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01/03/2020 Karolina Lima REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR A parada cardiorrespiratória é a ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirmada pela ausência de um pulso detectável, inconsciência e apneia ou respiração agônica, também chamada parada cardíaca. Temos o envolvimento básico de três sistemas: ● respiratório: constituído por vias aéreas, alvéolos, veias, artérias, centro respiratório e nervos que conduzem o estímulo. ● cardiovascular: composto por coração, artérias, veias e capilares. ● cerebrovascular: constituído pelo sistema nervoso central é formado por encéfalo e medula espinhal. ➔ Principal determinante da PCR: Doença cardíaca isquêmica ➔ O principal ritmo de PCR em ambiente extra-hospitalar: Fibrilação Ventricular (FV) e a Taquicardia Ventricular (TV), chegando a quase 80% dos eventos, com bom índice de sucesso na reversão, se prontamente tratados. ➔ O principal ritmo de PCR em ambiente intra-hospitalar: Em ambiente intra-hospitalar, o ritmo de PCR mais frequente é Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) ou assistolia, com pior prognóstico e baixas taxas de sobrevida, inferiores a 17%. ➔ Taxas de sobrevida após PCR: Quando a desfibrilação é realizada precocemente, em até 3 a 5 minutos do início da PCR, a taxa de sobrevida é em torno de 50% a 70%. Outro fator contribuinte é o acesso público à desfibrilação, pois cerca de 56 a 74% dos ritmos de PCREH ocorrem em FV, e a desfibrilação precoce é o tratamento de escolha. Sabe-se que, a cada minuto transcorrido do início do evento arrítmico súbito sem desfibrilação, a probabilidade de sobrevivência diminui em 7 a 10%. Programas de RCP e com uso de Desfibrilador Externo Automático (DEA) precoce, realizados por leigos, têm proporcionado taxas de sobrevivência muito otimistas, alcançando até 85%. Ritmos cardíacos que podem ser observados na parada cardíaca incluem os seguintes : 1. Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP), em que o eletrocardiograma (ECG) exibe complexo QRS alargado e regular, a velocidade superior a 120 batimentos por minuto (batimentos/min). 2. A fibrilação ventricular (FV), na qual as deflexões caóticas irregulares, que variam em forma e altura, são observadas no ECG, mas não há contração ventricular coordenada. 3. Assistolia, na qual não está presente atividade elétrica. 4. Atividade elétrica sem pulso (AESP), na qual é visível atividade elétrica no ECG, mas os pulsos centrais estão ausentes. 5. A TVSP e FV são ritmos chocáveis. Isto significa que a aplicação de um choque no coração por meio de esfibrilador pode resultar na cessação desse ritmo. A assistolia e AESP são ritmos não chocáveis. Corrente de sobrevivência : A Corrente de Sobrevivência representa os elementos essenciais do sistema de assistência, que são necessários para correlacionar a vítima de parada cardíaca súbita à sobrevivência. O tempo é crítico quando se trata de vítima de parada cardíaca súbita; um elo fraco ou em falta em qualquer Corrente de Sobrevivência pode reduzir a probabilidade de desfecho positivo. Extra-hospitalar Intra-hospitalar ➔ Fatores pré-parada que influenciam a sobrevivência na PCEH incluem os seguintes: • Desempenho do profissional de RCP. • Tipo de parada (i. e., respiratória versus cardíaca). • Parada presenciada. • Idade (avançada relacionada com menor probabilidade de sobrevivência). • Ritmo inicial de apresentação em FV. • Tempos de resposta curtos na desfibrilação. • Localização da parada (probabilidade de sobrevivência três a quatro vezes superior, se a parada ocorrer em espaço público; probabilidade de sobrevivência seis vezes superior se a parada ocorrer no local de trabalho do paciente). • Momento do dia (o pico de incidência ocorre entre as 8 e as 10 horas da manhã; a sobrevivência após a alta hospitalar é mais baixa no que diz respeito às paradas que ocorrem