usada para o tratamento, se trata de um antibiótico. 
 
O sucesso do tratamento antimicrobiano em meningites implica na 
seleção de antibióticos que sejam eficazes contra os patógenos 
prováveis, que tenham boa penetração no SNC, que atinjam 
concentrações bactericidas adequadas no LCR e, preferencialmente, 
que apresentem baixa toxicidade para o paciente (FARIA,1999, p.52). 
 
O tratamento não se baseia apenas em antibioticoterapia para ser eficaz, deve-
se adotar medidas de suporte e controlar as complicações. “O tratamento do choque 
e dahipertensão intracraniana, o controle das convulsões e amanutenção da 
homeostase hidroeletrolítica são medidasessenciais para um bom prognóstico”. 
(FARIA, 1999, p. 54). 
 
3.1.6 Taxa de incidência de meningite 
No Brasil, entre 1983 e 1996, foram notificados 15.927 casos de meningite por 
Hib representando aproximadamente 5% do total de meningites notificadas, dos quais 
7.607 (47,8%) emmenores de um ano e 14.243 (89,4%) em menores de cinco anos 
(BRASIL, 1999). 
“Antes da vacinação, o Haemophilus influenzae tipo b (Hib) era o principal 
agente etiológico de meningiteem países industrializados, causando entre20% e 60% 
das meningites bacterianas.” (FUNKHOUSER, 1991, p. 545) 
 
3.2 Micobacterium leprae 
 
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3.2.1 Morfologia bacteriana e aspectos genéticos 
 
Causada pelo Micobacterium leprae que “apresenta-se sob a forma de bacilo 
reto ou levemente encurvado, com extremidades arredondadas, medindo 
aproximadamente de 1 a 8 mm de comprimento e 0,3 min de diâmetro” (MACIEIRA, 
2000, p.13). Reproduz-se através de divisão binária e caracterizada como uma 
bactéria gram-positiva. 
 
3.2.2 Transmissão 
A transmissão da Hanseníase pode ocorrer quando um indivíduo portador da 
patologia que não deu início a realização do devido tratamento, a assim por meio das 
vias respiratórias que podemos incluir espirros, secreções nasais e tosses, estar 
eliminando bacilos pode estar infectando outras pessoas saudáveis. Essa doença não 
transmite através de copos, talheres, assentos, picadas de insetos, relações sexuais, 
doação de sangue, ou até mesmo herança genética. A partir do momento que o 
paciente infectado começa o tratamento já não irá transmitir a doença (SANTOS, 
2008, p. 739). 
 
3.2.3 Fatores de Risco 
Um dos maiores fatores de riscos é o ambiente precário como lugares com 
baixa condição econômica onde pessoas vivem em meio a falta de higiene, com uso 
inadequado de sanitários, onde muitas pessoas tem o convívio, mas não previne a 
manifestação de doenças como esta. Pois a bactéria tem uma maior sobrevivência a 
ambientes sujos, quentes e com grande nível de umidade e assim podendo ser 
contagiado através das vias respiratórias e levando o paciente a complicações ao 
surgimento da doença. Ressaltando que o surgimento dos primeiros sintomas pode 
levar até cinco anos após a bactéria no organismo e, portanto, ser caracterizada como 
uma manifestação lenta (LANA, 2007, p. 697). 
 
3.2.3 Diagnóstico 
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De início o diagnóstico se baseia com a percepção do próprio paciente quando 
encontra em si, sinais e sintomas como lesão na pele com alteração na sensibilidade 
que se assemelham a doença. Após, irá realiza avaliações clinicas e exames físicos, 
com testes de sensibilidades, e se assim o dermatologista encontrar sinais que 
poderão ser hanseníase irá realizar um pedido de biopsia da área ou exame 
laboratorial podendo identificar a quantidadede bacilos presente no organismo. 
Segundo Marcelo Grossi (2003, p.376-377). Existem quatro tipos da doença a ser 
diagnosticada. 
Indeterminada sendo a fase inicial da doença, dita como período de incubação 
que pode variar de dois a cinco anos. De início surge apenas manchas que podem 
aparecer em qualquer parte do corpo sem área especifica com perda de sensibilidade 
térmica, mas sem a perca da sensibilidade de dores. 
Tuberculóide ao qual se caracteriza em uma forma mais leve da doença que o 
paciente tem manchas localizadas sendo poucas. Podendo se manifestar como 
nódulos, placas, lesões tricofitóides ou sarcoídicas. Na forma neural pura, não se 
encontram lesões cutâneas. 
Borderline onde se encontra muitas manchas na pele dizendo assim que é uma 
forma intermediaria da doença. 
Virchowiana fase mais grave, havendo muitos bacilos onde até mesmo alguns 
órgãos já estão sendo afetados como nariz e rins. Apresenta inúmeras lesões e perda 
de pelos dos cílios e até mesmo comprometendo nervos e vísceras. 
Vale ressaltar que há diagnósticos importantes para profissionais da saúde 
como avaliar o estado psicológico do paciente diante da doença, e riscos de lesões 
graves que podem acometer a perda total de sensibilidades. 
Sequelas bem definidas podem ser encontradas já no período do 
diagnóstico, tais como: paralisia facial do tipo periférico unilateral ou 
bilateral, ou paralisia do ramo orbicular do nervo zigomático, 
provocando o lagoftalmo, epífora e exposição da córnea; mão em 
garra (garra do quarto e quinto quirodátilos ou garra completa); mão 
caída; pé caído, garra deartelhos que pode ser acompanhada do mal 
perfurante plantar (GROSSI,2003, p.375) 
 
