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ESOFAGITE EOSINOFÍLICA - RESUMO Ana Beatriz Tenório – Turma 06 1. Definição: Inflamação caracterizada pela infiltração significativa e isolada da mucosa esofágica por eosinófilos. Faz parte de um grupo de desordens gastrointestinais eosinofílicas, composto por: Gastroenterite Eosinofílica (EGE), Colite Eosinofílica (EC) e Esofagite Eosinofílica. É caracterizada por: - Presença de sintomas esofágicos - Biópsia com mais de 15 eosinófilos/campo - Acometimento exclusivo do esôfago - Irresponsividade à terapia supressiva com IBP* • DRGE concomitante e/ou como "gatilho" 2. Epidemiologia: Muito mais prevalente no ocidente, em áreas de climas extremos (muito quente ou muito frio, zonas rurais). Atinge similarmente crianças e adultos e, dentre os adultos, 3x mais homens jovens (20-40 anos). Os portadores de EoE frequentemente apresentam história de outras desordens alérgicas, como asma e dermatite atópica. 3. Patogenia: A etiologia da EoE não é bem esclarecida, e pode ser deflagrada por alérgenos alimentares e também aeroalérgenos. Acredita-se que exista uma predisposição genética em alguns indivíduos, envolvendo o gene da Eotaxina-3, que funciona como fator quimiotáctico de eosinófilos, envolvida no processo da reação alérgica. O processo se dá da seguinte forma: - O epitélio esofágico entra em contato com o alérgeno - Ocorre ativação de células Th2 - Produção de interleucinas 4, 5 e 13 (esta é a responsável pela produção da eotaxina, que atuará reduzindo a capacidade de barreira e perpetuando a inflamação) - Com as interleucinas, ocorre produção de anticorpos IgE e recrutamento, maturação e ativação de mastócitos e eosinófilos - Tudo isso culmina no infiltrado inflamatório na camada epitelial do esôfago. Obs: a título de biópsia, num epitélio saudável de esôfago não é normal encontrar eosinófilos. 4. Manifestações clínicas: Lactentes: • Recusa alimentar ou intolerância • Irritabilidade • Vômitos • Má progressão estaturo-ponderal Crianças: • Dor abdominal • Vômitos • Sintomas de DRGE like • Disfagia • Aversão à comida/Dieta muito limitada • Má progressão estaturo-ponderal Adolescentes: • Disfagia • Impacto alimentar esofágico • Náuseas • Sintomas de DRGE like (pirose) • Dieta muito limitada Adultos: • Disfagia intermitente • Impacto alimentar esofágico Obs: As diferenças dos sintomas parecem estar relacionadas à progressão tempo-dependente da doença. ((1) Eosinófilos – (2) TGF-Beta – (3) Ativação da produção de colágeno pelas céls. Epiteliais – (4) fibrose e sintomas de dismotilidade). 5. Diagnóstico: Clínico: - disfunção esofágica - disfagia - impactação alimentar EDA + Biópsia: - 1ª exames - Achados endoscópicos e histológico - 3 terços, 4 amostras - > 15 eos/cga isolados no esôfago - Evolutivo, exclusão Exames laboratoriais: - Não são marcadores específicos ao diagnóstico - Importante para terapia - Testes alergênicos • IgE específicos • Cutâneos - IgE total ↑ 50-60% dos casos - Eosinofilia periférica ↑ 40-50 % dos casos Achados endoscópicos: - Perfil inflamatório • Exsudato • Anéis transitórios – fenilização • Edema • Estrias verticais - Perfil fibrinoestenótico • Anéis fixos – traquealização • Estenoses • Redução do calibre esofágico • Esôfago em “papel crepom” Critérios diagnósticos: - Achados essenciais: 1. Sintomas clínicos associados à disfunção esofágica: disfagia, impactação alimentar, azia, dor torácica 2. Eosinofilia esofágica histologicamente comprovada: 15 eosinófilos / HPF Múltiplas biópsias esofágicas - Achados sugestivos: 1. Achados endoscópicos anormais no esôfago exsudatos brancos, sulcos lineares, anéis 2. Não responsividade à terapia com IBP 3. Espessamento da parede do esôfago observado por TC ou USG endoscópica 4. Eosinofilia periférica 5. Sexo Masculino Diagnóstico Diferencial: - Doença de Chron - Gastroenterite eosinofílica - Doença celíaca - DRGE (podem aparecer associadas, uma predispondo o surgimento da outra) - Infecção parasitária e fúngica - Lesão cáustica 6. Tratamento: Objetivos: - Melhoria da qualidade de vida - Redução do risco de lesões esofágicas graves - Prevenção de lesões ao órgão O tratamento é feito com base na severidade dos sintomas e achados endoscópicos. Geralmente, a melhora histológica é usada como critério de avaliação do sucesso do tratamento. - Dieta: • Dieta elementar - fórmula baseada em aminoácidos • Vantagem: altamente efetiva para induzir remissão sintomática e histológica • Desvantagens: é cara, pouco tolerável (requer tubo de alimentação ou tem sabor desagradável) e é insustentável para uso em longo prazo • Dieta de eliminação de alérgenos • Vantagens: eficácia relativamente alta • Desvantagens: capacidade de predizer alérgenos causais é baixa • Dieta de eliminação empírica - eliminação dos alérgenos mais comuns • Eliminação de 6 comidas (trigo, leite, ovos, amendoim, soja e frutos do mar) - 70% de remissão • Eliminação de quatro grupos de comida (laticínios, ovos, legumes e trigo) - 50% de remissão Drogas: • Inibidor de bomba de prótons: - Pode ser eficaz em pacientes com EE, por diminuir dano acídico - 70-80% dos pacientes mantêm remissão histológica com omeprazol 20mg 1-2x ao dia • Corticóides tópicos: - Boa resolução clínica e histológica • Fluticasona 440-880 ug 2x ao dia • Budesonida 1-2 mg 2x ao dia por 8 semanas • Terapia de manutenção efetiva, mas sua retirada leva a altas taxas de recidiva • Corticoides sistêmicos: - Considerada para pacientes não responsivos à terapia tópica ou em pacientes com condições severas cujos sintomas devem ser eliminados. - Não é indicado a longo prazo. • Prenisolona 1-2 mg/kg/dia Dilatação: Indicada para pacientes sintomáticos, com estreitamento do esôfago secundário, estenose esofágica (apesar da terapia medicamentosa) que causem disfagia e impacto alimentar. Contudo, está relacionada ao risco de hemorragia, perfuração e dor torácica. • Bougie simples e Bougie guiado por fio • Balão de dilatação através de escopo: maior potencial de expansão do lúmen - Praticamente mesma taxa de complicações em ambos os procedimentos (ex: dor, sangramento). - Complicação mais crítica: perfuração esofagiana (0,1% dos casos) - Fatores de risco para eventos adversos: menor idade, dilatações múltiplas, estrangulamentos esofagianos altos, inabilidade de passar com o endoscópio pelo estrangulamento.
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