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DIREITO CIVIL IV

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Direito Civil IV Direito de Família
Professora Carolina Jannotti
Plano de ensino:
I. Introdução ao Direito de Família
1.1 Diplomas legais
1.2 A disciplina civil-constitucional das relações familiares
1.3 Objeto do Direito
1.4 Natureza Jurídica
II. Direito matrimonial
2.1 Conceito e natureza jurídica
2.2 Esponsais
2.3 Características
2.4 Capacidade/impedimento/causas suspensivas
2.5 Casamento inexistente, nulo e anulável
2.6 Formalidades preliminares (habilitação para o casamento)
2.7 Celebração
2.8 Efeitos jurídicos
2.9 Dissolução do vínculo matrimonial
III. Formas alternativas de vivência familiar
3.1 União estável e concubinato
3.2 União homoafetiva
3.3 União poliafetiva
3.4 Famílias simultâneas
IV. Direito Parental
4.1 Parentesco
4.2 Filiação
4.3 Adoção
4.4 Poder familiar
4.5 Alimentos
V. Direito Assistencial/Protetivo
5.1 Guarda
5.2 Tutela
5.3 Curatela
Bibliografia
· ALMEIDA, Renata Barbosa; RODRIGUES JR, Walsir. Direito Civil: Famílias: Atlas
· FARIA, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias: Lumen Iuris
· LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. Ed. Saraiva.
· DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Família. Ed. RT.
· RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. Ed. Forense.
· PEREIRA, Caio Mário da Silva. Direito Civil: Direito de Família. Ed. Forense.
I. Introdução ao Direito de Família
· Código Civil de 1916:
· Sofreu influência do Direito Canônico;
· Só reconhecia o casamento como união familiar;
· Só os filhos advindos de relações matrimoniais eram considerados filhos;
· Família hierarquizada/patriarcal;
· O marido detinha o poder marital ao passo que a mulher casada era relativamente incapaz para os atos da vida civil, devendo ser assistida pelo marido;
· O chefe de família também detinha o pátrio poder (autoridade dos pais perante os filhos não emancipados)
· Patrimonialista a proteção do Direito de Família era ao patrimônio da família e não aos sujeitos integrantes da família e daí advém a indissolubilidade do casamento;
· Indissolubilidade do casamento (só a morte poderia dissolvê-lo)	a justificativa era proteger o patrimônio da família para que ele não se dissolvesse; não interessava se havia separação de fato; o que valia era o casamento formal ainda que ele não existisse faticamente!
· Grandes novidades do século XX: Lei do Divórcio e Constituição Federal de 1988 (com a CF/88, a família, que era unitária, passou a ser plural)
· A visão de família mudou a partir da CF/1988
Depois da CF/1988, as famílias monoparentais e a união estável foram reconhecidas como famílias. Está pacificado que a CF/1988 não é taxativa. Pode-se admitir outros tipos de núcleo familiar não citados na CF, como a família anaparental (irmãos que moram juntos sem os pais), família avoenga (avós que cuidam dos netos), família recomposta ou mosaico (junta um filho que veio de outro casamento)...
· Família: união, afetividade... É mais fácil exemplificar a definição de núcleo familiar do que conceituá-lo. O Direito de Família é um dos ramos do Direito que mais se modificam em razão da evolução da sociedade!
Em relação ao Direito de Família, a CF/1988 é sempre invocada, pois traz em seus arts. 226/230 a base do Direito Civil referente ao Direito de Família!
Até pouco tempo, um pai não podia reconhecer juridicamente um filho se não fosse casado com a mãe dele “filhos da mãe”
· A bigamia é crime (casar-se com 2 pessoas)	unir-se com 2 pessoas não é união poliafetiva. Hoje, a jurisprudência não reconhece a união poliafetiva como entidade familiar,
porém a doutrina moderna já começa a aceitar. A tendência é que se torne uma entidade familiar!
· Casamento é um contrato em que há formalidade ao passo que a união estável é entidade familiar informal. Se as formalidades preliminares do casamento não forem obedecidas, ele poderá ser anulado;
· Famílias simultâneas = são as famílias paralelas	já tem sido reconhecidas na jurisprudência, mas, para isso, deve-se anular o princípio da monogamia.
· Esponsais = noivado	antes era uma promessa jurídica passível de multa;
· Capacidade núbil: atinge-se aos 16 anos (tanto homem quanto mulher), mas precisa de autorização dos pais! O casamento emancipa a pessoa. Em casos excepcionais, pode-se casar sem ter atingido a idade núbil, mas aí precisa de autorização judicial (ver fl. 21)
· Paternidade socioafetiva: hoje, o entendimento de filiação também avalia a socioafetividade a pessoa não é filha biológica, mas sempre foi sustentada pelo pai/mãe socioafetivo (a)
· Multiparentalidade: uma pessoa pode ter 2 pais ou 2 mães no registro e isso ocorre porque o critério para reconhecimento de paternidade não se restringe ao biológico;
· Poder familiar: o termo mais correto é “autoridade parental”
Direito protetivo (guarda, tutela e curatela)	não diz respeito diretamente ao Direito de Família, mas estudamos aqui devido à proximidade com tal ramo;
· Guarda: ocorre no caso de disputa entre pais ou colocação em família substituta;
· Tutela: o menor de 18 anos é colocado sob os cuidados de alguém porque ela não tem os pais ou os perdeu;
· Uma pessoa separada judicialmente cujo ex-marido falece é viúva!
A separação judicial põe fim à sociedade conjugal ao passo que o divórcio, além disso, dissolve o próprio vínculo matrimonial;
· Mudanças no divórcio após a CF/1988 não há mais número limite de divórcios e o lapso temporal do divórcio direto passa de 5 anos para 2 anos ao passo que o lapso do divórcio indireto (por conversão) passa de 3 para 1;
· O ECA versa sobre guarda, tutela e adoção em relação ao Direito de Família;
1.1 Diplomas Legais Disciplinares
· Lei 379/37 (desde que houvesse habilitação prévia no casamento)
Antes de 1889, o casamento só era através da Igreja (só era válido o casamento religioso). Com a ruptura Estado x Igreja em 1889, só foi aceito o casamento civil, mas as pessoas, sem saber da mudança, continuaram se casando só no religioso. Essa lei veio regulamentar o casamento religioso. Até 1889 o casamento válido era religioso e não havia casamento civil. Em janeiro de 1890 surgiu o decreto 181 que instituiu o casamento civil no ordenamento jurídico. Então para se reconhecer juridicamente o casamento, este precisava ser civil.
· Decreto-Lei 3.200/41 (organização e proteção da família)
Este decreto previu que a Caixa Econômica Federal poderia emprestar dinheiro a juros baixos para quem fosse se casar, bem como previa a possibilidade de reconhecimento de filhos naturais fora do casamento desde que as pessoas fossem solteiras.
A jurisprudência majoritária atualmente acredita que o Decreto-Lei 3.200/41 está em vigor no concernente ao casamento entre colaterais de 3º grau (tio e sobrinho).
