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Prévia do material em texto

SAÚDE COLETIVA
Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; FURTADO, Marcela Demitto; OLIVEIRA, Raquel 
Gusmão. 
 
 Saúde Coletiva. Marcela Demitto Furtado; Raquel Gusmão 
Oliveira. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019.
 176 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Saúde. 2. Coletiva. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0851-7
CDD - 22 ed. 610
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Giovana Costa Alfredo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Silvio Cesar de Castro
Designer Educacional
Amanda Peçanha dos Santos
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Fernando Henrique Mendes
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Cíntia Prezoto Ferreira
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Marta Kakitani
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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A
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem 
da UEM. Título da tese: Gestantes de risco atendidas na Rede Mãe Paranaense: 
Prematuridade e óbito Neonatal. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação 
em Enfermagem da UEM. Título da dissertação: Aleitamento materno entre 
usuárias da rede pública de saúde em município da região sul do Brasil. Pós-
graduada em Enfermagem Pediátrica pelo Departamento de Enfermagem 
da Universidade Estadual de Londrina - UEL (modalidade: Residência em 
Enfermagem em Saúde da Criança). Enfermeira graduada pela Universidade 
Estadual de Maringá - UEM (2007). Atualmente é docente no Unicesumar no 
curso de Medicina.
Endereço para acessar este CV: <http://lattes.cnpq.br/8007832036059597>
Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira
Doutoranda pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- EERP- Universidade 
de São Paulo, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de 
Maringá (2005), graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual de 
Maringá (2000). Docente do Curso de Medicina do Unicesumar - Maringá. 
Tem exercido docência no ensino superior nos últimos 8 anos com ênfase em 
Saúde Coletiva, Saúde da Família e Gestão de Serviços de Saúde.
Endereço para acessar este CV: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/
visualizacv.do?id=K4769011J1>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Este material foi cuidadosamente preparado para você! Tendo como objetivo introduzir 
alguns temas da Saúde Coletiva em uma perspectiva atualizada, buscando ajudá-lo(a) 
na compreensão acerca da temática e subsidiar sua prática como profissional da área 
da saúde.
Este material está dividido em cinco unidades:
A Unidade I busca discutir o binômio saúde-doença em uma perspectiva atualizada, 
discutindo as mudanças e a evolução do conceito de saúde ao longo dos tempos e os 
modelos de saúde preventivista e de promoção à saúde, também discute os fatores 
condicionantes e determinantes no processo saúde-doença e seu impacto na realidade 
brasileira e, ainda, nesse sentido, apresenta os modelos de Atenção à saúde no Brasil.
A Unidade II trata da História da Saúde Pública no Brasil, tendo como marco o Sistema 
Único de Saúde (SUS), descrevendo seu período antecedente, seus processos de cons-
trução, destacando interesses, conflitos e necessidades sociais que deram origem ao 
SUS, seus princípios e diretrizes, bem como as diretrizes do pacto pela Saúde e as Redes 
de Atenção à saúde.
A Unidade III discute Vigilância em saúde, os sistemas de informação em saúde, indica-
doresde saúde e os desafios atuais diante do trabalho no contexto da vigilância.
A Unidade IV sintetiza as principais políticas de saúde no Brasil, relacionadas à Saúde 
da mulher, da criança, do adulto e idoso, bem como políticas voltadas às populações 
vulneráveis e à saúde mental.
E, finalmente, a Unidade V destaca os objetivos e princípios da Política Nacional de Hu-
manização (PNH), bem como suas diretrizes e os dispositivos, relacionando-os aos direi-
tos e a segurança do paciente, à saúde do trabalhador e aos desafios de sua operaciona-
lização no contexto hospitalar.
Nossa intenção não é esgotar o assunto, mas abrir as portas para a ampliação do seu co-
nhecimento, estimulando novas buscas para que possa enriquecer sua área de atuação 
e torná-lo(a) um profissional mais crítico e reflexivo, capaz de atuar de forma eficiente 
em seu contexto de trabalho.
Um grande abraço e uma ótima leitura!
Professora Marcela Demitto Furtado
Professora Raquel Gusmão Oliveira
APRESENTAÇÃO
SAÚDE COLETIVA
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
15 Introdução
16 Conceito de Saúde e Doença 
20 O Modelo Preventivista e o Modelo de Promoção à Saúde 
24 Fatores Condicionantes e Determinantes do Processo Saúde-Doença 
28 Os Principais Determinantes Sociais de Saúde no Brasil 
34 Organização dos Serviços de Saúde no Brasil 
38 Considerações Finais 
43 Referências 
44 Gabarito 
UNIDADE II
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
47 Introdução
48 Antecedentes do SUS 
51 O Processo de Construção do SUS 
54 Entendendo o SUS 
58 Pactos Pela Saúde 
60 Redes de Atenção à Saúde 
64 Considerações Finais 
SUMÁRIO
10
69 Referências 
72 Gabarito 
UNIDADE III
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
75 Introdução
76 Vigilância em Saúde 
79 Vigilância Epidemiológica 
83 Sistema de Informação em Saúde 
89 Indicadores de Saúde 
95 Alguns Desafios da Vigilância em Saúde 
99 Considerações Finais 
105 Referências 
106 Gabarito 
UNIDADE IV
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
109 Introdução
110 Atenção à Saúde da Mulher 
114 Políticas de Atenção à Saúde da Criança 
118 Políticas Públicas de Saúde do Adulto/Idoso 
SUMÁRIO
11
122 Políticas de Saúde e Populações Vulneráveis
128 Políticas Públicas de Saúde Mental 
133 Considerações Finais 
140 Referências 
143 Gabarito 
UNIDADE V
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
147 Introdução
148 Conhecendo a PNH 
151 Diretrizes e Dispositivos da PNH 
154 Segurança e Direito do Paciente 
159 Atenção à Saúde do Trabalhador 
163 Desafios Para a Humanização nos Serviços da Saúde 
166 Considerações Finais 
171 Referências 
174 Gabarito 
175 CONCLUSÃO
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Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira 
SAÚDE E DOENÇA - UMA 
PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Discutir as mudanças e a evolução do conceito de saúde e doença. 
 ■ Conhecer os modelos de saúde preventivista e de promoção à saúde. 
 ■ Compreender o conceito da determinação social na saúde. 
 ■ Apresentar os principais determinantes sociais da saúde e seu 
impacto na realidade brasileira.
 ■ Conhecer os modelos de Atenção à saúde no Brasil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O Conceito de saúde e doença 
 ■ O modelo preventivista e o modelo de promoção à saúde
 ■ Fatores condicionantes e determinantes no processo saúde-doença
 ■ Os principais determinantes sociais de saúde no Brasil
 ■ Organização dos serviços de Saúde no Brasil
INTRODUÇÃO
Quando decidimos ser profissionais da área da saúde, muitas preocupações vem 
à nossa mente, nos preocupamos com as ações de saúde que podemos realizar, 
que recursos temos disponíveis, como melhorar a vida das pessoas e como con-
tribuir para um mundo melhor e com saúde. Isso é muito importante!
Mas, muito além de nos preocuparmos com tudo isso, precisamos estar cien-
tes e compreender, antes de realizar ou propor qualquer ação, que por trás de toda 
ação existe um conceito ou um modo de entender a realidade, e precisamos bus-
car compreender tal realidade, tendo como pressuposto básico que ela é dinâmica, 
sujeita a modificações, influenciadas pela cultura, política e momento histórico.
Vamos observar, nesta unidade, que ao longo da história humana, a saúde 
das pessoas sempre foi alvo de preocupação, por isso convidamos você para dar 
uma volta na história, tanto antiga quanto atual e reconhecer pensamentos e 
ações acerca da saúde.
O conceito de saúde sofreu mudanças no decorrer dos tempos, várias expli-
cações foram dadas e, ainda hoje, vários entendimentos coexistem quando 
buscamos entender o processo saúde-doença.
Mas queremos destacar no texto dois modelos explicativos acerca do pro-
cesso saúde-doença: um com características biologicistas e outro buscando 
compreender o ser humano de forma integral, considerando sua história, cul-
tura, contexto e estilos de vida.
Buscamos, também, ampliar o entendimento do conceito de saúde e os seus 
determinantes sociais (estilos de vida, rede sociais e comunitárias e as condi-
ções de vida e de trabalho), visando uma compreensão da evolução do cenário 
da saúde da população brasileira e da estruturação e organização dos serviços 
de saúde ao longo dos anos.
Vamos juntos, então, nos aproximar desse universo de conhecimento tão 
fundamental para o trabalho de um profissional da área da saúde.
Bom estudo! Vamos lá ...
Introdução
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SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA
Antes de iniciarmos a unidade, gostaria de fazer uma pergunta:
- O que significa ter saúde para você? Pense nisso por alguns minutos…
Pergunte para algumas pessoas próximas a você: o que é ter saúde? 
Agora, compare as respostas. Você certamente vai perceber que a ideia de 
saúde entre as pessoas é diferente. Cada pessoa possui um entendimento acerca 
do que é ter saúde.
Ao longo da história, muitas explicações foram dadas acerca do que é ter 
saúde ou estar doente: as explicações mágico-religiosas, a explicação natura-
lística, o olhar bacteriológico, a explicação multicausal e a produção social da 
saúde e da doença.
Vejamos um pouco dessas explicações. 
AS EXPLICAÇÕES MÁGICO - RELIGIOSAS
Na Antiguidade, acreditava-se que as doenças poderiam ser causadas por ele-
mentos naturais ou sobrenaturais. Nesse período, a compreensão das doenças 
era por meio da filosofia religiosa. Partiam do princípio de que doença era resul-
tado de ação de forças alheias ao organismo, eram consequência de pecado ou 
de maldição, um sinal de desobediência ao mandamento divino. Tal ideia per-
durou por muito tempo e teve seu ápice na Idade Média (SCLIAR, 2007).
Na Idade Média europeia, a influência da religião cristã manteve a concep-
ção da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé; o cuidado 
de doentes estava, em boa parte, entregue a ordens religiosas, que administra-
vam, inclusive, o hospital, o qual era visto não como um lugar de cura, mas de 
abrigo e de conforto para os doentes (SCLIAR, 2007).
Conceito de Saúde e Doença
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A UNICAUSALIDADE
No início da modernidade, a concepção religiosa foi superada devido ao desenvol-
vimento do conhecimento na época. O desenvolvimento da mecânica influenciou 
as ideias de René Descartes (1596-1650), no século XVII, que postulava um dua-
lismo mente-corpo e o funcionamento do corpo como uma máquina. Com o 
desenvolvimento da anatomia, identificou-se que a doença era localizada nos 
órgãos (SCLIAR, 2007). No final do século XIX, os estudos de Louis Pasteur 
(1822-1895), a descoberta do microscópio,revelou a existência de micro-or-
ganismos causadores de doença e possibilitou a introdução de soros e vacinas. 
Foi uma revolução pois, pela primeira vez, fatores causais, até então desco-
nhecidos, estavam sendo identificados; as doenças agora poderiam ser prevenidas 
e curadas. Para cada doença, um agente etiológico deverá ser identificado e com-
batido por meio de vacinas ou produtos químicos (SCLIAR, 2007). 
A MULTICAUSALIDADE
A insuficiência da formulação unicausal só ficou evidente no início do séc. XX, 
devido ao processo de mudanças ocorridas na sociedade e na insuficiência de dar 
explicações sobre a saúde e a doença das pessoas e das comunidades, bem como 
o efeito da transição epidemiológica - fenômeno no qual evidencia a diminuição 
de doenças infecciosas e o aumento de doenças crônicas degenerativas, em que 
o homem passa a ser considerado como um ser biopsicossocial. 
Nesse sentido, a saúde e a doença são reconhecidas como o equilíbrio e/ou 
desequilíbrio entre o ambiente, o agente e o hospedeiro, envolvendo dimensões 
subjetivas e não apenas biologicamente científicas e objetivas. No entanto, a crí-
tica a tal explicação se dá ao fato de não considerar as variações das doenças 
verificadas historicamente, em relação ao seu aparecimento e desaparecimento, 
aumento ou diminuição de sua frequência, da menor ou maior importância, 
que adquirem nas variadas formas de organização social (BACKES et al., 2009).
Uma nova proposta de consenso sobre saúde ocorreu em 7 de abril de 1948 
(desde então, o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do direito 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde. “Saúde é o 
estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausên-
cia de enfermidade” (SCLIAR, 2007). 
O conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) reflete, de um lado, 
uma aspiração nascida dos movimentos sociais do pós-guerra: o fim do colo-
nialismo, a ascensão do socialismo. Saúde deveria expressar o direito a uma vida 
plena, sem privações, um conceito amplamente difundido, mas que carrega em si 
um estado inatingível de equilíbrio em um cenário de neutralidade, que o torna 
pouco operacional e prático (BACKES, et al., 2009).
A PRODUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE E DA DOENÇA
Um novo paradigma surge diante da crise de desenvolvimento das sociedades 
modernas - o reconhecimento de que tudo o que existe é produto da ação humana. 
A saúde de um indivíduo, de um grupo de indivíduos ou de uma comuni-
dade, depende, também, de coisas que o homem criou e faz, das interações dos 
grupos sociais, das políticas adotadas pelo governo, inclusive os próprios meca-
nismos de atenção à doença, do ensino dos cursos da área da saúde, da educação 
e das intervenções sobre o meio ambiente (SANTOS; WESTPHAL, 1999). 
Nesse sentido, Santos e Westphal (1999) ressaltam que ter saúde não pode 
ser apenas não estar doente, significa, também, a possibilidade de atuar, de pro-
duzir a sua própria saúde, quer mediante cuidados tradicionalmente conhecidos, 
quer por ações que influenciam o seu meio – ações políticas para a redução de 
O livro de Moacyr Scliar, intitulado Do Mágico ao Social: trajetória da saúde 
pública, apresenta, de uma forma mais detalhada, os caminhos percorridos 
pela condição humana no contexto da saúde e da doença, em uma pers-
pectiva histórica, apontando olhares e características das matrizes do pen-
samento sobre o paradoxo saúde-doença.
Fonte: Scliar (2005).
Conceito de Saúde e Doença
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desigualdades, educação, cooperação intersetorial, participação da sociedade 
civil nas decisões que afetam sua existência – para, usando uma expressão bem 
conhecida, o exercício da cidadania. 
Para que uma população possa ser saudável, no paradigma da história social 
da saúde, é necessário: paz (contrário de violência); habitação adequada em 
tamanho por habitante, em condições adequadas de conforto térmico; educa-
ção, pelo menos, fundamental; alimentação imprescindível para o crescimento 
e desenvolvimento das crianças e necessária para a reposição da força de traba-
lho; renda decorrente da inserção no mercado de trabalho, adequada para cobrir 
as necessidades básicas de alimentação, vestuário e lazer; ecossistema saudável 
preservado e não poluído; justiça social e equidade, garantindo os direitos fun-
damentais dos cidadãos (DE OTAWA, 1986).
No Brasil, o movimento de Reforma Sanitária, articulado nos anos 80, for-
mulou um “conceito ampliado de saúde” e passou a entendê-la como um estado 
resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso à terra e aos 
serviços de saúde, apontando, assim, para a determinação social e cultural da 
saúde e da doença.
Para operar com o conceito ampliado de saúde, precisamos pensar na saúde 
como um processo em detrimento da concepção de saúde como um atribu-
to (tenho/não tenho).
(Stela Nazareth Meneghel)
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
O MODELO PREVENTIVISTA E O MODELO DE 
PROMOÇÃO À SAÚDE 
É possível verificar que o conceito de saúde foi influenciado, no decorrer dos tem-
pos, por questões sociais, culturais e econômicas. Vale destacar que as ações de 
saúde e a forma de organização da assistência também acompanham as mudan-
ças do conceito de saúde.
Na tentativa de explicar essas mudanças, diversos autores propuseram mode-
los explicativos do processo saúde-doença. Vejamos dois deles - o modelo de 
Atenção à Saúde Preventivista e o Modelo da Promoção à Saúde.
O MODELO PREVENTIVISTA
O modelo preventivista surge devido à crise do capitalismo e à incapacidade 
dos governos de arcarem com os custos da saúde no contexto médico hospita-
lar, com base na proposta de Leavell e Clarck do modelo da história natural da 
doença (evolução natural da doença) .
O Modelo Preventivista e o Modelo de Promoção à Saúde 
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Quadro 1 - Modelo da História Natural Da Doença
PERÍODO 
PRÉ 
PATOGÊNESE
PATOGÊNESE 
PRECOCE
PATOGÊNESE 
AVANÇADA
RECUPERAÇÃO, 
INCAPACIDADE OU 
MORTE
Interação 
entre agente 
e hospedei-
ro
Doença sub-
clínica
Horizonte 
clínico
Alterações 
celulares
Doença com 
manifestação 
clínica
Ultrapassagem 
do horizonte 
clínico
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA
 Promoção à 
saúde
 Proteção 
específica
Diagnóstico
 Precoce
Limitação do 
dano
Reabilitação
Fonte: Meneghel (2015).
O modelo pressupõe que toda doença tem um percurso natural de pré patogê-
nese, patogênese e de recuperação, e que, para cada momento da história natural 
da doença, preconiza ações sanitárias que correspondem aos três níveis de pre-
venção - primário, secundário e terciário (MENEGHEL, 2015).
No período pré patogênico, os agentes causadores de doenças e o indivíduo 
vivem em equilíbrio com o ambiente. No período patogênico, inicialmente, não 
há sinais e sintomas da doença, também chamado de período de incubação, só 
então aparecem as manifestações clínicas da doença que pode evoluir para recu-
peração, incapacidade ou morte. 
As intervenções nos diferentes estágios da doença são chamadas de preven-
ção primária, secundária e terciária e têm como objetivo prevenir doenças ou 
seu agravamento. As ações de prevenção primária podem ser medidas gerais e 
educativas de resistência e bem-estar geral dos indivíduos, as de prevenção secun-
dária buscam a redução de fatores de risco e as de prevenção terciária reduzem 
e intervêm nas sequelasde doenças.
A crítica a esse modelo se dá pelo fato dele não considerar os efeitos positivos 
e negativos das condições de vida e de trabalho e a inserção social dos indiví-
duos nos níveis de saúde da população, o que reduz o conceito de saúde como 
estritamente biológico, ignorando a dimensão social que envolve o processo saú-
de-doença (MENEGHEL, 2015). 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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O MODELO DE PROMOÇÃO À SAÚDE
Com as mudanças ocorridas na sociedade pós-guerra, os estudiosos descreve-
ram um fenômeno denominado de transição demográfica e epidemiológica no 
mundo todo. 
Tal fenômeno apontou para incapacidade do Modelo da história natural da doença 
dar explicações para várias doenças e agravos, como as doenças crônicas, os aci-
dentes, a crescente violência, entre outros. Diante disso, diversas propostas foram 
elaboradas no sentido de buscar uma visão e atenção mais integral da saúde. 
Discussões acerca do tema “saúde integral” foram realizadas no cenário 
Internacional. A Conferência realizada em Alma-Ata, em 1978, é considerada 
um marco para a discussão de uma visão de saúde integral, pois reconhece, em 
seu relatório, que a saúde é um direito; também vale destacar a I Conferência 
A teoria da transição epidemiológica, proposta por Omran (1971) foca nas 
complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações entre 
eles, determinantes demográficos, econômicos e sociais, e suas consequên-
cias. As ideias abaixo destacam em sua teoria:
(i) o processo de mudanças nos padrões de mortalidade e adoecimento são 
longos, as pandemias por doenças infecciosas são gradativamente substitu-
ídas pelas doenças degenerativas e agravos;
(ii) as mais profundas mudanças nos padrões de saúde-doença ocorrem nas 
crianças e nas mulheres jovens;
(iii) as mudanças são fortemente associadas às transições demográfica e so-
cioeconômica que constituem o complexo da modernização;
(iv) as variações peculiares no padrão, no ritmo, nos determinantes e nas 
consequências das mudanças na população diferenciam três modelos bási-
cos de transição epidemiológica, o modelo clássico ou ocidental, o modelo 
acelerado e o modelo contemporâneo ou prolongado.
Fonte: Duarte; Barreto (2012).
O Modelo Preventivista e o Modelo de Promoção à Saúde 
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Internacional de Promoção à Saúde, realizada no Canadá, em 1986, que redigiu 
a Carta de Otawa, a qual propõe um conceito amplo de saúde, relacionando-a 
ao bem-estar dos indivíduos e na ampla causalidade do processo saúde doença, 
em que a saúde é considerada um recurso para a vida e não objetivo de vida 
(WESTPHAL, 2012).
Em uma visão ampliada da saúde, considera-se os fatores socioambientais na 
produção e determinação da saúde e da doença, sendo que a promoção à saúde 
prevê uma visão holística e socioambiental do mesmo processo, colocando-se 
como uma prática emancipatória e um imperativo ético, com foco no cidadão, 
família, coletividade, condições de vida, iniquidades e potencialidades do terri-
tório em que vivem e trabalham (WESTPHAL, 2012).
Quadro 2 - Visão socioambiental da saúde, determinantes e estratégias e programas de saúde
Conceitos de saúde Bem estar biopsicossocial
Necessidades de saúde.
Determinantes de saúde Condições de riscos diversas.
Estratégias Ação política, espaços saudáveis, empoderamento 
da população, desenvolvimento de habilidades, 
reorientação de serviços.
Desenvolvimento de pro-
gramas
Comunidade em diálogo crítico com profissionais 
e agências.
Fonte: Westphal (2012).
A agenda 2030 da ONU prevê 17 medidas para a transformação do mundo, 
a terceira trata da saúde - Assegurar uma vida saudável e promover o 
bem-estar para todos, em todas as idades.
A Promoção de saúde é considerada uma estratégia fundamental para en-
frentar as iniquidades sociais e de saúde. Juntamente com outras 16 medi-
das, dando a ideia de um conceito ampliado de saúde.
(Organização das Nações Unidas) 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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IU N I D A D E24
FATORES CONDICIONANTES E DETERMINANTES DO 
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
Figura 1 - Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODMBrasil
Fonte: ONU ([2017], on-line)1.
Porque as pessoas adoecem?
Desde as primeiras investigações acerca da saúde de grupos e populações, 
foi possível identificar as diferenças sociais existentes das condições de vida e da 
situação de trabalho, dentre estas destacam-se Engels, que investigou os traba-
lhadores ingleses; Snow, que descobriu a cólera em Londres; Louis, trabalhadores 
na França; e Virchow, o Tifo na Silésia, ressaltando o excesso de risco de adoecer 
e morrer entre as camadas mais pobres da população (BARATA, 2012).
Na América Latina, estudos sobre desigualdades sociais e saúde são recen-
tes, datam da segunda metade do século XX e surgiram devido às consequências 
da globalização sobre as condições de vida e a situação de saúde dos povos sob 
a ótica da exclusão social.
O Processo Saúde Doença está diretamente atrelado à forma como o ser 
humano, no decorrer de sua existência, se apropria da natureza para trans-
formá-la, buscando o atendimento às suas necessidades, representando um 
conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e 
doença de uma população, que se modifica nos diversos momentos históricos 
Fatores Condicionantes e Determinantes do Processo Saúde-Doença 
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e do desenvolvimento científico da humanidade, não sendo um conceito abs-
trato, ele varia segundo a época em que vivemos, assim como os interesses dos 
diversos grupos sociais (GUALDA; BERGAMASCO, 2004).
Diante disso, é necessário conhecer os determinantes mais complexos do 
comportamento humano, além das condições materiais de vida – para que seja 
possível a efetivação das práticas de promoção e prevenção da saúde e a dimi-
nuição das desigualdades, visto que o Brasil ocupa o 11º lugar entre os lugares 
mais desiguais do mundo (COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2.
Há uma vasta literatura sobre aspectos conceituais e modelos de referência rela-
cionados aos determinantes sociais e iniquidades em saúde.
A Comissão Nacional de Determinantes Sociais de Saúde os define como 
“fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e compor-
tamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de 
risco na população” (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). 
E adotou o modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren 
e Whitehead (WESTPHAL, 2012). 
Desigualdades sociais em saúde
Diferença na inserção social dos indivíduos, repartição do poder e proprie-
dade.
Positiva = valores de cooperação e solidariedade.
Negativa = exploração, dominação e produção de doença.
(Rita Barradas Barata)
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IU N I D A D E26
Figura 02 - Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead
Fonte: Comissão Nacional (2008, on-line)2.
O modelo entende que a saúde compreende três dimensões: a biológica, a social 
e cultural (BARATA, 2012).
A dimensão biológica compreende as características biológicas marcadas 
pela interação genótipo-fenótipo, ou seja, a genética e a modulação das poten-
cialidades são herdadas pelas condições concretas da existência que irão resultar 
nas manifestações fenotípicas, como a idade/sexo e fatores hereditários X estilo 
de vida. Na dimensão social, inclui os grupos sociais e as formas de consciên-
cia e condutas resultantes de suas interações,bem como a forma de constituição 
dessas comunidades.
A dimensão cultural inclui as condições de vida e de trabalho e suas for-
mas de organização que compreende as condições socioeconômicas, culturais 
e ambientais gerais.
O relatório da Comissão Nacional de determinantes sociais de saúde 
(COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2, ao analisar a situação de saúde de 
uma população relacionando os Determinantes sociais de saúde, considera os 
seguintes itens:
Fatores Condicionantes e Determinantes do Processo Saúde-Doença 
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1) Situação e tendências da evolução demográfica, social e econômica do 
país: traça um panorama geral de referência para a análise da situação de saúde, 
descrevendo a evolução desses macrodeterminantes, particularmente nas últi-
mas quatro décadas. Inclui dados sobre crescimento populacional, fecundidade, 
mortalidade, migrações, urbanização, estrutura do mercado de trabalho, distri-
buição de renda e educação.
2) A estratificação socioeconômica e a saúde: apresenta a situação atual e 
tendências da situação de saúde no país, destacando as desigualdades de saúde 
segundo variáveis de estratificação socioeconômica, como renda, escolaridade, 
gênero e local de moradia.
3) Condições de vida, ambiente e trabalho: apresenta as relações entre situ-
ação de saúde e condições de vida, ambiente e trabalho, com ênfase nas relações 
entre saneamento, alimentação, habitação, ambiente de poluição, acesso à infor-
mação e serviços de saúde e seu impacto nas condições de saúde dos diversos 
grupos da população.
4) Redes sociais, comunitárias e saúde: inclui evidências sobre a organiza-
ção comunitária e redes de solidariedade e apoio para a melhoria da situação 
de saúde, destacando, particularmente, o grau de desenvolvimento dessas redes 
nos grupos sociais mais desfavorecidos.
5) Comportamentos, estilos de vida e saúde: inclui evidências existentes no 
Brasil sobre condutas de risco, como hábito de fumar, alcoolismo, sedentarismo, 
dieta inadequada, entre outros, segundo os diferentes estratos socioeconômi-
cos da população.
6) Saúde materno-infantil e saúde indígena: por sua importância social e 
por apresentarem necessidades específicas de políticas públicas, são dedicadas 
seções especiais sobre saúde materno-infantil e saúde indígena.
Além disso podem ser incluídos: Saúde e ambiente nas grandes cidades; 
Seguridade social e saúde; Cultura e promoção da saúde; Distribuição, acesso e 
utilização de serviços de saúde em áreas urbanas; Violência e saúde; Iniciativas 
comunitárias de promoção e proteção da saúde, Desemprego e saúde, entre outros.
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
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OS PRINCIPAIS DETERMINANTES SOCIAIS DE 
SAÚDE NO BRASIL 
E a saúde do Brasil como vai? 
A situação de saúde, vida e trabalho da população brasileira vem passando 
por grandes transformações nas quatro últimas décadas, influenciadas pelas 
mudanças econômicas, sociais e demográficas ocorridas no país, é o que mostra 
o Relatório elaborado pela Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais 
da Saúde.
A seguir, elaboramos uma síntese com base no Relatório, destacando os 
A COMISSÃO NACIONAL SOBRE OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE 
foi criada, em 2006, para produção de conhecimentos e informações sobre 
os determinantes sociais e de saúde (DSS), bem como revisão e análise de 
políticas e programas de intervenção sobre os DSS e comunicação sobre a 
importância e possibilidades de atuação sobre eles.
Fonte: Comissão Nacional (2008, on-line)2.
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principais aspectos que marcam a evolução demográfica, social e econômica 
relacionadas à saúde, questões de vida, ambiente e trabalho, as redes sociais e o 
comportamento e estilo de vida dos brasileiros, agrupados em três grandes itens: 
1) Tendências demográfica, social e econômica, 2) Redes socias e 3) Condições 
de vida e de saúde (COMISSÃO NACIONAL, 2008, on-line)2. 
1) Tendências demográficas, social e econômica
A urbanização foi apontada como um fator importante de mudanças, em que, a 
partir da década de 70, influenciada pela industrialização, promoveu mudanças no 
setor econômico e na forma de viver das pessoas que, saindo do campo para viver 
na cidade, buscavam trabalho e melhores condições de vida; no entanto, a oferta de 
infraestrutura e serviços urbanos não acompanhou a grande demanda, a tal ponto 
que, em 1980, havia 38,2 milhões de moradores em domicílios urbanos inadequados.
O PIB per capita passou de 2.060 dólares, em 1960, para 5.250 em 2000 e 
5.720 em 2006. Entretanto, esse extraordinário aumento da riqueza produzida 
e a modernização da economia não significaram melhoria na distribuição e 
urbanização, o crescimento do transporte e das indústrias, assim como a expan-
são da fronteira agrícola, criaram as condições propícias para uma permanente 
exposição de contingentes populacionais, progressivamente maiores, à poluição 
atmosférica e dos corpos hídricos. 
Alterações na fecundidade - a taxa média geométrica de crescimento anual 
da população passou de 2,89%, no período 1960/70, para 1,64%, no período 
1991/2000. A taxa de fecundidade, que se mantinha estável desde 1940, passou 
a cair de maneira acelerada a partir de 1960.
Envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida. A propor-
ção de jovens de 0 a 14 anos que era de 42,6%, em 1960, passou para 30%, em 
2000, e deverá atingir 18% em 2050, enquanto que a de idosos maiores de 65 
anos, que era de 2,7%, em 1960, passou para 5,4%, em 2000, e no ano de 2050 
deverá superar a de jovens, alcançando 19%.
