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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS Disciplina: Nutrição Humana –GCA -107 Responsável: Profª. Maria de Fátima Píccolo Barcelos Carga horária: 34 T - - - - Créditos : 2 NUTRIÇÃO HUMANA -aulas teóricas- 1ª Prova LAVRAS 2017 2 SUMÁRIO – 1ª Parte Página 1 INTRODUÇÂO............................................................................... 1 2 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO................................................... 2 3 O CORPO HUMANO...................................................................... 5 3.1 Células e líquidos do corpo humano................................................ 5 3.2 Aspectos anatômicos e fisiológicos do trato digestório................... 8 4 AVALIAÇÃO DO PESO CORPORAL.......................................... 32 5 ENERGIA PARA O ORGANISMO................................................ 37 6 GUIAS ALIMENTARES E ROTULAGEM NUTRICIONAL....... 45 7 INGESTÃO DIETÉTICA DE REFERÊNCIA................................ 52 8 MACRONUTRIENTES (fornecedores de energia): carboidratos, lipídios e proteínas................................................. 62 8.1 Carboidratos..................................................................................... 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 76 ANEXOS.......................................................................................... 82 3 NUTRIÇÃO HUMANA 1 INTRODUÇÃO O ser humano sobrevive por meio de um fluxo contínuo de energia (nutrientes energéticos) e provisão dos demais nutrientes presentes nos alimentos consumidos diariamente, os quais precisam ser utilizados pelo organismo, baseados nas quantidades e proporções apropriadas a cada grupo de indivíduos/ estágio de vida*, devendo ser de boa qualidade, sendo que a nutrição adequada depende da ingestão alimentar equilibrada para sustentar o crescimento, o desenvolvimento normal do indivíduo, a manutenção da saúde bem como a reprodução e lactação. É necessária a inclusão diária dos componentes na dieta alimentar, os quais: carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, sais minerais e ainda fibras e água (Damodaran, 2010; Mahan & Escott-Stump, 2005 e Champe et al., 2009). O indivíduo deve consumir seis refeições diárias (entendendo que o lanche, ao longo do dia, é denominado refeição) na seguinte ordem: Desjejum (Café da manhã), Lanche da manhã (Colação), Almoço, Lanche da tarde, Jantar e Lanche da noite (Ceia). Dentre essas refeições, as calorias diárias necessárias a cada indivíduo ou seja, o valor calórico total (VCT), deverá ser distribuído perfazendo o total calórico pré-estabalecidopara um dia. O corpo humano se estabelece em trilhões de células com capacidades funcionais distintas que se interagem. Com as especialidades dos grupos celulares, tem-se os denominados órgãos, desempenhando cada um deles as mais variadas funções dentro dos denominados sistemas que se interagem a todo o tempo, proporcionando a vida, sendo o sistema digestório (trato digestório) é o alvo deste estudo. O alimento ingerido passa por diversas transformações as quais: digestão, absorção, transporte, metabolismo, armazenamento e a excreção das porções não utilizadas. Cada etapa tem suas peculiaridades, as quais devem ser conhecidas para melhor entendimento do crescimento, do desenvolvimento e da manutenção da saúde do ser humano. O atendimento das necessidades nutricionais diárias em seu grupo e respectivo estágio de vida, vem sendo objeto de estudos das autoridades no assunto, pois tem sido relatado que não só a carência de nutrientes mas também os excessos podem conduzir a doenças crônicas e em alguns casos podem levar o indivíduo a óbito, caso providências para cada caso não forem tomadas em tempo hábil. * Grupos de indivíduos / Estágio de vida: Lactentes ...................... / 0 a 6 meses e 7 a 12 meses; Crianças ....................... / 1-3 anos e 4-8 anos, Homens e Mulheres..... / 9-13 anos, 14-18 anos, 19-30 anos, 31-50 anos, 51-70 anos, >70 anos; Gestantes e Nutrizes.... / ≤ 18 anos, 19-30 anos e 31- 50 anos. . IOM (2005) 4 Serão discutidos, neste estudo, alguns conceitos fundamentais de alimentação e nutrição, serão abordados alguns aspectos anatômicos do corpo humano, a importância e utilização de cada nutriente para o organismo. 5 2 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 2.1) Alimentação→ É a primeira fase da utilização dos alimentos, correspondendo às ações voluntárias de escolha e preparação, de distribuição pelas refeições, mastigação e deglutição que é seguida pelos processos de nutrição. A alimentação se estabelece com termos específicos correntes, os quais, conforme Ferreira (1983): Alimentação Racional e Equilibrada → quando a sua composição e preparação obedecem aos conhecimentos técnicos e científicos de utilização dos alimentos e nutrientes em qualidade e em quantidades correspondentes às necessidades nutricionais dos indivíduos a que se destinam, nas diversas idades, situações fisiológicas, gênero, clima, condições de trabalho ou outras condições de exercício físico e esforço. Alimentação Normal (individual e familiar)→ quando é utilizada sem preparação especial e deixada ao critério dos hábitos alimentares, capacidade de escolha e de aquisição dos alimentos, gosto, apetite individual e familiar. Alimentação Coletiva → por oposição a alimentação individual ou familiar, quando se passa fora do domicílio e é preparada e servida em locais próprios (restaurantes, refeitórios, cantinas, etc) e se destina a muitas pessoas. Alimentação na Dietoterapia→ quando é orientada (calculada e preparada) com o fim de obter resultados específicos desejados em casos de doenças específicas. Dietoterapia é a terapia por meio da dieta (ex. dieta específica para o diabético, em casos de doença renal, cardiovascular ou visando a perda de peso, ganho de peso, dieta para os celíacos e outras situações). Trata-se do uso de determinados alimentos em combinações e quantidades calculadas por profissionais da saúde (nutricionistas, nutrólogos) preparadas segundo regras escolhidas e servidas em refeições devidamente espaçadas no tempo. 2.2) Alimentos→ São os componentes da dieta diária, de origem animal e de origem vegetal, que poderão ser consumidos in natura e/ou processados. Os alimentos apresentam composições diferentes, alguns maiores concentrações de certos nutrientes que outros e além de saciar a fome e/ou apetite, asseguram o fornecimento de nutrientes específicos para o organismo, oferecem prazer, por serem saborosos, etc (Sgarbieri, 1987). Quanto as suas ações específicas no organismo, os alimentos se classificam em três categorias: energéticos, plásticos e reguladores. Alimentos Energéticos → representados pelos alimentos ricos em carboidrato (CHO), lipídios (LIP) e proteínas (PTN) (este último nutriente não tem como função primordial o fornecimento de energia) sabe-se que o organismo pode hidrolisar proteínas para obter energia, caso a dieta seja pobre em carboidratos e lipídios. Esses três nutrientes, ao serem desdobrados nos seus constituintes básicos durante a digestão e seguidamente no metabolismo, fornecem finalmente energia para assegurar o funcionamentodo organismo, para o equilíbrio térmico e para o trabalho. Quando 1g de carboidrato, 1g de 6 lipídeo ou 1g de proteína são totalmente metabolizados fornecem: 4, 9 e 4 kcal respectivamente, conforme Tabela 1 TABELA 1 Valor energético dos nutrientes Macronutriente (1g) Calor médio de combustão Perdas orgânicas Absorção Valor energético/g Carboidrato (g) 4,1 kcal - 99% 4 kcal ou 17 kJ Lipídio (g) 9,4 kcal - 95% 9 kcal ou 37 kJ Proteína (g) 5,6 kcal 1,25 kcal 92% 4 kcal ou 17 kJ É importante salientar que um grama de álcool fornece 7 kcal (29 kJ), porém trata-se de “calorias vazias” (elevada caloria e baixo valor nutricional, praticamente destituídas de minerais, vitaminas e outros nutrientes, necessários para o organismo). Exemplos de fontes alimentícias energéticas: cereais (trigo, milho, arroz, aveia, centeio) ricos em amido, utilizados em pães, biscoitos, bolos, massas e outros produtos de panificação, manteigas, óleos, gorduras (toucinhos, carnes gordurosas), oleaginosas, batatas, mandioca, açúcares na obtenção de balas, doces, o mel, côco, abacate, chocolate e outros (Franco, 2000). Deve-se reduzir o consumo de carboidratos simples (monossacarídeos e açúcares – doces, mel, balas, etc), pois estes são rapidamente absorvidos. Os carboidratos complexos (amidos, provenientes dos cereais, incluindo os cereais integrais: macarrão, produtos de panificação, etc) podem ser consumidos no dia-a-dia sem tanta restrição, representados na base da pirâmide alimentar. Deve-se reduzir ainda o consumo de gorduras saturadas, substituí-las na dieta por gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas e evitando o consumo de gorduras trans. b) Alimentos