Tios e sobrinhos também poderiam se casar desde que houvesse laudo assinado por 2 médicos comprovando que não há incompatibilidade consanguínea que provoque má formação dos descendentes. O CC/2002 não permite o casamento entre colaterais de 3º grau.
· Decreto 9.701/46 (guarda dos filhos no desquite)
Desquite = separação judicial	coloca fim à sociedade conjugal
Discutia-se a culpa na separação. Se a mãe tivesse culpa ela não poderia ter a guarda dos filhos. Hoje não existe desquite, mas separação judicial.
· Lei 883/49 (Lei Terezoca – Reconhecimento de filhos extramatrimoniais)
Foi editada para beneficiar Assis Chateuabriand, que era desquitado. Após o desquite, o homem poderá reconhecer os filhos extramatrimoniais. Além disso, esse reconhecimento também poderia ocorrer por meio do testamento cerrado, mesmo que o homem não fosse desquitada (as informações desse testamento são confidenciais e ele só produz efeitos após a morte). Mesmo com a previsão legal, os filhos extramatrimoniais não tinham os mesmos direitos de herança que os filhos matrimoniais. Os primeiros, mesmo após o reconhecimento, faziam jus a apenas 50% dos direitos dos segundos.
· Lei 1.110/50 (Efeitos civis do casamento religioso)
É mais abrangente que a Lei 379/37 -> prevê que se eu me casei no religioso sem prévia habilitação, eu posso ir ao cartório e registrar o casamento religiosoque terá efeitos civis. É assim até hoje!
· Lei 4.121/62 (Estatuto da mulher casada)
A partir de 1962, a mulher casada atinge a capacidade plena e agora a mulher pode escolher livremente a sua profissão (antes a mulher casada era relativamente incapaz e precisava de autorização do marido para trabalhar, além do fato de que seu salário seria administrado por seu marido).
Ademais, a Lei 4.121/62 estabelecia que os bens adquiridos pela mulher casada com o seu salário não se comunicariam ao marido (bens reservados).
Na década de 70, o número de desquites era altíssimo. A mulher casada, que não trabalhava e se desquitava não possuía meios para sobreviver. Hoje não existe mais desquite. As pessoas que eram desquitadas são hoje consideradas separadas judicialmente por força de lei.
· Lei 4.655/65 (Legitimação Adotiva)
Se o casal viesse a ter filhos após a adoção, o filho adotivo não teria os mesmos direitos do filho natural. De acordo com o CC/1916, não havia adoção de crianças e adolescentes. Só de adultos, mas desde que o adotante não tivesse filho. Só adulto poderia ser adotado.
Outrossim, de acordo com o CC/1916, o vínculo adotivo era apenas entre adotante e adotado. Logo, o ascendente do adotante (avô) só era considerado avô do adotado se o avô consentisse. O filho natural do casal não era irmão do adotado; a adoção de maiores no CC/1916 era revogável.
“Adoção à brasileira”	registrar as crianças como se filhas fossem Adoção simples o vínculo é apenas entre adotante e adotado
A Lei 4.655/65 passou a prever a possibilidade de adoção de crianças de até 7 anos de idade desde que o casal não tivesse filhos. Se o casal tivesse filhos após a adoção, o filho adotado não teria direito a todos os direitos sucessórios;
· Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos)
Regulamenta as disposições processuais relativas à pensão alimentícia e está em vigor em relação aos aspectos processuais. Em relação ao direito material essa Lei não se aplica, pois aplica-se o CC/2002.
Esta Lei traz procedimento célere em que o juiz já fixa os alimentos provisórios no despacho de citação do réu. O rito é especial pois versa sobre a subsistência de alguém que não tem como garantir a sua sobrevivência. Ver fls. 66/69!
· Lei 6.015/73 (Registros Públicos)
Ela está em vigor e versa sobre registro de casamento e formas especiais de casamento.
· Lei 6515/77 (Lei do Divórcio)
Esta Lei foi o 1º passo para reconhecer outros tipos de entidades familiares!
A regra para o divórcio era o divórcio indireto (por conversão)	precisava haver uma separação judicial e somente após 3 anos do trânsito em julgado da sentença de separação é que se podia requerer a conversão.
Excepcionalmente havia o divórcio direto quando da entrada em vigor da Lei em 1977, só poderia requerer o divórcio quem estava separado de fato há 5 anos (redação original). Só cabia 1 divórcio. O 2º casamento era indissolúvel.
Essa Lei foi um grande marco do século XX, pois permitiu a família indissolúvel se dissolver. Foi o primeiro passo para se reconhecer outras formas como entidade familiar, que não o casamento (eterno).
· Lei 6.697/79 (Código de Menores)
Essa Lei trouxe a adoção plena de crianças e adolescentes (nos moldes em que conhecemos hoje) e passava a ter todos os direitos de filho independente de haver filho biológico.
A distinção entre adoção simples e adoção plena acabou com a CF/1988.
Essa Lei regulava a situação de jovens irregulares, abandonados, que sofrem violência, bem como dava a toda a família o vínculo adotivo e não mais só àquele que adotava, bem como dava ao filho adotivo os mesmos direitos que os filhos legítimos.
· Lei 7.841/89 (alterou o art. 40 da Lei do Divórcio)
Esta Lei estabeleceu que não há limite de divórcio, que o tempo para divórcio por conversão passa de 3 anos para 1 ano após o trânsito em julgado e que o lapso temporal do divórcio direto passa de 5 para 2 anos. Esta Lei surgiu para se adequar à CF/1988.
* Lei 8.069/90 (ECA)
Art. 227 CF/1988 princípio do melhor interesse da criança
O ECA visa a proteção de crianças em situação irregular. Em relação ao Direito de Família, o ECA versa sobre guarda, tutela e adoção.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
· Lei 8.560/92 (Investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento) A Lei já presume a paternidade em relação aos filhos matrimoniais.
A partir de 1988 não existe filho ilegítimo. Todos são filhos.
· Lei 8.971/94 (União Estável)
O juízo competente é o da Vara de Família, bem como disciplina alimentos e direitos sucessórios entre companheiros.
· Lei 9.278/96 (União Estável): regulamenta os efeitos pessoais e patrimoniais da união estável, bem como a conversão em casamento.
· Lei 11.441/07 (Separação/divórcio/partilha e inventário na via administrativa)
Esta Lei permitiu também o inventário e a partilha na via administrativa (no cartório de notas), mas a Lei coloca os seguintes requisitos:
· inexistência de filhos menores ou incapazes
· deve ser amigável (consensual)
· presença de advogado para garantir o cumprimento da lei
Ressalte-se que não é requisito a inexistência de patrimônio. A partilha dos bens constará da minuta do acordo, assim como o que se decidir sobre os alimentos. Também poderão decidir se os cônjuges voltarão a ter o nome de solteiros.
Essa escritura possui força de mandado de averbação e pode ser levada ao cartório de registro civil perante o qual ocorreu o casamento para que se extraia nova certidão onde constará o divórcio.
Dependendo do caso, é mais barato fazer o divórcio na via judicial. De acordo com o valor da causa, estabelece-se o valor das custas processuais. Se o valor econômico envolvido for pequeno, o valor das custas também será. No caso do cartório, deve-se pagar as custas e emolumentos.
