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1553318240712_Direito Civil Casamento

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Direito Civil 
Casamento
PROFA. MA. ANNI MARCELLI
Casamento 
 Ementa: 
 Conceito
 Natureza Jurídica e princípios
 Capacidade e requisitos
 Impedimentos
 Causas de anulação e de suspensão
 Modalidades de casamento
 Deveres conjugais
 Dissolução
 União estável
Conceito de Casamento
 União voluntária entre duas pessoas que desejam constituir 
uma família, formando um vínculo conjugal que está 
baseado no afeto. 
 Duas pessoas: o conceito héteronormativo que tinha como 
requisito que os consortes fossem de sexos diferentes. 
 DPF 132;
 ADI/DF 4277
 Resolução 135 de 2013
 Art. 1º, III CF/1988
ADPF Nº 132-RJ PELA ADI Nº 4.277-DF, COM A FINALIDADE DE
CONFERIR “INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO” AO
ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL. ATENDIMENTO DAS CONDIÇÕES
DA AÇÃO.
 PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO
PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA
ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO
COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO
PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA
DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE.
DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas,
salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, não
se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz
do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o
objetivo constitucional de “promover o bem de todos”.
Resolução nº 175, de 14 de maio 
de 2013
 Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa
de habilitação, celebração de casamento civil ou de
conversão de união estável em casamento entre
pessoas de mesmo sexo.
 Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata
comunicação ao respectivo juiz corregedor para as
providências cabíveis.
 Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
Natureza Jurídica do Casamento
 1ª Corrente – Institucionalista: Casamento como momento social,
com forte carga religiosa. Reconhecido como costumes.
 2ª Corrente – Contratual: Casamento como um negócio jurídico
bilateral, onde se visa constituir ou alterar alguns direitos
patrimoniais.
 3ª Corrente – Sacramental: Casamento como um sacramento
importante para o cristão.
 4ª Corrente – Mista/Eclética: O casamento possui uma natureza
negocial, mas especial, de direito de família, por isso, não pode ser
colocado nos mesmos termos de outros contratos, de forma
reducionista, por possuir características sociais e afetivas.
Princípios do Casamento
 1 – Monogamia – não é um princípio expresso. É uma construção que faz
parte do casamento. A união em casamento só é admitida entre duas
pessoas, não podendo nenhum dos consortes na constância de um
casamento contrair novo casamento.
 É proibido casar-se com mais de uma pessoa (Bigamia: art. 235, CP)
 2 – Liberdade – as pessoas são livres para se casarem ou não.
 Autonomia privada – art. 1513 CC: Capacidade de autotutela dos cônjuges.
 Artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Os homens e
mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam
de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos
nubentes”.
Princípios do Casamento
 A autonomia da vontade não é absoluta: art. 1665 CC
 Comunhão plena de vida (art. 1511, CC) – reconhece a relação entre os cônjuges,
que convivem em função da família, e, por isso, por vezes precisam renunciar
interesses individuais. Sem o interesse em se manter uma comunhão plena de vida,
não há casamento (art. 1573, CC).
 Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação : APL 10047493320158260482 SP
1004749-33.2015.8.26.0482
 MANDADO DE SEGURANÇA – A regra do artigo 130 da Constituição, reportando-se
aos termos da lei, deixou a critério do legislador ordinário dispor acerca dos
requisitos que devem ser preenchidos como condição para a “remoção por união
de cônjuges” – Todavia, há de se ter em conta interpretação sistemática do texto
constitucional, pautada na norma do art. 111 da C.E. e na regra do art. 226 da C.F. –
Recursos não providos.
