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PEDIATRIA AFOGAMENTO

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PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
AFOGAMENTO 
DEFINIÇÕES 
De acordo com a nova definição adotada pela OMS em 2002, “afogamento é a dificuldade 
respiratória (aspiração de líquido) durante o processo de imersão ou submersão em 
líquido”. A dificuldade respiratória inicia quando o líquido entra em contato com as vias 
aéreas da pessoa em imersão (parte do corpo dentro da água, salpicos de água na face) 
ou por submersão (todo o corpo dentro da água). O termo aspiração refere-se à entrada 
de líquido nas vias aéreas (traquéia, brônquios ou pulmões), e não deve ser confundido 
com engolir água. 
Se a pessoa é resgatada, o processo de afogamento é interrompido, o que é denominado 
um afogamento não fatal. Se a pessoa morre como resultado de afogamento, isto é 
denominado um afogamento fatal. Qualquer incidente de submersão ou imersão sem 
evidência de insuficiência respiratória deve ser considerado um resgate na água e não 
um afogamento. Termos como “quase afogamento”, “afogamento seco ou molhado”, 
“afogamento secundário”, “afogamento ativo e passivo” e “afogamento secundário” são 
obsoletos e devem ser evitados. 
 Afogamento: aspiração de líquido não-corporal por submersão ou imersão. 
 Resgate: pessoa resgatada da água, sem sinais de aspiração de líquido. 
 Cadáver: morte por afogamento sem chances de se iniciar reanimação, 
comprovada por tempo de submersão maior que uma hora ou sinais evidentes de 
morte há mais de uma hora, com rigidez cadavérica, livores ou decomposição 
corporal. 
EPIDEMIOLOGIA 
Dados no Mundo 
Considerando o tempo de exposição ao risco de acidente, o afogamento tem 200 vezes 
mais risco de óbito que os acidentes de transporte; 
0,7% de todos os óbitos no mundo ocorrem por afogamento não intencional – 372.000 
(8.5 óbitos/100.000 hab) óbitos/ano; 
A incidência predomina em regiões e países de baixo poder aquisitivo e renda per-capita; 
Os números de afogamento são ainda muito subestimados, mesmo em países 
desenvolvidos, pois os dados são extraídos exclusivamente de atestados de óbitos, e nem 
todos possuem ou registram estes dados. 
Em 2015, dos 192 países membros da OMS 116 (40%) deles não relataram nenhum 
dado sobre afogamento. Abaixo, os 11 primeiros em números absolutos – taxa/100.000 
hab - ano: 
a) Rússia: 11.981 - 7.8 – 2010 
b) Japão: 8.999 - 3.2 – 2011 
c) Brasil: 6.030 – 2.9 – 2015 
d) Tailândia – 4684 – 7.3 – 2006 
e) Estados Unidos: 4.812 - 1.5 – 2010 
f) Filipinas 3930 – 4.6 – 2008 
g) Ucrânia – 2713 – 5.5 – 2012 
h) México:2.479 – 2.1 – 2012 
i) Egito: 1.619 - 1.8 – 2011 
j) França 1382 – 1.6 – 2011 
k) Colômbia:1.127 – 2.4 – 2011 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
 
Dados no Brasil 
Atualmente, o número de óbitos por afogamento em nosso país supera os 6.000 casos 
por ano, isto sem falar nos incidentes não fatais que chegam a mais de 100.000. Os 
dados abaixo demonstram a ocorrência de uma catástrofe anual que necessita ser 
interrompida: 
 
Conforme esclarece a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças de 1 a 4 anos afogam-
se principalmente em piscinas,banheiras,reservatórios e mar.Na faixa de 5 a 14 
anos,esses acidentes fatais ocorrem em piscinas, lagos, rios, represas e mar. Os 
adolescentes, ávidos por ambiente amplo e perigoso, podem ser vítimas de acidentes por 
submersão em mar aberto, grandes lagos, rios e praticando esportes aquáticos. O uso de 
bebidas alcoólicas está envolvido em 25 a 50% das ocorrências. 
A possibilidade de causa intencional de submersão sempre deve ser considerada. Cerca 
de 8% das crianças internadas em centro terciário pediátrico podem ser vítimas de 
maus-tratos e se faz necessário, sempre, comparar dados inconsistentes de história ou 
incompatíveis com a capacidade de desenvolvimento. 
