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Direito Penal II

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REVISÃO
O conceito formal ou analítico de crime é fato típico, ilícito e culpável. A punibilidade não é elemento do crime, mas consequência deste.
Dentro do fato típico, analisa-se conduta, resultado, nexo de causalidade e tipicidade. O fato típico, em regra, é ilícito, ou seja, a tipicidade indicia a ilicitude. Um fato típico só será lícito se houver alguma excludente de ilicitude, quais sejam: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito.
A culpabilidade não se confunde com a culpa. A culpa está na conduta, dentro do fato típico. A conduta pode ser dolosa ou culposa. Dolo é a soma da consciência de praticar o núcleo do tipo penal e vontade de realizá-lo. Já a culpa existe quando verifica-se a violação do dever objetivo de cuidado - que se manifesta por meio da imprudência, negligência e imperícia - previsibilidade objetiva do resultado e a violação do dever objetivo de cuidado é fator preponderante para causação do resultado danoso. 
Já a culpabilidade é um juízo de reprovação feito a quem praticou um fato típico e ilícito, ou seja, a quem é imputável. Tem como elementos a imputabilidade, potencial consciência da ilicitude (só se pode reprovar a conduta praticada por alguém se este tiver potencial consciência do caráter ilícito deste fato) e exigibilidade de conduta diversa (só se pode fazer um juízo de reprovação a alguém que praticou um fato típico e ilícito se o ordenamento jurídico puder exigir um comportamento diverso, caso contrário, haverá inexigibilidade de conduta diversa, como nos casos de coação moral irresistível e obediência hierárquica e, por conseguinte, não há culpabilidade, não existindo crime).
OBS: O inimputável é absolvido por ausência de culpabilidade e a ele é aplicada uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial), que visa curá-lo.
Além disso, a culpabilidade como elemento do crime não se confunde com a culpabilidade como circunstância judicial do art. 59 CP que o juiz leva em consideração na primeira fase de aplicação da pena.
1- CONCURSO DE AGENTES
Quando o crime é praticado por mais de um agente dá-se o concurso de agentes ou concurso de pessoas.
Quando o crime pode ser praticado por apenas uma pessoa, ele é chamado de crime monosubjetivo, como o homicídio, o furto, o roubo. Estes crimes podem ser praticados por apenas uma pessoa ou por várias pessoas. Quando um crime monosubjetivo é praticado por várias pessoas, tem-se o concurso eventual de pessoas. Ex: várias pessoas combinam o homicídio de determinada pessoa.
Quando um crime não pode ser praticado por apenas uma pessoa, ele é chamado de crime plurisubjetivo, como o crime do 288 CP (crime de associação criminosa), que necessariamente exige três pessoas para sua prática. Também é chamado de crime de concurso necessário porque só pode ser praticado por mais de uma pessoa. 
No crime plurisubjetivo, todos os participantes realizam a conduta descrita no tipo penal. Não há necessidade de recorrer à norma de extensão do art. 29 CP.
Síntese: Nos crimes monosubjetivos que vierem a ser praticados por uma pluralidade de agentes, a conduta de alguns desses agentes não se enquadram diretamente no tipo penal, necessitando para a tipificação dessas condutas a aplicação do art. 29.
Ex: A, B, C, D e E se reúnem para matar X. E é o atirador e os demais colaboraram, de diferentes formas, para matar X. Neste caso, apenas a conduta de E enquadra-se diretamente no 121 CP. A conduta dos demais não se enquadram diretamente no 121 porque eles não mataram, mas colaboraram para o crime. Para tipificar essa conduta, deve-se combinar o 121 com o 29 CP.
Diferentemente disso, nos crimes plurisubjetivos, a conduta praticada pelos vários agentes é capaz de se enquadrar diretamente no tipo plurisubjetivo, não necessitando de uma regra de extensão (ex: art. 288 CP).
O concurso de pessoas ocorre quando um crime monosubjetivo vem a ser praticado por mais de uma pessoa, havendo entre os participantes do crime uma divisão de tarefas.
Ex: A contrata B para matar C. Há um crime monosubjetivo, homicídio, que foi praticado por duas pessoas. Verifica-se, pois, um concurso eventual de pessoas. A conduta de B adequa-se ao tipo penal do 121 CP. O mesmo não ocorre com a conduta de A, que mandou matar mas não matou, por isso, deve-se recorrer à norma de extensão do art. 29 CP, combinando-o com o 121 CP. O art. 29, portanto, é mais um caso de adequação típica de subordinação mediata ou indireta.
OBS: Casos de adequação típica de subordinação mediata ou indireta
> art. 14, II CP: crime tentado. O Código Penal descreve o crime consumado. No entanto, se o agente iniciou a execução mas esta não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade, ele responde por crime tentado. Combina-se o artigo que tipifica a conduta tentada com a norma de extenção do art. 14, II. 
> art. 13, parágrago 2º: garantidores. O garantidor responde por crimes omissivos impróprios, ou seja, que são, em geral, praticados por ação, mas o garantidor pode praticá-lo por omissão.
> art. 29: concurso de pessoas.
Participantes do crime: todos os envolvidos no crime.
> autor/coautor: quem realiza a conduta principal.
> partícipe/partícipes/copartícipes: quem colabora para o crime, mas realiza uma conduta secundária ou acessória.
Conceito de autor
Teoria Extensiva: todo mundo que colabora para o crime é autor. Logo, para essa teoria, não há distinção entre autor e partícipe, tendo em vista que se colaborou para o crime já é autor do mesmo. Não é adotada pelo Código Penal.
Teoria Restritiva: faz diferenciação entre autor e partícipe. 
	> Teoria Formal Objetiva: é autor somente aquele que realiza o núcleo do tipo penal (verbo). Todas as demais pessoas que colaboram para o crime mas não realizam o núcleo do tipo penal, por exclusão, são os partícipes. 
Ex: A contrata B para matar C. Para essa teoria, somente B é autor do crime porque somente ele realizou o núcleo do tipo penal (matar). A é mero partícipe.
Crítica feita a teoria formal objetiva: essa teoria coloca o mandante do crime e os grandes chefes das organizações criminosas como meros partícipes.
	> Teoria do Domínio do Fato: autor é aquele que realiza o núcleo do tipo penal mas também aquele que, mesmo não realizando o núcleo do tipo penal, detém o domínio do fato criminoso, tendo em suas mãos o poder de decidir sobre se o crime vai ser praticado e como o crime vai ser praticado. 
Sendo assim, para essa teoria, no exemplo acima, tanto pistoleiro como mandante são autores do crime porque, apesar de o mandante não ter praticado o núcleo do tipo penal, ele detém o domínio do fato criminoso e o poder de decisão se e como o crime será praticado.
OBS: A teoria do domínio do fato só se aplica aos crimes dolosos (STF).
O STF já decidiu que essa teoria só se aplica aos crimes dolosos, nos quais os agentes buscam voluntariamente o resultado. Sendo assim, a teoria do domínio do fato não se aplica aos crimes culposos. 
OBS: Teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro
É certo que o CPB adotou a teoria restritiva do autor porque distingue, em vários dispositivos, a figura do autor e do partícipe. No entanto, expressamente, o CPB não adotou nem a teoria formal objetiva nem a teoria do domínio do fato. Mas a doutrina entende que há um indício que o CPB adotou a última teoria no art. 62, I.
Síntese: Apesar de o Código Penal brasileiro não ter adotado expressamente a teoria do domínio do fato, a doutrina tem entendido que o artigo 62, I CP, ao agravar a pena de quem promove, organiza a cooperação do crime ou dirige a atividade dos demais agentes, pode ser considerado um indício de que o Código Penal Brasileiro adotou a teoria do domínio do fato.
Casos interessantes
1- Pessoa que submete a vítima com constrição física
Ex: Em um roubo, o sujeito que segura a vítima para o outro subtrair é autor do roubo porque ele participou do "subtrair", que é o núcleo do tipo penal.
2- O vigia
	> quando pratica mera conduta acessória de vigia, é partícipe. Ex: ele fica vigiando se a polícia vai chegarou não.
	> se, além de atuar como vigia, ele idealizar o crime, ou seja, participar da sua elaboração, é autor do crime.
3- O motorista
	> quando ele é mero motorista, ou seja, não tem nenhuma outra função a não ser dirigir o carro para levar o criminoso ao local do crime, é partícipe.
	> quando ele leva os agentes para um assalto ao banco, espera a subtração e depois auxilia na fuga, é autor do crime, porque ele auxiliou na subtração.
	> no homicídio, quando o motorista passa ao lado do carro da vítima para o pistoleiro atirar, ele é autor do crime porque ele tem todo domínio da velocidade do carro para que o crime ocorra. Ex: caso Marielly, o motorista é autor do crime, porque, ao freiar ou acelerar ou escolher o melhor lugar para emparelhar o carro, ele tem domínio da situação, não realizando apenas uma conduta acessória.
Formas de participação do partícipe
O partícipe é todo aquele que colabora para a prática do crime sem realizar o núcleo do tipo penal ou sem deter o domínio do fato.
- moral:
	> induzimento: ocorre quando o partícipe faz nascer na cabeça do criminoso a ideia do crime.
Ex: Um sujeito diz para o amigo: "eu gostava dando dela e ela me traiu" e o amigo diz "mata ela". Este amigo que fez surgir a ideia do crime é partícipe moral por induzimento.
	> instigação: ocorre quando o partícipe reforça a ideia do crime na cabeça do criminoso. 
Ex: Um sujeito diz para seu amigo "eu gostava tanto dela, ela me traiu e vou matá-la" e o amigo diz "mata mesmo, ela merece morrer". O partícipe reforçou, então, uma ideia já existente.
- material: ocorre através da prestação de auxílio de natureza material. 