entre a meia-noite e as 6 horas da madrugada). ➔ Parada Cardíaca Intra-hospitalar As causas mais comuns de PCIH incluem arritmia cardíaca, insuficiência respiratória aguda e hipotensão com deterioração previsível antes do evento — p. ex., taquipneia, taquicardia. ➔ Sequência do SBV do adulto para profissionais da saúde Em uma situação de PCR, um recurso mnemônico pode ser utilizado para descrever os passos simplificados do atendimento em SBV: ● “CABD primário”: Este mnemônico deve ser utilizado para o atendimento, após detecção da PCR: C - compressões (30 compressões), A - a abertura das vias aéreas B - boa ventilação (duas ventilações) D - à desfibrilação. 1. Segurança do local Primeiramente, é necessário avaliar a segurança do local. Certificar-se que o local seja seguro para a vítima e para o socorrista, para que este não se torne uma próxima vítima. Caso o local não seja seguro (p. ex., prédio com risco de desmoronamento, via de trânsito), tornar o local seguro (p. ex., parando ou desviando o trânsito) ou remover a vítima para um local seguro. Se o local apresentar segurança, prosseguir o atendimento. 2. Responsividade e respiração da vítima Avaliar a responsividade da vítima chamando-a e tocando-a nos ombros ( Figura 1). Se a vítima responder, apresentar-se e conversar com ela, perguntando se precisa de ajuda. Se a vítima não responder, avaliar sua respiração, observando se há elevação do tórax em menos de 10 segundos. Caso a vítima apresente respiração, fi car ao seu lado e aguardar para verificar sua evolução e, se necessário, chamar ajuda. Se a vítima não estiver respirando ou estiver somente com ventilações inefetivas (gasping), chamar ajuda imediatamente. 3. Ajuda Em ambiente extra-hospitalar, ligar para o número local de emergência (p. ex., Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU –192) e buscar um desfibrilador automático externo (DEA), se disponível no local. Se o socorrista não estiver sozinho, pedir para uma pessoa ligar e conseguir um DEA, enquanto continua o atendimento à vítima. É importante designar pessoas para que sejam responsáveis pela realização dessas funções. A pessoa que ligar para o serviço médico de emergência (SME) deve estar preparada para responder a perguntas sobre a localização do incidente, as condições da vítima, o tipo de primeiro socorro que está sendo realizado etc. 4. Pulso Checar o pulso carotídeo da vítima por 5 a 10 segundos. Caso apresente pulso, aplicar uma ventilação a cada 5 a 6 segundos, mantendo a frequência de 10 a 12 ventilações por minuto e checar o pulso a cada dois minutos. Se o pulso da vítima não for detectado, ou em caso de dúvida, iniciar os ciclos de compressões e ventilações. Estudosmostram que tanto profissionais da saúde quanto socorristas leigos podem ter dificuldades em detectar o pulso ou podem levar muito tempo para realizá-lo, por isso, não é enfatizada a checagem de pulso. 5. Compressões torácicas Os aspectos principais a serem observados nas compressões são: frequência, profundidade, retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima. ➔ Localização anatômica: Devem ser aplicadas de forma rápida e intensa, sobre a metade inferior do esterno, na linha intermamilar no centro do tórax. Nesse ponto, coloca-se a região hipotenar da mão do braço mais forte, que servirá de base para a compressão cardíaca. A outra mão deve ser colocada paralelamente sobre a primeira,mantendo os cotovelos estendidos, formando um ângulo de 90° com o plano horizontal. As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto nos casos a seguir: se a vítima se movimentar, durante a fase de análise do desfibrilador, na chegada da equipe de resgate, no posicionamento de via aérea avançada ou se houver exaustão do socorrista. ➔ Para realização das compressões torácicas: • Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um do outro, para que tenha melhor estabilidade. • Afaste ou