Embora com todos os dados assustadores em nosso país, a mortalidade por afogamento 
vem declinando no Brasil nos últimos 37 anos (1979-2015) em números absolutos e 
mais importante em números relativos (óbitos/100.000 habitantes) conferindo uma 
redução na ordem de 40%. 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
CLASSIFICAÇÃO 
Quanto ao tipo de água (importante para campanhas de prevenção) 
 Afogamento em água Doce: piscinas, rios, lagos ou tanques. 
 Afogamento em água Salgada: mar. 
 Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar. 
 Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro material e 
outros. 
Quanto à causa do afogamento (identifica a doença associada ao afogamento) 
Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa do afogamento. 
 Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vítima 
de se manter na superfície da água e, em consequência precipitou o afogamento: 
Drogas (36,2%) (mais frequente o álcool), convulsão, traumatismos, doenças 
cardíacas e/ou pulmonares, acidentes de mergulho e outras. 
Quanto à Gravidade do Afogamento (permite saber a gravidade e o tratamento): 
 Resgate: sem tosse, sem espuma na boca/nariz, sem dificuldade na respiração ou 
parada respiratória ou PCR; 
 Grau 1: tosse sem espuma na boca ou nariz; 
 Grau 2: Pouca espuma na boca e/ou nariz; 
 Grau 3: Muita espuma na boca e/ou nariz com pulso radial palpável; 
 Grau 4: Muita espuma na boca e/ou nariz sem pulso radial palpável; 
 Grau 5: Parada Respiratória, com pulso carotídeo ou sinais de circulação 
presentes; 
 Grau 6: Parada Cardiorrespiratória (PCR); 
 Cadáver: PCR com tempo de submersão > 1 h, ou rigidez cadavérica, ou 
decomposição corporal e/ou livores. 
FISIOPATOLOGIA 
A situação clássica, que mostra a vítima que não consegue nadar, “briga com a água”, 
entra em pânico e grita por socorro é pouco relatada. A descrição mais comum é de uma 
pessoa que está flutuando e subitamente desaparece, que está nadando e de repente 
para, mergulha e não volta ou desaparece silenciosamente. 
Em 90% das vítimas de acidentes por submersão, ocorre aspiração de fluido, e, embora 
a composição e o volume d’água possam alterar a resposta fisiológica, o evento final é a 
hipoxemia. Nos 10% restantes, ocorre submersão sem aspiração de água e a hipoxemia, 
nessas situações, é resultante de apneia. 
Quando uma pessoa está em dificuldades na água e não pode manter as vias aéreas 
livres de líquido, a água que entra na boca é voluntariamente cuspida ou engolida. Se 
não interrompido a tempo, uma quantidade inicial de água é aspirada para as vias 
aéreas e a tosse ocorre como uma resposta reflexa. Em raras situações o laringoespasmo 
ocorre (menos de 2%), mas em tais casos, é rapidamente terminado pelo aparecimento 
da hipóxia. Se a pessoa não é resgatada, a aspiração de água continua e a hipoxemia 
leva em segundos a poucos minutos à perda de consciência e apneia, que acontecem ao 
mesmo tempo. Em sequência, a taquicardia se deteriora em bradicardia, atividade 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
elétrica sem pulso, e, finalmente, em assistolia. Geralmente o processo todo de 
afogamento, da imersão (parte do corpo dentro da água) ou submersão (todo corpo 
dentro da água) até uma parada cardíaca, ocorre de segundos a alguns minutos, mas 
em situações raras, tais como o afogamento em água gelada, este processo pode durar 
até uma hora. 
Na parada cardiorrespiratória (PCR) causada pelo afogamento, há primeiramente a 
apnéia e, caso a vítima não seja ventilada rapidamente, acontecerá a parada cardíaca. É 
fundamental enfatizar que o coração e o cérebro são os dois órgãos com maior risco de 
dano permanente, após períodos relativamente curtos de hipóxia. O desenvolvimento de 
encefalopatia por hipóxia, com ou sem edema cerebral, é a causa mais comum de 
morbimortalidade em afogados hospitalizados. 