Plásticos, estruturais ou construtores→ representados primordialmente pelos alimentos ricos em proteínas (por seus aminoácidos) responsável pelo crescimento e manutenção da saúde do indivíduo. Ex de fontes alimentícias de construtores: carnes, leites e derivados, ovos, peixes, leguminosas e outros (Franco, 2008). Carboidratos e lipídios também tomam parte na formação de certas estruturas do corpo c) Alimentos Reguladores → representados pelos alimentos ricos em vitaminas, sais minerais. Ex de fontes alimentícias reguladores: frutas, hortaliças, carnes, vísceras (Franco, 2008). Para manter o bom funcionamento do organismo não basta apenas ingerir quantidades adequadas de nutrientes plásticos e energéticos. Para que o corpo trabalhe em harmonia, são necessários nutrientes reguladores, como as vitaminas e sais minerais, que 7 controlam o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, a formação dos ossos etc. 2.3) Nutrientes→ são as substâncias contidas nos alimentos, alguns são fornecedores de energia, sendo necessários para as reações de sínteses no organismo e para a manutenção da matéria viva e conseqüentemente manutenção da saúde do indivíduo. Macronutrientes caboidratos, proteínas e lipídios Os macronutrientes caboidratos, proteínas e lipídios são necessários diariamente na dieta humana em grandes quantidades, dezenas e mesmo centenas de gramas (g) por dia, gerando calorias: 1g de carboidratos (CHO) e proteínas (PTN) quando totalmente metabolizados geram 4kcal e no caso dos lipídios (LIP) 9kcal. Quanto aos líquidos (água) ao longo do dia, é preciso que seja ingerida diariamente e em quantidades consideradas (o adulto deve consumir em torno de 2,7 litros (mulheres) a 3,7 litros (homens) de água (líquidos) /dia (DRI, 2001). Micronutrientes vitaminas e sais minerais Os micronutrientes vitaminas e sais minerais, são necessários diariamente na dieta humana em quantidades da ordem de miligramas (mg) e/ou microgramas (g) por dia. 2.4) Nutrição→ Compreende, após ingestão dos alimentos, aos processos de digestão, absorção, o transporte dos nutrientes até as células e, seguidamente, o metabolismo e a eliminação dos restos metabólicos. Deve-se lembrar ainda: que alguns alimentos podem conter, além dos nutrientes, ainda uma porção não considerada nutriente, porém com ações fisiológicas benéficas, sendo o caso das fibras alimentares (fibras solúveis e insolúveis em água), encontradas nos alimentos vegetais. que alguns alimentos, além das suas porções nutritivas e das porções que não são consideradas nutrientes, porém com efeitos benéficos, (a ex das fibras em alimentos vegetais), podem trazer ainda uma porção anti-nutritiva ou tóxica (apenas alguns alimentos, principalmente quando crus ou inadequadamente processados), cuja ação precisa ser eliminada e /ou reduzida antes que estes alimentos sejam consumidos e como exemplo são citados a presença de inibidores de tripsina e as hemaglutininas presentes principalmente em leguminosas cruas (soja, feijões crus e outras) ou inadequadamente processados, sendo necessário submeter portanto, esses alimentos ao calor por determinado tempo. Ainda outros alimentos necessitam de processos específicos antes de serem consumidos, podendo citar aqui o exemplo de algumas variedades específicas de mandioca, a mandioca brava, onde em seu processamento específico de cortes e secagens, visam eliminar por volatilização, o ácido cianídrico (HCN) presente na mesma. Este último assunto é amplo e deve ser tratado em unidades específicas de estudos. 8 3 O CORPO HUMANO 3.1 Células e líquidos do corpo humano O corpo humano se estabelece num grupamento de cerca de 100 trilhões de células, organizadas em estruturas funcionais distintas, algumas estruturas funcionais sendo chamadas de órgãos. Cada uma dessas estruturas funcionais contribui com a sua parcela para a manutenção das células homeostáticas do líquido extracelular que é chamado de “meio interno”. Em torno de 60% do corpo humano adulto são representados por líquidos. Grande quantidade (2/3) dos líquidos encontra-se no interior da célula (líquido intracelular) e menor quantidade (1/3) ocupa o espaço em torno da célula (líquido extracelular). O liquido extracelular está em movimentação constante por todo o corpo, ele é rapidamente transportado no sangue circulante e em seguida misturado entre o sangue e os líquidos teciduais por difusão através das paredes capilares. As Figuras 3.1, 3.2 e 3.3 apresentam ilustrações referentes aos líquidos intracelular e extracelular. Verifica-se que o “líquido extracelular” está dividido em dois compartimentos. Aproximadamente 80% do fluído extracelular circundam as células do organismo e por estar situado entre as células e tecidos é conhecido como fluído ou líquido intercelular ou, mais freqüentemente, intersticial. Os restantes 20% do líquido extracelular constituem a porção fluída do sangue, o “plasma”. O plasma sanguíneo circula continuamente pela ação do coração por todas as partes do organismo e representa a porção dinâmica do líquido extracelular. O plasma permuta oxigênio, nutrientes, detritos e outros produtos do metabolismo com o líquido intersticial a medida que o sangue passa através dos capilares do organismo Generalizando, pode-se considerar que o organismo humano contém três compartimentos hídricos: 1) Fluido do interior das células do organismo (Líquido intracelular) 2) Líquido intersticial (Líquido extracelular) e o 3) Plasma sanguíneo (Líquido extracelular ) O principal componente molecular de todos os três compartimentos é a “água” a qual é responsável por aproximadamente 60% do peso corporal ou 42 litros em um indivíduo de porte médio, do sexo masculino (70kg e 21 anos de idade) Vander et al. (1981). 9 FIGURA 3.1 Compartimentos líquidos do organismo. Os volumes são para um homem de 70 kg (Vander, et al.,1981). Obs1.: O líquido intracelular→ difere significativamente do líquido extracelular;de forma especial ele contém grandes quantidades de íons potássio, magnésio e fosfato. Mecanismos especiais para os transporte dos íons através das membranas celulares mantém a diferença entre esses líquidos. O líquido extracelular (meio interno)→ O líquido extracelular banha cada uma das células do corpo, contém grandes quantidades de íons sódio, cloreto e bicarbonato, e ainda os compostos para as células como oxigênio, glicose, ácidos graxos e aminoácidos. Portanto é deste líquido que as células recebem os nutrientes e no qual excretam seus produtos (catabolismo). Também contém dióxido de carbono (CO2) que está sendo transportado das células para os pulmões, onde vai ser excretado, além de outros produtos celulares que estão sendo transportados para os rins para serem excretados. É transportado para todas as partes do corpo em duas etapas (1ª delas envolve o movimento do sangue, volta após volta, pelo sistema circulatório e a 2ª o movimento do líquido entre os capilares sanguíneos e as células). Um ser vivo sobrevive apenas quando ele é capaz de manter a composição de seu “meio interno” em estado compatível às exigências de suas células individualizadas. A medida que o sangue cursa pelos capilares ocorre troca contínua de líquido extracelular entre a parte de plasma do sangue e o líquido intersticial que preenche os espaços entre as células, (o espaço intercelular), lembrando que a linfa é derivada do líquido intersticial que flui para os vasos linfáticos. A linfa tem quase a mesma composição do líquido intersticial. O sistema linfático é também uma das vias principais para a absorção de nutrientes do trato digestório sendo responsável majoritariamente, pela absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis após a absorção de gordura, a linfa do canal torácico chega a conter até 1 a 2% de gorduras. Algumas bactérias podem atingir a linfa e a medida que a linfa passa pelos linfonodos essas partículas são removidas e destruídas. Obs2: Homeostasia →Termo usado para designar a manutenção das condições estáticas ou constantes do “meio interno” (Guyton & Hall (1997). 10 FIGURA 3.2 Trocas de substâncias ocorrendo no organismo entre os vários sistemas (Vander, et al.,1981, com modificações). FIGURA 3. 3 O líquido extracelular encontra-se no meio interno do organismo (Vander, et al.,1981, com adaptações). 