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W B A 0 63 8_ v1 Tributos Diretos - IRPJ e CSLL Lucas Siqueira dos Santos © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de infor- mação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Mariana Ricken Barbosa Revisor Guilherme Davini De Almeida Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Lucas Siqueira dos S237t Tributos diretos – IRPJ e CSLL /Lucas Siqueira dos Santos, Diego dos Santos Pereira, Mateus Modesto. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 189 p. ISBN 978-85-522-0608-8 1. Tributos diretos. 2. Deduções. 3. Lucros. 4. Impostos. I. Santos, Lucas Siqueira dos. II. Santos, Diego Pereira dos. III. Modesto, Mateus. IV. Título. CDD 330 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 SUMÁRIO Tema 1: Lucro Real Anual e Trimestral ........................................ 6 Tema 2: Cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Adições e exclusões do lucro real .................................... 16 Tema 3: Deduções do Imposto de Renda (Doações, PAT, Imposto Retido) ................................................... 31 Tema 4: Benefício da Inovação Tecnológica – Lei do bem ...... 45 Tema 5: Distribuição de Lucros – Dividendos x Juros sobre o Capital Próprio .................................................................. 63 Tema 6: Lucro presumido .............................................................. 82 Tema 7: Lucro arbitrado e percentuais de arbitramento do lucro ............................................................................................ 96 Tema 8: Mudanças trazidas pela lei nº 12.973/14 (fim do regime tributário transitório) ........................................... 111 A compreensão das regras de apuração dos tributos sobre o lucro das empresas se mostra de extrema importância, pois a escolha do regime menos custoso pode auxiliar as empresas, não só a obterem melhores resultados, como, também, ajudar na sua própria sobrevivência, face à enorme carga tributária nacional. Nesse sentido, a presente disciplina tem como principal função apre- sentar dois dos principais regimes de apuração utilizados pelas grandes empresas: o Lucro Real e o Lucro Presumido. Apresentam-se, também, os dois tributos sobre o lucro das empresas compreendidos por ambos os regimes: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). São destacadas as diferenças quanto à periodicidade de apuração do Lucro Real, quais sejam, os regimes de apuração trimestral e anual. Também são apresentadas as diferentes modalidades de apuração do Lucro Real anual: o regime de apuração via Balancetes de Redução ou Suspensão e o regime de cálculo do Lucro Real via estimativas mensais. Ainda, sobre o Lucro Real, demonstraremos o conceito por trás do cálculo, bem como as definições de adições e exclusões dessa sistemática de apuração. Também, são abordados os conceitos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL, além de serem ensinadas as regras para sua compensação. Também, citaremos as principais deduções do Lucro Real, tais como as doações, o Programa de Alimentação do Trabalho e o Imposto de Renda Retido na Fonte. Da mesma forma, são apresentados os princi- pais benefícios fiscais atinentes aos tributos sobre o lucro das empresas APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA (IRPJ e CSLL). Por fim, ainda, em Lucro Real, são apresentadas as principais formas de distribuição dos lucros das empresas, suas respectivas cargas tributárias e benefícios de cada uma das opções. Ressaltamos que esta disciplina se destina a demonstrar o cálculo e às principais regras de apuração a serem observadas sob o regime do Lucro Presumido, a modalidade de apuração dos tributos sobre o lucro das empresas, denominado Lucro Arbitrado e, ainda, discorrer sobre as princi- pais alterações efetuadas no âmbito da apuração dos tributos sobre o lucro das pessoas jurídicas com a promulgação da Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014 que encerrou o Regime Tributário de Transição (RTT). 1 Lucro Real Anual e Trimestral 7 Objetivos Específicos • Conhecer os principais regimes à disposição das empresas nacionais para apuração dos seus tributos sobre o lucro. • Entender o conceito e a sistemática do Lucro Real. • Verificar as diferenças entre os regimes de apuração anual e trimestral do Lucro Real. Introdução A presente disciplina denomina-se “Tributos Diretos”, haja vista que se destina ao estudo de dois dos principais tributos incidentes sobre o lucro das empresas: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). De acordo com a teoria econômica clássica, os tribu- tos incidem sobre: (i) a renda (ou o lucro); (ii) a propriedade; (iii) o consumo. Os tributos sobre a renda e a propriedade são denominados tributos diretos, pois incidem sobre a riqueza percebida ou acumu- lada dos contribuintes. Os tributos sobre o consumo incidem justamente sobre a riqueza consumida pelos contribuintes e são denominados indiretos, pois a carga tributária acaba sendo suportada pelo consumidor final (contribuinte de fato); enquanto que o contribuinte de direito, aquele que recolhe os tributos aos cofres públicos, acaba sendo tratado como mero depositário dos tributos que deverão ser recolhidos aos cofres públicos. As pessoas jurídicas podem optar por diversos regimes para apuração dos seus tributos sobre o lucro, quais sejam: a) Lucro Real; b) Lucro Presumido; c) Simples Nacional; e d) SIMEI (Regime de Tributação Simplificado do Microempreendedor Individual). Do exposto, estudare- mos dos dois principais regimes adotados pelas grandes empresas do país, quais sejam, o Lucro Real e o Lucro Presumido. 1.1 Lucro Real Anual e Trimestral Antes de iniciarmos o estudo do Lucro Real, compete analisarmos, ainda que, brevemente, os principais regimes de tributação vigentes para as empresas do país. 8 1.1.1 Regimes de Tributação Conforme apresentado na introdução, as empresas brasileiras podem optar por quatro regimes para apuração dos seus tributos sobre o lucro, quais sejam: a) Lucro Real; b) Lucro Presumido; c) Simples Nacional; e d) SIMEI (Regime de Tributação Simplificado do Microempreendedor Individual). A opção das empresas nacionais a cada um desses regimes depende de um fator principal, qual seja o faturamento das empresas, conforme melhor explicado pelos tópicos que se seguem: i. Lucro Real: regime obrigatório para as empresas com faturamento anual acima de R$ 78.000.000,00(setenta e oito milhões de reais), salvo as atividades, expressamente, previs- tas em lei que deverão optar obrigatoriamente pelo Lucro Real; ii. Lucro Presumido: regime optativo para as empresas com faturamento anual até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais); iii. Simples Nacional: regime optativo para as empresas com faturamento anual até R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) para as empresas de pequeno porte ou até R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil) para as microempresas; iv. SIMEI: trata-se do regime de tributação simplificado do Microempreendedor Individual. O regime é optativo para os microempreendedores individuais com faturamento anual até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais). Ressaltamos que todos os regimes são optativos, à exceção do Lucro Real. Nos itens que se seguem, serão explicadas as hipóteses em que existe a obrigatoriedade de adoção do regime do Lucro Real. 1.1.2 Lucro Real As pessoas jurídicas obrigadas à apuração do Lucro Real encontram-se previstas no art. 14, da Lei nº 9.718, de 1998, transcrito abaixo: Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 12.814, de 2013) (Vigência) 9 II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercan- til, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assesso- ria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010). Os tributos abrangidos pelo regime do Lucro Real são o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O IRPJ é regulamentado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, conhecido, também, como Regulamento do Imposto de Renda. A CSLL, por sua vez, restou criada através da Lei nº 7.689, de 1988. Embora se tratem de tributos distin- tos, aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas Link Toda legislação nacional está disponível no site do Planalto. O inteiro teor do Regulamento do Impos- to de Renda, Decreto nº 3.000, de 1999, pode ser acessado por meio do link disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d3000.htm>. Fonte: Brasil([1999], on-line). 