Fisiopatologia Pulmonar 
A aspiração de água doce afeta as propriedades do surfactante pulmonar, ocorre colapso 
e atelectasia alveolar e shunt intrapulmonar, com prejuízo da relação ventilação-
perfusão. A presença de água no pulmão não representafator grave, já que, por ser 
hipotônica, ela é absorvida pela circulação pulmonar e distribuída para a sistêmica. 
Na aspiração de água salgada, os alvéolos ficam repletos de água e não ocorre 
oxigenação do sangue venoso pulmonar, com alteração da relação ventilação-perfusão. 
Há transferência de fluido do plasma para os pulmões por causa da hipertonicidade da 
água salgada. 
Apesar de todas essas considerações acerca da osmolaridade do líquido aspirado, do 
ponto de vista clínico e de tratamento, não se observam alterações significativas quanto 
ao tipo de líquido aspirado. O distúrbio respiratório é menos influenciado pela 
composição da água e mais, por sua quantidade. A água nos alvéolos provoca a 
inativação do surfactante e sua lavagem. Em ambos os tipos de afogamento - água 
salgada e água doce - o efeito osmótico na membrana alvéolo-capilar rompe em parte a 
sua integridade, aumenta a sua permeabilidade e por consequência altera a sua função. 
O quadro clínico causado por esta alteração na membrana alveolarcapilar se traduz em 
edema pulmonar, que diminui principalmente a troca de oxigênio e pouco afeta a troca 
de CO2. O efeito combinado de fluidos nos pulmões com a perda de surfactante resulta 
em redução da complacência pulmonar, aumento da área de shunt arterial, atelectasias 
e broncoespasmos. 
Em humanos, pequenas quantidades de água aspirada, 1-3 mL/kg, produzem grandes 
alterações na troca de gases pulmonares e reduzem a complacência pulmonar em 10 a 
40%. 
Fisiopatologia Neurológica 
A acidose metabólica e a hipoxemia produzem rápida alteração da barreira 
hematoencefálica, e, mesmo que o paciente seja salvo nesse ponto, ocorre edema cerebral. 
O edema provoca tumefação hemisférica e deslocamento do cérebro através dos 
compartimentos (herniamento). É provável que o edema não cause lesão celular cerebral, 
mas é uma indicação da extensão dos episódios hipóxicos originais e de quaisquer outros 
subsequentes. Se a hipóxia for grave, ocorre morte cerebral. 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
As sequelas neurológicas incluem prolongada inconsciência com subsequente 
recuperação (rara, porém, mais provável quando o evento ocorreu na água fria), cegueira, 
alterações eletroencefalográficas, dilatação dos ventrículos devido à atrofia cerebral e 
coma persistente, resultando em morte (mais comum em pacientes em coma prolongado). 
Fisiopatologia Cardiovascular 
A hipóxia produz uma sequência de eventos cardíacos muito conhecida, com 
taquicardia, bradicardia, uma fase de contrações cardíacas ineficazes, sem pulso, 
seguida então de perda completa do ritmo cardíaco e da atividade elétrica (assistolia). Os 
resultados da hipóxia são: diminuição do débito cardíaco, hipotensão arterial, 
hipertensão pulmonar e aumento da resistência dos vasos pulmonares. Também é 
comum a intensa vasoconstrição periférica causada pela hipóxia, liberação de 
adrenalina e hipotermia. 
Desse modo, a pressão sanguínea arterial sistêmica poderá ser normal, alta ou baixa, na 
dependência da oxigenação, do equilíbrio ácido-básico, da função cardíaca, da resistência 
vascular periférica, do nível de catecolaminas endógenas e exógenas circulantes e da 
elevação da pressão intracraniana (PIC). 
Algumas vítimas podem apresentar fibrilação ventricular e necessitar de desfibrilação 
durante a reanimação. A fibrilação ventricular, quando ocorre, é relacionada à hipóxia e à 
acidose, e não à hemólise ou à hipercalemia. 
Fisiopatologia Renal 
A fisiopatologia renal é quase sempre normal, mas podem ocorrer albuminúria, 
hemoglobinúria, oligúria ou anúria. A disfunção provavelmente resulta de isquemia e 
não de lesão tubular pela hemoglobina livre. 
