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DEFICIÊNCIAS FÍSICAS, SENSORIAIS E INTELECTUAIS Denise Marques Alexandre GUIA DA DISCIPLINA 2020 1 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. NOVO OLHAR SOBRE A DEFICIÊNCIA FÍSICO-MOTORA Objetivo Desvendar as dimensões que envolvem a deficiência físico-motora com o intuito de compreender suas particularidades, reforçando a importância da participação dos profissionais de educação, saúde e principalmente da família. Tais descobertas possibilitarão o aprimoramento das práticas inclusivas. Introdução Iniciaremos, nessa nossa nova jornada, mais uma oportunidade de ampliar nossos olhares e percepções em relação a pessoa com deficiência, lembrando que nossas ações serão sempre baseadas na perspectiva inclusiva e suas riquíssimas contribuições para as nossas práticas. Como estreia, veremos brevemente os conceitos vinculados a deficiência físico- motora, esse pequeno estudo será importantíssimo para nossa compreensão, afinal existe grande relação entre o desenvolvimento e o movimento. Sabemos que o movimento é um grande facilitador para o desenvolvimento cognitivo e motor do ser humano, sendo assim, aprimorar nosso conhecimento trará a possibilidade de desenvolver ações inclusivas educacionais e também sociais. Ressalto que para quem atua na educação, especificamente na educação especial, sabe da importância em cada vez mais devemos ampliar nossa construção de conhecimento, principalmente em relação as ações inclusivas. Como profissionais, atuamos em um contexto que também é necessário envolver a performance da família e da sociedade. A escolha de nos direcionarmos cada vez mais para essa atuação trará a possibilidade de novas construções em relação ao conhecimento, e mais ainda, em considerar de modo especial a diversidade de cada um em relação à suas deficiências. Fonte da Imagem: https://sensicare.pt/blog/post/a-deficiencia-em-portugal-o-pouco- conhecimento-desta-area/ 2 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Diante disso, vamos aproveitar e retomar o significado da palavra “deficiência” que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz, que: “deficiência é o substantivo atribuído a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, referindo-se, portanto, à biologia do ser humano”. Todavia, a expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas portadoras de qualquer tipo (s) de deficiência (s). Porém, em termos legais, esta mesma expressão é aplicada de um modo mais restrito e refere-se a pessoas que se encontram sob o amparo da legislação vigente em nosso país. Podemos identificar como “deficiente” todo aquele que tem um ou mais problemas de funcionamento ou falta de parte anatômica, restringindo com isto dificuldades a vários níveis: Como vimos anteriormente, para renovar nossas atitudes será necessário iniciar com um novo olhar, e quem atua ou já atuou com pessoas que possuem deficiência sabe dos desafios de conciliar teoria e prática. Tudo que é desenvolvido precisa ser inclusivo e deve abranger as concepções de promoção humana. Sendo assim, todo e qualquer profissional que atua nesse panorama necessita compreender as características das principais deficiências, aqui particularmente as Locomoção Percepção Pensamento Relação Social Fonte: Elaborado pela autora (2018) 3 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância deficiências físico-motoras, que envolverão intervenções educacionais adequadas para esse público específico. Nesse sentido, iremos situar as questões conceituais relacionadas a deficiência físico-motora (DFM) que passou por amplas modificações ao longo do tempo, perpassando pelo modelo médico-psicológico e seguindo para o atual modelo social e funcional que visa valorizar as possibilidades de aprendizagem além das limitações físicas (ISRAEL, 2012) A conceituação legal de deficiência físico-motora, também conhecida como deficiência física não sensorial foi implementada pelo Decreto Federal 3.298/99 e considera: Uma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sobre a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, triplegia, triparesia hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidades congênitas ou adquiridas, exceto as deformidades estéticas e as que não produzem dificuldades para o desempenho de funções. (Legislação brasileira sobre pessoas com deficiência [recurso eletrônico]. – 7. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013.) As características da deficiência físico-motora estão ligadas ao comprometimento das possibilidades de movimentação corporal, da manutenção da coordenação motora e do equilíbrio para realizar as atividades do cotidiano. De acordo com a legislação a deficiência pode acompanhar a pessoa desde o seu nascimento, ou ter sido adquirida ao longo da vida, sendo assim transitória ou permanente. No contexto educativo as mudanças conceituais vieram através do Ministério da Educação - MEC (2000) que destacou no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil que a deficiência física abrange “variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda de malformação congênitas ou adquiridas” (p. 16). 