Na via administrativa, não se segue a regra de competência em razão do lugar do CPC. Logo, não precisa ser o cartório de notas do domicílio do casal.
· Lei 11.804/08 (Alimentos gravídicos)
A obrigação alimentar ocorre entre parentes, cônjuges e companheiros.
Requisitos para a obrigação: vínculo jurídico, necessidade e possibilidade.
Vínculo jurídico: parentesco linha reta ou colateral até 2º grau
Segundo essa lei, a grávida pleiteia em nome próprio, mas em interesse do nascituro. Um dos requisitos legais é a demonstração de fortes indícios de paternidade. Após o nascimento, os alimentos que eram para a mulher se convertem para a criança.
Se depois ficar provado que o homem não era o pai, cabe uma ação de indenização (deverá ser ajuizada na vara cível), mas devem estar presentes os requisitos da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal. Ressalte-se que uma das características básicas da obrigação alimentar é a irrepetibilidade: não se devolvem alimentos!
· Lei 11.698/08 (Guarda compartilhada)
Antes desta lei, o modelo comum de guarda era a guarda exclusiva ou monoparental. Um dos ex-cônjuges era o guardião e o outro, o visitador e fiscalizador.
A lei alterou o que estava disposto no CC/2002 sobre o assunto. Esse modelo de guarda exclusiva é totalmente falido e gera a alienação parental (um dos ex-cônjuges faz “propaganda negativa” em relação ao outro genitor), valendo ressaltar que os avós também podem ser alienadores (nem sempre são só os genitores que praticam alienação parental).
Na guarda compartilhada, a guarda jurídica é dos 2 genitores. Quando se fala em guarda compartilhada, o entendimento é que se trata da guarda jurídica e não da custódia física.
· Lei 13.058/14 (Nova Lei da Guarda Compartilhada)
Independente de consenso ou litígio, o Juiz de Direito pode determinar a guarda compartilhada. Só seo Juiz perceber que a guarda compartilhada é inviável é que ele não autoriza (ou se os pais decidirem que não).
A lei diz que deve haver um equilíbrio da convivência da criança com ambos os genitores. Compartilhamento da custódia física = pressupõe que os dois lares sejam na mesma cidade.
A guarda compartilhada é a regra e ela só não será aplicada se um dos genitores abrir mão desse direito ou se o Juiz verificar que tal guarda não será salutar para a criança.
* Lei 12.004/09 (Altera Lei 8.560/92)
A lei de investigação de paternidade foi alterada de modo a presumir a paternidade daquele que se recusasse à submissão ao exame de DNA, mas essa presunção é relativa, ou seja, não
pode o Juiz presumir a paternidade se o conjunto probatório indica o contrário. Ex: está comprovado nos autos que o suposto pai é estéril.
· Lei 12.010/09 (Nova Lei de Adoção)
Revogou quase todos os artigos do Código Civil referentes à adoção e alterou diversos artigos do ECA. No caso de adoção, a lei cabível é o ECA alterado por essa lei.
A adoção é tida por essa lei como fato excepcional, devendo-se sempre privilegiar a família natural. Ela entende o conceito de família extensa qualquer parente, ainda que distante, tem prioridade se quiser ficar com a criança.
A adoção de adultos segue os termos dessa lei no que couber.
O antigo ECA permitia a adoção intuitu personae, ou seja, a mãe biológica indica para quem quer doar a criança. Legalmente, isso não é mais permitido, pois a lei vedou essa possibilidade. Caso “fica, Duda”. Ver fls. 63/65!
· Lei 12.318/10 (Alienação parental)
Alienação parental: quando pai ou mãe faz propaganda negativa do outro genitor. Em 90% dos casos a alienadora é a mãe, que gera uma síndrome de alienação parental na criança. Podem ser alienadores os avós, os tios, quem estiver com a criança. Muitas vezes a alienação, é feita sem a percepção do alienador.
* EC 66/2010
Extinguiu o lapso temporal para concessão do divórcio.
Antes, havia um lapso de 2 anos após a separação de fato e de 1 ano para o divórcio por conversão (1 ano após o trânsito em julgado da sentença que decretou a separação judicial).
A partir dessa emenda, não há mais prazo para divórcio.
· Lei 12.344/10 (alterou inc. II art. 1610 Código Civil)
Aplicação do regime obrigatório da separação de bens nos seguintes casos:
· sempre que necessário o suprimento judicial para o casamento (menores de 16 anos ou maiores de 16 que não possuem o consentimento dos pais);
· quando o casamento não observar as causas suspensivas do art. 1.523 do CC. Ex: a pessoa pretende se casar de novo antes de realizar a partilha dos bens do antigo casamento;
· maiores de 70 anos	até dezembro de 2010, a idade para casamento com separação obrigatória de bens era 60 anos. A partir dessa lei, passou a ser 70 anos.
QUESTÃO OAB
Uma mulher casada, que não sabe que existe presunção de paternidade em relação ao marido (quando se trata de filhos tidos durante o casamento) fica grávida e briga com o marido. O filho nasce e a mulher registra o filho só em seu nome. Caberia ação de investigação de paternidade?
R: NÃO, pois não há interesse de agir. A lei já diz que o ex-marido é pai, logo, o que cabe é uma retificação do registro civil para a pessoa reivindicar seu estado de filiação. Se o pai presumido não for o pai, ele tem de mover ação negatória de paternidade.
PS: A partir da CF/1988 não há mais filhos ilegítimos.
14/08/2015
I. Introdução ao Direito de Família
I.2 A disciplina constitucional das relações familiares
A família, base da sociedade, é o núcleo social primário em que o indivíduo é inserido na convivência com regras.
O art. 226 da CF/1988, em seu incisos, traz 3 formas de entidade familiar: casamento, união estável e família monoparental. Entendia-se que esse era um rol taxativo, mas hoje já está pacificado que esse rol é meramente exemplificativo.
O núcleo familiar é caracterizado pelo princípio da solidariedade mútua; há afeto!
I.2 A disciplina constitucional das relações familiares
a) Elementos caracterizadores das relações familiares
· afetividade
· estabilidade
· ostensibilidade (eis aqui a diferença entre namoro e união estável!!) CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA CONSTITUCIONALIZADA:
· Plural: há diversas formas de entidades familiares; a família constitucionalizada não é unitária (no CC/1916 a única forma admitida de família era o casamento);
· Igualdade/igualitária (isso se contrapõe à família autoritária e hierarquizada do CC/1916)
· Eudemonista “a busca pela felicidade”
O Direito passa a se importar com a felicidade dos membros da unidade familiar. A família deixa de ser patrimonialista para valorizar a felicidade de cada membro. Hoje, o Direito se preocupa com a entidade em que a pessoa se enxerga como membro e se realiza como sujeito de direitos.
O Direito de Família não protege o casamento desfeito faticamente. O Direito das Sucessões pode proteger em detrimento da união estável posterior.