Ex: Um sujeito fala para seu amigo "aquela mulher me traiu e vou matá-la" e o amigo empresta o revólver para o homicídio.
- por ação: a participação se dá por ação (induzir, instigar, prestar auxílio).
- por omissão: o garantidor pode ser partícipe por omissão. Ex: o policial está em serviço e identifica que, ao seu lado, alguém está subtraindo um automóvel alheio, e, podendo agir, permanece omisso. Ele responderá como partícipe do furto ou roubo por omissão.
Síntese: A participação por omissão só ocorre se o sujeito ativo é garantidor. 
Ex: Policial que, em serviço, permanece omisso e permite o furto de um carro. Para parte da doutrina, esse policial responderá como partícipe do furto.
Para Nelson Hungria, o policial só poderá responder por furto em razão de sua omissão se ele desejou, ainda que implicitamente, o furto. Caso contrário, ele somente responderá por uma falta funcional.
> Se o sujeito que pratica a omissão não é garantidor, ele não responde por crime como partícipe, porque não existe para o sujeito que não é garantidor a participação por omissão. Isso recebe o nome de participação negativa, conivência ou crimen silenti. Ele foi conivente com o crime, mas não responde por ele.
Natureza jurídica do concurso de pessoas:
- Teoria unitária ou monista: todos os participantes do crime respondem pelo mesmo e único crime. Foi a teoria adotada pelo CPB.
- Teoria dualista: os autores respondem por um crime e os partícipes por outro crime.
- Teoria pluralista ou pluralística: existem tantos crimes quanto o número de participantes.
A teoria adotada como regra pelo CPB foi a teoria unitária ou monista ao empregar a palavra "crime" no singular no art. 29 CP. No entanto, existem exceções, em que o Código adotou a teoria dualista. 
Ex: 126/124 CP > ABORTO. A gestante que conscente o aborto pratica um crime (124) e o médico que realizou o aborto responde por outro (126).
235 caput/ 235 parágrafo 1º CP > BIGAMIA. A pessoa casada que casa novamente responde pelo 235 caput e a pessoa que sabe que está casando com uma pessoa casada responde pelo 235 parágrafo 1º.
33/317 CP > CORRUPÇÃO ATIVA e CORRPUÇÃO PASSIVA. Quem oferece vantagem ao servidor responde por corrupção ativa e quem recebe a vantagem responde pela corrupção passiva.
Natureza jurídica da participação: a participação do partícipe é sempre acessória de um fato principal. Ou seja, o partícipe só pode ser punido se houver um fato principal.
Para a teoria da acessoriedade mínima, basta que esse fato principal seja típico. Para a teoria da acessoriedade limitada, o fato principal deve ser típico e ilícito. Já para a teoria da acessoriedade extrema, o fato principal deve ser típico, antijurídico e culpável.
OBS: A teoria da acessoriedade limitada foi adotada pelo Código Penal brasileiro.
Ex: A quer matar B, sabe que B é uma pessoa nervosa e anda armada e sabe que C é nervoso, anda armado e atira muito bem. A diz para B que C está saindo com sua mulher. B, tendo ingerido bebida alcóolica, vai tirar satisfação com C, tira a arma e aponta para C. C, vendo B apontando a arma para ele, reage e mata B em legítima defesa. 
> A responde pelo crime de homicídio? 
O fato principal é típico, mas não é ilícito. Então, pela teoria da ac. limitada, A não responderia como partícipe. A teoria da ac. mínima faz essa crítica a teoria da ac limitada. 
Em contra-crítica, a teoria da ac. limitada afirma que não há uma falha na teoria, uma vez que A não responde como partícipe, mas como autor mediato do crime. 
Síntese: Para a teoria da acessoriedade mínima, a teoria da acessoriedade limitada apresenta uma falha que pode ser identificada com o exemplo a seguir. Ex: A quer matar B (pessoa nervosa, que anda armada e já bebeu um pouco) e diz para B que C está saindo com a sua mulher, sabendo que C é nervoso, anda armado e atira muito bem. B dirige-se a C aos berros e aponta-lhe uma arma. C saca o revólver e, como está prestes a ser agredido, atira e mata B em legítima defesa. Neste caso, o fato principal existe, mas é apenas típico, não sendo ilícito. Dessa forma, A não poderia responder como partícipe diante da teoria da acessoriedade limitada.
A teoria da acessoriedade limitada afirma que não existe falha na sua concepção, uma vez que no exemplo tratado não há concurso de pessoas, motivo pelo qual A não pode ser partícipe, existindo um caso de autoria mediata em que A é o autor mediato e C foi utilizado como mero instrumento do crime.
Como punir o partícipe se a conduta dele não está no tipo penal? Valendo-se de uma regra de extensão (art. 29 CP), pois trata-se de um caso de adequação típica de subordinação mediata ou indireta.
Se A emprestou a arma para B matar C. A conduta de emprestar a arma para outro matar não está descrita no 121, que diz "matar alguém". Logo, a conduta de A não se encaixa diretamente no tipo penal. Combina-se, então, o 121 com o 29 porque A concorreu para a prática do homicídio, respondendo, portanto, por ele.
Requisitos do concurso de pessoas
Ocorre em casos de crime monosubjetivo eventualmente praticado por mais de uma pessoa. Existe uma divisão de tarefas e algumas pessoas responderão pelo fato principal porque são autores e outras responderão pelo fato acessório porque são partícipes. De acordo com a teoria do domínio do fato, responde como autor quem praticou o núcleo do tipo penal ou detém o domínio do fato criminoso e, por exclusão, responde como partícipe todo o restante que colaborou para a prática do crime.
Além disso, devem estar presentes os seguintes requisitos:
1- Pluralidade de condutas: todos as pessoas envolvidas na divisão de tarefas devem praticar conduta, seja prevista no núcleo do tipo penal, seja na participação moral ou material (induzimento, instigação ou prestar auxílio). Ex: Um emprestou a arma, outro comprou munição, outro contratou pistoleiro, outro atirou.
2- Relevância causal de cada uma das condutas. A conduta praticada deve ser relevante para a ocorrência do crime.
Ex: A quer furtar uma determinada casa. B é a empregada da casa. Ela houve uma conversa entre A e X que A vai entrar na casa da patroa uma determinada noite e deixa a porta aberta. O ladrão entra pela janela dos fundos. A empregada praticou uma conduta, mas esta não foi relevante para o crime.
Se o ladrão entra pela porta da frente aproveitando que ela está aberta, ela responde pelo crime, porque ela praticou uma conduta e ela foi relevante para o crime.Ex: A empresta uma arma para B matar C. B mata C com várias facadas. Neste caso, a conduta de A não foi relevante para o crime e, por isso, não responde pelo crime de homicídio.
Ex: A empresta uma arma para B, que o coloca na cintura e vai atrás de C. B mata C com uma facada, mas o revólver ajuda porque lhe dá mais encorajamento. Se a faca não resolver, ele dará o tiro. Neste caso, a conduta de A foi relevante e ele responderá pelo crime. A conduta não precisa ser decisiva, mas tem que ser relevante.
3- Liame subjetivo: é a vontade de um agente contribuir para a prática do crime de outro agente. É o elo que liga os criminosos.
> É importante existir somente para o partícipe, não sendo relevante sua existência para o autor principal. Este pode até recusar a ajuda do partícipe.
Ex: A quer furtar a casa de B e está conversando com X ao telefone. W, empregada de B, ouve a conversa e decide deixar todas portas e janelas abertas para facilitar a entrada de A. Dessa forma, W tem o liame subjetivo, ou seja, quer colaborar com a prática do crime. A pode nem conhecer W ou pode conhecê-lo e recusar a ajuda. Se W, mesmo diante da recusa de A, deixar as portas abertas, responderá pelo crime. Se não houver liame subjetivo não há concurso de pessoas.
Ex: A quer matar B. A é médico e B é o paciente internado. A ideia de A é ministrar uma alta dosagem de um medicamento que matará B, mas para se eximir da responsabilidade, ele faz uma letra ilegível no receituário para induzir a enfermeira, esta que ministra tal dosagem e mata B. Neste caso, não há concurso de pessoas porque não houve o liame subjetivo, ou seja, a enfermeira não queria colaborar para o crime. Sendo assim, A responde por homicídio doloso e a enfermeira por homicídio culposo.
Ex: O médico coloca uma alta dosagem, a enfermeira lê, identifica que a dosagem é capaz de matar o paciente, mas aceita ministrá-la porque também quer aquele resultado. Neste caso, há concurso de agentes porque houve liame subjetivo, ou seja, a enfermeira quis colaborar para a prática do crime, ainda que o médico não tenha conhecimento dessa colaboração.
Síntese: O liame subjetivo é a vontade colaborar para a prática do crime do autor principal e só é exigido para o partícipe, não o sendo para o autor principal. Este pode até recusar a ajuda do partícipe, todavia, se o partícipe colaborou de forma relevante para o crime, ele responderá para o crime.
O liame subjetivo exige identidade do elemento subjetivo (dolo) e do elemento normativo (culpa) do tipo penal. Assim, só haverá participação se houver dolo-dolo ou culpa-culpa. Podemos afirmar que: Nunca existirá participação dolosa em crime culposo e nunca poderá existir participação culposa em crime doloso.
4- Identidade de infração para todos os participantes (29 CP).
RECAPITULANDO
O concurso de pessoas ocorre quando um crime monosubjetivo vem a ser eventualmente praticado por várias pessoas. Todas as pessoas que colaboraram para a prática do crime são os participantes. Existe a figura do autor e do partícipe.
A teoria formal objetiva diz que autor é aquele que realiza o núcleo (verbo) do tipo penal. Se mais de uma pessoa praticou o núcleo do tipo penal, tem-se coautores. Quem não realizou o núcleo, mas colaborou para o crime chama-se partícipe. Essa teoria é criticada porque ela deixa de fora do conceito de autor os mandandes da organização criminosa, todavia, estes não realizam mera conduta acessória mas conduta principal.