Quanto à esperança de vida ao nascer, houve um ganho de mais de 20 anos, 
entre 1960 e 2006, para o Brasil como um todo. O valor de 72,4 anos em 2006 é 
9 anos inferior ao do Japão, país com a maior expectativa de vida ao nascer em 
todo o mundo. 
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IU N I D A D E30
O crescimento rápido do peso relativo dos idosos tem um impacto impor-
tante na economia e na sociedade, obrigando a definição de políticas públicas 
que possam fazer frente a esse fenômeno sem paralelo na experiência mundial.
O Brasil gasta 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, cerca de 530 
dólares per capita, abaixo de Argentina (US$1.045), Chile (US$827) e Uruguai 
(US$ 781), para citar alguns países do Cone Sul.
2) Redes sociais
Diversos estudos mostram que não são as sociedades mais ricas as que possuem 
melhores níveis de saúde, mas as que são mais igualitárias e com alta coesão 
social. Nessas sociedades, as pessoas são mais envolvidas com a vida pública, 
vivem mais, são menos violentas e avaliam melhor sua própria saúde.
Um importante indicador da riqueza do capital social é relação de confiança entre 
as pessoas. Segundo dados da Pesquisa Social Brasileira (PSB), que realizou 2.363 
entrevistas entre julho e outubro de 2002, as relações de confiança, no Brasil, são 
extremamente débeis, praticamente limitando-se à confiança em familiares; enquanto 
84% das pessoas confiam na família, apenas 15% confiam na maioria das pessoas.
3) Condições de vida e de saúde
Os índices de cobertura dos serviços de água e esgoto, no período de 1999 a 2004, 
têm aumentado. Entretanto, enquanto nas regiões Sul e Sudeste, respectivamente, 
83% e 91% da população estavam cobertos pela rede geral de abastecimento de 
água, na região Norte a cobertura desses serviços alcançava apenas 54,8% da 
população e no Nordeste 72%. Estudos apontam para o fato que 53% da popu-
lação brasileira ainda não teriam acesso aum saneamento adequado, e no atual 
ritmo de ampliação do acesso a universalização só se daria em 115 anos.
Quanto à educação, em 1940, 56% da população brasileira era analfabeta, 
percentual que cai para 40% em 1960 e 13,6% no ano 2000. No nível fundamen-
tal, a cobertura é quase universal, entre 7 a 14 anos em todas as regiões, tanto 
na área urbana como rural; já no ensino médio, a taxa de frequência entre 15 a 
17 anos ainda é bastante baixa para o Brasil como um todo; no ensino superior, 
é possível observar que quanto maior a renda maior é o acesso ao ensino supe-
rior público em todas as regiões.
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Os efeitos do nível de instrução se manifestam das mais diferentes formas: 
na percepção dos problemas de saúde; na capacidade de entendimento das 
informações sobre saúde; na adoção de estilos de vida saudáveis; no consumo 
e utilização dos serviços de saúde; e na adesão aos procedimentos terapêuticos.
O acesso equitativo aos serviços de saúde é de grande importância para a quali-
dade de vida e de saúde de um país; os números do SUS impressionam pela magnitude. 
No ano de 2005, foram realizadas cerca de 450 milhões de consultas médicas; 11,8 
milhões de internações; 2,6 milhões de partos; 250 milhões de exames laboratoriais; 
40 milhões de vacinações; 80 mil cirurgias cardíacas e 20 mil transplantes de órgãos. 
O Programa de saúde da família, iniciado em 1994, conta, em 2008, com cerca 
de 27,5 mil equipes (mais de 150 mil profissionais) atuando em 5.131 municípios 
(92% do total de municípios brasileiros, com cobertura de 44% da população). O 
Programa Nacional de Imunização (PNI) alcançou uma cobertura praticamente 
universal em menores de um ano de idade, a partir de 1999, quando chegou a 
94,7%, enquanto que em 1978 atingia somente 40% das crianças.
No entanto, o relatório aponta que, apesar desses inegáveis avanços na pro-
dução de serviços e dos princípios de universalidade e equidade que regem o 
SUS, ainda se observam importantes desigualdades na oferta de recursos e servi-
ços, assim como uma forte influência da posição social dos indivíduos no acesso, 
utilização e qualidade dos serviços de saúde.
Quanto à situação de saúde, a taxa de mortalidade infantil (TMI), que era 
de 124 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos em 1960, 
caiu para 48,3 em 1990; 35,26 em 2000; e 25,1 em 2006. 
A proporção de mortes de menores de um ano de idade, sobre o total de 
óbitos, reduziu-se de 24%, em 1980, para 5%, em 2005, variando de 11,3%, na 
Região Norte, a 3,4%, na Região Sul. Em 2003, 58% dos óbitos informados ocor-
reram na faixa de 60 ou mais anos de idade, com variações de 43%, na Região 
Norte, a 62%, na Região Sul.
Quanto à mortalidade masculina e a feminina, entre 1960 e 2006, a sobre-
mortalidade masculina cresceu acentuadamente, principalmente na faixa dos 20 
aos 24 anos de idade: em 1960, a chance de um homem com 20 anos de idade 
morrer antes de passar para o grupo etário seguinte (25 a 29 anos) era 1,1 vez 
maior que a de uma mulher do mesmo grupo etário. 
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IU N I D A D E32
Já em 2006, a chance masculina, na mesma comparação com a chance femi-
nina, no mesmo grupo etário (20 a 24 anos), aumentou para 4,1 vezes. A principal 
causa do aumento da sobremortalidade masculina são os óbitos por causas exter-
nas (ou violentos).
Nas regiões Sudeste e Sul, pela primeira vez, a mortalidade por doenças 
cardiovasculares superou a mortalidade por doenças infecciosas, o que viria 
a ocorrer nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste duas décadas depois, 
durante os anos 80. 
Observa-se um processo de transição nutricional, que consiste na substituição 
de um padrão alimentar, baseado no consumo de cereais, feijões, raízes e tubér-
culos, por uma alimentação mais rica em gorduras (especialmente hidrogenadas) 
e açúcares, além da crescente ingestão de ingredientes químicos, aumentando o 
risco de sobrepeso e obesidade, aparecimento de doenças crônicas e incapacidades.
Os fatores relacionados a comportamentos e estilos de vida, como tabagismo, 
baixo consumo de frutas, de legumes e de verduras e o consumo de álcool são 
os principais fatores de risco para morte por câncer em países de baixa e média 
renda, o que é o caso brasileiro. 
Estima-se que o tabagismo seja responsável por 18% das mortes por câncer; o 
baixo consumo de frutas, legumes e verduras por 6%; o consumo de álcool por 5%. 
A saúde do trabalhador também é uma preocupação, pois os problemas de 
saúde dos trabalhadores estão intimamente relacionados com o grau de desen-
volvimento alcançado por um país ou uma região. 
A esses problemas se associam o deterioramento das condições de trabalho 
e crescentes danos ambientais. Os acidentes de trabalho são um dos subprodutos 
dessas tendências, juntamente com uma grande carga de doenças profissionais e 
doenças relacionadas ao trabalho, cujas consequências contribuem para o agra-
vamento dos problemas sociais que o país enfrenta.
No Brasil, verifica-se a presença de algumas doenças já controladas em paí-
ses desenvolvidos, como a silicose e outras pneumoconioses, envenenamento 
por chumbo, asbestose, síndrome do túnel do carpo, doenças dermatológicas 
causadas por compostos químicos, além dos sintomas e desordens mentais rela-
cionadas ao stress, como a síndrome do Burnout. 
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A poluição também é uma preocupação, devido aos efeitos adversos sobre 
a saúde das populações expostas. Estima-se que o número de mortes causadas 
por problemas decorrentes da poluição atmosférica no mundo é de cerca de 3 
milhões por ano, o que representa 5% do total de 55 milhões de mortes que ocor-
rem anualmente no mundo. 
Em algumas populações, cerca de 30% a 40% dos casos de asma e 20% a 30% 
de todas as doenças respiratórias podem ser relacionadas à poluição atmosfé-
rica. Outros efeitos referem-se a perdas econômicas, aumento no absenteísmo 
escolar, dias de trabalho perdidos e nebulizações.
Busque saber sobre os membros da Comissão Nacional de Determinantes 
Sociais de Saúde (CNDSS) e reflita sobre a importância da diversidade de 
olhares sobre os determinantes de saúde.
Para saber mais e se inteirar, acesse na íntegra o relatório da comissão nacio-
nal sobre os determinantes sociais da saúde, intitulado As causas sociais das 
iniquidades em saúde no Brasil.
Fonte: Comissão Nacional Sobre Determinantes Sociais da Saúde (2008, on-
-line)2.
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IU N I D A D E34
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO 
BRASIL
É possível observar as mudanças ocorridas nas condições de vida e de saúde da 
população brasileira, condicionadas aos fatores econômicos, socioculturais e 
políticos, ao longo dos anos.
Agora, quando tomamos como foco os serviços de saúde no Brasil, é pos-
sível observar mudanças significativas no decorrer dos anos, do mesmo modo, 
influenciados por fatores econômicos, socioculturais e políticos.
Diversos autores fazem análises e escrevem sobre o sistema de saúde brasi-
leiro, mas tomamos por referência a análise de Carvalho, Martin e Cordoni Jr 
(2001), os quais identificaram quatro tendências - Sanitarismo Campanhista, 
período de Transição, Modelo médico assistencial privatista e o Modelo plural.
Vejamos um pouco de cada uma dessas tendências.
1) Sanitarismo Campanhista
Tal tendência vigorou no país do início do século XX até 1945 e recebeu esse nome 
porque tinha, nas campanhas sanitárias,sua principal estratégia de saneamento.
O Brasil tinha sua economia baseada na agricultura e na exportação do café; 
o comércio e o espaço nos portos era prioridade, devendo ser livre de doenças e 
saneados. Devido a isso, o sistema de saúde adotado foi o modelo das campanhas 
sanitárias, com foco no combate das endemias urbanas e rurais. A assistência 
Organização dos Serviços de Saúde no Brasil
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individual era privada, a hospitalar com caráter de assistência social e as Santa 
Casas de Misericórdia atendiam quem não podia pagar. 
Em 1923, com a Lei Elói Chaves, surge a assistência previdenciária no país 
e a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão nas empresas de estradas de 
ferro para os empregados, que oferecia benefícios de aposentadorias e pensões, 
assistência médica e farmacêutica; logo em seguida, os portuários e marítimos 
criaram seus Institutos de Previdência, nascendo uma nova estrutura de pre-
vidência social por categoria de trabalhadores, denominadas de Institutos de 
Aposentadorias e Pensão (IAP). 
Em 1930, o ministério da Educação e Saúde passa a coordenar as ações de 
saúde coletiva. 
2) Período de Transição
Esse período é compreendido entre 1945 a 1960, marcado pelo pós-guerra e a 
crise previdenciária. Nesse período, a previdência social passa a ter grande impor-
tância e a ser utilizada como instrumento político; também foi nesse período 
que o Ministério da Saúde foi criado (1953). 
Ocorre, também, a unificação dos Institutos (IAPs), em 1967, e a criação 
do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), marcada pela exclusão de 
trabalhadores e empregados da gestão pela crescente influência da indústria far-
macêutica, médico hospitalares e os proprietários de hospitais. 
3) Modelo médico assistencial privatista
O modelo médico assistencial privatista marca o período entre 1960 a 1980, 
caracterizado pela prática médica curativa, individual, assistencialista e especia-
lizada em detrimento da saúde pública e a criação com intervenção estatal de 
um complexo médico privado, organizando o estado como financiador, o setor 
privado nacional como prestador de serviços e o setor privado internacional 
como produtor de insumos. 
O Brasil vivia o período da ditadura militar, marcado por atos institucionais 
e decretos presidenciais de cunho arbitrário e que alteravam direitos de cidada-
nia, informação, organização social e política. 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A saúde, que estava ligada à assistência social, tem sua ampliação na década de 
70, com a cobertura para os trabalhadores rurais, as empregadas domésticas e os 
trabalhadores autônomos domésticos. Em 1974, cria-se o Ministério da Previdência 
e Assistência Social, que atua no atendimento médico assistencial individualizado 
e o Ministério da Saúde se volta ao atendimento coletivo e vigilância sanitária. 
Com a crise econômica no final da década de 70, foi impulsionado o Movimento 
da Reforma Sanitária que discutia reformas nas políticas de saúde, surgindo as 
ideias de medicina comunitária e o conceito de Atenção Primária à Saúde (OMS). 
O Movimento da Reforma Sanitária ajuda a fortalecer o processo de Transição 
democrática, ocorrido em 1984 com a 8° conferência Nacional de Saúde, em 
1986, em que se discutiu a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e culmi-
nou com sua promulgação na Constituição em 1988. 
4) Modelo plural
A partir de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi incluído ao sistema de 
saúde brasileiro privado, garantindo acesso universal e igualitário às ações e ser-
viços de saúde a todos os brasileiros, colocando a saúde como direito de todos 
e dever do estado. 
O setor lucrativo privado de atenção médica supletiva, que iniciou-se em 
1954, se fortalece na década de 80 pela precariedade dos serviços públicos, 
criando, assim, a medicina de grupo, as cooperativas médicas, os seguro saúde. 
Regulamentados e fiscalizados pelo Estado, aliado ao setor não lucrativo, as insti-
tuições filantrópicas (Santas Casas) configuram o sistema de saúde atual brasileiro. 
Reflita sobre as características do SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO discutidas 
por Amélia Cohn e pense no quanto você tem participado para a sua cons-
trução. 
Organização dos Serviços de Saúde no Brasil
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Em síntese, gostaria de trazer o pensamento de Cohn (2012) acerca da política 
de saúde brasileira, o qual considera que tanto sua configuração e implementa-
ção são processos complexos de jogos de interesses e valores múltiplos existentes 
na sociedade e que, em nossa sociedade desigual, as políticas sociais e de saúde 
devem priorizar os segmentos socialmente mais vulneráveis, com a lógica da 
universalização, integralidade e da equidade da atenção à saúde, o que depende 
tanto da vontade política dos governantes quanto da sociedade, para que os direi-
tos sociais se constituam como uma realidade marcada com maior justiça social.
Para saber mais da história do sistema brasileiro de saúde, leia o texto de 
Paim (2011), O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios, dis-
ponível em: <http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/
brazilpor1.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2017.
O artigo, publicado em 2011 pelo periódico The Lancet, faz parte de uma 
série de publicações que analisam as melhorias nas condições de saúde e na 
expectativa de vida da população brasileira. Nesse artigo, é apresentado um 
panorama das principais conquistas e desafios relativos às políticas públicas 
de saúde no Brasil, com especial destaque ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: a autora. 
SAÚDE E DOENÇA - UMA PERSPECTIVA ATUALIZADA 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao prestar a assistência ao indivíduo, à família ou à comunidade, deve ser con-
siderado quem é ou quem são os usuários, como se apresentam na situação de 
necessidade de saúde, seus direitos, deveres, valores e prerrogativas. O ser humano 
é complexo e não há como abranger sua totalidade por uma única definição. 
Mesmo que a pessoa seja considerada um ser biopsicossocial e espiritual, não 
consegue expressar toda sua individualidade e singularidade. Os profissionais da 
área da saúde aprendem sobre estrutura e função humana por meio do estudo 
da anatomia, da fisiologia, da psicologia, da sociologia e da patologia, além das 
várias maneiras de assistir, de abordar e se relacionar profissionalmente com o 
indivíduo, a família ou a comunidade.
Não podemos nos esquecer de que o ambiente é o local onde a pessoa se 
encontra com as coisas ao seu redor e que exercem nela influências, afetando-a de 
várias maneiras. É necessário compreender as condições impostas como passíveis 
de interferência e atentar para não culpar os indivíduos quando tais condições 
forem insalubres e interferirem em seu estilo de vida. Trabalhar com as condições 
de vida impostas requer um trabalho interdisciplinar e intersetorial. A área da 
saúde, sozinha, não consegue assegurar qualidade de vida e, consequentemente, 
de saúde. É na esfera da ética que compreenderemos a necessidade do empenho 
de parte significativa da sociedade para assegurar a dignidade da vida humana.
Cabe aos profissionais da área da saúde rever em sua prática, buscando 
entender que não basta trabalhar com as doenças, é necessário compreender 
o indivíduo no todo como alguém que vive a experiência da necessidade, do 
adoecimento, carregada de valores e significados subjetivos, únicos, capazes de 
interferir na qualidade do cuidado prestado. Assim, resta-nos, como profissio-
nais da saúde, enfrentaro desafio de construir estratégias para conceber a saúde 
no âmbito da atenção básica de forma mais solidária e menos punitiva na con-
vivência com os estilos de vida individuais.
39 
Fragmento do texto - A Operacionalização de um Conceito Amplo (Carlos Batistella)
Uma vez analisado o conceito ampliado de saúde, outro dilema aflige os trabalhadores 
da saúde, em especial aqueles que lidam diretamente com a população: como opera-
cionalizá-lo? Como fazer com que suas premissas ganhem concretude e expressão nas 
práticas cotidianas dos serviços?
Pensar saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer e alimentação, implica 
a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores capazes 
de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda voltado às 
ações curativas e assistenciais.
O conceito e as práticas de promoção da saúde têm representado uma possibilidade 
concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de conceber e in-
tervir no campo da saúde.
A ‘criação de ambientes favoráveis à saúde’ diz respeito não apenas à conservação 
dos recursos naturais, mas também daqueles ambientes construídos pelo homem. Im-
plica, sobretudo, “o reconhecimento da complexidade das nossas sociedades e das rela-
ções de interdependência entre os diversos setores” (BUSS, 2003, p. 27).
O ‘reforço da ação comunitária’, também chamado de empowerment comunitário, 
refere-se ao
incremento do poder das comunidades na fixação de prioridades, na tomada de 
decisões e na definição e implementação de estratégias para alcançar um melhor 
nível de saúde (...), ou seja, à aquisição de poder técnico e consciência política para 
atuar em prol de sua saúde (BUSS, 2003, p. 27). 
Esse processo, entre outras ações, depende substancialmente da garantia de acesso da 
população à informação, às oportunidades de aprendizagem e ao planejamento das 
ações.
Já o ‘desenvolvimento de habilidades pessoais’ tem sido um dos campos de ação 
mais polêmicos dessa proposta. Boa parte das críticas à promoção da saúde incidem 
sobre esse aspecto. Se, por um lado, é imprescindível a divulgação de informações sobre 
diferentes aspectos relativos à saúde – de modo que a população tenha como orientar 
suas condutas –; por outro, quando essa perspectiva é adotada como o próprio concei-
to de promoção, opera-se um reducionismo que empobrece a potencialidade de seu 
alcance.
Dessa forma, em uma outra perspectiva de modelo de atenção, o ‘objeto das práticas de 
saúde’ se expande para além da doença, dos doentes, dos modos de transmissão e dos 
fatores de risco, passando a englobar as necessidades e os determinantes (condições 
de vida e de trabalho); os sujeitos da atenção já não podem ser considerados apenas os 
médicos, os sanitaristas e seus auxiliares, mas as equipes de saúde (de todos os níveis), 
trabalhadores de outros setores e a própria população; os ‘meios de trabalho’ incorpo-
40 
ram, para além das consagradas tecnologias médicas e sanitárias, a contribuição de ou-
tros conhecimentos e instrumentos fundamentais para uma ação mais ampla, capaz de 
produzir impactos na esfera dos determinantes e condicionantes.
A mudança paradigmática envolve mais atores na operacionalização da promoção da 
saúde. Mais do que médicos, enfermeiros, técnicos, agentes e demais trabalhadores da 
saúde, serão incorporados ambientalistas, engenheiros, advogados, antropólogos, artis-
tas, jornalistas, garis e a própria população envolvida direta ou indiretamente na produ-
ção e/ou na solução do problema.
As práticas, por sua vez, passam a contar com uma dimensão comunicativa mais forte, 
buscando estabelecer vínculos sociais com a comunidade e suas formas culturais – vi-
sando a troca de saberes populares e científicos, o fortalecimento técnico e o amadure-
cimento político a partir do reconhecimento da história, dos problemas e das próprias 
potencialidades do território.
O planejamento participativo é ferramenta fundamental para a viabilidade do encontro 
de saberes, interesses e visões sobre a realidade. Desde a identificação e definição de 
prioridades até a construção de propostas de intervenção são necessárias várias etapas 
e uma significativa capacidade de mobilização. A formação dessa capacidade normativa 
(CANGUILHEM, 2006) põe em evidência outra importante dimensão de uma nova prá-
tica: a ação educativa.
A análise da viabilidade pode interpor a necessidade de estabelecer objetivos estraté-
gicos, soluções parciais e incremento de recursos. As operações podem ser atingidas 
somente a médio e longo prazo, porém, terão seguramente um impacto mais amplo e 
formativo na sociedade do que a persistência única e exclusiva nas reformas da atenção 
setorial.
A implementação e a avaliação contínua dos processos e dos resultados serão sempre 
consequência da capacidade mobilizadora dos atores sociais envolvidos, sejam profis-
sionais de saúde, de outros setores ou a própria comunidade.
Fonte: adaptado de Batistella (2007).
41 
1. O grande desafio do conceito ampliado de saúde é a operacionalização de suas 
particularidades pelos trabalhadores da saúde, em especial aqueles que lidam 
diretamente com a população. Diante disso, em relação às premissas abaixo, as-
sinale a alternativa que possibilita a concretude e expressão do conceito 
nas práticas cotidianas dos serviços.
a. Criando ambientes favoráveis à saúde, reforçando a ação comunitária, au-
mentando o número de serviços de saúde.
b. Reforçando a ação comunitária, desenvolvendo habilidades pessoais e for-
mando um maior número de profissionais de saúde.
c. Criando ambientes favoráveis à saúde, reforçando a ação comunitária, desen-
volvendo habilidades pessoais.
d. Reforçando a ação comunitária, educando a população e formando um maior 
número de profissionais de saúde.
e. Aumentando o número de serviços de saúde, formando mais profissionais de 
saúde e criando ambientes favoráveis à saúde.
2. Procure uma música ou um filme que traga uma percepção da situação de saú-
de ou noção de saúde, ou que retrate a “cara” da sociedade em que vivemos, 
registre em seu caderno e justifique a escolha com base nos determinantes 
sociais de saúde.
3. De acordo com a Visão Socioambiental da saúde, descreva o conceito de saú-
de, seus determinantes, as estratégias e os programas de saúde.
4. Explique o modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e 
Whitehead.
5. Qual a crítica ao Modelo Plural de saúde brasileiro?
MATERIAL COMPLEMENTAR
Tratado de Saúde Coletiva
Gastão Wagner de Sousa Campos
Editora: Hucitec
Sinopse: o livro apresenta um panorama dos principais assuntos de 
que se ocupa a saúde coletiva, estabelecendo um diálogo com docentes e discentes de graduação e 
pós-graduação das pro� ssões de saúde.
História da saúde pública no Brasil - Um século de luta pelo 
direito à saúde
o documentário “POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: Um século de 
luta pelo direito à saúde” conta a história das políticas de saúde em 
nosso país, mostrando como ela se articulou com a história política 
brasileira, destacando os mecanismos que foram criados para sua 
implementação, desde as Caixas de Aposentadorias e Pensões até 
a implantação do SUS. Sua narrativa central mostra como a saúde 
era considerada, no início do século XX, um dever da população, com as práticas sanitárias 
implantadas autoritariamente pelo Estado, de modo articulado aos interesses do capital, e 
como, no decorrer do século, por meio da luta popular, essa relação se inverteu, passando a ser 
considerada, a partir da Constituição de 1988, um direito do cidadão e um dever do Estado. Toda 
essa trajetória é contada por meio de uma narrativa fi ccional, vivida por atores, com reconstrução 
de época, apoiada por material de arquivo. Para tornar a narrativa mais leve e atraente, o fi lme 
se vale da linguagem dos meios de comunicação dominantes em cada época, como o jornal, o 
rádio, a TV Preto e branco, a TV colorida e, por fi m, a internet. O fi lme foi realizadopor iniciativa 
da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, do Ministério da Saúde, em parceria com 
a Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS e a Universidade Federal Fluminense/UFF. A 
obra, de caráter formativo, terá distribuição gratuita em todo o país, dirigida especialmente aos 
Conselhos de Saúde, instituições de ensino e movimentos sociais ligados à saúde. Estimula-se 
que o fi lme seja utilizado nas etapas municipais e estaduais da 13ª Conferência Nacional de 
Saúde. Uma versão legendada em espanhol e inglês está sendo discutida com a OPAS, para 
divulgação junto a países da América Latina, Caribe e África, que buscam no SUS uma referência. 
O documentário é composto por 5 capítulos, que podem ser assistidos em sequência, com 60 
minutos de duração, ou separadamente; cobrindo os seguintes períodos: 1900 a 1930; 1930 a 
1945; 1945 a 1964; 1964 a 1988; e 1988 a 2006.
Visite o portal da saúde do Ministério da Saúde. Você encontrará: Blog da saúde, Web rádio saúde 
e Canal saúde, que contribuem com informações e notícias sobre a saúde, aberto a todos os 
cidadãos, trabalhadores e gestores de saúde e Ministério da Saúde.
E muito mais! Acesso disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/> 
REFERÊNCIAS
43
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epidemiológico e antropológico. Rev. enferm. UERJ, v. 17, n. 1, 2009.
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2 Em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/causas_sociais_iniquidades.
pdf>. Acesso em: 16 mai. 2017.
GABARITO
QUESTÃO
1) C.
2) O aluno é livre na escolha, mas deve justificá-la relacionando os determinantes 
sociais de saúde (biológico, social e cultural).
3) 
Conceitos de saúde Bem-estar biopsicossocial
Necessidades de saúde
Determinantes de 
saúde
Condições de riscos diversas
Estratégias Ação política, espaços saudáveis, empoderamento da 
população, desenvolvimento de habilidades, reorienta-
ção de serviços
Desenvolvimento de 
programas
Comunidade em diálogo crítico com profissionais e 
agências
4) O modelo entende que a saúde compreende três dimensões - a biológica, a 
social e cultural.
A dimensão biológica compreende as características biológicas marcadas pela 
interação genótipo-fenótipo, ou seja, a genética e a modulação das potencia-
lidades são herdada pelas condições concretas da existência que irão resultar 
nas manifestações fenotípicas, como exemplo, a idade/sexo e fatores hereditá-
rios X, estilo de vida. Na dimensão social, inclui os grupos sociais e as formas de 
consciência e condutas resultantes de suas interações, bem como a forma de 
constituição dessas comunidades. A dimensão cultural inclui as condições de 
vida e de trabalho, suas formas de organização que compreende as condições 
socioeconômicas, culturais e ambientais gerais.
5) “E um sistema público de saúde dual, políticas de saúde centralizadas e verti-
calizadas, tradição histórica da saúde vinculada ao mercado de trabalho, o sis-
tema privado prestador com origem na década de 20 como fruto da política 
previdenciária, distribuição de equipamentos de saúde altamente desigual, 
modelo de atenção comandado pela lógica médica e hospitalocêntrico, duplo 
comando da previdência social que prestava serviços de assistência à saúde e 
o Ministério da Saúde relativos a ações coletivas, dualidade na assistência dos 
trabalhadores por categorias (década de 30), e na diferenciação do acesso se-
gundo a posição no mercado de trabalho (década de 70), herança de um setor 
privado de produção de assistência médica que se constituiu sob as sombras e 
financiamento do Estado”.
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
HISTÓRIA DA SAÚDE 
PÚBLICA NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer brevemente a história que antecedeu o SUS.
 ■ Identificar os interesses, conflitos e necessidades sociais que deram 
origem ao SUS.
 ■ Conhecer os objetivos e princípios do SUS.
 ■ Descrever as diretrizes contidas nos pactos intergestores: Pacto pela 
vida, Pacto em defesa do SUS e Pacto de gestão.
 ■ Compreender o conceito de rede de atenção e seus componentes.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Antecedentes do SUS
 ■ O processo de construção do SUS
 ■ Entendendo o SUS
 ■ Pactos pela saúde
 ■ Redes de atenção à saúde
INTRODUÇÃO
Olá, caro (a) aluno(a). Já demos o primeiro passo na compreensão do processo 
saúde-doença quando estudamos, na unidade anterior, um pouco sobre alguns 
conceitos, os fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença 
e a realidade brasileira, bem como os modelos de Atenção à Saúde.
Para compreendermos um pouco mais como esse processo se dá na atualidade, 
é fundamental resgatarmos um pouco de história, afinal, todos nós somos frutos 
de um passado e de uma história, sofremos influências ao longo da vida, faze-
mos escolhas, e tudo isso contribuiu para a formação da pessoa que somos hoje.
Da mesma forma, o setor saúde também foi construído com base na história. 
O contexto político-social, a economia, o desenvolvimento da ciência e pesquisa 
e a situação geral do Brasil, bem como acontecimentos a nível mundial, ao longo 
dos anos, refletiram diretamente na saúde e construção das políticas públicas.
Nesta unidade, estudaremos a história e a evolução da saúde pública no 
Brasil, destacando a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) que é um dos 
maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Abordaremos seus objetivos e 
suas diretrizes filosóficas e organizativas, bem como as reformas institucionais 
que deram origem aos Pactos pela Saúde, além de discutirmos sobre as mudan-
ças no modelo de atenção com a implantação das Redes de Atenção à Saúde.
O conhecimento adquirido aqui será fundamental para a compreensão das 
demais Unidades, além de permitir uma visão mais ampliada e crítica sobre a 
organização dos serviços de saúde no Brasil, contexto no qual o profissional da 
área da saúde irá atuar.
Vamos, então, mergulhar nessa linha do tempo, buscando entender um pouco 
mais desse universo tão vasto de informações no contexto da Saúde Pública.
Junte-se a nós e bons estudos!
Introdução
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HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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ANTECEDENTES DO SUS
Para conhecer a história da saúde no Brasil precisamos entender um pouco da 
história do nosso país, já que os acontecimentos sociais, políticos e econômicos 
refletiram diretamente na construção da saúde pública. 