 
CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DO AFOGAMENTO 
 
 
 
1. Prevenção 
 Grades protetoras em piscinas principalmente as domiciliares, principal local de 
acidentes em crianças entre um e quatro anos; 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
 Supervisão rigorosa da criança enquanto em contato com a água e, 
principalmente, atenção total do adulto que supervisiona a criança (não estar 
distraído com outras atividades como ler, telefonar etc.); 
 Aprender a nadar: a OMS recomenda o início do aprendizado aos 6 anos de vida, porém 
caso pode ser analisado de forma individual; 
 Remoção de águas paradas em baldes, bacias, tanques, banheiras, locais comuns 
de acidentes no ambiente domiciliar; 
 Orientação quanto ao perigo da água; 
 Mergulho em águas rasas: orientação quanto aos riscos e consequências desse tipo 
de acidente. 
 Álcool e drogas: também nossa maior arma é a ORIENTAÇÃO; 
 Basic Life Suport (Suporte Básico de Vida): treinamento em massa da população 
para capacitação do maior número de reanimadores. 
 
 
2. Reconhecimento e Alarme do Incidente 
Qualquer atitude de ajuda deve ser precedida pelo reconhecimento de que alguém está 
se afogando. Ao contrário da crença popular, o banhista em apuros não acena com a 
mão e tampouco chama por ajuda principalmente o sexo masculino no qual o 
afogamento é mais frequente. O banhista encontra-se tipicamente em posição vertical, 
com os braços estendidos lateralmente, batendo com os mesmos na água. Indivíduos 
próximos da vítima podem achar que ele está apenas brincando na água. A vítima pode 
submergir e emergir sua cabeça diversas vezes, enquanto está lutando para se manter 
acima da superfície. As crianças geralmente resistem de 10 a 20 segundos em tal luta, 
enquanto os adultos resistem por até 60 segundos, antes da submersão. Como a 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
respiração instintivamente tem prioridade, a vítima de afogamento geralmente é incapaz 
de gritar por socorro. 
Ao reconhecer que uma vítima está se afogando, a prioridade inicial é dar o alarme que 
um incidente está em curso. Peça que alguém ligue 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 
(SAMU) e avise o que está acontecendo, aonde é o incidente, quantas pessoas estão 
envolvidas e o que já fez ou pretende fazer. Só então o socorrista deverá partir para 
ajudar a realizar o resgate. 
3. Suporte Básico de Vida na Água e Resgate 
 
Com a estimativa de que o tempo de retorno à área seca pode ser de 3 a 10 vezes maior 
do que o tempo para atingir a vítima, o conhecimento técnico do suporte básico de vida 
ainda dentro da água, encurta o tempo de hipoxemia (baixa do oxigênio no sangue) 
restaurando mais precocemente a ventilação e a oxigenação desta vítima. A preciosa 
economia destes minutos pode ser a diferença entre a vida e a morte do afogado. 
Para proceder ao suporte básico de vida dentro da água, reconheça o nível de 
consciência da vítima. 
Vítima Consciente: 
Não há necessidade de suporte de vida dentro da água, somente quando chegar à área 
seca. Uma vítima apavorada ou em pânico pode ser muito perigosa para o socorrista, 
uma vez que, ao tentar respirar e se manter na superfície, pode afogá-lo. Por essa razão, 
é mais prudente não se aproximar muito de uma vítima que está se debatendo, a não ser 
que o socorrista esteja utilizando um objeto de flutuação intermediário (tubo de resgate). 
Guarda-vidas utilizam materiais de salvamento específicos para esse propósito, que 
também servem para flutuar o tórax e a face, mantendo a cabeça e as vias áreas fora da 
água; 
Vítima Inconsciente: 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
A ventilação dentro da água só deve ser realizada com 2 socorristas sem material ou com 
um socorrista com material de flutuação. 
 Sem equipamento: 
o Só é recomendável com dois guarda-vidas ou com um guarda-vidas em água 
rasa. 
 Com equipamento: 
o Pode ser realizado com apenas um guarda-vidas. O tipo de material deve ser 
escolhido conforme o local do resgate. O material de flutuação deve ser utilizado 
no tórax superior, promovendo uma espontânea hiperextensão do pescoço e a 
abertura das vias aéreas. 
