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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN PROFESSORES Dra. Paula Piva Linke Me. Ana Paula Furlan Esp. Dênis Martins de Oliveira Esp. Vanessa Barbosa dos Santos HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 2 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LINKE, Paula Piva; FURLAN, Ana Paula; OLIVEIRA, Dênis Martins de; SANTOS, Vanessa Barbosa dos. História da Arte e do Design. Paula Piva Linke; Ana Paula Furlan; Dênis Martins de Oliveira; Vanessa Barbosa dos Santos. Maringá - PR.:UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019. 182 p. “Graduação em Design - EaD”. 1. História. 2. Arte. 3. Design. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0442-7 CDD - 22ª Ed. 701.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini e Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Melina Belusse Ramos, Designer Educacional Nayara G. Valenciano, Revisão Textual Cíntia Prezoto Ferreira, Ilustração Gabriel Amaral, Fotos Shutterstock. Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindasboas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD boas-vindas Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dra. Paula Piva Linke Doutorado em Ciência Ambiental pelo Procam (USP) com bolsa Capes, desenvolvendo pesquisa na área de Moda e Sustentabilidade. Mestrado em História pela Universidade Estadual de Maringá(UEM). Especialização em História e Sociedade (UEM). Especialização em Moda pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Graduação em Moda (Uni- cesumar). Atuou como professora do curso de Moda, Artes Visuais e Jornalismo no ano de 2013, e em 2014 apenas no curso de Moda, ministrando as disciplinas de História da Moda e Laboratório de Criação (Unicesumar). Atualmente é docente nos cursos de Educação a Distância (Unicesumar), no qual atua nas áreas de História da Moda e Desenho de Moda. Também realiza pesquisas na área de sustentabilidade e moda, bem como moda e cultura. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, dis- ponível no endereço a seguir: Link: <http://lattes.cnpq.br/1818751167908774>. Me. Ana Paula Furlan Mestrado em Educação para o Ensino de Ciência pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialização em Design de Produto pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Graduação em Moda pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Atualmente é docente e coordenadora do setor de estágios no Unicesumar. Consultora de produtos em empresas de confecção. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, dis- ponível no endereço a seguir: <https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=C4EACC54908782E9D54FB7370F806F47> Esp. Dênis Martins de Oliveira Especialização em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar/2016). Graduação em Artes Visuais (Unicesumar/2012). Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, dis- ponível no endereço a seguir: Link: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4654860J3> Esp. Vanessa Barbosa dos Santos Especialização em Artes Visuais, Cultura e Criação pelo SENAC-PR (2013). Graduação em Design de Interiores pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2007). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Design Gráfico. Link: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8153006Y1> apresentação do material HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Paula Piva Linke; Ana Paula Furlan; Dênis Martins de Oliveira e Vanessa Barbosa dos Santos Prezado(a) aluno(a) do curso de Tecnologia em Design, este é seu livro da dis- ciplina de História da Arte e do Design. Ele integra cinco unidades de estudo e foi elaborado para que você compreenda da melhor maneira possível os assuntos referentes à disciplina. Analisar a evolução histórica do ser humano, bem como as diferentes manifesta- ções artísticas e estilísticas expressas nos diferentes períodos se faz necessário em praticamente todas as profissões que têm em sua organização a essência criativa; compreender como as manifestações de arte ocorreram nos diferentes períodos trará a você, aluno(a), uma bagagem rica de conteúdos e assuntos pertinentes para sua completa formação acadêmica. A disciplina de História da Arte e do Design tem por objetivo levar a você conhe- cimentos acerca dos principais movimentos artísticos e estilísticos, para que você compreenda como as questões sociais influenciaram a arte e como contribuíram para o despertar de novos conceitos e percepções nos mais diversos campos, dentre eles, o do Design. Assim, iniciaremos nossos estudos a partir da História da Arte, assunto que será abordado nas Unidades um, dois e três do livro. Compreender o mundo ao nosso redor por meio das manifestações artísticas cons- truídas até aqui é um dos objetivos deste livro. Munido do conteúdo pertinente à história da humanidade, apresentado mediante as diversas expressões artísticas, você, aluno(a), conhecerá como se deu a construção das diversas culturas nos diferentes períodos e, também, como esta influenciou e está presente em nossa sociedade até os dias atuais. Assim, o livro de História da Arte e do Design foi elaborado a partir de referenciais bibliográficos ricos em informações que, mesclados com nossa experiência nos diferentes assuntos tratados no decorrer do livro, trarão a você, de maneira clara e objetiva, os diferentes assuntos, para que você absorva da melhor forma todo o conteúdo necessário para uma formação plena. Iniciamos, então, nossos estudos, como mencionado, a partir dos conceitos per- tinentes ao estudo da História da Arte. Na primeira Unidade, temos a definição de arte, que se faz necessária para que você analise todo o conteúdo das unidades um e dois com clareza; apresentam-se, também, as manifestações de arte expressas na Pré-história, bem como no Egito Antigo, expressões essas em que suas carac- terísticas perduram por diversos anos e refletem no estilo expressivo de outros povos. Veremos, ainda, as manifestações de arte na Mesopotâmia e em Creta. Na sequência, temos a importância da arquitetura, da pintura e da escultura na Grécia antiga, bem como em Roma. Na Unidade dois passamos pela influência da arte Bizantina, chegando à Idade Média, com o estilo cristão, românico e gótico. Em seguida, há uma continua- ção das questões históricas e artísticas, apresentando o período conhecido como Renascimento, salientando as mudanças que ele trouxe não só para a sociedade, mas também para as questões artísticas e estilísticas que foram se modificando conforme as questões sociais foram se transformando. Assim, o homem passa a compreender, de maneira clara, sua capacidade de transformar a realidade que o cerca e um novo período ganha destaque na história, o Renascimento. Nessa unidade, também analisaremos as manifestações de arte durante os séculos XVII e XVIII, denominados Barroco e Rococó, e observaremos como tais manifestações se fundiram com as manifestações sociais ocorridas no período. Ainda em se tratando de História da Arte, na Unidade três veremos o surgimento da Arte Moderna e os movimentos que a influenciaram, como o Impressionismo e o Pós-impressionismo. Veremos, portanto, a arte do final do século XIX e os movimentos que permeiaram o século XX. Após finalizada a História da Arte, o livro busca apresentar, a você, o Design, por meio das Unidades quatro e cinco. A Unidade quatro apresentará o significado do termo design, assim como os principais movimentos artísticos e estilísticos que influenciaram o design contemporâneo, como o Arts e Crafts e o Bauhaus. Por fim, lhe será apresentado seu histórico e representação pelo mundo, além das suas manifestações no Brasil. Na última unidade de nosso livro, apresentamos os diversos tipos de design, suas particularidades, bem como possíveis vertentes oriundas das especificidades de cada tipo de design. Desejamos a você, caro(a) aluno(a), um excelente estudo e sucesso em sua carreira, pois acreditamos que os conteúdos aqui apresentados são de suma importância para sua formação, que será plena e de grandes conquistas futuras. sumário UNIDADE I DOS PRIMÓRDIOS À ARTE CLÁSSICA 14 A Origem Da Arte: Primeiras Manifestações 22 A Arte Egípcia 26 Creta e Grécia 34 A Arte Romana UNIDADE II DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XVIII 50 Idade Média 56 Renascimento 64 Barroco e Rococó UNIDADE III ARTE NO SÉCULO XIX E XX 86 Impressionismo e Pós-Impressionismo 92 Arte Moderna 100 Arte Pós-Moderna UNIDADE IV O DESIGN 118 O Design e sua Origem 123 Movimentos Importantes para o Design 128 O Design pelo Mundo UNIDADE V ÁREAS DO DESIGN 150 Design de Interiores 153 Design de Moda 158 Design Efêmero 160 Design Gráfi co 164 Design de Produto 165 Design Digital Professora Dra. Paula Piva Linke Professor Esp. Dênis Martins de