Como é de conhecimento de todos, em meados de 1500, a saúde retratava a 
brutalidade imposta pela colonização portuguesa: abandono social do homem 
livre, extermínio de bandeirantes e civilizações indígenas, escravidão dos negros 
africanos, os quais viviam em senzalas, sob tortura e sem condições mínimas 
de higiene.
As doenças, nesse período, eram vistas, muitas vezes, como castigos divinos 
pelo pecado do homem. Para o tratamento, as pessoas procuravam por feiticei-
ros, curandeiros, boticários e, também, pelas Casas de Saúde filantrópicas ligadas 
à Igreja Católica ou aos militares. Tudo isso custava dinheiro, logo, quem não 
podia pagar ficava sem assistência. A estratégia de controle adotada nessa época 
para as doenças pestilenciais, como lepra e varíola, era o confinamento, tratan-
do-se, portanto, de uma medicina de exclusão.
Antecedentes do SUS
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A partir do século XIX, com a vinda da família real ao Brasil, é que se começou 
a pensar em políticas públicas de saúde; afinal, era preciso uma estrutura sani-
tária mínima que pudesse dar suporte ao poder que se instalava na cidade do 
Rio de Janeiro (POLIGNANO, 2001).
Até meados de 1850, a saúde pública estava limitada às juntas municipais e 
ao controle de navios e saúde dos portos (BERTOLOZZI; GRECO, 1996).
Com a Proclamação da República, em 1889, o país adotou uma forma de orga-
nização capitalista. O período compreendido entre 1889 e 1930, denominando 
de Primeira República, foi marcado pelo surgimento das primeiras indústrias e 
investimento estrangeiro (BERTOLOZZI; GRECO, 1996).
Com a falta de um modelo sanitário, a saúde tornou-se caótica, caracterizada 
pelo predomínio de diversas doenças graves, como tuberculose, sífilis, varíola, 
febre amarela, entre outras. Tal situação gerou sérias consequências, tanto para a 
saúde coletiva quanto para o setor do comércio exterior, já que os navios estran-
geiros não queriam mais atracar no porto do Rio de Janeiro (POLIGNANO, 2001).
Nesse período, Rodrigues Alves, o atual presidente do Brasil, nomeou 
Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, com 
a finalidade de erradicar a epidemia da febre amarela. Assim, várias condutas 
arbitrárias e que não haviam sido esclarecidas à população foram tomadas para 
Você sabia que a lepra é uma das doenças mais antigas do mundo, mas que 
hoje tem tratamento e cura?
A lepra, também conhecida como hanseníase, é uma doença infecciosa, 
contagiosa, causada por uma bacilo chamado Mycobacterium leprae, o qual 
afeta nervos e pele. A transmissão se dá pelas vias aéreas, como secreções 
nasais, gotículas da fala, tosse e espirro de pacientes considerados bacilífe-
ros, ou seja, sem tratamento. Antigamente, as pessoas doentes ficavam nos 
leprosários, isoladas da sociedade. Hoje, todos os casos têm tratamento e 
cura. Os pacientes podem ser tratados gratuitamente no Sistema Único de 
Saúde. 
Fonte: Brasil (2008).
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Reprodução proibida. A
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combater o mosquito que transmite a doença, o que gerou insatisfação e revolta 
da população. Esse modelo de intervenção ficou conhecido como campanhista 
(SINGER; CAMPO, 1978).
Somado a isso, em 1904, a Lei federal n° 1.261 instituiu a vacinação obrigatória 
anti-varíola para todo o território nacional, o que culminou com vários conflitos 
entre a população e as forças do governo (policiais e militares). Essa manifesta-
ção popular ficou conhecida como Revolta da Vacina (SINGER; CAMPO, 1978).
Mesmo permeado por abusos, o modelo campanhista obteve conquistas no 
controle das epidemias, conseguindo, por exemplo, erradicar a febre amarela do 
Rio de Janeiro. Ainda nesse período, foi incorporado o registro demográfico que 
permitiu conhecer a população e suas necessidades, o laboratório para auxiliar 
no diagnósticos das doenças e a fabricação de produtos profiláticos (BERTOLLI 
FILHO, 1996). 
Com a 1° Guerra Mundial (1914-1918), envolvendo as grandes potências do 
mundo, o Brasil sofreu consequências na sua economia, o que gerou desemprego, 
redução de salários e elevação do custo de vida. Atrelado a isso, as péssimas con-
dições de trabalho e a falta de direitos trabalhistas deram origem às greves gerais 
(BERTOLLI FILHO, 1996).
A partir de então, os trabalhadores passam a conquistar alguns direitos 
sociais que, a princípio, se relacionam apenas ao trabalho e depois abrangem a 
questão da saúde. 
Discutiremos esse assunto no próximo tópico!
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O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SUS 
Uma série de eventos, cujas datas serão apresentadas abaixo, contribuíram para 
a construção do SUS como a principal política pública de saúde do Brasil. 
Em 1923, foi criada a lei Eloy Chaves - que estabelece as Caixas de 
Aposentadoria e Pensões (CAPs) -, marco inicial da Previdência Social no Brasil. 
Tal lei visava garantir pensão aos trabalhadores em caso de algum acidente ou 
afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. Com as CAPs 
inicia-se o debate sobre a importância de atender às necessidades dos trabalha-
dores (ANDRADE; SOARES; JUNIOR, 2001).
Na Era Vargas, foram criados o Ministério da Educação e da Saúde Pública 
e o Ministério do Trabalho; esse último com o intuito de atender os direitos dos 
trabalhadores, o que, até o momento, era inexistente (BERTOLLI FILHO, 1996).
Em 1932, buscando ampliar o papel das CAPs, foram criados os Institutos 
de Aposentadoria e Pensões (IAPs), os quais eram organizados por categoria 
profi ssional. Assim, foram criados o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos 
Marítimos (IAPM), dos Bancários (IAPB), dos Comerciários (IAPC), dentre 
outros; e o Estado passou a participar da sua administração, controle e fi nan-
ciamento (ANDRADE; PONTES; JUNIOR, 2000).
Nesse período, ainda se mantinha o formato do vínculo contributivo formal 
do trabalhador para a garantia do benefício, ou seja, aquele que não contribuísse 
estava excluído do sistema de proteção, o que se confi gurava como uma injus-
tiça social, já que não havia o mesmo direito para todos. 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Em 1966, com a unificação dos IAPs, foi criado o Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS), que permitia que todo trabalhador urbano com 
carteira assinada se tornasse, automaticamente, contribuinte e beneficiário do 
sistema. Tal órgão gerou uma certa insatisfação nos contribuintes dos institutos 
com mais benefícios, pois, com a unificação, os mais pobres iriam receber mais 
benefícios (ANDRADE; SOARES; JUNIOR, 2001).
Em 1977, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência 
Social (INAMPS), grande órgão governamental que prestava assistência médica 
apenas aos trabalhadores da economia formal, com carteira assinada, e seus depen-
dentes. Tal assistência à saúde estava atrelada basicamente à custa de compra de 
serviços médico hospitalares e especializados do setor privado (BAPTISTA, 2003). 
A década de 80 foi marcada por movimentos de contestação ao sistema de 
saúde. Um evento que marcou a história foia realização da VIII Conferência de 
Saúde, que aconteceu em março de 1986, presidida pelo médico Sérgio Arouca 
e, pela primeira vez, contou com a participação da comunidade (ANDRADE; 
PONTES; JUNIOR, 2000).
A VIII Conferência Nacional de Saúde difundiu a proposta da reforma sanitária, 
consagrando um conceito ampliado de saúde e reconhecendo a mesma como 
direito universal e dever do Estado.
Sérgio Arouca é considerado um dos principais teóricos e líderes do movi-
mento da reforma sanitária. Falecido em agosto de 2003, aos 61 anos, de-
vido a um câncer no intestino, Arouca é reconhecido por sua importante 
participação na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Internacional-
mente, foi consultor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), atu-
ando em vários países da América Latina.
Fonte: adaptado do site da Fiocruz ([2017], on-line)1.
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Em 1987, ocorreu a implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de 
Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais. O SUDS 
avançou na política de descentralização da saúde, bem como na descentraliza-
ção orçamentária, ocorrendo o que chamamos de “estadualização”, ou seja, todo 
o poder conferido ao INAMPS, agora, era repassado às secretarias estaduais de 
saúde (ANDRADE; SOARES; JUNIOR, 2001).
O SUDS possuía como principais diretrizes a universalização e equidade no 
acesso aos serviços de saúde; a descentralização das ações de saúde, como citado 
anteriormente; a integralidade do cuidado; e a implementação de distritos sani-
tários (ANDRADE; SOARES; JUNIOR, 2001).
Em 1988, é promulgada a Constituição da República, denominada Constituição 
Cidadã, a qual foi fundamental na definição de ações prioritárias na área de saúde 
pública (BRASIL, 2000a). Vamos relembrar que foi nessa Constituição que ficou 
estabelecido que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”.
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu em 19 de setembro de 
1990, por meio da lei 8.080, que “dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos servi-
ços correspondentes” (BRASIL, 1990a). De forma geral, essa primeira lei do SUS 
detalha sobre os objetivos e diretrizes do SUS, os quais serão discutidos no pró-
ximo tópico.
Logo em seguida, em dezembro de 1990, foi criada a lei 8.142, que “dispõe 
sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) 
e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da 
saúde e dá outras providências” (BRASIL, 1990b). 
Essas duas leis (8.080 e 8.142), denominadas “Leis Orgânicas de Saúde”, 
foram objeto de muita disputa política.
A Reforma Sanitária diz respeito a “…um processo de transformação da nor-
ma legal e do aparelho institucional que regulamenta e se responsabiliza 
pela proteção à saúde dos cidadãos” 
(Sonia Fleury Teixeira )
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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IIU N I D A D E54
Assim, finalmente estava construído o arcabouço jurídico do Sistema Único 
de Saúde. Porém, novas lutas ainda estavam por vir e, claro, inúmeras conquis-
tas também!
ENTENDENDO O SUS
Nesse tópico, vamos abordar, especialmente, os objetivos e princípios do SUS, 
bem como alguns marcos importantes que irão facilitar a sua compreensão acerca 
dessa política pública de saúde.
De acordo com a lei 8.080, já abordada anteriormente, os objetivos do SUS 
são: a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da 
saúde; a formulação de políticas de saúde; a assistência às pessoas por intermé-
dio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com realização 
integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas (BRASIL, 1990a).
Em relação aos princípios do SUS, os que compõem a sua base, referindo-se 
aos objetivos finalísticos do sistema de saúde, são denominados de doutrinários (ou 
éticos), sendo eles: universalidade, equidade e integralidade (PAIM; SILVA, 2010).
O princípio de universalidade reafirma o que já foi previsto na Constituição 
de 1988, que a saúde é um direito de todos e dever do Poder Público; é a garan-
tia de atenção à saúde de todos os cidadãos. “No SUS, universalidade supõe que 
todos os brasileiros tenham acesso igualitário aos serviços de saúde e respecti-
vas ações, sem qualquer barreira de natureza legal, econômica, física ou cultural” 
(PAIM; SILVA, 2010, p. 114).
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A integralidade diz respeito a atender as necessidades específi cas de 
cada indivíduo ou grupo de pessoas, de modo a garantir e promover 
ações de prevenção, promoção, assistência e reabilitação. De certa for-
ma, é, também, compreender o homem como um ser integral, biopsi-
cossocial, o que irá proporcionar um atendimento holístico (MACHA-
DO et al., 2007).
A Integralidade é o próprio caminho que vai transformando as pessoas e cons-
truindo algo melhor. Busca uma assistência ampliada, transformadora, centrada 
no indivíduo e não aceita a redução do mesmo nem à doença nem ao aspecto 
biológico. Além do atendimento integral, envolve a valorização do cuidado e o 
acolhimento (FONTOURA; MAYER, 2006, p. 532-533).
 O princípio de equidade está atrelado à necessidade de diminuir as desi-
gualdades, sejam elas sociais e/ou econômicas, muito presentes em nosso país 
quando, por exemplo, comparamos diferentes regiões. Porém, a equidade não 
é o mesmo que igualdade, visto que as pessoas, por serem diferentes, possuem 
necessidades diferentes. Logo, esse princípio busca suprir a necessidade de assis-
tência de saúde de acordo com a igualdade de condições (PAIM; SILVA, 2010).
Figura 1 - Igualdade e Equidade
Fonte: Marta - O meu canto (2017, on-line)2.
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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IIU N I D A D E56
Os princípios que regem a organização do SUS são chamados de Organizacionais 
ou Operativos, são eles: Regionalização, Hierarquização, Resolubilidade, 
Descentralização e Participação comunitária (BRASIL, 2001a).
O entendimento dos princípios de regionalização e hierarquização diz respeito 
à forma de organização dos serviços entre si e com a população. A regionalização 
vai além da delimitação rígida de uma base territorial, usuários e serviços; leva-se 
em conta, também, a divisão político-administrativa do país (OLIVEIRA, 2009).
A hierarquização significa que a organização do sistema de saúde deve acon-
tecer em níveis crescentes de complexidade, considerando as características 
específicas de cada área geográfica e de cada cliente (OLIVEIRA, 2009).
Sabendo que o usuário do serviço de saúde pode percorrer por vários níveis 
de atenção durante seu atendimento é que se faz necessário incorporar o sistema 
de referência e contrarreferência, a fim de integrar as redes de saúde e, assim, 
obter maior eficiência no cuidado ao usuário (SERRA & RODRIGUES, 2010).
A resolubilidade diz respeito à necessidade do serviço de saúde apresentar-se 
resolutivo até o nível de sua competência para aquilo que é proposto (BRASIL, 
1990c).
O princípio de descentralização pode ser entendido como uma forma de 
redistribuir as responsabilidades sobre a saúde da população entre as três esferas 
do governo, acreditando que quanto mais perto, a solução estiver do problema 
maior serão as chances de acerto.
De acordo com Palha e Villa (2003) a descentralização dos serviços de saúde 
tem sido o eixo norteador para a operacionalização dos princípios organizativos e 
diretivos do SUS. Nesse sentido, a descentralização tem ênfase na municipalização, 
ou seja, os municípios assumindo um papel cadavez mais importante na prestação 
e gerenciamento dos serviços de saúde (BARATA, TANAKA, MENDES, 2004).
E, por fim, a participação da comunidade refere-se à valorização da popu-
lação nos processos decisórios do país, o que refletiu no chamado “movimento 
sanitário”,o qual contou com a participação de intelectuais, usuários e trabalha-
dores de saúde na luta pela reforma do sistema de saúde.
Com o objetivo de colocar em prática a participação social na saúde é que 
a lei 8.142 (Lei Complementar da Saúde), propôs a formação dos Conselhos 
de Saúde, os quais devem acontecer nas três esferas do governo e contar com a 
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presença de representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de 
saúde e usuários (BRASIL, 1990b).
A organização operacional do SUS se deu pela criação das Normas 
Operacionais Básicas (NOB), as quais possuem três edições (1991, 1993 e 1996), 
devido à necessidade de aperfeiçoamento ao longo dos anos (BRASIL, 2000b).
Para atender ao princípio de descentralização, as negociações e pactua-
ções acerca da saúde se dão nos três níveis de governo (nacional, estadual e 
municipal). Nesse sentido, em 1991, foram criadas a Comissão de Intergestores 
Tripartite (CIT), com representação do Ministério da Saúde (MS), do Conselho 
Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional 
de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS); e a Comissão Intergestores 
Bipartite (CIB), representada por integrantes da Secretaria Estadual de Saúde 
(SES) e do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) 
ou órgão equivalente (BRASIL, 2000).
Buscando colocar em prática os princípios do SUS, várias estratégias foram 
formuladas, como a criação dos distritos sanitários, dos sistemas locais de saúde 
e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (ESPÍNOLA; COSTA, 
2006).
O agente comunitário de saúde é aquele profissional que faz o acompanha-
mento das famílias que vivem no seu território de abrangência; ele faz uma ponte 
entre o serviço de saúde e a população, auxiliando nas ações de prevenção e pro-
moção da saúde (BRASIL, 2001b).
Outro marco muito importante que buscou reorganizar o SUS no âmbito 
da atenção básica de saúde foi a criação, em 1994, do Programa de Saúde da 
Família (PSF), posteriormente intitulado Estratégia de Saúde da Família (ESF) 
(SOUZA, 2000).
O SUS depende da atuação concreta dos trabalhadores para que as ações de 
saúde em defesa da vida tornem-se realidade para a sociedade. O que está 
ao seu alcance para a concretização dos princípios do SUS?
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E58
A operacionalização dos objetivos e princípios do SUS, bem como das diversas 
políticas criadas no decorrer da sua história, não é uma tarefa fácil e encontra 
inúmeros obstáculos, como: dificuldade de financiamento, burocracia no geren-
ciamento público, perfil profissional incompatível com o exigido pelo sistema, 
dentre muitos outros. Porém, o SUS também é motivo de muitas conquistas que 
repercutiram em melhores condições de vida para o brasileiro.
O SUS ainda está em processo de construção e isso se dá a cada dia. De 
acordo com Cunha e Cunha (1998, p. 11), o SUS “se constrói no cotidiano de 
todos aqueles interessados na mudança da saúde no Brasil. Entendê-lo é uma 
boa forma de fortalecer a luta pela sua construção”.
PACTOS PELA SAÚDE
Como já discutimos anteriormente, a gestão do SUS é de responsabilidade dos 
três níveis de governo (União, Estados e Municípios), e as Normas Operacionais 
Básicas (NOB), é que vinham regulamentando as relações entre eles até 2006. 
Neste ano, foi instituído o Pacto pela Saúde como um conjunto de normas ins-
titucionais, com o objetivo de fortalecer a gestão do SUS (BRASIL, 2006).
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O Pacto pela Saúde se dá num cenário em que se busca a operacionalização 
do SUS, especialmente no que tange à consolidação da equidade social. Nesse 
sentido, os profissionais assumiram compromissos em três dimensões: Pacto 
pela Vida; em Defesa do SUS; e de Gestão, os quais serão abordados brevemente 
neste tópico (FADEL et al., 2009).
No Pacto pela Vida, as metas são firmadas em torno das necessidades priori-
tárias que geram impacto na saúde da população brasileira. São seis as prioridades 
pactuadas: Saúde do Idoso; Controle do câncer do colo do útero e da mama; 
Redução da mortalidade infantil e materna; Fortalecimento da capacidade de 
resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hansení-
ase, tuberculose, malária e influenza; Promoção da Saúde; e Fortalecimento da 
Atenção Básica (BRASIL, 2006).
A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) foi aprovada, em 2006, 
como estratégia que visa a organização da gestão e das práticas de saúde. 
Em 2015, a PNPS foi revisada, visando destacar a necessidade de articulação 
com outras políticas públicas, incluindo a participação social e movimentos 
populares, no sentido de se fortalecer para o enfrentamento dos determi-
nantes sociais de saúde.
Dentro da PNPS, foram elencados temas transversais, que auxiliam na for-
mulação de agendas de promoção da saúde e adoção de estratégias, os 
quais são: Determinantes Sociais da Saúde (DSS), Equidade e respeito à 
diversidade; Desenvolvimento sustentável; Produção de saúde e cuidado; 
Ambientes e territórios saudáveis; Vida no trabalho; e Cultura da paz e direi-
tos humanos.
Para concretizar as ações de promoção da saúde, foram estabelecidos eixos 
operacionais: Territorialização; Articulação e cooperação intrassetorial e in-
tersetorial; Rede de Atenção à Saúde; Participação e controle social; Gestão; 
Educação e formação; Vigilância, monitoramento e avaliação; Produção e 
disseminação de conhecimentos e saberes; e Comunicação social e mídia. 
Fonte: Brasil (2015).
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E60
O Pacto em Defesa do SUS busca discutir o sistema a partir dos seus princípios 
fundamentais, além de ampliar o diálogo com a sociedade, fazendo com que a 
população se aproxime mais do SUS (CEAP, 2009). As diretrizes desse Pacto, 
segundo o Ministério da Saúde foram:
1. Repolitização da saúde, como um movimento que retoma a Refor-
ma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do SUS; 2. 
Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização social tendo 
a questão da saúde como um direito; 3.Garantia de financiamento de 
acordo com as necessidades do Sistema (BRASIL, 2006).
Na dimensão do Pacto de Gestão são abordadas as seguintes diretrizes: 
Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamento; Programação 
Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participação e Controle Social; Gestão 
do Trabalho e Educação na Saúde (BRASIL, 2006).
Cabe destacar que no Pacto de Gestão do SUS é reafirmada a importância 
da participação da comunidade na maneira de gerir o sistema. As decisões sobre 
a saúde não devem mais estar centralizadas na “mão” dos gestores.
Para que a participação da comunidade tenha melhores condições de 
atuação, o Pacto propõe um conjunto de ações e reconhece o dever dos 
gestores de destinar orçamento, cooperando técnica e financeiramente 
para sua qualificação (CEAP, 2009, p. 14).
Assim, acredita-se que o Pacto pela Saúde, considerando as suas três dimensões, 
representa mais uma luta no sentido de reafirmar a saúde como um direito de 
todos e dever do Estado; buscando garantir as conquistas do SUS até o momento.
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE
Com base em tudo que já foi explanado até aqui, ainda observa-se na gestão desaúde a presença de sistemas hierarquizados, fragmentados e medicalizados, 
o que não atende adequadamente às demandas de saúde da população. Nesse 
Redes de Atenção à Saúde
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sentido, o SUS propõe a estratégia de Redes de Atenção em Saúde (RAS), a fim 
de operacionalizar todos os seus princípios, especialmente o da integralidade 
no cuidado à saúde.
De acordo com Eugênio Vilaça Mendes, as RAS significam:
[...] uma nova forma de organizar o sistema de atenção à saúde em sis-
temas integrados que permitam responder, com efetividade, eficiência, 
segurança, qualidade e equidade, às condições de saúde da população 
brasileira (MENDES, 2011, p.18).
A discussão sobre as RAS já é de longa data em países como Estados Unidos e 
Canadá. No Brasil, o tema vem sendo abordado a partir do final dos anos 90 e, 
mesmo recente, já é possível vislumbrar avanços decorrentes desse modelo de 
atenção, como é o caso do Programa Mãe Paranaense, Rede Cegonha, Rede de 
Atenção à Urgência e Emergência, entre outras (BRASIL, 2012).
Nesse momento, você pode estar se perguntando: afinal como se organiza uma 
RAS?
De acordo com a World Health Organization, os serviços que dependem 
de menor aporte tecnológico, a exemplo da atenção primária à saúde, devem 
apresentar-se dispersos; ao contrário, os serviços mais complexos, como hospi-
tais e unidades diagnósticas, tendem a estar mais concentrados (WHO, 2000).
A organização das RASs, para ser feita de forma efetiva, eficiente e com 
qualidade, tem de estruturar-se com base nos seguintes fundamentos: 
economia de escala, disponibilidade de recursos, qualidade e acesso; 
integração horizontal e vertical; processos de substituição; territórios 
sanitários; e níveis de atenção (MENDES, 2011, p. 71).
Curitiba implantou o Programa Mãe Curitibana em 1999, sendo um exem-
plo de rede de atenção voltada à saúde materno-infantil que apresenta re-
sultados positivos na assistência à saúde com queda nas taxas de mortalida-
de infantil e aumento dos índices de aleitamento materno 
Fonte: Mendes (2011). 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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Cabe aqui discutir brevemente sobre os níveis de complexidade. Erroneamente, 
a população, bem como gestores e profissionais da saúde, muitas vezes, pos-
suem uma visão distorcida sobre o assunto, supervalorizando os níveis terciário 
e secundário em detrimento do nível primário. 
A atenção primária não é menos complexa que os outros níveis. Na verdade, 
é ela que pode resolver em torno de 85% dos problemas de saúde da população, 
ofertando serviços de alta complexidade, como, por exemplo, as atividades gru-
pais, as quais buscam a promoção e reabilitação da saúde e prevenção de doenças. 
Os níveis secundário e terciário constituem-se pela necessidade de tecnologia, 
mas não são mais complexos (MENDES, 2011).
Assim, a noção hierárquica e piramidal deve ser substituída pelas redes, 
as quais permitem relações horizontais, possuindo como centro de comuni-
cação a atenção primária à saúde, como pode ser ilustrado pela figura a seguir 
(MENDES, 2011).
Figura 2 - Dos sistemas Fragmentados para as Redes de Atenção à Saúde
Fonte: Mendes (2011).
Redes de Atenção à Saúde
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São três os elementos que constituem as RAS: uma população, uma estrutura 
operacional e um modelo de atenção à saúde. A presença de uma população é 
a razão de ser da RAS. Esta precisa ser devidamente conhecida (condições de 
saúde, fatores de riscos), registrada e cadastrada em sistemas de informação. O 
segundo elemento é a estrutura operacional, a qual é constituída pela atenção 
primária à saúde; os pontos de atenção à saúde secundários e terciários; os siste-
mas de apoio; os sistemas logísticos; e o sistema de governança (MENDES, 2011).
Em relação ao terceiro elemento, que é o modelo de atenção, este pode ser 
definido como:
[...] um sistema lógico que organiza o funcionamento das RASs, ar-
ticulando, de forma singular, as relações entre a população e suas 
subpopulações estratificadas por riscos, os focos das intervenções 
do sistema de atenção à saúde e os diferentes tipos de intervenções 
sanitárias, definido em função da visão prevalecente da saúde, das si-
tuações demográfica e epidemiológica e dos determinantes sociais da 
saúde, vigentes em determinado tempo e em determinada sociedade 
(MENDES, 2011, p. 209).
São muitos os desafios a serem superados para a implementação das RAS, os 
quais vão desde o financiamento, orientação dos serviços com base nas neces-
sidades sanitárias da população, bem como a valorização da atenção primária à 
saúde por parte de todos (BRASIL, 2012).
De acordo com o Ministério da Saúde, outros entraves ainda podem ser 
elencados: falha na cultura e na prática de trabalho em rede; pactos com foco 
maior na captação de recurso do que em intervenções nas práticas assistenciais; 
ineficiente capacitação e qualificação profissional; restrito monitoramento e 
avaliação dos resultados por meio de sistema de informações de alta qualidade 
(BRASIL, 2014).
Diante do exposto, percebe-se que, para a efetiva implementação das RAS, 
faz-se necessário o esforço de todos: gestores (em todas as esferas do governo), 
profissionais da saúde e população em geral. 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
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IIU N I D A D E64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, conseguimos relembrar alguns marcos importantes da história 
do Brasil, além de rever alguns elementos marcantes da economia, da política e 
da sociedade de forma geral ao longo de cada época.
Entendemos que a história das políticas públicas de saúde no nosso país sem-
pre esteve atrelada ao contexto histórico e social do momento em que ocorreu 
e, por isso, foi necessário voltarmos no tempo e vermos tudo o que aconteceu 
no decorrer dos anos.
Compreendemos o cenário em que se deu a criação de um dos maiores siste-
mas públicos de saúde do mundo, o Sistema Único de Saúde (SUS), um momento 
marcante em nosso país, de despertar democrático, de lutas e de muitas con-
quistas. Conhecemos seu processo de construção, seus principais objetivos e 
princípios doutrinários e organizativos.
Observamos que, para a operacionalização do SUS, foram necessárias algu-
mas pactuações entre os gestores das esferas governamentais. Assim, estudamos 
o Pacto pela Saúde e as três dimensões que ele englobou: Pacto pela Vida; em 
Defesa do SUS; e de Gestão.
Discutimos sobre a necessidade de mudança de um modelo de assistência à 
saúde hierarquizado e fragmentado para uma assistência em rede. Nesse sentido, 
abordamos sobre as Redes de Atenção à Saúde (RAS), seus conceitos, elemen-
tos que a compõem e sua forma de organização, acreditando que as RAS, por 
permitirem relações horizontais, tendo como centro a atenção primária, podem 
contribuir para a integralidade no cuidado à saúde - um dos princípios do SUS.
Assim, terminamos a nossa viagem no tempo! Espero que você possa ter 
compreendido, melhor e um pouco mais, sobre o nosso sistema público de saúde, 
seus avanços e desafios.
Muitos desafios ainda temos pela frente, quando trabalhamos no contexto 
do SUS, e você fará parte dele como profissional da área da saúde, ajudando a 
construir um pouco mais na história do SUS.
Bons estudos! E continue...
65 
Leia um trecho do artigo de Eugênio Vilaça Mendes, publicado em 2013, cujo título é “25 
anos do Sistema Único de Saúde: resultados e desafios” e reflita sobre “a mudança nas 
condições de saúde da população brasileira ao longo da história, bem como nos desa-
fios a serem encarados pelo Sistema Único de Saúde nos dias atuais”.O SUS constituiu a maior política de inclusão social da história de nosso país. Antes do 
SUS, vigia um Tratado das Tordesilhas da saúde, o qual separava quem portava a cartei-
rinha do Inamps e que tinha acesso a uma assistência curativa razoável - das grandes 
maiorias que eram atendidas por uma medicina simplificada na atenção primária à saú-
de e como indigentes na atenção hospitalar. O SUS rompeu essa divisão iníqua e fez da 
saúde um direito de todos e um dever do Estado. A instituição da cidadania sanitária 
pelo SUS incorporou, imediatamente, mais de cinquenta milhões de brasileiros como 
portadores de direitos à saúde e fez desaparecer, definitivamente, a figura odiosa do 
indigente sanitário.
O SUS apresenta números impressionantes: quase seis mil hospitais e mais de sessenta 
mil ambulatórios contratados, os quais somam, por ano, mais de dois bilhões de pro-
cedimentos ambulatoriais, mais de onze milhões de internações hospitalares, aproxi-
madamente dez milhões de procedimentos de quimioterapia e radioterapia, mais de 
duzentas mil cirurgias cardíacas e mais de 150 mil vacinas. O SUS pratica programas 
que são referência internacional, mesmo considerando os países desenvolvidos, como 
o Sistema Nacional de Imunizações, o Programa de Controle de HIV/Aids e o Sistema 
Nacional de Transplantes de Órgãos que tem a maior produção mundial de transplantes 
realizados em sistemas públicos de saúde do mundo, 24 mil em 2012. O programa bra-
sileiro de atenção primária à saúde tem sido considerado, por sua extensão e cobertura, 
um paradigma a ser seguido por outros países. Com esses processos, o SUS tem contri-
buído significativamente para a melhoria dos níveis sanitários dos brasileiros. Entre 2000 
e 2010, a taxa de mortalidade infantil caiu 40%, tendo baixado de 26,6 para 16,2 óbitos 
em menores de um ano por mil nascidos vivos.