10 para o imposto de renda das pessoas jurídi- cas, conforme previsão contida no art. 57, da Lei nº 8.981, de 1995. Em resumo, o IRPJ e a CSLL são apuradas sob a mesma sistemática. Entende-se por Lucro Real o resultado contábil do período base de apuração(mês, trimestre ou ano), ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. As adições, exclusões e compensações serão objeto de estudo em nossa próxima unidade. Como o lucro real é calculado a partir do resultado contábil de cada período, a deter- minação do lucro real será sempre prece- dida da apuração do lucro líquido de cada período, com observância das normas contábeis e comerciais. Apurado o resultado contábil de cada período base (mês, trimestre ou ano), que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo), este é ajustado mediante as adições, exclusões e compensações deter- minadas por lei. O resultado dessa operação é denominado de Lucro Real (base de cálculo do IRPJ e da CSLL). Sobre a base de cálculo (Lucro Real), são aplicadas as alíquotas de cada um dos tributos, quais sejam: i. IRPJ: 15% (quinze por cento); ii. Adicional de IRPJ: 10% (dez por cento); iii. CSLL: 9% (nove por cento); O adicional de IRPJ indicado, anterior- mente, trata-se de alíquota adicional inci- dente apenas sobre o montante (base de cálculo/Lucro Real) que ultrapassar R$ 20.000,00 (vinte mil Para saber mais A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido encon- tra fundamento na Constituição Federal de 1988, mais especificamente em seu art. 195, inciso I, se- gundo o qual, “A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Fed- eral e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro” (redação orig- inal). A Constituição Federal é datada de 22 de ou- tubro de 1988 e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido foi criada, originalmente, em 06 de dezem- bro de 1988 pela Medida Provisória nº 22/1988, posteriormente, convertida na Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Ou seja, a CSLL restou criada em menos de dois meses após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Fonte: o autor. Assimile IRPJ e CSLL são calculados sobre as mesmas re- gras, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL são as mesmas. 11 reais) ao mês ou R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por trimestre. O Lucro Real pode ser apurado a cada trimestre ou anualmente. Analisamos, a seguir, cada uma das opções de apuração. 1.1.3 Lucro Real Trimestral O regime de apuração do Lucro Real trimestral exige que sejam feitas quatro apurações definitivas do Lucro Real durante o ano, respectivamente, em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro. Realizada a apuração definitiva trimestral e sendo apurado tributo a recolher, o pagamento deverá ser feito em quota única no mês posterior ao encerramento do trimestre ou em três parcelas mensais, acrescidas da SELIC. No Lucro Real trimestral não existe a possibilidade de recolhimento mensal por estimativa. 1.1.4 Lucro Real Anual No regime de apuração do Lucro Real anual, as pessoas jurídicas têm a opção de escolha por duas modalidades de apuração distintas, conforme descrito abaixo. i. Lucro real anual – estimativas mensais: nesta modalidade, a apuração e o pagamento do Lucro Real são feitos mensalmente, aplicando-se sobre a receita bruta mensal os percentuais constantes do artigo 15, § 1º, da Lei 9.249/1995, quais sejam, os mesmos percentuais destinados à apuração do Lucro Presumido, acrescidos das demais receitas (ganho de capital, juros, variação monetária ativa, etc.). Em 31 de dezembro de cada ano, a pessoa jurídica deverá apurar o lucro real; ii. Lucro real anual – balancetes de suspensão ou redução: nesta modalidade, a pessoa jurídica deverá levantar Balancetes de Verificação Mensais (e Acumulados) apurando-se o resultado de cada período nos moldes do Lucro Real (ajustes das adições e exclusões), ou seja, nessa modalidade, a apuração do Lucro Real é feita, mensalmente,sendo o Lucro Real definitivamente apurado em 31 de dezembro. Para saber mais A apuração do resultado do exercício contábil é demonstrada por meio da demonstração financei- ra/contábil denominada Demonstração do Resulta- do do Exercício (DRE). Fonte: o autor. 12 1.1.5 Opção Conforme visto, existem algumas hipóte- ses em que as pessoas jurídicas são obri- gadas à apuração do Lucro Real. No mais, todas as pessoas jurídicas podem, livre- mente, fazer a opção pelo regime de apura- ção do Lucro Real. A opção pelo regime de tributação, seja ele o Lucro Real ou Lucro Presumido, é rea- lizada, mediante o recolhimento do IRPJ do mês de janeiro, via DARF – Documento de Arrecadação de Receitas Federais. Questão para reflexão O regime de apuração do Lucro Real mostra-se conhecido como o regime mais complexo de apuração dos tributos sobre o lucro. De acordo com dados da Receita Federal do Brasil, no ano de 2012, apenas 3% das empresas do país eram optantes pelo Lucro Real. De acordo com esses mes- mos dados, essas empresas eram responsáveis por aproximadamente 80% da arrecadação federal. Some-se aos dados acima, ainda, o fato que a maior parte dos benefícios fiscais, na esfera fede- ral, são concedidos às empresas optantes do Lucro Real. Voltando aos dados da Receita Federal do Brasil, do ano de 2012, 70,5% das empresas do país eram optantes pelo Simples Nacional. Essas empresas respondiam , aproximadamente, 5% da arrecadação federal. Tendo em vista as infor- mações acima, questiona-se: haja vista a importância das empresas do Lucro Real, para a arre- cadação federal, estas não deveriam possuir um regime muito mais simplificado de apuração dos seus tributos? Exemplificando Uma das informações mais importantes a serem formalizadas no DARF trata-se do Código de Re- ceita. Por meio do Código de Receita, é possível a Receita Federal do Brasil inferir qual o tributo está sendo pago. Exemplos: Código de Receita 2362 – IRPJ - PJ obrigadas à apuração com base no lucro real - Estimativa mensal – Demais entidades; Códi- go de Receita 0220 – IRPJ - PJ obrigadas à apu- ração com base no lucro real - Balanço trimestral – Demais entidades. Fonte: o autor. 13 Considerações Finais • As empresas brasileiras podem optar por quatro regimes para apuração dos seus tributos sobre o lucro, quais sejam: a) Lucro Real; b) Lucro Presumido; c) Simples Nacional; e d) SIMEI (Regime de Tributação Simplificado do Microempreendedor Individual). • As pessoas jurídicas obrigadas à apuração do Lucro Real encontram-se previstas no art. 14, da Lei nº 9.718, de 1998; • Os tributos abrangidos pelo regime do Lucro Real são o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); • Entende-se por Lucro Real o resultado contábil do período base de apuração (mês, trimestre ou ano), ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal; • O Lucro Real pode ser apurado a cada trimestre ou anualmente; • A opção pelo regime de tributação, seja ele o Lucro Real ou Lucro Presumido, é realizada mediante o recolhimento do IRPJ do mês de janeiro, via DARF. Glossário Faturamento: soma de todas as receitas da atividade da empresa. Em matéria tributária, o termo faturamento corresponde à Receita Bruta. Lucro Líquido: o resultado da subtração “Receitas – Despesas” é o lucro líquido das empresas, ou seja, o lucro líquido é o resultado operacional da empresa (caso este seja positivo). RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000, de 1999). 14 Verificação de leitura QUESTÃO 1-São, necessariamente, obrigadas ao regime do Lucro Real as empresas que: a) Cuja receita bruta total no ano anterior tenha sido superior a R$ 81.000,00. b) Cuja receita bruta total no ano anterior tenha sido superior a R$ 360.000,00. c) Cuja receita bruta total no ano anterior tenha sido superior a R$ 4.800.000,00. d) Cuja receita bruta total no ano anterior tenha sido superior a R$ 48.000.000.00. e) Cuja receita bruta total no ano anterior tenha sido superior a R$ 78.000.000,00. QUESTÃO 2-Os tributos abrangidos pelo regime do Lucro Real são: a) IRPJ e PIS/PASEP. b) PIS/PASEP e COFINS. c) IRPJ e CSLL. d) CSLL e PIS/PASEP. e) ICMS e IPI. QUESTÃO 3-As pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Real poderão apurar os seus tribu- tos devidos: a) Anualmente ou trimestralmente. b) Apenas anualmente. c) Apenas trimestralmente. d) Semestralmente. e) Bimestralmente. 15 Referencias Bibliográficas BRASIL. Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/Ccivil_03/leis/L7689.htm>. Acesso em: 27 fev. 2018. _______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 27 fev. 2018. HIGUCHI, H.; HIGUCHI, F. H.; HIGUCHI, C. H. “Imposto de Renda das Empresas - Inter- pretação e Prática” - IR Publicações Ltda, 2009. SIQUEIRA DOS SANTOS, Lucas. Tributos Diretos - IRPJ e CSLL. Valinhos: 2018. Gabarito QUESTÃO 1-Alternativa E De acordo com art. 14, I, da Lei nº 9.718, de 1998, estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas “cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais)”. QUESTÃO 2-Alternativa C Os tributos abrangidos pelo regime do Lucro Real, também, conforme exposto na Introdução, são o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). QUESTÃO 3-Alternativa A. O Lucro Real pode ser apurado a cada trimestre ou anualmente [texto] 2 Cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. Adições e exclusões do lucro real 17 Objetivos Específicos • Compreender a sistemática de apuração do Lucro Real. • Entender as regras relativas às adições e exclusões do Lucro Real. • Conhecer os conceitos de Prejuízo Fiscal e Saldo Negativo de IRPJ. Introdução Na primeira unidade, iniciamos o estudo do Lucro Real, regime de apuração dos tributos sobre o lucro das pessoas jurídicas, quais sejam, o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Embora se tratem de tributos distintos, aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ. Assim, iniciaremos o estudo desta unidade com o cálculo do Lucro Real. Também conforme temá- tica anterior, o Lucro Real nada mais é que o resultado contábil do período base de apuração (mês, trimestre ou ano), ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. Iremos verificar os conceitos e a sistemática de funcionamento das adições e exclusões do Lucro Real, bem como os principais conceitos e ideias envolvidas no cálculo do Lucro Real. Ainda, veremos algumas situações específicas, muito importantes em se tratando do regime do Lucro Real, quais sejam: a compensação do prejuízo fiscal e/ou base de cálculo negativa da CSLL, bem como a ideia por trás do conceito do saldo negativo de IRPJ/CSLL. 2.1 Cálculo do IRPJ e da CSLL Apresentaremos o cálculo do Lucro Real em três passos simples, de forma a tornar mais fácil o entendimento das regras em estudo. 18 2.1.1 Primeiro Passo: Apuração do Lucro Líquido A primeira etapa a ser observada, quando da apuração do Lucro Real, trata-se da apuração do cálculo do resultado contábil de cada período, com a devida observância das leis comerciais e nor- mas contábeis. Então, o lucro real é apurado a partir do resultado contábil de cada período (que pode ser tanto lucro como prejuízo) informado na Demonstração do Resultado do Exercício. Na tabela1, resta indicada a apuração do resultado contábil do período, com base na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). TABELA 1- 1º Passo – DRE/Lucro Líquido DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE (Mensal) (em R$) Receita Bruta 1.000.000,00 (-) Impostos sobre Serviços - ISS (50.000,00) (=) Receita Líquida 950.000,00 (-) Custo dos Serviços Vendidos (415.750,00) (=) Lucro Bruto 534.250,00 (-) Despesas Gerais e Administrativas (245.500,00) (=) Lucro Líquido (antes do IRPJ/CSLL) 288.750,00 FONTE: o autor. Na tabela anterior, o resultado contábil do período foi o Lucro Líquido de R$ 288.750,00. A conta é denominada “Lucro Líquido (antes do IRPJ/CSLL)”, justamente pelo fato de não terem sido calcu- lados, ainda, os tributos sobre o lucro. Observada essa primeira etapa, passamos ao 2º passo. 2.1.2 Segundo Passo: Apuração da Base de Cálculo Uma vez apurado o resultado contábil do período (mais especificamente, neste caso, o lucro líquido do exercício antes do IRPJ/CSLL), para a apuração do Lucro Real, este deverá ser ajustado pelas adições e exclusões ao Lucro Real, previstas em Lei. Por adições, entendem-se as despesas 19 contabilizadas e não aceitas pela legislação, assim como as receitas exigidas pela RFB e não conta- bilizadas em receita. Exemplos mais comuns de adições ao Lucro Real são as despesas com brindes e as despesas com multas. As definições de adições ao Lucro Real se encontram previstas no art. 249, do Decreto nº 3.000/1999, conforme transcrito a seguir: Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º): I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valo- res deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apura- ção do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determi- nação do lucro real. Parágrafo único. Incluem-se nas adições de que trata este artigo: I - ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias tiradas dos lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento do capital, para distribuição de quais- quer interesses ou destinadas a reservas, quaisquer que sejam as designações que tiverem, inclusive lucros suspensos e lucros acumulados (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas “f”, “g” e “i “); II - os pagamentos efetuados à sociedade civil de que trata o § 3º do art. 146 quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das referidas pessoas (Decreto-Lei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, art. 4º); III - os encargos de depreciação, apropriados contabilmente, correspondentes ao bem já integralmente depreciado em virtude de gozo de incentivos fiscais previstos neste Decreto; IV - as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 3º); 20 V - as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, ressalvado o dis- posto na alínea “a” do inciso II do art. 622 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso IV); VI - as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso V); VII - as doações, exceto as referidas nos arts. 365 e 371, caput (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VI); VIII - as despesas com brindes (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VII); IX - o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo ou despesa operacional (Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, art. 1º, caput e parágrafo único); X - as perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 4º); XI – o valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, compensada com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo com o art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998 (Lei nº 9.718, de 1998, art. 8º, § 4º). Fonte: Brasil([1999], on-line). Por exclusões, entendem-se as receitas contabilizadas e não exigidas pelo fisco e, também, as despesas exigidas pelo fisco e não contabilizadas em despesa. Exemplos mais comuns de exclusões ao Lucro Real são as receitas de dividendos. As definições de exclusões ao Lucro Real se encontram previstas no art. 250, do Decreto nº 3.000/1999, conforme transcrito a seguir: Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido compu- tados na apuração do lucro líquido do período de apuração; 21 II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam computados no lucro real; III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fis- cal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). Parágrafo único. Também poderão ser excluídos: a) os rendimentos e ganhos de capital nas transferências de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária, quando auferidos pelo desapropriado (CF, art. 184, § 5º); b) os dividendos anuais mínimos distribuídos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento (Decreto-Lei nº 2.288, de 1986, art. 5º, e Decreto-Lei nº 2.383, de 1987, art. 1º); c) os juros produzidos pelos Bônus do Tesouro Nacional - BTN e pelas Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidos para troca voluntária por Bônus da Dívida Externa Brasileira, objeto de permuta por dívida externa do setor público, registrada no Banco Central do Brasil, bem assim os refe- rentes aos Bônus emitidos pelo Banco Central do Brasil, para os fins previstos no art. 8º do Decreto-Lei nº 1.312, de 15 de fevereiro de 1974, com a redação dada pelo Decreto- Lei nº 2.105, de 24 de janeiro de 1984 (Lei nº 7.777, de 19 de junho de 1989, arts. 7º e 8º, e Medida Provisória nº 1.763- 64, de 11 de março de 1999, art. 4º); d) os juros reais produzidos por Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidas para troca com- pulsória no âmbito do Programa Nacional de Privatização - PND, controlados na parte “B” Link O inteiro teor do Regulamento do Imposto de Ren- da, Decreto nº 3.000, de 1999, pode ser acessado link disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Fonte: Brasil([1999], on-line). 22 do LALUR, os quais deverão ser computados na determinação do lucro real no período do seu recebimento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 100); e) a parcela das perdas adicionadas conforme o disposto no inciso X do parágrafo único do art. 249, a qual poderá, nos períodos de apuração subseqüentes, ser excluída do lucro real até o limite correspondente à diferença positiva entre os ganhose perdas decorrentes das operações realizadas nos mercados de renda variável e operações de swap (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 5º). Fonte: Brasil ([1999], on-line). Ajustado o Lucro Líquido (antes do IRPJ/CSLL) pelas adições e exclusões, se chega ao Lucro Real (ou Lucro Ajustado), conforme demonstrado na Tabela 2. O Lucro Real (ou Lucro Ajustado) será a base de cálculo dos tributos em estudo, quais sejam, IRPJ e CSLL. TABELA 2 - 2º Passo - Como Chegar ao Lucro Real – Adições e Exclusões IRPJ – Lucro Real (Mensal) CSLL – Lucro Real (Mensal) Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) R$ 288.750,00 Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) R$ 288.750,00 (+) Adições Despesas com Multas R$ 85.500,00 (+) Adições Despesas com Multas R$ 85.500,00 (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 106.200,00) (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 106.200,00) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 FONTE: o autor. 