Deve-se reconhecer a parada respiratória ainda dentro da água. Um socorrista sustenta 
a vítima e o outro abre as vias aéreas e checa arespiração: 
 Em caso de ausência de respiração, realizar no máximo 10 ventilações boca-a-
boca. 
o Caso haja retorno da ventilação, o socorrista resgata a vítima até a área seca, 
observando a cada minuto se a vítima continua respiran+++-do; 
o Caso não obtenha sucesso no retorno da ventilação, considere que a vítima está 
em PCR e resgate o mais rápido possível a área seca para uma completa 
ressuscitação cardiopulmonar. 
As tentativas de compressão torácica dentro da água são fúteis, assim como a avaliação 
de pulso arterial não serve a qualquer propósito. 
Lesões da coluna cervical ocorrem em menos de 0,5% das pessoas que se afogam e a 
imobilização da coluna cervical na água é indicada apenas nos casos de forte suspeição 
(por exemplo, os acidentes envolvendo mergulho, esqui aquático, surf, ou embarcação). 
Ao transportar afogados na área de transição entre a água e a área seca, os socorristas 
devem tentar manter a pessoa na posição vertical, mantendo as vias aéreas abertas, o 
que ajuda a prevenir vômitos e aspiração maior de água e conteúdo estomacal. 
4. Suporte Básico de Vida no Seco 
GRAU SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS PROCEDIMENTOS 
Resgat
e 
Sem tosse, espuma na 
boca/nariz, dificuldade 
na respiração ou parada 
respiratória ou PCR 
Avalie e libere do próprio local do afogamento. 
1 Tosse sem espuma na 
boca ou nariz 
Repouso, aquecimento e medidas que visem o 
conforto e tranquilidade do banhista. 
Não há necessidade de oxigênio ou 
hospitalização. 
2 Pouca espuma na boca 
e/ou nariz. 
Oxigênio nasal a 5 litros/min por cânula nasal. 
Aquecimento corporal, repouso, tranquilização. 
Observação hospitalar por 6 a 48 h. 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
3 Muita espuma na boca 
e/ou nariz 
com pulso radial 
palpável. 
Oxigênio por máscara facial a 15 litros/min no 
local do acidente. 
Posição Lateral de Segurança sob o lado direito 
com cabeça elevada acima do tronco. 
Acione a ambulância - Internação hospitalar 
para tratamento em CTI. 
4 Muita espuma na boca 
e/ou nariz 
sem pulso radial palpável 
Oxigênio por máscara facial a 15 litros/min no 
local do acidente 
Observe a respiração com atenção - pode haver 
parada da respiração. 
Posição Lateral de Segurança sobre o lado 
direito. 
Ambulância urgente para melhor ventilação e 
infusão venosa de líquidos. 
Internação em CTI com urgência. 
5 Parada respiratória, com 
pulso 
carotídeo ou sinais de 
circulação presente 
Ventilação boca-a-Boca de 12 a 20/min até 
retorno da respiração normal. Não faça 
compressão cardíaca. 
Após retornar à respiração espontânea - trate 
como grau 4 
6 Parada Cárdio-
Respiratória (PCR) 
Reanimação Cárdio-Pulmonar (RCP - 2 boca-a-
boca + 30 compressões cardíaca com 1 
socorrista ou 2x15 com 2 socorristas) 
Após sucesso da RCP (retorno da respiração e 
pulso) - trate como grau 4. 
Já 
cadáve
r 
PCR com tempo de 
submersão > 1 h, ou 
Rigidez cadavérica, ou 
decomposição corporal 
e/ou livores. 
Não inicie RCP, acione o Instituto Médico 
Legal. 