4 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A sequência da evolução conceitual em relação a deficiência físico-motora segue as atuais políticas sociais que consideram a integração e a convivência um avanço em relação a diversidade e as práticas inclusivas. Sabemos, que com o advento da inclusão as práticas foram desenvolvidas para que houvessem modificações na sociedade como um todo, e afim de, promover e permitir pleno desenvolvimento dessa população (SASSAKI, 2005). Assim, quando se pensa em pleno desenvolvimento, é fundamental que se reconheça o paradigma atual de atenção à saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003) o conceito de saúde abrange a vida humana em todos os seus ciclos - do nascimento até a velhice – em todos os níveis de complexidade, visando a qualidade de vida da pessoa e da comunidade que a cerca. Deste modo, cabe aos profissionais da área da educação e saúde a responsabilidade de promover ações (inter ou transdisciplinares) específicas para contribuir com o desenvolvimento humano, sendo assim possibilitando maior condição de equidade. Conclusão Conforme pudemos analisar neste texto introdutório, que o primeiro e importante passo enquanto profissionais é repensar nossas atitudes, falas e postura em relação à deficiência. Daqui em diante ao nos depararmos com uma pessoa com deficiência físico- motora (DFM), que através desse novo conhecimento possamos modificar e proporcionar melhores oportunidades de valorização e respeito. Como educadores poderemos construir novas oportunidades para as pessoas com DFM, desenvolvendo práticas que possibilitem utilizar o potencial que possuem para aprender de diferentes formas, superando seus desafios funcionais. Aproveite as oportunidades para ampliar seu conhecimento assistindo filmes ou lendo livros sobre o assunto. Segue a indicação cultural que aborda a deficiência físico-motora: Como Eu Era Antes de Você (2016) ‧ Drama/Romance ‧ 1h 51m 5 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educaçãoa Distância 2. AS PRINCIPAIS CAUSAS E CARACTERÍSTICAS DA DEFICIÊNCIA FÍSICO-MOTORA Objetivo Ampliar o conhecimento em relação as causas e características da deficiência físico- motora, podendo assim compreender a dificuldade, a limitação ou restrição de participação nas atividades do cotidiano. Introdução Na unidade anterior tivemos a oportunidade de desvendar algumas particularidades sobre a deficiência, vimos que em sua concepção envolve todo e qualquer comprometimento que afeta a integridade da pessoa. Sendo assim, tudo aquilo que ocasiona danos para locomoção, coordenação de movimentos, fala, compreensão de informações, orientação espacial ou percepção. Acompanhando diversos autores, vimos que o conceito apresenta muitas definições, e as pessoas com deficiência são divididas em algum grupo previsto pela legislação sendo estes: física, mental, auditiva, visual e múltipla, a estes são estabelecidas algumas determinações. No caso da deficiência física, também conhecida como deficiência motora encontramos significados que descrevem restrições completas ou parciais de partes do corpo humano, bem como, alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das pessoas e que as impede de participarem da vida de forma independente. No documento que apresenta a codificação da CIF (OMS, 2003), o entendimento conceitual descreve que quando uma pessoa tem dificuldade de realizar uma atividade, está com limitação e quando apresenta problemas numa situação de vida, diz-se que tem uma restrição de participação (ISRAEL, 2012). Relembrando que os principais tipos de deficiência física são definidos na legislação, segundo o Decreto no 3.298 de 20 de dezembro de 1999, sendo: paraplegia, tetraplegias, hemiplegia, as amputações, os casos de paralisia cerebral e as ostomias. 6 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nosso direcionamento é especifico a Deficiência Física e/ou Motora (DFM), considerando à alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. No quadro abaixo visualizamos detalhadamente os tipos e definições de (DFM): Diante das informações do quadro acima, é possível compreender que a deficiência física e/ou motora também pode ser considerada um distúrbio da estrutura anatômica ou da função, que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo. Também é possível verificar quanto à natureza das deficiências físicas, sendo possível dividi-las em: Distúrbios ortopédicos (problemas originados nos músculos, ossos e/ou articulações) e Distúrbios neurológicos (que se referem a deterioração ou lesão do sistema nervoso Fonte: A Inserção da pessoa portadora de deficiência e do beneficiário reabilitado no mercado de trabalho; MPT/Comissão de Estudos para inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho - Brasília/DF (2001) 7 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A deficiência física também pode