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Capitulo1_OrganizacaodoSistema _Provisorio_PMD

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1 Organização do Sistema de Saúde no Brasil 
 
 
Priscila Lucas Barbosa 
 
 
 
Introdução 
 
Nesta unidade, estudaremos os diversos sistemas de saúde que fizeram parte da história do 
Brasil e em seguida serão apresentados os modelos de assistência à saúde vigentes até a 
criação do nosso Sistema Uníco de Saúde (SUS) como novo paradigma ao modelo de 
atenção à saúde pública e coletiva em nosso país. 
 
Sistemas de saúde são mecanismos sociais que têm por objetivo garantir aos indivíduos o 
acesso adequado aos serviços de saúde disponíveis na rede publica e privada. 
 
Esses sistemas são organizados com base nos princípios constitucionais de cada país e em 
conformidade com as políticas publicas de saúde em nível federal, estadual e municipal, com 
o propósito de garantir o acesso à prevenção, manutenção e recuperação da saúde dos seus 
cidadãos. 
 
O que são políticas públicas de saúde? 
 
Compreende-se por políticas públicas o conjunto de diretrizes, programas, ações 
estabelecidos por leis, que devem ser implementados pelos governos federal, estadual ou 
municipal, e que afetam todos os cidadãos, de todas as idades, escolaridades, independente 
de sexo, religião, cor ou classe social. 
 
As políticas públicas de saúde no Brasil, não ultrapassa 200 anos. Na atualidade 
fundamentada no artigo 196 da Constituição Federal Brasileira de 1988; o sistema de saúde 
no Brasil é híbrido, ou seja, o estado por meio do SUS, assume a maior parte dos serviços de 
atenção à saude e a outra parte dos serviços é prestada por sistema suplementar, por meio 
dos planos ou seguros de saúde sob a responsabilidade da iniciativa privada. 
 
O acesso aos serviços de saúde no Brasil é regido pelas políticas públicas vigentes e deve 
ser de amplo conhecimento da população. 
 
 
Objetivos 
 
Neste estudo temos por objetivo: 
 
• relacionar os modelos de assistencia à saúde implantados no Brasil considerando o 
contexto histórico, político e social; 
• descrever o funcionamento de cada modelo de assistência à saúde; 
• comparar os modelos assistenciais entre si considerando o seu funcionamento; 
• caracterizar a reforma sanitária no Brasil; 
 
 
Esquema 
 
1.1 Modelos assistenciais historicamente construídos no Brasil 
1.1.1 Movimento da reforma sanitária 
1.1.2 Modelo medicoassistencial privatista 
1.1.3 Modelo assistencial sanitarista 
1.1.3.1 Quem era do movimento sanitário? 
1.1.4 VIII Conferência Nacional de Saúde: saúde, direito de todos, dever do Estado 
1.2 Reorientação do modelo assistencial 
1.2.1 O paradigma da promoção da saúde 
1.2.2 O papel do território como espaço de mudança e responsabilização em saúde 
 
 
1.1 Modelos assistenciais historicamente construídos no Brasil 
 
Por mais de três séculos (1500-1800), poucos são os registros relacionados à saúde pública 
em terras brasileiras. 
 
É curioso observar que a atenção à saúde começa a ocupar espaço na agenda do Estado 
brasileiro após a Proclamação da República em1889 (ROSEMBERG, 2018). 
 
Dos anos de 1890 a 1930, período conhecido como velha república, foi um período marcado 
por grandes epidemias, dentre as quais: Febre Amarela, Varíola e a Peste. Naquele momento 
era de suma importância a organização de movimentos e campanhas para o controle dessas 
enfermidades. O Serviço Sanitário Paulista, criado em 1892, teve grande importância como 
organização na prevenção e combate às enfermidades, servindo de modelo para outros 
estados (LIMA et al., 2006). 
 
Em 1904, através de uma lei federal, foi instituída a obrigatoriedade da vacinação contra a 
varíola em todo território nacional. Então, surge o primeiro e grande movimento popular na 
cidade do Rio de Janeiro, que ficou conhecido como a Revolta da Vacina, com vários 
conflitos, que culminou na revogação da obrigatoriedade da vacida, tornando-a opcional à 
todos. 
 