Não obstante a exuberância dos números, o nosso sistema público de saúde permanece 
com muitos problemas a solucionar. No meu entendimento, há três grandes desafios 
para o SUS: a organização macroeconômica do sistema de saúde no Brasil, a organização 
microeconômica expressa no modelo de atenção à saúde que prática e o financiamento. 
Fonte: adaptado de Mendes (2013, p. 27-34).
66 
1. No início do século XX, o Rio de Janeiro se deparou com a epidemia da febre 
amarela e varíola, doenças que fizeram milhares de vítimas. Nesse período, a 
obrigatoriedade da vacina contra a varíola e a remodelação da região portuária 
e do centro da cidade geraram descontentamento na população. Considerando 
esse contexto histórico, assinale a alternativa correta.
a. O alargamento das ruas da área central contribuiu para um ambiente mais 
arejado, com vistas a reduzir os casos de febre amarela, que é uma doença 
transmitida pelo ar.
b. A população pobre se revoltou, pois tinha consciência da necessidade da va-
cina para a erradicação da varíola.
c. A reforma não aconteceu apenas nas regiões dos portos e área central, mas 
também nas moradias populares e cortiços, a fim de eliminar os focos de 
transmissão das doenças.
d. A Revolta da vacina ocorreu no governo de Rodrigues Alves em um contexto 
de reurbanização do centro do Rio de Janeiro e da necessidade de saneamen-
to básico.
e. A insatisfação da população não estava relacionada com a modernização ur-
bana autoritária, e sim com as péssimas condições sanitárias.
2. Sobre os princípios doutrinários e organizacionais do Sistema Único de Saúde 
(SUS), analise as afirmativas abaixo.
I. O princípio da equidade no SUS tem seu maior foco na atenção primária à 
saúde, por ser esse um serviço de menor complexidade e baixo custo. 
II. A integralidade da assistência à saúde refere-se a um conjunto de ações e ser-
viços voltados para a promoção, prevenção e reabilitação, individuais e coleti-
vos, em todos os níveis de complexidade.
III. São princípios organizacionais: Regionalização, Hierarquização, Resolubilida-
de, Descentralização e Participação comunitária.
IV. A valorização da população em questões decisórias sobre a saúde e a forma-
ção dos Conselhos de Saúde dizem respeito ao princípio de Participação co-
munitária.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
67 
3. Sobre os principais objetivos do Sistema Único de Saúde, assinale a alternativa 
correta.
a. Formulação de políticas de saúde destinadas à ações curativas, especialmen-
te nas áreas de endemia.
b. Assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e re-
cuperação da saúde, com realização integrada das ações assistenciais e das 
atividades preventivas.
c. Promover ações de alta complexidade nas regiões de maior vulnerabilidade 
social.
d. Assistência às pessoas, com base nas diretrizes do sistema privado.
e. Identificar, em cada região, os fatores determinantes das doenças, conside-
rando o processo patológico o foco para a prestação da assistência à saúde.
5. O Pacto pela Saúde, firmado em 2006, refere-se ao compromisso assumido en-
tre as três esferas de gestão (União, Estados e Municípios), com o objetivo de 
estabelecer ajustes e promover inovações no processo de gestão, para, assim, 
atender com maior qualidade às demandas do SUS. Explique o que foi o Pacto 
pela Vida.
6. Um sistema de saúde hierarquizado, “estilo piramidal”, não consegue suprir as 
demandas de saúde da população. É nesse sentido que surgem discussões sobre 
as Redes de Atenção à Saúde (RAS). Explique o que são as RAS e como elas se 
organizam. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Caminhos da Saúde Pública no Brasil
Jacobo Finkelman
Editora: FIOCRUZ
Sinopse: o livro traz a evolução das políticas públicas de saúde, contextualizando com a história do 
Brasil. Destaca os principais acontecimentos que contribuíram para o desenvolvimento de ações e 
programas voltados para a melhoria da saúde do povo brasileiro. 
História da saúde pública no Brasil
Cláudio Bertolli Filho
Editora: Ática
Sinopse: o livro apresenta a história da saúde pública no Brasil, suscitando que o leitor faça uma 
re� exão sobre a relação da saúde com as políticas sociais de cada período.
SICKO - SOS Saúde.
o documentário descreve o sistema de saúde americano e o compara 
com o de outros países, como Cuba, Canadá, França e Inglaterra. Apesar 
de não mostrar o sistema de saúde do Brasil - o SUS - é possível compará-lo com relação ao que é 
apresentado no fi lme.
REFERÊNCIAS
69
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reforma sanitária no Brasil. Rev. Panam. Salud. Publica, Washington, v. 8 n. 1-2, jul./
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intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providên-
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2017.
2Em: <http://marta-omeucanto.blogs.sapo.pt/igualdade-e-equidade-628108>. 
Acesso em: 11 maio 2017.
GABARITOGABARITO
1. D.
2. D.
3. B.
4. O Pacto pela Vida refere-se a um dos pactos que compõe o Pacto pela Saúde, 
sendo os outros dois: em Defesa do SUS e de Gestão do SUS. O Pacto pela Vida 
foi constituído a partir da análise da situação de saúde do país e das necessi-
dades prioritárias que geram impacto na saúde da população brasileira. São 
seis as prioridades pactuadas: Saúde do Idoso; Controle do câncer do colo do 
útero e da mama; Redução da mortalidade infantil e materna; Fortalecimento 
da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na 
dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; Promoção da Saúde; e 
Fortalecimento da Atenção Básica.
5. As RAS são sistemas organizativos de ações e serviços de saúde que se articu-
lam, atendendo diferentes níveis de complexidade e necessidades tecnológicas 
que, de forma integrada, permitem atender, com qualidade, a saúde da popula-
ção brasileira. A noção hierárquica e piramidal deve ser substituída pelas redes, 
as quais permitem relações horizontais e de interdependência entre os pontos 
da rede, possuindo como centro de comunicação a atenção primária à saúde. A 
organização das RASs estrutura-se com base nos seguintes fundamentos: eco-
nomia de escala, disponibilidade de recursos, qualidade e acesso; integração 
horizontal e vertical; processos de substituição; territórios sanitários; e níveis 
de atenção. 
U
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ID
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D
E III
Professora Me. Raquel Gusmão Oliveira 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender o conceito de vigilância em saúde e os principais 
sistemas de vigilância em saúde. 
 ■ Conhecer o Sistema de Vigilância Epidemiológica.
 ■ Conhecer os sistemas de informação de interesse na saúde.
 ■ Apresentar os principais indicadores de saúde.
 ■ Discutir os desafios atuais da Vigilância em Saúde.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Vigilância em Saúde
 ■ Vigilância Epidemiológica
 ■ Sistema de Informação em Saúde
 ■ Indicadores de Saúde
 ■ Alguns desafios da Vigilância em Saúde
INTRODUÇÃO
Temos visto que a saúde e o cuidado à saúde têm sido uma grande preocupação 
de toda a humanidade ao longo da história e dos tempos, a busca da compreen-
são do fenômeno saúde e doença tem desafiado estudiosos no sentido de superar 
os desafios de ter uma sociedade mais saudável.
No Brasil, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) é considerada um 
marco positivo no contexto da saúde em nosso país, buscando, por meio de prin-
cípios e diretrizes, a organização de ações e serviços que efetivamente atendam 
às necessidades de saúde de todos os brasileiros.
Recentemente, a criação das Redes de Atenção à Saúde contextualiza que a 
Vigilância em saúde deve ser organizada em forma de rede, como uma estraté-
gia na organização dos serviços, na atenção e promoção à saúde, estabelecendo, 
assim, diretrizes e orientações aos profissionais de saúde, na busca de auxiliar 
na organização e operacionalização da rede de Vigilância.
Nesse sentido, acreditamos que é fundamental aos profissionais de saúde 
compreenderem os principais conceitos e os diferentes sistemas que abrangem 
o Sistema de Vigilância brasileiro.
Dentre os diversos Sistemas de Vigilância, destacamos, nesta unidade, o 
Sistema de Vigilância Epidemiológica, pois acreditamos que ele tem um amplo 
impacto nas ações dos profissionais de saúde.
Também apresentaremos os principais sistemas de informações de interesse 
na saúde e os indicadores de saúde mais utilizados, considerando que, tanto um 
quanto outro são fundamentais para subsidiar a tomada de decisão no contexto 
dos serviços de saúde.
Finalmente, buscamos discutir alguns desafios atuais da Vigilância em saúde, 
acreditando que tais desafios constituem espaços de crescimento e desenvolvi-
mento para os profissionais da área da saúde.
Então, vamos começar...Introdução
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VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E76
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
A doença sempre esteve presente na história 
da humanidade, como, por exemplo, a peste, 
a varíola, a cólera e muitas outras que foram 
registradas ao longo dos tempos em diferen-
tes contextos. Você já ouviu falar delas?
E na atualidade? De Quais doenças você 
pode se lembrar? Dengue, zika, H1N1, etc. 
Essas doenças causam um grande impacto 
na saúde e na vida da população, sem falar em 
outros agravos que parecem atingir a socie-
dade e prejudicar a vida das pessoas, como é 
o caso da violência.
O que fazer para evitar que essas doen-
ças se espalhem ou afetem negativamente a 
vida das pessoas? Como reconhecê-las ou, até 
mesmo, barrá-las? Que ações devem ser feitas?
Nesse contexto, surge o termo “vigilância em saúde” que tem por objetivo 
a observação e análise permanente da situação de saúde da população, articu-
lando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos 
e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios, garan-
tindo a integralidade da atenção - o que inclui tanto a abordagem individual 
como coletiva dos problemas de saúde (BRASIL, 2010).
Vamos entender um pouco mais desse conceito.
Quando falamos de Vigilância em saúde, três ações estão implícitas 
(BOCCATTO, 2012):
 - a observação da situação de saúde;
 - a análise dessa situação;
 - e o conjunto de ações destinadas a controlar os determinantes das doen-
ças e dos agravos.
A vigilância em saúde deve estar cotidianamente inserida em todos os níveis de 
Vigilância em Saúde
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atenção da saúde. A partir de suas específicas ferramentas, as equipes de saúde 
da atenção primária podem desenvolver habilidades de programação e planeja-
mento, de maneira a organizar os serviços com ações programadas de atenção 
à saúde das pessoas, aumentando o acesso da população a diferentes atividades 
e ações de saúde (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, o conceito de vigilância em saúde inclui: a vigilância e o 
controle das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não 
transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância ambiental em saúde, 
vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância sanitária (BRASIL, 2010).
O quadro 1, a seguir, explica um pouco das particularidades de cada uma 
delas; mas, apesar das diferenças, Boccatto (2012) indica alguns princípios nor-
teadores comuns, tais como:
 ■ A manutenção da qualidade na coleta de dados;
 ■ A consolidação desses dados em informações fidedignas;
 ■ A ampla disseminação dessas referidas informações a todos aqueles que 
as geraram e que delas necessitam tomar conhecimento, servindo de fer-
ramenta para:
 → A elaboração de programas, a identificação de fatores de risco e a aplicação 
de medidas de controle.
 ■ A capacitação e o aprimoramento de pessoal;
 ■ A aquisição de equipamentos e tecnologias;
 ■ O desenvolvimento de produções científicas.
Nesse sentido, vale destacar que, para a operacionalização da Vigilância em Saúde, 
é necessária a colaboração e a coparticipação de todos os gestores, técnicos, 
tra balhadores de todos os níveis e atores sociais, e a adaptação aos inovado-
res modelos de gestão dos serviços públicos e privados, principalmente aqueles 
de cunho social, sem perder suas características inerentes (BOCATTO, 2012).
Atualmente, o Decreto 7508 (2011) estabelece que a Vigilância em Saúde faz 
parte da rede regionalizada e hierarquizada de serviços junto com a Aten-
ção Primária; urgência e emergência; atenção psicossocial; atenção ambula-
torial especializada e hospitalar. 
A Portaria n° 104, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério da Saúde, define 
as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no 
Regulamento Sanitário Internacional de 2005, a relação de doenças, agravos 
e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o territó-
rio nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos 
profissionais e serviços de saúde.
Fonte: adaptado de Brasil (2011).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E78
Quadro 1 - Áreas de atuação da Vigilância em Saúde
Vigilância
Epidemiológica
Realiza um conjunto de ações que proporcionam o conheci-
mento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos 
fatores determinantes e condicionantes de saúde individual 
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medi-
das de prevenção e controle de doenças ou agravos. Trabalha 
com doenças sexualmente transmissíveis agudas e crônicas; 
doenças transmissíveis agudas; doenças transmissíveis crô-
nicas; doenças imunopreveníveis; investigações e respostas 
a casos e surtos e epidemias; doenças emergentes; agravos 
inusitados; inclui, também, o Programa Nacional de Imuniza-
ção (PNI), descentralizado aos municípios.
Vigilância Am-
biental
Desencadeia um conjunto de atividades relativas às zoonoses 
e questões sanitárias ligadas ao meio ambiente e riscos à saú-
de (água, ar e solo), com ações integradas com as subprefei-
turas e outras secretarias, devendo participar na formulação 
da política e na execução de ações de saneamento básico.
Vigilância da 
Saúde do traba-
lhador
Desencadeia um conjunto de atividades que, por meio das 
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, se 
destinam à promoção e à proteção à saúde dos trabalhado-
res, assim como visa recuperação e reabilitação da saúde dos 
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das 
condições de trabalho.
“Doenças reemergentes” são doenças já conhecidas que haviam sido con-
troladas, mas que voltaram a representar ameaça à saúde humana, registra-
-se no Brasil a dengue, a cólera e a leishmaniose visceral.
 (Francisco Antônio Zancan Paz e Marilina Assunta Bercini)
Vigilância Epidemiológica
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Vigilância Sani-
tária
Realiza um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou 
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários 
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de 
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.
Vigilância da 
Situação de 
Saúde
Desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/es-
tado/região/município/território, por meio de estudos e análi-
ses que revelem o comportamento dos principais indicadores 
de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo 
para um planejamento de saúde mais abrangente.
Fonte: Boccatto (2012).
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Quando falamos em Vigilância epidemiológica, adotamos o conceito: 
[...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a de-
tecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes 
e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou 
agravos (BOCCATTO, 2012).
Vamos conhecer um pouco mais sobre a VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA.
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) foi criado 
no Brasil em 1975, junto ao Ministério da Saúde, abrangendo, exclusi-
vamente, doenças infecciosas de notificação compulsória e agravos 
inusitados à saúde. Em 1990, implantou-se o sistema de vigilância de even-
tos adversos pós vacinação e, a partir daí, outros sistemas de vigilância 
foram sendo incorporados, tais como a farmacovigilância, sistema 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIUN I D A D E80
de informação de agravos de notificação, vigilância ambiental, vigilância de trau-
mas e lesões, vigilância das doenças crônicas e vigilância global para respostas 
rápidas a doenças emergentes (WALDMAN, 2012).
Vejamos um pouco a respeito delas:
- Vigilância de doenças infecciosas: analisa o comportamento das doen-
ças (imprevisível e impacto global), influenciada pelo comportamento humano.
- Farmacovigilância: se aplica à identificação, análise, compreensão de even-
tos adversos associados ao uso de medicamentos, com a finalidade de estabelecer 
as bases técnicas para a sua prevenção (medicamentos, vacinas, hemoderivados, 
produtos biológicos, plantas medicinais, medicina tradicional e complementar 
e equipamentos médicos).
- Vigilância ambiental: coleta, analisa e dissemina informações sobre expo-
sições ambientais potencialmente de risco e desfechos, estabelece associação 
entre os desfechos e especificas exposições ambientais potencialmente de risco.
- Vigilância de traumas e lesões: monitora a incidência, causas e circuns-
tâncias em que ocorrem casos fatais e não fatais, intencionais e não intencionais 
- classificação internacional de doenças por causas externas (um dos maiores e 
relevantes problemas de saúde pública - 10ª causa de morte no mundo).
- Vigilância de doenças crônicas: o sistema de vigilância de fatores de risco 
e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) faz parte 
das ações do Ministério da Saúde para estruturar a vigilância de doenças crôni-
cas não transmissíveis (DCNT) no país. 
- Vigilância global para respostas rápidas às doenças emergentes: em 
resposta à rápida urbanização, consumo de alimentos industrializados, novas 
técnicas de criação intensiva de animais, uso inadequado de antibióticos, alte-
rações ambientais, correntes migratórias e intercâmbio mundial e transportes 
de massa intercontinental, elaborou-se o Regulamento Sanitário Internacional 
com respostas a possíveis epidemias com rápida disseminação.
Os diferentes sistemas de vigilância têm suas especificidades, no entanto, 
têm em comum os seguintes objetivos (WALDMAN, 2012):
 - Identificar novas doenças ou eventos adversos à saúde;
 - Detectar epidemias e documentar a disseminação de doenças;
Vigilância Epidemiológica
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 - Estimar a magnitude da morbidade e da mortalidade causadas por deter-
minados agravos;
 - Identificar grupos e fatores de risco envolvendo a ocorrência de doenças, 
assim como resíduos de fonte de infecção e de suscetíveis;
 - Recomendar, com base objetivas e científicas, as medidas necessárias 
para prevenir ou controlar a ocorrência de específicos agravos à saúde;
 - Avaliar o impacto de medidas de intervenção e a adequação das táticas 
e estratégias aplicadas;
 - Revisar práticas antigas e atuais de sistema de vigilância, com o objetivo 
de propor novos instrumentos metodológicos.
A Vigilância Epidemiológica atualizou, em 2016, a lista nacional de notifica-
ção compulsória referente a doenças, agravos e eventos de impor tância para 
a saúde pública, por meio da Portaria 204/2016. Essa lista tem abrangência 
nacional em toda a rede de saúde, pública e privada e, obrigatoriamente, as doen-
ças devem ser regis tradas e notificadas no Sistema de Informação de Agravos 
de Notificação (SINAN), obedecendo às normas e rotinas estabelecidas pela 
Os termos doença, agravo e evento são muito utilizados no contexto da saú-
de, você conhece o significado deles?
• Doença: significa enfermidade ou estado clínico, independentemente de 
origem ou fonte, que repre sente ou possa representar um dano significativo 
para os seres humanos.
• Agravo: significa qualquer dano à integridade física, mental e social dos 
indivíduos, provocado por cir cunstâncias nocivas, como acidentes, intoxica-
ções, abuso de drogas e lesões auto ou heteroinfligidas.
• Evento: significa manifestação de doença ou uma ocorrência que apresen-
te potencial para causar do ença.
 Fonte: Brasil (2011). 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E82
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (BOCCATTO, 2012).
Quadro 2 - Lista Nacional de Notificação Compulsória
NOTIFICAÇÃO IMEDIATA (< 24 HORAS)
- Acidente de trabalho: Grave, fatal e em 
crianças e adolescentes
- Acidente por animal peçonhento
- Acidente por animal potencialmente 
transmissor da raiva
- Botulismo
- Cólera
- Coqueluche
- Dengue - óbitos
- Difteria 
- Doença aguda pelo vírus Zika em 
gestantes
- Doença de chagas aguda
- Doença invasiva por: “haemophilus 
influenzae”
- Doença meningocócica e outras 
meningites
- Doenças com suspeita de dissemina-
ção intencional:
a. Antraz pneumônico
b. Tularemia
c. Varíola
- Doenças Exantemáticas:
a. Arenavírus
b. Ebola
c. Marburg
- Eventos adversos graves ou óbitos 
pós-vacinação
- Evento de saúde pública (ESP) que se 
constitua ameaça à saúde pública (ver 
definição no artigo 2º desta portaria)
- Febre amarela
- Febre de Chikungunya em áreas sem 
transmissão
- Óbito com suspeita de febre de 
Chikungunya
- Febre no Nilo ocidental e outras 
Arboviroses de importância em saúde 
pública
- Febre Maculose e outras Riquetisioses
- Febre Tifóide
- Hantavírus
- Influenza humana produzida por novo subtivo 
viral
- Leptospirose
- Malária na região Extra Amazônica
- Poliomielite por poliovírus selvagem
- Peste
- Raiva humana
- Síndrome da Rubéola Congênita
- Síndrome da paralisia flácida aguda
- Síndrome respiratória aguda grave associada a 
coronavírus
a. Sars- Cov
b. Mers- Cov
- Tétano:
a. Acidental
b. Neonatal
- Varicela - caso grave internado ou óbito
- Violência sexual e tentativa de suicídio
NOTIFICAÇÃO SEMANAL
- Acidente de trabalho com exposição a 
material biológico
- Dengue - Casos
- Doença aguda causadas pelo vírus Zika
- Doença de Creutzfeldt-jacob (DCJ)
- Esquistossomose 
- Febre de Chikungunya
- Hanseníase
- Hepatites Virais
- HIV/Aids - Infecção pelo vírus da imu-
nodeficiência adquirida
- Infecção pelo HIV em gestante, partu-
riente ou puérpera e criança exposta ao 
risco de transmissão vertical do HIV
- Infecção pelo vírus da imunodeficiên-
cia humana (HIV)
- Intoxicação exógena (por substâncias 
químicas, incluindo agrotóxicos, gases 
tóxicos e metais pesados
- Leishmaniose Tegumentar Americana
- Leishmaniose Visceral
- Malária na região Amazônica
- Óbito
a. Infantil 
b. Materno
- Sífilis
a. Adquirida
b. Congênita
c. Em gestantes
- Toxoplasmose gestacional e congênita
- Tuberculose
- Violência: Doméstica e/ou outras violências
Fonte: Prefeitura do Rio - PORTARIA GM/MS 204/2016 (2016, on-line)1.
A notificação compulsória, como o nome diz, é obrigatória a todos os profis-
sionais de saúde: enfermeiros, médicos, odontólogos, mé dicos veterinários, 
biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem 
como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particu-
lares de saúde e ensino.
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SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
O aperfeiçoamento do Sistema de 
Vigilância em Saúde, na década de 90, 
acompanhou o desenvolvimento das 
tecnologias de informática em nosso 
país, tornando possível o acesso ágil 
a bases de dados com informações 
variadas e desagregadas sobre diversos 
registros, sendo esses dados utilizados 
em pesquisas científicas, avaliação e 
planejamento dos serviços de saúde 
e no ensino.
A informação na saúde é impres-
cindível para que se tomem as decisões 
corretas para melhorar o nível de saúde de uma determinada população. Nesse 
sentido, surgem os sistemas de informação em saúde, definidos, por Medronho 
(2008), como um conjuntode componentes que atuam integrada e articulada-
mente e que tem como propósito obter e selecionar dados e transformá-los em 
informação, esta, entendida como necessária para o processo de decisão, próprio 
das organizações e indivíduos que planejam, financiam, administram, provém, 
medem e avaliam os serviços de saúde.
GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
O Guia de Vigilância em Saúde dissemina procedimentos de fluxos, prazos, 
instrumentos, definições de casos suspeitos e confirmados, funcionamen-
to dos sistemas de informação em saúde, condutas, medidas de controle e 
demais diretrizes técnicas para operacionalização do Sistema Nacional de 
Vigilância em Saúde.
Fonte: Brasil (2016). 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E84
Tais sistemas devem ter como característica:
serem articulados nos três níveis de gestão - sistemas municipais, estadu-
ais e federais; 
 ■ serem utilizados por todos os envolvidos no planejamento, gestão e ava-
liação dos serviços de saúde; 
 ■ utilizar a informação como meio para melhorar o nível de saúde das 
populações, e 
 ■ disponibilizar aos usuários dos serviços, as informações obtidas.
A operacionalização dos sistemas de saúde deve ser sistematizadas e organi-
zadas; os procedimentos de coleta devem estar normatizados; os manuais de 
operação devem prever todas as situações; as pessoas responsáveis devem conhe-
cer a importância do que fazem e deve haver supervisão e assessoria adequada.
Nesse sentido, o processo dos sistemas de informação em saúde são orga-
nizados nas seguintes etapas:
Figura 1 - Etapas de organização do processo dos sistemas de informação em saúde
Fonte: o autor.
Os dados coletados são armazenados em um banco de dados, em que ocorre 
o registro e onde é possível fazer a sua recuperação para que possam ser pro-
cessados, analisados e, assim, gerar informações para a tomada de decisão e o 
controle de ações.
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Existem inúmeros sistemas de informações, mas queremos destacar os sistemas de 
informação de interesse à saúde e os Sistemas Nacionais de Informação em Saúde.
Dentre os sistemas de interesse à saúde, podemos relacionar, entre outros:
 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem atri-
buições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas 
e econômicas, o que inclui realizar censos e organizar as informa-
ções obtidas nesses censos para suprir órgãos das esferas governa-
mentais federal, estadual e municipal, e para outras instituições e o 
público em geral (BRASIL - IBGE, 2017, on-line)2.
 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) que obtém 
informações anuais sobre características demográficas e socioe-
conômicas da população, como sexo, idade, educação, trabalho e 
rendimento, características dos domicílios e, com periodicidade 
variável, informações sobre migração, fecundidade, nupcialidade, 
entre outras, tendo como unidade de coleta os domicílios. Temas 
específicos abrangendo aspectos demográficos, sociais e econômi-
cos também são investigados (BRASIL - IBGE, 2017, on-line)2.
 - Ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que é uma 
fundação pública federal, vinculada ao Ministério do Planejamen-
to, Desenvolvimento e Gestão, o qual realiza pesquisas que forne-
cem suporte técnico e institucional às ações governamentais para 
a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de 
desenvolvimento brasileiros (BRASIL - IPEA, [2017], on-line)3.
Dados - é a matéria prima da informação, ou seja, são valores ainda não 
trabalhados.
Indicadores - quantificação da realidade, permitem comparar níveis de saú-
de entre diferentes populações, ao longo do tempo, derivam dos dados e 
geram informações.
Informações - tradução dos dados após eles serem trabalhados, de forma a 
permitir alterar o conhecimento de outras pessoas, descreve uma situação 
real associada a um referencial explicativo.
Fonte: Cordoni Jr (2001).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E86
O departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), criado 
em 1991, organiza o Sistema Nacional de Informação, dando suporte aos órgãos 
do SUS no processo de planejamento, operação e controle.
O quadro a seguir sintetiza os principais Sistemas de Informação: Sistema de 
informação de mortalidade (SIM), Sistema Nacional de nascidos vivos (SINASC), 
Sistema Nacional de notificação (SINAN), Sistema de Informação hospitalar 
(SIH) e Sistema de informação ambulatorial (SIA), bem como os dados referen-
ciais, forma de coleta, sua origem e algumas observações.
Quadro 3 - Características dos principais sistemas de informação em saúde
SISTEMA REFERENCIA FORMA DE 
DADOS
ORIGEM OBS.
SIM Óbitos Declaração 
de óbito 
(DO)
Hospi-
tais
Médicos
IML
(1975)- DO- causa básica base-
ado no Código Internacional de 
Doenças CID 10 (2007).
1990- implantou DO na Secreta-
ria de estado de saúde em 3 vias 
(1 Serviço de saúde- 1 cartório- 1 
unidade notificadora).
Indicadores: mortalidade pro-
porcional por causa, faixa etária, 
taxa geral, causas específicas, 
mortalidade infantil, mortalidade 
materna.
SINASC Nascidos 
vivos
Declaração 
de nasci-
dos vivos 
(DNV)
Hospi-
tais
Cartó-
rios
3 vias DNV (branca, serviço de 
saúde; amarela, cartório; e rosa, 
unidade de saúde.
Indicadores: taxa bruta de fe-
cundidade e natalidade, taxa de 
mortalidade infantil e materna, 
proporção de mães adolescentes 
e partos cesáreos.
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SISTEMA REFERENCIA FORMA DE 
DADOS
ORIGEM OBS.
SINAN Agravos 
notificáveis
Fichas de 
notificação 
e investiga-
ção
UBS, 
hos-
pitais, 
clínicas, 
ambula-
tórios e 
consul-
tórios
(1990-1993) Doenças de noti-
ficação obrigatória, incidência, 
prevalência e letalidade, áreas de 
risco, tendência dos agravos. Per-
fil epidemiológico dos agravos.
Lista de doenças de notificação 
obrigatória, estados e municípios 
podem acrescentar na lista.
Doenças crônicas transmissíveis 
(AIDS, esquistossomose, hansení-
ase e tuberculose) e não trans-
missíveis (desnutrição grave), 
agudas transmissíveis (cólera, 
dengue e imunoprevenível) e 
não transmissíveis (acidentes 
com animais peçonhentos e into-
xicações por agrotóxico).
Ficha individual de notificação 
(suspeita clínica) e de investiga-
ção (serviço de VE).
SIH Informação 
hospitalar
Autori-
zação de 
internação 
hospitalar 
(AIH)
Hos-
pitais 
conve-
niados 
ao SUS
(1990) AIH preenchida para toda 
internação do SUS - 90% das 
internações, reembolso realizado 
pelo mecanismo de pagamento 
fixo por procedimento realizado.
Indicadores - tempo médio de 
permanência geral ou específica, 
valor médio da internação, pro-
porção de internação por causa 
ou procedimento, mortalidade 
hospitalar geral ou causa ou 
procedimento.
SIA Informação 
ambulatorial
Boletim de 
produção 
de serviços 
ambulato-
riais (BPA)
Serviços 
ambu-
latoriais 
cadas-
trados 
pelo SUS
Não verifica morbidade e sim 
procedimentos, auxiliando no 
controle, auditoria, avaliação e 
planejamento.
Fonte: adaptado de Cordoni JR (2001).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E88
Além desses bancos de dados, podemos destacar:
 ■ SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de crianças e 
gestantes;
 ■ SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica -, consolida dados da 
população adscrita nos Programa de Saúde da Família; 
 ■ SISCAT - Sistema de Informação Sobre Acidentes de Trabalho -, acidente 
no local ou no trajeto ou adoecem devido ao trabalho(CAT); 
 ■ SI-PNI- Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização - 
avalia a cobertura das diferentes vacinas em todos os municípios brasileiros.