corte a roupa da vítima (se uma tesoura estiver disponível), para deixar o tórax desnudo. • Coloque a região hipotenar de uma mão sobre a metade inferior do esterno da vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a. • Estenda os braços e os mantenha cerca de 90º acima da vítima. • Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/ minuto. • Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm (evitando compressões com profundidade maior que 6 cm). • Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, evitando apoiar-se no tórax da vítima. • Minimize interrupções das compressões, pause no máximo 10 segundos para realização de duas ventilações. • Reveze com outro socorrista a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e compressões de má qualidade. 6. ventilação ➔ As ventilações são aplicadas após 30 compressões torácicas durante a RCP, seguindo a sequência C-A-B. A prioridade para as compressões torácicas deve-se ao fato da necessidade em gerar fluxo de sangue e também evitar os atrasos práticos inerentes às tentativas de ventilações adequadas. Além disso, se a vítima possui uma via aérea patente, ocorre a chamada ventilação passiva durante as compressões torácicas. ➔ Ciclos de 30 compressões e 2 ventilações Iniciar ciclos de 30 compressões e 2 ventilações , considerando que existe um dispositivo de barreira (p. ex., máscara de bolso para aplicar as ventilações). Compressões torácicas efetivas são essenciais para promover o fluxo de sangue, devendo ser realizadas em todos os pacientes com PCR. ➔ A hiperventilação é contraindicada, pois pode aumentar a pressão intra-torácica, diminuindo a pré-carga e o Débito Cardíaco (DC), e comprometendo a sobrevida 7. Abertura das Vias Aéreas Independentemente da técnica utilizada para aplicar ventilações, é necessária a abertura de via aérea, que pode ser realizada com a manobra da inclinação da cabeça e elevação do queixo e, se houver suspeita de trauma, a manobra de elevação do ângulo da mandíbula. ➔ Ventilação com Bolsa-Válvula-Máscara O uso da BVM requer considerável prática e deve ser feito na presença de dois socorristas: um responsável pelas compressões e outro por aplicar as ventilações com o dispositivo. Se disponível oxigênio complementar, conecte-o na BVM, assim que possível, de modo a oferecer maior porcentagem de oxigênio para a vítima. ➔ Ventilação com Via Aérea Avançada Quando uma via aérea avançada (por exemplo, intubação endotraqueal, Combitube®, Máscara Laríngea) estiver instalada, o primeiro socorrista deve administrar compressões torácicas contínuas e o segundo socorrista, aplicar uma ventilação a cada 6 segundos − cerca de 10 ventilações por minuto. Não se devem pausar as compressões para aplicar as ventilações, em caso de via aérea avançada instalada. ➔ Ventilação em Vítima em Parada Respiratória Vítima que não respira ou respira de forma ineficaz (gasping), porém apresenta pulso palpável, encontra-se em parada respiratória. ➔ Nesses casos, realize uma ventilação a cada 5 a 6 segundos (aproximadamente 10 a 12 ventilações por minuto) para vítimas adultas.33 O pulso deve ser checado a cada 2 minutos, com a finalidade de verificar se a parada respiratória progrediu para uma PCR, necessitando de RCP. DESFIBRILAÇÃO : ➔ Desfibrilação precoce é o tratamento para vítimas em FV e TV sem pulso (TVSP) de curta duração, que apresentaram colapso súbito em ambiente extra-hospitalar, sendo este o principal ritmo de PCR nesses locais. A Desfibrilação pode ser realizada com um equipamento manual ou o DEA. Este último pode ser utilizado por qualquer pessoa, assim que possível. Nos primeiros 3 a 5 minutos de uma PCR em FV), o coração se encontra altamente propício ao choque. Após 5 minutos de PCR, a amplitude da FV diminui devido à depleção do substrato energético miocárdico. Assim, o tempo ideal para a aplicação do primeiro choque compreende os primeiros 3 a 5 minutos da PCR. O DEA