· Exemplos de entidades familiares
· família monoparental
· famílias recompostas e multiparentalidade
· família poliafetiva (ex: 1 homem vivendo com mais de 1 mulher)
· família anaparental
· famílias simultâneas
FAMÍLIA MONOPARENTAL: a família monoparental não possui estatuto jurídico próprio (não possui artigos no Código Civil que a regulem), mas, como dito, o art. 226 da CF/1988 apresenta um rol meramente exemplificativo!
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
À família monoparental aplicam-se as regras relativas ao parentesco e à relação do direito parental (entre pais e filhos/poder familiar). Essa entidade familiar se constitui por apenas um dos pais e seus descendentes. Até 1988, esse modelo de família não era reconhecido pelo Direito como tal. Cada vez mais cresce o número de famílias monoparentais, seja por divórcio, liberdade sexual etc.
FAMÍLIA RECOMPOSTA (FAMÍLIA MOSAICO):
Quando uma relação se desfaz, aquele que ficou com o filho menor pode vir a constituir uma nova entidade familiar, levando o filho consigo, que passa a conviver com o novo cônjuge/companheiro. Este padrasto/madrasta muitas vezes exerce função paterna ou materna em relação ao enteado e mesmo que não exerça essa função, alguma influência haverá. Pode haver, ainda, a superposição de papéis parentais: pai e mãe biológicos são presentes, mas há outra pessoa que também exerce o papel deles.
Atualmente não se discute sobre os direitos advindos das famílias recompostas, eis aqui um bom tema para monografia. Ex: padrasto que sempre sustentou financeiramente o menor e a mãe não trabalha. Pela letra da lei, o padrasto não precisa pagar alimentos, porém já há entendimento no sentido de que ele tem sim, desde que o menor comprove dependência econômico-financeira.
MULTIPARENTALIDADE: é o reconhecimento jurídico de que a pessoa tem mais de 1 pai e/ou mãe.
O 1º caso de multiparentalidade no Brasil que transitou em julgado é de Rondônia (2012).
Se um transexualjá tinha um filho e fez a mudança de sexo após o nascimento do filho, aí pode ser retificado o registro civil.
FAMÍLIA POLIAFETIVA: a família poliafetiva ocorre quando mais de 2 membros vivem uma união simultânea, todos juntos. Juridicamente, a família poliafetiva ainda não é amplamente aceita.
FAMÍLIA ANAPARENTAL: ausência dos pais. Ex: núcleo familiar constituído por irmãos.
· Fala-se em família unipessoal apenas para considerar o imóvel um bem de família.
FAMÍLIA SIMULTÂNEA: existem 2 núcleos familiares sendo que 1 dos membros é comum a ambos.
I.2 A disciplina constitucional das relações familiares
b) Efeitos civis do casamento religioso (art. 226 §2º)
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
Uma pessoa que se casa só no religioso e deseja se divorciar NÃO pode ajuizar ação de divórcio se não der efeitos civis ao casamento. O processo seria extinto sem julgamento de mérito.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
c) Igualdade de direitos entre homens e mulheres (art. 226 §5º CF/1988)
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
Essa ideia de igualdade de direito entre homens e mulheres na sociedade conjugal também se estende à união estável, ou seja, não se restringe ao casamento.
d) Dissolução do vínculo matrimonial (art. 226 §6º CF/1988)
§6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
A EC 09/77 incluiu o divórcio em nosso ordenamento jurídico e depois foi publicada a Lei do Divórcio (Lei 6.515/77).
Antes havia um lapso temporal para ajuizar ação de divórcio:
· Divórcio direto: 2 anos da separação de fato
· Divórcio indireto (divórcio por conversão): 1 ano
Agora, após a EC 66/2010, basta a vontade de se divorciar como causa de pedir do divórcio.
A separação judicial possui o condão de pôr fim à sociedade conjugal, que é o conjunto de direitos e obrigações decorrentes do matrimônio. Lado outro, a separação judicial não extingue o vínculo matrimonial. Só o divórcio pode colocar fim a tal vínculo. Se a sentença de divórcio transitar em julgado e o casal voltar, o casal precisará se casar de novo.
A maioria dos tribunais considera que a Lei do Divórcio não extinguiu a separação judicial.
e) Livre planejamento familiar (art. 226 §7º CF/1988)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
O casal decide, sem intervenção do Estado, quantos filhos terá, como será a criação, qual a religião, se a educação será home schooling etc.
PS: a não liberdade para praticar o aborto fere o livre planejamento familiar e isso é muito discutido.
f) Igualdade entre os filhos (art. 227 §6º)
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Hoje, não existe mais filho ilegítimo. Tratar os filhos de forma desigual/discriminatória também é vedado.
Filho espúrio: filho adulterino/filho incestuoso
g) Proteção integral da criança e do adolescente (arts. 227 e 228 CF/1988)
Devido ao fato de estarem em desenvolvimento, a criança e o adolescente precisam de proteção para que tragam benefícios futuros à sociedade.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
h) Dever de assistência dos pais em relação aos filhos menores e dos filhos maiores em relação aos pais na velhice (art. 229 CF/1988)
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Se só 1 filho cuida dos pais, esse filho pode fazer uma representação perante o MP para pedir alimentos ou mesmo ajuda nos cuidados.
i) Assistência ao idoso (art. 230 CF/1988) Estatuto do Idoso – Lei 10.741/2003
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
17/08/2015
I.2 A disciplina constitucional das relações familiares
* Princípios do Direito de Família
a) Princípio da afetividade
Há doutrinadores defendendo que a afetividade é princípio dizendo que o Direito de Família deve resguardar a vivência da afetividade, que é diferente de afeto. Independentemente de haver afeto entre as pessoas envolvidas na relação, o Direito de Família tem de proteger a afetividade inerente àquela relação. A afetividade não se restringe ao critério biológico!
b) Princípio da igualdade
Igualdade	entre	os	filhos;	igualdade	de	gêneros;	a	sociedade	conjugal	é	exercida conjuntamente entre homem e mulher; igualdade entre entidades familiares;
c) Princípio do pluralismo familiar: a família deixou de ser una e passou a ser plural.
d) Princípio da liberdade: é a liberdade que as pessoas possuem de constituir qualquer entidade familiar que queiram, bem como a liberdade de desconstituí-la. Também abrange o livre planejamento familiar e a liberdade familiar como a escolha do regime de bens.
e) Princípio da dignidade da pessoa humana: a família passa a ser um locus de realização da pessoa humana. Assim, é considerada entidade familiar aquele núcleo de convivência onde a pessoa se realiza como sujeito.
f) Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente: esse princípio traz a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. O dever de proteção integral não é apenas do Estado ou da família!
· OBS: Princípio da solidariedade familiar
Solidariedade recíproca: obrigação de assistência moral e financeira entre parentes, cônjuges e companheiros.
g) Princípio da monogamia (?)
Recentemente esse princípio passou a ser discutido.
A maioria dos doutrinadores não o considera princípio, pois não é oponível erga omnes. Seria, portanto, um valor moral. Famílias paralelas tendem a ser aceitas juridicamente com o tempo, principalmente se houver boa-fé objetiva (união estável putativa) ou consentimento das partes, ainda que esse consentimento seja tácito.