Oliveira Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A origem da arte: primeiras manifestações • A arte egípcia • Creta e Grécia • A arte romana Objetivos de Aprendizagem• Descrever o conceito de arte e explicar como ela se desenvolveu na Pré-História e na Mesopotâmia. • Apresentar as principais características da arte no Egito Antigo. • Explicitar as principais características da arte em Creta e na Grécia. • Apresentar a Arte Romana e sua transição para o Cristianismo. DOS PRIMÓRDIOS À ARTE CLÁSSICA I unidade INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de História da Arte de Design. O objetivo desta unidade é o de apresentá-lo(a) a arte, o conceito propriamente dito e como ela se manifestou em diversas civili- zações, especificamente da Pré-História à Antiguidade Clássica. Esta unidade encontra-se dividida em quatro partes. A primeira delas se refere a conceituação e ao entendimento do que é arte e, em seguida, as primeiras manifestações artísticas do início da história do homem, ou seja, na Pré-História e na civilização mesopotâmica, serão apresentadas. A arte na Pré-História e na Mesopotâmia marcaram o início da jornada do homem na produção de objetos e do belo, desenvolvendo-se em di- versas outras civilizações. Na segunda parte, você verá como se desenvolveu a arte na civiliza- ção egípcia, uma civilização que se fundou no deserto, às margens do rio Nilo, e que teve mais de 3.000 anos de história, cuja arte se voltou para os aspectos religiosos que influenciavam a vida cotidiana dessa civilização. Na terceira parte, você terá acesso a arte da civilização cretense e gre- ga, duas civilizações que se destacaram devido a sua produção cultural, filosófica e política. Destaca-se, nessas culturas, a arte voltada à arquite- tura e escultura, assim como a utilização do mármore como material base para as esculturas. Por fim, na quarta parte, você verá a arte romana. Observará como essa civilização, com base em muitos valores estéticos gregos, inovou e criou suas próprias manifestação de arte. Essa civilização foi o berço do Cristianismo, que também influenciou a arte em diferentes momentos históricos. O objetivo desta unidade, caro(a) aluno(a), é o de apresentá-lo(a) aos primórdios da arte, desde as primeiras manifestações do homem. Espero que aprecie a leitura e os conteúdos que lhe serão apresentados. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 14 HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Olá caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossos estudos procurando entender o que é arte e como ela se manifesta. Santos (2005) afi rma que, desde os pri- mórdios tempos, o homem esteve envolvido com o fazer, mas o fazer referente à produção de objetos e conhecimento. Desde a Pré-História, o homem, ao aprender a confeccionar objetos, os utilizou como ferramentas para auxiliá-lo nas mais diversas atividades, desde as domésticas até as relacionadas ao trabalho. Assim, foram desenvolvidos uma grande variedade de obje- tos, com os mais variados usos. Esses objetos foram criados por diversas civilizações ao longo do tempo e têm não somente uma valor funcional, mas estético também, pois é da natureza humana desenvolver o belo nos objetos mais corriqueiros (SANTOS, 2012). Ao longo da história, esses objetos produzidos pelas diversas civilizações foram estudados com o intuito de decifrar como viviam os diferentes povos, e por apresentar particularidades que expressam a cultura daquele povo, tais objetos passaram a ser re- conhecidos como objetos de arte. A Origem da Arte: Primeiras Manifestações DESIGN 15 Em outras palavras, o homem cria objetos não apenas para se ser- vir utilitariamente, mas também para expressar seus sentimentos diante da vida e, mais ainda, para expressar sua visão de momento histórico em que vive (SANTOS, 2005, p. 07). Por estar rodeados por objetos, a autora prossegue afir- mando, ainda, que a arte é algo que não está desconec- tada da vida cotidiana, mas sim intimamente ligado a ela, pois os objetos, assim como as moradias que foram utilizadas em outros períodos, foram reconhecidos como obras de arte por apresentarem significativa- mente um hábito ou forma de viver de uma sociedade em um dado período histórico (SANTOS, 2005). Contudo, a arte além do cotidiano também expres- sa valores estéticos reconhecidos como arte por uma determinada sociedade, objetos construídos para a con- templação. Assim sendo, pode-se entender a arte como: A obra de arte é um objeto de prazer, que visa provocar determinada experiência gratificante, que consiste numa espécie de vivência senso- rial-perceptivo-intelectual, onde são engaja- das especialmente a memória e a imaginação (TREVISAN, 1990, p. 91-92). Para Coli (1995), a obra de arte passa por um julgamen- to estético de críticos e especialistas que determinam o que é ou não reconhecimento como arte. Normalmen- te, um objeto é considerado uma obra de arte devido a sua estética ou historicidade, pois é um exemplar único O que é Arte? A arte é uma das melhores maneiras do ser humano expressar seus sentimentos e emo- ções. Ela pode estar representada de diversas maneiras: por meio da pintura plástica, da escultura, do cinema, do teatro, da dança, da música, da arquitetura, dentre outros. A arte é o reflexo da cultura e da história dos diferen- tes povos, considerando os valores estéticos da beleza, do equilíbrio e da harmonia. Considerando o contexto atual de socieda- de, podemos, ainda, dizer que a arte pode ser também definida como algo inerente ao ser humano, feito por artistas a partir de um senso estético, com o objetivo de despertar e estimular o interesse da consciência de um ou mais espectadores, além de causar algum efeito. Cada expressão artística possui seu significado único e diferente. Fonte: História da Arte ([2017], on-line)1. SAIBA MAIS ou representativo de uma cultura, apresentando sécu- los de idade ou valores que o identificam como um ob- jeto que deve ser mantido como obra de arte. Para o autor, ainda há muitos problemas em se de- finir o que é arte e quais são os objetos representativos que devem ser colocados em museus. Isso se deve em função das diversas linhas de pensamento que discu- tem e estudam a arte e sua história (COLI, 1995). HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 16 No entanto, caro(a) aluno (a), a arte está relacionada a produção cotidiana de uma determinada socie- dade, assim como templos, casas e palácios relacio- nados a personalidades importantes e aos objetos construídos para contemplação, como por exemplo, os quadros. Além disso, Santos (2012) chama atenção, ainda, para a temporalidade. Muitos dos objetos que per- meiam os museus têm séculos de história e represen- tam a forma como viviam determinadas sociedades. Compreender o valor desses objetos, muitas vezes, é uma tarefa difícil, pois tendemos a olhar com estra- nheza aquilo que não nos é familiar, ou seja, avalia- mos a arte com os olhos do presente, sem procurar entender a importância dela para quem a produziu. Assim sendo, ao observar uma obra de arte ou mesmo durante a leitura deste livro, busque entender a arte como uma manifestação cultural de um determi- nado período histórico e de uma civilização, compre- endendo os valores estéticos e as regras que a orientam. Contudo, você deve estar se perguntando: como se deu o entendimento sobre a arte ou mesmo como se conhece a história e os objetos de arte produzidos por civilizações que desapareceram há milhares de anos? A resposta para essa pergunta não é simples, mas graças a permanência de resquícios de civiliza- ções que permaneceram, mesmo com o passar do tempo, e ao trabalho de arqueólogos, antropólogos e historiadores é que foi possível entender a arte das diversas civilizações que habitaram a terra (SAN- TOS, 2012). Os trabalhos de escavação de sítios arqueológi- cos, catalogação e pesquisa dos mais variados artefa- tos históricospermitem entender como viviam tais civilizações e como se expressavam culturalmente, produzindo arte. Graças aos estudos de diferentes pesquisadores, foi possível até mesmo compreender como viviam os povos pré-históricos, os ancestrais do homem, e como se deu o processo civilizatório. As primeiras manifestações artísticas se deram ainda na pré-história. Vou usar a expressar arte para me referir a produção de objetos, artefatos, arquite- tura e outras formas de expressão humana que pos- sibilitam contar nossa história e são representativos de uma determinada civilização. Veremos, a seguir, como se deu as expressões ar- tísticas na Pré-História e, em seguida, na civilização mesopotâmica. PRÉ-HISTÓRIA De acordo com Santos (2005), a Pré-História marca o surgimento da civilização humana, onde não havia escrita e os objetos descobertos por escavações au- xiliam a contar a história de como viviam os povos primitivos. Como a duração