2.1.3Terceiro Passo: Aplicação das Alíquotas Todo tributo devido é encontrado mediante um cálculo simples: a aplicação de um percentual (alí- quota) sobre uma base de cálculo (valor monetário). Conforme visto, o IRPJ é calculado utilizando-se de uma alíquota de 15%. Existe, ainda, o adicio- nal de IRPJ, que é calculado aplicando-se a alíquota de 10% sobre a base de cálculo no ponto em 23 que a mesma ultrapassa o montante de R$ 20.000,00 ao mês. Por fim, a CSLL é calculada utili- zando-se a alíquota de 9%. Observa-se que, embora a base de cálculo possa ser alterada, em fun- ção da periodicidade do cálculo do Lucro Real (mensal, trimestral ou anual), aplicam-se sempre as mesmas alíquotas. Continuando nosso exemplo, na Tabela 3 encontra demonstrada a aplicação das alíquotas ao Lucro Real (base de cálculo), de modo a se encontrar o tributo devido. TABELA 3 - 3º Passo – Como Chegar ao Imposto Devido – Base de Cálculo x Alíquota IRPJ – Lucro Real (Mensal) CSLL – Lucro Real (Mensal) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 (x) IRPJ – 15% R$ 268.050,00 x 15% = R$ 40.207,50 (x) CSLL – 9% R$ 268.050,00 x 9% = R$ 24.124,50 (x) Adicional de IRPJ – 10% (R$ 268.050,00 – R$ 20.000) x 10% = R$ 248.050,00 x 10% = R$ 24.805,00 IRPJ a Recolher R$ 65.012,50 CSLL a Recolher R$ 24.124,50 FONTE: o autor. Exemplificado o cálculo do Lucro Real, passamos ao estudo de duas situações espe- cíficas de recorrente aplicação nesse regime. 2.1.4 Prejuízo Fiscal/Base de Cálculo Negativa da CSLL A primeira situação especifica a ser analisada, trata-se do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL. Contudo, antes de se falar do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL, há que se observar a distinção entre prejuízo fiscal e prejuízo contábil. Como visto, o Lucro Real é calculado a partir do resultado contábil do período, que pode ser tanto lucro (resultado posi- tivo) como prejuízo (resultado negativo). Exemplificando Observe os dados da tabela seguinte, que apresen- ta uma empresa no cenário: empresa com prejuízo contábil e Lucro Real. 24 Assim, ainda que uma empresa tenha prejuízo contábil, ela pode ter que recolher os tributos sobre o Lucro Real. Essa situação aconteceria, por exemplo, se a empresa com prejuízo contábil tivesse apenas despesas não aceitas pelo fisco em seu resultado. Nesse caso, todas essas despesas seriam adicionadas ao Lucro Real, de modo que a empresa teria que recolher os tributos sobre o lucro. TABELA 4 - Empresa com prejuízo contábil e Lucro Real IRPJ – Lucro Real (Mensal) CSLL – Lucro Real (Mensal) Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) (R$ 27.950,00) Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) (R$ 27.950,00) (+) Adições Despesas com Multas R$ 51.300,00 (+) Adições Despesas com Multas R$ 51.300,00 (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 1.250,00) (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 1.250,00) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 22.100,00 Lucro Real (ou Ajustado) R$ 22.100,00 FONTE: o autor. O prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL são calculados com base nas regras de apuração do Lucro Real. Ou seja, independente do lucro/prejuízo contábil, após as adições e exclusões deter- minadas pelo Regulamento do Imposto de Renda, a empresa pode apresentar prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. Assimile O resultado contábil se distingue do resultado fiscal em razão das adições e exclusões ao Lucro Real. Fonte: o autor. 25 TABELA 5 - Prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL IRPJ – Lucro Real (1º Trimestre) CSLL – Lucro Real (1º Trimestre) Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) R$ 101.900,00 Lucro Líquido (antes IRPJ/CSLL) R$ 101.900,00 (+) Adições Despesas com Multas R$ 5.000,00 (+) Adições Despesas com Multas R$ 5.000,00 (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 204.200,00) (-) Exclusões Receita de Dividendos (R$ 204.200,00) Prejuízo Fiscal (R$ 97.300,00) Base de Cálculo Negativa da CSLL (R$ 97.300,00) FONTE: o autor. Como visto, não existe diferença entre o Prejuízo Fiscal e a Base de Cálculo Negativa da CSLL. As diferenças são apenas em relação à terminologia, sendo a primeira aplicada ao IRPJ e a segunda à CSLL. Assim, um outro ajuste a ser realizado na apuração do Lucro Real é a compensação do prejuízo fiscal. De acordo com a legislação (Lei nº 8.981/1995, art. 42), o prejuízo fiscal/base de cálculo negativa da CSLL poderá ser compensado até o limite de 30% do lucro real do período. Continuando nosso exemplo anterior, segue demonstrada a compensação do prejuízo fiscal apu- rado no 1º trimestre, quando da apuração do Lucro Real no 2º Trimestre. TABELA 6 - Compensação Prejuízo Fiscal IRPJ – Lucro Real (2º Trimestre) CSLL – Lucro Real (2º Trimestre) Lucro Líquido (antes do IRPJ/CSLL) ... (+) Adições ... (-) Exclusões ... (=) Lucro Real antes da Compensação dos Prejuízos Fiscais R$ 108.030,00 Lucro Líquido (antes do IRPJ/CSLL) ... (+) Adições ... (-) Exclusões ... (=) Lucro Real antes da Compensação dos Prejuízos Fiscais R$ 108.030,00 (-) Compensação Prejuízo Fiscal (1º Tri) (R$ 108.030,00 x 30%) = (R$ 32.409,00) (-) Compensação BC Neg. CSLL (1º Tri) (R$ 108.030,00 x 30%) = (R$ 32.409,00) (=) Lucro Real R$ 75.621,00 (x) IRPJ – 15% R$ 11.343,15 (x) Adicional – 10% R$ 1.562,10 (=) Lucro Real R$ 75.621,00 (x) CSLL – 9% R$ 6.805,89 IRPJ a Recolher R$ 12.905,20 CSLL a Recolher R$ 6.805,89 FONTE: o autor. 26 2.1.5 saldo negativo de IRPJ/saldo negativo de CSLL A segunda situação específica a ser estudada, relacionada aos tributos em análise, trata-se do Saldo Negativo de IRPJ/CSLL. O Saldo Negativo de IRPJ/CSLL ocorre quando, ao final do período de apuração, os valores pagos em relação a tais tributos são superiores aos efetivamente devidos. Via de regra, os pagamentos maiores são decorrentes de retenções na fonte de IRPJ/CSLL, que em verdade se tratam de antecipações desse imposto. TABELA 7- Formação de Saldo Negativo de IRPJ/CSLL IRPJ – Lucro Real (Anual) CSLL – Lucro Real (Anual) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 Lucro Real (ou Ajustado) R$ 268.050,00 (x) IRPJ – 15% R$ 268.050 x 15% = R$ 40.207,50 (x) CSLL – 9% R$ 268.050,00 x 9% = 24.124,50 (x) Adicional de IRPJ – 10% (R$ 268.050,00 – R$240.000) x 10% = R$ 28.050,00 x 10% = R$ 2.805,00 IRPJ a Recolher R$ 42.292,50 CSLL a Recolher R$ 24.124,50 (-) IRPJ Retido na Fonte (R$ 62.750,00) (=) Saldo Negativo IRPJ R$ 20.457,50 (-) CSLL Retido na Fonte (R$ 40.300,00) (=) Saldo Negativo CSLL R$ 16.175,50 FONTE: o autor. O Saldo Negativo de IRPJ/CSLL poderá ser objeto de pedido de compensação ou de restituição. Questão para reflexão Os sócios de uma pessoa jurídica podem ser remunerados por diversas formas, sendo a mais comum delas a distribuição dos lucros. Quando o governo federal tributa os lucros de uma empresa, o mesmo se assemelha aos sócios das empresas, recebendo parcela dos lucros distribuídos por ela. Acontece que as empresas apenas distribuem lucros quando elas possuem resultado contábil posi- tivo (ou seja, lucro). Para as empresas optantes pela sistemática do Lucro Real, funciona quase dessa forma: quando o resultado fiscal é de prejuízo, não há imposto a pagar. Contudo, no exercício 27 seguinte, se essas empresas lucram, o prejuízo, apenas, pode ser compensado em 30% do lucro apu- rado no período. Neste caso, o governo federal acaba agindo como um sócio privilegiado, ou seja, ele participa do prejuízo, mas apenas parcialmente. Pelo ponto de vista da justiça tributária, mostra-se correta a limitação da compensação do prejuízo fiscal à apenas 30% do lucro líquido das empresas? Considerações Finais • O lucro real é apurado a partir do resultado contábil de cada período (que pode ser tanto lucro como prejuízo) informado na Demonstração do Resultado do Exercício; • Apurado o resultado contábil do período (mais especificamente, neste caso, o lucro líquido do exercício antes do IRPJ/CSLL), para a apuração do Lucro Real, este deverá ajustado pelas adi- ções e exclusões ao Lucro Real, previstas em Lei; • Por meio da aplicação das alíquotas ao Lucro Real (base de cálculo), se encontram