11 A célula é a unidade básica tanto da estrutura, quanto da função dos seres vivos. Existem 4 categorias de células diferenciadas, conforme citado em Vander et al. (1981): a) células musculares→geram forças e produzem movimentos b) células nervosas→tem habilidade de iniciar sinais elétricos e propagá-los ao longo de todo o organismo. c) células epiteliais→ estão localizadas nas superfícies que revestem o organismo ou órgãos individuais ou nas paredes de diversas estruturas tubulares e ocas no interior do corpo. Essas células consistem em limites entre os compartimentos e funcionam como barreiras seletivas que regulam a permuta de moléculas através dessas superfícies. Ex: as células epiteliais na superfície da pele formam uma barreira que impede que a maioria das substâncias do meio externo penetre no organismo; os revestimentos epiteliais dos pulmões, do trato digestório e dos rins regulam a troca de moléculas entre o sangue e o ambiente. d) células do tecido conjuntivo→ como sugere o nome, tem a principal função de unir, sustentar e apoiar as estruturas do organismo. Alguns tipos de células do tecido conjuntivo formam uma frouxa malha de células e fibras subjacentes da maioria das camadas epiteliais, mas outros tipos tão diversos, como os das células que armazenam gorduras (células adiposas), as dos ossos, as vermelhas e brancas do sangue também pertencem a esta categoria. Células do tecido conjuntivo são encontradas distribuídas em todos os órgãos, muitas vezes sob a forma de uma fina rede de fibras, que proporciona a matriz de sustentação na qual apóiam outros tipos de células. Correspondendo às quatro categorias gerais dos tipos de células diferenciadas existem quatro classes gerais de tecidos: a) tecido muscular, b) tecido nervoso c) tecido epitelial e b) tecido conjuntivo. O corpo humano se estabelece em sistemas, os quais: sistema digestório, sistema cardiovascular, sistema endócrino, sistema excretor, sistema imunológico, sistema linfático, sistema nervoso, sistema reprodutor (masculino ou feminino), sistema respiratório, sistema de sustentação e sistema tegumentar. O enfoque deste estudo será o sistema digestório. 3.2 Aspectos anatômicos e fisiológicos do trato digestório Os nutrientes dos alimentos se apresentam, na maioria das vezes, como grandes moléculas que não podem, em primeiro momento, ser absorvidas pelo intestino devido ao tamanho e pelo fato de, muitas vezes, não serem solúveis. O processo digestivo tem por objetivo reduzir o tamanho das moléculas para serem absorvidas e proporcionar adequada solubilidade as mesmas. Os mecanismos absortivos e de transporte são imprescindíveis para a liberação de produtos de digestão para as unidades celulares. Uma anormalidade nesses sistemas absortivos e de transporte pode resultar em desnutrição, mesmo na presença de uma dieta adequada. Digestão (em seres humanos) é definida como o desdobramento químico de nutrientes dos alimentos por ações bioquímicas, ou seja por ações de várias enzimas secretadas no lúmen do trato digestório pelas glândulas da boca, do estômago e das células 12 exócrinas do pâncreas e pela borda em escova (brush border) e no citoplasma das células da mucosa do intestino delgado. Assim a digestão ocorre antes da entrada dos nutrientes (compostos menores) nos fluídos intestinais e, portanto, no sistema circulatório (sangue e linfa), pelo qual os nutrientes são levados a todas as células do organismo (Costa & Peluzio, 2008). A digestão pode ser resumida como um conjunto de transformações mecânicas, químicas e bioquímicas que os alimentos ingeridos são submetidos ao longo do sistema digestório, para se converterem em compostos menores e absorvíveis. As funções gerais do trato digestório incluem o recebimento do alimento por meio da boca, que ao se misturar a saliva que contém amilase (início da digestão de carboidratos- amido), é triturado pelos dentes, sendo destacada a ação da língua que auxilia a deglutição do denominado bolo alimentar, o qual desce pelo esôfago, chegando até ao estômago onde, pela ação física dos movimentos peristálticos da parede do estômago e ação química do suco gástrico (ou estomacal) e ação bioquímica da enzima pepsina (início da digestão das proteínas), se transforma em quimo. O quimo segue pela região pilórica, atravessando o duodeno, onde recebe os sucos pancreáticos, hepático (bile) e intestinal, o qual pela ação de sais e de enzimas digestivas, hidrolisarão ainda mais o material transformando-o no denominado quilo, que adentra o intestino delgado. Os nutrientes presentes na porção denominada quilo vão sendo absorvidos na região das vilosidades intestinais e o material não absorvido segue em direção ao intestino grosso. A parte que não é aproveitada do quilo é finalmente evacuada na forma de fezes. Por conseguinte as funções gerais que são desempenhadas pelo sistema digestório são conforme Guyton (1988): Deglutição dos alimentos Secreção dos sucos digestivos* Digestão dos alimentos Absorção dos nutrientes Excreção de substâncias não absorvidas ______ * As secreções gastrintestinais ocorrem em resposta ao alimento que trafega ao longo do tubo digestório, sendo as secreções mais importantes: 1) Secreção salivar → A saliva é um líquido transparente e insípido segregado pelas glândulas salivares que fluidifica os alimentos e facilita sua ingestão e digestão. Se estabalecepor conter muco e enzima -amilase (denominada anteriormente ptialina) que inicia o processo de digestão dos compostos amiláceos. 2) Secreção gástrica (suco gástrico)→ líquido claro, transparente e altamente ácido, contem grandes quantidades de ácido clorídrico (HCl) o que mantém o pH do estômago entre 1,5 e 2,5, contém muco, proenzima pepsinogênio que se transforma em pepsina, extremamente importante para o início da digestão de proteínas e a enzima lipase gástrica (importante na hidrólise lipídica de bebês) e sais. 3) Secreção pancreática (suco pancreático) → líquido secretado pelo pâncreas cujo pH está entre 8,5 e 9, contendo água, enzimas e bicarbonato de sódio (agente neutralizador do meio). A secreção pancreática contém α-amilase pancreática, lipases (lipase pancreática e colesterol esterase), pró-fosfolipase A2, enzimas nucleolíticas (ribonuclease e desoxirribonuclease) diversas pró-enzimas 13 proteolíticas (tripsinogênio, quimotripsinogênio, proelastase e carboxipeptidase) e uma proteína, a procolipase. As enzimas pancreáticas são mais ativas em pH na faixa da neutralidade, e a rápida neutralização do quimo ácido pelo bicarbonato deste suco pancreático no intestino, facilita a digestão dos nutrientes pelas enzimas pancreáticas. 4) Secreção hepática (bile)→ a bile é secretada pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, trata-se de uma solução alcalina contendo eletrólitos, pigmentos, sais biliares e outras substâncias como colesterol e lecitina. O elevado teor de sais biliares se mistura com aos lipídios (gorduras) proporcionando ação emulsificante, participando de sua digestão e de absorção. Hormônios liberados no intestino delgado estimulam o fluxo biliar: secretina estimula a secreção biliar pelo fígado e a colecistoquinina estimula a contração da vesícula biliar e a liberação da bile da vesícula para o duodeno. 5) Secreção do intestino delgado→, contendo grandes quantidades de muco, de água e de eletrólitos, contém enzimas peptidases, para a etapa final da digestão das proteínas e ainda as enzimas sacarase, lactase e maltase para a digestão final dos carboidratos e lipase intestinal para auxiliar na digestão das gorduras. O trato digestório humano está ilustrado na Figura 3.4, é formado por um longo tubo musculoso, ao qual estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão e absorção. Apresenta as seguintes estruturas: boca, glândulas salivares, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, vesícula biliar, intestino delgado, intestino grosso e ânus, os quais, alguns serão discutidos a seguir. a) Boca Na boca encontram-se duas estruturas importantes para o preparo do processo digestivo do alimento que são a língua e os dentes, que na presença da saliva, pelo ato da mastigação, reduz o tamanho das partículas do alimento, o que irá facilitar a futura ação das enzimas. Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro (7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da -amilase. Assim o bolo alimentar já estará lubrificado para facilitar a deglutição. Processo de deglutição →para o início da deglutição, a língua move-se para cima até entrar em contato com o palato duro, forçando o alimento em direção a faringe. Os receptores sensoriais situados nesta região transmitem sinais para o cérebro a fim de provocar o reflexo da deglutição conduzindo o alimento para o esôfago. 14 FIGURA 3. 4 Representação do trato digestório (id=intestino delgado; i.g.= intestino grosso; e.t.=em transparência; **= em corte) (Barros et al., 2005). 15 b) Glândulas salivares A presença de alimento na boca, assim como sua visão e aroma, estimulam as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar (-amilase) (anteriormente denominada ptialina), além de sais e outras substâncias. A -amilase digere parte do amido, reduzindo-o em moléculas menores, como a de maltose (dissacarídeo). Três tipos de glândulas salivares (Figura 3.5) lançam sua secreção na cavidade bucal; parótida, submandibular e sublingual conforme citado em Vilela (2004). São características de algumas glândulas salivares: Glândula parótida Com massa variando entre 14 e 28 g, é a maior; situa-se na parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha. Glândula submandibular É arredondada, mais ou menos do tamanho de uma noz. Glândula sublingual É a menor; fica abaixo da mucosa do soalho da boca. FIGURA 3. 