Existe uma grande necessidade de ampliar a utilização de dados produzidos 
pelos sistemas de informação, no sentido de subsidiar a tomada de decisão de 
gestores e ações dos profissionais de saúde, acreditando que as informações, se 
adequadamente utilizadas, podem contribuir para a redução de desigualdades 
e melhoria das ações de saúde em nosso país.
É de responsabilidade de todo profissional zelar pela qualidade da informação 
prestada em seus atendimentos, orientar a equipe na coleta, no processamento, 
na tomada de decisão e no controle dos dados produzidos.
A publicação de documentos com os indicadores brasileiros tem como ob-
jetivo subsidiar, com informações relevantes, os processos de formulação, 
estruturação e avaliação de políticas e ações públicas de importantes estra-
tégias para o sistema de saúde.
(Ministério da Saúde)
Indicadores de Saúde
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INDICADORES DE SAÚDE
Como você já viu no Tópico 3, os 
Indicadores são a quantificação da 
realidade, permitem comparar níveis 
de saúde entre diferentes populações 
ao longo do tempo, os quais derivam 
dos dados e geram informações de 
saúde.
Em uma linguagem mais técnica, 
eles são descritos como medidas de 
razões (frequências relativas) em 
forma de proporções (fatia do total 
de casos ou morte), coeficientes/taxas 
(risco do evento ocorrer) ou índice 
(não expressa risco), sintetizando o 
efeito de determinantes de natureza 
variada sobre o estado de saúde de 
uma população.
Os indicadores têm como objetivo prover dados necessários ao planeja-
mento e avaliação dos serviços; identificar os fatores determinantes das doenças 
e permitir sua prevenção; avaliar os métodos usados no controle das doenças; 
descrever as histórias das doenças e classificá-las; colocar à disposição do homem 
conhecimento e tecnologia que possam promover a saúde individual por meio 
de medidas de alcance coletivo (CORDONI JR, 2001).
Para que sejam considerados um bom indicador, algumas características 
são necessárias, tais como:
 ■ o dado tem que estar disponível;
 ■ a técnica de manejo e entendimento deve ser simples; 
 ■ deve ser uniforme;
 ■ ter a capacidade de ser sintético;
 ■ ter poder discriminatório.
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Quanto à natureza dos indicadores, eles podem ser positivos ou negativos. 
Os indicadores positivos de saúde são os índices de vida, ou seja, as condi-
ções demográficas, alimentação e nutrição, educação, alfabetização, condições 
de trabalho, situação de emprego, transporte, consumo e economias gerais, habi-
tações e condições de moradia com inclusão de saneamento básico, vestuário, 
lazer, segurança social e liberdade humana. No entanto, esses dados são mais 
difíceis de mensurar.
Os indicadores positivos mais utilizados na saúde são a taxa de natalidade, a 
taxa de fecundidade e a esperança de vida ao nascer. Já os indicadores negativos 
quantificam e descrevem a ocorrência de determinados agravos à saúde, doença 
e morte, para conhecer quantos adoecem e quantos morrem.
Quando queremos saber quantos adoecem (morbidade), ou seja, como se 
dá a manifestação de doença nas populações, a epidemiologia utiliza duas medi-
das principais - a prevalência e a incidência.
A incidência considera os casos novos das doenças ou ocorridos recente-
mente em determinada região, já a prevalência refere-se ao total de casos de uma 
região (novos e antigos), contados em um tempo limitado.
Ambas são calculadas em termos de coeficientes, que determina o risco do 
evento ocorrer e auxilia na comparação entre regiões, seguindo a fórmula:
 
Vale ressaltar que existem outros fatores que podem aumentar a prevalência dos 
casos, tais como a melhora na detecção de novos casos (aprimoramento diagnós-
tico), a maior duração da doença e aumento da sobrevida (melhora no tratamento, 
como o caso da AIDs), a imigração dos casos e emigração dos sadios; mas, por 
outro lado, alguns fatores podem diminuir a prevalência, como o aumento da 
letalidade, diminuição de incidência e o impacto das políticas públicas e emi-
gração de casos e imigração de sadios (MENEGUEL, 2015).
Coeficiente de Prevalência
C.I = nº casos conhecidos de uma doença X 1000
Coeficiente de Incidência
C.I = nº casos novos da doença X 1000________________________________ ________________________________________
população sob risco população
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Outro coefi ciente que se calcula a partir do número de casos de uma doença 
é a letalidade (CL), expressa pela fórmula a seguir, que mede o risco de uma 
pessoa morrer quando acometida por uma doença, ou seja, a gravidade de uma 
doença ou agravo. 
Quando queremos saber quantas pessoas morreram por determinada causa, 
utilizamos indicadores de mortalidade proporcional (MP) e coefi cientes de mor-
talidade (geral, mortalidade infantil, mortalidade segundo causas, mortalidade 
materna, mortalidade por grupo etário).
O coefi ciente geral de mortalidade (CGM) calcula o risco de óbito em uma 
comunidade, podendo ser possível relacionar o nível de saúde de diferentes áreas, 
no tempo. O CGM, em uma população, fi ca em torno de 6-12 óbitos/1000 hab, 
se o cálculo fi ca abaixo disso indica pouca fi dedignidade dos dados. A fórmula 
para o cálculo é:
 
Também é possível fazer o cálculo de mortalidade proporcional dentro de um 
grupo determinado, tal como por grupos etários, sexo ou por causa de morte. 
Vejamos a seguir.
MORTALIDADE PROPORCIONAL SEGUNDO GRUPO ETÁRIO
Quando se calcula a mortalidade segundo os grupos etários, é possível obser-
var a distribuição percentual dos óbitos por faixa etária na população residente 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
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em determinado território no ano considerado. Ela é calculada com a seguinte 
expressão:
 
Na análise da mortalidade do conjunto dos grupos etários, utiliza-se a CURVA 
DE NELSON DE MORAES, construída a partir da distribuição proporcional 
dos óbitos por grupos etários: menor de 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 19; 20 a 49 anos; 
e 50 anos ou mais, em que é possível observar 4 tipos de curvas.
Figura 2 - Curva de Nelson de Moraes - mortalidade proporcional por idade em diferentes situações de 
saúde
Fonte: Medronho (2008).
Curva 1 - nível de saúde muito baixo: óbitos de adultos, jovens e meno-
res de 1 ano.
Curva 2 - nível de saúde baixo: óbito na faixa infantil e pré-escolar.
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Curva 3 - nível de saúde regular: aumento da mortalidade de 50 anos e 
diminuição de óbitos infantis.
Curva 4 - nível de saúde elevado: predomínio quase absoluto de óbitos de 
pessoas mais velhas.
Outro índice de referência para análise da proporção de óbitos acima de 50 
anos é o ÍNDICE DE SWAROOP E UEMURA, em que os altos valores estão 
relacionados a regiões mais desenvolvidas: maior de 75% - típico de países desen-
volvidos; 50-74% - certo desenvolvimento e regular organização dos serviços de 
saúde; 25-49% - estágio atrasado de desenvolvimento; abaixo de 25% - alto grau 
de subdesenvolvimento. Calculado por meio da fórmula:
 Número de óbitos em 50 anos de idade
ISU = x 100 
 Total de óbitos
Outro coefi ciente muito utilizado é o de mortalidade infantil (CMI), que estima 
o risco de crianças nascidas vivas morrerem antes de 1 ano, em uma certa área 
e período,sendo sensível às condições de vida e de saúde, em que as altas taxas 
refl etem condições de vida e de saúde precárias. Considerado um dos melhores 
indicadores de saúde de uma população, sua fórmula é: 
Valores abaixo de 20 por mil nascidos vivos são considerados baixos e acima de 
60 por mil são considerados altos.
No Brasil, em 2014, o coefi ciente de mortalidade infantil foi calculado 14 
para cada mil nascidos vivos, sendo que a queda foi de 77%, uma das mais sig-
nifi cativas do mundo nesse período (MENEGUEL, 2015).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
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IIIU N I D A D E94
A mortalidade proporcional por causas de morte específicas auxilia a iden-
tificação das principais causas de morte em uma certa localidade, é baseada na 
causa básica do óbito, registrado no atestado de óbito, sendo que pode ser uti-
lizada no delineamento de prioridades na área de saúde. Seu cálculo é feito da 
seguinte forma:
 MPCM = N óbitos por grupo de causa x 100
 N total de óbitos residentes
Outro cálculo importante, possível de realizar, é o de Mortalidade por causas 
evitáveis, que são classificadas segundo a possibilidade de intervenção e existên-
cia de tecnologia, independentemente dos procedimentos estarem disponíveis 
ou não: os redutíveis por imunoprevenção, o adequado controle da gravidez, a 
atenção ao parto, o diagnóstico e tratamento médico precoce. 
Dentre as causas evitáveis, se destaca o coeficiente de mortalidade materna 
As taxas de mortalidade infantil (TMI) podem ser subdivididas em neonatal 
ou precoce e pós neonatal ou tardio.
• A mortalidade neonatal verifica óbitos de 0-27 dias, podendo ser, ain-
da: 
• precoce: 0-6 dias - em que as causas estão relacionadas a proble-
mas na gestação e ao parto.
• tardia: 7-27 dias - causas relacionadas a anomalias e afecções.
• A mortalidade pós neonatal ou infantil tardia acontece entre o 28-
364 dias e tem suas causas relacionadas ao meio ambiente, condições 
de vida e acesso aos serviços de saúde, nutrição, agentes infecciosos, 
gastroenterites, infecções respiratórias e desnutrição, em que a melho-
ria no indicador está relacionada ao aumento de saneamento, do nível 
educacional materno e aumento da atenção à saúde da criança.
• A mortalidade perinatal ou óbito fetal (CID 10) acontece entre 22a 
semana de gestação e a 1a semana de vida.
Fonte: adaptado de Medronho et al. (2008).
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(CMM), que calcula o risco de óbito por causas ligadas à gestação, parto ou puer-
pério (período de 42 dias após o parto). O CMM é um importante indicador da 
qualidade de assistência à gestação e ao parto.
Quanto à mortalidade materna, considera-se morte obstétrica direta aquela 
que provém de complicações obstétricas, devido a intervenções, omissões e trata-
mento incorreto. Já a morte obstétrica indireta ocorre quando resulta de doenças 
antes, desenvolvidas durante, ou agravadas pelo efeito da gravidez.
Vale ressaltar que a validade das medidas de mortalidade segundo a causa 
depende da qualidade de informações registradas nas declarações de óbito e da 
cobertura do registro de óbitos; a proporção de óbitos por causa mal definidas é 
um indicador da qualidade de informações sobre a mortalidade.
ALGUNS DESAFIOS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE
As transformações ocorridas no campo 
da Saúde Pública, nos últimos anos, 
impulsionaram mudanças estru turais e a 
proposição de modelos inovadores de ges-
tão, objetivando a melhoria da qualidade 
dos serviços e da assistência destinados 
à população, em sintonia com os princí-
pios do Sistema Único de Saúde (SUS) 
(BOCCATTO, 2012).
Mudanças ainda podem ser vistas; 
em 2011, o Decreto nº 7508 estabeleceu 
que Vigilância em Saúde é parte de uma 
rede regionalizada e hierarquizada de serviços, trabalhando junto com a Atenção 
Primária; urgência e emergência; atenção psicossocial; atenção ambulatorial 
especializada e hospitalar. 
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Reprodução proibida. A
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Contudo, nem tudo se resolve com um decreto, ainda mais quando se trata 
de seu campo de atuação, o qual é complexo, atuando em:
1. Ações diretas (coleta, consolidação, planejamento de programas de acordo 
com a prioridade e ações de controle e disseminação);
2. Capacitação de recursos humanos e suporte de recursos tecnológicos; 
3. Divulgação para a sociedade. 
Vejamos três desafios que permeiam as vigilâncias e que precisam ser enfrenta-
dos, considerando que existem muitos outros, destacamos os que seguem: 
1. A tomada de decisão com base na informação
Apesar dos avanços da tecnologia de informação e o imenso benefício dos siste-
mas nacionais de informação na vigilância epidemiológica, ainda se faz necessário 
o aperfeiçoamento desses sistemas, bem como o relacionamento e compatibili-
dade entre as bases de dados e o desenvolvimento de alguns sistemas específicos.
Quando se desenvolve um sistema de vigilância implica-se o acesso à elevada 
gama de informações, especialmente as relativas à morbidade, à mortalidade, à 
estrutura demográfica, ao estado imunitário e nutricional da população, à situa-
ção socioeconômica e ao saneamento ambiental, sendo que a saúde, atualmente, 
tem sido a porta de entrada para vários sistemas, tendo íntima relação com a 
situação social regional. Dessa forma, é necessário integrar todas as Unidades 
de Atendimento à Saúde – tam bém intersetorialmente e intersecretarialmente 
(SETA; REIS; DELAMARQUE, 2010).
A utilização das informações para tomada da decisão requer que todo o 
processo de Vigilância, da coleta, consolidação, planejamento, controle e disse-
minação de informações seja monitorado e conte com um sistema de informação 
consistente e integrado.
Ainda existe uma grande necessidade de ampliar a utilização de dados produ-
zidos pelos sistemas de informação, no sentido de subsidiar a tomada de decisão 
de gestores e ações dos profissionais de saúde, acreditando que as informações, 
se adequadamente utilizadas, podem contribuir para a redução de desigualda-
des e melhoria das ações de saúde em nosso país.
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É de responsabilidade de todo profissional zelar pela qualidade da informação 
prestada em seus atendimentos, orientar a equipe na coleta, no processamento, 
na tomada de decisão e no controle dos dados produzidos. 
2. Estruturação e qualificação das equipes
A colaboração e a coparticipação de gestores, técnicos, tra balhadores de todos os 
níveis e atores sociais é essencial para o desenvolvimento do trabalho na Vigilância 
em saúde, bem como ter pessoal suficiente e com qualificação para o desenvolvi-
mento das ações. Tal necessidade se dá devido à dinâmica do processo de trabalho 
da Vigilância, exigindo, também, educação permanente dos profissionais envol-
vidos, que deve ser planejada de forma estratégica e integral, visando à melhoria 
da promoção da saúde, à prevenção das doenças, ao diagnóstico, ao tratamento 
e a medidas de controle, debelando surtos e epidemias e melhorando a qualidade 
de vida e de saúde da comunidade (BOCATTO, 2012).
Nesse sentido, o profissional da saúde deve desenvolver uma dinâmica de 
aprendizagem e inovação, cujo primeiro passo deve ser a capacidade crescente 
de adaptação às mudanças, comprometimento, busca de trabalho integrado, 
saber propor e desenvolver projetos, bem como competência técnica e disciplina.
3. A pesquisa e a produção do conhecimento
A cooperação entre serviços, universidades e institutos de pesquisa no desen-
volvimento de pesquisas e na formação de recursos humanos para a vigilância 
em saúde constituium desafio.
A pesquisa em saúde mobiliza muitos atores de origens diversas, com visões, 
interesses e linguagens distintas; nesse sentido, construir uma agenda de priorida-
des para pesquisa na área de saúde é uma tarefa árdua, que pressupõe estabelecer 
consensos e compartilhar recursos; mas, por outro lado, um campo rico de pos-
sibilidades, em que o profissional pode articular saberes, pessoas e instituições, 
buscando a melhoria do serviço e da qualidade de vida das pessoas.
Ao pontuar esses desafios, queremos que estes sejam encarados de forma 
estratégica pelo gestor, no sentido de que estes possam ser encarados como novas 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E98
oportunidades, e que os momentos de crise podem e devem ser vistos como espa-
ços de crescimento e desenvolvimento dos serviços e das pessoas. 
Você conhece o modelo atual das práticas em Vigilância adotado em seu 
município? Que desafios eles enfrentam? Quais as fragilidades dos sistemas 
de Vigilância de seu município?
Faça um registro de suas reflexões!
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Vigilância em Saúde, como parte da Rede de Atenção à Saúde, está incluída 
no campo de ação do SUS, desenvolvendo uma série de ações e programas rele-
vantes para a prevenção e controle de doenças e agravos, contribuindo para o 
trabalho do gestor no estabelecimento de prioridades, na alocação de recursos, 
nas orientações programá ticas, entre outras, em várias áreas do trabalho na saúde.
Quando consideramos o contexto da atuação do profissional da saúde, é 
fundamental destacar, entre os diversos sistemas de vigilância, o contexto da 
Vigilância epidemiológica, pois ela sistematiza inúmeras ações com a finali-
dade de subsidiar e proporcionar conhecimento, detectar ou a prevenir qualquer 
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou 
coletiva e, ainda, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de preven-
ção e controle de doenças ou agravos.
Para que as ações propostas pela Vigilância sejam concretizadas, é necessário 
acesso a um elevado e complexo conjunto de informações: relativas à morbi-
dade, mortalidade, situação socioeconômica e demográfica das pessoas, entre 
muitas outras. Dessa forma, o Ministério da Saúde conta com o Departamento 
de Informática do SUS (DATASUS).
O DATASUS reúne diversos sistemas de informações, como diferentes infor-
mações de saúde, com a finalidade fornecer dados aos gestores para que estes 
possam subsidiar a tomada de decisão. Entretanto, não basta apenas ter acesso 
aos dados, o profissional deve ser capaz de transformar os dados em informa-
ções, bem como desenvolver uma dinâmica de aprendizagem e inovação, cujo 
primeiro passo deve ser a capacidade crescente de adaptação às mudanças, com-
prometimento, busca de trabalho integrado, saber propor e desenvolver projetos.
Essa tarefa é um grande desafio para todos os profissionais envolvidos no 
trabalho da Vigilância em Saúde!
100 
Em 2006, os gestores do SUS assumiram o compromisso público da construção do Pacto 
pela Saúde 2006, com base nos princípios constitucionais do SUS e ênfase nas necessi-
dades de saúde da população.
O Pacto pela Saúde define prioridades articuladas e integradas em três componentes: 
Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS.
O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades de cada ente federado, de forma 
a tornar mais claro quem deve fazer o quê, contribuindo, assim, para o fortalecimento 
da gestão compartilhada e solidária do SUS. Propõe, ainda, avançar na regionalização e 
descentralização do SUS, respeitando as especificidades regionais.
O Pacto de Gestão pressupõe:
• Assumir de maneira efetiva as responsabilidades sanitárias a inerente a cada es-
fera de gestão;
• Reforçar a territorialização da saúde como base para a organização dos sistemas, 
estruturando as regiões sanitárias;
• Instituir colegiados de gestão regional;
• Buscar critérios de alocação equitativa dos recursos financeiros;
• Reforçar os mecanismos de transferência fundo a fundo entre gestores.
Os gestores estaduais e municipais, ao definirem a aplicação dos recursos, devem consi-
derar as ações relacionadas à Vigilância em Saúde que estão destacadas como priorida-
des no Pacto pela Saúde.
A Portaria n° 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006, e os termos de compromisso de 
gestão estabelecem que os municípios assumam a responsabilidade pela gestão e exe-
cução das ações básicas “não compartilhadas” de vigilância em saúde e que as ativida-
des compartilhadas devem ser pactuadas entre os municípios e o Estado na Comissão 
Intergestores Bipartite, considerando o desenho de regionalização, a rede de serviços e 
as tecnologias disponíveis e o desenvolvimento racionalizado de ações mais complexas.
Também estabelece a caracterização de uma região de saúde, delimitada espacialmente 
de acordo com critérios previamente pactuados, inclui a análise das necessidades da 
população por ações de saúde, recursos existentes e capacidade instalada de serviços 
responsáveis por elas. As características ligadas ao grau e à forma de urbanização; dife-
renciais socioeconômicos e culturais, bem como ambientais, entre outras, interferem no 
risco de ocorrência de várias doenças ou agravos.
Exemplo disso é a relação observada entre a ocorrência de dengue e o grau de urbaniza-
ção: áreas com alta densidade demográfica, regiões conurbadas, costumam apresentar 
maior incidência da doença. Em consequência, as ações a serem desenvolvidas com vis-
tas a seu controle, necessariamente, ultrapassam os limites dos municípios, devendo ser 
planejadas regionalmente e executadas de maneira articulada.
101 
Define os serviços que devem ser disponibilizados em escala regional: laboratórios de 
saúde pública, câmaras frias para armazenamento de imunobiológicos, centros de re-
ferência para imunobiológicos especiais, centrais de armazenamento e distribuição de 
equipamentos, centrais de armazenamento de inseticidas, serviços de verificação de 
óbitos, serviços de saúde com capacidade de realização de procedimentos de alta e mé-
dia complexidade e outros que vierem a ser definidos.
Estabelece o levantamento de profissionais e da infraestrutura existentes, considerando 
a complexidade das ações a serem desenvolvidas na região. Tal levantamento é funda-
mental para o planejamento e análise da situação existente e da necessidade de profis-
sionais, por tipo e grau de formação, bem como da infraestrutura (espaço físico, equipa-
mentos etc.).
Cada sistema local/regional de saúde deverá, por intermédio do colegiado de gestão, 
discutir estratégias integradas com as diversas áreas para o enfrentamento de situações 
que exijam o compartilhamento da gestão.
Fonte: adaptado de Brasil (2010).
102 
1. Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou preven-
ção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde 
individual e coletiva. Tem como finalidade recomendar e adotar as medidas de 
prevenção e controle das doenças ou agravos. Assinale a alternativa correta.
a. Vigilância Epidemiológica. 
b. Vigilância Sanitária.
c. Vigilância da Saúde.
d. Vigilância Ambiental.
e. Vigilância Cultural.
1. Quanto às afirmações abaixo, assinale a alternativa correta.
I. As ações da vigilância epidemiológica são desenvolvidas nos sistemas locais 
de saúde para agilizar a identificação e o controle dos eventos adversos à saú-
de.
II. A vigilância epidemiológica constitui importante instrumento para planejar, 
organizar e operacionalizar serviços de saúde.
III. Informações oriundas da imprensa sobre possíveis surtos de doenças não 
devem ser consideradas para investigação, pois a mídia, constantemente, faz 
sensacionalismo sobre o caso, alarmandoa comunidade.
IV. Durante o período de investigação de caso de doença, independentemente 
do tipo da doença, devem-se adotar medidas rigorosas de isolamento.
Estão corretas:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
3. Analise os indicadores de saúde, a seguir, que têm como base de divisão o nú-
mero de habitantes do local.
I. Mortalidade geral.
II. Coeficiente de incidência acumulada.
III. Mortalidade infantil.
IV. Mortalidade materna.
Assinale a alternativa correta. 
103 
a. I, II, III e IV estão corretas.
b. Apenas I e II estão corretas.
c. Apenas I e III estão corretas.
d. Apenas I, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
4. No conjunto dos sistemas de notificação e vigilância epidemiológica e sanitária 
no Brasil, o responsável por coletar e processar dados sobre agravos de no-
tificação em todo o território nacional é o:
a. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
b. Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE).
c. Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan).
d. Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
e. Sistema de Informação em Vigilância Sanitária (SIVISA).
5. Observe a curva de mortalidade por idades e, de acordo com seu formato, indi-
que em que nível de saúde está população.
a. Tipo I: nível de saúde muito baixo.
b. Tipo II: nível de saúde baixo.
c. Tipo III: nível de saúde regular.
d. Tipo IV: nível de saúde elevado.
e. Tipo V: nível de saúde muito elevado.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Epidemiologia: exercícios indisciplinados
Stela Nazareth Meneghel
Editora: Tomo
Sinopse: o livro “Epidemiologia: exercícios indisciplinados” é uma obra que objetiva discutir alguns 
dos principais temas da epidemiologia no contexto da saúde coletiva e das políticas públicas 
de saúde. Destina-se a estudantes da graduação dos diferentes cursos do campo da saúde e a 
trabalhadores de serviços e instituições, motivados pelo estudo da epidemiologia e pela aplicação 
de seus métodos. O texto traz o cinema, a arte e a literatura como coadjuvantes do conhecimento 
epidemiológico e mistura textos teóricos com exercícios (indisciplinados) pautados em dados reais, 
nos sistemas de informação de saúde do país; mas, também, em notícias de jornal e da Internet. 
Espera que se possa auxiliar os leitores a problematizar algumas das questões epidemiológicas 
do cotidiano dos cursos e serviços, assim como ajudar a organização de indicadores de saúde e 
elaboração de per� s de saúde/doença e de estudos epidemiológicos. Em suma, contribuir para a 
análise da situação de saúde da população (Rede Unida).
 o livro “Epidemiologia: exercícios indisciplinados” é uma obra que objetiva discutir alguns 
Yesterday
fi lme sul africano, nos quais as questões de gênero, raça e 
classe acompanham a jornada de uma mulher afetada pelo HIV, 
em busca de um tratamento digno para sua enfermidade.
Livro - Epidemiologia - Exercícios indisciplinados.
Trata-se de um livro que aborda alguns dos principais temas da epidemiologia no contexto da 
saúde coletiva e das políticas públicas de saúde.
Disponivel em: <http://www.redeunida.org.br/editora/biblioteca-digital/
epidemiologia-exercicios-indisciplinados-pdf/view>
REFERÊNCIAS
105
BOCCATTO, M. Vigilância em saúde. São Paulo: Unifesp, 2012.
BRASIL. Decreto N° 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, 
de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de 
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfe-
derativa, e dá outras providências. Presidência da República Casa Civil, 2011.
______. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saú-
de, Secretaria de Vigilância à Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2010.
______. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de 
Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em 
Serviços, 2016. 773 p.
______. Indicadores e dados básicos para saúde. Ministério da Saúde. Secretaria 
Técnica da Ripsa, 2001.
______. Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adota-
das em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Interna-
cional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de 
notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, 
responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Diário Oficial 
da República Federativa do Brasil, 2011.
CORDONI JR, L. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Uel, 2001.
MEDRONHO, R. et al. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2008.
MENEGHEL, S. N. Epidemiologia: exercícios indisciplinados. Porto Alegre: Tomo, 
2015.
SETA, M. H.; REIS, L. G. C.; DELAMARQUE, E. Gestão da Vigilância à Saúde. Especia-
lização em Gestão em Saúde. Florianópolis: Departamento de Ciências da Adminis-
tração/UFSC, 2010.
WALDMAN, E. A. CAMPOS, G. W. S. et al. (orgs). Vigilância como prática de saúde 
pública. Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. p. 487-528.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4364979/4155726/SVS_NotifCom-
pulsoria.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2017.
2 Em: <http://www.ibge.gov.br/home/default.php>. Acesso em: 12 mai. 2017.
3 Em: <http://www.ipea.gov.br/portal/>. Acesso em: 12 mai. 2017.
GABARITO
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
POLÍTICAS PÚBLICAS DE 
SAÚDE NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender as principais políticas públicas de saúde voltadas à 
saúde da mulher.
 ■ Entender as políticas públicas de atenção à saúde da criança.
 ■ Estudar as políticas públicas com foco na saúde do adulto e da 
pessoa idosa.
 ■ Compreender a organização do sistema de saúde na atenção à 
populações vulneráveis.
 ■ Debater sobre as políticas públicas voltadas à saúde mental.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Atenção à saúde da mulher
 ■ Políticas de atenção à saúde da criança
 ■ Políticas públicas de saúde do adulto/idoso
 ■ Políticas de saúde e populações vulneráveis
 ■ Políticas públicas de saúde mental
INTRODUÇÃO
Olá, caro aluno(a), estudamos, até aqui, aspectos fundamentais para a compre-
ensão da saúde pública brasileira, abordando desde conceitos de saúde e doença, 
marcos históricos que antecederam o Sistema Único de Saúde e que levaram a 
sua criação, assistência à saúde no modelo de Redes de Atenção, até a operacio-
nalização da vigilância em saúde.
Entendemos que é a partir do levantamento das reais necessidades da popu-
lação que se criam as políticas públicas, as quais devem elaborar planos de ação 
com o objetivo de minimizar e/ou resolver os problemas da sociedade.
Nesta unidade, discutiremos as políticas públicas de saúde, separando-as de 
acordo com o seu público alvo, como: mulher, criança, adulto e idoso, populações 
vulneráveis e saúde mental. Assim, em cada tópico você irá se deparar com uma 
área da saúde, as quais compõem eixos importantes da saúde pública brasileira.
O conhecimento das políticas públicas de saúde específicas para cada público 
a ser assistido é extremamente relevante quando se deseja analisar a situação 
da saúde atual, além de permitir uma visão mais ampliada sobre as conquistas 
alcançadas, desafios e rumos a serem trilhados.
Iremos perceber que as políticas públicas de saúde buscam atender as deman-
das de cuidado da população, levando em consideração o contexto do momento 
e indicadores de resultado, além de buscar o cumprimento dos objetivos e prin-
cípios do SUS em suas ações.
Enquanto futuro profissional da área da saúde, você poderá se deparar com 
situações que envolvam clientelas diversas, por isso a importância de debater 
sobre as políticas públicas de saúde separadamente para cada área.
Nota-seque abordaremos assuntos bem diversos em cada tópico, assim, abas-
teça-se de muito ânimo, determinação e vontade de seguir em frente.
Vamos lá e bons estudos!
Introdução
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Para iniciar esse tópico, precisamos recordar que, ao longo da história da huma-
nidade, a mulher exerceu, por muito tempo, o papel social de mãe e cuidadora 
dos afazeres domésticos. A visão restrita sobre a mulher, considerando-a apenas 
como reprodutora, acabava por gerar uma imagem frágil, delicada. A subordi-
nação da mulher ao homem, o qual era o provedor do lar e possuía a sua figura 
associada à autoridade, também foi outra característica bastante presente na his-
tória e que deu origem às sociedades patriarcais.
Com relação à saúde, apenas nas primeiras décadas do século XX é que a 
saúde da mulher recebeu um olhar diferenciado dos gestores e, então, passou 
a fazer parte das políticas nacionais de saúde. No entanto, até a década de 70, 
os programas ainda possuíam como embasamento esse conhecimento limitado 
e fragmentado da mulher e sua saúde. O enfoque central dos programas era a 
saúde da criança e da gestante (materno-infantis), por considerá-las 
grupos com maior vulnerabilidade (BRASIL, 2004a).