 Assim é que a norma do artigo 226 da Constituição Federal coloca a família sob
“especial proteção do Estado”, havendo de se entender, diante desse preceito,
que todos os esforços haverão de ser envidados para que a “comunhão plena de
vida” entre os cônjuges (art. 1511 do Código Civil) efetivamente seja respeitada.
https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/271154340/apelacao-apl-10047493320158260482-sp-1004749-3320158260482
Princípio da dissolubilidade
 A Emenda Constitucional n. 66/2010 deu nova redação ao 
§6º do artigo 226, CF, o qual dispõe sobre a dissolubilidade 
do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de 
prévia separação judicial por mais de um ano ou de 
comprovadas separação de fato por mais de 2 anos.
 O divórcio é um direito potestativo. 
 A separação de fato, por si só, já extingue uma sociedade 
conjugal. 
Capacidade para casar
 A partir dos 16 anos (idade núbil, mediante autorização dos pais) –
Artigo 1517 CC;
 Maioridade civil: 18 anos, antes disso, o menor é submetido ao
poder familiar por força do artigo 1630, CC;
 Autorização para casar - Poder familiar se estende até a
celebração: artigo 1518, CC
 Necessariamente: pai e mãe. Se divergirem: parágrafo único do
artigo 1517, CC;
 Suprimento judicial: divergência ou impedimento 1.631, CC;
denegação injusta 1.519, CC;
 Separação obrigatória de bens: artigo 1641, III, CC;
 Casamento sem autorização e sem suprimento judicial é possível?
Artigo 1555, §2º CC;
Capacidade para casar
 Há possibilidade de alguém menor de 16 anos se casar?
 2 casos: artigo 1520, CC
 1º Caso: Para evitar imposição de cumprimento de pena por crime contra os
costumes;
 Crime contra os costumes: abrangiam os crimes de estupro, atentado violento ao
pudor; posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude, sedução,
corrupção de menores e rapto. Agora, o título VI do Código Penal é “Dos crimes
contra a Dignidade Sexual, desde a determinação pela lei 12.015/2009.
 A mudança do título foi uma resposta às inúmeras reivindicações dos doutrinadores ao
sustentarem que os crimes elencados no Título VI não atentavam contra a moralidade
pública ou coletiva, mas sim contra a dignidade e a liberdade sexual das vítimas.
 A dignidade sexual encerra o conceito de intimidade e revela-se em harmonia com o
princípio da dignidade da pessoa humana – fundamento basilar da Constituição de
1988 (Art. 1°, III).
Capacidade para casar
 A primeira parte do artigo 1520 do CC não tem aplicabilidade,
após à determinação da lei 11.106/2005, que revogou o inciso
VIII do artigo 107, CP, que elencava a extinção de
punibilidade “pelo casamento da vítima com terceiro, nos
crimes referidos no inciso anterior [crimes contra os costumes),
se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde
que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito
policial ou da ação pena no prazo de 60 (sessenta) dias a
contar da celebração”.
 2º caso: Gravidez – pode casar a adolescente grávida, menor
de 16 anos, ou o adolescente menor de 16 anos, cuja parceira
tenha ficado grávida.
Capacidade para casar
 PLC 56/2018 - Confere nova redação ao art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil), para suprimir as exceções legais permissivas do casamento
infantil. Proíbe, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil
(16 anos de idade).
 Justificativa do PLC: “o Brasil é o quarto país em números absolutos com mais
casamentos infantis no mundo, havendo três milhões de mulheres que afirmaram ter
casadoantes dos 18 anos. Diz haver diversos estudos que mostram a correlação
entre o casamento precoce, a gravidez na adolescência, o abandono escolar e a
exploração sexual da mulher e que uma das propostas sugeridas por estudos
recentes para resolver o problema está justamente na eliminação de brechas legais
para o casamento infantil”.