A teoria do domínio do fato considera autor quem realiza o núcleo do tipo mas também aquele que, mesmo não realizando o núcleo do tipo, detém o domínio do fato, tendo poder de decidir se e como o crime será praticado.
O CP não adotou expressamente nenhuma dessas teorias, mas a doutrina brasileira entende que o CP dá indícios de que adotou a teoria do domínio do fato. Hoje, prevalece a teoria do domínio do fato, sobretudo, após o julgamento da ação penal 470 (Mensalão), no qual essa teoria foi aplicada pelos ministros do STF para condenar José Dirceu. 
Requisitos para o concurso de pessoas:
- Pluralidade de condutas: todos os participantes devem praticar condutas. O partícipe pode praticar induzimento ou instigação (participação moral) ou prestar auxílio (participação material).
- Relevância causal de cada uma das condutas. A conduta praticada pelos coautores e pelos partícipes tem que ter relevância para a prática do crime.
Ex: Eu empresto um revólver para um amigo cometer um crime e esse amigo mata a vítima com uma faca. Teve pluralidade de condutas, mas a minha conduta não teve relecância causal para esse crime.
Ex: Eu posso emprestar a arma para ele, ele utilizar a arma do pai dela, mas a minha arma serviu para ter mais coragem. Ela coloca a minha arma de um lado da cintura e a arma do pai de outro lado da cintura. Na hora ela usou o do pai, mas ela teria outro para utilizar caso este mascasse. Nesse caso, a minha conduta não foi decisiva, mas relevante e, por isso, respondo como partícipe.
- Liame subjetivo: vontade de colaborar para a prática do crime. Deve existir para o partícipe, não sendo necessário que ele exista para o autor, podendo este recusar a ajuda do partícipe. O autor e o partícipe podem nem se conhecer.
Ele exige identidade do elemento subjetivo (dolo) e normativo (culpa). Se o autor agiu com dolo, o partícipe tem que agir com dolo. Se o autor age com culpa, o partícipe tem que agir com culpa.
Ex: Um médico quer matar um paciente e prescreve no receituário uma dose maior de determinado medicamento para matá-lo. A enfermeira olha o receituário e culposamente aplica essa dosagem. Se o médico agiu com dolo e a enfermeira agiu com culpa, não há liame subjetivo e não há concurso de agentes. O médico responderá por homicídio doloso e a enfermeira responderá por homicídio culposo.
Ex: Um médico, querendo matar um paciente, prescreve no receituário uma dose maior de determinado medicamento. A enfermeira lê o receituário, percebe que essa dosagem é capaz de matá-lo e mesmo assim aplica, havendo, portanto, dolo, que pode ser direto ou eventual. Há dolo na conduta do médico e na conduta do enfermeira. Adotando a teoria do domínio do fato, os dois responderão como autores de um homicídio doloso praticado em concurso de pessoas. Pela teoria formal objetiva, somente a enfermeira é autor do crime, sendo o médico partícipe deste.
- Identidade da infração para todos os participantes (29 CP)
Todos os participantes tem que desejar praticar o mesmo crime e responderão por este mesmo e único crime, haja vista a teoria unitária adotada pelo CPB. 
Ex: Eu empresto a arma para A matar B. Eu quero matar B e A também quer matar B.
Ex: A e B se juntam para praticar um furto na casa de C. B entra na casa e A fica de vigia. B, ao entrar na casa, verifica que a filha de C está em casa sozinha e semi-nua. B, aproveitando da segurança oferecida por A como vigia, resolve, além de furtar a casa, estuprar a filha de C. 
> A, vigia, que queria colaborar com o furto, será responsabilizado pelo estupro? Não, porque o partícipe colaborou com a prática de um furto e não do estupro, não havendo liame subjetivo nem identidade da infração entre os participantes.
Autoria colateral > não configura concurso de pessoas.
A inexistência do vínculo subjetivo ou liame subjetivo entre os vários participantes do crime é capaz de levar à autoria colateral.
Ex: Um garçom quer matar o patrão e a empregada também deseja matar o patrão. O garçom não tem nenhum vínculo com a empregada doméstica. Certo dia, por coincidência, a empregada coloca um pouco de veneno na comida que preparou para o patrão e o garçom, antes de serví-lo e desconhecendo a conduta da empregada, também coloca um pouco de veneno na comida. Não há, portanto, liame subjetivo entre eles, ou seja, um não quis colaborar para o crime do outro. Assim, se o patrão ingere a refeição e vem a falecer, não há concurso de pessoas porque faltou o vínculo subjetivo. Verifica-se um caso de autoria colateral, no qual ambos respondem por homicídio doloso sem coautoria.
Autoria colateral incerta> não há concurso de pessoas
Ocorre quando, na autoria colateral, não se descobre quem é o autor do crime.
Ex: O garçom coloca veneno na comida do patrão, a empregada também. Um não sabe da conduta do outro. O garçom coloca 0,5 mg e a empregada coloca 0,3 mg. A perícia afirma que o veneno aplicado só é capaz de matar a partir de 6,5 mg. 
Se ocorrer concurso de pessoas, os dois repondem por homicídio consumado.
Se trata-se de autoria colateral, os dois serão absolvidos pela prática de crime impossível.
Ex: A quer matar X e B quer matar X. Um não sabe da vontade do outro. A se coloca de emboscada e B também. X está passando e, no mesmo momento, A e B atiram. X morre. A perícia descobre que só uma bala atingiu X, mas não consegue identificar se o disparo foi proveniente da arma de A ou de B. Um praticou homicídio consumado e outro praticou homicídio tentado. Porém, a perícia não consegue descobrir quem matou e quem tentou matar. Neste caso, os dois responderão por homicídio tentado, mesmo havendo a morte de X. Se houvesse liame subjetivo e, por conseguinte, concurso de pessoas, ambos responderiam por homicídio consumado.
> Vindo a vítima falecer, pode haver algum caso em que os autores respondem por crime tentado? Sim, no caso de autoria colateral em que não é possível descobrir o autor do crime.
Participação de participação
A induz B a induzir C a matar X.
> A responde como partícipe? Sim, porque praticou uma conduta (induzir) relevante, há liame subjetivo e identidade de infração penal para todos os participantes.
Síntese: Se a participação de A for relevante, A também responderá como partícipe.
Participação sucessiva
A induz ou instiga B a matar X,
C induz B ou instiga a matar X.
A e C responderão pelo crime desde que a participação seja relevante. 
> Para Fernando Capez:
A induz B a matar X,
A presta auxílio a B para matar X.
Houve participação de A por induzimento e por prestação de auxílio de natureza material.
Participação e arrependimento
> Se o autor se arrepende:
O arrependimento do autor beneficia também o partícipe.
Eu empresto a arma para A matar B. Se A se arrepende ou desiste, este arrependimento ou desistência se estende a mim porque não haverá mais fato principal.
Síntese: A desistência ou o arrependimento eficaz do autor beneficia o partícipe, mesmo o partícipe não desistindo ou se arrependendo porque a participação é acessória de um fato principal e, se o fato principal não ocorre, não há como punir o fato acessório.
> Se o partícipe se arrepende:
- Se ele consegue evitar o crime:
Eu empresto a arma para A matar B. Eu me arrependo de forma eficaz, vou até a polícia e informo quando e onde o crime acontecerá. A polícia vai até lá e consegue evitar o crime. Se o arrependimento for eficaz, o partícipe não responde pelo crime.
- Se ele não consegue evitar o crime:
Se o arrependimento foi ineficaz, em regra, o partícipe responderá pelo crime.
Síntese: Se o partícipe se arrepender e o crime não for impedido de ocorrer, em regra, ele responderá pelo crime. Excepcionalmente, o partícipe só não responderá neste caso se ele externou o seu arrependimento à autoridade policial e esta não impediu a ocorrência do crime por sua ineficiência e também se a conduta do partícipe foi relevante (ex: emprestou a arma e a arma encorajou o homicida), mas não decisiva para a prática do crime (ex: o autor praticou o crime utilizando uma faca).
No art. 29 temos 3 aspectos importantes:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
1- É uma norma de extensão. Através do artigo 29 CP, faz-se uma adequação típica de subordinação mediata ou indireta.
2- Adota a teoria monista: palavra "crime" foi empregada no singular. Essa teoria admitie exceção.
3- Realça a adoção da teoria da acessoriedade limitada: essa teoria afirma que a participação do partícipe é acessória ao fato principal e este tem que ser típico e antijurídico, não necessitando ser culpável. O art. 29 CP individualiza a culpabilidade.
Art. 29, parágrafo 1º CP: participação de menor importância.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
- Só se aplica ao partícipe: não existe participação de menor importância para o coautor.
- A redução é obrigatória (César Roberto Bittencourt): o termo "pode", segundo ele, refere-se à quantidade da diminuição; sendo que esta diminuição é obrigatória.
Ex: Em um crime de extorsão mediante sequestro, um partícipe participa apenas fazendo café e almoço para os sequestradores. Ela sabe do sequestro, mas sua participação é de menor importância. Logo, responderá pelo sequestro como partícipe, mas terá sua pena diminuída. Segundo César Roberto Bittencour, a pena obrigatoriamente será diminuída, a faculdade está relacionada apenas ao quanto de diminuição.
Art. 29, parágrafo 2º CP: cooperação dolosa distinta.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Ex: A e B combinam um furto na casa de C. A fica como vigia e B entra para subtrair. Ao entrar para subtrair, B encontra a filha de C semi-nua e a estupra. A quis participar de um crime menos grave (furto) e responderá somente por este. Neste caso, há liame subjetivo em relação ao furto e não ao estupro. 