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3.2.4 Taxa de incidência de hanseníase 
 
 
“No Brasil, a hanseníase é um problema de Saúde Pública e seu plano de 
eliminação está entre as ações de relevância nacional. A redução da 
prevalência da doença a partir de 1991 não coincide com a diminuição da 
detecção de casos novos.” (MAGALHÃES, 2007, p. 75). 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1-Incidência casos de Hanseníase detectados no Estado de Rondônia nos anos de 
2001 a 2012 
 
Ano Número de casos População Taxa de detecção 
(por 100 mil 
habitantes) 
2001 1.289 1.407.878 91,5 
2002 1.369 1.431.776 95,6 
2003 1.551 1.455.914 106,5 
2004 1.501 1.479.940 101,4 
2005 1.435 1.534.584 93,5 
2006 1.529 1.562.406 97,9 
2007 1.409 1.590.027 88,6 
2008 1.301 1.493.566 87,1 
2009 1.224 1.503.911 81,4 
2010 1.080 1.562.409 69,1 
2011 996 1.576.455 63,1 
2012 964 1.590.011 60,2 
Total 15.648 18.188.877 86,0 
Fonte:VIEIRA, 2014, p. 271. 
 
3.3 Clostridium tetani 
 
O tétano é considerado uma patologia infecciosa, de caráter não transmissível 
de um indivíduo para outro, podendo ser prevenida através da imunização 
disponibilizada pela rede pública de saúde. O tétano pode ser contraído através da 
contaminação de ferimentos (acidental) ou do cordão umbilical (neonatal),podem 
acometer recém-nascidos de dois a 28 dias de vida,filhos de mães não imunizadas, 
onde a porta de entrada para a contaminação pode ser durante o parto ou após o 
parto, pelo uso de substâncias contaminadas no coto umbilical. Necrose do coto, 
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corpo estranho, infecção secundária faz com que o bacilo doC. tetani produza as 
toxinas e ocasione os sinais e sintomas da doença (BRASIL, 2010). 
 
[...]o umbilical ou neonatal que tem início entre cinco e treze dias após 
a contaminação do cordão umbilical, levando o bebê a sentir 
dificuldade na amamentação, ausência do reflexo de 
sucção, trismo ou disfagia; o tétano localizado onde ocorre hipertonia 
e espasmos que se iniciam em um determinado grupo muscular e que 
pode ocasionar golpe de glote; e o tétano generalizado que acomete 
80% dos doentes e é a variedade mais comum. A principal 
característica dessa doença são as contrações espasmódicas que 
ocorrem devido à contaminação da tetanopasmina.A toxina após ser 
liberada na corrente sanguínea adere às terminações periféricas, 
principalmente dos neurônios motores, dirigindo-se ao longo dos 
nervos até o sistema nervoso central, sem afetar sua função, mas 
interferindo nos interneurônios medulares (SILVA, 2010, p. 499-500). 
 
3.3.1 Morfologia Bacteriana 
O tétano é causado pelo Clostridium tetani, apresenta- se em forma de 
bastonete, formador de esporos, Gram-positivo, anaeróbio obrigatório (BLACK, 2013, 
p.618). Clostridium tetani é um bacilo gram-positivo esporulado, anaeróbico, 
semelhante a um alfinete de cabeça, com 4 a 10µ de comprimento. Produz esporos 
que lhe permitem sobreviver no meio ambiente, por vários anos (BRASIL, 2009, p.17. 
 