5 Boca e localização das glândulas salivares (M=músculo, **=em corte)(Barros et al., 2005) 16 c) Faringe e esôfago A faringe, está no final da cavidade bucal, é um canal comum aos sistemas digestório e respiratório: por ela passa o alimento, que dirige ao esôfago, e passa o ar, que dirige à laringe. O esôfago, canal que liga a faringe ao estômago, localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do abdômen. Uma vez no esôfago são produzidas “ondas peristálticas” que forçam o alimento a passar pelo resto da distância esofagiana para o estômago em cinco a dez segundos. A glote precisa estar fechada durante a deglutição, é um orifício da laringe circunscrito pelas duas cordas vocais inferiores e a epiglote é uma lingüeta cartilaginosa que fecha a glote durante a deglutição. O esôfago mede cerca de 25cm em um adulto. A gravidade não está relacionada aos movimentos peristálticos. FIGURA 3. 6 Bolo alimentar no esôfago O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (Figura 3. 6) Pelo peristaltismo, o indivíduo pode, por exemplo, ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, o alimento chegará ao estômago. Entra em ação um mecanismo fechando a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias. O bolo alimentar leva aproximado de 5 a 10 segundos para percorrer o esôfago, o qual transporta os alimentos sólidos e líquidos (bolo alimentar). Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago. d) Estômago O estômago é um órgão muscular, uma bolsa de parede musculosa, localizado no lado esquerdo do abdômen, logo abaixo das últimas costelas. É um órgão que liga o esôfago ao intestino delgado, sendo a comunicação com o esôfago por meio da região chamada “cárdia”, sendo que a outra região que comunica com o intestino delgado é chamada “piloro”, é oco e em forma de “J”. O estômago é dividido em três partes: fundo (porção mais alta), corpo (porção entre o antro e o fundo) e antro (vai do corpo ao piloro) (Figura 3.7). As funções principais do estômago são a de armazenar o alimento ingerido (função reservatório), sendo a capacidade em torno de um litro e meio de alimento, possibilitando que não se tenha que ingerir alimento de pouco em pouco tempo e ainda função de auxiliar a fragmentação mecânica iniciada na mastigação, com movimentos peristálticos misturando 17 os alimentos com o suco gástrico transformando-os em pequenas partículas que irão facilitar a digestão (formação do quimo), e sua função principal é a digestão parcial das proteínas; é ainda função do estômago o acerto da osmolaridade dos alimentos. Quando nos alimentamos, não temos a preocupação com a osmolaridade dos alimentos, por exemplo, um bolo de chocolate costuma ter uma osmolaridade elevadíssima. Sabidamente alimentos hiperosmolares provocam roubo de líquidos para a luz intestinal e aceleração do trânsito. Quando o quimo sai do estômago rumo ao duodeno, já tem osmolaridade mais próxima da osmolaridade dos líquidos corpóreos (dita isosmolaridade). É função da mucosa gástrica produziro fator intrínseco (produzido pelas células parietais do estômago) necessário à absorção da vitamina B12 no intestino delgado. Os receptores do íleo só reconhecem a vitamina B12 quando conjugada ao fator intrínseco. A deficiência desta vitamina causa anemia megaloblástica e pode acometer o paciente com gravidade (Magnoni & Cukier, 2005). Embora o estômago não seja um importante órgão de absorção, alguma quantidade de água, substâncias lipossolúveis são nele absorvidas, como etanol e ácidos graxos de cadeia s curtas e média. A face interior da parede do estômago é coberta por uma mucosa que contém células especializadas na secreção de várias substâncias. Nos 2/3 superiores do estômago essas células da mucosa segregam: ácido clorídrico (células parietais), fator intrínseco (células parietais) e pepsinogênio (células principais). No 1/3 correspondente ao antro as células da mucosa segregam gastrina (Figura 3.7). 18 FIGURA 3. 7 Representação do estômago (**= em corte; m.=músculo) (Barros et al., 2005). Gastrina →é um hormônio que estimula as células parietais do estômago a produzirem ácido clorídrico. O pH do suco gástrico está na faixa de 1,5 a 2,5 (Aires,1991). A acidez gástrica além de atuar como antisséptico, destruindo muitos microrganismos que entram no trato digestório pela cavidade bucal, produz ainda a desnaturação das proteínas globulares propiciando exposição das ligações peptídicas ao ataque enzimático (a pepsina apresenta pH ótimo de ação de 2 a 3 e é completamente inativada em pH acima de 5). É necessário salientar que uma bactéria patogênica denominada Helicobacter pylori, que pode ser encontrada no estômago de algumas pessoas (infecta o revestimento mucoso do estômago humano), arranjou mecanismos próprios para se defender da acidez do meio. As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas: serosa (o peritônio) circundando a superfície externa do tubo, há uma camada de tecido conectivo, a serosa. Trata-se de finas lâminas de tecido conectivo, os mesentéricos que ligam a serosa à parede abdominal, suportam e estabilizam vários segmentos do trato digestório; muscular 19 (muito desenvolvida) cuja contração proporciona forças para mover os conteúdos gastrintestinal, existindo duas camadas de músculos lisos e entre elas encontram-se o plexo mientérico que trata-se de uma rede de células nervosas; submucosa (tecido conjuntivo) neste local passam os maiores vasos sanguíneos e linfáticos originando ramos que penetram na mucosa e mucosa (que secreta o suco gástrico) a superfície luminal do tubo não é lisa, mas com muitas pregas e depressões. As invaginações da camada epitelial no tecido sobrejacente formam glândulas exócrinas tubulares que secretam muco, enzimas, ácido, água e íons no lúmen. Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovóide ou arredondado. O estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua homogeneização. FIGURA 3. 8 Seção longitudinal representativa da parede do estômago (Vander, et al., 1981). Obs1.: Glândula endócrina → grupo de células epiteliais especializadas na secreção e desprovidas de ductos, que liberam seus produtos no espaço extracelular circundante e de onde passam a corrente circulatória; glândula desprovida de ducto cujo produto de secreção é um hormônio. Obs2.: Glândula exócrina → grupo de células epiteliais especializadas para secreção com ductos, que conduzem a um compartimento específico ou à superfície onde os produtos são secretados (Vander, et al.,1981). 20 A “pepsina”, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do ácido clorídrico (HCl), o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas (início da digestão de proteínas). A pepsina, com a hidrolise de parte das proteínas, promove o rompimento das ligações peptídicas que unem os aminoácidos. Como nem todas as ligações peptídicas são acessíveis à pepsina, muitas permanecem intactas. Portanto, os resultados do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos e aminoácidos livres. A renina, enzima que age sobre a caseína, uma das proteínas do leite, é produzida pela mucosa gástrica durante os primeiros meses de vida. Seu papel é o de flocular a caseína, facilitando a ação de outras enzimas proteolíticas. A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que a superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas) que precisam ser tratadas. O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semi-líquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo aos poucos liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão. e) Intestino delgado e intestino grosso Intestino delgado→O intestino delgado (ID) recebe o quimo proveniente do estômago e recebe ainda as secreções do pâncreas e fígado para continuar a digestão (hidrólise) proporcionando neste local a absorção dos nutrientes. Por sua vez, o intestino grosso é o local de absorção de água, alguns sais minerais (eletrólitos) e de algumas vitaminas que são sintetizadas neste órgão por ação bacteriana e de conduzir para ser excretado o que não foi absorvido. O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25cm), jejuno (cerca de 2 a 3m) e íleo (cerca de 3 a 4m). Na superfície da mucosa do ID existem pregas, numerosas vilosidades e microvilosidades intestinais para ampliar a capacidade absortiva. O epitélio tem ciclo de vida curta de dois dias. As células nascem na base das vilosidades, sobem gradualmente e descamam na superfície (Waitzberg, 2006). A porção superior do ID ou duodeno tem a forma de ferradura, tendo o piloro, como 21 o esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este esvazia seu conteúdo no intestino. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas), facilitando a ação das da enzima lipase. A Figura 3. 