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TRABALHO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS EM LEGISLAÇÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL
Gestão de Resíduos Sólidos Ambientais
HELOÍSA ARAÚJO MELATO
Trabalho da disciplina Gestão de Resíduos Sólidos
 
 
Tutora: Gisele Teixeira Saleiro
Divinópolis MG 
2020
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E PERSPECTIVA DE MANJEJO SUSTENTÁVEL COM INCLUSÃO SOCIAL. 
Referência: 
GOUVEIA, Nelson. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com inclusão social. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2012, vol.17, n.6, pp.1503-1510. ISSN 1413-8123. Disponível em:http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000600014, acesso em 21/01/2020
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio-92 popularizou, através dos debates, os impactos ambientais causados pela existência e pelas atividades do ser humano sobre o meio ambiente. Desde então vem se buscando alternativas para minimizar tais impactos sobre o planeta, visando garantir a sobrevivência da existência da vida. A Rio+20 reacendeu a discussão de meios para conciliar o desenvolvimento sustentável com a proteção e conservação dos ecossistemas existentes.
Desde então são realizadas conferências buscando alternativas para enfrentar as alterações climáticas já em curso e reduzir os impactos ambientais por meio de mecanismos econômicos, como por exemplo, o estabelecimento de metas para redução da emissão de GEE, a criação de MDL, e a criação de mercado de carbono.
Uma questão de menor alcance nessa discussão, apenas relacionada a implantação dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, no Brasil, é a do gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos, pois a geração dos mesmos, além de acompanhar o crescimento populacional, tem na sua queima grande parcela de responsabilidade pela emissão de gases do efeito estufa. Outra questão importante a ser observada é o fato de que a má gestão dos resíduos sólidos urbanos causa grande impacto, seja na área ambiental, seja na área da saúde da população.
Assim, torna-se necessário refletir e buscar meios para o enfrentamento da questão do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e seu impacto sobre o meio ambiente, contemplando também a questão da inclusão social, visando a erradicação da pobreza.
As mudanças no estilo de vida das pessoas, nos bens de consumo e meios de produção dos mesmos, a urbanização e a expansão populacional, trazidos pelo desenvolvimento econômico e tecnológico, vieram acompanhados do aumento da geração de resíduos sólidos urbanos, tanto em quantidade quanto em diversidade, dada a toxidade e nocividade do lixo, trazendo, como consequência grandes impactos no meio ambiente e na saúde das pessoas.
A Resolução 001/86-CONAMA, em seu artigo 1º, traz o seguinte conceito de Impacto ambiental: “Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias e o meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.” (CONAMA, 1986).
Grande parte dos resíduos gerados é descartado inadequadamente na maioria das cidades brasileiras, depositando-se o lixo em terrenos a céu aberto, no entorno das cidades, nos locais conhecidos como “lixões”. Esse locais causam grandes impactos ambientais, e geram problemas de saúde pública, parte em razão do número de pessoas que tira seu sustento do manuseio do lixo, parte porque favorece a disseminação de doenças, a liberação de gases tóxicos para a atmosfera, além do aumento de roedores, insetos e outros animais transmissores de patogenias.
A Lei nº 12.305/2010, art. 30, inc. IX define como geradores de resíduos sólidos: “pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo” (BRASIL, 2010).
Segundo o IBGE entre 2000 e 2008, alguns progressos foram alcançados no Brasil, pois houve pequena melhora em relação ao descarte de resíduos nos lixões que passou a ser feito nos aterros sanitários. Tais progressos foram alcançados principal nos grandes centros urbanos, pois nas cidades do interior dos estados brasileiros, ainda prevalece a simples descarga do lixo a céu aberto, sob o argumento da inexistência de mão de obra qualificada, falta de dinheiro para implementar os aterros sanitários, etc, sem levar em consideração: a percolação dos líquidos derivados da decomposição do lixo, a liberação de gases para a atmosfera e a proliferação de vetores como: insetos, roedores e outros animais que podem transmitir doenças ao homem (MUÑOZ, 2002).
A disposição dos resíduos nos lixões ou mesmo nos aterros causa grande exposição de pessoas a muitas substâncias e materiais tóxicos, seja pelo manuseio, pela emissão de gases, que contaminam o solo, as águas subterrâneas e a atmosfera, ou pela degradação dos produtos orgânicos, chamada percolagem do chorume, que continua acontecendo mesmo depois da desativação do local. 
Estudos comprovam os altos níveis de compostos orgânicos e metais pesados no entorno dos aterros, que impactam diretamente a saúde da população vizinha, com aumento de alguns tipos de câncer, recém nascidos de baixo peso e portadores de anomalias congênitas, abortos e mortes neonatais.
Outra forma de eliminação dos resíduos, pouco usada no Brasil, é a incineração, que também traz riscos à saúde, por produzir substâncias tóxicas diversas, que são levadas para a atmosfera e contaminam a população diretamente, por inalação do ar, ou indiretamente, através do consumo de água ou alimentos contaminados.
Existe ainda o risco à saúde dos profissionais do setor de manuseio dos resíduos, como os garis e os responsáveis pela compostagem, que muitas vezes trabalham sem medidas ou equipamentos de segurança ocupacional, ficando expostos a contaminação de bactérias, causando problemas respiratórios e alterações na função pulmonar.
Outros indivíduos muito expostos à contaminação são os catadores de materiais recicláveis, que trabalham e tiram seu sustento da recuperação de materiais do lixo, em condições insalubres, muitas vezes sem nenhum equipamento de proteção, se sujeitando a exposição de materiais pesados e substâncias químicas, agentes infecciosos, doenças respiratórias e outras.