No entanto, se o crime mais grave - estupro - for previsível, A responderá pelo crime que quis participar - furto - com a pena aumentada.
Sendo assim, a duvidá é: ele responderá pelo crime menos grave com a pena aumentada ou sem a pena aumentada? Só responderá com a pena aumentada se o crime mais grave for PREVISÍVEL.
Neste caso, o estupro é previsível ou não? Em caso negativo, A só responderá por furto. Se o estupro for previsível, A responderá por furto com a pena aumentada em metade.
> O crime mais grave não contou com a vontade daquele sujeito, logo, foi praticado em excesso. Deve-se analisar se o excesso é quantitativo ou qualitativo. Se o excesso for quantitativo, ele é previsível. Se o excesso for qualitativo, é imprevisível.
>> Excesso quantitativo:
Ex: A empresta um porrete para B praticar uma lesão corporal em C. B, ao dar uma coça em C, além de lesar, acaba matando-o. A morte aconteceu pelo excesso de pauladas. O excesso, neste caso, é quantitativo, e, por isso, previsível, uma vez que o homicídio é uma progressão da lesão corporal. Diante disso, A responderá pela lesão corporal com a pena aumentada.
Ex: A e B combinam a prática de um furto na casa de C. B entra na casa de C, identifica uma pessoa que eles imaginaram não estar na casa e pratica um latrocínio. O latrocínio em relação ao furto é um excesso quantitativo porque é um desdobramenro deste. Sendo assim, se o excesso é quantitativo, é previsível e A responde pelo furto com a pena aumentada.
>> Excesso qualitativo:
É o caso do furto e estupro. O estupro não é um desdobramento natural do furto, sendo, portanto, imprevisível.
Síntese: Para Joarez Sirino dos Santos ("A moderna teoria do fato punível"), para interpretarmos o artigo 29, parágrafo 2º, é importante diferenciar o excesso quantitativo excesso do qualitativo. Ocorre o excesso quantitativo quando o crime mais grave se apresenta como um desdobramento natural do crime desejado. Exemplo: os agentes combinam uma lesão corporal e ocorre um homicídio; os agentes combinam um furto e ocorre um latrocínio. Já o excesso qualitativo não se apresenta como um desdobramento natural do crime. Exemplo: os agentes combinam um furto e um dos agentes pratica, além do furto, o estupro.
Como o excesso quantitativo é natural, ele é previsível ao passo que o excesso qualitativo, por não ser um desdobramento natural, é imprevisível.
Artigo 30 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Ex: A, funcionário público, e B, não funcionário público, praticam um furto no estabelecimento público em que A trabalha. A responderápor peculato, que é um crime próprio, ou seja, exige uma qualidade específica do sujeito ativo. B responderá por peculato ou furto?
Ex: A, mãe em estado puerperal, desejando matar o filho logo após o parto e contando com a ajuda do pai, mata o recém-nascido. A mãe responde por infanticídio. E o pai responde por homicídio ou infanticídio?
Ex: A e B ajustam um furto. B resolve entrar durante o respouso noturno. A, que não havia combinado isso, responde pela pena aumentada devido ao repouso noturno ou não?
> 3 passos (Fernando Capez):
	1- Diferenciar elementares de circunstâncias.
Quando eu risco uma elementar, o crime desaparece, podendo surgir um não crime ou outro crime. Ex: "funcionário público" no crime de peculato é uma elementar. Se eu cortar, surge o crime de furto ou apropriação indébita. 
Quando eu risco uma circunstância, o crime não deixa de existir. Ex: "repouso noturno" no furto é uma circunstância, visto que se for cortada, o crime de furto não deixa de existir.
	2- Diferenciar circunstâncias objetivas de circunstâncias subjetivas.
As circunstâncias objetivas são aquelas relacionadas ao fato criminoso, ao modo de excecução e ao local do crime. Ex: repouso noturno.
As circunstâncias subjetivas são relacionadas ao agente criminoso. Ex: reincidência, maus antecedentes, relações de parentesco que agravam o crime. 
	3- As circunstâncias subjetivas nunca se comunicam no caso de concurso de agentes.
	As circunstâncias objetivas podem se comunicar no caso de concurso de agentes, desde que entrem na esfera de conhecimento do partícipe.
	As elementares, sejam elas objetivas ou subjetivas, podem se comunicar no caso de concurso de agentes mas, para se comunicarem ao partícipe, precisam de entrar na esfera de conhecimento do partícipe.
OBS: Elementares objetivas relacionam-se ao fato criminoso enquanto elementares subjetivas vinculam-se ao agente criminoso (ex: "funcionário público" no peculato).
- A e B combinam um furto. B resolve praticá-lo em repouso noturno, todavia, A não sabia que o furto seria praticado no repouso noturno. "Repouso noturno" é uma circunstância objetiva que não entrou na esfera de conhecimento do partícipe. Neste caso, A responde por furto mas não responde pela agravante.
- A mãe em estado puerperal pratica um infanticídio e o pai ajuda. O estado puerperal é uma elementar e o pai tinha conhecimento do infanticídio. Então, o pai responde como coautor ou partícipe do infanticídio.
-A, funcionário público, e B, não funcionário público, praticam um furto no estabelecimento público em que A trabalha. A responde por peculado e B também "funcionário público" é uma elementar que entra na esfera de conhecimento do partícipe.
Concurso de pessoas nos crime omissivos
Nos crimes omissivos, há um preceito mandamental, ou seja, o legislador manda você fazer e você não faz.
A doutrina majoritária entende que não existe coautoria e participação nos crimes omissivos, porque todo aquele que violar o preceito mandamental será autor distinto ou autônomo do crime.
Concurso de pessoas nos crimes culposos > assunto controvertido
Crimes culposos não admitem participação, uma vez que é algo estritamente doloso porque há consciência e vontade de colaborar com o crime.
1ª corrente: não admite coautoria; não admite participação.
O crime culposo é um tipo penal aberto, então, quem violar essa norma penal é autor autônomo do crime.
Ex: Um sujeito senta no banco do carona e instiga o amigo a correr de carro. O amigo acelera e acaba matando alguém atropelado. Neste caso, não há coautoria mas autorias distintas. O sujeito, ao instigar a violação do dever objetivo de cuidado, como trata-se de um tipo penal aberto, violou o dever objetivo de cuidado. Havendo previsibilidade objetiva de resultado, ele é autor do crime de homicídio culposo. O motorista, ao acelerar, também violou o dever hojetivo de cuidado e há previsibilidade objetiva do resultado, sendo também autor do crime culposo. 
2ª corrente: admite coautoria; não admite participação.
Pode haver coautoria somente nesta situação: A e B, operários da construção civil, lançam uma tábua e acabam matando alguém. Só há coautoria se a tábua só puder ser levantada e lançada pelos dois operários. Houve ajuste de vontade no momento da conduta, mas não no momento do resultado.
Síntese:
> Para quem não admite coautoria:
Entendem que, em razão do crime culposo ser descrito por um tipo penal aberto, toda pessoa que violar o dever objetivo de cuidado com previsbilidade objetiva do resultado será autor do crime culposo.
> Para quem admite coautoria:
Se a conduta só puder ser praticada por meio de um ajuste de vontades, mesmo que essas vontades não existam no momento do resultado, haverá coautoria.
Ex: 2 operários da construção civil lançam uma tábua pesada, que só pode ser lançada pelos dois, e acabam matando um transeunte. Neste caso, haverá coautoria em razão do ajuste de vontades.
Concurso impropriamente dito, pseudoconcurso ou concurso aparente
Ocorre quando, no concurso de pessoas, existe um menor de idade sem se configurar um caso de autoria mediata ou indireta. O menor atua de forma consciente, não é mero instrumento do crime. 
OBS: Autoria mediata ou indireta ocorre quando um sujeito quer praticar um crime e se vale de um terceiro como mero instrumento do crime. 
Ex: A quer particar um homicídio e se vale de B, menor de idade, para que este pratique o homicídio contra X. B é mero instrumento do crime. Pode ser que ele não tenha dolo, culpa, culpabilidade ou não venha a agir com ilegalidade.
Síntese: Se o menor é mero instrumento do crime e pratica um delito desejado por alguém, temos um caso de autoria mediata. Entretanto, se o menor tem consciência de estar colaborando para a prática de um crime, haverá o concurso de pessoas, denominado pela doutrina de concurso impropriamente dito, pseudoconcurso ou concurso aparente.
O maior responde por crime previsto no CP e o menor responde por ato infracional previsto no ECA.
Consumado o crime, não se admite participação
Para que aja figura do partícipe, ele deve ingressar na cadeia criminosa antes da consumação do crime.
Só há concurso de pessoas, se o partícipe entra na cadeia criminosa antes do crime se consumar.
Ex: Eu combino com uma pessoa: "mata X, que eu te ajudo na fuga". > concurso de agentes.
Uma pessoa, sem minha participação, mata alguém, vai até minha casa e pede ajuda para fugir. > se eu ajudo, não sou partícipe; não há concurso de agentes. Eu respondo pelo crime de favorecimento pessoal.
Autoria mediata
O sujeito deseja a prática do crime e, para sair impune, utiliza outra pessoa como mero instrumento do crime. O instrumento pode agir sem dolo (Ex: Eu combino com o fretista para ele passar na minha casa às 6h da manhã e pegar tudo que tem lá e levar para Bom Jesus. Na verdade, a casa não era minha e eu estava praticando um furto. O motorista, neste caso, foi mero instrumento do crime), culpa, culpabilidade e ilicitude.
Ex: O gerente de banco recebe uma ligação do ladrão, falando para ele deixar a agência e o cofre aberto, caso contrário, ele mata seu filho. O gerente agiu, neste caso, sem culpabilidade porque houve uma coação moral irresistível. Verifica-se um caso de autoria mediata de furto.