Com o movimento feminista brasileiro, em meados da 
década de 60, o qual propunha, entre outras coisas, a 
igualdade de gênero, foi possível ampliar o conceito 
de saúde da mulher, entendendo a saúde sexual e 
reprodutiva como um direito (GIFFIN, 2002).
 Outros assuntos também relaciona-
dos à mulher, e não apenas àqueles ligados à vida 
reprodutiva, começaram a ser discutidos, como 
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, méto-
dos contraceptivos, sexualidade, excesso de trabalho e 
desigualdades (BRASIL, 2004a).
 Foi nesse cenário que, em 1983, o Ministério da Saúde 
lançou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher 
(PAISM), buscando integralizar a assistência à essa clien-
tela com ações educativas, de promoção, prevenção, 
diagnóstico e tratamento.
Atenção à Saúde da Mulher
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O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de des-
centralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como 
a integralidade e a equidade da atenção, num período em que, parale-
lamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabou-
ço conceitual que embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde 
(SUS) (BRASIL, 2004a, p. 16).
Em 2004, foi elaborada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
(PNAISM), a fim de atender às reais necessidades das mulheres brasileiras e, 
nesse sentido, reduzir índices de morbidade e mortalidade por causas evitáveis.
Esta nova política foi formulada tendo por base a avaliação das políti-
cas anteriores e, a partir de então, buscou preencher as lacunas deixa-
das, como: climatério/menopausa; queixas ginecológicas; infertilidade 
e reprodução assistida; saúde da mulher na adolescência; doenças crô-
nico-degenerativas; saúde ocupacional; saúde mental; doenças infecto-
-contagiosas, bem como a atenção às mulheres rurais, com deficiência, 
negras, indígenas, presidiárias e lésbicas (FREITAS et al., 2009, p. 427).
As mudanças no papel social da mulher, sua inserção no mercado de traba-
lho atrelada a novos hábitos e estilo de vida, sobrecarga de responsabilidades e 
estresse da vida moderna, acabou por provocar mudanças no perfil epidemio-
lógico das mulheres (BRASIL, 2004a).
Doenças antes com pouco significado passam a chamar a atenção devido à 
sua elevada prevalência, como é o caso das doenças crônicas não-transmissíveis 
(DCNT), como Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial e o Câncer.
A epidemiologia do câncer em mulheres no Brasil, especialmente o câncer 
de mama e colo uterino, e sua magnitude social também são focos importan-
tes quando se discute sobre a saúde da mulher. Por isso, muitas estratégias são 
pensadas e implementadas no sentido de controlar essas doenças. É sabido que 
quando diagnosticadas precocemente possuem grandes chances de cura, o que 
destaca a importância do rastreamento e adoção de condutas terapêuticas em 
tempo oportuno (BRASIL, 2013a).
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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A operacionalização da PNAISM se deu na prática por meio da elaboração de 
diversas ações consideradas prioritárias no atendimento à saúde dessa clientela. 
Nesse sentido, foram estabelecidos Pactos, Programas e Políticas. Algumas delas 
serão apresentadas em seguida.
Primeiramente, podemos citar o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade 
Materna e Neonatal, realizado em 2004, cuja meta estabelecida foi a redução 
anual de 5% da mortalidade materna e neonatal. Para tanto, foram estabeleci-
das uma série de ações estratégicas, como (BRASIL, 2004b):
 ■ Efetivação de pactos municipais e estaduais; 
 ■ Qualificação e humanização da atenção à saúde da mulher e da criança;
 ■ Acolhimento ao parto;
 ■ Garantia do direito ao acompanhante e ao alojamento conjunto; 
 ■ Resolutividade à atenção ao parto e ao nascimento; 
 ■ Garantia de atenção humanizada ao aborto; 
 ■ Organização de acesso e adequação da oferta de serviços; 
 ■ Qualificação do atendimento às urgências/emergências; 
 ■ Melhoria da rede hospitalar e ampliação dos centros de parto normal; 
 ■ Expansão da atenção à saúde da mulher e da criança; 
De acordo com o Ministério da Saúde, o rastreamento refere-se a realização 
de um exame em um indivíduo saudável, não-doente, cujo objetivo é iden-
tificar sinais indicativos/sugestivos de câncer e, quando necessário, enca-
minhá-lo para uma investigação mais aprofundada e/ou tratamento. Para o 
câncer de mama, a principal forma de rastreamento é a mamografia, e para 
o câncer de colo de útero o exame citopatológico/Preventivo/Papanicolau. 
 Fonte: Brasil (2013a).
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 ■ Ampliação das ações de planejamento familiar; 
 ■ Redução da transmissão vertical do HIV/aids;
 ■ Proteção à saúde da mulher trabalhadora; 
 ■ Atenção às mulheres e recém-nascidos negros e indígenas, respeitando 
as suas particularidades étnicas e culturais; 
 ■ Acompanhamento de planos e seguros privados de saúde; 
 ■ Promoção à educação permanente dos profissionais envolvidos com a 
atenção obstétrica e neonatal; 
 ■ Garantia à vigilância ao óbito materno e infantil; 
 ■ Fortalecimento dos projetos de premiação de serviços exemplares.
Em 2005, foi lançada a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal com 
o objetivo de desenvolver ações voltadas à atenção pré-natal, parto, recém-
-nascido, acompanhamento no pós-parto imediato, atendimentos às principais 
intercorrências obstétricas e neonatais e atenção no puerpério no âmbito do 
SUS (BRASIL, 2005).
Em 2013, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional para a Prevenção 
e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças 
Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando reduzir os índi-
ces de mortalidade e incapacidades provocadas pelo câncer, além de melhorar a 
qualidade de vida dos usuários com a doença (BRASIL, 2014a).
Pense na importância de um modelo de atenção à saúde que possua uma 
efetiva comunicação e articulação nos diferentes níveis de atenção. A ga-
rantia de acesso aos serviços e assistência integral à mulher é fundamental.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASILReprodução proibida. A
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Atualmente, é possível verificar que a população de mulheres é superior a dos 
homens, com maior expectativa de vida e que adoecem com maior frequên-
cia, o que justifica a saúde da mulher ser entendida como prioridade no Brasil 
(BRASIL, 2004a). 
Nesse sentido, é fundamental pensarmos em ações de saúde, no âmbito da 
promoção, prevenção e tratamento, que compreendam a mulher como um todo, 
entendendo-a como um ser biopsicossocial inserido num contexto e não mais 
de forma fragmentada como no início do século passado.
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA
Para iniciarmos este tópico, faço a seguinte pergunta: quem já ouviu dizer ou 
mesmo já disse que a criança é um adulto em miniatura?
Na área da saúde, por muito tempo, as crianças foram tratadas como adul-
tos ou, conforme colocado na pergunta acima, como “adultos em miniatura”, 
ignorando aspectos específicos da infância, tais como seu crescimento e desen-
volvimento, além de características individuais presentes nessa fase.
Isso se deve ao fato de que, ao longo da história, a criança ocupou diferen-
tes posições na sociedade. No período colonial, muitas crianças eram vistas, pela 
própria família, como mão de obra barata; submetidas a castigos/torturas ou, 
ainda, abandonadas em casas de caridade ou hospitais (RIBEIRO, 2006).
As condições sanitárias da época eram péssimas, atreladas à má alimenta-
ção e a falta de assistência qualificada no parto faziam as taxas de mortalidade 
infantil crescerem cada vez mais.
No século XVII, a criança passou a ter representatividade nas famílias, as 
quais começaram a demonstrar afeto por elas. No entanto, no século XVIII, 
muitas crianças continuam sendo abandonadas, uma situação ainda aceita pela 
sociedade (ARIÈS, 2011).
A separação das crianças de seus pais ainda acontecia no século XIX, quando 
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elas eram enviadas para os colégios internos ou internatos e lá eram cuidadas e 
educadas (RIBEIRO, 2006).
A família não entendia qual o seu papel na vida da criança. Apenas quando 
ela começou a compreender a sua importância para a formação e desenvolvi-
mento de um indivíduo e os serviços públicos assumiram a sua responsabilidade 
assistencial é que a criança começou a ser respeitada e valorizada. Foi então 
que começaram a ser criadas as políticas públicas de atenção à saúde da criança 
(ARAÚJO et al., 2014).
Na década de 1920, surgem os primeiros debates sobre o aleitamento materno, 
na busca de estratégias para a sua promoção, já que bebês não amamentados 
adoecem mais frequentemente e isso representava maior absenteísmo de mulhe-
res no trabalho. Nos próximos anos, foram criados programas cujo foco era a 
maternidade, infância e adolescência; no entanto, todos ainda com um olhar 
fragmentado e curativo acerca da criança (SILVA, 2006).
Mesmo com a implantação, em 1970, do Programa Nacional de Saúde 
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Materno-Infantil, que possuía como objetivo principal reduzir a morbimorta-
lidade de mães e bebês, o panorama geral de saúde das crianças mantinha-se 
crítico (SILVA, 2006).
Pensando em uma assistência integral à saúde da criança, ou seja, que con-
siderasse suas diversas dimensões, valorizando-a como um ser único e que não 
pode ser dissociado de sua família, é que, em 1984, foi criado o Programa de 
Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC).
O PAISC possuía como objetivo promover ações de saúde, de modo a prio-
rizar as crianças com maior risco de adoecer. As ações de saúde englobavam: 
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento; incentivo ao aleitamento 
materno; controle das doenças diarreicas e das Infecções Respiratórias Agudas 
(IRAs) e a imunização (BRASIL, 1984).
Em 1990, foi aprovada a lei 8.069, que dispõe sobre o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA), o qual garante amplos direitos de proteção à vida e à 
saúde dos mesmos.
No ano de 1991, foi instituído o Programa de Assistência à Saúde Perinatal 
(PROASP), com vistas a uma assistência de maior qualidade voltada ao binômio 
mãe-feto e recém-nascido. Nesse período, muito se discutiu sobre a importância 
do alojamento conjunto e do aleitamento materno (COSTA et al., 2010).
Na busca por uma assistência humanizada à criança no âmbito hospitalar e 
que valorizasse a amamentação é que, em 1995, o Ministério da Saúde implan-
tou a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).
Já em 1996, foi adotada a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na 
Infância (AIDPI), uma estratégia que buscou fortalecer e organizar a atenção 
primária à saúde, capacitando os profissionais para o cuidado e tratamento das 
doenças mais frequentes em crianças menores de cinco anos.
Considerando o número significativo de nascimentos prematuros e com 
baixo peso, o Ministério da Saúde lançou, em 2000, o Método Mãe Canguru - 
Atenção Humanizada ao recém-nascido de baixo peso. 
O método propicia o contato pele a pele entre a mãe ou outro membro da 
família e o recém-nascido, contribuindo para o estabelecimento e fortalecimento 
do vínculo afetivo, além de outros inúmeros benefícios já comprovados na lite-
ratura (PINHEIRO et al., 2014).
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Ainda em 2000, foi criado o Programa Nacional de Humanização do pré-
-natal e nascimento, buscando assegurar a integralidade da assistência desde o 
pré-natal, incluindo gestantes de baixo e alto risco, parto, transcorrendo pelo 
puerpério até o período neonatal.
Em 2004, foi lançada a Agenda de compromissos para a saúde integral e 
redução da mortalidade infantil, a qual destacou a importância de ações que 
fortaleçam o nascimento saudável, contribuam para o crescimento e desenvol-
vimento e combatam os principais agravos nutricionais e doenças mais comuns 
na infância (SILVA et al., 2009).
Seguindo a proposta das Redes de Atenção em Saúde (RAS), tema já abor-
dado na Unidade II, deste livro, é que em 2011 foi implantada a Rede Cegonha 
e em 2012 a Rede Mãe Paranaense. Essas RAS têm como proposta a organiza-
ção da atenção materno-infantil, à medida que permitem a integração de ações 
e serviços de saúde.
Em agosto de 2015, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção 
Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do SUS, a qual apresenta sete 
eixos estratégicos (BRASIL, 2015):
 ■ Atenção humanizada e qualificada à gestação, parto, nascimento e 
recém-nascido.
 ■ Aleitamento materno e alimentação complementar saudável.
 ■ Promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral.
As políticas públicas de saúde da criança estão em constante construção. 
Buscam uma assistência integral que inclua a família, migrando do modelo 
centrado na doença para o modelo de construção de redes.
(Juliane Pagliari Araújo)
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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 ■ Atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças 
crônicas.
 ■ Atenção à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e 
promoção da cultura de paz.
 ■ Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas 
e de vulnerabilidade.
 ■ Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.
Percebe-se que, ao longo da história, as políticas públicas de saúde voltadas à 
criança foram se transformando, se adequando tanto ao papel social exercido pela 
criança como ao perfil epidemiológico e às demandas de saúde de cada época.
POLÍTICASPÚBLICAS DE SAÚDE DO ADULTO/IDOSO
Neste tópico, iremos abordar alguns 
aspectos das políticas públicas de 
saúde voltadas ao adulto e ao idoso. 
Mas quem é o adulto?
Podemos considerar o adulto 
aquele que encontra-se na faixa etária 
entre 18 e 60 anos de idade, já que de 
acordo com o Estatuto do Idoso, consi-
dera-se pessoa idosa aquela com idade 
igual ou superior a 60 anos (BRASIL, 
2003) e para o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a adolescência se encerra 
aos 18 anos (BRASIL, 1990).
Já é conhecido que na atualidade ocorre uma queda das taxas de fecundi-
dade e de mortalidade infantil, bem como um aumento da expectativa de vida. 
Os homens adoecem menos que as mulheres? Os homens não se importam 
com a própria saúde? Por quê eles não procuram com frequência os serviços 
de saúde?
(Joseane da Rocha Dantas Cavalcanti, Jocelly de Araújo Ferreira, Amanda 
Haissa Barros Henriques, Gilvânia Smith da Nóbrega Morais, Janaína Von 
Sohsten Trigueiro e Isolda Maria Barros Torquato)
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Assim, os adultos representam uma porção significativa da população e, por-
tanto, merecem atenção por parte das políticas públicas de saúde.
Para o planejamento de ações de saúde, tanto individuais como coletivas, 
voltadas ao adulto, é fundamental conhecer o perfil epidemiológico dessa popu-
lação. Nesse sentido, podem ser destacadas algumas condições específicas, como: 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, tuberculose, hanseníase e a saúde do 
homem (PERALBA, 2012).
Em 2008, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do 
Homem (PNAISH), a fim de reconhecer os determinantes sociais que expõem 
essa parcela da população a riscos de adoecer, evidenciando os principais fato-
res que contribuem para a morbimortalidade (BRASIL, 2008).
Um dos principais objetivos desta Política é promover ações de saúde 
que contribuam significativamente para a compreensão da realidade 
singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais e políti-
co-econômicos; outro, é o respeito aos diferentes níveis de desenvolvi-
mento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão. Este 
conjunto possibilita o aumento da expectativa de vida e a redução dos 
índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis nessa 
população (BRASIL, 2008, p. 3). 
No cenário atual referente à saúde do adulto, nota-se que as políticas públicas 
estão alinhadas a uma busca pela assistência integral do indivíduo. Para isso, 
muito se discute sobre a reorganização das Redes de Atenção em Saúde (RAS), 
de forma que elas se articulem/se comuniquem para atender as demandas dessa 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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população. Aliado à isso, o Ministério da Saúde tem investido na linha do cui-
dado voltado às doenças crônicas (UNA-SUS/UFMA, 2014).
As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) configuram-se como sério 
problema de saúde pública. Considerando sua magnitude em todo o território 
brasileiro, foi elaborado o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das 
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), 2011-2022.
Fazem parte do Plano os quatro principais grupos de DCNT, os quais são: 
circulatórias, câncer, respiratórias crônicas e diabetes. Os fatores de risco em 
comum modificáveis para essas doenças são: tabagismo, álcool, inatividade física, 
alimentação não saudável e obesidade; sobre os quais busca-se ações integradas 
visando a melhoria das DCNT em geral (BRASIL, 2011).
Melhorar as condições de vida do adulto é pensar em idosos mais saudáveis, 
com maior qualidade de vida. 
O envelhecimento pode ser considerado como um processo natural da vida 
que, em condições normais, não acarreta nenhum tipo de problema (senescên-
cia). Já a senilidade refere-se à exposição do indivíduo a doenças, por exemplo, 
o que exige assistência de saúde (BRASIL, 2007). 
Todos nós estamos envelhecendo a cada dia, logo, hoje somos mais velhos 
do que ontem. E pensar no envelhecimento suscita uma série de ações de pro-
moção da saúde - grande foco das políticas públicas.
O termo “envelhecimento ativo” passou a ser utilizado no final dos anos 90, 
com o intuito de expandir os fatores que afetam o envelhecimento para além da 
saúde. As políticas públicas passaram, então, a pensar em ações que abordassem a 
alimentação saudável, prática de atividade física, combate às situações de violên-
cia familiar e urbana, redução do consumo do tabaco e álcool etc (BRASIL, 2007). 
Em 1994, é criada a Política Nacional do Idoso, a qual propõe ações em diversas 
áreas, como trabalho, lazer, habitação e saúde. Nesta última, a política busca garan-
tir ao idoso a assistência nos diferentes níveis de atenção à saúde (BRASIL, 1994).
No ano de 2003, por meio da lei n° 10.741, foi instituído o Estatuto do Idoso, 
o qual dispõe sobre o papel da família, da comunidade, bem como dos gesto-
res públicos, em garantir os direitos da pessoa idosa. O Estatuto do Idoso vem 
somar com a Política Nacional do Idoso e vai além no sentido de oferecer puni-
ções quando os direitos não são assegurados (BRASIL, 2003).
A discussão sobre a saúde do idoso dentro do contexto do Sistema Único 
de Saúde é ampla e se insere em outras políticas públicas de saúde, como as 
Políticas Nacionais de:
• Atenção Básica;
• Promoção da Saúde;
• Humanização no SUS. 
Fonte: a autora.
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Em outubro de 2006, é aprovada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
(PNSPI), cuja finalidade principal é:
[...] recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos 
indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de 
saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do 
Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006, p. 3).
Como já foi abordado em outra unidade, a saúde do idoso foi uma das seis prio-
ridades pactuadas em 2006 entre as três esferas do governo - Pacto pela Vida. 
Percebe-se que as políticas públicas de saúde voltadas ao adulto e ao idoso res-
pondem ao panorama epidemiológico de cada período, buscando atender as 
necessidades de saúde da população alvo e, assim, permitir um envelhecimento 
cada vez mais saudável.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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POLÍTICAS DE SAÚDE E POPULAÇÕES VULNERÁVEIS
Para começar esse tópico, pergunte-se: o que signifi ca estar vulnerável? Vulnerável 
em relação a que? Qual a relação entre vulnerabilidade e saúde? Quais são as 
populações vulneráveis?
Mas o que é vulnerabilidade?
Para Bertolozzi et al., (2009, p. 1327) “o termo vulnerabilidade é comumente 
empregado para designar suscetibilidades das pessoas a problemas e danos de 
saúde”.
Na saúde, a utilização do termo “vulnerabilidade” se deu no contexto da epi-
demia da AIDS/HIV, quando percebeu-se que a utilização de “grupos de risco” 
possuía um caráter restritivo e, por vezes, preconceituoso. Logo, o conceito de 
vulnerabilidade parecia ser mais amplo e, no caso da AIDS, demonstrava que 
todos os indivíduos sociais estavam vulneráveis à doença. 
De forma geral, uma pessoa vulnerável é aquela que está exposta a riscos. 
Nesse contexto, é possível destacar condições que favorecem maior ou menor 
risco para o indivíduo, como, por exemplo: aspectos comportamentais do indi-
víduo e/ou do coletivo, além da possibilidade e formas para o seu enfrentamento.
Assim, conhecer as vulnerabilidades de uma determinada população per-
mite a realização de diagnósticos, com vistas à elaboração de ações específi cas 
voltadas às necessidadesdo grupo.
Atualmente, inserem-se nos grupos de populações vulneráveis: pessoas com 
defi ciência, pessoas em situação de rua, pessoas negras, pessoas idosas e grupo 
LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).
Iremos abordar, de forma pontual, alguns aspectos importantes das políticas 
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públicas de saúde para cada grupo, exceto para as pessoas idosas, visto que o 
tema já foi discutido em outro tópico.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Diante da necessidade de incluir as pessoas com deficiência na rede de serviços 
do SUS, de forma a atender integralmente suas complexas demandas de saúde, é 
que, em 2002, foi criada a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência.
Em 2012, é instituído no âmbito do SUS a Rede de Cuidados à Saúde da 
Pessoa com Deficiência (Portaria 793, de 24/04/12), estabelecendo diretrizes 
para o cuidado às pessoas com deficiência temporária ou permanente; progres-
siva; regressiva ou estável; intermitente ou contínua.
A organização e funcionamento dos serviços de saúde, com comunicação 
entre as redes de atenção, articulando prevenção, promoção e reabilitação, é fun-
damental para uma assistência de qualidade a esse grupo vulnerável.
Em julho de 2015, foi criada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a qual prevê uma série de 
direitos, entre eles o direito à saúde. 
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
O número de Pessoas em Situação de Rua (PSR) cresce, a cada ano no Brasil e 
isso é reflexo das condições sociais da população, como: desemprego, pobreza, 
formação de grandes centros urbanos, rápida urbanização de algumas localida-
des, entre outras (BRASIL, 2014b). 
“O Bicho 
Vi ontem um bicho 
Na imundície do pátio 
Catando comida entre os detritos. 
Quando achava alguma coisa, 
Não examinava nem cheirava: 
Engolia com voracidade. 
O bicho não era um cão,
 Não era um gato, 
Não era um rato.
 O bicho, meu Deus, era um homem”. 
O poema de Manuel Bandeira retrata a triste realidade das PSR, grupo esse 
que ganhou visibilidade nos últimos anos, o que permitiu uma série de 
avanços na área.
Fonte: Bandeira (1993).
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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A invisibilidade desse grupo é um problema que impede que seus direitos 
enquanto cidadãos sejam reconhecidos e garantidos.
Nesse sentido, em 2009, instituiu-se a Política Nacional para População em 
Situação de Rua, a partir da qual:
considera-se população em situação de rua o grupo populacional he-
terogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos fa-
miliares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia 
convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas 
degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma tempo-
rária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para per-
noite temporário ou como moradia provisória (BRASIL, 2014b, p. 11).
São vários os objetivos dessa política, entre eles (BRASIL, 2014b):
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 ■ Assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas 
que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assis-
tência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda; 
 ■ Garantir a formação e a capacitação permanente de profissionais para 
atuação no desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, trans-
versais e intergovernamentais direcionadas às pessoas em situação de rua; 
 ■ Desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para a for-
mação de cultura de respeito, ética e solidariedade entre a População em 
Situação de Rua e os demais grupos sociais;
 ■ Implantar centros de defesa dos direitos humanos para a População em 
Situação de Rua; 
 ■ Criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social 
(SUAS) e o Sistema Único de Saúde (SUS) para qualificar a oferta de 
serviços;
 ■ Implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para 
proporcionar acesso permanente à alimentação pela População em Situação 
de Rua, com qualidade; 
 ■ Disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em 
situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de 
trabalho.
Na área da saúde, um grande avanço aconteceu também em 2009, com a cria-
ção do Comitê Técnico de Saúde para a população em situação de rua, por meio 
da Portaria MS/GM n° 3.305.
Em 2013, foi publicado o Plano Operativo para Implementação de Ações 
em Saúde da População em Situação de Rua. Nesse plano, as ações de promoção 
da saúde voltadas a essa população foram agrupadas em cinco eixos, os quais 
são (BRASIL, 2014b):
1. Inclusão da PSR no escopo das redes de atenção à saúde.
2. Promoção e Vigilância em Saúde.
3. Educação Permanente em Saúde na abordagem da Saúde da PSR.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
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4. Fortalecimento da Participação e do Controle Social.
5. Monitoramento e avaliação das ações de saúde para a PSR.
PESSOAS NEGRAS
Em 2009, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Saúde Integral 
da População Negra, em resposta às desigualdades em saúde que acometem essa 
população, que grande parte se deve ao contexto histórico desse grupo no Brasil.
Seu propósito é garantir maior grau de equidade no que tange a efeti-
vação do direito humano à saúde, em seus aspectos de promoção, pre-
venção, atenção, tratamento e recuperação de doenças e agravos trans-
missíveis e não transmissíveis, incluindo aqueles de maior prevalência 
nesse segmento populacional (BRASIL, 2013b, p. 7).
Essa política tem um caráter transversal das ações de saúde da população negra, 
à medida que realiza articulações entre as secretarias do Ministério da Saúde, 
cuja intencionalidade é a promoção de equidade - um dos princípios do SUS.
GRUPO LGBT
Na 13º Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2013, muito se discutiu 
O consultório na rua (CnaR) é uma estratégia voltada ao atendimento dessa 
população, que vive “sem endereço, e nem moradia fixa”. 
As equipes que atuam nos CnaR são formadas por profissionais de diversas 
áreas, que atuam de forma itinerante buscando garantir o acesso dessa po-
pulação à saúde. Destaca-se que essa não é a única “porta de entrada” da 
PSR no SUS. Sua entrada pode se dar, também, por meio das Unidade Básica 
de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento.
Fonte: Brasil (2014b). 
Políticas de Saúde e Populações Vulneráveis
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sobre orientação sexual e identidade de gênero como determinantes sociais de 
saúde. Nesse sentido, foram elencadas algumas estratégias:
 ■ O desenvolvimento de ações intersetoriais de educação em direitos huma-
nos e respeito à diversidade, efetivando campanhas e currículos escolares 
que abordem os direitos sociais. 
 ■ A sensibilização dos profissionais a respeito dos direitos de LGBT, com 
inclusão do tema da livre expressão sexual na política de educação per-
manente no SUS. 
 ■ A inclusão dos quesitos de identidade de gênero e de orientação sexual 
nos formulários, prontuários e sistemas de informação em saúde.
 ■ A ampliação da participação dos movimentos sociais LGBT nos conse-
lhos de saúde. 
 ■ O incentivo à produção de pesquisas científicas, inovações tecnológicas 
e compartilhamento dos avanços terapêuticos. 
 ■ A garantia dos direitos sexuais e reprodutivose o respeito ao direito à 
intimidade e à individualidade. 
 ■ O estabelecimento de normas e protocolos de atendimento específicos 
para as lésbicas e travestis.
 ■ A manutenção e o fortalecimento de ações da prevenção das DST/aids, 
com especial foco nas populações LGBT.
 ■ O aprimoramento do Processo Transexualizador. 
 ■ A implementação do protocolo de atenção contra a violência, conside-
rando a identidade de gênero e a orientação sexual (BRASIL, 2013c, p. 12).
Em 2011, foi definida A Política Nacional de Saúde Integral dos LGBT, visando 
a inclusão social desse grupo vulnerável. 
De acordo com o Ministério da Saúde, a Política tem como principal objetivo:
[...] promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e 
transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito institucional, 
bem como contribuindo para a redução das desigualdades e a consoli-
dação do SUS como sistema universal, integral e equitativo (BRASIL, 
2013c, p. 18).
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Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E128
A garantia de atendimento à saúde é um direito de todo cidadão, devendo-se 
respeitar as suas especificidades, sejam elas quais forem. Para tanto, foram cria-
das as políticas públicas de saúde para as populações vulneráveis.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL
Antes de iniciar esse tópico, é importante nos 
perguntarmos: o que é saúde mental? Quem 
são os doentes mentais? Por que a criação de 
políticas públicas direcionadas à saúde mental?
Mais uma vez, precisamos retomar a histó-
ria para compreendermos todas essas questões. 
Vamos lá!
Considerando que a loucura existe desde o 
princípio da humanidade, vários eram os locais 
destinados para se tratar os loucos: igrejas ou 
templos, domicílio e asilos. As instituições psi-
quiátricas, propriamente ditas, surgiram em 
meados do século VXIII (FOUCAULT, 1978).
A abordagem ao indivíduo com doença 
mental era autoritária, agressiva, violenta e 
totalmente excludente. O indivíduo era mantido em hospícios ou manicômios, 
longe dos familiares. Muito se falava em choques como método de tratamento 
e as famosas “camisas de força” para contenção nos momentos de crise, quando 
não eram acorrentados e trancados em salas escuras.
O descontentamento da comunidade psiquiátrica, indivíduos com transtorno 
mental, familiares e a sociedade de forma geral com o modelo de assistência na 
área de saúde mental é que fomentou o processo de Reforma.
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A Reforma Psiquiátrica, propriamente dita, iniciou-se internacionalmente. O 
médico italiano Franco Basaglia foi seu precursor na década de 60, lutando por 
melhores condições das instalações que atendiam as pessoas com transtornos 
mentais, melhor tratamento clínico e, mais para frente, criticando o modelo 
hospitalocêntrico.
Em 1978, aconteceu, no Rio de Janeiro, o I Simpósio Internacional de 
Psicanálise, Grupos e Instituições, o qual contou com a presença do Dr. Basaglia. 
A Partir desse Simpósio, a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica no Brasil 
se fortaleceu.
Na década de 70, inicia-se o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil. A 
partir desse período, vários acontecimentos marcam a história da saúde mental.
Em 1978, o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM) mos-
tra seu descontentamento com a assistência prestada ao paciente com transtorno 
mental, criticando o modelo centrado nos hospitais, além de destacar as péssi-
mas condições de trabalho e a privatização da atenção psiquiátrica.
Esse movimento social foi um dos responsáveis pela criação, em 1986, do 
primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), localizado no município de 
São Paulo.
O objetivo do CAPS é:
Quem já ouviu a expressão “ficou pinel”? Ela significa “ficou louco” e faz refe-
rência ao sobrenome de um médico que marcou a história da saúde mental.
No contexto da Revolução Francesa, Philippe Pinel, médico psiquiatra, foi 
considerado o primeiro reformador da assistência psiquiátrica. Por muitos é 
considerado o pai da psiquiatria. Em 1798, indignado com as péssimas con-
dições de tratamento, ele liberou asilados presos há mais de 30 anos. Seus 
pensamentos e atitudes influenciaram a revolução psiquiátrica em diversos 
países.
Fonte: Foucault (1995).
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E130
[...] oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, re-
alizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários 
pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortaleci-
mento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendi-
mento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em 
hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2004c, p. 13).