é um aparelho eletrônico portátil que desencadeia um choque elétrico com corrente contínua sobre o tórax da vítima.O choque determinará uma assistolia elétrica em todo o miocárdio, permitindo que o sistema de condução elétrica intracardíaco possa reassumir de forma organizada a despolarização miocárdica e o ritmo cardíaco organizado. O DEA deve ser utilizado assim que disponível. Recomenda-se que a RCP seja fornecida enquanto as pás do DEA são aplicadas e até que o DEA esteja pronto para analisar o ritmo. Assim que o DEA estiver disponível, o socorrista, se estiver sozinho, deve parar a RCP para conectar o aparelho à vítima. Porém, se houver mais de um socorrista, o segundo socorrista manuseia o DEA e, nesse caso, a RCP só é interrompida quando o DEA emitir um alerta verbal como: “analisando o ritmo cardíaco”, “não toque o paciente” e/ou “choque” recomendado, carregando, afaste-se do paciente”. LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA : TÉCNICA : ➔ Os passos para utilização do DEA são descritos a seguir: 1. Ligue o DEA, apertando o botão on-off (alguns dispositivos ligam automaticamente ao abrir a tampa). Isso ativa os alertas verbais que orientam todas as etapas subsequentes. 2. Conecte as pás (eletrodos) ao tórax desnudo da vítima, observando o desenho contido nas próprias pás doposicionamento correto (selecionar pás do tamanho correto, adulto ou pediátrico, para o tamanho/idade do paciente. Remover o papel adesivo protetor das pás). 3. Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho. 4. Quando o DEA indicar “analisando o ritmo cardíaco, não toque no paciente”, solicitar para que todos se afastem efetivamente. 5. Se o choque for indicado, o DEA emitirá a frase: “choque recomendado, afaste-se do paciente”. O socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar para que todos se afastem. 6. Pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque, o qual produz uma contração repentina dos músculos do paciente. 7. A RCP deve ser iniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após o choque. A cada 2 minutos, o DEA analisa o ritmo novamente e pode indicar novo choque, se necessário. Se não indicar choque, deve-se reiniciar a RCP imediatamente, caso a vítima não retome a consciência. 8. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás não devem ser removidas ou desconectadas até que o serviço médico de emergência assuma o caso. 9. Se não houver suspeita de trauma, e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o socorrista pode lateralizar a vítima , porém deve permanecer no local até que o serviço médico de emergência chegue. Posicionamento anterolateral: remova as roupas e descubra a vítima, coloque uma pá imediatamente abaixo da clavícula direita. Coloque a outra pá ao lado do mamilo esquerdo, com a borda superior da pá alguns centímetros abaixo da axila. Posicionamento anteroposterior: deixe o tórax desnudo. Aplique uma pá do DEA no lado esquerdo do tórax, entre o lado esquerdo do esterno e o mamilo esquerdo, e a outra no lado esquerdo das costas, próximo à coluna. ➔ Quando indicado pelo DEA, o choque inicial será de 360 J (monofásico) ou na energia máxima equivalente nos aparelhos bifásicos (entre 150 e 200 J). ➔ Não há evidência de superioridade entre o choque bifásico e o monofásico, assim como não há diferença entre as formas de liberação do choque (onda truncada ou exponencial) no que se refere à reversão da PCR e da sobrevida. ➔ No momento do choque, o socorrista deve se certificar de que ninguém está em contato com a vítima. ➔ Quando ocorrer uma mudança do ritmo, o aparelho não indica o choque, devendo-se checar o pulso após 2 minutos de RCP. Se o pulso estiver presente, houve reversão da PCR, devendo-se manter suporte ventilatório até a chegada do sistema de emergência (lembrar de checar novamente a cada 2 minutos). Se ausente, as manobras de RCP devem ser mantidas por mais dois minutos