da pré-história foi muito longa, os historiadores a dividiram em três períodos: Paleolítico inferior (cerca de 500.000 a.C), Pa- leolítico superior (30.000 a.C) e Neolítico (por volta de 10.000 a.C) (SANTOS, 2005, p. 11). Devido a extensão desse período e ao objetivo do li- vro que é estudar a História da Arte, vamos nos ater a dois períodos específicos ao Paleolítico superior e ao Neolítico, períodos que marcam os primeiros re- gistros das manifestações artísticas do homem. De acordo com Santos (2012), as primeira mani- festação artísticas referentes ao Paleolítico superior eram muitos simples. Sua maioria é encontrada em cavernas, pois, naquele momento, o homem ainda era nômade e habitava cavernas, locais que serviram de base para suas manifestações. DESIGN 17 Inicialmente, os homens pré-históricos apenas faziam riscos nas paredes ou “mãos em negativo”, sendo que somente muito tempo depois começaram a pintar animais. Os desenhos feitos nas paredes das cavernas são conhecidos como pinturas rupestres e são as formas de expressão do homem pré-histórico (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). O pó, que era a tinta utilizada na pintura de mãos em negativo, era obtido por meio da trituração de rochas com diversos pigmentos. (Maria das Graças Vieira Proença dos Santos) REFLITA Figura 1 - Mãos em negativo A técnica de mão em negativo consistia em colocar a mão sobre as paredes das cavernas e, em seguida, aplicar um pó colorido sobre as mãos e a parede, as- sim, ao retirar as mãos, ficava a silhueta da mesma na parede. Observe um exemplo na Figura 1. Após dominar a técnica de mãos em negativo, iniciou-se o desenho com ilustrações de animais, sendo a principal característica desses desenhos o naturalismo, ou seja, se desenhava um animal de acordo com a visão que se tinha dele (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). Em outras palavras, como afirmam Gombrich e Cabral (1999), as pinturas rupestres apresentam certo grau de complexidade com traços, linhas e cores que expressavam as características do animal, bem como HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 18 a crença de que ao pintar um animal ferido duran- te uma caçada, permitia que ele morresse com mais facilidade. Portanto, as pinturas também apresentam um aspecto mítico. O autor prossegue afirmando que: A explicação mais provável para as pinturas rupestres ainda é a de que se trata das mais antigas relíquias da crença universal no poder produzido pelas imagens; dito em outras pa- lavras, parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem de sua presa- e até a espicaçassem com suas lanças e machados de pedra-, os animais verdadeiros também sucumbiriam ao seu poder (GOM- BRICH; CABRAL, 1999, p. 42). As pinturas rupestres apresentam particularidades referentes à construção do desenho. Santos (2005) afirma que os animais que representavam força e mo- vimento eram carregados de traços que expressavam tais características, enquanto que para outros animais mais dóceis, os traços eram mais leves e revelavam fragilidade. Observe um exemplo na Figura 2. Além da pintura, também havia trabalhos com a escultura, onde predominava a figura feminina, assim como na pintura rupestre. A escultura possuia forma rudimentar, com a cabeça surgindo como um prolon- gamento do pescoço, seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas. Veja um exemplo na Figura 3. Já no período seguinte, no Neolítico, por vol- ta de 10.000 a.C, as manifestações de arte mudam significativamente, primeiramente devido ao fato que o homem aprende a construir instrumento com pedra polida, mas principalmente devido ao desenvolvimento da agricultura e da domesticação de animais, o que possibilitou ao homem aban- donar a vida nômade e se fixar em um território, dando início às primeiras civilizações primitivas (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). Figura 4 - Pintura rupestre do Neolítico Figura 2 - Pintura rupestre Figura 3 - Reprodução da Vênus de Willendorf DESIGN 19 A partir de então, o homem aprendeu a tecer a palha, construir cerâmica e moradias, assim como aprendeu a produzir o fogo. Todas essas transforma- ções são conhecidas como Revolução Neolítica, pois modificou a forma de viver do homem primitivo (SANTOS, 2012). Todas essas transformações também modifica- ram o estilo da arte, que deixou de ser naturalista para se tornar simplificado e geometrizado. Inicia-se aqui um processo de interpretação da imagem, onde as figuras sugerem animais e seres humanos (STRI- CKLAND; BOSWELL, 2014). Observe a Figura 4. Além de representar animais, iniciou-se uma nova temática, a vida cotidiana, sendo representa- da por danças, colheitas e demais atividades. Com a preocupação de criar movimento nas pinturas, a forma de desenho das figuras foi se solidificando, se simplificando, com traços leves e fluidos e pouca cor. A partir de então, surgiu o primeiro sistema de es- crita baseado em figuras: a escrita pictográfica, que consiste em representar seres e ideias por meio do desenho (SANTOS, 2005). Além da pintura, a cerâmica também se desenvol- veu, havendo um forte senso estético, o objeto além de funcional também deveria ser belo. A utilização do metal também se mostrou presente em esculturas que representavam mulheres e guerreiros. A construção de moradias também se tornou comum. Os Nuragues eram edificações em pedra em forma de cone sem a utilização de argamassa que servia como moradia (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). MESOPOTÂMIA A Figura 5 traz um exemplo da arte de baixo relevo dos povos mesopotâmicos. Essa arte expressa, nor- malmente, grandes autoridades ou fatos marcantes, Figura 5 - Baixo relevo da mesopotâmia como guerras. Este é mais um exemplo das antigui- dades da arte que foram descobertas por antropólo- gos e que nos ajudam a entender um pouco sobre a história desse povo. As descobertas que ocorreram na pré-histó- ria, como o controle sobre o fogo, a agricultura e a domesticação de animais, levou o homem a viver em comunidade, o que deu origem às pri- meiras civilizações. Dentre essas civilizações des- taca-se a Mesopotâmia (GOMBRICH; CABRAL, 1999). A civilização mesopotâmica se desenvolveu por volta do século VI a.C, mesmo período histó- rico em que desenvolvia o Egito. Localizada entre dois rios, Tigre e Eufrates, território hoje corres- pondente ao Iraque e proximidades, essa civiliza- ção foi povoada por diferentes povos, tais como: sumérios, assírios, babilônicos e persas (STRI- CKLAND; BOSWELL, 2014). A arte se desenvolveu de forma específica em cada um desses povos, contudo, há que se destacar algumas características para escrita, arquitetura, música, dentre outros elementos de manifestações que ocorreram nessa região. Vejamos cada uma de- las a seguir. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN20 Figura 6 - Escrita cuneiforme vimento da arquitetura e mesmo da urbanização. Gombrich e Cabral (1999) afirmam que os povos da Mesopotâmia foram os primeiros urbanistas, pois suas cidades eram organizadas e estruturadas. Devido a escassez de pedras, utilizavam-se tijolos para a construção de templos e palácios caracteriza- dos pelo luxo e grandiosidades no espaço e formato. Os zigurates eram templos de base retangular, com vá- rios andares, e se destacaram na arquitetura. Contudo, foram os jardins suspensos dos babilônios que cha- mavam a atenção, pois os palácios eram construídos possuindo vários andares, e em cada uma deles havia imensos jardins (STRICKLAND; BOSWELL, 2014). Observe, nas imagens a seguir, o zigurate e o jardins suspensos. Já a escultura e pin- tura se destacavam como elementos decorativos. Na escultura, se usava a técnica do baixo relevo, onde o traba- lho era desenvolvido sobre paredes ou murais. As cenas retratadas representavam criaturas míticas ou então cenas de batalhas e seus heróis. A pintura mural era um complemento da escultura, nor- malmente feita com cores vivas e brilhantes, sendo utilizadas largamente em paredes e murais (GOMBRICH; CA- BRAL, 1999). Veja o exem- plo na figura que se segue. A música, o canto e a dança possuem valores mí- tico-religiosos, ou seja, estão A escrita que se desenvolveu na Mesopotâmia é chamada de cuneiforme, foi desenvolvida pelos su- mérios e utilizada por outros povos. A característica principal dessa escrita é que cada imagem significava uma ideia, e a mesma estava ligada a fins de registros religiosos e políticos. Essa escrita recebeu o nome de cuneiforme devido a presença de cunhas feitas em pla- cas de argila, o que proporcionou a construção da es- crita, visto que ainda não havia o papel (GOMBRICH; CABRAL, 1999). Observe um exemplo na Figura 6. Além da escrita, houve um intenso desenvol- DESIGN 21 Figura 7 - Zigurate e jardins suspensos nos palácios ligados às crenças voltadas a religião, mitos e