ser dividida: Sabe-se que as causas da deficiência física e/ou motora são muito diversas, podendo estar ligada a problemas genéticos, complicações na gestação ou gravidez, ou ser adquirida ao longo da vida com doenças infantis e acidentes. Cabe ressaltar que, as causas pré-natais, perinatais e pós-natais também apresentam pontos importantes para compreensão da DFM, podendo identificar as diferentes implicações: Causas pré-natais: problemas durante a gestação (remédios tomados pela mãe, tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a gestação, crises maternas de hipertensão, problemas genéticos e outras); Causas perinatais: problema respiratório na hora do nascimento, prematuridade, bebê que entra em sofrimento na hora do nascimento por ter passado da hora, cordão umbilical enrolado no pescoço e outras; Causas pós-natais: parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou outra doença infecta- contagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o da mãe (se esta for Rh negativo), traumatismo craniano ocasionado por uma queda muito forte e outras. Observando nosso panorama nacional, também podemos citar uma das doenças que foi considerada a maior causa de deficiência física entre nossas crianças, a paralisia infantil, conhecida também (poliomielite) e que conseguiu ser erradicada, graças as amplas campanhas de vacinação. Conforme visto, as causas da deficiência física e/ou motora são inúmeras e podem afetar o indivíduo ao longo de sua existência humana, por exemplo, no caso de jovens e Fonte: Elaborado pela autora (2018) Congênita ou adquirida Aguda ou crônica Permanente ou temporária Progressiva ou não progressiva 8 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância adultos, a deficiência física pode ocorrer após uma lesão medular, aneurisma, acidente vascular cerebral e/ou outros problemas. Já no quesito das mutilações e as sequelas motoras (sejam de causas ligadas a moléstias ou acidentes) podemos subdividia-las de acordo com os sistemas orgânicos de origem, que foram afetados: Para complementar podemos citar, algumas causas relacionadas aos distúrbios neurológicos que podem levar à deficiência motora, conhecido como paralisia cerebral (encefalopatia crônica da infância). Considerado um distúrbio não progressivo da motricidade, pode ser causado por uma lesão ou mal funcionamento do cérebro e ocorre usualmente antes dos três anos de idade. (KOK,2003) As causas podem ocorrer por prematuridade; desnutrição materna; rubéola; toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição e muitas outras situações. Acompanhando as bibliografias pode-se observar que 86% das causas podem ser pé e perinatais e 14% são provenientes de fatores pós-natais. (CORN, 2007) Fonte: Elaborado pela autora (2018) Encefálica : esclerose múltipla, o AVC e Paralisia Cerebral Espinhal : poliomielite, traumatismos com ruptura ou compressão medular, má-formação, como espinha bífida, por degeneração - Síndrome de Werdnig- Hoffmann Muscular: distrofia muscular progressiva (miopatia), luxação coxo-femoral, artrogripose múltipla, ausência congênita de membros ou partes de formas distróficas como osteocondriosis (coxa plana), osteogenesis imperfecta (“ossos de vidro”), condodistrofia, amputações, entre outras. 9 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Acompanhando as pesquisas de alguns autores o termo PC não é adequado, uma vez que significaria o estacionamento total das atividades motoras e mentais, o que muitas vezes não é o caso. Sendo assim, outros autores têm utilizado o termo Encefalopatia Crônica Não Progressiva ou Não Evolutiva. Conclusão Nesta unidade, foi possível compreender que são inúmeras as causas e características da deficiência física e/ou motora, suas implicações podem ocorrer desde a gestação, ou ainda, afetar o indivíduo ao longo de sua existência. Como profissionais e educadores, devemos sempre nos manter informados e capacitados, sendo assim, poderemos desenvolver práticas inclusivas que acolham o indivíduo em suas limitações ou restrições de participação. Pensar em desenvolver práticas inclusivas, reforça o conceito de equidade de direito para todos que tenham sido acometidos pela deficiência física e/ ou motora. 10 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. DESAFIOS E INTERVENÇÕES PARA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA Objetivo Compreender a importância do professor como mediador das propostas e intervenções no contexto escolar inclusivo para os alunos com deficiênciafísica. Introdução Atualmente, podemos considerar que estamos em tempos de inclusão, por isso espera-se que o aluno com deficiência física tenha matricula garantida para se desenvolver no contexto educativo. Também já se espera, que esse aluno receba atendimento educacional especializado para garantir o apoio e suporte necessário para manter a qualidade de aprendizagem e escolarização na sala comum. Especificamente, no caso da deficiência física o atendimento educacional deve atender as demandas de cada