até uma nova checagem de ritmo pelo desfibrilador. ➔ O uso de choques sucessivos e com energias progressivamente maiores não é mais recomendado. ➔ Quando o evento é atendido pelo sistema de emergência e não recebeu o suporte básico de vida até o 4o ou 5o minuto da PCR: • o choque pode ser indicado imediatamente ou • realizar 2 minutos de RCP (5 ciclos de compressão + ventilação) seguida da desfibrilação. O nível de evidência a favor ou contra a realização da RCP (5 ciclos de compressão + ventilação) ainda é insuficiente. ➔ Detecção de FV/TV O desfibrilador automático/semiautomático possui um programa que lhe permite identificar e reconhecer os ritmos de FV e TV, indicando então o choque. Se o ritmo presente não for uma TV ou FV, o aparelho não indicará o choque, cabendo ao socorrista manter a massagem cardíaca e as ventilações. Através da identificação do ritmo cardíaco pelas pás, podemos dividir a PCR em duas modalidades: ● Ritmos que merecem choque imediato: FV ou TV sem pulso. ● Ritmos que não devem receber desfibrilação: assistolia ou atividade elétrica sem pulso. Desfibrilação – PCR em FV/TV sem pulso : A forma mais frequente de atividade elétrica inicial na PCR extra-hospitalar é a fibrilação ventricular. A taquicardia ventricular sem pulso também é comum, porém frequentemente degenera-se para FV. Ambas, somadas, são responsáveis por até 80% dos casos de morte súbita e são os ritmos elétricos de melhor prognóstico para reversão, desde que tratadas adequadamente e em tempo hábil. ➔ O momento do choque ainda é um tema controverso. ➔ Quando o evento é atendido pelo sistema de emergência e não recebeu o suporte básico de vida até o 4o ou 5o minuto da PCR: ● o choque pode ser indicado imediatamente ou ● realizar 2 minutos de RCP (5 ciclos de compressão + ventilação) seguida da desfibrilação. ● O nível de evidência a favor ou contra a realização da RCP (5 ciclos de compressão + ventilação) ainda é insuficiente. ● Em geral, a recomendação é evitar o máximo possível a descontinuação das compressões torácicas e aplicar o choque o mais rápido posível. ● O choque deverá ser de 360 J do monofásico ou na dose equivalente do bifásico (150 a 200 J). ● Imediatamente após o choque, deve-se realizar 2 minutos de RCP (5 ciclos 30:2 de compressão e ventilação). Após esse período, avalia-se novamente o ritmo, aplicando-se o choque ou não, e assim sucessivamente ● As drogas podem ser aplicadas durante o período em que se carrega o desfibrilador ou após o choque. O uso de um vasopressor durante o atendimento da parada se faz necessário, pois determina melhora do retorno venoso e da perfusão coronariana. ➔ A sequência de atendimento da FV/TV sem pulso deve obedecer a seguinte ordem: Epinefrina ou vasopressina ● Inicialmente, a primeira droga a ser utilizada na PCR (FV/TV sem pulso, assistolia ou atividade elétrica sem pulso) é a epinefrina e/ou a vasopressina. ● A dose de epinefrina é de 1 mg a cada 3 a 5 minutos por via venosa ou intraóssea ou na dose equivalente através da cânula endotraqueal; ● e a vasopressina deve ser utilizada em única dose de 40 U. ● A vasopressina pode ser utilizada em substituição à primeira ou segunda dose da adrenalina ou como droga inicial. Amiodarona ● A primeira droga antiarrítmica a ser utilizada é a amiodarona. ● Deve ser utilizada na dose de 300 mg EV em bolo, podendo ser repetida mais uma dose de 150 mg. ● A manutenção após retorno de ritmo com pulso é de 1 mg por minuto por 6 horas e 0,5 mg por minuto por mais 18 horas. ● A amiodarona mostrou-se superior à lidocaína na FV/TV refratária no atendimento extra-hospitalar, quanto à sobrevida na admissão hospitalar; no entanto, a mortalidade intra-hospitalar não foi diferente nos dois grupos. ● A lidocaína é aceita apenas se a amiodarona não estiver disponível. ● O sulfato de magnésio é indicado em torsades de pointes (intervalo QT longo) na dose de 1-2 g por EV.