os tributos devidos; • O prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL são apurados, calculados com base nas regras de apuração do Lucro Real. Ou seja, independente do lucro/prejuízo contábil, após as adições e exclusões determinadas pelo Regulamento do Imposto de Renda, a empresa pode apresentar prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL; • O Saldo Negativo de IRPJ/CSLL ocorre quando, ao final do período de apuração, os valores pagos, em relação a tais tributos, são superiores aos efetivamente devidos. Glossário Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): demonstração contábil/financeira cujo princi- pal objetivo é demonstrar, de forma vertical e resumida, o resultado apurado com base nas normas contábeis e comerciais, em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período (mês, trimestre, ano etc.). Retenções na Fonte: as retenções na fonte, quando um terceiro, responsável, deve recolher o tributo em nome de outra pessoa. Essa situação é muito comum com relação ao imposto de renda, 28 seja das pessoas físicas, quando recebem seus salários e têm parcela retida na fonte pelo empre- gador, seja das pessoas jurídicas, quando prestam serviços a outras pessoas jurídicas, e têm par- cela das suas receitas retidas pelo tomador dos serviços, para pagamento do imposto de renda retido na fonte. Antecipações de Imposto: as retenções na fonte do imposto de renda são tidas como antecipa- ções do imposto, pois o fato gerador ainda não ocorreu com relação às pessoas físicas, o fato gera- dor do IR ocorre, apenas, em 31 de dezembro de cada ano e com relação às pessoas jurídicas optan- tes do Lucro Real, este pode ocorrer trimestralmente ou anualmente. Verificação de leitura QUESTÃO 1-O Lucro Real é apurado a partir: a) Da Receita Bruta. b) Da Receita Liquida. c) Do resultado contábil do período. d) Do Lucro Bruto. e) Do IRPJ/CSLL. QUESTÃO 2-O Lucro Real é o resultado contábil do período ajustado: a) Pelo IRPJ e pela CSLL. b) Pelas alíquotas dos tributos. c) Pela base de cálculo. d) Pelas adições e exclusões. e) Pelo Saldo Negativo. 29 QUESTÃO 3-O limite percentual para compensação do prejuízo fiscal com o lucro real do período é de: a) 10%. b) 15%. c) 20%. d) 25%. e) 30%. Referências Bibliográficas BRASIL. Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L8981.htm>. Acesso em: 01 fev. 2018. ______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 27 jan. 2018. HIGUCHI, H.; HIGUCHI, F. H.; HIGUCHI, C. H. Imposto de Renda das Empresas - Inter- pretação e Prática - IR Publicações Ltda., 2009. 30 Gabarito QUESTÃO 1-Alternativa C O lucro real é apurado a partir do resultado contábil de cada período (que pode ser tanto lucro como prejuízo) informado na Demonstração do Resultado do Exercício. QUESTÃO 2-Alternativa D. Para a apuração do Lucro Real, o resultado contábil de cada período deverá ser ajustado pelas adições e exclusões ao Lucro Real. QUESTÃO 3-Alternativa E. De acordo com a legislação (Lei nº 8.981/1995, art. 42), o prejuízo fiscal/base de cálculo negativa da CSLL poderá ser compensado até o limite de 30% do lucro real do período. 3 Deduções do Imposto de Renda (Doações, PAT, Imposto Retido) 32 Objetivos Específicos • Conhecer as principais deduções ao Imposto de Renda. • Compreender o conceito de despesas operacionais. • Entender as regras para dedução do Lucro Real das participações nos lucros atribuídas aos empregados como despesa operacionais. Introdução Na presente unidade, serão apresentadas as deduções do imposto de renda, apurado com base na sistemática do Lucro Real e previstas no art. 229, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), quais sejam: o imposto de renda retido na fonte, as doações aos Fundos da Criança e do Adolescente, as doações e patrocínios às Atividades Culturais e Artísticas e os incentivos fiscais ao Programa de Alimentação do Trabalhador. Com efeito, após as duas primeiras aulas em que aprendemos o conceito do Lucro Real e cál- culo do Lucro Real, a partir desta unidade, serão estudadas algumas particularidades do Regime dessa sistemática, neste caso, algumas das principais deduções do imposto de renda apurado nesse regime. Assim, além de apresentar os principais conceitos e ideias envolvidas em cada uma das deduções citadas, serão apresentadas, também, as respectivas legislações de regência e, conse- quentemente, as regras de regência e limites previstos para as doações e incentivos. Ainda, den- tro do assunto deduções, iremos discorrer sobre o conceito de despesas operacionais, de extrema importância ao regime do Lucro Real. Por fim, finalizando o estudo do conceito de despesas opera- cionais, iremos compreender a possibilidade de dedução do Lucro Real das despesas como salários dos empregados, bem como a possibilidade de dedução do Lucro Real, como despesa operacional das participações nos lucros atribuídas aos empregados da empresa. 33 3.1 Deduções do imposto de renda (doações, pat, imposto retido) Como exposto na introdução, apresentaremos algumas das possíveis deduções do Lucro Real, iniciando pelas deduções previstas no art. 229, do RIR/99, transcrito abaixo: Art. 229. Para efeito de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto apurado no mês, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo, bem como os incentivos de dedução do imposto relativos ao Programa de Alimentação do Trabalhador, doações aos Fundos da Criança e do Adolescente, Atividades Culturais ou Artísticas, Atividade Audiovisual, e Vale- Transporte, este últimoaté 31 de dezembro de 1997, observados os limites e prazos previs- tos para estes incentivos. O art. 229, do RIR/99 prevê diversas deduções do Lucro Real, como o imposto de renda retido na fonte, os incen- tivos fiscais relacionados ao Programa de Alimentação do Trabalhador, doações aos Fundos da Criança e do Adolescente e Atividades Culturais ou artísticas. Iniciamos o estudo dessas deduções e incentivos mediante imposto de renda retido na fonte. Link O inteiro teor do Regulamento do Imposto de Ren- da, Decreto nº 3.000, de 1999, pode ser visualiza- do por meio do link disponível em: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d3000.htm>. Fonte: Brasil([1999], on-line). Para saber mais Conforme disposto no art. 229, do RIR/99, o incen- tivo fiscal relacionado ao Vale-transporte era válido apenas até 31 de dezembro de 1997. Da mesma for- ma, o incentivo fiscal às atividades audiovisuais era válido apenas até o ano-calendário de 2006 (art. 27, IN SRF nº 267/2002). Fonte: o autor. 34 3.1 Imposto de renda retido na fonte (IRRF) Conforme dispõe o art. 229, do RIR/99, para efeito de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto apurado no mês, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo. Via de regra, há retenção na fonte do Imposto de Renda em relação aos rendi- mentos pagos por serviços entre pessoas jurídicas, tais como os de natureza profis- sional, serviços de corretagem, propaganda e publicidade (art. 647, RIR/99). Em tal situ- ação, a própria fonte pagadora (tomadora do serviço) tem o encargo de apurar a inci- dência, calcular e recolher o imposto em vez do beneficiário. O imposto de renda retido na fonte trata-se de antecipação do imposto devido pela pessoa jurídica, que só irá conhecer o montante devido ao final do período de apuração (ano ou trimestre). Assim, con- forme parágrafo único do art. 229, do RIR/99, caso o imposto retido na fonte seja superior ao devido, a diferença poderá ser compensada com o imposto mensal a pagar relativo aos meses subsequentes. TABELA 1 - Dedução do imposto de renda e da CSLL retidos na fonte IRPJ – Lucro Real (Anual) CSLL – Lucro Real (Anual) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 1.208.010,00 Lucro Real (ou Ajustado) R$ 1.208.010,00 (x) IRPJ – 15% R$ 1.208.010 x 15% = R$ 181.201,50 (x) CSLL – 9% R$ 1.208.010 x 9% = R$ 108.720,90 (x) Adicional de IRPJ – 10% (R$ 1.208.010 – R$ 240.000) x 10% = R$ 968.010 x 10% = R$ 96.801,00 Exemplificando Demonstramos um caso de dedução do imposto de renda e da CSLL retidos na fonte. Para saber mais Para Saber Mais: A retenção da CSLL em relação a serviços prestados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas encontra previsão legal no art. 30, da Lei nº 10.833/2003. Fonte: o autor. 35 IRPJ – Lucro Real (Anual) CSLL – Lucro Real (Anual) IRPJ Devido R$ 278.002,50 CSLL Devida R$ 24.124,50 (-) IR Retido na Fonte (R$ 18.120,15) (=) IRPJ a Recolher R$ 259.882,35 (-) CSLL Retido na Fonte (R$ 12.080,10) (=) CSLL a Recolher R$ 12.044,40 FONTE: o autor. 3.1.2 Doações Também, conforme previsto no art. 229, do RIR/99, para efeitos de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto apurado no mês, os incentivos relativos a doações aos Fundos da Criança e do Adolescente e as doações ou patrocínios às Atividades Culturais ou Artísticas, observados os limites e pra- zos previstos para esses incentivos. Analisaremos, separadamente, cada uma dessas doações. 