3.3.2 Transmissão 
O desenvolvimento do tétano a partir de um foco de infecção está na 
vinculado em vários fatores sendo eles, a presença do esporo tetânico no ferimento, 
bacilos infectantes devem ser toxinogênicos, presença de condições de baixa 
potencialidade de oxiredução, provocadas por corpo estranho, terra, tecido 
desvitalizado, substâncias redutoras, presença de bactérias associadas que, por um 
lado causam a germinação do esporo e, por outro, podem diminuir sua capacidade de 
produzir toxina, cuidados tomados no ferimento, tais como limpeza, debridamento, 
curativos. Uso profilático de soro antitetânico ou antibiótico e presença de imunidade 
antitóxica dada por vacinação prévia (TAVARES, 2000). 
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Produção de toxinas liberadas pelo Clostridium tetani sendo essas 
a tetanolisina e a tetanospasmina. A função da tetanolisina no tétano 
humano ainda não é definida, mas acredita-se que possa danificar o 
tecido sadio ao redor da ferida e diminuir o potencial de oxirredução, 
ocasionando o desenvolvimento de organismos anaeróbicos. 
A tetanospasmina é uma neurotoxina, habitualmente chamada de 
toxina tetânica. Todas a manifestações conhecidas do tétano derivam 
da capacidade da tetanospasmina de inibir a liberação do 
neurotransmissor através da membrana pré-sináptica, por várias 
semanas, envolvendo dessa forma o controle motor central, a função 
autonômica e a junção neuromuscular(LISBOA,2011, p.394). 
 
3.3. 3 Taxas de incidência de Clostridium tetani 
Segundo Unilus (2011, p.21) as maiores taxas de incidências de tétano são 
encontradas em países subdesenvolvidos, pois estes possuem uma baixa cobertura 
vacinal. Está diretamente relacionado com atividades profissionais ou de lazer, 
quando o indivíduo não recebeu imunização entra em contato com o agente etiológico. 
 
Em 2002 o número de casos reduziu-se ainda mais com a ocorrência 
de 608 casos e incidência de 0,35/100.000 habitantes. A partir de 
2007, o número médio de casos confirmados foi em torno de 300 
casos/ano e incidência de 0,16/100.000 habitantes. (BRASIL, 
2015,p.2). 
 
Tabela 2- Distribuição dos casos notificados e confirmados de tétano acidental. Brasil, 2015*. 
 
UF Residência Notificados Confirmados % 
 
RO 7 5 71 
AC 3 2 67 
AM 16 13 81 
RR 0 0 0 
PA 32 23 72 
AP 5 3 60 
TO 1 0 0 
NORTE 64 46 72 
MA 39 13 33 
PI 6 5 83 
CE 29 17 59 
RN 10 6 60 
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PB 4 2 50 
PE 15 8 53 
AL 6 4 67 
SE 3 3 100 
BA 36 24 67 
NORDESTE 148 82 55 
MG 50 30 60 
ES 10 3 30 
RJ 16 11 69 
SP 40 22 55 
SUDESTE 116 66 57 
PR 28 21 75 
SC 17 14 82 
RS 28 23 82 
SUL 73 58 79 
MS 25 9 36 
MT 60 14 23 
GO 21 8 38 
DF 2 2 100 
CENTRO-OESTE 108 33 31 
Total 509 285 56 
Fonte: SINAN/CGDT/DEVIT/SVS/MS 
* Dados sujeitos a revisão. 
 
3.3. 4Tratamento 
Recomenda-se imunização com imunoglobulina anti-tetanica humana (IGATH) 
ou imunoglobulina equina (soro antitetânico - SAT) e deve ser realizado o mais 
brevemente possível após o diagnóstico. Recomenda-se que seja usada IGATH, 
quandodisponível, por ser opção mais segura em função dos efeitos adversos 
imediatos ou tardios relacionados ao SAT (1C). Sugere-se administração em dose 
única, via intramuscular profunda, de 500 a 5000 UI de IGATH ou 20.000 a 30.000UI 
de SAT (2C). Recomenda-se que seja realizada a imunização ativa (vacinação) 
simultaneamente à imunização passiva (LISBOA, 2011, p.397). 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Levando em consideração os dados apresentados neste artigo de 
característica informativa, se faz de grande importância o conhecimento de 
determinadas patologias, sendo uma forma de prevenção. As doenças bacterianas 
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aqui apresentadas possuem contaminação por contato direto a secreções, sendo uma 
dessas a meningite bacteriana que pode ser transmitida de um indivíduo para outro 
por contato de saliva, como em beijos longos e compartilhamento de objetos pessoais 
por longo tempo. 
A Hanseníase também é transmitida de um indivíduo para o outro, por meio 
das vias respiratórias onde o indivíduo libera bacilos através de secreções nasais, 
tosses ou espirros. O presente artigo também aborda de patologias onde contagio não 
ocorre de um indivíduo para o outro, sendo um destes o tétano que pode 
ser adquirido através da contaminação de ferimentos onde a bactéria se aloja em 
determinado local e entra no estado conhecido como “latência” devido a sua 
característica anaeróbica, apenas apresentará prejuízo ao entrar em contato com 
tecido onde está libera suas características patogênicas. É notável como o 
entendimento das formas de contágio, características bacterianas e prevenção 
facilitam a minimização das ocorrências destas patologias. 
 
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