Os primeiros movimentos sanitaristas da primeira república, emergiram no Brasil sob a 
liderança de médicos higienistas. A partir da década de 1930, as mudanças efetivas na 
saúde começaram a ser concretizadas no país, o modelo sanitarista começou a dividir espaço 
com o modelo privatista. Este último, ganhou espaço durante o processo de industrialização 
do país, quando a saúde dos trabalhadores e classe operária entra no processo de assistência 
a saúde, baseado na contribuição e formação de Caixas de Aposentadorias e Pensões - CAPs 
(LIMA et al., 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O discurso médico higienista foi um construtor, um balizador em um determinado período histórico 
que criou e determinou o que era normal e desejável para a sociedade. Para alinhar e civilizar o 
país de acordo com os padrões europeus foi preciso buscar formas de enquadrar a realidade 
insalubre em que se encontrava o país com a ideia de modernidade vigente na Europa. Dedicados 
à tarefa social de regeneração física e moral das crianças e alarmados com a elevada taxa de 
mortalidade infantil que ocorria no Brasil, os médicos higienistas procuraram soluções para formar 
os futuros cidadãos. Para eles, só com o apoio da medicina o Brasil poderia enfrentar tais problemas 
e produziria um maior número de pessoas sadias, fortes e robustas no futuro. (METELSKI; 
CARMINATI, 2018, p. 100). 
Saiba mais 
Assim, os diversos segmentos da sociedade dispunham diferentemente dos serviços de 
saúde: 
 
1. pobres: rede de saúde estadual (postos de saúde, unidades básicas de saúde), com os 
programas do modelo sanitarista e de saúde pública. 
 
2. abastados: consultórios médicos privados e atendimento dos médicos particulares. 
 
3. classe trabalhadora: rede de ambulatórios e alguns pequenos hospitais vinculados a 
CAPs, que prestavam assistência a saúde. 
 
Após a queda do presidente Vargas (1945) no estado novo, um dos marcos desse período é 
a assistência à saúde em nível hospitalar, com a criação dos hospitais estaduais e de grande 
porte, incluindo aqui os hospitais universitários que passam a ter uma importância muito 
grande no processo de atenção a saúde individual. Outro marco importante foi a criação do 
Ministério da Saúde (1953) (LIMA et al., 2006). 
 
Contudo, a partir do ano de 1964 até meados da década de 80, muitas mudanças ocorreram 
no sistema de saúde brasileiro. Os antigos institudos de aposentadoria e pensões, foram 
unificados no Instituto Nacional de Previdencia Social (INPS) em 1966. Este por sua vez foi 
posteriormente transformado em Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência 
Social – INAMPS (1978) e que culminou no SUS, com o processo de redemocratização do 
país em 1988 (ROSEMBERG, 2018). 
 
No período de 1964 a 1988, o Sistema de Saúde no Brasil caracterizou-se pelo predomínio 
financeiro das instituições previdenciárias e pela mercantilização crescente da saúde. Nesse 
período houve uma expansão maciça dos serviços privados de saúde que eram contratados 
pelo setor público. As ações de saúde individual continuavam desvinculadas dos programas 
desenvolvidos pelo governo estadual e a medicina tornou-se cada vez mais biologicista e 
técnica, conforme esclarece Sarah Escorel e colaboradores em seu texto: As origens da 
reforma sanitária e do SUS de 2006. 
 
Naquele período a saúde pública foi relegada a segundo plano e a atuação do estado 
restringia-se a campanhas de baixa eficácia. Por esse motivo, passou-se a questionar porque 
a excelência na assistência, não foi capaz de resolver os problemas mínimos e mais 
frequentes da população? 
 
Somente no final do governo Médici (1970-1974), é notório o desgaste do regime militar, 
período esse marcado pela reorganização dos movimentos sociais e aumento das denuncias 
sobre a situação da saúde pública brasileira. A crise possibilitou a expansão desses 
movimentos sociais e a formulação de propostas que atendessem àqueles excluídos de 
qualquer sistema de proteção social. Na área da sáude, ganhou destaque o movimento da 
reforma sanitária (LIMA et al., 2006; ROSEMBERG, 2018). 
 