3.1.2.1 Fundos da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente) A possibilidade de dedução do imposto de renda relativo às doações, feitas por pessoas jurí- dicas aos fundos da Criança e do Adolescente prevista no art. 229, do RIR/99 encontra sua respectiva previsão legal no art. 260, inciso I, da Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), conforme transcrição a seguir: Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou muni- cipais, devidamente compro- vadas, sendo essas integral- mente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: Assimile as doações feitas aos fundos da Criança e do Ado- lescente não são despesas dedutíveis para fins de apuração do Lucro Real. O benefício aplica-se tão somente ao imposto apurado e devido. Fonte: o autor. 36 I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tri- butadas com base no lucro real. Conforme art. 260, I, da Lei nº 8.069/1990, a pessoa jurídica poderá deduzir, em relação às doa- ções feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, até 1% do total do imposto de renda devido pelas empresas tributadas com base no lucro real. A dedução poderá ser feita mensal, trimes- tral ou anualmente. Por fim, deve ser observado que a dedução das doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente aplica-se tão somente ao IRPJ e não à CSLL. 3.1.2.2 Atividades Culturais ou Artísticas e Atividade Audiovisual (Lei nº 8.313/1991 – Lei Rouanet A possibilidade de dedução do imposto de renda relativo às doações ou patrocínios feitos por pessoas jurídicas às atividades culturais ou artísticas prevista no art. 229, do RIR/99 encontra sua respectiva previsão legal nos arts.18 e 26 da Lei nº 8.313, de 1991, também, conhecida como Lei Rouanet. As doações e patrocínios, em favor de projetos culturais, previamente, aprovados pelo Ministério da Cultura ou pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), efetuados no período de apuração poderão ser deduzi- das, quando da apuração do Lucro Real, com fundamento no art. 18 ou com funda- mento no art. 26, da Lei nº 8.313/1991. A doação ou patrocínio feita com fundamento, no art.18, pode ser deduzida. Integralmente, do IRPJ devido à alíquota de 15%, mas será despesa indedutível na apuração do IRPJ/CSLL. Por sua vez, a doação ou patrocínio feito com fundamento no art. 26, além de se tratar de despesa dedutível, Assimile As deduções das doações e patrocínios da Lei Rouanet apenas se aplicam ao IRPJ, não se apli- cando, portanto, à CSLL. Fonte: o autor. 37 poderá ser deduzido do IRPJ devido à alí- quota de 15%, em relação à: a) 40% do valor das doações; ou b) 30% do somatório dos patrocínios. 3.1.3 Programa de alimentação do trabalhador (PAT) Conforme dispõe o art. 229, do RIR/99, para efeito de pagamento, a pes- soa jurídica poderá deduzir do imposto apurado no mês, os incentivos de dedução do imposto relativos ao Programa de Alimentação do Trabalhador, (...), observados os limites e prazos previstos para esses incentivos. O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) trata-se de incentivo fis- cal instituído pela Lei nº 6.321/76 e regula- mentado pelo Decreto nº 78.676/76. O refe- rido incentivo fiscal é concedido aos progra- mas de alimentação, fornecidos pelas empresas, aos seus funcionários, e devem ser aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As pessoas jurídicas que tenham PAT aprovado, além de deduzir do Lucro Real as despesas com ali- mentação, poderão deduzir, diretamente, do imposto devido o valor equivalente à aplicação da alíquota do imposto à soma daqueles gastos, sendo que o valor da dedução não poderá exceder a 4% do imposto devido (sem considerar o adicional de 10%). TABELA 2 - Dedução de benefícios do PAT Lucro Bruto R$ 100.000.000,00 (-) Despesas Administrativas – Alimentação (R$ 5.000.000,00) Exemplificando Demonstramos exemplo de deduçãodos benefícios do PAT na apuração do Imposto de Renda. Assimile as deduções relacionadas ao Programa de Alimen- tação do Trabalhador, também, se aplicam à apu- ração do IRPJ, exceto à CSLL. Fonte: o autor. 38 Lucro Contábil R$ 95.000.000,00 (+) Adições R$ 20.500.000,00 (-) Exclusões (R$ 42.200.000,00) (=) Lucro Real (ou Ajustado) R$ 73.300.000,00 IRPJ (15%) R$ 10.995.000,00 (-) PAT (4% IRPJ) (R$ 439.800,00) Adicional (73.300.000 – 240.000) (10%) R$ 7.306.000,00 IRPJ a Recolher R$ 17.861.200,00 CSLL (9%) R$ 6.597.000,00 FONTE: o autor. 3.1.4 Salários Conforme dispõem os artigos 299 e 300, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), são dedutíveis, na apura- ção do Lucro Real, as despesas operacionais necessárias (à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas) e usuais (ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa). Dessa forma, os salários pagos pelas pessoas jurídicas aos seus funcionários são considerados des- pesas dedutíveis na apuração do Lucro Real. Por salários, entende-se a contraprestação devida ao empregado pela prestação de serviços, em decorrência do contrato de trabalho. Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como, também, as comissões, percentagens, gratificações ajus- tadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador (art. 457, § 1º, Consolidação das Leis do Trabalho - CLT). 3.1.5 Participação nos lucros e resultados (PLR) A participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa encontra-se regulada pela Lei nº 10.101, de 2000. Assim como em relação aos salários, para efeito de apuração do lucro real, as Assimile são dedutíveis do Lucro Real as despesas operacio- nais necessárias e usuais à atividade da empresa. 39 pessoas jurídicas poderão deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empre- gados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, mesmo dentro do próprio exercício de sua constituição (art. 3º, § 1º, Lei nº 10.101/2000). A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empre- gados, mediante comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um represen- tante indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou convenção/acordo coletivo (art. 2º, Lei nº 10.101/2000). Por parte dos empregados, o recebimento de participação nos lucros mostra-se deveras interes- sante, pois, sobre tal remuneração, não há incidência das contribuições ao INSS e ao FGTS. Contudo, há incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte. Deve ser observado que as participações nos lucros atribuídas aos empregados deverão observar os termos da Lei nº 10.101/2000, sob pena dos valores pagos sofrerem a incidência da contribuição previdenciária. Questão para reflexão Como visto anteriormente, os incentivos fiscais concedidos às empresas optantes pelo Lucro Real variam muito com relação à sua aplicabilidade: em alguns casos, é possível a dedução do imposto devido, em outros casos, mostra-se possível a utilização de determinados gastos como despesas dedutíveis e, em alguns outros casos, mostra-se possível tanto a dedução do imposto devido, como a utilização dos gastos incentivados como despesa dedutível. Ou seja, mesmo com relação aos benefícios fiscais, uma das principais marcas de nosso sistema tributário, qual seja, a diversidade de regras para uma mesma situação, também, se aplica aos benefícios fiscais. Na prática, o que se vê 40 é que muitos dos benefícios fiscais acabam se tornando armadilhas fiscais. Dessa forma, questiona- se: ao menos em relação aos benefícios fiscais, não custaria ao sistema tributário nacional buscar uma certa integridade em relação às respectivas regras? Considerações Finais • O art. 229, do RIR/99 prevê diversas deduções do Lucro Real, como o imposto de renda retido na fonte, os incentivos fiscais relacionados ao Programa de Alimentação do Trabalhador, doa- ções aos Fundos da Criança e do Adolescente e Atividades Culturais ou artísticas. • O imposto de renda retido na fonte trata-se de antecipação do imposto devido pela pessoa jurídica, que só irá conhecer o montante devido ao final do período de apuração (ano ou tri- mestre), de forma que se mostra possível deduzir da apuração do imposto de renda apurado pela sistemática do Lucro Real, o imposto de renda retido na fonte. • A pessoa jurídica, optante pelo Lucro Real, poderá deduzir, em relação às doações fei- tas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, até 1% do total do imposto de renda devido. • As doações e patrocínios em favor de projetos culturais previamente aprovados pelo Ministério da Cultura ou pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), efetuados no período de apuração poderão ser deduzidas quando da apuração do Lucro Real, com fundamento no art. 18 ou com fundamento no art. 26, da Lei nº 8.313/1991; • As pessoas jurídicas, que tenham Programa de Alimentação do Trabalhador aprovado, além de deduzir do Lucro Real as despesas com alimentação, poderão deduzir, diretamente, do imposto devido, o valor equivalente à aplicação da alíquota do imposto à soma daqueles gastos, sendo que o valor da dedução não poderá a 4% do imposto devido (sem considerar o adicional de 10%). • Para fins de apuração do Lucro Real, são dedutíveis as despesas operacionais necessárias (à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas) e usuais (ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa). 