 O casamento de crianças e adolescentes brasileiros, é o tema da pesquisa Ela vai no
meu barco, realizada pelo Instituto Promundo, ONG que desde 1997 estuda questões
de gênero. https://bit.ly/2TTPonf
Requisitos
 Requerimento, art. 1525, CC;
 Edital e proclamas: art. 1527, CC;
 Registro de habilitação: art. 1531, CC 
 Expedição da certidão: ART. 1532, CC
 Aplicando de maneira específica as regras deste artigo ao casamento, tem-se que são 
requisitos de validade do casamento:
 a) quanto ao agente: que os nubentes tenham atingido idade núbil, bem como que 
sejam respeitadas as regras relativas à legitimação, reguladas pelos impedimentos 
matrimoniais (art. 1521 , CC);
 b) quanto à forma: que o casamento respeite as exigências da modalidade que se 
adotar (p.e. artigo 1542 , CC);
 c) quanto à manifestação de vontade: devendo ela ser livre, inconteste e corresponder 
ao exato interesse do nubente.
 Se, nos termos expostos, o casamento é existente e válido passa a ter eficácia jurídica e, 
consequentemente, pode produzir todos os efeitos (artigos 1565 e ss, CC).
Modalidades de casamento
 Casamento Civil (art. 226, §1º CF); Casamento Religioso (art. 226, §2º CF)
 Casamento Civil, art. 1534, CC:
 Local e data;
 Evento público “porta aberta”, art. 1534, §1º CC
 Testemunhas: mínimo duas, quatro se algum dos contraentes não souber ou não 
puder escrever. (§2º)
 Formalidade, com declaração positiva (SIM/SIM), de livre e espontânea vontade, 
art. 1535, CC;
 Momento seriamente solene, art. 1538 e parágrafo único, CC.
 Casamento Religioso: deve seguir o mesmo procedimento do casamento civil e 
produz seus efeitos a partir da celebração, art. 1515 E 1516 CC
Impedimento, anulação e suspensão
 Os impedimentos são causas que impossibilitam a realização do casamento por algum
motivo. Arts. 1521 e 1522, CC;
 Os impedimentos são agrupados em três grupos: impedimentos resultantes de parentesco;
impedimentos resultante de casamento anterior e impedimentos resultante de crime.
 As causas suspensivas não provocam a nulidade do casamento, apenas são capazes de
suspender a realização do mesmo. Arts. 1523 e 1524, CC;
 Não deverão casar:
 O viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens
do casal e der partilha aos herdeiros;
 A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução conjugal;
 O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a o partilha dos bens do
casal;
 O tutor ou curador e os descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem
saldadas as respectivas contas
Casamento nulo e anulável
 O sistema de nulidades do Casamento do Código Civil 
não adota na íntegra os princípios e critérios do regime 
de nulidades dos negócios jurídicos . A previsão legal 
sobre nulidade e anulabilidade estão no Título VIII do 
Código Civil “Da invalidade do casamento”, arts. 1548 a 
1564. 
 Vale lembrar ainda que o sistema de nulidades distingue 
os atos nulos dos atos anuláveis, o que também é 
adotado no direito matrimonial.
Deveres conjugais
 Esses deveres são previstos no artigo 1.566 e incisos: I, II, III, IV e V do Código Civil, 
que dispõe:
 CC. Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
 “I - fidelidade recíproca;
 II - vida em comum, no domicílio conjugal;
 III - mútua assistência;
 IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
 V - respeito e consideração mútuos”.
Fidelidade recíproca
 No inciso I do artigo 1.566, tem-se o dever da “fidelidade recíproca” - é um
dever moral e jurídico, que tem origem na constituição monogâmica tradicional
do casamento e de interesses superiores da sociedade, e implica um alicerce da
vida conjugal, restringindo a liberdade sexual dos consortes ao casamento.
(PELUSO, 2012, p. 1.690).
 A infração a esse dever constitui adultério (ilícito civil) e falência da moral
familiar. Oportuna a lição de Maria Helena Diniz:
 “Sob o ponto de vista moral e jurídico, merecem reprovação tanto a infidelidade
do marido como a da mulher, por ser fator de perturbação da estabilidade do
lar e da família.