9 mostra o esquema do intestino delgado, mais evidente, e o intestino grosso as Figuras 3. 10 e 3. 11 cortes do intestino delgado. 22 FIGURA 3. 9 Intestino delgado, mais evidente, e o intestino grosso (Barros et al., 2005). 23 FIGURA 3. 10 Corte do intestino delgado (Fonte http://www.webciencia.com/11_13intes.htm) FIGURA 3. 11 Representação das vilosidades e microvilosidades do intestino delgado (Gewandsznajder, 1996) http://www.webciencia.com/11_13intes.htm 24 No intestino delgado(ID), verifica-se a continuação da digestão dos carboidratos, (iniciada na boca) onde a amilase pancreática fragmenta o amido em moléculas de maltose (dissacarídeo constituído de duas moléculas de glicose); a digestão dos lipídios, neste caso a lipase pancreática hidrolisa as moléculas de triacilgliceróis e no caso dos ácidos nucléicos, as nucleases pancreáticas, ribo- e desoxirribonucleases que respectivamente hidrolisam os ácidos ribonucléicos e desoxirribonucléicos atuando sobre os ácidos nucléicos, liberando os mononucleotídeos constituintes (Aires, 1991). No ID ocorre a continuação da digestão das proteínas, pois sabe-se que no suco pancreático contém o tripsinogênio e o quimotripsinogênio, formas inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimotripsina respectivamente. Sendo produzidas na forma inativa, as proteases não digerem suas células secretoras. A mucosa do intestino delgado secreta o “suco entérico”, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase (importante na transformação do tripsinogênio em tripsina). Outras enzimas são as dissacaridases (sacarase, lactase, maltase), que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos. No suco entérico há enzimas que dão seqüência à hidrólise das proteínas: os oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos. A “absorção dos nutrientes” ocorre através de mecanismos ativos e passivos, mais especificamente nas regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), chamadas “vilosidades”; um traçado que aumenta a superfície de absorção intestinal. As membranas das próprias células do epitélio intestinal apresentam, por sua vez, dobras microscópicas denominadas “microvilosidades” (Figuras 3. 10). O intestino delgado além de absorver aminoácidos, ácidos graxos e glicose, também absorve a água ingerida, os íons e as vitaminas. Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino delgado, passam ao fígado para serem distribuídos pelo resto do organismo, porém, alguns produtos da digestão de gorduras (principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocorre com outros nutrientes. O que acontece é que nas células da mucosa, essas substâncias são reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas, formando os quilomícrons, transferidos para os “vasos linfáticos” e, em seguida, para os “vasos sangüíneos”, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos), sendo, então, armazenados. A Tabela 1 apresenta o suco digestivo, pH ótimo de ação das enzimas e produtos. 25 TABELA 1 Sucos digestivos, enzimas, pH ótimo de ação das enzimas, os substratos e respectivos produtos. Suco digestivo Enzimas pH ótimo Substrato Produtos Saliva -amilase neutro polissacarídeos maltose Suco gástrico Pepsina Lípase gástrica (estômago de bebês) Ácido Proteínas Lipídeos Oligopeptídeos Ácidos graxos Suco pancreático α-amilase pancreática Tripsina Quimotripsina Ribonuclease Desoxirribonuclease Lipase pancreática alcalino alcalino alcalino alcalino alcalino alcalino amido proteínas proteínas RNA DNA lipídeos maltose peptídeos peptídeos ribonucleotídeos desoxirribonucleotídeos glicerol e ácidos graxos Suco intestinal ou entérico Carboxipeptidase Aminopeptidase Dipeptidase Maltase Sacarase Lactase Enteroquinase α-dextrinase (isomaltase) Nucleotidases Nucleosidase e fosforilase alcalino alcalino alcalino alcalino alcalino alcalino oligopeptídeos oligopeptídeos dipeptídeos maltose sacarose lactose tripsinogênio dextrina (isomaltose) ácidos nucléicos nucleosídeos aminoácidos aminoácidos aminoácidos glicose glicose e frutose glicose e galactose tripsina ativa glicose nucleotídeos bases de purina e pirimidina 26 Intestino grosso →O intestino grosso mede cerca de 1,5m de comprimento e divide-se em CECO, CÓLON (cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide) e RETO (Figura 3.14). A saída do reto denomina-se ânus e é fechada por um músculo que o envolve, o esfíncter anal. A mucosa do intestino grosso não apresenta vilosidades. Na sua porção terminal, na parte retal, possui pregas. O epitélio de revestimento mostra, assim como o do intestino delgado, microvilosidades (Aires, 1991). O que predomina no intestino grosso é a secreção de muco rico em íon bicarbonato, originado do transporte ativo das células epiteliais. Na luz do intestino grosso encontra-se ainda resquícios de células e enzimas que são produzidos pela microbiota intestinal (do ceco e do cólon). O muco tem o papel fundamental de proteger o epitélio da mucosa do intestino grosso contra escoriações mecânicas das fezes, ao mesmo tempo gera um micro ambiente alcalino com pH em torno de 8, por conter bicarbonato adsorvido constituindo uma barreira protetora quer contra o ataque ácido que se forma localmente, como contra um possível ataque bacteriano (Aires, 1991). A microbiota intestinal desempenha um papel essencial na fermentação de carboidratos, incluindo as fibras, em particular liberando os ácidos graxos de cadeia curta e os gases. Os ácidos graxos de cadeia curta ajudam a manter normal a mucosa do cólon e intensificam a absorção de sódio e de água (Mahan & Escott-Stump, 2005 e Vilela, 2004). No intestino grosso são absorvidos: água, eletrólitos (lembrando que também são absorvidos no intestino delgado) e em quantidades reduzidas, alguns dos produtos finais da digestão. Obs.: Eletrólitos são substâncias ou compostos que quando dissolvidos em água, dissociam- se em íons carregados positiva ou negativamente (cátions e ânions). Os eletrólitos podem ser simples sais inorgânicos de sódio, potássio e magnésio ou moléculas orgânicas complexas. Várias secreções intestinais, tais como bile e suco pancreático contém quantidades substanciais de sódio (Na+) (principal cátion do líquido extracelular- ele regula o tamanho do compartimento do líquido extracelular e o volume do plasma sanguíneo). O potássio (K+) por sua vez, é o principal cátion do líquido intracelular, é prontamente absorvido pelo intestino delgado, está presente em pequenas quantidades no líquido extracelular, junto com o sódio está envolvido na manutenção do equilíbrio hídrico normal, equilíbrio osmótico e equilíbrio ácido-básico (Mahan & Escott-Stump , 2005). O intestino grosso portanto é o local de significativa absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. Uma pessoa (adulto) deve tomar mais de 1,5 litro ou até mais de 2 litros de líquidos por dia, que se unem a 8 ou 9 litros de água das secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. O intestino grosso está apresentado nas Figuras 3. 12 e 3. 13. 27 FIGURA 3. 12 Intestino gosso (ceco, colón e reto)(**= em corte) (Barros et al., 2005). 28 FIGURA 3. 13 Esfincter iliocecal e apêndice (**= em corte; m.=músculo), (Barros et al., 2005). 29 Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Os restos alimentícios não assimiláveis são substratos dessas bactérias reforçando os movimentos intestinais e protegem o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades. A porção fibra dos alimentos de origem vegetal, não são digeridas nem absorvidas pelo organismo humano, contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água,sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. As “fibras solúveis” promovem maior adsorção (auxiliam na retenção de água e na formação de gel) e as “fibras insolúveis” estimulam o peristaltismo, absorvem água e aumentam o volume das fezes. O intestino grosso não possui vilosidades, como já colocado acima, nem secreta sucos digestivos, normalmente absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são evacuados. e) Glândulas anexas: pâncreas e fígado O pâncreas O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos 15 cm de comprimento e de formato triangular, localizada transversalmente sobre a parede posterior do abdome, na alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O pâncreas é formado por uma cabeça que se encaixa no quadro duodenal, de um corpo e de uma cauda afilada. A secreção externa dele é dirigida para o duodeno pelos canais de Wirsung e de Santorini. O canal de Wirsung desemboca ao lado do canal colédoco na ampola de Vater. O pâncreas comporta dois órgãos estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o endócrino. O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por onde sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão. O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon (sistema endócrino). O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém principalmente água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do suco pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucléicos. A estrutura do pâncreas encontra-se na Figura 3. 