24/08/2015
I. Introdução ao Direito de Família
I.3 Objeto do Direito de Família
O objeto do Direito de Família é a família!
· SENTIDO DE FAMÍLIA:
· SENTIDO ESTRITO DE FAMÍLIA (art. 226, §§1º, 3º e 4º CF/1988 e arts. 1.567 e 1.716 CC/2002)
Art. 226 § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dospais e seus descendentes.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.
Núcleo familiar Ex: família constituída pelo matrimônio, união estável, monoparental, anaparental, avoenga etc.
· SENTIDO AMPLO DE FAMÍLIA (art. 1.591 CC/2002 e seguintes)
Abrange os núcleos familiares e também as relações de parentesco (tanto por consanguinidade como por afinidade, seja em linha reta ou colateral)
LINHA RETA: o parentesco em linha reta é infinito, não tem limites!
2º grau avô
1º grau pai
Eu
1º filho
2º neto
LINHA COLATERAL: o parentesco jurídico se limita ao 4º grau.
A relação por afinidade é o vínculo jurídico entre uma pessoa e as parentes de seu cônjuge ou companheiro. Também ocorre na linha reta e na colateral.
Para saber o meu grau de parentesco, basta trocar o “eu” do esquema pelo nome do cônjuge.
A linha colateral por afinidade limita-se ao 2º grau na linha colateral. Na linha reta não há limite!
OBS: Não há vínculo jurídico entre “cocunhados”.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
O vínculo por afinidade em linha colateral dissolve-se com o divórcio ou a morte do cônjuge, mas o vínculo por afinidade em linha reta não se dissolve.
Se uma mulher se separa, ela pode se casar com o irmão do ex-marido, mas não com o pai (ex-sogro dela). Essa regra só se justifica por questões morais!
· SENTIDO AMPLÍSSIMO DE FAMÍLIA (art. 1.412, §2º, CC)
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver.
§ 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.
Inclui, além dos núcleos familiares e das relações de parentesco, pessoas estranhas às relações familiares.
Ex: pessoas que estão sob o serviço doméstico (para a finalidade de manter o direito de uso do usuário conforme art. 1.412 do Código Civil)
Ex: família unipessoal (para fins de impenhorabilidade do bem de família)
24/08/2015
I. Introdução ao Direito de Família
I.4 Natureza jurídica do Direito de Família
Direito Privado, Direito Público ou natureza mista?
No passado havia essa questão, pois julgava-se que o Estado tinha ingerência nas famílias para a manutenção delas.
Não é estática, é dinâmica, pois depende do momento histórico-jurídico vivenciado por determinada sociedade.
II Direito Matrimonial
II.1 Conceito e natureza jurídica
É o 1º núcleo familiar tipificado na CF/1988.
Até 1889, o casamento religioso é que era válido. A partir do Decreto 181/1890 (Lei do Casamento) instituiu-se o casamento civil.
O Código Civil de 1916 manteve o casamento civil como válido sem fazer qualquer menção ao casamento religioso. Somente em 1937 e 1950 é que se previu o casamento religioso com efeitos civis (possibilidade de se registrar o casamento religioso).
De acordo com o art. 226, §1º, da CF/1988, o casamento é civil e sua celebração é gratuita. As taxas pagas no cartório correspondem ao pagamento pelo processo de habilitação, pelo registro do casamento e pela 1ª certidão de casamento.
Efeitos civis do casamento religioso: arts. 1.515 e 1.516 do Código Civil
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Se a pessoa se casa apenas no religioso e não dá efeitos civis, o casamento é juridicamente inexistente. O casal pode, depois, pedir reconhecimento de união estável. A Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973) também trata da matéria.
QUAL A NATUREZA DO CASAMENTO?
Há 3 correntes:
· Corrente contratualista:
Concepção clássica da natureza jurídica do casamento. Essa corrente defende que o casamento é um contrato e, portanto, deve seguir as regras do direito contratual.
Posteriormente passou-se a entender que o contrato de casamento era sui generis, devido a suas especificidades (versa sobre questões patrimoniais, mas também pessoais e morais e ainda gera efeitos sociais)
· Corrente institucionalista:
Essa corrente afirma que o entendimento de que o casamento é um contrato significa priorizar aspectos patrimoniais em detrimento de aspectos morais e sociais/pessoais.
Outras críticas: 1) se fosse contrato, as regras seriam livremente negociadas pelos contraentes. Para a corrente institucionalista, essa livre negociação não seria possível; 2) se fosse contrato, bastaria um distrato para dissolvê-lo e isso tampouco é possível para a concepção institucionalista;
Para a corrente institucionalista, o casamento é uma instituição social com regras pré- estabelecidas pelo Estado. A pessoa é livre para entrar nessa instituição, mas não para sair dela. Para sair, seria necessário obedecer às regras legais, enquadrando-se na causa de pedir.
· Corrente mista ou eclética:
O casamento é um contrato em sua formação e é uma instituição social em sua duração.
Os doutrinadores atuais defendem que o casamento ESTÁ em um contrato, pois depende do momento histórico-jurídico e é dinâmico.
Passou a se aproximar da concepção contratual quando foi autorizada a separação (e também o divórcio) na via administrativa e esse entendimento foi reforçado a partir da EC 66/2010, pois acabou com os prazos para divórcio e com a necessidade de uma causa de pedir para desfazer o casamento. Basta querer!
Não cabe mais falar em culpa pela separação. O Estado não pode mais aplicar sanção por culpa pelo divórcio. Portanto, as regras fixas que a corrente institucionalista impunha não são mais válidas. Cada casal estabelece as regras que desejar.
28/08/2015
II. Direito Matrimonial
II.2 Esponsais
Esponsais significam promessa de casamento (noivado) e eram regulamentados antes de 1890: havia assinatura de contrato e a ruptura do noivado gerava multa para quem descumprisse a promessa de casamento.
O que se discute hoje é se gera indenização e isso depende do caso concreto. Se há dano material, há indenização.
A discussão gira em torno de dano moral: se configura ou não dano moral. Caso haja motivo para o fim do noivado, não há direito a indenização. Se a pessoa que rompeu justifica dizendo que não gosta mais,isso tampouco gera indenização, pois as partes têm assegurado o direito a livre escolha.
Ex: o noivo terminou o noivado no dia do casamento civil e, num caso concreto que a professora contou, houve dano moral. Sempre se configura dano moral quando a outra parte é colocada em situação vexatória. Muitas vezes está ligada à publicidade do casamento.
II Direito Matrimonial
II.3 Características do casamento
· Liberdade de escolha e livre consentimento: as pessoas são livres para escolherem se querem ou não se casar. Até 1890, os pais podiam escolher pelos filhos.
Hoje, o vício de consentimento (por coação ou erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge) gera nulidade do casamento ao passo que a falta do consentimento gera casamento inexistente.
· Ato personalíssimo: o casamento é ato personalíssimo! Uma pessoa não pode decidir por outra. Há possibilidade de representação voluntária no casamento (seria o casamento por procuração) e nesse caso o procurador só pode consentir com o casamento, não pode decidir pelo não-casamento. Não cabe representação nem assistência em casamento. O representante legal não pode se casar em nome do representado.