 É preciso não olvidar que não é só o adultério (ilícito civil) que viola o dever de
fidelidade recíproca, mas também atos injuriosos, que, pela sua licenciosidade,
com acentuação sexual, quebram a fé conjugal, p. ex.: relacionamento
homossexual, namoro virtual, inseminação artificial heteróloga não consentida
etc.” (DINIZ, 2009, p. 133).
Fidelidade recíproca
 Vejamos o entendimento de Maria Berenice Dias:
 “O dever de fidelidade é uma norma social, estrutural e moral, 
mas, apesar de constar entre os deveres do casamento, sua 
transgressão não mais admite punição, nem na esfera civil, nem 
na criminal. Ainda assim, na eventualidade de um ou ambos os 
cônjuges não cumprirem o dito ‘sagrado dever’ de fidelidade, o 
casamento não se rompe. (...). A infidelidade autorizava o cônjuge 
enganado a buscar a separação (...). Com a EC 66/10, nem mais 
para isso serve. (...). Ninguém é fiel porque assim determina a lei ou 
deixará de sê-lo por falta de determinação legal.” (DIAS, 2016, p. 
175/176).
Domicílio conjugal
 No inciso II: “vida em comum, no domicílio conjugal” - esse dever é muito mais
amplo que o dever de coabitação e debitum conjugale, porque envolve
assistência mútua, convivência, trabalhos, desejos e realizações. Quanto às
ausências temporárias por necessidade de trabalho, doença ou outros motivos
por necessidade, não configuram violação do dever de coabitação. (PELUSO,
2012, p. 1.690).
 Cada consorte é devedor da coabitação e credor da do outro, esse dever que
é extrapatrimonial, tão somente de caráter ético, consolida o casamento de tal
maneira que se torna impossível à renúncia ao direito de exigi-lo. (DINIZ, 2009, p.
134).
 “A eventual ou contumaz ausência da vida sexual não afeta a higidez do
casamento. (...). Afinal, não é o exercício da sexualidade que mantém o
casamento. São muito mais a afetividade e o amor. Desarrazoado e desmedido
pretender que a ausência de contato físico de natureza sexual seja
reconhecida como inadimplemento de dever conjugal.” (DIAS, 2016, p. 179).
Domicílio conjugal
 Ainda, o artigo 1.569 do Código Civil dispõe que:
 “O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um ou outro
podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao
exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes”.
 Maria Berenice Dias replica:
 “A imposição legal de vida no domicílio conjugal não se justifica, pois compete a 
ambos os cônjuges determinar onde e como vão morar. Necessário respeitar a 
vontade dos dois, sendo de todo descabido impor um lar comum, até porque a 
família pode ter mais de um domicílio (CC 71). Cada vez com mais frequência, 
casais vêm optando por viverem em residências diversas, o que não significa 
infringência ao dever conjugal.” (DIAS, 2016, p.179).
 Esclarece-se que com o casamento não desaparece a liberdade dos cônjuges; 
podem empregar seu tempo como desejarem e escolherem o que lhes apraz; não 
podem ser impedidos de suas amizades e convívios social e familiar. (GONÇALVES, 
2016, p. 189).
Mútua assistência
 No inciso III: “mútua assistência” - consiste na assistência recíproca
dos cônjuges, tanto no amparo material ou econômico, como
moral no que tange a proteção dos direitos da personalidade do
cônjuge: vida, integridade física e psíquica, honra e liberdade.
Além da ajuda mútua, este dever possuiconteúdo ético,
decorrente da solidariedade. (PELUSO, 2012, p. 1.690).
 Se qualquer dos cônjuges faltar ao dever de assistência, pode se
exsurgir com fundamento legal a uma ação de alimentos. Esse
dever se extingue pelo divórcio. (GONÇALVES, 2016, p. 190).
 Para Maria Berenice Dias, “divergências existem sobre a
possibilidade de serem (os alimentos) reivindicados depois do
divórcio. Não há vedação na lei. Assim, não há como fazer a
obrigação desaparecer quando a necessidade de um é absoluta
e tem o ex-cônjuge condições de prestar auxílio a quem um dia
jurou auxiliar na miséria e na doença”. (DIAS, 2016, p. 180).