aluno, ajustando as práticas em relação a variedade de restrições e limitações apresentadas. A organização do atendimento especializado, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008), deve acontecer nas Salas de Recursos Multifuncionais com atendimento ao aluno no horário de contra turno ao que está matriculado na sala comum. Porém, perpassando por várias experiências, acompanhando as pesquisas e bibliografias que abordam o assunto é possível verificar a dificuldade de garantir essa educação de qualidade aos deficientes físicos. De acordo com Pelosi e Nunes (2009), os alunos com deficiência física inseridos nas escolas regulares recebem atendimento educacional uma vez por semana e quinzenalmente, atendimento educacional especializado por meio do auxílio do professor itinerante na sala comum. Desses alunos, 40% apresentavam linguagem oral, porém não 11 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância estavam alfabetizados e 35% iniciavam o processo de aquisição da escrita, mas com sérios atrasos e comprometimentos. Sabemos dos vários percalços vividos quando atuamos com educação especial no contexto inclusivo que, muitas vezes, como apontaram Mendes e Lourenço (2012), os recursos, principalmente os de Tecnologia Assistiva, não estão disponíveis nas salas comuns onde estão matriculados alunos com deficiência física, especialmente os com quadro clinico de Paralisia Cerebral. Todavia, mesmo diante desses desafios precisamos estar preparados e disponíveis para alterar esse quadro. Para que isso não aconteça, sei que não devemos romantizar a realidade, mas penso que o educador quando acredita no seu trabalho, cria alternativas para realiza-lo. A Tecnologia Assistiva, no contexto escolar, tem sido utilizada, para criar ambientes mais propícios à aprendizagem, para isto seus recursos e estratégias possibilitam aos alunos ampliar suas habilidades e desenvolver um sentimento positivo sobre o processo de aprendizagem. (CONNERS; JOHNSON, 2001; DELIBERATO; 2009a, 2009b) apud ROCHA; DELIBERATO, (2009) Diante disso, iremos focar em ferramentas e orientações que possam facilitar nossas atividades diárias, como por exemplo, sinais que podem ser observados em nossos alunos que possam indicar um quadro de deficiência física. Fique atento se o aluno apresentar: Movimentação sem coordenação ou atitudes desajeitadas de todo o corpo ou de parte dele; Anda de forma não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; Pés tortos ou com qualquer deformidade; Dor óssea, articular ou muscular; Dificuldade em controlar os movimentos, desequilíbrio e quedas constantes; Segura o lápis com muita ou pouca força; 12 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Dificuldade de realizar encaixe e atividades que exijam coordenação motora fina. Após realizar as observações, caso esse aluno ainda não tenha sido diagnosticado, torna-se necessário seu encaminhamento para profissionais especializados, isso trará novas possibilidades de atuação e parceria em relação ao desenvolvimento desse aluno. A importância de ter um diagnóstico, faz com que ajustemos nossas práticas a cada caso, como vimos, muitas crianças com deficiência física apresentam comprometimentos motores, de locomoção, de exploração para manusear objetos e de desenvolvimento da linguagem oral, o que dificulta ou impede a aquisição de conhecimento e bens culturais, o que resulta nas dificuldades de aprendizagem. De acordo com Lorenzini (2002), a maioria das crianças com alterações motoras apresenta dificuldade em interagir com o meio, devido ao comprometimento motor, tais dificuldades comprometem o desenvolvimento global da criança, podendo mascarar as potencialidades. Para González (2007), as dificuldades de aprendizagem são geradas e causam necessidades educacionais especificas devido à ausência de recursos, os quais deveriam auxiliar e proporcionar suporte necessário aos alunos com deficiência, sendo assim contribuiria com a inserção real e efetiva destes na sociedade. Pensando nestes aspectos é importante visualizarmos as considerações pedagógicas que envolvem cada indivíduo, sendo assim é necessário estabelecer parâmetros relativos às: Implicações pedagógicas Limitações decorrentes do grau e da extensão das áreas lesadas Ações previstas e promovidas às necessidades do aluno Estratégias que ofereçam condições de oportunidade, de igualdade para o desenvolvimento do seu potencial. 