 
1.1.1 Movimento da Reforma Sanitária 
 
O que foi o movimento da reforma sanitária?O movimento da reforma sanitária tinha por finalidade reverter a lógica da assistência à saúde, 
com base nos seguintes princípios: 
 
• universalização ao direito à saúde; 
 
• integralização das ações de cunho preventivo e curativo, desenvolvidas pelos 
Ministérios da Saúde e Previdência separadamente; 
 
• promoção da saúde do preventivo ao curativo: inverter a entrada do paciente no 
sistema de atenção – ao invés de buscar o hospital quando já estivesse doente, o 
cidadão deveria buscar a prevenção; 
 
• descentralização da gestão administrativa e financeira dos recursos destinados à 
saúde; 
 
• promoveção da participação e controle social. 
 
Também criticava a forma de organização do sistema denunciando a crise, gastos, privilégios, 
concentração de renda etc. 
 
Para melhor compreendermos os objetivos dessa reforma sanitária, vamos ressaltar os dois 
modelos assistenciais em saúde predominante no Brasil, basicamente voltados para dois 
aspectos: demanda espontânea de saúde e para as necessidades de saúde da população 
(ESCOREL et al., 2006). 
 
 
1.1.2 Modelo medicoassistencial privatista 
 
Este modelo está destinado a conter a demanda espontânea dos usuários. Ou seja, a 
população tem livre iniciativa para procurar os serviços de saúde, prontos – socorros, 
consultórios particulares e laboratórios. 
 
Caracteriza-se por ser um modelo imediatista, isto é, o indivíduo o procura por apresentar 
algum sinal ou sintoma de alguma enfermidade. Seu objetivo é simplesmente resolver o 
sofrimento naquele momento. É uma abordagem centrada na doença e na resolução imediata 
do problema. 
 
É um modelo que se consolidou com o desenvolvimento da medicina capitalizada, mas se 
reproduz tanto no setor público quanto no setor privado de saúde com um único objetivo: 
caráter curativo. 
 
Fortalecido pelo conceito de saúde como ausência de doença e pelos ganhos de capital de 
interesse do complexo médico-tecnológico e daqueles meramente mercantilistas, esse 
modelo tornou-se, incapaz de articular a interface da saúde com os fatores que influem na 
qualidade de vida das pessoas e das comunidades. 
 
 
1.1.3 Modelo assistencial sanitarista 
 
É caracterizado por programas e campanhas focalizadas em algum problema específico de 
saúde que o modelo hegemônico anterior não conseguiu resolver. Também é abordado como 
sinônimo de Saúde Pública. 
 
Esse modelo é desenvolvido exclusivamente pelo setor público e tem vínculo e financiamento 
direto do ministério da saúde e de suas subsecretarias de gestão. Tem sua trajetória marcada 
no cenário internacional, onde a busca por mudanças na saúde teve seu ponto crucial na 
Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, realizada na cidade de Alma-
Ata (1978), quando a saúde foi consolidada como um dos direitos fundamentais do homem, 
sob responsabilidade política dos governos. 
 
No governo Geisel (1974-1979), a estratégia de distensão política iniciada, possibilitou ao 
movimento sanitário a apresentação de propostas divergentes do modelo vigente, que 
contribuíram para a melhoria e democratização do atendimento à saúde, principalmente às 
populações mais carentes (BRASIL, 2002). 
 
 
1.1.3.1 Quem era do movimento sanitário? 
 
Entre os atores que estiveram à frente do movimento sanitário como força política de 
resistência ao regime militar, estão técnicos do setor de saúde, acadêmicos, secretários de 
saúde, simpatizantes da temática, como Centro Brasileiro de Estudos da Saúde – CEBES, e 
a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), na luta e 
instrumentalização pela democratização do país e pela racionalização e organização dos 
serviços de saúde, conforme enumera Everardo Duarte Nunes em seu artigo “Saúde Coletiva: 
uma história recente de um passado remoto”, 2013. 
 
Em 1980, a VII Conferência Nacional de Saúde (CNS), conseguiu apontar uma proposta de 
reforma das políticas de saúde e a formulação do Programa Nacional de Serviços Básicos de 
Saúde (PREV-SAÚDE). 
 