41 • As pessoas jurídicas poderão deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da Lei nº 10.101/2000. Glossário Incentivos fiscais: os incentivos fiscais são benefícios concedidos às empresas em trocas de des- contos ou reduções no pagamento de tributos. Via de regra, os incentivos estão condicionados a alguma contraprestação por parte da empresa, a qual pode beneficiar o próprio governo, a própria empresa, seus empregados ou toda a coletividade. Tomadores de Serviços: quando uma empresa presta serviços a outra empresa, distinguimos duas figuras, o prestador de serviços e o tomador de serviços. O conhecimento da figura do tomador de serviços é importante, uma vez que ele se mostra como responsável pela retenção e recolhimento de diversos tributos na condição de responsável. Patrocínios: por patrocínio, entende-se a transferência definitiva e irreversível de valores ou ser- viços em favor da pessoa física ou jurídica, que está promovendo determinada atividade, seja com a finalidade promocional, seja com o intuito de divulgação do patrocinador. Verificação de leitura QUESTÃO 1-São deduções do Lucro Real previstas no art. 229, do Decreto nº 3.000/99, exceto: a) Imposto de renda retido na fonte. b) Incentivos relacionados ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). c) Doações aos Fundos da Criança e do Adolescente. d) Doações a Atividades Culturais ou Artísticas. e) Incentivos relacionados ao vale pedágio após 1997. 42 QUESTÃO 2-As pessoas jurídicas que tenham PAT aprovado, além de deduzir do Lucro Real, as despesas com alimentação poderão deduzir, diretamente, do imposto devido, o valor equivalente à aplicação da alíquota do imposto à soma daqueles gastos, sendo que o valor da dedução não poderá exceder à: a) 3% do imposto de renda devido. b) 3% do imposto de renda devido, sem considerar o adicional de imposto de renda. c) 4% do imposto de renda devido. d) 4% do imposto de renda devido, sem considerar o adicional de imposto de renda. e) 5% do total do imposto de renda. QUESTÃO 3-As doações e patrocínios, feitos pelas pessoas jurídicasàs atividades cultu- rais ou artísticas, poderão ser deduzidas do Lucro Real: a) Tanto do IRPJ como da CSLL. b) Apenas do IRPJ. c) Apenas do IRPJ, mas limitado à 4% do imposto devido. d) Apenas da CSLL, mas limitado à 4% do imposto devido. e) Apenas da CSLL. 43 Referencias Bibliográficas BRASIL. Decreto-lei N.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 17 fev. 2018. _____. Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/Ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 17 fev. 2018. _____. Lei Nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/CCivil_03/leis/L8313cons.htm>. Acesso em: 17 fev. 2018. _____. Decreto Nº 3.000, de 26 de março de 1999. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 27 jan. 2018. ______. Lei Nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10101.htm>. Acesso em 17 fev. 2018. HIGUCHI, H.; HIGUCHI, F. H.; HIGUCHI, C. H. Imposto de Renda das Empresas - Inter- pretação e Prática - IR Publicações Ltda, 2009. 44 Gabarito QUESTÃO 1-Resposta: E. O art. 229, do RIR/99, prevê diversas deduções do Lucro Real, como o imposto de renda retido na fonte, os incentivos relacionados ao Programa de Alimentação do Trabalhador, doações aos Fundos da Criança e do Adolescente e Atividades Culturais ou artísticas. QUESTÃO 2-Resposta: D. As pessoas jurídicas que tenham PAT aprovado, além de deduzir do Lucro Real as despesas com alimentação, poderão deduzir, diretamente, do imposto devido, o valor equivalente à aplicação da alíquota do imposto à soma daqueles gastos, sendo que o valor da dedução não poderá ser a 4% do imposto devido (sem considerar o adicional de 10%). QUESTÃO 3-Resposta: D. As deduções das doações e patrocínios da Lei Rouanet apenas se aplicam ao IRPJ, não se apli- cando, portanto, à CSLL. 4 Benefício da Inovação Tecnológica – Lei do bem 46 Objetivos Específicos • Apresentar os incentivos fiscais da Lei do Bem para as atividades de pesquisa e inovação tecnológica. • Identificar quais gastos com inovação são admitidos para o incentivo fiscal. • Identificar a forma pela qual as empresas usufruem dos incentivos e fazem a prestação de con- tas da sua utilização. Introdução A Lei do Bem foi editada, em 2005, com o objetivo de promover o maior desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica no Brasil. Para atingir esse objetivo, concede redução de impostos, para as empresas inovadoras, como estímulo a desenvolverem projetos de inovação tecnológica. Dados oficiais do Ministério de Ciência e Tecnologia apontam, que, em 2006, (primeiro ano incen- tivado) 130 empresas foram beneficiadas pela Lei do Bem, sendo que, em 2014, esse número atingiu 1.008 empresas, um acréscimo de 675%. No entanto, ainda é pouco, considerando que a Lei incen- tiva o desenvolvimento de inovação própria da empresa, não necessitando ser desenvolvida uma inovação tecnológica para todo o mercado. Ainda, com relação ao ano de 2014, das 1.206 empresas que pleitearam os benefícios da Lei do Bem, 1.115 empresas eram das regiões Sudeste ou Sul, ou seja, somente 7,5% das empresas benefi- ciadas eram das demais regiões do País. É de se supor que existam bem mais empresas que tenham desenvolvido um novo produto ou processo de fabricação, mas que não tenham utilizado dos incen- tivos fiscais que seriam permitidos. Uma das possíveis razões para o baixo nível, ainda, de utilização da Lei do Bem é o desconhecimento do incentivo e dos requisitos para obter o benefício. Para contribuir na diminuição dessa lacuna de conhecimento, nesta aula, você conhecerá a sis- temática de funcionamento da Lei do Bem, quais os requisitos básicos para utilizar os incentivos fiscais e o que a empresa beneficiada deve providenciar para prestar contas ao Governo sobre o uso dos incentivos. 47 4.1 Inovação Tecnológica na Lei do Bem A Lei nº 11.196/2005, conhecida como Lei do Bem, concede benefícios fiscais a empresas para incentivar a inovação tecnológica no Brasil. O Capítulo III da Lei, composto por nove artigos (arts. 17 a 26), dispõe dos critérios a serem observados para usufruir dos benefícios. Não é qualquer inovação tecnológica que é beneficiada, sendo o conceito de inovação definido na própria Lei (art. 17, § 1º): § 1o Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabri- cação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado (BRASIL, 2005). São dois os tipos de inovação admitidos em uma primeira análise: • A concepção de um novo produto. • A concepção de um novo processo de fabricação. Como “novo produto” se considera o produto novo desenvolvido por uma empresa, e basta que esse produto seja novo, somente, para a empresa benefi- ciada. Desse modo, não necessita ser um produto novador no mercado como um todo. Por exemplo, o aparelho de celular, do tipo smartphone, já foi uma inovação para todo o mercado quando o primeiro fabricante o lançou. A Lei do Bem não ficaria restrita a essa primeira empresa inovadora. Outra entidade que já seja fabricante de celulares, mas que ainda não produza o aparelho do tipo smartphone, poderá também usufruir dos benefícios fiscais da Lei para desenvolver o seu Para saber mais De acordo com o Relatório Anual de Atividades de Pesquisa & Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para o ano-base 2014, 1.206 empresas declararam ter utilizado incentivos da Lei do Bem, das quais 1.008 empresas tiveram projetos aprovados. Os quatro principais setores com empresas beneficia- das foram o de Mecânica e Transporte, Software, Petroquímica/Química e Eletroeletrônica. Fonte: o autor. 