13 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A escola deve compor ações com diferentes dinâmicas e estratégias de ensino, pois os arranjos pedagógicos surgem com o objetivo de complementar, adaptar e suplementar o currículo quando necessário. Toda modificação das estratégias de ensino e do ambiente escolar irão proporcionar maiores possibilidades para o aluno aprender e se desenvolver. Conclusão No decorrer dessa unidade, foi possível perceber as diversas características das deficiências físicas e sua numerosa gama de necessidades específicas. Como profissionais, devemos planejar e respeitar as especificidades e interesses individuais desses alunos, promovendo um aprendizado de qualidade e ajustado a sua realidade. Desta forma, estaremos efetivando as condições necessárias de aprendizagem do aluno com deficiência física, junto aos demais profissionais da educação, saúde e reabilitação. Para finalizar, cabe lembrar que a busca incessante de novos conhecimentos e sua disseminação, surge na tentativa de minimizar as barreiras atitudinais frente as reais condições de aprendizagem desses alunos. Acreditem, esse é o primeiro passo para a efetivação do direito à escolarização do aluno com deficiência física no contexto da escola inclusiva. REPRESENTATIVIDADE 14 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. DEFICIÊNCIA E SEUS DOCUMENTOS OFICIAIS Objetivo Ampliar conhecimento em relação a todos os documentos oficiais que envolvem ações normativas, diagnóstico e legislação. Introdução Começaremos a tecer nessa unidade a conscientização e a importância de acessarmos os documentos oficiais que especificam e fundamentam a definição de deficiência. Perpassando pelas políticas nacionais, leis e decretos, é possível acompanhar os avanços em relação ao desenvolvimento histórico da deficiência, bem como as ações promotoras de educação de qualidade para todas as pessoas com deficiência. Todos os documentos que envolvem ações normativas, diagnóstico e legislação trarão a percepção que a pessoa com deficiência ocupa um novo lugar socialmente, respeitada em seus impedimentos 4.1. Conceito de Deficiência Segundo DECRETO Nº 3298/99 que REGULAMENTA A LEI 7853/89: I. Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. II. Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo. III. Incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social. A escola como estádada, está ultrapassada, cansada e monótona. Não atinge as necessidades dos alunos e nem os anseios dos professores. Mas, então, por que continuamos fazendo as mesmas atividades nela? Por que mantemos a nossa metodologia A mesma maneira que aprendemos anos/décadas atrás quando éramos estudantes? Por que reclamamos da escola, mas não a mudamos? São essas perguntas que buscarei responder ao longo dessa semana. 15 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4.2. O que é deficiência? Reconhecendo a necessidade de promover a participação entre docentes, discentes e responsáveis, partiremos, agora, para a ação de planejar. DECRETO Nº 5296/04 - REGULAMENTA AS LEIS 10.048 E 10.098/2000 § 1º Pessoa “portadora” de deficiência: possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: Deficiência física Deficiência auditiva Deficiência visual Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1. Comunicação; 2. Cuidado pessoal; 3. Habilidades sociais; 4. Utilização dos recursos da comunidade; 5. Saúde e segurança; 6. Habilidades acadêmicas; 7. Lazer; 8. Trabalho; Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; Ou seja, como fazer um planejamento que realmente esteja de acordo com as demandas contemporâneas e como implementá-las na escola, para que o sucesso seja obtido e o fracasso diminuído – o que, muito possivelmente, continuará ocorrendo, pois, a escola é um locus de constante mudança. Ainda assim, ressalto que só de partirmos do reconhecimento da importância do trabalho conjunto, muitas melhorias poderão ser implementadas na escola. Pensar a escola e as suas múltiplas facetas possibilitam que olhemos para ela com o propósito de tirar o que há de melhor, tanto de sua estrutura física predial como de seu capital cultural da soma de todos que ali estão. Para isso, um bom planejamento, 16 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância dialogando com as realidades locais e demandas específicas são de fundamental importância para que os objetivos traçados no início do ano sejam mais facilmente alcançados. A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade consciente da previsão das ações político – pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural) que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que integram o processo de ensino. (Líbano, 1994, p. 222) - LIBÂNEO, José Carlos, Didática. São Paulo. Editora Cortez. 1994. Uma escola localizada num bairro periférico terá demandas diferentes daquelas localizadas num bairro central e, justamente por esse motivo, a aula que ministramos numa escola nunca dará certa se ministrarmos igualmente em outra escola. O mesmo ocorre com o planejamento. Se não olharmos para a comunidade local, para as suas necessidades pontuais e pensarmos em possibilidades de melhorias conjuntamente escola-comunidade, a prática educativa estará impossibilitada. Planejar é pensar, dialogar, problematizar, construir, descontruir, ordenar, modificar e tantos outros sinônimos que possamos imaginar para uma ação ininterrupta pelo simples fato de que a escola não é um lugar de atividades fim, sim de atividades constantes e mutáveis. A ação de planejar é a ação da empatia, do olhar e buscar compreender, do reconhecer os limites docentes e institucionais, do pensar possibilidade para atentar as necessidades e, acima de tudo, de realizar um convite para a comunidade participar não apenas do processo de planejamento como um convite à comunidade para a escola. 