lendas de cada povo que viveu nas terras entre os rios Tigre e Eu- frates (GOMBRICH; CABRAL, 1999). Outro elemento a ser destacado se refere a cerâmica que era feita de argila, assim como tijolos esmaltados utilizados na construção como elementos decorativos. No que se refere a ourivesaria, houve destaque para a produção de estátuas de cobre e ouro, assim como jóias tais como: colares, braceletes e brincos, destacando-se também utensílios domésticos produzidos em metais finos, como afirma Gombrich (1999). Além dos mesopotâmicos, muitas outras civili- zações foram se desenvolvendo nesse período, como o Egito, que veremos a seguir. Figura 8 - Escultura e pintura em baixo relevo HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 22 HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN A Arte Egípcia O Egito se desenvolveu às margens do rio Nilo. Inicialmente, as tribos nômades se fi xaram às margens do rio para obtenção de água e aprende- ram a agricultura, que se mostrou bastante van- tajosa devido às cheias do rio que inundava as terras das margens e as fertilizava, deixando uma grande quantidade de húmus quando a água re- tornava ao seu volume original (STRICKLAND; BOSWELL, 2014). Janson H. e Janson A. (1996) ressaltam que a so- ciedade egípcia iniciou-se como império por volta de 3.000 a.C, quando houve a unifi cação do alto e do bai- xo Egito por meio do Faraó Menés, que deu origem a primeira das 30 dinastias que reinaram no Egito. A cultura, assim como o próprio império e sua política, é fortemente infl uenciada pela religião. O Faraó é considerado chefe político e religioso, re- presentante de deus entre os homens. Assim sendo, toda a produção cultural e social desse povo está atrelada às crenças religiosas (SANTOS, 2005). Havia uma grande preocupação com a vida ter- rena, a qual não só era garantida por meio de diver- sos rituais e oferendas, mas também com a passagem para a morte e a vida após a morte, a qual exigia uma morada para a alma e o corpo após a morte, assim como a conservação do corpo para que se pudes- se retornar a vida após o julgamento de Osíris, deus responsável por julgar os mortos (SANTOS, 2012). DESIGN 23 Devido a essas crenças, muitos conhecimentos fo- ram desenvolvidos de forma avançada no Egito, como a medicina e o embalsamamento para a conservação do corpo; a arquitetura por meio de grandes monu- mentos; e grandes obras de engenharia, como canais de irrigação e palácios. A arte, assim como a forma de se viver no Egito, também se voltava à religião. O conhecimento que se tem da cultura e da for- ma de vida dos egípcios se deve ao fato de que eles desenvolveram um sistema de escrita organizado. A escrita hieroglífi ca era formada pela combinação dos hieróglifos - são pequenas fi guras que possuíam signifi cado próprio e que, agrupadas, proporciona- vam a construção da escrita, como afi rma Janson H. e Janson A. (1996). Veja um exemplo na Figura 9. Os egípcios deixaram registros detalhados de sua forma de vida, organização social e crenças por meio de sua escrita, o que nos possibilita entender como viviam. Além da escrita, também desenvolveram a ar- quitetura por meio de monumentos mortuários, como as pirâmides do egito, que são os túmulos que deveriam abrigar o corpo e a alma do Faraó após a morte. As pirâmides se desenvolveram de diferentes formas ao longo da história do Egito, assim como a arte. Com mais de 3 mil anos de história, dividiu-se a história do Egito em Antigo Império (2.700 — 2200 a.C.), Médio Império (2.033 — 1.710 a.C.) e Novo Império (1559 — 1.069 a.C.) (SANTOS, 2005). No Antigo Império, iniciou-se a construção das pirâmides. É nesse momento que se iniciam as cons- truções monumentais, a primeira delas foi a pirâ- mide de Djoser, construída pelo arquiteto Imotep, sendo a primeira das obras de grandes proporções Figura 9 - Escrita egípcia por meio de hieróglifos Figura 10 - Pirâmide de Djoser do Egito, como afi rma Santos (2005). Observe um exemplo dessa pirâmide na Figura 10. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 24 Figura 11 - Pirâmides do Egito Além da pirâmide, que era o túmulo do Faraó, todo o seu interior era preparado para a nova vida do sobera- no, a fim de garantir que fosse julgado de forma corre- ta. Sendo assim, o interior da pirâmide era preparado para a nova vida. No interior desses monumentos, a vida do faraó deveria ser contada e todos os seus feitos narrados, para tanto, os escritos eram feitos nas diver- sas paredes das câmaras que compunham a pirâmide. Além disso, havia também a presença da pintura e de baixos relevos para ornamentar e enfatizar os feitos do soberano (GOMBRICH; CABRAL, 1999). Após experimentos e anos de prática, os egíp- cios mudaram o formato da pirâmide, adaptando o modelo de Imotep e construindo as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos. Ademais, entre as grandes obras também se destacou a Esfinge, que re- presenta o faraó Quéfren. Contudo, devido ao tem- po, acabou mudando sua aparência para uma figura enigmática como destaca Santos (2005). Santos (2005) ressalta que a pintura e o baixo re- levo seguiam a lei da frontalidade, obrigatória na arte egípcia. “Essa lei determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquan- to sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil” (SANTOS, 2005, p. 19). Figura 12 - Pintura de baixo relevo seguindo a lei da frontalidade A pintura e mesmo a escultura em baixo re- levo representavam muitas vezes a figura do Faraó perante Osíris, o deus responsável por julgar os mortos. Esses dois elementos artís- ticos eram muito usados na decoração de interiores em composições com a escrita para registrar os grandes feitos do faraó.(Maria das Graças Vieira Proença dos Santos) REFLITA DESIGN 25 A intenção dessa forma de pintura era que o ob- servador entendesse imediatamente que se tratava de uma mera representação. Observe um exemplo na Figura 12. Em se tratando da escultura, cabe ressaltar ain- da que havia uma grande preocupação em repre- sentar os indivíduos em seus mínimos detalhes, desde a fisionomia do rosto ao formato do corpo. De acordo com Santos (2005), a escultura foi a ma- nifestação artística que possuiu maior representa- tividade, pois ganhou as mais belas representações do Antigo Império. O Médio Império trouxe pouca representativi- dade a arte, continuou com a pintura e escultura em baixo relevo; no entanto, a escultura tradicional mu- dou drasticamente, pois nesse período havia uma preocupação em representar um ideal e não mais o indivíduo em sua aparência real. Assim, a escultura tornou-se apenas decorativa e apresenta os sobera- nos e deuses com uma aparência eleita como perfei- ta (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). Os autores prossegue afirmando que o Novo Im- pério trouxe grandes transformações a arte, princi- palmente no que se refere a construção de grandes monumentos e as modificações na estrutura da pin- tura (JANSON, H.; JANSON, A., 1996). Gombrich e Cabral (1999) destacam que os Fa- raós diminuíram o poder dos sacerdotes, o que pos- sibilitou rever alguns padrões estéticos, como ocorre no caso da pintura, onde se ousou representar mo- vimento e figuras mais elaboradas; contudo, devido às disputas de poder e retomada do poder por parte dos sacerdotes, fez com que a pintura voltasse a lei da frontalidade. Os autores destacam, ainda, o desenvolvimen- to de objetos fúnebres, objetos que eram colocados na câmara do faraó, tais como urnas, vasos, mobília, jóias, carroças, dentre outros objetos. Destaca-se en- tre esses objetos o sarcófago, uma urna mortuária que guardava o corpo mumificado do faraó (GOMBRI- CH; CABRAL, 1999). Observe um exemplo de sarcó- fago na Figura 13. Os egípcios dominaram o trabalho com metais e pedras preciosas, assim uma grande parte dos objetos, inclusive o sarcófago, eram feitos de outro maciço e adornados com pedras preciosas (SAN- TOS, 2012). Contudo, apesar dessa vasta riqueza, assim como qualquer império, o Egito teve suas crises e passou por diversas invasões, o que provocou mu- danças significativas em sua cultura e arte, modifi- cando o estilo de vida desse povo. O império entrou em decadência após ser invadido por diversos po- vos, como gregos e romanos. A arte egípcia retrata uma forma de pensar e viver onde a religião e as crenças estão intimamente ligadas à vida cotidiana e que permanece até a atualidade. REFLITA Figura 13 - Sarcófago HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 26 Creta e Grécia Assim como se desenvolveu o Egito às margens do rio Nilo, muitas outras civilizações se desenvolve- ram e se destacaram, deixando vestígios que nos permitem entender sua história. Uma das civiliza- ções que se desenvolveu no que seria hoje atuais ilhas gregas, foi a civilização de Creta, ou civilização Minóica (SANTOS, 2012). Janson H. e Janson