· Solenidade: para que o casamento exista no mundo jurídico, a formalidade prevista em lei deve ser observada. A falta de solenidade gera casamento inexistente (não existe no mundo jurídico).
· Negócio jurídico puro e simples: não existe casamento sob condição ou termo!
· Dissolubilidade: desde 1977, o casamento pode ser dissolvido por meio do divórcio.
· Monogamia: a poligamia (2 ou mais casamentos válidos ao mesmo tempo) não é aceita no Brasil. De acordo com o art. 1.521, VI, as pessoas casadas não podem se casar. Se ela se casar, o 2º casamento é nulo!
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
A dissolução do 1º casamento após a realização do 2º não convalida o 2º casamento!! Porém essa regra não é válida para a união estável.
Uma pessoa separada de fato pode viver em união estável conforme art. 1.723, § 1º:
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
2 uniões estáveis são admitidas quando se defendem as famílias paralelas!
· Diversidade de sexo:
Até 2010, entendia-se que deveria haver diversidade de sexo para configuração do casamento, mas em 2011 o STF admitiu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo/união estável. A CF/1988 diz que a união estável pode ser convertida em casamento. Logo, o STJ decidiu que 2 pessoas do mesmo sexo poderiam se casar diretamente no cartório sem precisar da conversão da união estável em casamento. Ou seja, a diversidade de sexo não é mais uma característica do casamento!
Resolução 175/2013 CNJ: nenhum cartório pode se negar a habilitar 2 pessoas do mesmo sexo para o casamento, tampouco deixar de realizar o casamento. Outrossim, o Judiciário não pode deixar de converter união estável em casamento.
II Direito Matrimonial
II.4 Capacidade, causas suspensivas e impedimentos matrimoniais
a) Capacidade
b) Impedimentos (art. 1.521)
c) Causas suspensivas (art. 1.523)
 Regime de bens Dispensa
d) Oposição
 Impedimentos (art. 1522) Causas suspensivas (art. 1.524)
Procedimento (art. 67, §5º, Lei 6.015/73) Oposição de má fé
· Capacidade: a capacidade matrimonial diz respeito à idade núbil.
No Brasil, a idade núbil (idade mínima para se casar) é de 16 anos para ambos os sexos. Aos 16 anos, o menor, mesmo já tendo atingido a idade núbil, precisará de autorização escrita dos pais ou responsável para se casar, pois o menor ainda não possui capacidade plena para os atos da vida civil.
Havendo divergência de consentimento entre os pais, caberá ação de suprimento de consentimento, vide art. 1.519 do Código Civil:
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
EXCEPCIONALMENTE, nossa legislação autoriza o casamento entre aqueles que não atingiram a idade núbil nos casos de: 1) gravidez; 2) para evitar imposição de pena criminal essa hipótese não está revogada, mas tornou-se letra fria da lei, pois não há correspondente no Direito Penal. Não há crime que se possa justificar pela autorização para o casamento. Então, na prática, só a 1ª hipótese ocorre.
O requisito não é a autorização dos pais, mas a autorização judicial por meio de ação de suprimento de idade.
· Anulação:
Caso o casamento do menor se dê sem autorização dos pais ou autorização judicial, o casamento será anulável de acordo com o art. 1.550 do Código Civil.
Por sua vez, de acordo com o art. 1.551, não se anulará o casamento em razão da idade se dele resultar gravidez (a gravidez convalida o casamento anulável em razão da idade)
Art. 1.550. É anulável o casamento: (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes.
· Regime de bens:
Será o regime de separação obrigatória sempre que for necessário suprimento judicial para o casamento, seja ele suprimento de consentimento ou de idade.
Um menor de 16 anos que tenha autorização dos pais para se casar pode escolher livremente o regime de bens. A restrição não é idade, mas sim se ele se casar com suprimento judicial. Se não escolher o regime legal (comunhão parcial de bens), deverá fazer pacto antenupcial como qualquer pessoa e deverá ser assistido por seu representante legal para fazer esse pacto.
31/08/2015
II. Direito Matrimonial
II.4 Capacidade, causas suspensivas e impedimentos matrimoniais
O parentesco natural diz respeito à consanguinidade. Já o parentesco civil surge da adoção ou do reconhecimento jurídico da socioafetividade.
Irmão unilateral: é o meio irmão (é irmão só por parte de pai ou mãe) Irmão uterino: irmão unilateral por parte de mãe
Irmão bilateral ou irmão germano: irmãos filhos do mesmo pai e da mesma mãe
As normas referentes aos impedimentos matrimoniais são cogentes (são normas de ordem pública e não podem ser afastadas), mas hoje tem se discutido isso!
b) Impedimentos (art. 1521)
Os impedimentos dizem respeito a aspectos circunstanciais que impedem o casamento. Aqui a pessoa já tem capacidade para se casar, mas não pode fazê-lo em certas circunstâncias. Os impedimentos matrimoniais também se aplicam à união estável.
SERÁ NULO O CASAMENTO SE OCORREREM OS IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS!
O casamento nulo nunca se convalida.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado porhomicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Os impedimentos podem se dar em razão:
· do parentesco;
· de vínculo matrimonial existente;
· em razão de crime;
Ascendente x descendente Afins
Parentes bilaterais ou unilaterais
Colaterais até 3º grau! Tio e sobrinho não podem casar!
PS: Primos são colaterais em 4º grau, então podem se casar;
PPS: Discussão de questões morais, seleção eugênica etc
c) Causas suspensivas (art. 1523)
As causas suspensivas não são uma proibição, mas um conselho. Se ocorrerem, o casamento será válido. O entendimento jurisprudencial majoritário é o de que essas causas, por serem restritivas de direito, não podem ser ampliadas, logo, essas causas não se aplicam à união estável.
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
Essa restrição do inc. I só ocorre se o casal tiver filhos em comum e o seu motivo é evitar confusão patrimonial!
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
Motivo: evitar confusão de filiação;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Motivo: para se evitar a confusão patrimonial em relação ao tutelado ou curatelado;
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
· Regime de Bens (art. 1.641, I): a inobservância das causas suspensivas gera a imposição do regime obrigatório de separação total de bens. É uma sanção imposta caso ocorra o casamento.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
· Dispensa (1523, p. único)
· Decreto-Lei 3.200/41: se os nubentes colaterais em 3º grau passarem por 2 médicos peritos e ambos constatarem que não há má-formação genética que prejudique a prole, o casamento dos nubentes será permitido. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, esse decreto está em vigor.
II Direito Matrimonial
II.4 Capacidade, causas suspensivas e impedimentos matrimoniais
a) Capacidade
b) Impedimentos (art. 1.521)
c) Causas suspensivas (art. 1.523) Regime de bens
Dispensa
d) Oposição
 Impedimentos (art. 1522) Causas suspensivas (art. 1.524)
Procedimento (art. 67, §5º, Lei 6.015/73)
Oposição de má fé
d) Oposição
A oposição é um procedimento administrativo-judicial, mas não é ação. É uma decisão administrativa e não faz coisa julgada. Uma vez opostas as causas suspensivas, os atos preparatórios do casamento são suspensos até que as causas suspensivas sejam solucionadas.