- São casos de autoria mediata: erro de tipo provocado por terceiro, erro de proibição provocado por terceiro, coação moral irresistível, obediência hierárquica, utilização de um menor, de um drogado ou de um embriagado, sujeito que provoca uma situação de legítima defesa.
- Na autoria mediata NÃO existe concurso de pessoas porque não há liame subjetivo, ou seja, o instrumento do crime não quer colaborar com a prática deste.
2- PENAS
A pena é consequência do crime.
a) Conceito: 
Pena constitui uma privação de direitos cominada pela lei e aplicada pelo juiz ao condenado, que a ela deve se submeter. A pena ora priva a liberdade ora restringe direitos ora impõe uma multa (sanção pecuniária). Existem penas privativas de liberdade (restringe a liberdade, priva o direito de ir e vir), penas restritivas de direitos (restringemoutros direitos que não seja a liberdade) e multa. A pena é cominada pela lei, atendendo ao princípio da legalidade. Diante disso, não existe a possibilidade de o juiz aplicar a um caso concreto uma pena que não esteja prevista abstratamente no ordenamento jurídico. O CP adotou o sistema das penas relativamente indeterminadas, ou seja, prevê uma pena mínima e uma pena máxima e o juiz, diante do caso concreto, levando em consideração certas circunstâncias e qualidades do agente, aplica uma pena, podendo ser próxima do mínimo ou do máximo. 
O DP é do fato, o que importa é o fato criminoso e não o agente. A diferença está na aplicação da pena. O juiz, na primeira fase de aplicação da pena, leva em consideração as características do agente criminoso. 
Ex: O bom pai de família e o Fernandinho Beiramar cometem um homicídio. Ambos responderão por esse crime,, haja vista que o DP é do fato. No entanto, na aplicação da pena, o juiz leva em consideração as características do agente criminoso e, por isso, ao bom pai de família será atribuída uma pena próxima ao quantum mínimo enquanto ao Fernandinho Beiramar será atribuída uma pena próxima ao quantum máximo. 
> O juiz vai fixar entre o quantum mínimo e o quantum máximo a quantidade de pena com base no artigo 59 CP.
b) Características da pena:
- A pena é personalíssima, ou seja, só é aplicada ao criminoso. Se o condenado vem a falecer, extingue a punibilidade e acaba o processo. Ou seja, não há possibilidade de, no caso de morte do condenado, a pena ser transferido a seus herdeiros.
OBS: A pena de prisão civil não é personalíssima.
- A pena deve observar o princípio da legalidade: "não há pena sem prévia cominação legal". A cominação da pena é feita em abstrato pela lei. A pena em concreto é aplicada pelo juiz.
- A pena deve observar o princípio da proporcionalidade. Deve haver uma proporção entre a gravidade do crime e a quantidade da pena. Se não existir essa proporção, há uma inconstitucionalidade nessa previsão.
Ex: O homicídio tem uma pena maior que o do furto porque o primeiro viola um bem jurídico maior que o segundo.
- A pena é inderrogável. Cometido o crime e aplicada a pena, o condenado deverá se submeter a essa pena. Ou seja, se houve a condenação, o sujeito deve cumprir a pena.
c) Princípios relacionados às penas:
- Legalidade/anterioridade: Não há crime sem lei anterior que o defina, não pena sem prévia cominação legal. Para que uma conduta seja tipificada e considera criminosa, deve haver uma lei e esta deve ser anterior.
Esse é um princípio constitucional, com origem de normas internacionais, que foi copiado no art. 1º do CP.
- Da humanização (art. 5º, XLVII, CF): impede a pena de morte (salvo em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e penas cruéis.
Esse princípio ganha concretude no artigo 75 CP, que impõe um limite máximo de 30 anos às penas. Ex: Se uma pessoa foi condenada a 100 anos, ela só cumprirá 30 anos. No entanto, a relevância de ser condenado a muitos anos é que todo benefício penal é calculado sobre a quantidade total da pena, não com base nos 30 anos em que a pena será executada. Por exemplo, para conseguir a progressão do regime fechado para o semiaberto, ele deve cumprir 1/6 da pena, levando em consideração a pena total em que o sujeito foi condenado. 
- Da personalidade ou da intranscendência: a pena é personalíssima, ou seja, só será aplicada ao criminoso. Se ele vier a falecer, extingue-se a punibilidade e acabou o processo (art. 109, I CP).
- Da proporcionalidade: deve haver uma correlação (proproção) entre a gravidade do crime e a quantidade da pena. Quanto mais grave o crime, maior e mais grave a pena sob pena de inconstitucionalidade por ferir o princípio da proporcionalidade. Sendo assim, o roubo, por exemplo, tem que ter uma pena maior que o furto.
- Da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF): no momento da fixação da pena, o juiz levará em consideração as características do agente criminoso.
- Da inderrogabilidade: cometido o crime e imposta uma pena, o condenado deverá se submeter a essa pena.
d) Das penas privativas de liberdade (Art. 32 CP):
- Reclusão; (crime)
- Detenção; (crime)
- Prisão simples. (contravenção penal)
O CP prevê para o crime a pena de reclusão e detenção e a Lei de Contravenções Penais prevê a prisão simples.
OBS: A CF proíbe prisão perpétua (art. 5º, XLVII, CF), o que está materializado no artigo 75 do CP, que impõe limite de 30 anos às penas privativas de liberdade. 
e) Das penas restritivas:
- de direitos (Art. 43 CP).
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I - prestação pecuniária; 
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana;
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos.
VI - limitação de fim de semana.
A parte especial do CP, que se inicia no artigo 121, não prevê penas restritivas de direitos, apenas penas privativas de liberdade (reclusão, detenção) ou multa. 
A pena restritiva de direito é substitutiva, é uma medida alternativa, que visa evitar o encarceramento do criminoso. Sempre que o juiz aplicar uma pena privativa de liberdade, ele verifica se os requisitos do artigo 44 CP estão presentes. Em caso postivo, ele substitui a pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos. Se o sujeito cumpre essa pena restritiva de direitos integralmente, ele tem extinta sua punibilidade sem cumprir uma pena privativa de liberdade. Se ele não cumpre, essa pena restritiva de direitos é convertida em pena privativa de liberdade.
Síntese: As penas restritivas de direitos estão previstas no artigo 43 do Código Penal, mas não estão previstas na parte especial do Código Penal, tendo em vista que são penas substitutivas, ou seja, primeiramente o juiz aplicará uma pena privativa de liberdade e, se extiverem presentes, os requisitos do art. 44 CP, o juiz irá substituir a pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos. Daí poder-se afirmar que as penas restritivas de direitos são penas alternativas já que visam evitar o encarceramento do condenado. 
OBS: Essa substituição se aplica à parte especial do CP e à toda legislação extravagante.
- de liberdade (não previstas pelo CP): banimento, degredo e desterro > proibidas pela CF, art. 5º, XLVII, d. 
Quando a CF proibe pena de banimento, a doutrina entende que essa expressão foi utilizada em sentido amplo, abrangendo todas as espécies de penas restritivas de liberdade.
	> banimento: é a perda dos direitos políticos e de habitar no país.
	> degredo: residência em local determinado pela sentença.
	> desterro: saída do território onde encontra-se localizada a Comarca ou a residência da vítima.
OBS: deportação - art. 50 Lei 13.445/2017 > O estrangeiro está ilicitamento no território nacional (ex: passaporte vencido) e é deportado. 
expulsão - art. 54 Lei 13.445/2017 > O estrangeiro está comentendo um crime grave ou ato ilicito no território nacional e é expulso do território. 
São constitucionais porque são sanções administrativas, e não penais. 
Síntese: A Constituição Federal, ao proibir a pena de banimento, degredo e desterro, não torna a lei 13.445/2017 inconstitucional na parte que prevê as medidas administrativas de deportação e expulsão, uma vez que que a CF proíbe o banimento como sanção penal e a expulsão e a deportação são sanções adminsitrativas não proibidas pelo ordenamento jurídico.
f) Penas pecuniárias:
- Multas (49 CP)
- Confisco: absorve completamente o patrimônio do condenado. A maioria da doutrina entende que não há previsão legal da pena de confisco no Brasil.
g) A cominação das penas pode ser:
- isolada: o legislador prevê somente uma pena. Ex: 121 CP (pena: reclusão de 6 a 20 anos).
- conjugada: o legislador prevê 2 penas. Ex: 155 CP (pena: reclusão de 1 a 4 anos E multa).
- alternada: o legislador prevê uma ou outra pena, ou seja, duas possibilidades. Ex: 163 CP (pena: detenção de 1 a 6 meses OU multa). O juiz escolhe qual pena irá aplicar.
h) O CPB adotou o sistema das penas relativamenteindeterminadas > decorrência do princípio constitucional da individualização da pena. Cada criminoso recebe sua pena de acordo com suas características.
Síntese: O Código Penal prevê uma pena mínima e uma pena máxima e o juiz fixará a pena entre esses patamares mínimo e máximo, levando em consideração as características de cada agente, não a gravidade em abstrato do crime.
OBS: O princípio constitucional da individualização da pena é tão importante que deve ser observado na hora de o juiz aplicar a pena ao condenado e também no momento de o juiz fixar o regime de cumprimento da pena. Em razão disso, o STF declarou inconstitucional o art. 2º, parágrafo 1º da Lei 8.072 que previa que a pena por crime hediondo deveria ser cumprida integralmente em regime fechado. Após essa decisão do STF, a lei 8.072 foi alterada e a redação do art. 2º, parágrafo 1º trocou a expressão "integralmente" pela expressão "inicialmente".
i) Sistemas penitenciários: 
- Sistema de Filadélfia (pensilvânico, belga ou celular): É o mais temido, em que o sentenciado compre a pena preso e isolado. O sujeito é condenado, é levado ao cárcere, é entregue a ele uma Bíblia Sagrado e ele cumpre a pena em estado de isolamento total.