Em 1987, acontece a I Conferência Nacional de Saúde Mental, a qual contou 
com membros de diversos segmentos da sociedade.
A realização da I Conferência Nacional de Saúde Mental, em desdo-
bramento à 8ª Conferência Nacional de Saúde, representa um marco 
histórico na psiquiatria brasileira, posto que reflete a aspiração de toda 
a comunidade científica da área, que entende que a política nacional de 
saúde mental necessita estar integrada à política nacional de desenvol-
vimento social do Governo Federal (BRASIL, 1988, p. 9). 
No mesmo ano, na cidade de Bauru-SP, ocorre o I Encontro Nacional do 
Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental. O lema criado nesse período - 
“Por uma sociedade sem manicômios” - sugere a necessidade de discutir sobre 
a saúde mental e uma nova assistência psiquiátrica por parte da sociedade.
Um fato importante foi a intervenção na Casa de Saúde Anchieta, localizada 
em Santos-SP. A intervenção foi o fechamento do hospício, pela prefeitura, e a 
criação de centros de atenção psicossocial.
Em 1990, foi divulgado pela Organização Pan-Americana de Saúde e a 
Organização Mundial da Saúde um documento intitulado: “a reestruturação da 
atenção psiquiátrica na América Latina: uma nova política para os serviços de 
Saúde Mental”, mais conhecido como Declaração de Caracas, cuja proposta cen-
tral é a reestruturação da assistência psiquiátrica.
Nesse contexto, acreditava-se que o modelo de assistência vigente não con-
seguiria atender o indivíduo com transtorno mental em sua integralidade. O 
modelo hospitalocêntrico, como única alternativa de cuidado, acaba por pro-
vocar isolamento social e da própria família.
Em 2001, a Lei nº 10.216, conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica, 
apresenta uma nova direção para o modelo assistencial em saúde mental, garan-
tindo proteção e direitos às pessoas portadoras de transtornos mentais. 
De acordo com a lei, são direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
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“I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo 
às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de 
beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na 
família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a 
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença 
e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasi-
vos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúdemental (BRASIL, 2001, p. 1).
Com base na Lei 10.216 é se que se deu a criação da Política Nacional de Saúde 
Mental.
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº399/GM, de 22 de feve-
reiro de 2006, destaca-se que a saúde mental foi incluída como prioridade no 
Pacto pela Vida em 2007.
É claro que ainda há um longo caminho a ser percorrido na área de saúde 
mental, de modo que as políticas públicas de saúde realmente consigam aten-
der esse público de forma integral em todas as demandas. No entanto, é notório 
as conquistas alcançadas ao longo da história.
Com a desinstitucionalização, busca-se inserir a pessoa com transtorno 
mental na sociedade, permitindo sua (re)inserção no mercado de trabalho, nos 
estudos, nas práticas de lazer, além de permitir seu convívio com a família e a 
sua desestigmatização.
Nesse novo modelo de assistência em saúde mental, a família é considerada 
coparticipante no processo de reabilitação do indivíduo com transtorno mental, 
precisando ser amparada e capacitada pelos profissionais de saúde.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E132
Em 2011, foi instituída a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com 
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
A articulação dessa Rede, com valorização para os CAPS como serviço estra-
tégico em saúde mental, é um dos pontos importante para a garantia de acesso, 
integralidade do cuidado, além de resolutividade e qualidade no serviço prestado.
Assim, faz-se necessário um olhar avaliativo para as políticas de saúde vigen-
tes. Elas correspondem aos motivos pelos quais foram criadas? 
 
 
 
 
 
 
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil apresenta inúmeras políticas públicas de saúde. Nesta unidade, aborda-
mos alguns marcos importantes e características de algumas políticas voltadas 
a grupos específicos, como: mulher, criança, adulto e idoso, saúde do idoso e 
populações vulneráveis.
É importante destacar que as políticas públicas de saúde buscam atender 
às necessidades da comunidade em determinado momento, por isso elas não 
são estáticas, pelo contrário, são dinâmicas, estão em constante transforma-
ção. Afinal, a sociedade, de forma geral, vive em constante transformação, seja 
ela econômica, cultural ou política. Assim, o estudo sobre a temática tem um 
começo, mas não um ponto final! 
Além disso, as políticas públicas de saúde vão se adequando às discussões 
que emergem em cada época, tanto pela sociedade como pelos profissionais 
envolvidos. Os modelos de assistência à saúde, por exemplo, apresentaram gran-
des mudanças ao longo da história. Atualmente, é enfatizada a busca por uma 
assistência que preze pela integralidade do indivíduo, considerando-o um ser 
biopsicossocial e, nesse sentido, as políticas foram sendo re(construídas).
É um grande desafio para os profissionais da saúde, em todas as esferas de 
governo, cumprirem com as propostas pactuadas por meio das políticas públi-
cas. É necessário que as mesmas assegurem na prática os direitos constitucionais 
do cidadão.
Por isso, é importantíssimo um bom preparo do aluno na academia para o 
exercício da profissão. As bases teóricas, no caso dessa Unidade, embasadas pela 
política e marcadas pela história, são relevantes para a compreensão da atualidade.
Logo, a capacitação profissional de qualidade é fundamental na área da saúde, 
a fim de formar profissionais que implementem políticas públicas de saúde de 
acordo com as reais demandas da população, além de garantir na prática a ope-
racionalização dos princípios do SUS.
134 
O texto selecionado faz parte do manual do Ministério da Saúde sobre a Política Nacio-
nal de Saúde Integral da População Negra. A leitura permite a compreensão dos movi-
mentos sociais e das políticas gerais que antecederam a criação dessa política pública 
de saúde.
“O desenvolvimento da sociedade colonial e o processo de objetificação dos milhões de 
negros escravizados, trazidos do continente africano nos porões dos navios negreiros, 
marcaram um período longo da história brasileira. A despeito das péssimas condições 
de vida e trabalho e das diversas formas de violência às quais foram submetidos, episó-
dios de resistência e luta foram as bases para a formação de quilombos. 
Os quilombos, a princípio comunidades autônomas de escravos fugitivos, converteram-
-se em importante opção de organização social da população negra e espaço de resgate 
de sua humanidade, cultura e fortalecimento da solidariedade e da democracia, onde 
negros se constituíam e se constituem até hoje como sujeitos de sua própria história. 
Após a abolição oficial da escravatura, foram muitos os anos de luta envolvendo denún-
cias sobre a fragilidade do modelo brasileiro de democracia racial, até a fundação da 
Frente Negra Brasileira, em 1931. A partir de então, as questões e demandas de classe 
e de raça ganharam projeção na arena política brasileira, fortalecidas, posteriormente, 
pelo Movimento Social Negro, que atua organizadamente desde a década de 1970.
 Entre as décadas de 1930 e 1980, eclodiram no mundo inúmeros movimentos sociais 
que manifestaram aos chefes de Estado a insatisfação dos negros em relação à sua qua-
lidade de vida. Assumiram proeminência a luta dos negros dos Estados Unidos contra as 
regras de segregação racial vigentes naquele país e a dos negros sul-africanos contra o 
sistema do apartheid. 
No Brasil, a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, constituiu um marco 
na luta por condições dignas de saúde para a população brasileira, uma vez que fechou 
questão em torno da saúde como direito universal de cidadania e dever do Estado. Na 
conferência, o Movimento Social Negro participou ativamente, ao lado de outros movi-
mentos, em especial o Movimento pela Reforma Sanitária, do processo de elaboração e 
aprovação das propostas.
Como principal desdobramento da conferência e conquista fundamental dos movimen-
tos sociais, a Assembleia Nacional Constituinte introduziu o sistema de seguridade so-
cial na Constituição Federal de 1988, do qual a saúde passou a fazer parte como direito 
universal, independentemente de cor, raça, religião, local de moradia e orientação sexu-
al, a ser provido pelo SUS (BRASIL, 1988). 
Ainda nesse período, o movimento de mulheres negras conferiu maior visibilidade às 
questões específicas de saúde da mulher negra, sobretudo aquelas relacionadas à saúde 
sexual e reprodutiva. O racismo e o sexismo imprimem marcas segregadoras diferen-
ciadas, que implicam restrições específicas dos direitos desse segmento, vitimando-o, 
portanto, com um duplo preconceito. 
135 
As primeiras inserções do tema Saúde da População Negra nas ações governamentais, 
no âmbito estadual e municipal, ocorreram na década de 1980 e foram formuladas por 
ativistas do Movimento Social Negro e pesquisadores. 
Na década de 1990, o governo federal passou a se ocupar do tema, em atenção às rei-
vindicações da Marcha Zumbi dos Palmares, realizada em 20 de novembro de 1995, o 
que resultou na criação do Grupo de Trabalho Interministerial para Valorização da Po-
pulação Negra (GTI) e do Subgrupo Saúde. Em abril do ano seguinte, o GTI organizou a 
Mesa-Redonda sobre Saúde da População Negra, cujos principais resultados foram: a) 
a introdução do quesito cor nos sistemas de informação de mortalidade e de nascidos 
vivos; b) a elaboração da Resolução CNS nº 196/96, que introduziu, entre outros, o recor-
te racial em toda e qualquer pesquisa envolvendo seres humanos; e c) a recomendação 
de implantação de uma política nacional de atenção às pessoas com anemia falciforme. 
[...]
A atuação do Movimento Social Negro brasileiro na 11ª e na 12ª ConferênciasNacionais 
de Saúde, realizadas respectivamente em 2000 e 2003, fortaleceu e ampliou sua parti-
cipação social nas instâncias do SUS. Como resultado dessa atuação articulada, foram 
aprovadas propostas para o estabelecimento de padrões de equidade étnico-racial e de 
gênero na política de saúde do País.
[...]
 Nos anos de 2005 e 2006 ocorreram diversos seminários, encontros, reuniões técnicas e 
políticas, que culminaram com a aprovação desta Política pelo CNS, em 10 de novembro 
de 2006. Merece destaque ainda a realização do II Seminário Nacional de Saúde da Po-
pulação Negra, marcado pelo reconhecimento oficial por parte do MS da existência do 
racismo institucional nas instâncias do SUS”.
Foram muitas as conquistas, até aqui, direcionadas a esse grupo considerado vulnerá-
vel. No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido no sentido de garantir a 
equidade à população negra nas diversas esferas da vida, especialmente no que tange 
à saúde.
Fonte: Brasil (2013b).
136 
1. Sobre as políticas públicas de saúde, no Brasil, voltadas à mulher, analise as ques-
tões abaixo.
I. As políticas públicas de saúde direcionadas a esse público iniciaram nas pri-
meiras décadas do século XIX.
II. Por um longo período, os programas de saúde materno-infantis refletiram a 
visão limitada da sociedade em relação à mulher, destacando o biológico e 
seu papel social de mãe e doméstica.
III. O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), foi lançado 
pelo Ministério da Saúde em 1983 e incorporou os princípios que nortearam 
a reforma sanitária.
IV. A humanização e a qualificação da atenção em saúde são princípios nortea-
dores da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, criada em 
2004.
Assinale a alternativa correta.
a. Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b. Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
c. Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
d. Todas as afirmativas são verdadeiras.
2. As políticas públicas voltadas à saúde da criança avançaram ao longo da história. 
Buscam uma assistência à saúde por meio da construção de redes e que garanta 
a integralidade do cuidado. Sobre o assunto, Assinale a alternativa correta.
a. Desde os primórdios da humanidade, a figura da criança sempre foi permea-
da de afeto, especialmente dentro do contexto familiar.
b. O Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC), criado em 
1984, possuía como objetivo promover ações de saúde, priorizando crianças 
com maior risco de adoecer.
c. A Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), buscou for-
talecer e organizar a atenção primária à saúde, tendo como foco o cuidado e 
tratamento das doenças mais frequentes em crianças até 10 anos.
d. As Redes de Atenção em Saúde é uma realidade em diversas áreas da saúde, 
exceto na saúde materno-infantil.
e. Os eixos estratégicos da Política Nacional de Atenção Integral à saúde da 
Criança (PNAISC), desconsidera os determinantes sociais e condicionantes da 
saúde da criança.
137 
3. O envelhecimento da população é uma realidade mundial. Nesse sentido, é ne-
cessário criar estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças ao lon-
go da vida, a fim de possibilitar uma velhice com maior qualidade de vida. Sobre 
as políticas públicas de saúde voltadas ao adulto e idoso, analise as questões 
abaixo.
I. Um dos objetivos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem 
(PNAISH) é aproximar a população masculina do serviço de saúde, tendo a 
atenção primária como porta de entrada, já que muitos adentram o sistema 
de saúde pela atenção especializada.
II. O Estatuto do idoso representou uma grande conquista da população idosa 
brasileira, garantindo a eles direitos em diversas áreas, inclusive o direito à 
saúde por meio do SUS.
III. O processo de transição epidemiológica que acontece no Brasil é marcado 
pelo aumento das mortes por doenças infectocontagiosas e queda progressi-
va das mortes por doenças crônicas, a exemplo das neoplasias e hipertensão 
arterial.
IV. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), criada pelo Ministério 
da Saúde em 2006, destaca a necessidade de se considerar essa população 
igual às demais, sem distinção de grupos ou estratos, a fim de não gerar dis-
criminação.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
138 
4. Sobre as políticas públicas de saúde mental, assinale a alternativa correta:
a. A Reforma Psiquiátrica no Brasil ainda está em processo de consolidação, vis-
to que muitos hospitais psiquiátricos ainda não aumentaram o número de 
leitos.
b. São objetivos dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): acolher os pacien-
tes com transtornos mentais, auxiliá-los na sua integração familiar e na socie-
dade, além de encorajá-los na busca pela autonomia.
c. A Política Nacional de Saúde Mental propõe uma série de mudanças direcio-
nadas à saúde das pessoas com transtorno mental; no entanto, mantém o 
mesmo modelo assistencial praticado no século XVIII.
d. A Declaração de Caracas, divulgada em 1990, fortaleceu a ideia de que pesso-
as com transtorno mental eram perigosas e precisavam ser tratadas em insti-
tuições psiquiátricas.
e. A Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno 
mental possui como ponto estratégico os hospitais psiquiátricos.
5. Conhecer a vulnerabilidade de determinada população faz-se necessário para 
a elaboração de estratégias assertivas de promoção da saúde e prevenção de 
doenças. Sobre as políticas públicas de saúde direcionadas às populações vul-
neráveis (pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua, pessoas negras, 
pessoas idosas e grupo LGBT), assinale a alternativa correta.
a. O Estatuto da Pessoa com Deficiência garante, entre outros fatores, o direito 
à saúde, sem, contudo, abordar sobre o acesso aos serviços de habilitação e 
de reabilitação.
b. Uma estratégia encontrada para a assistência à saúde das pessoas em situa-
ção de rua foi a criação do Consultório na Rua, o qual está vinculado a uma 
assistência exclusivamente curativa.
c. A Política Nacional de Saúde Integral dos LGBT tem muitos objetivos, entre 
eles destacam-se: a eliminação da discriminação e preconceito, bem como 
contribuição para a redução das desigualdades e a consolidação do SUS 
como sistema universal, integral e equitativo.
d. As desigualdades sociais observadas na população negra em nada se relacio-
nam com o acesso desse grupo às questões relativas à saúde.
e. O termo vulnerabilidade pode ser entendido como sinônimo de incapacida-
de quando se aborda o processo de envelhecimento da pessoa idosa.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. 
Princípios e Diretrizes
Ministério da Saúde
Editora: Ministério da Saúde
Sinopse: o manual do Ministério da Saúde apresenta a Política 
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, com destaque para seus objetivos e princípios.
Ilha do Medo
trata-se de um suspense que acontece em uma prisão psiquiátrica 
para detentos de alta periculosidade, a qual fi ca localizada em 
uma ilha. Leonardo DiCaprio representa um agente federal que é 
encaminhado a essa ilha para investigar a morte de uma interna. 
O personagem faz críticas à instituição, dado a forma como os 
pacientes psiquiátricos eram tratados.
Nise, o coração da loucura
fi lme nacional que conta a história da psiquiatra Nise da Silveira, interpretada pela atriz 
Glória Pires. A médica propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da 
esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam 
do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia 
Ocupacional, em que dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, por meio do amor e 
da arte.
REFERÊNCIAS
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Rev Bras Enferm. v. 67, n. 6, p. 1000-7, 2014.
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GABARITO
143
1) C.
2) B.
3) A.
4) B.
5) C.
GABARITO
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Professora Dra. Marcela Demitto Furtado
POLÍTICA NACIONAL DE 
HUMANIZAÇÃO (PNH)
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender a criação da PNH, seus objetivos e princípios.
 ■ Conhecer as diretrizes e dispositivos da PNH.
 ■ Estudar sobre a segurança e direito do paciente.
 ■ Entender as políticas de saúde voltadas ao trabalhador.
 ■ Discutir os principais desafios para a humanização nos serviços de 
saúde.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Conhecendo a PNH
 ■ Diretrizes e dispositivos da PNH
 ■ Segurança e direito do paciente
 ■ Atenção à saúde do trabalhador
 ■ Desafios para a humanização nos serviços da saúde
INTRODUÇÃO
Olá, Caro(a) aluno(a), estamos quase chegando na reta final. Percorremos um 
longo caminho até aqui. Nesse percurso, acredito que você conseguiu compre-
ender os diversos aspectos que tornam a saúde pública tão ampla e complexa e, 
ao mesmo tempo, tão fascinante. 
Conseguimos preparar uma bagagem bastante vasta de conhecimento, a qual 
será de grande relevância para o melhor entendimento do temaque abordaremos. 
Nesta unidade, iremos discutir sobre a humanização, um termo bastante uti-
lizado na área da saúde atualmente, mas que ainda gera dúvidas quanto ao seu 
significado e operacionalização. Talvez porque o assunto ultrapasse as questões 
técnicas e instrumentais, alçando dimensões político-filosóficas.
A humanização é um aspecto fundamental nas políticas de saúde, por isso foi 
criada a Política Nacional de Humanização (PNH), que surgiu para reconstruir 
o modelo de assistência à saúde, bem como a gestão dos processos de trabalho. 
Assim, uma das propostas de estudo para esse momento é conhecer a PNH, 
seus objetivos, princípios, diretrizes e dispositivos. Iremos abordar, também, aspec-
tos relativos à segurança e direitos do paciente; saúde do trabalhador, bem como os 
principais desafios para que a humanização aconteça de fato nas instituições de saúde.
A reflexão sobre a humanização na prática assistencial em saúde, desde a ela-
boração de políticas públicas, gestão e co-gestão, nos processos de trabalho, até a 
realização do cuidado ao usuário, extrapolando as relações e afetando também as 
estruturas, sejam elas físicas ou não. É um exercício muito importante para todos 
os profissionais da área da saúde (Médicos, Dentistas, Tecnólogos em Estética 
e Cosmética, Biomédicos, Enfermeiros, Podólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas 
Integrativos e Complementares, Psicólogos, Nutricionistas, Fonoaudiólogos, 
Terapeutas Ocupacionais e outros).
Então, sugiro que você aproveite esse momento não só para se apropriar da 
temática, mas também para repensar sobre o profissional que você deseja ser. 
Precisamos ser a mudança que queremos ver nos serviços de saúde. 
Dessa forma, desejo, a você força de vontade, dedicação e organização para 
aproveitar ao máximo essa oportunidade.
Bons estudos!
Introdução
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CONHECENDO A PNH
Antes de conhecermos a Política Nacional de Humanização (PNH), é impor-
tante refletirmos sobre o significado da palavra humanização. Pare um instante 
e tente responder às seguintes questões: o que é humanização? Como humani-
zar o humano? O que eu entendo sobre humanização na saúde?
Em 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Humanização 
da Atenção Hospitalar (PNHAH), cujo objetivo principal é aprimorar as relações 
entre usuários e profissionais; entre os próprios profissionais e entre o serviço 
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, humanização significa o 
“ato ou efeito de humanizar”. E humanizar é “tornar humano, tornar tratável, 
civilizar” (MINIDICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2007).
Na área da saúde, o termo “humanização” começou a ser utilizado a partir do 
século XXI, partindo de discussões e recomendações realizadas pelo Minis-
tério da Saúde. Humanizar a saúde é bastante complexo, pois envolve uma 
série de questões, como: respeito à unicidade de cada indivíduo; políticas 
públicas, no sentido de garantir igualdade de acesso aos serviços; envol-
ve processo de trabalho; competência profissional; cuidado voltado àquele 
que cuida, como uma das formas de valorizar o trabalhador etc (BERMEO, 
2008).
Fonte: adaptado de Minidicionário da Língua Portuguesa (2007) e Bermeo 
(2008).
Conhecendo a PNH
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hospitalar e a comunidade. A intenção do Programa é promover uma nova forma 
de “fazer” saúde, que impacte na qualidade da assistência prestada pelas insti-
tuições vinculadas ao SUS.
Em 2003, a humanização, antes considerada programa, passa a ser uma polí-
tica - A Política Nacional de Humanização da atenção e gestão do SUS (PNH), 
também conhecida como HumanizaSUS.
A humanização, enquanto política do SUS, não se relaciona apenas a pes-
soas (usuários - trabalhadores - gestores) e suas ações, mas também envolve a 
relação existente entre elas e ambiente em que atuam. A PNH suscita modos de 
ser e fazer saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, a humanização pode ser compreen-
dida como:
[...] valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de pro-
dução de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; Fomento da auto-
nomia e do protagonismo desses sujeitos; Aumento do grau de corres-
ponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos; Estabelecimento de 
vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; 
Identificação das necessidades sociais de saúde; Mudança nos mode-
los de atenção e gestão dos processos de trabalho, tendo como foco as 
necessidades dos cidadãos e a produção de saúde; Compromisso com 
a ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento 
(BRASIL, 2004, p.15).
A PNH propõe uma nova forma de gerir e cuidar a partir de três princípios básicos:
 ■ Transversalidade. O caráter transversal da PNH refere-se ao fato de que ela 
deve estar inserida em todas as políticas e programas do SUS, ampliando 
a comunicação dentro dos grupos e entre os mesmos;
 ■ Indissociabilidade entre atenção e gestão. A gestão e a forma de gerir saúde 
está intimamente ligada à atenção prestada. Tanto os usuários como os 
trabalhadores, além de conhecer a forma de gestão dos serviços de saúde, 
precisam ser ativos no processo de tomada de decisão. 
 ■ Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos. 
No SUS humanizado, cada um (usuário, trabalhador e gestor) tem o seu 
papel bem definido, seus direitos e suas responsabilidades na constru-
ção da saúde.
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A PNH pode ser implantada em qualquer serviço de saúde, desde uma Unidade 
Básica de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento, hospitais e secretarias de saúde, 
ou seja, em toda a rede pública, desde que seja firmado um compromisso entre 
gestores, trabalhadores e usuários para a reorganização das práticas de saúde, 
aceitando as propostas da PNH.
Dentro desta reorganização das práticas de saúde, podemos observar a inser-
ção pelo Ministério da Saúde, de novas propostas de tratamentos, com a criação 
da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no 
SUS, com a aprovação da Portaria Nº 971, de 03 de maio de 2006, que visava 
garantir a população condições de bem-estar físico, mental e social, ofertando 
cinco procedimentos na área de tratamentos holísticos (Medicina Tradicional 
Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Medicina 
Antroposófica e Termalismo Social/Crenoterapia).
Em 2017, foram incluídos ao SUS mais 14 terapias, somando 19 práticas dis-
poníveis à população, sendo estas: ayurveda, arteterapia, biodança, dança circular, 
meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, 
reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e yoga.
Com o aumento da procura destas técnicas de tratamento, devido a evidências 
científicas dos benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional 
e práticas integrativas e complementares, em 21 de março de 2018, foram acres-
centadas mais dez novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares – PNPIC, através da Portaria N° 702, alterando a Portaria de 
Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017.
Estas dez técnicas introduzidas (aromaterapia, apiterapia, bioenergética, 
constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, 
ozonioterapia, terapia de florais), fez do Brasil o país líder na oferta dessa modali-
dade na atenção básica, pois passa a contar com 29 práticas integrativas pelo SUS.
Mas qual é o caminho/método a ser percorrido paraa operacionalização 
da PNH?
O Ministério da Saúde propõe que a PNH deva caminhar no sentido da 
inclusão de diferentes agentes nos processos de produção da saúde, denomi-
nado “método de tríplice inclusão” (BRASIL, 2008).
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Quadro 1 - Método de tríplice inclusão
Inclusão dos gestores, 
usuários e trabalhadores 
na produção de auto-
nomia protagonismo e 
corresponsabilidade. 
Inclusão de fenômenos 
que promovam o pensa-
mento crítico e analítico 
sobre os modelos de 
atenção e gestão, no sen-
tido de gerar mudanças.
Inclusão do coletivo, 
seja dos trabalhadores 
de saúde, quando em 
trabalho grupal, seja do 
movimento social orga-
nizado.
Fonte: Brasil (2008).
A valorização do sujeito pela PNH implica em incluí-lo no processo de traba-
lho como um agente capaz de identificar lacunas e construir estratégias para 
saná-las. Cuidar do cuidador/trabalhador de saúde é possibilitar a construção 
conjunta de estratégias para “aliviar as dores”/sofrimentos, muitas vezes oca-
sionados pela forma de gestão e organização do trabalho (PASCHE; PASSOS; 
HENNINGTON, 2011).
DIRETRIZES E DISPOSITIVOS DA PNH
As diretrizes da PNH referem-se às orientações gerais acerca dessa política 
pública de saúde. As diretrizes serão apresentadas brevemente no quadro abaixo 
(BRASIL, 2008):
Quadro 2 - Diretrizes da PNH
Clínica ampliada Envolve uma abordagem clínica da doença e do sofrimento 
que vai além do patológico. Isso permite uma visão am-
pliada do sujeito, pois considera suas outras dimensões 
dentro do processo saúde-doença. Considera o indivíduo 
como único, busca pela integralidade, combate o modelo 
fragmentado de assistência em saúde. Por meio do diálogo 
entre os sujeitos é possível a construção de decisões com-
partilhadas e comprometidas com a autonomia.
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VU N I D A D E152
Co-gestão Refere-se à inclusão de novos sujeitos no modo de gerir, 
bem como a ampliação de tarefas da gestão. Envolve a 
interação de pessoas e recursos para se alcançar os objetivos 
e metas.
Acolhimento Remete ao reconhecimento da legitimidade da necessidade 
do outro, o que envolve escuta ativa e qualificada, criação 
de vínculo. O acolhimento realizado a partir da necessidade 
do sujeito, permite o acesso àquilo que ele realmente preci-
sa, além de permitir que situações de maior vulnerabilidade 
sejam atendidas com prioridade.
Valorização do 
trabalho e do 
trabalhador 
Destaca a importância do trabalhador na tomada de 
decisão; considerando sua capacidade de análise crítica, 
reflexiva e de geração de mudanças.
Defesa dos Direi-
tos do Usuário
Os usuários possuem uma série de direitos e cabe aos pro-
fissionais e serviços de saúde divulgar esse conhecimento, 
bem como contribuir para que eles sejam cumpridos.
Fomento das 
grupalidades, 
coletivos e redes
Considera o grupo não apenas como um conjunto de indi-
víduos, é muito mais do que isso. O grupo é de um coletivo 
que está em constante transformação, compondo uma rede 
na qual o processo de produção de saúde se realiza. 
A reorganização da gestão e assistência à saúde só faz senti-
do se partir do coletivo, ou seja, dos atores do processo; é o 
que o torna democrático.
A construção das redes foi uma das estratégias para ampliar 
a comunicação entre os serviços, de modo a melhorar a 
qualidade da assistência prestada.
Construção da 
memória do SUS 
que dá certo
A história do SUS revela inúmeros desafios, porém muitas 
conquistas foram alcançadas e devem ser divulgadas. Bus-
car a memória do SUS, os pontos-chaves e marcos impor-
tantes podem auxiliar a repensar o presente e planejar o 
futuro.
Fonte: adaptado de Brasil (2008).
Os dispositivos da PNH são meios de colocar em prática as diretrizes apresen-
tadas anteriormente. São eles (BRASIL, 2008): 
 ■ Acolhimento e Classificação de Risco (ACR);
 ■ Colegiado Gestor;
 ■ Contrato de Gestão;
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 ■ Equipe Transdisciplinar de Referência e de Apoio Matricial;
 ■ Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e Câmara Técnica de 
Humanização (CTH);
 ■ Programa de Formação em Saúde e Trabalho (PFST) e Comunidade 
Ampliada de Pesquisa (CAP);
 ■ Projeto memória do SUS que dá certo;
 ■ Projeto Terapêutico Singular (PTS) e Projeto de Saúde Coletiva;
 ■ Projetos cogeridos de ambiência;
 ■ Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde: 
gerência de porta aberta, ouvidorias, grupos focais e pesquisas de satisfação.
 ■ Visita aberta e direito a acompanhante. 
A Ambiência na saúde é um termo bastante usado no contexto da humani-
zação dos serviços, pois refere-se ao tratamento do espaço/território físico 
de modo que ele seja acolhedor, confortável.
Nesse sentido, é fundamental valorizar os componentes do ambiente, como 
cor, cheiro, luz, texturas e sons, por acreditar que um bom espaço físico pos-
sa otimizar o encontro entre pessoas e ser um facilitador do processo de 
trabalho.
Vale destacar que a ambiência extrapola a ideia de uma estruturação físico-
-funcional. Envolve aspectos culturais e de modo de vida, como, por exem-
plo, a privacidade do indivíduo; acessibilidade e acesso sem discriminação; 
aspectos relativos à ergonomia, conforto térmico e acústico.
Fonte: Brasil (2010).
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
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VU N I D A D E154
SEGURANÇA E DIREITO DO PACIENTE
A preocupação em discutir sobre a 
segurança do paciente nas institui-
ções de saúde acontece em a nível 
global. Trata-se de um componente 
importantíssimo para a qualidade da 
assistência; logo, é um indicador de 
saúde que deve ser analisado criterio-
samente pelos profissionais de saúde 
e gestores nesta área.