· Impedimentos (art. 1.522) / causas suspensivas (art. 1.524)
· Oposição de má-fé
· Procedimento (art. 67, § 5º, Lei 6.015/73 e art. 1.529 CC)
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
CAPÍTULO V
Da Habilitação para o Casamento Lei de Registros Públicos
Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem. (Renumerado do art. 68, pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 1º Autuada a petição com os documentos, o oficial mandará afixar proclamas de casamento em lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los na imprensa local, se houver, Em seguida, abrirá vista dos autos ao órgão do Ministério Público, para manifestar-se sobre o pedido e requerer o que for necessário à sua regularidade, podendo exigir a apresentação de atestado de residência, firmado por autoridade policial, ou qualquer outro elemento de convicção admitido em direito. (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 2º Se o órgão do Ministério Público impugnar o pedido ou a documentação, os autos serão encaminhados ao Juiz, que decidirá sem recurso.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze (15) dias a contar da afixação do edital em cartório, se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de ofício deva declarar, ou se tiver sido rejeitada a impugnação do órgão do Ministério Público, o oficial do registro certificará a circunstância nos autos e entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados para se casar dentro do prazo previsto em lei.
§ 4º Se os nubentes residirem em diferentes distritos do Registro Civil, em um e em outro se publicará e se registrará o edital.
§ 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez
(10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
§ 6º Quando o casamento se der em circunscrição diferente daquela da habilitação, o oficial do registro comunicará ao da habilitação esse fato, com os elementos necessários às anotações nos respectivos autos. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
Após sanadas as causas suspensivas, você pode ajuizar uma ação pedindo a alteração do regime de bens (o pedido deve ser motivado).
Grau de parentesco: em linha reta não há limites, ou seja, de ascendentes e descendentes. Agora, em linha colateral, há parentesco até 4º grau.
Parente do pai, = 1º, parentes do avô 2º, parentes do tio 3º. Vínculo com a sogra e sogro é eterno, mesmo após o divórcio.
Opor significa oferecer, levar a informação a alguém. Os impedimentos podem ser opostos por qualquer pessoa capaz e também podem ser reconhecidos de ofício pelo próprio celebrante ou juiz de paz.
A oposição dos impedimentos pode ocorrer ATÉ a celebração do casamento. A oposição não pode ser anônima, deve ser feita por escrito e deve ser assinada.
A oposição segue o rito sumário do art. 57 da Lei de Registros Públicos (LRP).
Somente as pessoas interessadas (parentes em linha reta – consanguíneos ou afins – e colaterais em 2º grau – consanguíneos ou afins) poderão opor as causas suspensivas.
O entendimento é que essa norma não é taxativa e que outras pessoas poderiam oferecer oposição (ex: ex-cônjuge alegando que não houve partilha de bens)
Art. 67 LRP: publicação dos editais	proclamas	ficam afixadosno cartório por 15 dias prazo para opor as causas suspensivas
· Falta de consentimento: não se confunde falta de consentimento com vício de consentimento. A primeira significa a inexistência da vontade em casar, ou quando a pessoa se cala, causa uma mínima dúvida, já é motivo para suspender o casamento. Por isso o consentimento deve ser EXPRESSO. Se o cônjuge chegar bêbado no cartório o juiz pode suspender o casamento por vício de consentimento.
· Celebração por autoridade incompetente: se a autoridade é relativamente incompetente o casamento é anulável, mas se for absolutamente incompetente é nulo.
Juiz de paz (relativamente competente), Juiz de Direito é que pode celebrar o casamento civil!!! Juiz criminal pode realizar casamento pois é juiz estadual, mas juiz trabalhista não pode nem juiz federal, pois não são juízes estaduais.
04/09/2015
II. Direito Matrimonial
II.5 Casamento inexistente, nulo e anulável
a) Casamento inexistente
- Pessoas do mesmo sexo (Resolução 175 CNJ de 14 de maio de 2013)
Não é mais elemento essencial do casamento. Antes, não se considerava existente um casamento contraído por pessoas do mesmo sexo. A Resolução 175 do CNJ proíbe que os cartórios se recusem a fazer o casamento de pessoas do mesmo sexo. Ver fl. 23!
· Falta de consentimento:
A falta de consentimento é o não consentimento. Ocorre falta de consentimento quando há uma procuração outorgada por instrumento particular, pois não seguiu a forma prevista em lei. A procuração precisa ser por instrumento público e precisa ter poderes específicos,
assim como precisa ter o nome dos nubentes (não cabe ao outorgado escolher). Por fim, a procuração é válida somente por 90 (noventa) dias.
· Celebração por autoridade absolutamente incompetente
O casamento celebrado por autoridade relativamente incompetente é anulável, mas se for autoridade absolutamente incompetente o casamento é nulo. Quais são as autoridades competentes para celebrar casamento? Aí precisa ver a Lei de Organização Judiciária. As autoridades competentes são: juiz de paz, autoridade eclesiástica e autoridade consular. Em Minas Gerais, é o juiz de paz. Na Bahia, é o Juiz de Direito.
· Inobservância das formalidades: o casamento é inexistente caso não siga as formalidades.
b) Casamento nulo (art. 1.548)
· Lei 13.146/2015: Estatuto da Pessoa com Deficiência
· Ação própria/imprescritibilidade
- Efeitos (art. 1.561, 1.563/1.564)
c) Casamento anulável
· Causas (art. 1.550)
· Ação própria
· Efeitos
· Casamento putativo é o casamento nulo ou anulável em relação a quem está de boa-fé;
· Se o negócio jurídico se constitui de forma viciada, o casamento é nulo ou anulável;
· O casamento inexistente não engloba o casamento inválido. No casamento inexistente, há somente aparência, não se discute vício no negócio jurídico, mas sim sua formação.
b) Casamento nulo
No casamento nulo, existe um vício insanável na constituição do mesmo e que não se convalidará. A nulidade não pode ser reconhecida de ofício e nem declarada incidentalmente em outra ação.
Os efeitos do casamento sempre serão aproveitados pelos filhos e pelos terceiros de boa-fé independente da boa-fé ou má-fé dos pais. Ou seja, os efeitos só se aproveitam para quem está de boa-fé!
O cônjuge considerado culpado precisa cumprir o pacto antenupcial.
Em alguns casos, a doutrina defende que haverá produção de efeitos após a sentença no caso de alimentos. Ex: o casamento foi declarado nulo, mas a mulher tinha 75 anos e nunca trabalhou;
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; (Vide Lei nº 13.146, de 2015)(Vigência) FOI REVOGADO PELO ESTATUTO DO DEFICIENTE!
II - por infringência de impedimento.
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (LEI Nº 13.146/2015)
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Ou seja, a deficiência mental não afeta a capacidade civil para o casamento e para a união estável!
Estatuto do Deficiente
Art. 114. A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1.550.
§ 1o ..............................................................................
§ 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.” (NR)
OBS: “Idade núbia” está errado, o correto é “idade núbil”
A parte de “por meio de seu responsável ou curador” deve ser interpretada de forma restritiva.