O plano do Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) em 
1982, juntos a implantação da política de Ações Integradas de Saúde (AIS) em 1983, 
constituíram uma estragégia de extrema importância para o processo de descentralização da 
saúde, com propostas que consistiam principalmente em: 
 
• convênios com os municípios e estados; 
 
• repasse de dinheiro da previdência para o nível mais descentralizado; 
 
• ampliação da oferta de serviços de saúde; 
 
• criação de instâncias interinstitucionais de gestão; 
 
• maior ênfase nas ações básias e preventivas; 
 
• maior ambulatorização; 
 
• uma integração entre as ações do INAMPS e do MS. 
 
 
Este programa revelou-se uma estratégia importante rumo à universalização do direito à 
saúde; também constituiu-se uma proposta de integração e racionalização dos serviços 
públicos de saúde e de articulação destes serviços com a rede conveniada e contratada. Esta 
articulação comporia um sistema unificado, regionalizado e hierarquizado de referência e 
contra-referência para o atendimento (ROSEMBERG, 2018). 
 
A partir de 1985, mudanças efetivas ocorreram no campo da saúde em nosso país com o 
fortalecimento do movimento sanitário. O sanitarista Sérgio Arouca, então presidente da 
Fundação Oswaldo Cruz, convoca para o ano de 1986 a 8ª Conferência Nacional de Saúde. 
 
No cenário mundial é realizada a Primeira Conferencia Internacional sobre Promoção da 
Saúde, em Ottawa, Canadá (1986), que culminou na carta de Ottawa, na qual se define a 
promoção da saúde como: “conjunto de ações voltadas para prevenção de doenças e riscos 
individuais” (BRASIL, 2002, p. 1), considerando assim, de suma importância a influência de 
aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais sobre as condições de vida e saúde. 
 
Em 1987, é então realizada a 8ª CNS, tendo como sede a cidade de Brasília, resultando na 
aprovação de um documento de relevância social comum, instrumento de pressão política na 
área da promoção em saúde. 
 
 
1.1.4 VIII Conferência Nacional de Saúde: saúde, direito de todos, dever 
do Estado 
 
Três foram as principais estratégias utilizadas para a viabilização das intervenções propostas 
pela 8ª CNS: 
 
1. Criação das bases jurídicas para a sua implantação (Constituição Federal, 
Constituições estaduais, leis orgânicas municipais e complementares). 
 
2. Mobilização da opinião pública e setores organizados. 
 
3. Criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), 
enquanto momento de transição para o SUS (CONFERÊNCIA NACIONAL 
DE SAÚDE, 8, 1986, p. 1). 
 
Apesar das controvérsias geradas entre dirigentes e reformistas do MS e da Previdência, o 
SUDS avançou na política de descentralização do orçamento, permitindo uma maior 
autonomia dos estados na programação das atividades no setor. 
 
No ano de 1987, teve início a Assembléia Nacional Constituinte. Uma nova Carta 
Constitucional viria legitimar todas as propostas reformistas que estavam em andamento. No 
que tange à saúde, em 1988 é promulgada a nova Constituição Federal e o Sistema Único de 
Saúde (SUS) foi aprovado (BRASIL, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 Reorientação do modelo assistencial 
 
A partir da criação do SUS, promoção de sáude é o nome dado ao processo de capacitação 
da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior 
participação no controle deste processo. E para atingir um estado de completo bem-estar 
físico, mental e social, tanto os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, 
satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. 
 
A saúde deve ser vista como um recurso para a vida e não como o objetivo de viver. Nesse 
sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem 
como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva 
 
Caro(a) aluno(a), assista ao vídeo sobre a 8ª Conferencia Nacional de Saúde, a conferência que 
auscultou oBrasil. 
 
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=zZAHdF0fNps 
 
Ampliando o conhecimento 
do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem estar 
global. 
 
 
1.2.1 O paradigma da promoção da saúde 
 
Quando falamos em um novo paradigma, podemos pensar em 
um momento de transformações profundas. Então qual o 
paradigma da área da saúde? 
 
 
Para responder a essa pergunta devemos destacar as principais 
características dos paradigmas que pemeiam os conceitos de 
saúde de tempos em tempos. 
 
O primeiro, chamado de paradigma cartesiano, foi formulado em meados dos séculos XVI e 
XVIII, mas que ainda se faz presente em diversas áreas do conhecimento. Fundamenta-se 
representando um modelo em que a aplicação da razão encontra a explicação dos diversos 
fenômenos da natureza, ou seja, esse paradigma representa o fortalecimento do racionalismo. 
 