- Sistema de Alburn: o sujeito trabalha durante o dia, incomunicável com outros presos, e durante a noite é recolhido em estado de isolamento.
- Sistema progressivo (irlandês ou inglês): o sujeito inicialmente cumpre a pena em estado de isolamento, depois ele consegue trabalhar com outros presos até, por fim, alcançar a liberdade condicional.
OBS: Sistema adotado pelo CPB > art. 33, parágrafo 2º CP e Lei 7210 (LEP), art 112.
O CPB não adotou nenhum desses três sistemas. Adotou um sistema progressivo próprio, que não se confunde com o sistema inglês. No Brasil, se um sujeito foi condenado a regime fechado, ele cumpre 1/6 da pena em regime fechado, depois 1/6 em regime semiaberto até chegar ao regime aberto. Por isso, o sistema é progressivo, o sujeito começa a cumprir a pena em um regime mais grave até alcançar o regime menos grave.
Síntese: No caso de progressão de regimes, o 1/6 intermediário é aplicado em cima do total da pena e não do restante da pena.
DAS PENAS EM ESPÉCIE
a) Penas privativas de liberdade: reclusão, detenção e prisão simples.
- Diferenças entre reclusão e detenção:
Não existe diferença na essência da reclusão e detenção, o que faz a diferença é o regime de cumprimento da pena (fechado, semiaberto, aberto). Se você for no presídio, não é possível diferenciar se o preso está cumprindo pena de reclusão ou detenção.
> A pena de reclusão pode ser iniciada em regime fechado, semiaberto e aberto ao passo que a pena de detenção só pode ser iniciada em regime semiaberto ou aberto. Só há uma hipótese de um condenado a uma pena de detenção estar cumprindo pena em regime fechado: quando ele começa a cumprir a pena em regime semiaberto ou aberto e comete uma falta grave ou um outro crime. Neste caso, há uma regressão de regime.
> No caso de medida de segurança, se um sujeito comete um fato típico e antijurídico apenado com reclusão, a medida de segurança aplicada será a internação. Se ele comete um fato típico e antijurídico punido com detenção, a medida de segurança será o tratamento ambulatorial.
Síntese: Apesar de não existir diferença ontológica entre as penas de reclusão e de detenção, a doutrina aponta 2 diferenças formais entre elas:
1- A pena de reclusão pode ser iniciada em regime fechado, semiaberto ou aberto, ao passo que a pena de detenção só pode ser iniciada em regime semiaberto ou aberto. > art. 33 CP
Cabe destacar que o condenado a uma pena de detenção pode estar cumprindo essa pena em regime fechado desde que não tenha iniciado o cumprimento da pena em regime fechado, podendo ter iniciado o cumprimento da pena em regime semiaberto e ter ocorrido algum motivo (ex: praticou uma falta grave ou um outro crime), que fez com que ele regredisse de regime para o regime fechado.
OBS: regime mais grave para um mais brando > progressão de regime.
 regime mais brando para um mais grave > regressão de regime.
A prisão simples pode iniciar em regime semiaberto ou aberto e nunca poderá regredir para regime fechado.
2- Se um sujeito comete um fato típico e antijurídico apenado com reclusão, o juiz deverá aplicar a medida de segurança de internação ao passo que se o sujeito comete um fato típico e antijurídico apenado com detenção, a medida de segurança adequado é o tratamento ambulatorial.
b) Exame criminológico > Art. 34 e 35 CP x Art. 8º LEP
Para o CPB, se o sujeito estiver cumprindo a pena em regime fechado (34) ou em regime semiaberto (35), ele deverá ser submetido a um exame criminológico. Já o art. 8º LEP afirma que apenas o sujeito que cumpre a pena em regime fechado deve ser submetido ao exame criminológico.
A posição dominante é de que apenas aquele que cumpre a pena em regime fechado deve ser submetido ao exame criminológico porque a LEP é uma lei especial em relação ao CP, que é uma lei geral. 
- Exame criminológico classificatório: É obrigatório para o réu que inicia o cumprimento da pena em regime fechado. Esse exame visa identificar as características do agente criminoso para definir qual o melhor local do presídio para colocá-lo a fim de identificar a melhor forma de executar a pena. É feito por um psiquiatra no início do cumprimento da pena para traçar o perfil do criminoso, atendendo ao princípio da individualização da pena. 
- Exame criminológico para progressão:
Previsto antigamente no 112 da LEP. Hoje, existem duas súmulas que tratam deste exame (súmula vinculante 26 STF e súmula 439 STJ). Elas afirmam que não há previsão legal para este tipo de exame criminológico e que ele não é obrigatório, mas o juiz pode requisitar o exame criminológico para a progressão de regimes mediante uma decisão fundamentada perante o caso concreto. 
Síntese: O exame criminológico classificatório, que é obrigatório para quem inicia o cumprimento da pena em regime fechado, está previsto nos artigos 34 e 35 CP e 8º LEP. Se sujeito foi condenado em regime fechado e não realiza o exame criminológico para iniciar a pena haverá uma nulidade no processo. Diferentemente, o exame criminológico para progressão, antes previsto no artigo 112 LEP, não se encontra previsto no ordenamento jurídico atual. Apesar disso, o juiz pode requisitar ou exigir a realização desse exame criminológico para embasar uma decisão de progressão de regimes desde que essa decisão seja fundamentada para o caso concreto (súmula vinculante 26 STF e súmula 439 STJ).
c) Regimes de cumprimento das penas privativas de liberdade
- Fechado: 33, parágrafo 1º, a CP c/c 87 e 88 LEP. A pena deve ser superior a 8 anos e é cumprida em presídio. 
OBS: É alocado na cadeia o preso provisório, ou seja, que não tem sentença penal condenatória transitada em julgado. Com a sentença penal condenatória transitada em julgado, ele é levado a presídio.
- Semiaberto: 33, parágrafo 1º, b CP c/c 91 e 92 LEP. A pena deve ser igual ou inferior a 8 anos e cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
- Aberto: 33, parágrafo 1º, c CP c/c 93 LEP. A pena não pode ser superior a 4 anos e cumprida em casa de albergado (ausência de obstáculo físico que possa impedir a fuga, ex: grade ou muro alto) ou estabelecimento adequado.
OBS: Na prática, não há vaga no regime semiaberto. O juiz, então, aplica a prisão domiciliar ou regime aberto.
> RECLUSÃO:
Se a pena for maior de 8 anos, reincidente ou não, ele é submetido a regime fechado.
Se a pena for igual ou menor que anos, o regime de cumprimento é semiaberto para o réu não reincidente desde que as circunstâncias lhes sejam favoráveis. Se forem desfavoráveis, o juiz pode impôr um regime mais grave. Se o réu for reincidente, será submetido a um regime fechado.
Se a pena não for superior a 4 anos, o regime de cumprimento, via de regra, é aberto. Se o réu for não reincidente, mas as circunstâncias lhes forem desfavoráveis o juiz pode lhe impôr um regime mais grave. Já se o réu for reincidente, eleé submetido a um regime semiaberto.
> DETENÇÃO:
Se a pena for maior que 8 anos, sendo o réu reincidente ou não, o regime de cumprimento é semiaberto. 
Se a pena for igual ou menor que 8 anos, sendo o réu reincidente ou não, o regime de cumprimento é semiaberto. 
Se a pena não for superior a 4 anos, o regime de cumprimento é aberto para o réu não reincidente desde que as circunstâncias lhes sejam favoráveis. Se forem desfavoráveis, o juiz pode impôr um regime mais grave. Para o réu reincidente, o regime de cumprimento, neste caso, é semiaberto.
Síntese: Na fixação do regime de cumprimento da pena, o juiz deverá observar a redação das alíneas do parágrafo 2º do artigo 33 e ter muita atenção com o que determina o parágrafo 3º. Assim, para a fixação do regime de cumprimento da pena não é importante somente identificar a quantidade da pena aplicada e o fato de o condenado ser reincidente ou ser não reincidente, devendo o juiz observar também se as circunstâncias judiciais são favoráveis ao condenado ou lhes são desfavoráveis.
Ex: Poderia o juiz fixar um regime semiaberto para um réu não reincidente condenado a uma pena de três anos? Sim, é possível fixar um regime semiaberto neste caso desde que as circunstâncias judiciais sejam desfavoráveis ao réu.
Conclusão: Muitas vezes, o réu não é reincidente, mas tem contra si circunstâncias judiciais desfavoráveis, o que autoriza a imposição de um regime mais grave.
O raciocínio é:
- mais de 8: fechado
- de 4 a 8: semiaberto
- menos de 4: aberto
O juiz só pode aplicar um regime mais grave quando a lei autorizar: no caso de réu reincidente ou circunstâncias judiciais desfavoráveis para o réu mesmo que este não seja reincidente.
OBS: A aplicação da pena é feita em três fases. A primeira, também chamada de pena base, leva em consideração as circunstâncias judiciais. O juiz começa a fixar a pena no mínimo (ex: homicídio - 6 anos) e recorre ao artigo 59 CP que traz 8 circunstâncias judiciais. Assim, ele identifica se existe alguma circunstância desfavorável ao réu. Se não existir, a pena dele, na primeira fase, continua no mínimo. Se existir, ele aumenta a pena. A quantidade de pena fixada implica diretamente no regime de cumprimento.
** O sujeito que foi condenado a regime fechado, cumpriu 1/6 da pena e consegue o regime semiaberto. Contudo, não há vagas para o regime semiaberto. Ele fica no fechado ou vai para o aberto?