Quando um erro acontece, infrin-
gindo a segurança do paciente, os 
prejuízos podem ser diversos para o 
mesmo, podendo se estender para sua 
família; na maioria das vezes, prolonga-se o tempo de internação, o que também 
pode gerar novos riscos, além de elevar os custos hospitalares; a morte, infe-
lizmente, pode ser também uma consequência. Diante de um erro praticado, 
destacam-se, ainda, os efeitos psicológicos traumáticos na vida dos profissionais 
de saúde que prestam o cuidado (DE CARVALHO; VIEIRA, 2002).
Foi nos Estados Unidos, a partir do relatório do Institute of Medicine, no final 
do século XX, que se iniciou um movimento sobre a segurança do paciente. O 
relatório mostrou dados sobre a assistência à saúde no país, identificando taxas 
alarmantes de eventos adversos que culminaram em mortes após a internação 
de pacientes (KOHN; CORRIGNAN; DONALDSON, 2001).
A partir do ano 2000, o mundo todo passa a reconhecer a segurança do 
paciente como uma dimensão da qualidade da assistência em saúde. Nesse sen-
tido, surgem muitas pesquisas, bem como a criação de institutos e associações 
voltadas à segurança do paciente (CASSIANI, 2005).
Frente à magnitude do problema, a Organização Mundial de Saúde estabeleceu, 
em 2004, a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient 
Safety). Trata-se de um compromisso firmado entre diversos países, com o intuito 
de definir e identificar prioridades acerca da segurança do paciente (WHO, 2008).
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Em 2013, o Ministério da Saúde, por meio da portaria GM/MS nº 529, ins-
tituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujo objetivo 
principal é melhorar a qualidade do cuidadoem saúde nos estabelecimentos 
nacionais.
Ainda em 2013, foram aprovados seis protocolos básicos de segurança do 
paciente:
1. Identificação do Paciente;
2. Prevenção de úlcera por pressão;
3. Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos;
4. Cirurgia segura;
5. Prática de higiene das mãos em serviços de saúde;
6. Prevenção de quedas.
Mesmo com tantas ações mundiais em prol da segurança do paciente, ainda há 
muito o que fazer. Uma pesquisa realizada em cinco países da américa latina entre 
2007 e 2009 mostrou que 10,5% dos pacientes hospitalizados sofreram algum tipo 
de evento adverso, sendo que 58,9% poderiam ter sido evitados (ANVISA, 2013).
Em relatório realizado em mais de 30 mil hospitais da Europa, em 2013, foi 
evidenciado que um em cada 18 pacientes apresenta infecção associada à assis-
tência em saúde, o que alerta para a necessidade urgente de estratégias que tentem 
sanar esse sério problema de saúde pública (FARIA; MOREIRA; PINTO, 2013).
De acordo com Silva (2010), o grande desafio dessa temática está na com-
preensão de que as causas dos eventos adversos são multifatoriais e que todos 
os profissionais de saúde são suscetíveis a cometer erros, especialmente quando 
o processo de trabalho é complexo e/ou encontra-se mal organizado.
Quantas vezes já ouvimos na mídia sobre casos de pacientes que foram lesados 
devido a erros provocados por profissionais de saúde? Erros na administração de 
medicação, troca de pacientes submetidos a um procedimento cirúrgico, falhas 
na prescrição médica, entre muitos outros.
James Reason, professor de psicologia da Universidade de Manchester, Reino 
Unido, tentou explicar o caráter multifatorial das falhas de segurança por meio da 
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E156
teoria sobre o erro humano, também conhecida como “queijo suíço”. Ele compara 
as fragilidades do sistema de saúde aos buracos do queijo. O alinhamento entre 
vários furos do queijo suíço é que irá culminar em perdas ou danos (REASON; 
CARTHEY; DE LEVAL, 2001).
Modelo de causa de acidente - Queijo Suiço
Sucessivas camadas de defesas, barreiras e proteções
Perdas
Perigos
Outros buracos devido às 
condições latentes (falha 
de equipamento, falta de 
treinamento ou experiên-
cia da equipe)
Alguns buracos devido 
a falha ativa (erro, 
violações de procedi-
mento)
Figura 1 - Modelo do Queijo Suíço
Fonte: Reason (2006).
Pensando no Modelo do Queijo Suíço aplicado à área da saúde, que estra-
tégias poderiam ser implementadas para evitar o desencadeamento de um 
evento adverso?
Segurança e Direito do Paciente
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Donabedian (1980) tenta explicar a ocorrência dos eventos adversos por meio 
da tríade – estrutura - processo - resultado. A estrutura relaciona-se a aspec-
tos mais estáveis, como os profissionais, os instrumentos de trabalho, os locais 
e modelos de organização dos serviços. O processo envolve as ações realizadas 
pelos profissionais em direção ao paciente, bem como as respostas destes àquilo 
que foi realizado. O resultado pode ser representado pela efetividade e eficiên-
cia das atividades praticadas, bem como pelo grau de satisfação do paciente.
Existem muitos estudos de campo que buscam investigar as causas dos even-
tos adversos na área da saúde. Muitos deles relacionados a erros de medicação.
Estudo de revisão sobre erros de medicação entre profissionais de enfer-
magem mostrou que entre as principais causas estão a sobrecarga de trabalho, 
cansaço e estresse do profissional (DOS SANTOS et al., 2014).
Independentemente de qualquer situação, é sabido que o paciente tem o 
direito de receber uma assistência em saúde segura, o que consiste em um des-
dobramento do direito à vida, já que a falta de segurança pode ocasionar a morte.
Em 2009, o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Carta dos Direitos dos 
Usuários da Saúde, a qual apresenta seis princípios básicos (BRASIL, 2011):
 ■ Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas 
de saúde.
 ■ Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu 
problema.
 ■ Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre 
de qualquer discriminação.
 ■ Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus 
valores e seus direitos.
 ■ Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento 
aconteça da forma adequada.
 ■ Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde 
para que os princípios anteriores sejam cumpridos. 
É importante destacar que a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde é um dos 
dispositivos da Política Nacional de Humanização, tema discutido nos tópicos 
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E158
anteriores. Acredita-se que promover uma assistência de qualidade a todos os 
cidadãos, com alta resolutividade, em ambiente acolhedor, faça parte de um 
atendimento humanizado.
Embora exista a constituição que garanta os direitos do paciente, é notório o 
distanciamento entre o que está em lei e a prática dos serviços de saúde. Muitos 
pacientes desconhecem seus direitos, e outros, por medo de represália das insti-
tuições e/ou profissionais de saúde, se negam a exigi-los, se omitem (VELOSO; 
SPINDOLA, 2005).
Nesse sentido, a criação de espaços democráticos criados pela sociedade 
são importantes para exigir dos gestores políticas públicas e uma administração 
que busque por medidas de proteção aos direitos do paciente (CHAUÍ, 2006).
De acordo com Gomes et al. (2008, p. 774) “a educação mostra-se como uma 
possibilidade de acesso à informação e consciência política em direção a uma 
mudança nas práticas de saúde que ferem a dignidade humana”.
É relevante, também, que os profissionais de saúde se sintam responsabi-
lizados em fornecer informações aos pacientes sobre os seus direitos. A partir 
da apropriação desse conhecimento, é possível maior controle social e partici-
pação coletiva nas ações e processos de gerir a saúde. Lembrando que aspectos 
relativos à autonomia e corresponsabilidade fazem parte da PNH, proposta pelo 
Ministério da Saúde.
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ATENÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR
Sabemos que, na nossa sociedade, o trabalho não diz respeito apenas a uma fonte 
de renda que permite que as pessoas possuam coisas, mas relaciona-se, ainda, 
com reconhecimento, honra e realizações.
Além disso, é preciso considerar que o trabalho também pode gerar proble-
mas que afetam a saúde, ocasionados pelo estresse ou pela exposição a condições 
perigosas, entre muitas outras situações. Este esgotamento causado pelo estresse 
em um grande número na população é que incentivou o aumento da oferta das 
Práticas Integrativas e Complementares (PICS), pelo SUS. 
Nesse tópico, iremos tratar sobre a saúde do trabalhador; mas, o que signi-
fica esse termo? E por quê discutir esse assunto na saúde pública?
De acordo com o Ministério da Saúde, o termo Saúde do Trabalhador refe-
re-se “a um campo do saber que visa compreender as relações entre o trabalho 
e o processo saúde/doença” (BRASIL, 2001, p. 7).
“A gente não quer só comer 
A gente quer prazer pra aliviar a dor 
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade 
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade” 
(Arnaldo Antunes)
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E160
O trecho da música “Comida”, de Arnaldo Antunes, interpretada pela banda 
Titãs, é quase que uma reivindicaçãopara um olhar mais atento ao trabalhador, 
que possui múltiplas dimensões e, consequentemente, necessidades distintas, as 
quais precisam ser valorizadas.
Os trabalhadores estão expostos a uma série de riscos ambientais e organi-
zacionais em função de sua inserção nos processos de trabalho. Logo, o setor da 
saúde necessita incorporar esses indivíduos em estratégias de promoção, pre-
venção e recuperação da saúde.
Foi apenas a partir da década de 80 que a visão em relação ao trabalhador 
começou a se modificar; ele passa a ser reconhecido como sujeito e não apenas 
como consumidor dos serviços de saúde. 
A própria Constituição Brasileira de 1988, na seção de Direitos à Saúde, 
artigo 200, destaca como competência do SUS, entre outras atribuições, “exe-
cutar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde 
do trabalhador”.
Em 1990, a Lei Orgânica de Saúde (Lei n° 8080), regulamentou o SUS e 
suas competências no campo da Saúde do Trabalhador, reconhecendo o traba-
lho como um importante determinante de saúde.
Nesta mesma década, muitas iniciativas foram registradas no sentido de con-
solidar a área de saúde do trabalhador, como:
 ■ 1994 - 2ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.
 ■ 1998 - Elaboração da Norma Operacional de Saúde do Trabalhador 
(NOST).
 ■ 1998 - Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
 ■ 1999 - Listagem de Doenças Relacionadas ao Trabalho.
 Dada a dispersão das ações voltadas à saúde do trabalhador é que, em 2002, foi 
criada a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), 
cujo objetivo principal é realizar a articulação das ações em saúde do trabalha-
dor no contexto do SUS. Para tanto, existem os Centros de Referência em Saúde 
do Trabalhador (CEREST).
Atenção à Saúde do Trabalhador
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Um modelo de atenção integral à saúde dos trabalhadores impli-
ca em qualificar as práticas de saúde, envolvendo o atendimento dos 
acidentados do trabalho, dos trabalhadores doentes, das urgências e 
emergências às ações de promoção e proteção da saúde e de vigilância, 
orientadas por critério epidemiológico. Para que isso ocorra de modo 
efetivo, faz-se necessária abordagem interdisciplinar e a utilização de 
instrumentos, saberes, tecnologias originadas de diferentes áreas do 
conhecimento, colocados a serviço das necessidades dos trabalhadores 
(BRASIL, 2006, p. 17).
Em 2011, a partir do Decreto 7.602, foi criada a Política Nacional de Segurança 
e Saúde no Trabalho (PNSST), na busca de articular ações de diferentes setores, 
como Trabalho, Previdência Social, Saúde e Meio Ambiente.
As diretrizes que regem a PNSST são:
[...] inclusão de todos trabalhadores brasileiros no sistema nacional de 
promoção e proteção da saúde; harmonização da legislação e a articula-
ção das ações de promoção, proteção, prevenção, assistência, reabilita-
ção e reparação da saúde do trabalhador; adoção de medidas especiais 
para atividades laborais de alto risco; estruturação de rede integrada 
de informações em saúde do trabalhador; promoção da implantação 
de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos locais de 
trabalho; reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em 
segurança no trabalho e o estímulo à capacitação e à educação conti-
nuada de trabalhadores; e promoção de agenda integrada de estudos e 
pesquisas em segurança e saúde no trabalho (BRASIL, 2011, p. 1).
O Ministério da Saúde, em 2012, instituiu a Política Nacional de Saúde do 
Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), por meio da Portaria GM/MS n° 1.823. 
Esta se alinha a todas as outras políticas de saúde do SUS, o que confere a ela o 
caráter de transversalidade.
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E162
A saúde do trabalhador, enquanto área do conhecimento, encontra-se em cons-
trução. Muitas conquistas foram alcançadas, mas ainda há um longo caminho 
pela frente. 
A integralidade da assistência à saúde do trabalhador precisa ser colocada 
em prática e, para isso, entre outras coisas, é preciso extrapolar a esfera bioló-
gica e individual, interferindo nas questões relativas ao processo de trabalho.
Com a globalização; aumento da competitividade; crise financeira em diversos 
setores, que acaba por culminar em elevadas taxas de desemprego; crescimento 
dos trabalhadores informais e temporários; ocorre uma série de transformações na 
vida do trabalhador que, com certeza, impactam em sua saúde (SILVEIRA, 2009).
As reais condições de trabalho precisam ser identificadas e analisadas profun-
damente, a fim de “reverter a cultura de que o trabalho é bom independentemente 
das condições em que é realizado” (LOURENÇO; BERTANI, 2007, p. 125).
 
A Previdência Social garante uma série de benefícios a trabalhadores com 
carteira assinada vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, 
desde que comprovada a incapacidade para o trabalho por parte da perícia 
médica. 
São exemplos de benefícios previstos pela legislação previdenciária: auxílio-
-doença, aposentadoria por invalidez, auxílio-acidente, pensão por morte e 
reabilitação profissional. 
Em casos de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho, mesmo que 
esses eventos não tenham gerado incapacidades, faz-se necessário o pre-
enchimento de uma ficha denominada “Comunicação de Acidente de Tra-
balho” (CAT), a qual é utilizada para fins estatísticos e epidemiológicos, bem 
como para assegurar alguns direitos previstos em lei. 
Fonte: adaptado de Silveira (2009).
Desafios Para a Humanização nos Serviços da Saúde
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DESAFIOS PARA A HUMANIZAÇÃO NOS SERVIÇOS 
DA SAÚDE
Como já foi abordado anterior-
mente, o tema humanização tem 
conquistado um espaço signifi-
cativo na área da saúde e tem 
sido considerado como um dos 
caminhos para transformações 
no SUS, com vistas à melhora na 
qualidade assistencial e nos pro-
cessos de trabalho e gestão.
A humanização visa romper 
com a fragmentação do cuidado, 
do trabalho e da rede de assis-
tência à saúde. Não refere-se a uma maquiagem nos serviços de saúde, como 
utilizar cores e desenhos nas paredes; ser gentil e educado com o usuário; ou, 
ainda, bonificar o profissional por bom desempenho. Vai além.
Por tudo isso, percebe-se que a operacionalização da humanização no SUS 
possui uma série de desafios.
Um deles, segundo Martins (2010), refere-se a desconstruir os processos 
hierárquicos para, então, se trabalhar em redes. As redes de atenção à saúde são 
formadas por diversos pontos (serviços), que se conectam/se comunicam na 
construção da intersetorialidade e da integralidade. No entanto, as redes tam-
bém podem ser compostas de afetos, vivências, políticas, um emaranhado de 
aspectos de grande relevância para a produção de saúde.
Considerando que a humanização envolve também o relacionamento entre 
usuários e profissionais de saúde, faz-se necessário romper com o mecanicismo, 
muito vezes inerente às relações de trabalho. Nesse sentido, é preciso repensar em 
novas formas de interação entre os atores (gestores, usuários e profissionais), de 
forma que os mesmos atuem como sujeitos ativos de um processo e não sendo 
submissos a ele (BRASIL, 2010).
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
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VU N I D A D E164
 A literatura destaca como desafio o exercício de não colocar a PNH como ver-
dade absoluta, imutável, mas que ela possa ser uma forma de pensar e fazer saúde, 
que ela sirva para fazermos uma reflexão crítica e, a partir dela, tornar o pro-
cesso dinâmico e inovador (HECKERT; PASSOS; BARROS, 2009).
Estudo aponta como dificuldades parase colocar em prática a proposta da 
humanização aspectos como: influência direta do modelo organizacional, dos 
desenhos da missão institucional, do envolvimento e aderência dos gerentes à 
proposta, da capacitação e sensibilidade dos profissionais (DIAS; DOMINGUES, 
2005).
Uma pesquisa qualitativa, realizada em uma enfermaria de Pediatria de um 
instituto de referência no cuidado da Saúde da Mulher, Criança e Adoles-
cente, tendo como sujeitos a equipe de enfermagem, usuários e acompa-
nhantes, identificou que os princípios fundamentais da humanização não 
ocorrem de forma efetiva na relação entre os sujeitos. 
Destacou-se como princípios da humanização: acolhimento, autonomia, 
protagonismo e corresponsabilidade. O estudo apontou, ainda, a presença 
de lacunas na compreensão da proposta de um projeto de humanização 
para o serviço.
Para a equipe de saúde, a humanização está atrelada a prestar uma assistên-
cia de qualidade, no entanto sem refletir sobre como ela pode ser prestada, 
nem tão pouco se indagar sobre quais as possibilidades de mudanças na 
prática. O estudo destaca como estratégia para essa situação, a criação de 
um projeto de Educação Continuada, de modo a preparar profissionais e 
usuários a construir coletivamente o cenário de práticas.
Fonte: Alves; Deslandes; Mitre (2009).
Desafios Para a Humanização nos Serviços da Saúde
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Os desafios da humanização podem ser superados, desde que os problemas 
e soluções sejam construídos de forma coletiva entre usuários, profissionais e 
gestores. 
O trabalho multidisciplinar, a participação efetiva do usuário, a demo-
cratização da gestão, as ações de educação permanente, as reflexões 
sobre os processos de trabalho, dentre várias outras ofertas da PNH, 
demonstram que há estratégias para melhorar as relações de trabalho, 
aumentar o diálogo entre seus atores e criar novos modos de produção 
do cuidado (MARTINS, 2010, p. 92).
Continuamente, faz-se necessária a realização de cursos, oficinas de formação, 
a fim de discutir os processos de trabalho, as diretrizes e dispositivos da PNH. 
A partir da vivência no dia a dia de trabalho, é preciso se reinventar, criando 
espaços coletivos que valorizem a autonomia e a corresponsabilidade dos pro-
fissionais de saúde no trabalho e dos usuários no cuidado de si, extinguindo 
atitudes e práticas desumanizadoras (BRASIL, 2013).
Nós somos os construtores das novas realidade em saúde!
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH)
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E166
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, foi possível abordar sobre a humanização e como esse termo 
vem sendo empregado na área da saúde. Discutir sobre a Política Nacional de 
Humanização (PNH), seus objetivos, diretrizes e dispositivos é fundamental 
para a compreensão do tema.
A proposta da PNH é bastante ousada por propor uma nova forma de fazer 
saúde, rompendo com o modelo de assistência fragmentado, centrado na doença 
e hierarquizado. Busca fomentar a autonomia e protagonismo dos usuários, tra-
balhadores e gestores, de modo que os mesmos construam, coletivamente, modos 
de assistir e gerir em saúde.
Essa discussão permite a reflexão sobre onde estamos e aonde desejamos 
chegar!
Assim como nas outras unidades; nesta, também foi necessário, em alguns 
momentos, fazer um resgate histórico acerca das políticas públicas, a fim de nos 
situarmos no tempo e entendermos que muitos obstáculos foram ultrapassados 
para chegarmos até aqui.
Discutimos, ainda, sobre a segurança e direitos do paciente, aspectos esses de 
grande relevância para a saúde pública. A segurança do paciente é um importante 
indicador de saúde, que reflete a qualidade da assistência prestada. Quanto aos 
direitos do paciente, estes devem ser assegurados em toda e qualquer situação.
A saúde do trabalhador também foi discutida nesta unidade e mostra-se uma 
área em construção. O trabalho pode ser uma fonte de desgaste da saúde, acar-
retando inúmeros problemas que devem ser valorizados pelos serviços públicos. 
A partir da discussão de todos esses assuntos, conseguimos visualizar um 
aspecto muito importante da PNH, que é a transversalidade, caracterizada pela 
inserção dessa política em todas as outras existentes no âmbito do SUS. 
A implantação de um novo modelo de assistência, o qual exige uma nova 
perspectiva de cuidado, sem dúvida é um grande desafio. Para tanto, é preciso 
continuar caminhando, vislumbrando alternativas para que a humanização real-
mente aconteça na prática assistencial e nos processos de gestão. 
167 
O texto a seguir refere-se a trechos do artigo intitulado “O trabalho em saúde e o desafio 
da humanização: algumas estratégias de análise-intervenção”. De forma geral, a leitura 
permite uma reflexão sobre os desafios da PNH, nos fazendo pensar em estratégias para 
superá-los.
“Ao problematizar a gestão dos serviços e dos processos de trabalho, o desafio colocado 
pela PNH é o de superar os obstáculos enfrentados no próprio processo de construção 
do SUS. Como “obra aberta”, essa política constrói-se a partir da inclusão de experiên-
cias no SUS e das inovações da Saúde Coletiva. Portanto, é um permanente processo 
de invenção das práticas e de nós mesmos e do mundo que se vai criando no e com o 
trabalho.
No âmbito das estratégias de intervenção da PNH, ressalta-se a potência de transforma-
ção das realidades instituídas, o que torna os seres sempre inacabados e em permanen-
te processo de constituição de outros contornos. Vislumbram-se sempre novas configu-
rações, que surgem a partir de novos estados críticos gerados na comunicação entre as 
duas dimensões. É no concreto de práticas e de relações cotidianas de trabalho que essa 
possibilidade se efetiva. Tem-se aqui não mais o olhar analítico voltado exclusivamente 
ao plano das realidades constituídas, pois essa direção de análise revela sua insuficiên-
cia ao considerar apenas parte da organização do trabalho. Acessar, atiçar a dimensão 
movente da realidade dos serviços de saúde é provocar a ampliação do olhar, tirar os 
antolhos com os quais habitualmente olhamos o mundo, ampliando o grau de trans-
versalidade, fazendo uma aposta radical na possibilidade de transformação do que está 
dado. Esse plano das forças com sua dimensão movente pode interferir nas condições 
de gênese das realidades instituídas e, então, fazer derivar outras formas de trabalhar 
ainda não atualizadas. Trata-se da afirmação na capacidade dos viventes de hesitar, de 
recusar automatismos, variar respostas antevistas pelas prescrições.
Esse padrão de comunicação transversalizado deixa vazar outros processos de invenção 
no trabalho, deslocando os trabalhadores para o lugar de analistas de sua atividade, o 
que, certamente, produzirá uma desestabilização nas formas autoritárias de organiza-
ção nas unidades de saúde.
O desafio constante do processo de apoio é o de criar estratégias para a reafirmação e 
ampliação do exercício da descentralização e da autonomia nos estabelecimentos de 
saúde, fomentando condições para a construção e sustentação de um modo de funcio-
namento pautado no dialogismo, visando à transformação radical nas práticas. Partimos 
da compreensão de que uma política de humanização é feita como ação transversal, em 
meio às diferentes políticas de gestão e de produção do cuidado, uma transformação 
que ative a produção de coletivos. Desse modo, é vital procurar produzir coletivamen-
te uma especial atenção aos modos como cuidamos e ao que pretendemos cuidar e, 
principalmente, que tipo de vida potencializamos ao cuidar. Interessa-nos uma transfor-
mação das práticas do cuidado que seja capaz de avaliar as alianças ético-políticas que 
temos feito”.
Fonte: Santos Filho; Barros (2012).
168 
1. De acordo com os princípios do HumanizaSUS, definidos pelo Ministérioda Saú-
de, a transversalidade trata-se de:
a. Corresponsabilidade entre gestores, usuários e a participação coletiva nos 
processos e na gestão.
b. Concepções e práticas que atravessam as diferentes ações e instâncias que 
aumentam o grau de abertura de comunicação intra e intergrupos.
c. Práticas interdependentes e complementares que precisam ser entendidas 
para que ocorra a humanização.
d. Participação do Município e do Estado, em conjunto com a União, buscando 
um SUS melhor.
e. Práticas interdependentes e complementares, corresponsabilidade entre ges-
tores, usuários.
2. Sobre a cultura de segurança, descrita na Política Nacional de Segurança do Pa-
ciente, assinale a alternativa correta.
a. Cultura que prioriza as metas financeiras e operacionais acima de segurança.
b. Comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito 
dele oriundo, incluindo doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou 
disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou psicológico.
c. Cultura na qual todos os trabalhadores, incluindo profissionais envolvidos no 
cuidado e gestores, assumem responsabilidade pela sua própria segurança, 
pela segurança de seus colegas, pacientes e familiares.
d. Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano des-
necessário ao paciente.
e. Promoção de processos de capacitação de gerentes, profissionais e equipes 
de saúde em segurança do paciente.
3. De acordo com o Ministério da Saúde, “a Política Nacional de Humanização (PNH) 
busca pôr em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, 
produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar”. Sobre o tema, assinale a 
alternativa incorreta.
a. A “Transversalidade” é um dos princípios da PNH que significa ampliar a co-
municação entre os sujeitos envolvidos nos processos de produção de saúde, 
quebrando paradigmas do poder e do saber. 
b. Uma das diretrizes da PNH é a “Clínica Ampliada”, seu conceito está relaciona-
do à ampliação e garantia de acesso ao usuário a todos os níveis de atenção.
c. O termo “ambiência” não refere-se apenas à criação de espaços saudáveis, 
acolhedores e confortáveis, mas também de um ambiente social e de rela-
ções interpessoais.
169 
d. O “Acolhimento”, diretriz da PNH, sustenta a relação entre equipes/serviços e 
usuários/populações, devendo ser construída de forma coletiva.
e. A PNH possui, como um dos eixos de ação, a integração de seus princípios aos 
processos de Educação Permanente nos serviços de Saúde. 
4. O credenciamento dos serviços, como Sentinela de Notificação Compulsória de 
Acidentes e Doenças Relacionados ao Trabalho, será feito de acordo com as dire-
trizes e orientações referentes à(ao):
a. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST).
b. Lei Orgânica da Saúde (LOS).
c. Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST).
d. Constituição Federal Brasileira (CFB).
e. Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).
5. Quanto a Política de Saúde do trabalhador, é correto afirmar: 
a. Fazem parte da melhoria do ambiente de trabalho e controle das condições 
de risco para a saúde: identificação no trabalho das condições de risco para 
a saúde; caracterização da exposição e quantificação das condições de risco; 
discussão e definição das alternativas de eliminação ou controle das condi-
ções de risco; implementação e avaliação das medidas adotadas.
b. Produtos vendidos sob nomes comerciais, sem informação detalhada quanto 
à composição química. Geralmente, criam problemas para o reconhecimento 
de riscos. Essas informações não cabem ser exigidas dos fabricantes e forne-
cedores, devendo-se solicitar a análise das amostras, que garante maior con-
fiabilidade e menor custo.
c. O profissional encontra, com facilidade, os dados para o estabelecimento do 
nexo ou da relação trabalho-doença, principalmente, pela precisão na identi-
ficação de fatores de risco e(ou) situações a que o trabalhador está ou esteve 
exposto a condições potencialmente lesivas para sua saúde.
d. O médico e a equipe de saúde, responsáveis pelo atendimento do trabalha-
dor, devem buscar um relacionamento de cooperação com os colegas do pa-
ciente. Considerando a natureza harmoniosa dessas relações, torna-se desne-
cessário que os procedimentos sejam registrados e documentados.
e. Estabelecida a relação causal ou o nexo entre a doença e o trabalho desempe-
nhado pelo doente, o profissional ou a equipe responsável pelo atendimento 
deve passar a responsabilidade ao profissional adequado, isentando-se de 
demais responsabilidades.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Humanização na saúde
Fernanda Reis
Editora: DOC
Sinopse: o livro aborda a humanização, em todas as suas vertentes, 
nas instituições voltadas aos cuidados da saúde, como questão 
prioritária para o tratamento do doente.
Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da 
saúde. 
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.
html>. Acesso em: 16 maio 2017.
REFERÊNCIAS
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ALVES, C. A.; DESLANDES, S. F.; MITRE, R. M. A. Desafios da humanização no contexto 
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em: 16 maio 2017.
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BERMEO, J. C. Humanizar a saúde: cuidado, relações e valores. Petrópolis: Vozes, 
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gramme 2008 – 2009. Geneva: WHO, 2008.
GABARITOGABARITO
1) A.
2) C.
3) B.
4) A.
5) A.
CONCLUSÃO
175
Prezado(a) aluno(a)! Esperamos que este livro tenha contribuído para uma boa com-
preensão do cenário da Saúde Coletiva no contexto brasileiro.
O destaque aos pontos principais dessa trajetória passa pela evolução do concei-
to de saúde ao longo dos tempos e a influência histórica cultural nos modelos de 
atenção à saúde, culminando na determinação social e cultural da saúde e doença.
Enfatizamos a importância do profissional da área da saúde conhecer o Sistema Úni-
co de Saúde (SUS), a rede de saúde e os serviços oferecidos, no intuito de ajudar na 
orientação e intervenção contextualizada, bem como dar subsídios e ferramentas 
para atuar no contexto da Vigilância em Saúde.
Igualmente, destaca os principais aspectos das políticas de saúde voltadas ao ciclo 
de vida e as orientações aos profissionais de saúde no sentido da necessidade de 
humanização nos serviços de saúde.
Conforme enfatizamos, no decorrer do livro, a definição do processo saúde doença 
e da organização de serviços e políticas públicas da população brasileira é influen-
ciado pela compreensão do momento histórico, político e social do tempo em que 
ocorre.
Dessa forma, o indivíduo deve estar atento aos condicionantes e determinantes de 
saúde que, no caso do Brasil, apesar de muitos avanços na qualidade de vida e da 
saúde da população, o país ainda enfrenta grandes desafios na área de distribuição 
de renda, recursos e estrutura.
São muitos os desafios do trabalho no contexto da Saúde Pública: a construção his-
tórica e coletiva, as mudanças sociais e tecnológicas, a administração de recursos e, 
principalmente, a compreensão da importância de humanizar os serviços e acolher 
as necessidades da população.
Muitas mudanças ocorreram e, ainda, estão por vir. Esperamos que o estudo pro-
posto neste livro tenha ajudado na compreensão e na melhoria da qualidade do seu 
trabalho e que você possa abrir novos horizontes e fazer a diferença na sua trajetória 
profissional. Sucesso!
CONCLUSÃO
ANOTAÇÕES

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