48 próprio smartphone. A Lei objetiva gerar inovação em produtos no mercado brasileiro e, também, depois, difundir a produção inovadora por outros fabricantes. O mesmo é válido para inovação de processo de fabricação, bastando que seja uma inovação de processo dentro da própria empresa. Por exemplo, em indústria prestadora de serviços de pintura de automóveis para grandes montadoras de veículos, é adotado um processo de pintura bastante manual, sendo necessária a utilização de pessoas para realizar o trabalho de pintar. Uma inovação de processo seria introduzir uma sistemática de pintura robotizada, que substituísse os operadores por máquinas, aumentando, significativamente, a capacidade de automóveis pintados e resultando em maior competitividade da empresa no mercado. A inovação tecnológica não fica restrita às indústrias, podendo, também, ser implementada por empresas de outros segmentos, tal como o de prestação de serviços. Uma empresa desenvolvedora de softwares, que venha a conceber uma nova aplicação em tecnologia da informação, para ofere- cer ao mercado, seria uma potencial beneficiada pela Lei do Bem. Já, em uma segunda análise, ainda, do parágrafo 1º do artigo 17 da Lei, nota-se que também é aceita “a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade”. Nesse sentido, uma fabricante de revesti- mentos cerâmicos, que tenha um projeto de desenvolvimento de um novo revestimento, que ofereça um período de durabilidade, signi- ficativamente, maior a partir do assentamento na construção, poderá fazer esse desenvolvi- mento com os benefíciosda Lei do Bem. Veja que o primeiro ponto crucial na Lei do Bem é o enquadramento da inovação Assimile Enquadramento da inovação para fins de benefício fiscal da Lei do Bem - O fundamental para usufruir dos benefícios da Lei do Bem é separar o que pode ser enquadrado como inovação daquilo que não pode ser considerado, em conformidade com os requisitos da Lei. Essa é uma tarefa que não deve ser atribuída, exclusivamente, às áreas fiscal ou contábil nas organizações, mas, sim, contar com a participação de profissionais de engenharia de produto e processo na empresa, além de eventuais profissionais especializados contratados no merca- do, que auxiliarão no enquadramento dos projetos como inovação tecnológica ou não para fins da Lei de incentivo. Fonte: o autor. 49 tecnológica dentro dos conceitos de inova- ção determinados pela legislação. Assim, é importante mencionar o artigo 2º do Decreto nº 5.798/2006 do Governo Federal, o qual delimita a aplicação dos incentivos da Lei do Bem nas atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, quais sejam: • pesquisa básica dirigida; • pesquisa aplicada; • desenvolvimento experimental; • tecnologia industrial básica; • serviços de apoio técnico. O enquadramento da inovação, para fins de benefício fiscal da Lei do Bem é regulamentado, tam- bém, pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (IN RFB) nº 1.187/2011, art. 2º, que muito se assemelha às definições do mencionado Decreto 5.798/2006. 4.2 Gastos Beneficiados pela Lei do Bem Os gastos passíveis de benefício fiscal na Lei do Bem são as despesas classificáveis como operacionais pela legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e realizados com a finalidade de promo- ver a pesquisa tecnológica e o desenvolvimento de inovação tecnológica (art. 17, I da Lei 11.196/2005). As despesas são classificáveis como operacionais pela legislação do IRPJ quando cumprirem os requisitos estabelecidos, no art. 299 do Decreto nº 3.000/1999, quais sejam: • Não serem computadas nos custos de produção. • Serem necessárias à atividade da empresa. • Serem usuais e normais nas atividades da empresa. Link O “Guia da Lei do Bem: O que é inovação para a Lei do Bem?”, produzido pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas In- ovadoras (Anpei), tem por objetivo facilitar a com- preensão dos incentivos da Lei do Bem e apresenta exemplos de projetos que se enquadram como ativ- idades de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Acesse o link disponível em: < https://www.mctic. gov.br/mctic/export/sites/institucional/tecnolo- gia/incentivo_desenvolvimento/lei_bem/arquivos/ Guia-da-lei-do-Bem-Outubro-de-2017.pdf>. Aces- so em: 18 fev. 2018. Fonte: ANPEI ([2018], on-line). 50 Além das despesas operacionais de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica, gastas pela própria empresa, são contemplados os dispêndios de mesma natureza quando contratados com determinados terceiros, sendo elegíveis: universidade, instituição de pesquisa ou inventor indepen- dente de que trata o inciso IX do art. 2º da Lei nº 10.973/2004. Nesse caso, é exigido que a empresa beneficiada assuma a responsabilidade, risco empresarial, gestão e controle da utilização dos resulta- dos dos dispêndios com os terceiros (Lei nº 11.196/2005, art. 17, § 2º). Outra possibilidade é contratar microempresa ou empresa de pequeno porte para executar a pes- quisa tecnológica e o desenvolvimento de inovação tecnológica a cargo da empresa beneficiada na Lei do Bem (art. 18 da Lei do Bem e art. 7º do Decreto nº 5.798/2006). A regra geral, portanto, são os gastos próprios executados pela empresa beneficiada, com exce- ção dos casos de contratação de universidade, instituição de pesquisa, inventor independente ou microempresa e empresa de pequeno porte. Outra regra geral é de que são beneficiados os gastos classificáveis como “despesas operacionais” pela legislação do IRPJ. Quanto a essas “despesas operacionais”, a IN RFB nº 1.187/2011, art. 5, especifica os gastos, que são aceitos para o incentivo da Lei do Bem, quais sejam: • Salários, encargos sociais e trabalhistas e gastos de capacitação de pesquisadores contratados como empregados da empresa e de pessoal de prestação de serviço de apoio técnico previsto no art. 2º, III, “e” da mesma Instrução Normativa. • Somente podem ser considerados os gastos relativos às horas efetivamente trabalhadas no projeto de inovação incentivado. • Contratação de serviços técnicos, tais como exames laboratoriais e testes, desde que não fique caracterizada transferência de execução da pesquisa tecnológica. • Gastos destinados a registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares, ainda que pagos no exterior. O último item anteriormente citado é uma exceção de gasto, que pode ser realizado com o exte- rior e ser aceito para o incentivo da Lei do Bem. Nos demais casos, os gastos devem ser nacionais para usufruírem dos benefícios fiscais. 51 Por outro lado, não são aceitos, para fins de incentivo fiscal, conforme a mesma Instrução Normativa, os gastos com: • Remuneração indireta do pessoal. • Pessoal de serviços auxiliares, ainda que relacionados às atividades de pesquisa tecnológica (pessoal dos departamentos administrativo e financeiro). • Segurança, limpeza, manutenção, aluguel e refeitórios. 4.3 Incentivos Fiscais Uma vez caracterizada a inovação tecnológica e a empresa ter incorrido nos gastos admitidos na lei de incentivo, os seguintes benefícios fiscais podem ser usufruídos: • Exclusão na base de cálculo do IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), de até 60% da soma dos recursos gastos com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inova- ção tecnológica, além da própria dedução normal desses gastos como despesa no Lucro Real (art. 19 da Lei do Bem). • Redução de 50% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), incidente sobre equipamen- tos, máquinas, aparelhos, instrumentos, acessórios e ferramentas que acompanhem esses bens, destinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico (art. 18, II da Lei do Bem). • Depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas, equipamentos, aparelhos e ins- trumentos, novos, destinados à utilização nas atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvi- mento de inovação tecnológica, para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL (art. 18, III). • Amortização acelerada, no período de apuração em que forem efetuados, dos gastos relativos à aquisição de bens intangíveis, vinculados, exclusivamente, às atividades de pesquisa tecno- lógica e desenvolvimento de inovação tecnológica, classificáveis no ativo diferido do benefici- ário, para efeito de apuração do IRPJ (art. 18, IV). • Redução a zero da alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), nas remessas efetuadas, para o exterior destinadas ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares (art. 18, VI). 52 O primeiro dos benefícios indicados, anteriormente, (exclusão de 60% dos valo- res gastos com pesquisa e inovação na apu- ração da base de cálculo do IRPJ e CSLL) pode ser aumentado. Esse percentual pode passar a ser de: • 80%, caso a empresa beneficiada incremente o número de pesquisado- res contratados em percentual acima de 5% em relação à média de pesqui- sadores do ano anterior (Decreto nº 5.798/2006, Art. 8º, § 1º, I). • 70%, caso o incremento no número de pesquisadores contratados seja de até 5% (Inciso II). Em relação, ainda, a essa exclusão, a empresa incentivada poderá excluir mais 20% adicionais na base de cálculo do IRPJ e CSLL, caso o projeto de inovação em ques- tão seja objeto de patente concedida ou cul-
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