O segundo, também conhecido como paradigma da complexidade, no caso da saúde, se 
instalou porque o paradigma cartesiano não foi capaz de explicar e resolver as novas questões 
do modelo assistencial em saúde. Edgar Moran (1990), um dos principais estudiosos a discutir 
a complexidade, nos lembra que o a origem do termo complexo, significa “o que é tecido 
junto”. Assim, podemos observar o grande desafio que é construir uma nova abordagem da 
saúde. 
 
Para melhor destacarmos as principais características de cada paradigma, visualize o quadro 
a baixo: 
 
Quadro 1 – Os paradigmas da área da saúde. 
 Paradigma Cartesiano Paradigma da Complexidade 
Conceito de saúde Negativo: ausência de doenças Positivo: qualidade de vida 
Definição de ser humano 
Corpo: máquina composta por 
diferentes partes 
Corpo: totalidade bio-psico-social e 
cultural 
Tratamento 
Medicalização do corpo e ênfase no 
aspecto biológico 
Promoção e prevenção, cura e 
reabilitação 
Foco Nos efeitos Nas causas 
Situação atual Em crise Em consolidação 
Fonte: Feliciano (2004, p. 70). 
 
 
Em novembro de 1992, realizada em Bogotá, Colombia, a Conferência Internacional em 
Promoção da Saúde na Região das Américas, reuniu representantes de todos os países do 
continente americado e o que chamou a atenção nas discuções foram ações transnacionais 
entre os determinantes da saúde, a globalização da economia, a continuada degradação 
ambiental e o acesso aos meios de comunicação (BRASIL, 2002). 
 
Seja no campo individual ou coletivo, a promoção da saúde nos remete para 
um enfoque sempre mais abrangente do conceito de saúde e de seus 
múltiplos determinantes, com todo o seu dinamismo e interatividade, do 
homem ao ambiente e suas relações. [...] Mesmo indivíduos considerados 
Paradigma 
 
Visão de mundo que 
predomina em um momento 
histórico e que influencia os 
comportamentos, as atitudes 
e os valores das pessoas 
(CUNHA et al., 2003, p. 23). 
saudáveis poderiam migrar para um estado ainda mais saudável ou menos 
propenso ao adoecimento. (BRASIL, 2003, p. 130). 
 
 
A prevenção trabalha com a detecção precoce de enfermidades, fatores de riscos específicos 
ou coadjuvantes e causas de enfermidades. O processo de adoecimento ou a doença é a 
questão central e a detecção dos fatores causadores desta e sua correção são o objeto de 
trabalho (BATISTELLA, 2007; ROCHA; MENDES, 2007). 
 
Para uma melhor compreensão Stachtchenko e Jenick (1990) desenvolveram um esquema 
que nos favorece nesta análise ainda hoje e pode ser observado no Quadro 2 que se segue: 
 
Quadro 2 – Reorientações dos modelos de saúde 
Categorias Promoção de saúde Prevenção de doenças 
Conceito de saúde Positivo e multidimensional Ausência de doenças 
Modelo de Intervenção Participativo Médico 
Alvo 
Toda a população no seu ambiente 
total 
Principalmente os grupos de alto 
risco da população 
Incubência Redes de temas da saúde Patologias específicas 
Estratégias 
Diversas e complementares 
Facilitação e capacitação 
Geralmente única 
Direcionamento das medidas Oferecidas à polulação Direcionadoras e persuasivas 
Objetivos dos programas 
Mudanças na situação dos 
indivíduos e de seu ambiente 
Impostas a grupos-alvo 
Focam principalmente em indivíduos 
e grupos de pessoas 
Executores dos programas 
Organizações não profissionais 
Movimentos sociais 
Governos locais, municipais, 
regionais e nacionais etc. 
Profissionais de saúde 
Fonte: Adaptado de Stachtchenko e Jenicek (1990). 
 