> Uma corrente afirma que o Estado não é obrigado a ter vaga para todos. Se não há vagas, a sociedade não pode ficar a mercê desse sujeito em regime aberto, logo, mantém-se esse sujeito em regime fechado. 
> Outra corrente afirma que se o Estado que tem o dever de ter vaga em regime semiaberto não tem, o condenado não tem nada a ver com isso e, por isso, deve ir para o regime aberto. Se não há vagas, ele vai para prisão domiciliar. 
O STF entendeu que se o condenado tem direito ao regime semiaberto, ele não pode ficar no fechado. Se o Estado não tem vaga, ele fica em regime aberto ou prisão domiciliar. No entanto, essa "progressão por salto" é proibida pelo ordenamento jurídico por súmula do STJ, tendo em vista que a ressocialização deve ser paulatina e progressiva até que o réu esteja apto para conviver em regime aberto. Contudo, na prática é o que tem prevalecido.
Síntese: Daí se dizer que o artigo 59 é importante não somente para fixar a quantidade da pena (a pena base é fixada levando-se em consideração o artigo 59 CP), mas também no momento de o juiz fixar o regime de cumprimento da pena.
d) Sendo o réu condenado em processos distintos, um deles à pena restritiva de direitos e o outro à pena privativa de liberdade, ele cumprirá as duas penas se houve compatibilidade.
Ex: Em um processo o sujeito foi condenado por um estelionato a pena de reclusão de 3 anos e por fraude em comércio a uma pena de detenção de 1 ano. O juiz verificou que houve possibilidade de substituir a detenção por uma pena restritiva de direitos. Ele pode cumprir ao mesmo tempo uma pena de reclusão e uma pena restritiva de direitos? Pode desde que elas sejam compatíveis. A pena restritiva de direitos pode ser, por exemplo, uma prestação pecuniária, que é compatível com a pena de relcusão em regime aberto e semiaberto.
Uma incompatibilidade seria reclusão em regime fechado e prestação de serviços à comunidade. Neste caso, cumpre-se primeiro a pena de reclusão e depois a prestação de serviços à comunidade.
Síntese: Imagine que o sujeito foi condenado a cumprir a pena privativa de liberdade em regime aberto ou semiaberto e também condenado pela prática de um outro crime a uma pena restritiva de direitos (prestação de serviços à comunidade). Nesse caso, como as penas são compatíveis de serem cumpridas ao mesmo tempo, elas podem ser executadas simultaneamente. Diferentemente ocorreria se o sujeito fosse condenado a uma pena privativa de liberdade em regime fechado e a uma pena restritiva de direitos (prestação de serviços à comunidade). Não sendo essas penas compatíveis, a pena mais grave deverá ser cumprida em primeiro lugar e depois a pena menos grave.
e) Escolha de regime em caso de aplicação concomitante de reclusão e detenção
O CP, em seu artigo 69, afirma que primeiro deve ser cumprida a pena de reclusão, mais grave, e depois a pena de detenção. Na prática, isso não ocorre. Ex: Um sujeito é condenado por um crime a 6 anos de reclusão e por outro crime a 3 anos de reclusão. Na prática, o juiz soma as penas, que, neste caso, totalizariam 9 anos e, por isso, aplicaria o regime fechado (pena superior a 8 anos).
Síntese: Apesar de o artigo 69 do Código Penal, na sua parte final, afirmar que, no caso de mais de uma condenação que venham a abranger a pena de reclusão e a pena de detenção, a pena de reclusão deve ser cumprida em primeiro lugar, seria ilógico separar o cumprimento dessas penas. Dessa forma, se o sujeito foi condenado a 6 anos de reclusão e a 3 anos de detenção, as penas serão somadas para fins de sua execução, devendo a pena de 9 anos ser cumprida inicialmente em regime fechado.
f) Gravidade abstrata do crime e regime fechado
O juiz para fixar o regime de penas não observa apenas para a quantidade da pena, atentando-se também para o fato de se o sujeito é primário ou reincidente e para as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 CP. 
Ex: Um sujeito armado com mais três comparças ameaça os clientes e os funcionários da Caixa Econômica, roubam uma quantia exorbitante e fogem. No final, eles são condenados a 6 anos, que, via de regra, indicia regime semiaberto. O juiz para fixar o regime deve levar em consideração se o réu é reincidente ou não, a quantidade da pena aplicada e se as circunstâncias são favoráveis ou desfavoráveis. A gravidade do crime por si só não é capaz de autorizar o regime fechado. 
Síntese: A fixação do regime de cumprimento da pena deve levar em consideração a quantidade da pena, o fato de se tratar de réu primário ou reincidente e as circunstâncias judiciais (artigo 59 CP). A gravidade do delito por si só não é capaz de autorizar o juiz a fixar o regime fechado.
g) Utilização do artigo 59 para fixar o regime inicial de cumprimento da pena
O artigo 59 é importante em 2 momentos distintos: para fixar a quantidade da pena e o regime de cumprimento da pena.
Toda sentença tem 3 partes. Primeiro vem o relatório, no qual o juiz relata os fatos e aborda as provas. A segunda parte é a fundamentação, na qual ele faz uma conexão entre o fato com o Direito, fornecendo o embasamento legal. Por fim, tem-se a conclusão ou dispositivo da sentença, que traz a condenação ou absolvição. Em caso de condenação, ocorre a fixação da pena, que dispõe de 3 fases: pena base (o juiz leva em consideração as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59), pena intermediária e pena definitiva. Na primeira fase, o juiz começa a fixar a pena no mínimo e, a partir daí, analisa cada circunstância para verificar se existe alguma desfavorável ao réu. Em caso positivo, a pena vai sendo aumentada. Depois que o juiz passa por essas três fases, ele chega a uma pena total. Então,ele volta a considerar o artigo 59 para fixar o regime de cumprimento da pena.
h) Progressão e regressão de regimes
O CP adotou o sistema progressivo, que não se confunde com o sistema progressivo inglês ou irlandês. O sistema progressivo brasileiro prepara o réu para retornar ao convívio em sociedade. O sujeito que cometeu um crime, primeiramente, deve ser afastado completamente do convívio social e, paulatinamente, deve ser ressocializado. Por isso, a progressão por salto é proibida. O réu deve cumprir pelo menos 1/6 da pena em regime fechado, uma vez que não está preparado para o convívio social, permanecendo completamente isolado; depois cumpre no mínimo 1/6 da pena em regime semiaberto, onde começa a conviver em sociedade, até alcançar o regime aberto. 
Pode ocorrer também a regressão de regimes. Um sujeito está em regime aberto, comete uma falta grave e regride para o regime semiaberto.
PROGRESSÃO:
Art. 112 LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
REGRESSÃO:
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
> Requisitos para a progressão de regime:
- Requisito objetivo: cumprir no mínimo 1/6 da pena.
- Requisito subjetivo: bom comportamento carcerário comprovado através de uma declaração feita pelo direitor do presídio.
- Requisito criado pelo STF (inf. 780 de 08/04/2015): se o sujeito foi condenado a uma pena privativa de liberda a de e a uma pena de multa, para conseguir a progressão de regime, ele tem que pagar a multa, salvo impossbilidade financeira de fazer.
- A cada nova condenação, novo cálculo se faz necessário (súmula 715 STF): 
Um sujeito foi condenado a 12 anos. Ele tem que cumprir 2 anos em regime fechado para conseguir o semiaberto. Ele cumpriu 1 ano e 11 meses e é condenado a mais 4 anos por um outro crime praticado anteriormente. Para obter a progressão do regime, deve-se somar o restante da pena (10 anos e 1 mês) com a nova pena (4 anos), totalizando 14 anos e 1 mês, e ele deve cumprir 1/6 dessa nova pena em regime fechado. Se o sujeito conseguiu a progressão de regime e vem uma nova condenação, as penas são somadas e, se der mais de 8 anos, ele regride para o fechado.
- Se a pena é superior a 30 anos, o 1/6 deve ser calculado com base no montante total da pena.
OBS: O requisito objetivo pode ser analisado por via de habeas corpus, mas o requisito subjetivo não pode (STJ). 
Muitas vezes, o condenado faz o requerimento para a progressão de regimes e o juiz nega. O advogado do condenado só pode impetrar habeas corpus se o juiz negou a progressão de regimes com base no cumprimento do 1/6 da pena e não com base no mau comportamento carcerário.
> É vedada a progressão por salto (súmula do STJ). 
Progressão por salto é passar, por exemplo, do regime fechado para o aberto. Embora o CP e a LEP proíbam e o STJ tenha vedado a progressão por salto por meio de súmula, na prática, isso tem sido recorrente. O sujeito cumpre 1/6 da pena em regime fechado e não tem vaga no semiaberto. O juiz tem autorizado, nestes casos, o cumprimento da pena em regime aberto ou prisão domiciliar.
OBS¹: Se não tem vaga no regime aberto, o juiz tem autorizado a prisão domiciliar.
OB²: Se o sujeito condenado a regime fechado cumpre 1/6 da pena neste regime, não consegue o semiaberto e cumpre mais 1/6 em regime fechado, neste caso, o juiz tem concedido o regime aberto sem ele ter passado pelo semiaberto.
> Medida cautelar e marco inicial para a progressão de regime:
A partir da sentença penal condenatória transitada em julgado é que deve existir o cumprimento da pena. Antes da sentença há uma presunção de inocência. Contudo, o ordenamento jurídico autoriza em determinadas situações uma prisão anterior à sentença penal condenatória transitada em julgado. Essa prisão, chamada prisão cautelar, é provisória e pode ser de 3 tipos: prisão em flagrante, prisão preventiva (o réu ameaçou testemunha ou está planejando uma fuga) e prisão temporária (só existe na fase do inquérito). 