4.3. Processo Histórico do Conceito de Deficiência Para incluir socialmente as pessoas com deficiência foi necessário desenvolver ações que respeitassem as necessidades da sua condição. Tal ação, com o desenvolvimento das leis, foi reforçando e possibilitando o acesso aos serviços públicos. 17 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Observando o quadro é possível identificar a transformação do conceito de deficiência e as perspectivas em relação as diretrizes da inclusão em todas as esferas da vida social. Como educadores é imprescindível conhecer tais transformações, afinal foram elas que trouxeram melhorias para a informação, capacitação e organização para o funcionamento dos serviços que hoje ampliam a qualidade de vida do deficiente. 4.4. Manuais de Diagnóstico Os manuais de diagnóstico são utilizados como referência para a prática clínica e foram desenvolvidos com o intuito de estabelecer diagnósticos mais confiáveis, penso que como educadores é interessante conhecer sua existência. O DSM é um manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, todas as informações disponibilizadas são úteis para os diversos profissionais ligados aos diferentes aspectos dos cuidados com a saúde mental, incluindo psiquiatras, outros médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, de reabilitação e outros profissionais da área da saúde. CIDID 1989 CIDDM2 1997 CIF 2001 Perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica; Restrição/falta da capacidade de realizar uma atividade; Desvantagem/incapacidade que limita ou impede o desempenho de um papel. Enfoque na incapacidade e limitação. Enfatizam o apoio, os contextos ambientais e as potencialidades. Nesta perspectiva amplia a concepção dando importância a participação, uma vez que consiste na interação da PcD, as dificuldades da atividade e os fatores no contexto socioambientais. Ideia de Inclusão social Leva em conta a capacidade das pessoas com deficiência, não a incapacidade ou a questão da doença ou a situação que causou a sequela, mas outros fatores, como a capacidade do indivíduo em se relacionar com o seu ambiente de vida. 18 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Já o CID - Classificação Internacional de Doenças – é um catálogo fornecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) possui uma estrutura de base etiológica, ou seja, utiliza as deficiências (tais como, sinais e sintomas) como partes de um conjunto que forma uma “doença”. Lembrando que os códigos são sempre formados por uma letra e três números, por exemplo os transtornos mentais e comportamentais variam de F00 até F99, sendo assim com essa padronização facilitam a identificação da doença, de seus sintomas e aspectos fisiológicos. Conclusão Acompanhando essa unidade, foi possível observar que a avaliação da deficiência deve ser médica e social; enquanto a primeira enfatiza as funções e estruturas do corpo para caracterizar a deficiência, a segunda pondera sobre os fatores ambientais e pessoais envolvidos. Como educadores, precisamos estar atentos e seguros em relação as terminologias utilizadas, quanto mais acessamos os materiais, mais estaremos seguros em relação a ampla diversidade de deficiências. Cabe lembrar que a inclusão social das pessoas com deficiência também perpassa pela linguagem, pois nela se expressa o respeito ou a discriminação que carregamos em relação às deficiências. 19 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS E SUAS PARTICULARIDADES Objetivo Compreender as especificidadesdas deficiências sensoriais desvendando suas particularidades através dos documentos normativos, visando pontuar as possibilidades de atuação do profissional no contexto escolar. Introdução Partindo do ponto de vista inclusivo, desvendaremos nessa unidade mais alguns aspectos relacionados as deficiências e suas particularidades. A proposta inicial é ampliar nossas percepções em relação as deficiências sensoriais, suas especificidades e variáveis. Vale lembrar também, que embora iremos falar das especificidades, é muito importante analisar e refletir sobre o ambiente a nossa volta, as nossas ações, afinal são elas que colocam as pessoas em “situação de deficiência. Os documentos normativos como a Lei Brasileira de Inclusão, e diversos documentos nacionais e internacionais, foram elaborados com a participação das pessoas com deficiência e de suas entidades representativas, como por exemplo, o Conselho Nacional da pessoa com Deficiência (CONADE) É possível compreender que as políticas destacam que, para compreender as especificidades é necessário adotar uma abordagem biopsicossocial realizada por uma equipe multiprofissional, interdisciplinar e principalmente com a participação desses sujeitos. Nessa oportunidade, iremos conhecer algumas dessas especificidades, que