15, trata-se de uma glândula de grande importância no processo digestivo. 30 FIGURA 3. 15 Representação do pâncreas (Fonte: http://www.webciencia.com/11_17pancreas.htm ) O fígado O fígado é o maior órgão interno do corpo humano e trata-se de um dos órgãos mais importantes envolvido no metabolismo e armazenamento de nutrientes sendo considerado um sítio regulatório central para a maioria dos produtos finais da digestão que são absorvidos pela mucosa intestinal para dentro da circulação portal. A Figura 3. 16 apresenta as ilustrações do fígado sob dois ângulos. http://www.webciencia.com/11_17pancreas.htm 31 FIGURA 3. 16 Ilustrações do fígado sob dois ângulos (Fonte : http://www.webciencia.com/11_10figado.htm) e (http://br.geocities.com/hepatite_c/figado.htm) O fígado é a mais volumosa de todas as vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor arroxeada, superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria. Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal. O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lobos, compostos por colunas de células hepáticas (hepatócitos), rodeadas por canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes canais se unem http://www.webciencia.com/11_14intest.htm 32 para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno. As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides, estrógenos e outros hormônios. O fígado é um órgão muito versátil. Sintetiza e armazena glicogênio, ferro, cobre, vitaminas e outros. Sintetiza carboidratos a partir de proteínas e sintetiza lipídios a partir de carboidratos e de proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação no fígado, como a cirrose. São algumas funções do fígado: a) Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas, facilitando, assim, a ação da lipase; b) Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação; c) Além de substâncias provenientes da dieta, o fígado recebe substâncias endógenas como: ácidos graxos livres e aminoácidos derivados de outros tecidos provenientes de processos metabólicos, desempenhando assim papel importante no metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios. d) O fígado armazena Fe, Zn, Cu, Mg e certas vitaminas em suas células; e) O fígado metaboliza lipídeos: os ácidos graxos da dieta e tecido adiposo são convertidos no fígado a acetil CoA pelos processos de -oxidação para produzir energia para o organismo. O fígado sintetiza: triacilglicerol, fosfolipídios, colesterol e sais biliares f) O fígado sintetiza diversas proteínas presentes no sangue (albumina, fibrinogênio, transferrina, ceruloplasmina e lipoproteínas) algumas delas do sistema imunológicos e de coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio, de gorduras, de vitamina (a ex da transportadora de Vitamina A), de minerais (ferro, zinco e cobre). g) Degradar substâncias tóxicas, a ex do álcool e outras, auxiliando na desintoxicação do organismo; h) Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua hemoglobina em bilirrubina (o pigmento castanho-esverdeado presente na bile). i) Os hepatócitos desintoxicam a amônia convertendo-a em uréia 75% da qual é excretada pelos rins. 33 Obs.1: A galactose e a frutose (produtos da digestão de carboidratos) são convertidos em glicose nos hepatócitos (células do fígado). O fígado armazena glicose como glicogênio (fabrica glicogênio) “glicogênese” e então retorna glicose para o sangue, quando os níveis de glicose tornam-se baixos “glicogenólise”. O fígado também produz glicose nova “gliconeogênese” a partir de piruvato, lactato, glicerol e aminoácidos glicogênicos (glicina, alanina, serina, cisteína e treonina). Obs. 2: Sais biliares são produzidos pelas células hepáticas a partir do colesterol. Sais biliares são essencias para digestão e absorção de gorduras e de vitaminas lipossolúveis e de alguns minerais, sendo o caminho excretório principal para os minerais cobre e manganês. Bile é uma secreção produzida no fígado, composta de ácidos biliares (ácido glicocólico e ácido taurocólico), pigmentos biliares* (que dão cor as fezes), sais inorgânicos, algumas proteínas, colesterol, lecitina (um fosfolipídio emulsificante) e vários componentes, assim como drogas desintoxicadas que são metabolizadas e secretadas pelo fígado. É na vesícula biliar que se concentra, armazena e excreta bile (Mahan & Escott- Stump, 2002). *Bilurrubina →é o principal pigmento da bile é derivada da liberação de hemoglobina à partir da destruição de hemácias, é transportada para o fígado é conjugada (transformada em hidrossolúvel) e excretada através da bile. A ação emulsificante da bile mantém separadas as partículas (glóbulos) menores de gordura e portanto mais acessível para a digestão pela lípase pancreática. Os ácidos graxos livres e os monoacilgliceróis, produzidos pela digestão formam complexos com os sais biliares chamados “micelas”. As micelas facilitam a passagem dos lipídios através do meio aquoso do lúmen intestinal para a borda em escova. Os sais biliares são então liberadosde seus componentes lipídicos e retornam ao lúmen intestinal. A maioria dos sais biliares é ativamente reabsorvida no íleo terminal e é reciclado de volta para o fígado para entrar no intestino através da vesícula biliar. Essa eficiente reciclagem é conhecida como “circulação entero-hepática”. O “pool” de ácidos biliares pode circular por qualquer lugar de 3 a 15 vezes ao dia, dependendo da quantidade de alimentos que foi ingerida 34 FIGURA 3. 17 Ilustrações do fígado, vesícula biliar e pâncreas vistas num conjunto (Barros et al., 2005). 35 4 AVALIAÇÃO DO PESO CORPORAL A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o uso dos índices antropométricos* colocados na Tabela 1 para serem utilizados nas avaliações do estado nutricional do indivíduo. *Antropometria método de investigação científica em nutrição que “se ocupa da medição das variações nas dimensões físicas e na composição global do corpo humano em diferentes idades e em distintos graus de nutrição” Jelliffe (1968) TABELA 1 Índices antropométricos que devem ser utilizados para diagnósticos nutricionais, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde Fases do ciclo de vida Índices antropométricos utilizados para avaliação do estado nutricional do indivíduo Crianças < 10 anos Peso/Idade Altura/Idade Peso /Altura Adolescentes IMC* percentilar Adultos IMC Relação Cintura-Quadril Idosos IMC Gestantes IMC por semana gestacional *=índice de massa corporal (IMC) O cálculo do índice de massa corporal (IMC) é dado pela seguinte fórmula: Índice de massa corporal (IMC) = Peso (kg) Altura2 (m) Alcançar e manter o peso adequado à estatura (peso normal) são atitudes positivas do indivíduo para evitar problemas de saúde associados desnutrição e sobrepeso. O “peso corporal normal” de uma pessoa depende da adequação da dieta à idade, forma corporal, gênero, atividade física, a taxa metabólica, ao tipo genético, entre outros pontos. A seguir 36 será discutido como pode ser avaliado o peso corporal da criança, adolescente, adulto e idoso. a) Criança A definição de crescimento satisfatório é o primeiro passo na estimativa das necessidades nutricionais de bebês e crianças. É importante enfatizar que em crianças normais, livres de infecção, o crescimento ocorre em estirões. A Tabela 2 apresenta o peso teórico para crianças conforme United States National Center for Health Statistics (NCHS), citado em OMS (1998). Estimativas do peso de crianças são baseadas nos “padrões de desenvolvimento de referência” publicado para uso internacional. TABELA 2 Pesos (kg) médios padrões de crianças de 0 a 10 anos (incluindo desvio padrão) Idade (anos) Peso dos Meninos (kg) Peso das Meninas (kg) -2 DP Médio +2 DP -2 DP Médio +2 DP 0 2,4 3,3 4,3 2,2 3,2 4,0 0,25 4,1 6,0 7,7 3,9 5,4 7,0 0,50 5,9 7,8 9,8 5,5 7,2 9,0 0,75 7,2 9,2 11,3 6,6 8,6 10,5 1 8,1 10,2 12,4 7,4 9,5 11,6 1,50 9,1 11,5 13,9 8,5 10,8 13,1 2 9,9 12,6 15,2 9,4 11,9 14,5 3 11,4 14,6 18,3 11,2 14,1 18,0 4 12,9 16,7 20,8 12,6 16,0 20,7 5 14,4 18,7 23,5 13,8 17,7 23,2 6 16,0 20,7 26,6 15,0 19,5 26,2 7 17,6 22,9 30,2 16,3 21,8 30,2 8 19,1 25,3 34,6 17,9 24,8 35,6 9 20,5 28,1 39,9 19,7 28,5 42,1 10 anos 22,1 31,4 46,0 21,9 32,5 49,2 Dados retirados do: United States Public Health Service, Health Resources Administration - United States National Center for Health Statistics (NCHS) growth charts - e apresentados em OMS (1998). Em estudos epidemiológicos de subnutrição de infância é convencional aceitar -2 desvios padrão, DP (- 2DP) da média como o ponto de interrupção entre o “normal “ e o “desnutrido”, correspondendo aproximadamente ao percentil três ou a 80% da média para o peso e 90% para a altura. Similarmente + 2 DP em peso para a altura pode ser tomado como um ponto de interrupção para obesidade OMS (1998). É importante salientar que quando a criança recebe alimentação adequada à sua idade, o desenvolvimento físico e cognitivo ou seja do conhecimento ou da aprendizagem, acontecem dentro da normalidade refletindo na vida adulta. 