A. (1996) apontam que essa ci- vilização apresenta uma história bem peculiar. Pouco se sabe ainda sobre seu estilo de vida e cultura, pois sua es- crita ainda não foi decifrada. Além disso, Santos (2005) destaca que são poucos os resquícios de monumentos e objetos produzidos por tal cultura que permaneceu, já que seus monumentos eram, em sua maioria, feitos de tijolos de barro, não resistindo à passagem do tempo. Essa civilização existiu por volta de 2.600 a 1.460 a.C, sendo extinta devido às invasões de outros po- vos. No que se refere à arquitetura, ela era bastante complexa para a época, sendo o Palácio de Cnossos seu maior exemplar. Cnossos destaca-se como sítio arqueológico mais importante de Creta. As escavações reali- zadas entre 1900 e 1935 por sir Arthur Evans na região, revelam afrescos, belos e delicados recipientes pintados e estatuetas de mármore e fiança. Todas essas descobertas proporcionaram informações importantes sobre a indumentária e a Arte cretense (COSGRAVE, 2012, p. 33). Observe, caro(a) aluno(a), o palácio de Cnossos na Figura 14. DESIGN 27 A arquitetura do palácio apresenta características importantes; a primeira delas se refere à organiza- ção do espaço com salas que levam a imensos pátios, proporcionando luminosidades e ambientes abertos para descanso e jardins. Outro aspecto relevante é que o mesmo possuía, no mínimo, dois andares; es- tima-se que fossem três ou quadro, o que pressupu- nha distribuir colunas e escadas de forma adequada para dar sustentação ao prédio. Para Janson H. e Janson A. (1996), o palácio é um exemplar elaborado da arquitetura que também expressa a arte decorativa, muito utilizada, especial- mente, em murais. A pintura era empregada como decoração em grandes afrescos e murais decorativos. Os temas mais comuns envolvem atividades cotidianas e mes- mo a vida marinha, visto que Creta era uma ilha. Observe alguns exemplos na Figura 15: Figura 14 - Palácio de Cnossos Figura 15 - Murais decorativos do Palácio de Cnossos HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 28 A pintura seguia alguns padrões. Ela tinha influên- cia egípcia, pois aplicava alguns dos princípios da lei da frontalidade, a diferença aqui é que havia mais dinamicidade e cor nos afrescos. As cores mais uti- lizadas eram o vermelho, azul e branco, assim como tons de ocre, azul e marrom (SANTOS, 2005). Além da pintura havia um intenso trabalho com metais e cerâmica. E, em termos de metais, havia larga fabricação de joias e pequenos adereços, assim como pequenas estátuas de bronze e ferro (COS- GRAVE, 2012). Já a escultura se desenvolveu em pe- quenos exemplares decorativos, e havia uma grande representação de mulheres. Essa civilização ainda é um mistério, mas podemos observar seu desenvolvi- mento pelos afrescos e pintura. A Grécia, assim como o Egito, é uma civilização que deixou muitos vestígios para estudos e desen- volveu-se de forma bastante ampla nas artes, princi- palmente na escultura e na arquitetura. A Grécia possuía abundância e variedade de materiais para utilização em diversas áreas, como a arquitetura e escultura. Dentre esses materiais destacam-se a madeira, as pedras calcárias e o mármore. O mármore foi um dos materiais mais utili- zados, sendo empregado em grandes cons- truções públicas e templos, assim como em decoração de interiores. Contudo, é na escul- tura grega que esse material possibilitou a elaboração de estátuas detalhadas em termos de anatomia e vestuário, visto que possibilita- va entalhar com detalhes rugas, expressões faciais, dobras de roupas e tecidos. Fonte: Gombrich (1999). SAIBA MAIS Dentre os povos da Antiguidade, os gregos foram os que mais tiveram liberdade artística, não se subme- tendo a sacerdotes ou reis autoritários, mas sim prio- rizado a criação e a valorização da estética, buscan- do sempre produzir o belo (SANTOS, 2005). A civilização grega se desenvolveu por volta do século XII a.C, quando os diversos povos que viviam na região começaram a intensificar o comércio entre si e fortalecer suas fronteiras formando as cidades estados ou as Pólis. Contudo, é somente a partir do século VII a.C que essas cidades se fortalecem e, devido ao comércio com outros povos, acabam por incorporar certas influências e adaptá-las à sua cul- tura, nascendo assim uma identidade cultural entre as cidades, formando a civilização grega (SANTOS, 2012). A arte grega passou por três momentos distintos: Período Arcaico (800 a 500 a.C), Período Clássico (500 a 336 a.C) e Período Helenístico (336 a 146 a.C). Janson H. e Janson A. (1996) afirmamque cada um desses períodos apresenta características marcantes em termos de desenvolvimento artístico. Vejamos cada um deles. No Período Clássico (500 a 336 a.C) se desta- ca a arquitetura e a escultura e também a pintura. No que se refere à arquitetura, cabe destacar que os gregos tinham uma preocupação maior com obras monumentais dedicadas aos deuses ou ao estado, ficando as moradias em segundo plano (GOMBRI- CH, 1999). A base das construções gregas se dá por meio das colunas, que é o suporte para qualquer tipo de construção. As colunas são compostas por três par- tes: base, fuste e capitel. • Base: o suporte da coluna, uma espécie de pedestal entre o piso do edifício e o fuste. DESIGN 29 • Fuste: o corpo alongado vertical da coluna, que determina a altura da construção. Ge- ralmente, tem a forma cilíndrica. • Capitel: é a parte superior da coluna, cuja ca- racterística decorativa é a mais evidente nas ordens gregas (TRINDADE, 2007, p. 37). As colunas não servem apenas como sustentação, mas também como elementos decorativos, princi- palmente por meio do modelo do capitel que pode ser no estilo Dórico, Jônico e Coríntio. Veja como Trindade (2007) descreve cada uma delas e observe o exemplo na figura seguinte: • Ordem Dórica: simples e maciça. • Ordem Jônica: mais detalhada e com mais leveza. • Ordem Coríntia: carregada de detalhes, mais ornamentada e detalhada do que a Jônica. Figura 16 - Estilos das colunas gregas, Dórico, Jônico e Conríntio. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 30 Figura 17 - Polímedes de Argos — Os irmãos Cleóbis e Biton (c.615-590 a.C.) Fonte: Wikipédia (2015, on-line)2. A principal manifestação arquitetônica desse perío- do foram os templos, construídos não somente como locais para adoração aos deuses, mas sim como local de proteção as estátuas dos deuses (SANTOS, 2005). O grande destaque da arquitetura desse momen- to vai para o tempo de Héraion de Olímpia, dedi- cado a deusa Hera, como afirma Trindade (2007). Os templos também apresentavam ornamentação e culturas ainda bastante primitivas. As esculturas do período arcaico têm uma forte influência egípcia, são bastante rígidas e apresentam a lei da frontalidade assim como uma preocupação exagerada com as simetria, o que tornava a escultura rígida e sem movimento. Esse tipo de escultura era chamado de Kouros, que significava homem jovem. Observe o exemplo na Figura 17. No que se refere à pintura, nada restou dos pai- néis e murais presentes em tempos. A cerâmica é que nos oferece uma grande quantidade de exempla- res da pintura no período arcaico. As temáticas que aparecem se referem a cenas cotidianas, mitologia e lendas, como afirma Janson H. e Janson A. (1996). Nesse período, as cores da cerâmica eram aper- feiçoadas de forma que as figuras fossem trabalhadas com tinta preta e detalhadas com uma ferramenta que retirava a cor, proporcionando maiores detalhes aos exemplares e movimento (SANTOS, 2012). O período arcaico apenas marca o ínicio da arte na Grécia. É no Período Clássico (500 a 336 a.C) que a arte grega floresce, expandindo-se e ganhando maior apelo estético, principalmente na escultura, como destaca Trindade (2007). A arquitetura do Período Clássico mostra-se monu- mental. O maior exemplo desse período é o Parthenon, templo dedicado a deusa Atena, protetora da Cidade de Atena. A estrutura do templo foi pensada de forma a dar estabilidade e proporcionar amplitude. Havia uma preo- cupação muito grande com a estética, o que proporcio- nou o surgimento e utilização da coluna no estilo Corín- tio, largamente utilizada por ser mais decorada. Observe o templo da deusa Atena na Figura 18. Além dos templos, muitos teatros foram cons- truídos. Nesse período, o teatro era composto “por 3 partes: uma cena, a orquestra (espaço circular ou semicircular central, onde ficava o coro) e um semi- círculo de degraus onde ficava a platéia” (TRINDA- DE, 2007, p. 40). Os gregos apreciavam a música, a dança e também a encenação, que se dava em espaços pú- blicos dedicados a essas atividades, os teatros. De- DESIGN 31 Figura 18 - Parthenon senvolveu-se, na Grécia, os gêneros de comédia e tragédia. Ainda nesse período, a arquitetura era voltada para obras públicas e monumentais que passaram a receber ornamentos cada vez mais sofisticados, como as esculturas. A escultura e a pintura, como afirma Janson H. e Janson A. (1996), eram antropocêntricas, ou seja, o O teatro tem sua origem na Grécia Antiga, tendo como destaque, principalmente, os gêneros de tragédia e comédia. REFLITA homem era o centro da representação, havendo uma preocupação muito grande com a perfeição estética na construção da pintura e também da escultura. É nesse período que a escultura se desenvolve buscando movimento, leveza e estética, assim os ar- tistas estudam a forma do corpo, posições, músculos e materiais que possibilitem compor as novas estátu- as. Inicialmente, o material utilizado era o mármore, contudo, devido a sua fragilidade, em muitos casos era substituído pelo bronze (SANTOS, 2005). Nesse período, a preocupação era que a escul- tura apresentasse movimento e perfeição estética. A obra deveria ser bela de todos os ângulos, sendo as estátuas, exemplificadas na Figura 19, os maiores exemplares desse período. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 32 Figura 19 - Poseidon e Discóbolo em mármore Fonte: Trindade (2007, p. 41). Na pintura, houve inversão nas cores, pois antes elas eram representadas em preto e, nesse período, passaram a ser representadas em tons claros, crian- do maior contraste cromático e movimento. Obser- ve a diferença na Figura 20. Ao inverter as cores proporciona-se maior har- monia e movimento, assim como leveza ao trabalho de pintura em cerâmicas. O período Helenístico (336 a 146 a.C) marca uma fase onde as culturas grega e oriental se fun- diram, dando origem ao mundo Helenístico sob domínio de Alexandre, O Grande, que conquistou muitas terras e disseminou a cultura grega que aca- bou por ser influenciada por outros elementos cul- turais também (TRINDADE, 2007). Esse é o momento em que o escultor tem maior liberdade de expressão e veremos a temática feminina entrando com força na escultura. Mulheres seminuas ou nuas aparecem com frequência; além disso, a dra- maticidade é incorporada à escultura (SANTOS, 2012). Em se tratando da escultura, a intenção era proporcionar ao observador inquietação, seja pela DESIGN 33 beleza ou pela dramaticidade da obra. A expressão corporal e mesmo facial era trabalhada em detalhes para expressar vida e provocar emoções. Os maiores exemplares desse período foram Vênus de Milo e Vitória (Nike) de Samotrácia. A primeira re- presenta a deusa Vênus seminua, com corpo delineado apresentando sensualidade. A segunda é uma estátua que representa a vitória de uma batalha militar; a es- tátua foi colocada na proa de um navio. Essa obra traz movimento devido as asas simbolizando a vitória e ao drapeado, que parece se esvoaçar com o vento. No que se refere à escultura, ela se volta para a moradia, que passa a ganhar atenção com co- lunas, murais e ambientes suntuosos. Os teatros também se modificam, aproximando mais o pú- blico dos atores. Após esse período, a cultura grega começa a en- trar em decadência devido às invasões e influências de outros povos. Contudo, ela influenciou profun- damente outra civilização, Roma, que aprimorou muito do que se desenvolveu na Grécia. Figura 20 - Pintura no estilo arcaico e pintura no estilo clássico HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 34 A Arte Romana A formação de Roma envolve uma série de lendas e mitos sobre dois irmãos alimentados por uma loba, contudo, apesardesses mitos, se sabe que essa civi- lização teve origem por volta dos anos de 700 a.C e sofreu fortes influências dos etruscos e gregos que habitavam a região da Itália, dando origem aos ro- manos (SANTOS, 2005). Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que os ro- manos construíram sua cultura com bases etruscas e gregas para, então desenvolver um estilo próprio. Janson H. e Janson A. (1996) destacam que, devido a essas influências, a arquitetura romana desenvol- veu-se de forma distinta e promoveu inovações no mundo antigo. Em se tratando da arquitetura, dos etruscos, os romanos aprenderam a projetar a abóbada, compos- ta por várias pedras, formando um espaço côncavo, onde as pedras se apoiavam umas sobre as outras, dispensando o uso exagerado de colunas como fa- ziam os gregos (SANTOS, 2012). A autora prossegue afirmando que dos gregos os romanos utilizaram as colunas, não apenas como sustentação, mas como elementos decorativo que compunham a estrutura de templos e prédios públi- cos (SANTOS, 2012). Devido a essas duas influências, a arquitetura ro- mana tornou-se mais ampla, com grandes espaços internos, que possibilitam a circulação de pessoas e DESIGN 35 proporcionam a sensação de amplidão. O referido autor destaca que por volta do século I d.C, os roma- nos possuíam um estilo próprio. No que se refere a construção de templo, os ro- manos valorizavam o espaço interno por meio das abóbadas e apreciavam também as colunas que eram utilizadas nas fachadas frontais e mesmo como ele- mentos decorativo na parte interna, sem a função de sustentação. Além disso, Trindade (2007) destaca que os templos eram construídos em planos mais elevados, sendo acessados por meio de escadarias que davam acesso a uma fachada frontal, bem diferente das la- terais do templo, aspecto bem divergente dos gregos. O maior exemplo desse tipo de arquitetura é o tem- plo chamado de Panteão, projetado para reunir uma grande variedade de deuses, possibilitando que uma quantidade opulenta da população pudesse se reu- nir para o culto. Observe esse templo na Figura 21. Os romanos também desenvolveram diferentes aspectos na arquitetura do teatro. Muito apreciado- res de diversos espetáculos, assim como as lutas en- tre gladiadores, os romanos desenvolveram diversos teatros e anfiteatros. Ao dominar a arquitetura base- ada em arcos, os romanos aprenderam a distribuir o peso e dar maior sustentação à construção, podendo fazê-la em qualquer espaço com proporções gigan- tescas (TRINDADE, 2007). HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 36 Figura 21 - Panteão Posteriormente, na Era Cristã, o Panteão foi adaptado a religião católica, sendo um dos únicos templos pagãos que hoje é ocupado por uma igreja cristã. Toda a estrutura externa e interna do templo se manteve; as colunas decoradas, o frontão e o espaço aberto na parte da frente também. O monumento se manteve e é considerado patrimônio cultural. Embora o templo traga uma influência não cristã, sua adaptação a religião católica o fez permanecer. Fonte: Santos (2005). SAIBA MAIS Por apreciar as lutas entre gladiadores, que podia ser vista de todos os ângulos, os romanos construí- am um novo estilo de arquitetura para o espetáculo, com uma arena central oval e as arquibancadas dis- tribuídas ao redor da arena. O maior exemplar desse tipo de arquitetura é o Coliseu. Além do anfiteatros e templos, outro elemento que tinha fundamental importância para os roma- nos eram as moradias. Santos (2012) destaca que os romanos possuíam uma estrutura rígida e formal para as casas, que consistia em um retângulo no qual a entrada se dava por uma das partes menores, onde havia uma sala principal, o átrio. Nessa sala havia um espaço aberto no teto e um tanque para coletar água da chuva no chão, bem embaixo do espaço do teto. Esse espaço aberto possibilitava a entrada de ar e luz no ambiente. Figura 22 - Vista interna do Coliseu DESIGN 37 Os estádios de futebol foram inspirados no Coliseu graças a sua estrutura. Devido a sua distribuição de espaço, o Coli- seu serviu de inspiração para a construção dos estádios de futebol dos dias atuais. REFLITA A partir dessa entrada, o átrio se seguia para o cômodo principal da casa e para dos demais cômo- dos. Os cômodos eram bem organizados, contu- do, os romanos apreciavam o peristilo, um espaço aberto rodeado por colunas que foi incorporado aos fundos das casas romanas, dando acesso a outros cômodos. Observa-se, portanto, que os romanos incorporaram elementos de diferentes culturas à ar- quitetura, adaptando-os às suas necessidades. A pintura que se desenvolveu em Roma é bas- tante particular, estando muito ligada a decoração de interiores e é classificada em quatro estilos, como afirma Santos (2005). O primeiro deles não se refere especificamente à pintura, mas sim a recobrir as paredes de uma sala com gesso imitando mármore; contudo, mais tarde, o gesso foi dispensado, pois os pintores perceberam que apenas a pintura poderia imitar o mármore, sem a necessidade do gesso (SANTOS, 2005). O segundo estilo se refere à possibilidade de criar painéis que davam a ilusão de janelas abertas com paisagens cotidianas, ou seja, por meio do estu- do de profundidade e iluminação, criava-se ilusões de portas e janelas com diversas paisagens ou faziam grandes pinturas murais, acrescentando barrados próximos ao piso e ao teto e montavam cenas deco- rativas em toda a parede (SANTOS, 2005). Santos (2005) afirma que o