estão divididas em cinco grupos: 20 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nessa unidade, iremos conhecer a deficiência sensorial que se caracteriza pelo não- funcionamento (total ou parcial) de algum dos cinco sentidos. Classicamente, a surdez e a cegueira são consideradas deficiências sensoriais, mas falaremos especificamente da surdez, da deficiência auditiva, da deficiência visual e a surdo-cegueira. Antes de iniciar, precisaremos retomar o Decreto Federal 5.296/2004 que define a deficiência auditiva ou surdez como perda bilateral, parcial ou global de 41db ou mais, aferidas por audiogramas em diferentes frequências e diferentes níveis. Do ponto de vista prático, a deficiência sensorial se caracteriza pela incapacidade de utilizar a plenitude dos sentidos de que se dispõe, independentemente de quantos sejam. Sensoriais Físicas e/ou locomotora Intelectuais Transtorno do Espectro Autista Altas Habilidades ou Superdotação 21 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nesta perspectiva, a deficiência sensorial não constitui a falta de um dos sentidos, mas a impossibilidade de usá-los plenamente. Contudo, é importante destacar que de acordo com a visão sócio histórica, deficiência auditiva e surdez não são sinônimos e a diferença entre as duas não está ligada aos níveis de audição. As pessoas que se identificam como surdos, utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras), sendo assim a comunidade surda entende que a diferença entre os surdos e os ouvintes está na forma de comunicação e na interação com o mundo, dessa forma não se caracteriza como uma deficiência, apenas como uma especificidade. Já as pessoas que se identificam como deficientes auditivos, geralmente utilizam na comunicação oral ou auditiva, nas línguas as quais a oralidade e audição se destacam. Lembrando que as pessoas com deficiência auditiva, fazem uso de técnicas de fonoaudiologia, da fala, também fazem uso do aparelho auditivo, da leitura labial, entre outros. A deficiência visual se caracteriza por uma situação irreversível de percepção visual, podendo acontecer de forma parcial, sendo assim conhecida como baixa-visão, e também possui várias formas e níveis até a cegueira total (BRASIL, 2006). Pensando no campo clínico ou médico, existem diversas variáveis para se entender a deficiência visual, como a: Percepção de Luminosidade Distância Campo visual Ter identidade Ter cultura própria Se comunicar e interagir através da L.I.B.R.A. 22 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Porém, é extremamente importante levar em consideração os aspectos sociais, sendo importante compreender também o impacto do ambiente social e físico na relação do sujeito com o mundo. Pense, quando um deficiente visual está em um espaço sem acessibilidade, o foco se desloca do sujeito para o ambiente, dessa forma a mobilidade, a interação e a percepção não depende só da pessoa, e sim do ambiente de ser limitado ou não. Também é importante conhecer a origem da cegueira, isso pode ser importante para fins educacionais, porque qualquer resquício de memória visual pode auxiliar o trabalho do professor na alfabetização do estudante cego (AMIRALIAN, 1997). Diagnosticar precocemente a deficiência visual é primordial para que o desenvolvimento da criança não seja prejudicado (BRASIL, 2006). Sendo assim, cabe ao professor estar atento aos sinais que podem estar relacionados a algum tipo de deficiência visual. Já surdo cegueira de acordo com a ABRASC (Associação de Surdos cegos) é considerada uma deficiência única que apresenta a perda da audição e da visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos a distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais. Elas podem ser congênitas ou adquirida. Podem ser subdivididas em 4 tipos: Baixa audição e baixa visão Surdez total e baixa visão Baixa visão e cegueira total Surdez e cegueiras totais A promoção de acessibilidade nessa deficiência pode ser apresentada de várias maneiras, pois diante das suas particularidades as formas de comunicação e interação precisam ocorrer de diferentes maneiras, as principais são: braile, braile digital, braile tátil tipo 2, letra de forma na palma da mão, fala ampliada, Libras tátil entre outras. 23 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Muito conhecido, o Sistema Braile é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da leitura e escrita para alguns desses estudantes. O material impresso em tinta, como os livros didáticos, apostilas, devem ser adaptados e transcritos em braile, e as ilustrações devem ser representadas em alto relevo, explorando o sentido do tato (BRASIL, 2010). Conclusão Vimos, que a cada deficiência um novo panorama para aprender sobre suas especificidades e possibilidades. Fica clara a importância de se comprometer r e possibilitar maiores formas de acessibilidade e menos barreiras para trazer do ambiente empresarial para uma melhor gestão da nossa escola. Podemos ouvir, debater, discutir, sempre no que se refere o assunto, sem levar para o lado pessoal, pois, assim, todos ganharão com a resolução daquele determinado problema. Atualmente, os recursos são inúmeros para promover a acessibilidade, podendo envolver ajustes arquitetônicos, eletrônico, pedagógico e principalmente atitudinal. São essas ações que possibilitam a integração e inclusão das pessoas com deficiência, respeitando-as como qualquer outra pessoa. 