Se o sujeito foi preso provisoriamente, o 1/6 para a progressão de regimes começa a contar a partir desta prisão provisória. Logo, o marco inicial que define a progressão de regimes é a prisão provisória.
Ex: Um sujeito ficou 2 anos preso provisoriamente e depois é condenado a 12 anos (regime fechado). Contudo, ele já cumpriu 1/6 da pena (2 anos) em regime fechado e, por isso, vai para o semiaberto.
Síntese: A prisão provisória deve ser levada em consideração como marco inicial para fins de progressão de regime. Assim, se o sujeito foi condenado a 12 anos e já havia ficado preso provisoriamente por 2 anos, ele deverá iniciar o cumprimento da sua pena definitiva em regime semiaberto e não em regime fechado.
> A prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regimes (inf. 546 STJ):
Se durante o cumprimento desse 1/6 da pena, o sujeito comete uma falta grave, o prazo é zerado e, para a progressão de regimes, começa a contar novamente 1/6 da pena.
As faltas graves estão descritas no artigo 50 da LEP.
i) Deveres do preso: art. 39 LEP.
Direitos do preso: art. 40 e 41 LEP.
Trabalho do preso: 28 a 37; 126 a 129 LEP. É um dever do preso; se há vagas e ele não trabalha, será considerado mau comportamento e, por isso, não terá direito a progressão de regimes. Também é um direito do preso, por isso, cabe ao Estado oferecer-lhe. Contudo, o Estado não dispõe de recursos para oferecer trabalho para todos os presos. Se o preso não trabalhar por falta de vaga, o diretor do presídio concede a declaração do bom comportamento para a progressão de regimes. 
j) Remição (126 LEP)
- O que é? Abreviar a pena pelo trabalho, estudo ou leitura.
- Pode ocorrer por:
	- trabalho: 3 dias desconta 1 dia da pena (126 LEP, parágrafo 1, II LEP). 
Sábado, domingo e feriado: se trabalhou conta, se não não conta. 
	- estudo: 12 horas (no mínimo em 3 dias) desconta 1 dia da pena (126, parágrafo 1º, I LEP)
	- leitura: 1 livro a cada 21/30 dias consegue remição de 4 dias/ 12 livros por ano enseja remição de 48 dias. > Portaria 276/2012 da Corregedoria Geral JF. O preso deve fazer uma resenha para comprovar que leu o livro.
- Pode haver remição em razão da participação em coral (INF. 613 STJ 8/11/2017).
- A progressão de regimes deve levar em consideração o tempo remido.
Ex: O sujeito ficou preso provisoriamente e, durante esse período, ele trabalhou e conseguiu a remição. Pode ser que depois da sentença penal condenatória transitada em julgado, ele entre em regime semiaberto ou aberto por conta do tempo remido.
- Trabalhos realizados em sábados, domingos e feriados vale para fins de remição. Para a remição, só vale os dias efetivamente trabalhados.
- A remição aplica-se ao preso provisório.
- Se o Estado não oferece vagas para o preso, ele terá direitos a uma remição ficta? (INF. 202 STF, de junho de 2008) 
Não. Como defesa do Estado, surgiu o princípio constitucional da reserva do possível. Existem vários direitos que a Constituição e as leis infraconstitucionais concede aos cidadãos e aos presos. Todavia, por falta de recursos, o Estado, muitas vezes, não é capaz de oferecer a todos.
Ou seja, o Estado alega não ter recursos para oferecer trabalho para todos os presos. Por isso, o preso não tem direito a remição pelo fato de o Estado não ter vagas.
OBS: Princípio da reserva do possível
O princípio da reserva do possível regulamenta a possibilidade e a abrangência da atuação do Estado no que diz respeito ao cumprimento de alguns direitos, como os direitossociais, subordinando a existência de recursos públicos disponíveis à atuação do Estado.
Portanto, a efetivação dos direitos sociais está vinculada às possibilidades financeiras do Estado.
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. 
(O CP não fala de remição por trabalho para o regime aberto porque sua essência é o trabalho externo. Já a remição por estudo alcança o regime aberto.)
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: 
I - 1 dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 dias; 
II - 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. 
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. (O sujeito pode trabalhar 8 horas e estudar 4 horas. No final de 3 dias, ele terá 2 dias de remição porque 12h de estudo dá 1 dia de remição e 3 dias de trabalho também.)
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. 
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. (Se ele faz jus a 100 dias de remição, mas concluiu o ensino médio, ele tem direito a 130 dias de remição)
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1º deste artigo. (A remição pelo trabalho só acontece para o regime fechado e semiaberto - art. 126, caput, LEP - ao passo que a remissão pelo estudo pode ser aplicada também ao preso que cumpre pena em regime aberto - art. 126, parágrafo 6º, LEP).
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. 
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
Antes, se o sujeito cometesse falta grave, ele perdia todo o tempo remido. Hoje, ele pode perder no máximo 1/3 do tempo remido.
Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. 
k) Detração
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. >> (Desde a Constituição de 1988, não existe prisão administrativa.)
- O que é? O tempo em que o réu ficou preso provisoriamente (prisão em flagrante, prisão temporária e prisão preventiva) é descontado da pena final.
Ex: Um sujeito ficou preso preventivamente 3 anos e foi condenado a 8 anos. Ele só cumprirá mais 5 anos.
- Detração e medida de segurança
Ex: Uma pessoa comete um fato típico e ilícito, mas há dúvida se ela é imputável ou inimputável. Ela é submetida a uma internação provisória por 2 anos. 
> Ficou provado que ela é imputável e foi condenada a 8 anos. Ela terá que cumprir apenas 6 anos, porque se desconta o tempo que ela ficou internada provisoriamente.
> Ficou provado que ela é inimputável. Ela será absolvida e será submetida a uma medida de segurança. O CP diz que a internação é por tempo indeterminado, ou seja, até o agente ficar curado. A lógica é que um sujeito inimputável que praticou um fato típico e ilícito seja retirado do convívio social e internado. A duração dessa internação é até a pessoa ficar curada. Os tribunais tem entendido que ele deve ficar internado, no máximo, até o quantum máximo da pena fixada para a conduta praticada. Na prática, o sujeito é internado e, conforme prevê o CP, a cada três anos faz-se uma perícia para saber se a pessoa está curada. Neste caso, se a pessoa ficou internada dois anos provisoriamente, bastaria ele cumprir mais 1 ano de medida de segurança para ter direito à perícia.
Síntese: Se o sujeito comete um fato típico e ilícito e existe dúvidas quanto a sua imputabilidade, ele deve ser internado provisoriamente. Se ele ficou internado dois anos e depois foi considerado imputável e, no final, foi condenado a 6 anos, ele deverá cumprir apenas 4 anos da pena. Se, no final, ele foi considerado inimputável, sendo-lhe aplicada uma medida de segurança, o artigo 97, parágrafo 1º CP, determina que ele será submetido a uma perícia a cada três anos. Como ele já esteve internado por 2 anos, basta ficar internado por mais 1 ano para ter direito a essa perícia.
- Detração e pena restritiva de direitos
Síntese: Embora o artigo 42 CP, não faça previsão da detração no caso de pena restritiva de direito, a doutrina tem entendido que, se a detração é permitida no caso de uma pena mais grave (pena privativa de liberdade), ela também deve ser admitida no caso de uma pena menos grave (pena restritiva de direitos), tendo como fundamento desse raciocínio a aplicação da analogia in bonam partem (onde existe a mesma razão, deve existir a mesma disposição).
- Detração e pena de multa: assunto controvertido.
O 42 CP também não faz a previsão da detração para pena de multa.
O sujeito comete um crime, é preso em flagrante. Fica preso por 2 meses. O processo chega ao final, a sentença penal condenatória transita em julgado e é aplicada a ele uma pena de multa de 15.000 reais. Ocorrerá detração do tempo que ele permaneceu preso para a pena de multa? Há uma controvérsia na doutrina. Pedro Lenza afirma que não há detração por falta de possibilidade de fazer a conversão entre a prisão e a pena de multa. Hoje a pena de multa não pode ser mais convertida em pena privativa de liberdade. Se o sujeito não paga a multa, a Fazenda Pública executa esse valor. Já Guilherme de Souza Nucci afirma que, embora não haja um critério legal, há possibilidade de fazer essa conversão. O juiz fixa a multa em duas fases: quantidade de dias multa (levando em consideração o art. 59) e valor do dia multa (há um valor mínimo e um valor máximo; se o réu for pobre fixa no mínimo e se for rico fixa no máximo, podendo ainda se o réu for muito rico triplicar esse valor). Por exemplo, ele estabelece 100 dias multas e 1 salário mínimo para cada dia multa. O valor total seria 100 salários mínimos. Para Guilherme de Souza Nucci, para cada dia que o sujeito ficou preso, deve ser descontado 1 dia da pena de multa.
Síntese: 
> Não admite: Direito Penal Esquematizado - Pedro Lenza
Motivo: Não existe um parâmetro legal para fazer essa detração tendo em vista que a multa hoje é considerada uma dívida de valor e não pode ser convertida em pena privativa de liberdade. Diante da falta de critério legal para fazer essa conversão, não se admite a detração em pena de multa.
> É possível a detração na pena de multa (Guilherme de Souza Nucci).
Motivo: Se é possível a detração na pena privativa de liberdade e na pena restritiva de direitos (penas mais graves), deve ser admitida também na pena de multa (pena menos grave). O critério a ser utilizado para fazer a detração deve ser o seguinte: para cada dia que o sujeito ficou preso, deve ser descontado 1 dia da pena de multa, critério possível de ser aplicado em razão de a pena de multa ser fixada em duas fases: quantidade de dias-multa; valor de cada dia-multa. 
Ex: Um sujeito ficou preso dois meses (60 dias). No

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