 
A remoção da vítima para fora da água deve ser realizada de acordo com seu nível de 
consciência, mas a posição vertical deve ser adotada preferencialmente, para evitar 
vômitos e demais complicações de vias aéreas. Em caso de transporte de uma vítima 
exausta, confusa ou inconsciente, o transporte deve ocorrer em posição mais próxima 
possível da horizontal, porém mantendo-se a cabeça acima do nível do corpo. As vias 
aéreas devem permanecer abertas durante todo o tempo. O primeiro procedimento em 
terra deve ser posicionar a vítima em posição paralela ao espelho d’água, da maneira 
mais horizontal possível, deitada em decúbito dorsal, distante o suficiente da água a fim 
de evitar as ondas. Se a vítima estiver consciente, coloque-a em decúbito dorsal, com a 
cabeça elevada. Se estiver ventilando, coloque-a em posição lateral de segurança 
(decúbito lateral). A presença de vômito nas vias aéreas pode acarretar mais 
broncoaspiração e obstrução, impedindo a oxigenação. A manobra de compressão 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
abdominal ou Heimlich NUNCA deve ser realizada como meio para eliminar água dos 
pulmões, pois é ineficaz e gera riscos significativos de lesão, a menos que haja suspeita 
de obstrução por corpo estranho. Durante a ressuscitação, tentativas de drenar água 
ativamente, colocando-se a vítima em decúbito com a cabeça abaixo do nível do corpo, 
aumentam as chances de vômitos, levando a significativo aumento da mortalidade 
(19%), quando se compara à manutenção da vítima em posição horizontal. Em caso de 
vômito, recomenda-se virar a cabeça da vítima lateralmente, (LER LIVRO DA 
PROFESSORA – PARTE TRATAMENTO). 
 
5. Suporte Avançado de Vida (ACLS) no local 
GRAU SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS PROCEDIMENTOS 
Resgat
e 
Sem tosse, espuma na 
boca/nariz, dificuldade 
na respiração ou parada 
respiratória ou PCR 
1. Avalie e libere do próprio local do 
afogamento. 
1 Tosse sem espuma na 
boca ou nariz 
Repouso, aquecimento e medidas que visem o 
conforto e tranquilidade do banhista. 
Não há necessidade de oxigênio ou 
hospitalização. 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
2 Pouca espuma na boca 
e/ou nariz. 
Oxigênio nasal a 5 litros/min por cânula. 
Aquecimento corporal, repouso, tranquilização. 
Observação hospitalar por 6 a 48 h. 
Posição Lateral de Segurança sob o lado direito. 
Solicite Raio X de tórax e gasometria arterial. 
3 Muita espuma na boca 
e/ou nariz 
com pulso radial 
palpável. 
Oxigênio por máscara facial ou TOT a 15 
litros/min no local do acidente. 
Posição Lateral de Segurança sob o lado direito. 
Internação hospitalar para tratamento em CTI: 
- Assistência respiratória: TOT + 
ventilação mecânica com 5 a 10 cm/H2O 
de PEEP; 
- Sedação por 48 h: drogas de ação rápida 
como o midazolam (pode associar 
relaxantes musculares se necessário); 
- Corrigir a acidose metabólica; 
- Solicite Rx de tórax, gasometria arterial, 
eletrólitos, ureia, creatinina, glicose, EAS 
e se houver alteração do nível de 
consciência realizar TAC de crâneo. 
4 Muita espuma na boca 
e/ou nariz 
sem pulso radial palpável 
Observe a respiração com atenção - pode haver 
parada da respiração. 
Siga o tratamento para grau 3 e associe a 
INFUSÃO VENOSA de cristaloides por acesso 
venoso periférico até restabelecer a PA 
(soluções colóides somente hipovolemia 
refratária). 
Restrinja a reposição hídrica orientada pelo 
DÉBITO URINÁRIO de 0,5 a 1 ml/kg/h e 
PARÂMETROS HEMODINÂMICOS. 
Raramente há necessidade do uso de drogas 
vasopressoras ou inotrópica. 
5 Parada respiratória, com 
pulso 
carotídeo ou sinais de 
circulação presente 
Continue a ventilação artificial 12/min com 15 
litros de O2, até retorno espontâneo da 
respiração. 
Após retornos de respiração – trate como grau 
4. 
6 Parada Cárdio-
Respiratória (PCR) 
Inicie - Reanimação Cárdio-Pulmonar (RCP) (2 
boca-a-boca + 30 compressões cardíaca com 1 
socorrista ou 2x15 com 2 socorristas). 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
Monitorize ECG para desfibrilação. 