 
Assim, verificamos que enquanto a prevenção de doenças foca o indivíduo e o responsabiliza 
pelo seu estado de saúde, a promoção serve como mediadora entre o conjunto das pessoas 
e o ambiente em que vivem, com responsabilidades individuais, sociais e coletivas pela saúde. 
Aqui o processo saúde-doença deve ser analisado dentro de um contexto social, onde o 
indivíduo encontra-se inserido para que se tenha subsídios suficientes para interferir na 
realidade e promover as mudanças necessárias. 
 
No entanto, quando se considera a comunidade, a coletividade, as modificações de ações 
necessárias para a promoção da saúde dentro da saúde pública devemos respeitar as 
possibilidades e programas fornecidos pelo Estado, enquanto que dentro da saúde coletiva 
as ações são mais radicais, de acordo com as necessidades apresentadas pelas 
comunidades. 
 
Para tanto é preciso nos apronfundemos na definição das responsabilidades de cada esfera 
de governo, nas responsabilidades da população, sobretudo, definindo um espaço concreto 
de atuação das pessoas e instituições. 
 
 
1.2.2 O papel do território como espaço de mudança e responsabilização 
em saúde 
 
“O território como locus de vida individual, familiar e comunitária, com suas inter-relações deve 
se constituir na base do sistema de saúde.“ (BRASIL, 2003, p. 133). É o espaço concreto onde 
vive uma população específica, interagindo com determinantes do processo saúde-doença-
cuidado, inclusive com as estruturas dos serviços de saúde (BATISTELLA, 2007). 
 
Assim, podemos dizer que 
 
É na base territorial local onde interagem diversos atores sociais, com 
características demográficas, epidemiológicas, tecnológicas, administrativas, 
políticas e sociais bem definidas, num dinamismo que impõe aos atores 
intervenções variadas na busca da resolução de seus problemas ou 
interesses. (BRASIL, 2003, p. 133). 
 
Neste sentido, estabelecer a base territorial de ação é fundamental para o real 
dimensionamento de um determinada população, seu problemas e interesses, visando 
propostas e intervenções à saúde a bem estar dessa população. 
 
Dessa forma é possível estabelecer portas de entrada no sistema de saúde, o respeito à 
individualização das necessidades, a responsabilização pelo sistema de saúde para o 
atendimento integral nos diversos níveis de complexidade exigidos para cada caso, de 
maneira hierarquizada e a conformação de um sistema que deve ser regionalizado, de forma 
a permitir, uma economia de escala e o acesso mais fácil e mais próximo do local de moradia 
da população. 
 
 
RESUMO 
 
A Organização do sistema de saúde no Brasil, tema do estudo deste capítulo, foi apresentada 
em sua perspectiva histórica, ressaltando as linhas de pensamento em que se pautaram as 
ações de saúde pública no território brasileiro. 
 
Durante os primeiros tempos da República, destacam-se duas linhas: uma que adotava o 
modelo sanitarista que se justificava pelo contexto das grandes epidemias, resultando em 
1908 na criação de instituições federais que se ocuparam em combatê-las; outra pautada no 
modelo privatista, a partir dos anos de 1930, visando atender à demanda de trabalhadores 
para as indústrias. Esse segundo modelo prevaleceu na organização da assistência médica 
à população até nos anos de 1980. Em ambos modelos, a atenção à saúde era centrada na 
cura de doenças. 
 
A partir dos anos 80, em âmbito internacional, iniciam-se as discussões em torno da 
prevenção e atenção à saúde, com foco em uma visão mais integral da pessoa humana. 
Nesse modelo, há o reconhecimento de que as questões de saúde da população implicamas 
dimensões biológicas, culturais, econômicas e sociais e que o direito à saúde se vincula ao 
direito à vida preconizado na Declaração dos Direitos Humanos (1948) e na Constituição 
Brasileira de 1988. Nesse novo modelo o foco é a promoção da saúde. 
 
Com base na Constituição Brasileira de 1988, é instituído o Sistema Único de Saúde – SUS 
fundamentado nos princípios da integralidade, equidade e universalidade que orientam a 
formulação das políticas públicas direcionadas à atenção à saúde pública bem como as 
estratégias para o acesso da população ao universo do SUS. 
 
 
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Brasília: CONASS, 2009. 100 p. 
 
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Uberaba: Universidade de Uberaba, 2003. 
 
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In: Lima N. T. et al. Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, 2006, p. 27-58. 
 
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