· O Estatuto do Deficiente revogou todos os incisos do art. 3º do Código Civil. Só haverá incapacidade absoluta em razão da idade. O Estatuto entra em vigor em janeiro de 2016. Também está revogado o inc. I do art. 1.548 do Código Civil. A intenção do Estatuto é a inclusão social. A curatela se limitará às questões negociais e patrimoniais ao passo que as questões existenciais serão decididas pela própria pessoa.
· O casamento inexistente não produz efeito!
· Não é necessário ajuizar ação própria, podendo o casamento inexistente ser declarado incidentalmente em outro processo ou de ofício pelo juiz.
· O vício que nulifica o casamento diz respeito ao interesse público.
O vício que gera a anulabilidade diz respeito às pessoas (não há interesse público)
· As causas suspensivas são de interesse privado das partes.
· O casamento anulável pode ser convalidado por decurso de prazo ou outro meio previsto em lei ao passo que o casamento nulo nunca se convalida.
· O efeito é ex tunc tanto para o casamento nulo quanto para o anulável.
· No casamento nulo e no anulável, o juiz deve ser provocado para decretar a nulidade e a anulabilidade.
b) Casamento nulo
- Efeitos (arts. 1.561, 1.563/1.564 CC):
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa- fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.
Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.
II. Direito Matrimonial
II.5 Casamento inexistente, nulo e anulável
c) Casamento anulável
Vício de pequeno valor, diz respeito as parte envolvidas, aos cônjuges, podendo, portanto este casamento se convalidar. Portanto, não existe o interesse público.
· Ação própria: tem de ter completado 16 anos e ter autorização judicial.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representanteslegais; III - por seus ascendentes
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial.
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários.
§ 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.
§ 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
O inc. IV do art. 1.557 será revogado pelo Estatuto do Deficiente!
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
O prazo é contado a partir da celebração do casamento
IV - quatro anos, se houver coação. Coação é vício de vontade!
§ 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.
§ 2º Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
· O vício de vontade pode se dar por: erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge ou por coação. A causa/motivo deve ser anterior ao casamento, a descoberta deve ser posterior e o fato deve tornar insuportável o casamento. Ex: transgênero, micropênis etc.
OBS: Gravidez pode convalidar casamento, independente do nascimento da criança.
· Efeitos do casamento anulável: arts. 1.561, 1.564, 1.550 e 1.560. Ver fl. 35! O art. 1.550 ganhou o §2º por causa do Estatuto do Deficiente!
Prazo para anular: art. 1.560 (ver fl. 35!)
11/09/2015
II. Direito Matrimonial
II.6 Habilitação para o casamento (arts. 1.525 e seguintes)
a) Procedimento de habilitação (arts. 1.525/1.526)
O procedimento de habilitação é uma formalidade preliminar que antecede a cerimônia do casamento e objetiva verificar fatos impeditivos que possam causar a invalidação do casamento.
· Recomendação nº 16/2010 CNMP: O MP está dispensado de se manifestar no processo de habilitação
· Proclamas (art. 1.527)
· Esclarecimento pelo oficial (arts. 1.528/1.530)
· Certidão de habilitação (arts. 1.531/1.532)
b) Dispensa dos proclamas (art. 1.527, p. único)
· Habilitação para o casamento (arts. 1525 e seguintes): a habilitação para o casamento ocorrerá perante o oficial do cartório de Registro Civil de circunscrição de residência dos nubentes. Se os nubentes tiverem residências distintas, eles podem escolher. A habilitação ocorrerá na circunscrição de residência dos nubentes para facilitar a publicidade.
CAPÍTULO V
Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
· Requerimento/documentos (art. 1.525)
Este requerimento é feito de próprio punho pelos nubentes ou pelo procurador. Se os nubentes não souberem assinar, pode ser a rogo.
· Procedimento de habilitação (arts. 1.526 a 1.532)
Ocorre perante o oficial e esse procedimento dificulta o casamento a fim de se evitar fraudes.
· Dispensa dos proclamas (1.527, p único)
Havendo causa de urgência (p. ex. parto de risco ou doença terminal), poderão os nubentes requerer no processode habilitação a dispensa dos proclamas e o processo é remetido ao Juiz de Direito.
Proclamas são os editais publicados que dão conhecimento ao público que duas pessoas pretendem se casar, ficam fixados em cartórios por 15 dias e, além disso, são publicados em jornais de grande circulação.
· Certidão de habilitação (arts. 1.531/1.532)
Significa que os nubentes estão aptos para se casarem entre si. Tem validade de 90 dias, devendo o casal se casar nesse prazo, sob o risco de ter de fazer tudo de novo. Após os proclamas, não havendo oposição nem impugnação dos documentos, será extraída a certidão de habilitação. A certidão é para que os nubentes se casem entre si. Se quiserem romper o noivado e casar com outra pessoa, essa certidão não vale.
· Deveres de esclarecimento do oficial do registro (art. 1.528)
O oficial do cartório tem que esclarecer quais são os fatos impeditivos do casamento bem como quais são os regimes de bens previstos no Código Civil. Na prática, é muito raro que ocorram esses esclarecimentos pelo oficial do registro.
11/09/2015
II.7 Celebração do casamento
a) Cerimônia (arts. 1.533/1.535)
b) Assentamento (art. 1.536)
c) Suspensão (art. 1.538)
d) Momento da celebração (art. 1.514)
e) Gratuidade do casamento (art. 1.512)
CAPÍTULO VI
Da Celebração do Casamento
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou,
querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir- se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber- se por marido e mulher.
§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.
§ 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
§ 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
· Celebração do casamento
Os nubentes farão um pedido ao Juiz de Paz para designar data e hora. Os nubentes geralmente sugerem uma data e ela geralmente é acatada.
· Cerimônia (arts. 1.533 a 1.535): a cerimônia será realizada em prédio público (cartório) com 2 testemunhas, que podem ser parentes, ou não. Se for em prédio particular, serão 4 testemunhas. Se algum dos nubentes for analfabeto, serão necessárias 4 testemunhas!!
O casamento não tem horário para ser realizado, porém não se pode extrapolar realizando-o em altas horas da madrugada, o que impede a contraposição de alguém.
A cerimônia precisa ocorrer com portas abertas, que simbolizam o acesso irrestrito das pessoas para opor impedimento.
· Assentamento (art. 1.536)
Assentamento é o registro do casamento nos livros dos cartórios, que constará todos os dados dos noivos. O oficial, o juiz de paz, os noivos e as testemunhas assinam o livro de registro.
· Suspensão (art. 1.538)
Observando que há dúvida de algum dos nubentes, o juiz de paz irá suspender o ato. Os nubentes não podem titubear nem de brincadeira. De forma inequívoca, os noivos devem responder que querem se casar. Não se pode retratar no mesmo dia, precisa aguardar pelo menos 1 dia pra fazer a retratação.
· Momento da celebração (art. 1.514)
O momento da celebração é algo muito discutido. Antigamente se falava em consumação (ato sexual), mas isso não ocorre mais. Por que é importante