Mútua assistência
 “O casamento estabelece comunhão plena de vida (CC 1.511),
adquirindo os cônjuges a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família (CC 1.565). Nada mais do
que sequelas do dever de mútua assistência. Entre os cônjuges se
estabelece verdadeiro vínculo de solidariedade. Sempre que
questões de ordem patrimonial tenham de ser solvidas,
principalmente depois de rompido o elo de convivência, são
invocáveis as normas de obrigações solidárias. (CC 264).” (DIAS,
2016, p. 180).
 Ressalta Maria Berenice Dias: “A solidariedade é a razão mesma do
surgimento do vínculo da conjugalidade e o motivo de sua
permanência. Em lugar de direitos e deveres previstos inocuamente
na lei, melhor se o casamento nada mais fosse do que um ninho,
laços e nós de afeto, servindo de refúgio, proteção e abrigo.”
(DIAS, 2016, p. 174).
Sustento, guarda e educação dos filhos
 O inciso IV trata do dever de “sustento, guarda e educação dos
filhos” - é um dever inerente a parentalidade, jurídico e moral dos
cônjuges, e tem como objetivo a boa formação da personalidade
dos filhos. (PELUSO, 2012, p. 1.690).
 “A família encontra fundamento no afeto, na ética e no respeito
entre os seus membros, que não podem ser considerados apenas na
constância do vínculo familiar. Pelo contrário, devem ser sublimados
exatamente nos momentos mais difíceis da relação. A presença
desses elementos é o ponto nodal da unidade familiar. O dever de
assistência transborda os limites da vida em comum e se consolida
na obrigação alimentar para além da dissolução do casamento”. É o
que nos ensina sabiamente Maria Berenice Dias (2016, p. 180).
Sustento, guarda e educação dos filhos
 A guarda é dever e direito dos pais. A infração a esse dever configura ao
infrator à perda do poder familiar e constitui também fundamento para ação
de alimentos. E quanto à obrigação de sustentar os filhos menores, dar
educação e orientação moral, cabe aos pais, até atingirem a maioridade,
ainda que se dissolva a sociedade conjugal. A jurisprudência estende este
dever até a obtenção do diploma universitário, no caso dos filhos estudantes e
sem trabalho, e não terem como se manter nos estudos. (GONÇALVES, 2016, p.
191).
 No caso de novo casamento ou relacionamento, deverá ser sempre
exercido sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro (CC,
art. 1.636). (GONÇALVES, 2016, p. 192). Assim, o Código Civil proclama:
 “CC. Art. 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece
união estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os
direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo
cônjuge ou companheiro”.
Respeito e consideração mútuos
 O inciso V prevê: “respeito e consideração mútuos” - dever estes ligados a parte 
humana e espiritual do casamento (CC, art. 1.511). Configuram violação a este 
dever: tentativa de morte, sevícia, injúria grave, conduta desonrosa, ofensa à 
liberdade religiosa, profissional e social do cônjuge e outros que desrespeitem 
aos direitos da personalidade. (PELUSO, 2012, p. 1.690).
 O dever em estudo é respaldado no artigo 1º, III, da Constituição Federal, que 
tem na dignidade da pessoa humana, não um simples valor moral, mas um valor 
jurídico tutelado, que impede que se atribuam aos cônjuges, um ao outro, fatos 
e qualificações ofensivas na condição de consortes e companheiros. 
(GONÇALVES, 2016, p. 192).
 Como se vê, a responsabilidade acompanha a família contemporânea. A 
autonomia, o cuidado e o afeto devem levar as pessoas a cuidarem umas das 
outras. (TEIXEIRA; RODRIGUES, 2010, p. 97). 
Dissolução da sociedade e do vínculo conjugal

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