Insira um TOT se possível e acesse via venosa 
periférica para início de ADRENALINA IV a 0,01 
mgr/kg após 3 minutos e 0,1 mgr/kg a cada 3 
minutos de PCR. 
Após sucesso da RCP - trate como grau 4. 
Já 
cadáve
r 
PCR com tempo de 
submersão > 1 h, ou 
Rigidez cadavérica, ou 
decomposição corporal 
e/ou livores. 
Não inicie RCP, acione o Instituto Médico 
Legal. 
 
O tratamento médico avançado é instituído de acordo com a classificação do 
afogamento. 
CADÁVER: Vítima com tempo de submersão acima de uma hora ou com sinais físicos 
óbvios de morte (rigor mortis, livores e/ou decomposição corporal). Não iniciar 
ressuscitação. Encaminhar o corpo ao IML. 
GRAU 6 - Parada Cardiorrespiratória: A prioridade é a manutenção eficiente da 
VENTILAÇÃO e da OXIGENAÇÃO. A ressuscitação iniciada NA CENA deve ser mantida 
por pessoal médico especializado até que seja bem sucedida ou caso não seja possível 
aquecer a vítima no local.Em último caso, a vítima, enquanto recebe ressuscitação, deve 
ser transportada até um hospital em que seja possível aquecê-la com técnicas mais 
eficazes. É preciso, realizar compressões cardíacas, enquanto se inicia ventilação 
artificial com balão auto-inflável e oxigênio a 15 L/min, até que seja possível realizar a 
intubação orotraqueal. Geralmente é necessária a aspiração das vias aéreas antes da 
intubação. Uma vez intubada, a vítima pode ser ventilada e oxigenada adequadamente, 
mesmo na presença de edema pulmonar. A manobra de Sellick deve ser usada, se 
possível, para prevenir a aspiração e a regurgitação. Somente aspirar a cânula traqueal 
quando a quantidade de fluido presente no interior da mesma interferir na ventilação. 
Desfibriladores externos podem ser utilizados para monitorar o ritmo cardíaco ainda na 
cena do acidente. Em vítimas hipotérmicas (< 34o C) e sem pulso, a reanimação 
cardiorrespiratória deve ser mantida. O acesso venoso periférico é a via preferencial para 
administrar drogas. Embora algumas medicações possam ser administradas por via 
traqueal, mesmo na vigência de edema agudo de pulmão. A dose de adrenalina a ser 
utilizada ainda é um ponto de controvérsia, principalmente no afogamento, quando o 
intervalo de tempo até o início da ressuscitação e o resultado da mesma pode variar 
muito, em comparação a outras causas de parada cardiorrespiratória. Uma dose inicial 
alta ou progressiva de adrenalina aumenta as chances de recuperação da circulação. 
Porém, altas doses de adrenalina não melhoram a sobrevida nem o prognóstico 
neurológico em paradas por outras causas, quando utilizada como terapia inicial. 
Tampouco ficou provado que altas doses de adrenalina são prejudiciais. Portanto, dose 
alta de adrenalina não é recomendada como rotina, mas pode ser considerada no 
afogamento, se a dose de 1 mg não surtir efeito (classe indeterminada – aceitável, mas 
não recomendável). 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
Nossa recomendação é que se utilize uma dose inicial de 0,01 mg/kg EV após três 
minutos de reanimação cardiopulmonar e, caso não haja resposta, aumentar para 0,1 
mg/kg infundida a cada três minutos de reanimação. 
GRAU 5 – Parada respiratória: A vítima em apnéia exige VENTILAÇÃO ARTIFICIAL 
imediata. Os protocolos de ventilação e oxigenação, que são os mesmos do grau 6, 
devem ser seguidos até que a respiração espontânea seja restaurada e, então, seguir os 
protocolos para o grau 4. 