● As drogas utilizadas na PCR e suas respectivas doses estão listadas na Tabela 1. Quando ocorrer a reversão da arritmia, em qualquer momento durante a PCR, uma dose de manutenção do antiarrítmico utilizado pode ser administrada por 12-24 horas para evitar a recidiva da arritmia. Algoritmo do tratamento da parada cardiorrespiratória em fibrilação ventricular/taquicardia ventricular (FV/TV) sem pulso. * A cada 2 minutos, analise o ritmo cardíaco; ** Considerar via aérea avançada; *** Causas reversíveis. FV: fibrilação ventricular; RCP: ressuscitação cardiopulmonar; SBV: Suporte Básico de Vida; SF: solução fisiológica; TV: taquicardia ventricular Atividade elétrica sem pulso (AESP) e assistolia : Após a colocação das pás no tórax da vítima, a identificação de qualquer atividade elétrica diferente das atividades de FV/TV sem pulso caracteriza uma PCR em ritmo não passível de choque (AESP ou assistolia). A AESP se caracteriza por um ritmo elétrico que usualmente deveria estar associado a pulso central. São várias as atividades elétricas englobadas nessa definição (dissociação eletromecânica, pseudodissociação eletromecânica, ritmo idioventricular e outros), mas o tratamento é o mesmo para todos esses ritmos. Geralmente existe algum fator impedindo o acoplamento entre a atividade elétrica organizada do miocárdio e a contração muscular efetiva que deveria resultar dessa atividade elétrica. O tratamento da AESP nunca deve ser realizado por meio de choque, pois já existe uma atividade elétrica ventricular organizada potencialmente capaz de gerar pulso central. O choque poderia desorganizá-la, gerando mais um problema durante o atendimento. Como as pás do desfibrilador não serão mais utilizadas após identificação do ritmo, aplica-se o suporte avançado de vida ao doente. Uma atitude clínica importante no tratamento da AESP é a determinação da sua causa e aplicação do tratamento específico. São dez as causas reversíveis e podemos nomeá-las de forma simples para memorização como 5H e 5T: O tratamento da(s) causa(s) da AESP é o fator principal determinante da reversão do quadro. Caso não se encontre uma dessas causas durante o atendimento, a chance de reversão da PCR fica muito prejudicada. A principal e mais frequente causa de AESP é a hipovolemia, que deve, sempre que possível, ser tratada pela administração de volume endovenoso. A assistolia é a forma de pior prognóstico, caracterizando a ausência de atividade elétrica no coração. Todo cuidado na identificação desse ritmo é pouco, pois até 10% dos ritmos identificados inicialmente como assistolia pelas pás apresentavam como ritmo de base verdadeiro a FV. Isso pode ocorrer porque o eixo elétrico resultante da FV pode ser, naquele momento, perpendicular à derivação da monitorização pelas pás, gerando um ritmo isoelétrico no monitor (assistolia). Problemas técnicos, como cabos ou eletrodos desconexos, também podem determinar o erro diagnóstico. A FV fina também pode induzir ao diagnóstico errôneo de assistolia. Assim, para a confirmação diagnóstica da assistolia, deve-se proceder ao protocolo da linha reta, que consiste em checar a conexão dos eletrodos, aumentar o ganho do monitor cardíaco e finalmente checar o ritmo em duas derivações. Confirmada a assistolia, prossegue-se o atendimento. O uso do marca-passo transcutâneo na assistolia não é mais indicado. A primeira droga a ser administrada na AESP e na assistolia pode ser a epinefrina (1 mg/ dose, a cada 3-5 minutos) ou a vasopressina (40 U, dose única); a vasopressina pode ser aplicada como primeira droga ou em substituição à primeira ou segunda dose da epinefrina. Nas recomendações atuais do tratamento da AESP e da assistolia, o uso de atropina não é mais indicado por ser considerada medida terapêutica fútil. Algoritmo do tratamento da parada cardiorrespiratória em atividade elétrica sem pulso (AESP) ou assistolia. * Monitor evidenciando ritmo cardíaco; † Monitor evidenciando