Os catadores de materiais recicláveis são os grandes protagonistas da Indústria de Reciclagem no país, pois coletam, separam, transportam, acondicionam e até beneficiam os resíduos sólidos, transformando o lixo em mercadoria, com valor de uso e de troca. Atuam informalmente ou até organizados em cooperativas e realizam um trabalho muito importante ambientalmente, gerando economia de energia e de matéria prima, impedindo que diversos materiais seja descartados nos aterros, reduzindo assim os impactos dos gases de efeito estufa e contribuindo para com um desenvolvimento mais sustentável. 
No entanto os percentuais de reciclagem no pais ainda são baixos, pois estima-se que em 2006 foram gerados aproximadamente 50 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbano, e apenas 18% da fração seca foi reciclado. Dentre os materiais apenas o alumínio foi quase 100% reciclado, e outros como plástico e vidro, apenas 40%.
A fim de melhorar os índices de reciclagem é preciso incentivar a coleta seletiva, tanto no momento da geração dos resíduos, quanto nas centrais de triagem. Independentemente da existência de políticas públicas orientadas para a coleta seletiva e a reciclagem, os catadores são os grandes responsáveis pelos altos índices de reciclagem no país e realizam um serviço de utilidade pública, trazendo de volta para a cadeia produtiva materiais descartados como lixo.
Não existem dados precisos sobre o número de catadores existentes, mas estima-se que sejam mais de um milhão de pessoas envolvidas na atividade espalhadas em várias cidadesbrasileiras, especialmente nos grandes centros urbanos. São pessoas que se expõem todos os dias aos diversos riscos à saúde e à integridade física, trazendo boa parte do lixo de volta à indústria, como matéria prima. 
É preciso destacar que a atividade de catador de material reciclável alçou à categoria profissional em 2002, quando foi registrada na Classificação Brasileira de Ocupação.
 
O planejamento e a execução de políticas de gestão de resíduos deve levar em consideração todos os aspectos aqui relacionados, não só os impactos imediatos ao meio ambiente e à saúde da população, mas também os de longo prazo, devidos às alterações climáticas consequentes da emissão de gases do efeito estufa.
Em 2010, com a sanção da Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010 – também conhecida como Lei Nacional de Resíduos Sólidos, o marco legal sobre a gestão de resíduos sólidos, que, dentre outras disposições, trouxe a obrigatoriedade da preparação de planos municipais de gerenciamento de resíduos, o estabelecimento de prazos para a erradicação dos lixões e a implantação da coleta seletiva.
No entanto o manejo dos resíduos ainda esbarra em grandes limitações, apesar do uso de tecnologias apropriadas, relativas à destinação para aterros sanitários e a incineração de materiais. As áreas próprias para a disposição dos resíduos em aterros se esgotam rapidamente, e nos grandes centros urbanos a dificuldade é o deslocamento dos resíduos por longas distâncias. A incineração dos resíduos vem sendo vista como uma opção e vem crescendo em alguns países, mas a segurança da população do entorno das áreas próximas a incineradores requer monitoramento. Assim torna-se imprescindível minimizar a quantidade de resíduos que necessitam de destinação adequada, devendo ser aplicada a lógica dos 3 R: redução, reutilização e reciclagem.
Por meio da educação ambiental, a população pode ser conscientizada e instruída sobre a necessidade de redução da geração de resíduos e reutilização dos materiais, aumentando a vida útil dos objetos, descobrindo uma nova forma de uso. Apesar dos apelos da indústria e do mercado, que nos leva a consumir bens de forma inconsequente, é preciso criar novas forma de produção sustentável ambientalmente.
A reciclagem deve ser incentivada por meio de políticas públicas municipais que visem a implantação da coleta seletiva e triagem dos resíduos, a ser feita pela população no momento da geração, ou nas usinas de reciclagem. Inclusive a Política Nacional dos Resíduos sólidos propõe a destinação de recursos financeiros aos Municípios que promovam a integração e capacitação dos catadores de recicláveis, e incentivem sua organização por meio de cooperativas ou associações. 
O grande desafio dos governos e da sociedade moderna é a preservação do meio ambiente em relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos. É necessário integrar políticas públicas sociais, econômicas e ambientais, de forma a garantir a inclusão social efetiva de grande parte da população, além de mitigar os efeitos nocivos que a passagem do homem causa ao planeta.
Os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, trazidos pelas ações do homem, além das graves mudanças climáticas, são indicativos de que os recursos naturais estão sendo exauridos, e que, caso não sejam promovidas políticas que propiciem a mudança no cenário atual, a própria existência humana corre risco de extinção.
Somente aprendendo a conter os graves danos ambientais que temos causado ao planeta, estaremos no caminho de desenvolvimento saudável e ambientalmente sustentável, ou o mais próximo possível, para a nossa geração, com justa inclusão social, de maneira sanitariamente correta e economicamente solidária, garantindo um meio ambiente equilibrado, para o nosso futuro e o das próximas gerações, de acordo com a máxima constitucional do artigo 225 da CF/88.
Referencias: http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/A%20Import%C3%A2ncia%20da%20Gest%C3%A3o%20de%20Res%C3%ADduos%20S%C3%B3lidos%20Urbanos%20e%20de%20Sa%C3%BAde%20em%20Bras%C3%ADlia-DF.pdfhttp://ecoeletrofase2.com.br/ecoeletro2/a-importancia-do-catador-na-reciclagem/; 
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap9.pdf