37 b) Adolescentes ( 10 anos e < 20 anos de idade) As alturas e pesos desejáveis de pessoas 10 anos e < 20 anos de idade apresentam conotações especiais porque existem variações consideráveis entre indivíduos e grupos no ajuste do estirão de crescimento de adolescente, o qual começa em idades diferentes de meninos e meninas. Considera-se mais conveniente após a idade de 10 anos, relacionar necessidades energéticas e protéicas ao peso apropriado para altura ao invés de peso para idade a fim de manter uniformidade com os valores de referência para as idades precoces da infância. Nos procedimentos de diagnósticos e acompanhamento do estado nutricional de adolescentes, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional– SISVAN utiliza o critério de classificação percentilar do índice de massa corporal –IMC segundo idade e sexo do padrão de referência National Health and Nutrition Examination Survey-NHANES. O IMC é recomendado internacionalmente para o diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais na adolescência. A classificação do IMC deve ser realizada segundo uma curva de distribuição em percentis por sexo e idade. Como ressalva, tem-se que a falta de um padrão nacional é um problema, dadas as diversidades e a influência de fatores genéticos e ambientais na puberdade. O Brasil não dispõe de um padrão de referência e por esta razão o SISVAN adotou a população de referência acima citada. Os valores de percentil do IMC por idade para adolescentes dos sexos feminino e masculino com idade maior ou igual a 10 e menor que 20 anos estão colocados na Tabela 2. A Tabela 3 apresenta os pontos de corte estabelecidos para adolescentes TABELA 3 Pontos de corte estabelecidos para adolescentes Pontos de corte Percentil do IMC do adolescente Diagnóstico nutricional do adolescente < Percentil 5........................................... Baixo Peso Percentil 5 e < Percentil 85................. Adequado ou Eutrófico Percentil 85......................................... Sobrepeso Fonte: WHO (1995) citado em SISVAN (2004) A Tabela 4 apresenta o percentil do IMC por idade e para o sexo feminino e masculino. 38 TABELA 4 Percentil do IMC por idade para adolescentes do sexo feminino e do sexo masculino Idade Percentil do IMC por Idade Adolescente do sexo Feminino Idade Percentil do IMC por Idade Adolescente do sexo Masculino 5 15 50 85 95 5 15 50 85 95 10 14,23 15,09 17,00 20,19 23,20 10 14,42 15,15 16,72 19,60 22,60 11 14,60 15,53 17,67 21,18 24,59 11 14,83 15,59 17,28 20,35 23,70 12 14,98 15,98 18,35 22,17 25,95 12 15,24 16,06 17,87 21,12 24,89 13 15,36 16,43 18,95 23,08 27,07 13 15,73 16,62 17,53 21,93 25,93 14 15,67 16,79 19,32 23,88 27,97 14 16,18 17,20 19,22 22,77 26,93 15 16,01 17,16 19,69 24,29 28,51 15 16,59 17,76 19,92 23,63 27,76 16 16,37 17,54 20,09 24,74 29,10 16 17,01 18,32 20,63 24,45 28,53 17 16,59 17,81 20,36 25,23 29,72 17 17,31 18,68 21,12 25,28 29,32 18 16,71 17,99 20,57 25,56 30,22 18 17,54 18,89 21,45 25,95 30,02 19 16,87 18,20 20,80 25,85 30,72 19 17,80 19,20 21,86 26,36 30,66 c) Adultos 20 e < 60 anos de idade O índice de massa corporal (IMC) é calculado de acordo com a fórmula colocada anteriormente é utilizado para o estudo do peso corporal de adultos. A Tabela 5 apresenta os pontos de corte em IMC de adultos e respectivosdiagnósticos nutricionais estabelecidos para adultos conforme WHO (1998) e citado em SIVAN (2004). TABELA 5 Pontos de corte estabelecidos para adultos e respectivos diagnósticos nutricionais, conforme WHO (1998) e citado em SIVAN (2004). Pontos de corte IMC do adulto Diagnóstico nutricional de adultos < 18,5............................................................ Baixo Peso 18,5 e < 25................................................. Adequado ou Eutrófico 25 e < 30.................................................... Sobrepeso 30................................................................ Obesidade d) Idosos 60 anos A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional também dos idosos. É um método simples e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e incapacidade 39 funcional, podendo ser utilizado como triagem inicial, tanto para diagnóstico quanto para moniotoramento de doenças. A Tabela 6 apresenta os pontos de corte estabelecidos para idosos conforme Lipschitz (1994) citado em SISVAN (2004). TABELA 6 Pontos de corte estabelecidos para idosos conforme Lipschitz (1994) citado em SISVAN (2004). Pontos de corte IMC do idoso Diagnóstico nutricional de idosos ≤ 22................................................................ Baixo Peso > 22 e < 27.................................................... Adequado ou Eutrófico 27................................................................ Sobrepeso Fonte: Lipschitz (1994) citado em SISVAN (2004) 40 5 ENERGIA PARA O ORGANISMO O alimento que é ingerido, é uma mistura de substâncias químicas, os nutrientes, estas substâncias devem ser reduzidas em componentes menores, para que o organismo possa utilizar como unidade isolada nutritiva e energética, lembrando que nem todos os nutrientes liberados pela digestão e absorção do alimento estarão biodisponíveis. Esses trabalhos químicos complexos (digestão absorção e metabolismo dos nutrientes) acontecem porque o ser humano, cuja vida está desenvolvida e sustentada num meio químico interno dinâmico, é extremamente organizado e intrinsecamente equilibrado e esse equilíbrio é denominado homeostase, o qual é alcançado pela eficácia dos mecanismos homeostáticos do corpo humano. Essa visão do corpo humano como um organismo físico- químico integrado é básica para um entendimento da nutrição humana, tanto na saúde como na doença. A seguir será discutida a maneira sucinta de se calcular a quantidade de energia diária do indivíduo e como se distribui a energia total diária dentre os macronutrientes fornecedores de energia. A) Ingestão de energia: modo de calcular As organizações internacionais FAO/OMS/ONU em 1985, conforme citado em SBAN (1990) e OMS (1998) estabelecem que a necessidade energética de um indivíduo é a quantidade de energia alimentar que deve ser ingerida para compensar o gasto energético quando seu tamanho, composição corporal e grau de atividade física são compatíveis com o estado duradouro de boa saúde e da manutenção da atividade física. Em crianças, em gestantes e em lactantes as necessidades energéticas incluem, além disso, aquelas associadas com a formação de tecidos ou a secreção de leite em ritmo compatível com a boa saúde. FAO→Food and Agriculture Organization - Organização para Agricultura e Alimentos (orgão das Nações Unidas) com sede em Roma OMS →Organização Mundial da Saúde (WHO→World Health Organization) ONU→ Organização das Nações Unidas (organização internacional, formada por países que se reúnem voluntariamente para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundial, possuindo em 2015 um total de 193 Países -Membros) SBAN→Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição Com fins práticos, as necessidades de energia alimentar expressam-se como unidades energéticas (calorias ou joule, onde 1 kcal equivale a 4,184kJ) por dia ou por unidade de peso corporal por dia, baseado no metabolismo basal, grau de atividade física e nas necessidades de crescimento do indivíduo (FAO/OMS/ONU, 1985, citado pela SBAN, 1990). Ingestão dietética insuficiente pode acarretar déficit de crescimento e/ou comprometimento da atividade física com conseqüente diminuição da capacidade de trabalho e produtividade, por outro lado a ingestão excessiva de energia resulta em aumento de peso e em alterações metabólicas diversas que podem afetar a saúde com maior prevalência de hipertensão arterial, diabetes, aterosclerose e problemas cardíacos. 41 a) Cálculo da recomendação de ingestão de energia para crianças até 10 anos O gasto energético total (GET) para indivíduos até 10 anos de idade é obtido multiplicando-se o peso corporal pelo valor recomendado em kcal/kg/dia, conforme FAO/OMS/ONU de 1985 com adaptações de Fausto (2003) e conforme Tabela 1. TABELA 1 Recomendação de energia para lactentes e crianças conforme FAO/OMS/ONU (1885) Adaptação de Fausto (2003) Idade Energia (kcal/kg/dia) Meses 0-0,5 124,0 1-2 116,0 2-3 109,0 3-4 103,0 4-5 99,0 5-6 96,5 6-7 95,0 7-8 94,5 8-9 95,0 9-10 99,0 10-11 100,0 11-12 meses 104,5 Anos Energia (kcal/kg/dia) Meninos Energia (kcal/kg/dia) Meninas 1-2 104 108 2-3 104 102 3-4 99 95 4-5 95 92 5-6 92 88 6-7 88 83 7-8 83 76 8-9 77 69 9-10 anos 72 62 b) Cálculo da recomendação de ingestão de energia para adolescentes O cálculo do gasto energético total (GET) do adolescente deve ser realizado após a avaliação do peso corporal. Essa avaliação deve ser feita observando-se o peso adequado para a altura do indivíduo. 