traçado em linha reta; ‡ Considerar via aérea avançada para reversão de causas desencadeantes como hipoventilação, hipóxia e obstrução de via aérea; § Causas passíveis de tratamento para o retorno a circulação espontânea. SBV: Suporte Básico de Vida. Uso do Desfibriladores Externos Automáticos em Situações Especiais : As situações especiais a seguir podem exigir que o socorrista tenha cautela na colocação das pás ao usar um DEA: • Excesso de pelos no tórax: remover o excesso de pelos, somente da região onde são posicionadas as pás. • Tórax molhado: se o tórax da vítima estiver molhado, secar por completo; se ela estiver sobre uma poça d’água não há problema, porém se essa poça também envolver o socorrista, remover a vítima para outro local, o mais rápido possível. • Marca-passo ou Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI): se estiver na região onde é indicado o local para aplicação das pás, afaste-as ou opte por outro posicionamento das pás (anteroposterior, por exemplo).56,57 • Adesivos de medicamentos: remover o adesivo se estiver no local onde são aplicadas as pás do DEA; enxugue, se necessário. • Crianças com até 25 kg: utilizar o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de carga. Se o kit DEA possuir somente pás de adulto, está autorizada a utilização delas, porém se o tórax for estreito, pode ser necessária a aplicação de uma pá na região anterior do tórax (sobre o esterno) e outra na região posterior do tórax (entre as escápulas), para que não se sobreponham. As pás infantis não devem ser utilizadas em adultos, pois o choque aplicado é insuficiente.61,62 • Lactentes (zero a 1 ano): um desfibrilador manual é preferível, porém, se não estiver disponível, utilize o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de carga. Se este também não estiver disponível, utilize as pás de adulto, uma posicionada anteriormente (sobre o esterno) e a outra posteriormente (entre as escápulas). O prejuízo para o miocárdio é mínimo e há bons benefícios neurológicos. Suporte Básico de Vida para profissionais de saúde. DEA: desfibrilador externo automático; RCP: ressuscitação cardiopulmonar; SAV: Suporte Avançado de Vida Suporte básico de vida para leigos. DEA: desfibrilador externo automático; RCP: ressuscitação cardiopulmonar; SAV: Suporte Avançado de Vida Cuidados pós-ressuscitação : 1. Verifique o correto posicionamento do tubo traqueal, a ausculta pulmonar e a saturação. Coloque o paciente sob ventilação mecânica. Considere a sedação. Analise as possíveis complicaçõesda intubação orotraqueal (pneumotórax, fratura de costela, fratura de esterno, mau posicionamento do tubo). Mantenha a saturação de oxigênio acima de 94% e evite a hiperventilação. 2. Verifique os sinais vitais (pulso e pressão arterial). Considere o uso de soro fisiológico, glicosado, drogas vasoativas etc. A hipotensão arterial deve ser imediatamente tratada. 3. Considere as sondagens vesical e nasogástrica. 4. Prescreva um antiarrítmico de manutenção. 5. Busque as causas da parada cardiorrespiratória. Solicite exames laboratoriais, de imagem e ECG. Verifique o histórico clínico. 6. Considere a realização de angioplastia primária. 7. Considere a realização de hipotermia induzida. 8. Solicite vaga em unidade de terapia intensiva. Referências : Bernoche C, Timerman S, Polastri TF, Giannetti NS, Siqueira AWS, Piscopo A et al. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 ACLS — Suporte Avançado de Vida em Cardiologia QUINTA EDIÇÃO Barbara Aehlert, MSEd, BSPA, RN TREINAMENTO DE EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA _ CURSO OFICIAL DA SBC Emergências clínicas : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins...[et al.]. -- 10. ed. rev. e atual. -- Barueri, SP : Manole, 2015. Procedimentos em emergências / Augusto Scalabrini Neto … [et al.]. -- 2. ed. Barueri, SP : Manole, 2016.
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