GRAU 4 – Edema agudo de pulmão com hipotensão arterial: Oxigênio com suporte de 
ventilação mecânica é a terapia de primeira linha. Inicialmente o oxigênio deve ser 
fornecido com uma máscara facial a 15 L/min, até que a cânula orotraqueal possa ser 
introduzida. O afogado grau 4 precisa de intubação orotraqueal em 100% dos casos, 
devido à necessidade de ventilação com pressão positiva. A ventilação mecânica é 
indicada em caso de SaO2 menor que 90%, PaCO2 maior que 45 mmHg, freqüência 
respiratória alta ou grande esforço respiratório, que pode levar à fadiga. Os pacientes 
nesta situação devem permanecer relaxados com drogas (sedativos, analgésicos e 
bloqueadores neuro-musculares), se necessário, para tolerar a intubação e a ventilação 
mecânica, a qual deve fornecer volume corrente de pelo menos 5mL/kg de peso. A fração 
de oxigênio inspirada (FiO2) pode ser 100% inicialmente, mas deve, assim que possível, 
ser reduzida para 45% ou menos, com o intuito de evitar a lesão pulmonar causada pelo 
oxigênio. Uma pressão expiratória final positiva (PEEP) é indicada inicialmente com valor 
de 5 cmH2O e aumentada em 2-3 cmH2O, até que atinja um shunt intrapulmonar 
(QS:QT) de 20% ou menos, ou uma PaO2/FiO2 (P/F) de 250 ou mais. Caso a hipotensão 
arterial não seja corrigida com oxigênio, deve-se tentar primeiro uma infusão rápida de 
cristalóide (independentemente do tipo de água responsável pelo afogamento), antes de 
reduzir temporariamente a PEEP. 
GRAU 3 – Edema agudo de pulmão sem hipotensão: Uma vítima com SaO2>90% em uso 
de oxigênio a 15 L/min via máscara facial consegue permanecer sem suporte ventilatório 
invasivo em apenas 27,6% dos casos. Os outros 72,4% precisam de intubação e 
ventilação mecânica, observando-se os mesmos protocolos para os afogados grau 4. 
GRAU 2 – Ausculta com estertores em alguns campos pulmonares: Das vítimas com este 
quadro clínico, 93,2% necessitam apenas de 5 L/min de oxigênio via cânula 
nasofaríngea. 
GRAU 1 – Tosse com ausculta pulmonar normal: Estes pacientes não necessitam de 
oxigênio ou suporte ventilatório. 
RESGATE – Ausência de tosse ou dificuldade respiratória: Avaliar e liberar do local do 
acidente, sem necessidade de cuidados médicos. 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
 
6. Abordagem Hospitalar 
O atendimento hospitalar de casos graves (graus 4 a 6) só é possível se os cuidados pré-
hospitalares de suporte básico e avançado tiverem sido feitos de maneira eficiente e 
rápida. 
Cuidados hospitalares são indicados para afogados de graus 2 a 6. A decisão de internar 
o paciente em um leito de CTI ou de enfermaria em vez de mantê-lo em observação na 
sala de emergência ou simplesmente dar alta deve levar em consideração fatores como: 
anamnese completa; história patológica pregressa; exame físico detalhado e alguns 
exames complementares, como telerradiografia de tórax e gasometria arterial. O 
hemograma e a dosagem de eletrólitos, uréia e creatinina também precisam ser 
solicitados seriadamente, embora alterações nesses exames sejam incomuns. 
Afogados classificados como grau 3 a 6 devem ser internados no CTI para observação e 
tratamento adequados. Os pacientes grau 2 devem ser mantidos em observação na sala 
de emergência por seis a 24 horas, enquanto os pacientes grau 1 e os resgates sem 
queixas e co-morbidades podem ser liberados. 
Os pacientes grau 4 a 6 geralmente chegam ao hospital transportados por equipes 
treinadas em ACLS, já em ventilação mecânica e com oxigenação satisfatórias. Caso 
contrário, o médico da sala de emergência deve seguir o protocolo de ventilação para 
afogamento grau 4. 
A conduta no paciente grau 3 depende de avaliação clínica na cena do acidente e assim 
que o nível de oxigenação aceitável seja estabelecido com o uso da PEEP, essa PEEP deve 
ser mantida inalterada pelas próximas 48 h, para que seja regenerada a camada de 
PEDIATRIA 
Rafaela Rosolem 
surfactante alveolar. Durante tal período, se o nível de consciência do paciente permitir 
que ele respire espontaneamente, bem adaptado ao respirador, uma boa opção pode ser 
aplicar a da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) com pressão de suporte 
ventilatório (PSV).

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