42 Os principais fatores que compõem a necessidade energética ou o gasto energético total (GET) de um indivíduo saudável são: Taxa metabólica basal (TMB), também denominado gasto energético basal (GEB) Nível de atividade física Demandas de crescimento Demandas de gestação Demandas de lactação Obs.: A TMB constitui 60-75% do GET de um indivíduo e é definida como o gasto energético necessário para a manutenção das funções orgânicas normais e da homeostase de um indivíduo em repouso, num ambiente termoestável (Pellett, citado em Fausto 2003) e é influenciada por vários fatores tais como: idade, sexo e peso corporal. Para calcular o GET do adolescente deve-se primeiramente ter o conhecimento de algumas equações para se calcular a taxa do metabolismo basal (TMB) a partir do peso corporal (P), conforme Tabela 2 e ainda outras informações quanto a gastos energéticos de atividades (Tabela 3) e para crescimento (Tabela 4). TABELA 2 Equações para calcular a taxa do metabolismo basal (TMB) a partir do peso corporal (P) FAO/OMS/ONU (1985) Idade Equações para calcular a TMB (kcal / dia ou 24 horas) (anos) Homens Mulheres 10-18 17,5 x P + 651 12,2 x P + 746 18-30 15,3 x P + 679 14,7 x P + 496 30-60 11,6 x P + 879 8,7 x P + 829 60-... 13,5 x P + 487 10,5 x P + 596 TABELA 3 Gasto energético bruto em atividades para a faixa etária de 10 a 18 anos FAO/OMS/ONU (1985) Atividades Fator Meninos Meninas Escola e atividades leves 1,6 1,5 Atividade moderada 2,5 2,2 Atividade intensa 6,0 6,0 Sono 1,0 1,0 TABELA 4 Gasto energético para o crescimento FAO/OMS/ONU (1985) Faixa etária kcal/kg/dia 10 a 15 anos 1,9 15 anos 0,96 16 a 18 anos 0,48 43 Um exemplo conforme citado em Fausto (2003): Calcular as recomendações de ingestão energética para uma mulher adolescente saudável Dados:idade = 15 anos; estatura = 1,62m; peso corporal = 55 kg e IMC = 20,95 Passos para o cálculo: 1º) Calcular a TMB, e TMB por hora: sendo TMB = 12,2 x P + 746 TMB = 1.417 kcal / dia 24 horas TMB = 59,04 / hora 2º) Discriminar as atividades desenvolvidas pelo adolescente durante as 24 horas do dia: Atividades Fator Tempo (horas) Fator x tempo Sono 1,0 8 8 Escola e atividades leves 1,5 12 18 Atividades moderadas 2,2 4 8,8 TOTAL ......................... .............................. .........34,8 3º) Multiplicar o tempo gasto em cada atividade pelo gasto energético bruto da atividade desenvolvida pela TMB/hora 4º) Somar os resultados das multiplicações Atividades Fator x tempo TMB/hora kcal Sono 8 59,04 472,32 Escola e atividades leves 18 59,04 1.062,72 Atividades moderadas 8,8 59,04 519,55 TOTAL das atividades (somatório)...... ...................... ....................... ...2.054,59 5º) Adicionar, ao resultado obtido o gasto energético para o crescimento, para então finalmente obter o GET, conforme colocado em Fausto (2003) kcal Total (kcal) obtido anteriormente 2.054,59 Gasto energético crescimento (0,96 x 55) 52,80 Gasto energético total (GET) 2.107,39 - - - - - - - - - - - Obs.: O GET para adolescente também pode ser calculado bem simplificado e da seguinte forma: Calcular a TMB, conforme Tabela 2 Multiplicar o resultado obtido pelo gasto energético médio, conforme Tabela 5 44 TABELA 5 Valores do “gasto energético médio” para crianças e adolescentes (FAO/OMS/ONU, 1985) que deverá ser multiplicado pela TMB Idade Gasto energético médio (esse valor deverá ser multiplicado pela TMB para se obter o GET de adolescentes) (anos) Meninos Meninas 10-11 1,76 1,65 11-12 1,73 1,63 12-13 1,69 1,60 13-14 1,67 1,58 14-15 1,65 1,57 15-16 1,62 1,54 16-17 1,60 1,53 17-18 1,60 1,52 c) Cálculo da necessidade energética acima de 18 anos de idade (SBAN, 1990) Os nutricionistas e outros profissionais da área de saúde podem calcular o GET de adultos por meio de dois métodos: O primeiro é o Método dos múltiplos da taxa metabólica basal ou Método fatorial –método da FAO/1985 – que pressupõe o conhecimento de todas as atividades exercidas pelo indivíduo em 24 horas, bem como a distribuição do tempo gasta em cada atividade. O segundo é o Método da RDA de 1989 sendo necessário classificar o padrão de atividade física (leve, moderada ou intensa) que o indivíduo desenvolve em 24 horas Existe um modo simplificado e rápido para calcular o GET (que é utilizado neste estudo) que trata-se em multiplicar a TMB (obtida conforme Tabela 2) pelo fator médio da necessidade energética de acordo com a atividade ocupacional, conforme Tabela 6. Conforme o exemplo de Fausto (2003): Calcular a recomendação da ingestão de energia de uma secretária, sendo os dados Mulher: idade=45 anos; estatura=1,63m; peso=56kg e IMC=21,07kg/m2 Modo rápido do cálculo do GET: TMB= 54,84 kcal/hora x 24 = 1.316,2kcal Multiplicar 1.316,2 pelo fator de atividade leve (1,56) O GET assim calculado seria = 2.053,27 kcal. TABELA 6 Média das necessidades diárias de adultos expressa como múltiplo da TMB (FAO/OMS/ONU, 1985) e citadas em Fausto (2003) Fator de atividade física Leve Moderada Intensa Homens 1,55 1,8 2,1 Mulheres 1,56 1,64 1,82 45 B) Determinação do valor calórico total (VCT) da dieta O valor calórico total (VCT) da dieta corresponde a quantidade de energia que o indivíduo precisa obter pela alimentação, durante um período de 24 horas (energia líquida), para suprir suas necessidades energéticas. Conforme FAO/OMS/ONU (1985) e citado em Fausto (2003) a digestibilidade das fontes energéticas da dieta diminui com o aumento do teor de fibra dietética na alimentação, portanto para se determinar o VCT de um plano alimentar, sugere-se que a recomendação de ingestão energética (GET) estimada, seja multiplicada por 1,05 no caso de dietas com elevados teores de fibras (mais de 35g/dia) ou por 1,025 para dietas com teores moderados de fibras, variando de 25 a 35 g /dia. Para distribuir o valor calórico total (VCT) de um indivíduo, sendo por exemplo, esse total diário da ordem de 2.500 kcal/dia (após o cálculo), segue como colocado: Proteínas →10 a 15%...................e conforme SBAN (1990): proteína →10 a 12% Lipídios →20 a 30% lipídios → 20 a 25% Carboidratos →55 a 65% carboidratos→60 a 70% Novos valores de referência das DRIs foram publicados e foram observadas mudanças na faixa de distribuição do VCT, a “variação de distribuição aceitável de macronutriente”, AMDR Acceptable Macronutrient Distribution Ranges, (IOM, 2005 e 2008) da ordem de: Proteínas →10 a 35% Lipídios →25 a 35% Carboidratos →45 a 65% Para calcular as quantidades (em gramas) de proteínas, lipídios e carboidratos em determinada dieta será utilizado como exemplo neste estudo o seguinte: Total de kcal/dia (VCT) = 2.500 kcal onde: 10% do total calórico serão provenientes de alimentos protéicos; 25% do total calórico serão provenientes dos lipídios (gorduras) e 65% do total calórico serão provenientes dos carboidratos Para as proteínas: 2. 500 kcal ----100% X ---- 10% 2.500 kcal x 10 /100 = 250 kcal provenientes de proteínas Pelo fato de 1 g de proteína quando totalmente metabolizado fornecer 4 kcal, então: 250 kcal provenientes de proteínas corresponderão a 62,5 g de proteína Para os lipídios: 2. 500 kcal ------100% x ------ 25% 2.500 kcal x 25 /100 = 625 kcal provenientes dos lipídios Pelo fato de 1 g de lipídios quando totalmente metabolizado fornecer 9 kcal, então: 625 kcal provenientes de lipídios corresponderão a 69,45g de lipídios Para os carboidratos: 2. 500 kcal -------100% x -------- 65% 2.500 kcal x 65 /100 = 1.625 kcal deverão ser provenientes dos carboidratos 46 Pelo fato de 1 g de carboidrato quando totalmente metabolizado fornecer 4 kcal, então: 1.625 kcal provenientes de carboidratos corresponderão a 406,25g de carboidratos A dieta deverá conter portanto: 62,5g de proteínas; 69,45g de lipídios e 406,25g de carboidratos Portanto para calcular a distribuição calórica de uma dieta de composição conhecida: g de proteína na dieta x 4 kcal/g de proteína = nº de kcal provenientes da proteína g de gordura na dieta x 9 kcal/g de lipídio = nº de kcal provenientes da lipídio g de carboidrato na dieta x 4 kcal/g de carboidrato = n.º de kcal provenientes do carboidrato Obs.: A soma das kcal provenientes da proteína + kcal da gordura + kcal da carboidrato, será = total de kcal da dieta diária Os passos seguintes serão selecionar os alimentos, elaborar as refeições (cardápios) Desjejum (café da manhã), Lanche da manhã, Almoço, Lanche da tarde, Jantar e Lanche da noite ou Ceia. O percentual do VCT por refeições deverá ser distribuído como a seguir, como colocado em Philippi (2008): Refeição % do VCT Desjejum........................................................ 25% Lanche da manhã........................................... 5% Almoço.......................................................... 35% Lanche da tarde.............................................