terceiro estilo valo- rizava a delicadeza com pequenos detalhes; assim, as grandes pinturas murais foram aos poucos aban- donadas, isso por volta do século I a.C. Já o quarto estilo é a junção da ilusão do espaço buscando am- plitude e da delicadeza do terceiro estilo. Nesse esti- lo, pequenos painéis eram distribuídos nas paredes, proporcionando harmonia e delicadeza. Figura 23 - Escultura do Imperador Augusto HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 38 desenvolveu muito como elemento decorativo de pai- néis e paredes, ou seja, a escultura mural, como afirmam Gombrich e Cabral (1999). A escultura mural relatava grandes feitos de generais, imperadores e batalhas. Esse tipo de escultura era comum em palácios, templo, obras públicas e mesmo no interior de algumas casas. As esculturas romanas eram muito detalhadas e expressivas, assim como sua arquitetura. Após o século I d.C., Roma começou a sofrer invasões cons- tantes e, por volta do século V, foi completamente invadida pelos povos bárbaros, marcando a queda do império e o início da Idade Média. Caro(a) aluno(a), espero que tenha apreciado a leitura referente ao início da arte e como ela se de- senvolveu nas civilizações antigas. Até breve. No que se refere à escultura, os romanos eram grandes admiradores da escultura grega e aprende- ram muito ao observar e estudar tal estilo; contudo, os romanos apresentavam uma preocupação mais realista, ou seja, buscavam retratar os indivíduos com todos o seus traços, inclusive imperfeições, bem diferente do ideal de beleza grega (SANTOS, 2012). Portanto, as estátuas romanas apresentam-se de forma a colocar os traços étnicos no indivíduo, de acordo com suas imperfeições; o mesmo se valia para o vestuário, que expressava movimento e acom- panhava o corpo. As poses buscavam imponência e respeito, retratando perfeitamente a anatomia do corpo, como afirma Santos (2005). Além das estátuas, a escultura romana também se Figura 24 - Escultura mural 39 considerações finais Caro(a) aluno(a), entender o que é arte e como ela se manifesta não é algo simples. Lem- bre-se que a arte está relacionada aos objetos que o ser humano produz e que são represen- tativos de uma determinada cultura, seja pelo seu valorhistórico ou pela raridade. Portanto, podemos entender que, em sua maioria, a produção humana está ligada à arte. Desde a Pré-História até os dias atuais, o homem produz objetos para contar sua história, seja com utensílios ou para simples contemplação; são esses objetos que nos per- mitem entender como viviam os povos da Antiguidade. A arte da Pré-História estava mais associada às pinturas rupestres; no entanto, com o desenvolvimento das civilizações, a arte se desenvolveu de forma diferenciada em cada uma delas. As civilizações que se desenvolveram à margem dos rios Tigre e Eufrates deram origem a Mesopotâmia, que trouxeram elementos importantes para a urbanização, assim como jardins suspensos. Os egípcios, por exemplo, têm em sua arte uma forte influência religiosa voltada para a vida após a morte. O conhecimento dessa cultura se deu devido ao sistema de escrita detalhado, que possibilitou entender como viviam. Já os gregos se inspiraram nos egípcios, mas aprimoraram a arte se desenvolvendo muito na escultura e arquitetura. Na escultura, usaram as colunas como suporte para seus templos, assim como elementos decorativos, havendo uma proporção com a naturalidade da obra, assim como a estética. Os romanos tiveram influência grega e também etrusca e inovaram na arquitetura por meio dos arcos e abóbadas, criando o Panteão e o Coliseu. Na escultura, se preocuparam com a expressão da realidade, retratando os indivíduos como eram, com suas imperfeições e características particulares. O que podemos perceber, caros(as) alunos(as), é que a arte assume características úni- cas para cada período histórico e para cada civilização. Espero que tenham apreciado a leitura. Até breve! 40 atividades de estudo 1. Os objetos fazem parte do cotidiano e muitos deles expressam a arte devido ao seus valor histórico e de raridade. Por que os homens criam objetos? Explique. 2. Os homens pré-históricos deram início às manifestações artísticas. Qual é a mani- festação artística mais comum desse período? a. Pintura em cerâmica. b. Cestaria. c. Pinturas rupestres. d. Escultura. e. Nenhuma das opções anteriores está correta. 3. A Mesopotâmia é uma civilização que se desenvolveu entre os rios Tigre e Eufrates. Referente a arte que ali se desenvolveu, leia as alternativas que seguem. I. A escrita que se desenvolveu na Mesopotâmia é chamada de multiforme. II. Devido a escassez de pedras, utilizavam-se tijolos para a construção de templos e palácios caracterizados pelo luxo e grandiosidades no espaço e formato. III. Já a escultura e pintura se destacavam como elementos decorativos. IV. Havia grandes construções de palácios com jardins suspensos. Marque a alternativa correta. a. I, II e III estão corretas. b. I e III estão corretas. c. I, II e IV estão corretas. d. II, III, e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 4. O Egito foi uma das civilizações mais avançadas e produziu grandes monumentos artísticos. Referente à arte egípcia, leia as alternativas e marque V para verdadeiro e F para falso. ( ). Desenvolveram um sistema de escrita organizado, a escrita hieroglífica, formada pela combinação dos hieróglifos, pequenas figuras que possuíam significado próprio. ( ). Desenvolveram a arquitetura por meio de monumentos mortuários, como as pirâmi- des do Egito, que são túmulos que deveriam abrigar o corpo e a alma do Faraó após a sua morte. 41 atividades de estudo ( ). A pintura e a escultura seguiam a lei da simetria. ( ). A escultura foi a manifestação artística que possuiu maior representatividade, pois ganhou as mais belas representações do Antigo Império. Marque a alternativa correta. a. V, V, V, F. b. F, V, V, V c. V, F, V, V d. V, V, F, V e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. Creta foi uma civilização que se desenvolveu em uma das diversas ilhas gregas, apre- sentando várias particularidades referentes à arte. Leia as alternativas abaixo e marque a opção incorreta referente à arte cretense. a. Cnossos destaca-se como sítio arqueológico mais importante de Creta. b. A arquitetura era bela, mas pouco desenvolvida. c. A pintura era empregada como decoração em grandes afrescos e murais decorati- vos. d. O trabalho com metais e cerâmicas era bem desenvolvido. e. Nenhuma das opções anteriores está correta. 6. A escultura e a pintura grega eram antropocêntricas. Explique o que isso significa. 7. Roma sofreu duas grandes influências na construção de sua arte. Que influências foram essas? Marque a opção correta. a. Etrusca e grega. b. Cretense e grega. c. Egípcia e etrusca. d. Egípcia e grega. e. Nenhuma das opções anteriores está correta. 42 LEITURA COMPLEMENTAR Origem da arte O mundo da arte pode ser observado, compreendido e apreciado. É através do conheci- mento que o ser humano desenvolve sua imaginação e criação adquirindo conhecimento, modifi cando sua realidade, aprendendo a conviver com seus semelhantes e respeitando as diferenças. A arte é quase tão antiga quanto o homem, pois ela é uma forma de trabalho, e o traba- lho é uma propriedade do homem. Entre suas características, pode ser defi nida como um processo de atividades deliberadas para adaptar as substâncias naturais as vontades hu- manas; é a relação de conexão entre o homem e a natureza, comum em todas as formas sociais. O homem executa seu trabalho através da transformação da natureza. A arte, como um trabalho mágico do homem, é utilizada como uma tentativa de transformação da natureza, que sonha em modifi car os objetos, dar uma nova forma à sociedade. Trata-se de externar uma imaginação do que signifi ca a realidade, portanto, o homem é considerado, por princí- pio, um mágico, pois é capaz de transformar a realidade através da arte. Para executar suas atividades, o homem, através das artes, como por exemplo, as pinturas em paredes, gerou conhecimento e criou ferramentas para atender seus interesses. O ho- mem cria a arte como uma forma para sobreviver no meio, expressar o que pensa, divulgar suas crenças (ou a de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explo- rar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas. Para que a arte exista é necessário a existência de três elementos: o artista, o observador e a obra de arte. O artista é aquele que tem o conhecimento concreto, abstrato e individual sobre determinado assunto, que se estressa e transmite esse conhecimento através de um objeto artístico (pintura, escultura, dentre outros) que represente suas ideias. O segundo, o observador, é aquele que faz parte do público que observa a obra para chegar ao caminho de mundo que ela contém. Ainda terá que ter algum conhecimento de história e história da arte para poder entender o contexto de tal arte. O terceiro, a obra de arte, é a criação do objeto artístico que vai até o entendimento do observador, pois todas as artes têm um fi m em si, ou seja, uma tradução. Fonte: Ferreira e Oliveira ([2017], on-line)3 DESIGN 43 História da arte Maria das Graças Vieira Proença dos Santos Editora: Ática Sinopse: poucas obras conseguem, como esta, apresentar de maneira tão abrangente e tão didática toda a história da arte ocidental. Da Pré-História ao Pós-Moderno, desfi lam por suas páginas as obras mais signifi cativas da produção cultural do Ocidente. O texto do livro - conciso e agradável - é apoiado por mais de 350 reproduções, além de numerosos esquemas. Uma leitura utilíssima para estu- dantes e para o público em geral. O vídeo apresenta brevemente as mais importantes obras da arquitetura e da Arte Romana, explicando sua estrutura e função. Acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J8s6UiJV3jo>.44 referências COLI, J. O que é Arte. 15. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995. COSGRAVE, B. História da indumentária e da moda: Da antiguidade aos dias atu- ais. Barcelona: GG moda, 2012. GOMBRICH, E. H.; CABRAL, Á. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação a história da arte. 2. ed. São Paulo: Mar- tins Fontes, 1996. SANTOS, M. G. V. P. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2005. ______. História da arte. 17. ed. São Paulo: Ática, 2012. STRICKLAND, C.; BOSWELL, J. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. 15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. TREVISAN, A. Como apreciar a arte; do saber ao sabor: uma síntese possível. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990. TRINDADE, S. História da Arte. Bahia: Faculdade de Tecnologia e Ciências, 2007. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: <http://historia-da-arte.info/o-que-e-arte.html>. Acesso em: 02 ago. 2017. 2 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Kouros>. Acesso em: 02 ago. 2017. 3 Em: <https://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/241/texto%205. pdf>. Acesso em: 25 set. 2017. 45 gabarito 1. O homem cria objetos não apenas para se servir utilitariamente, mas também para expressar seus sentimentos diante da vida e, mais ainda, para expressar sua visão do momento histórico em que vive. 2. c) 3. d) 4. d) 5. b) 6. O homem era o centro da representação, havendo uma preocupação muito grande com a perfeição estética na construção da pintura e também da escul- tura. 7. a) Prof.ª Dr.ª Paula Piva Linke Prof.ª Me. Ana Paula Furlan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Idade Média • Renascimento • Barroco e Rococó Objetivos de Aprendizagem • Descrever a arte na sociedade bizantina e na Idade Média. • Caracterizar as mudanças sociais e artísticas que ocorreram entre os séculos XIV e XVI. • Apresentar e caracterizar o Barroco e o Rococó. DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XVIII II unidade INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a segunda Unidade do livro de História da Arte e do Design. O objetivo desta unidade é o de apresentar a você a arte do período medieval, renascentista e os movimentos que se desenvolveram no século XVII e XVIII, ou seja, o Barroco e o Rococó. A intenção é que você compreenda como a sociedade humana evo- luiu ao longo do tempo e como isso se reflete na arte e na forma de viver, portanto, é sempre importante associar os períodos históricos às mani- festações artísticas. Iniciaremos esta unidade com a arte medieval. Após a queda do Im- pério Romano, houve um grande êxodo urbano e as pessoas passaram a morar em grandes propriedade rurais, sobre a proteção dos senhores feu- dais. Assim surgiu o feudalismo, que marca a Idade Média, assim como a influência religiosa na arte. No fim da Idade Média, por volta do final do século XIV, mas cer- tamente no século XV, houve o renascimento do comércio, da vida na corte e nas cidades. Esse período ficou conhecido como Renascimento, movimento artístico e cultural que teve início na Itália e marcou a reto- mada de alguns valores artísticos da antiguidade clássica, principalmente inspirados na Grécia e em Roma. Por volta do século XVII, inicia-se outro movimento artístico, o Bar- roco, que influencia principalmente a arquitetura, apresentando grandes proporções na decoração de interiores com muitos elementos decorati- vos, pouca luz e tons escuros. Em seguida, no século XVIII, vem o Roco- có, que nega os exageros do Barroco e preza por uma arte mais leve, com forte apreço decorativo em tons mais claros, com mais luz e cores mais leves. O que veremos nesta unidade, além do vasto período histórico que estudaremos, é como se deu as transformações na arte, desde a pintura até a arquitetura, e como elas refletem os ideais de uma sociedade. Espero que aprecie a leitura. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 50 Idade Média A Idade Média foi um período que durou mil anos, aproximadamente entre o século V e o século XIV. Nesse período, se desenvolveram manifestações artís- ticas condizentes com o modo de vida da população. Santos (2005) destaca que a Idade Média tem uma forte influência cristã na arte, isso se deve ao fato de que a Igreja Católica adquiriu alto poder po- lítico e espiritual, influenciando a arte. A arte cristã se iniciou muito antes da Idade Mé- dia, por volta do séculos III e IV, momento em que os cristãos ainda eram perseguidos pelo Império Roma- no. Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que, devido a essas perseguições, as manifestações artísticas, em sua maioria, eram apenas pequenas pinturas realizadas nas catacumbas com adorno ao túmulo dos católicos. Para Santos (2012), essa arte era ainda muito pri- mitiva e feita pela população, não havendo artistas. Contudo, com o fim das perseguições e com o Império Romano se tornando cristão, essa arte foi desenvolvida em pequenas estátuas e as pinturas se tornaram mais elaboradas. Entretanto, devido a invasão dos povos bárbaros, a população europeia que vivia nas cidades foi aos poucos migrando para grandes propriedades de terras, vivendo sob a proteção de um lorde, assim, a vida na cidade deu lugar a vida no campo. Contudo, Janson H. e Janson A. (1996) desta- DESIGN 51 cam que houve uma parte do Império Romano que sobreviveu, na cidade de Constantinopla, e formou um pequeno império, que permaneceu até o século XV, quando foi invadida. Nessa sociedade, a arte adquiriu características específicas, visto que o imperador era também um representante de deus na terra, tornando as obras públicas monumentais, assim como as basílicas. Gombrich e Cabral (1999) ressaltam que a arqui- tetura seguiu algumas influências romanas, com colu- nas, arcos e abóbadas, mas a estrutura foi melhorada de forma a se tornar mais resistente e proporcionar maior suporte aos monumentos. O maior exemplar de arqui- Figura 1 - Basílica de Santa Sofia tetura dessa civilização é a Basílica de Santa Sofia. Além da arquitetura, desenvolveu-se a pintura, os mosaicos e a pintura de ícones, como destaca Trindade (2007). Esses elementos eram muito utili- zados na decoração de interiores. Na pintura foi utilizada a frontalidade, que con- sistia em desenhar as figuras sempre na posição frontal, como sinônimo de imponência e superio- ridade, respeitando também a visão do observador, que poderia contemplar a figura em sua vista mais expressiva. Trindade (2007) acrescenta, ainda, que a posição dos pés, mãos, dobras das roupas e demais detalhes foram cuidadosamente estudados. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN 52 Cabe destacar, ainda, que os imperadores eram representados quase como santos, e a própria figu- ra de Jesus era representada como imperador, ou seja, aproximava-se a figura terrena e divina (STRI- CKLAND; BOSWELL, 2014). Os mosaicos seguiram basicamente as mesmas regras da pintura, mas ao invés de tinta usavam-se pedras preciosas para representar cenas bíblicas, personalidades importantes e demais elementos que faziam parte da cultura bizantina. A pintura de ícones nos quadros seria a repre- sentação dos ancestrais. Tais pinturas eram realiza- das sobre placas de metal ou couro. Esse material re- Figura 2: - Mosaico da civilização bizantina cebia uma camada de tinta à base de ouro e a figura de santos era pintada sobre essa base dourada, sendo os detalhes de bordados e rendas feitos por uma fer- ramenta que retirava uma camada de tinta, deixan- do a mostra o fundo dourado (SANTOS, 2012). Enquanto isso, no restante da Europa, até o sécu- lo X, apenas alguns povos bárbaros se dedicavam à produção de pequenos objetos decorativos e de ouri- vesaria, visto que a outra parte da população vivia no campo e pouco se dedicou
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