24 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO Objetivo Compreender as características típicas das crianças com Altas Habilidades e Superdotação para criar propostas que considerem e desenvolvam suas potencialidades. Introdução Quando o assunto em pauta envolve os conceitos de altas habilidades e superdotação, podemos observar a enxurrada de informações e a quantidade de materiais que abordam o tema. Na maioria das vezes, as informações ressaltam o expressivo interesse que o indivíduo tem em relação a determinada tarefa ou a um desempenho específico a umaatividade. Porém, ao estudarmos a fundo o histórico do conceito de altas habilidades/dotação temos a consciência que a concepção de inteligência foi se ampliando no decorrer do tempo trazendo implicações importantes para a pratica educacional. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 3% a 5% da população brasileira é portadora de altas habilidades, e segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Ministério da Educação, 2001), o conceito de altas habilidades/superdotação é adotado por alguns programas brasileiros para destacar crianças consideradas superdotadas e talentosas. Sabemos que dentre os estudantes que compõe o público-alvo da Educação Especial, os alunos com AH/SD não são aqueles que mais recebem atenção por parte da mídia, das políticas governamentais para a educação, porém nota-se uma tendência de crescimento nos estudos relacionados a essa temática (Chacon & Martins, 2014). A grande preocupação em relação aos alunos AH/SD são relacionadas a coerência e sistematização dos estímulos. “Sem estimulo, essa pessoa pode desprezar seu potencial elevado e apresentar frustração e inadequação ao meio” (CUPERTINO, 2008, p. 13). As atividades precisam ser desenvolvidas baseadas nas características específicas desses alunos, de acordo com Winner (1998), crianças com altas habilidades são aquelas 25 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância que apresentam três características atípicas: precocidade; insistência em fazer as coisas a seu modo e fúria por dominar. Segundo Simonetti, da ABAHSD Associação Brasileira para Altas Habilidades, “superdotação é um conceito que serve para expressar alto nível de inteligência e indica desenvolvimento acelerado das funções cerebrais, o talento indica destrezas mais específicas. ” (2007, p.1) Já para Gama (2006) a superdotação em crianças e adolescentes, é composta por três fatores: precocidade ou talento; pensamento divergente (criativo e/ou critico) e dedicação obstinada a determinadas tarefas. De acordo com Cupertino (2008), a criança com AH/SD requer formação ampla, que considere e desenvolva suas potencialidades. Para isso, as principais formas de atendimento utilizadas são as seguintes: aceleração, agrupamento e enriquecimento. A aceleração consiste em pular etapas da formação regular, de modo a cumprir o programa em menor tempo. Os agrupamentos podem ocorrer em centros específicos, como escolas e classes especiais ou mesmo nas classes regulares, em tempo parcial. Nestes agrupamentos, a interação entre semelhantes é facilitada e gera ganhos acadêmicos substanciais, no entanto, podem ocasionar o isolamento do grupo selecionado (CUPERTINO, 2008). Público-Alvo Características Habilidades Estratégias ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO. (AH/SD) Elevado nível de desempenho; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; boa memória; tendem a questionar regras e autoridade, dificuldades no relacionamento social. Leitura, escrita e vocabulário avançado; perfeccionismo na realização das tarefas; pensamento criativo, originalidade nas ideias; flexibilidade. Aprendizagem acelerada; experiências de enriquecimento curricular (ampliação e aprofundamento dos conteúdos) 26 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Conclusão Nessa unidade, foi possível que os alunos com características de AH/SD necessitam de apoio para desenvolver suas potencialidades, o que exige o oferecimento de oportunidades para expressar e aprimorar as habilidades. Vimos que dentre as várias características que podem ser apresentadas pelos alunos, a superdotação depende da interação entre os seguintes fatores: habilidade acima da média, manifesta precocemente; criatividade que os leva a encontrar novas formas para resolver problemas; e motivação intrínseca, resultando em uma dedicação extrema. Para atender essas necessidades educacionais destes indivíduos, o professor precisa ser capaz de identificar tais características e ainda atender a demanda com um olhar atento. Finalizamos essa semana mostrando a importância de que conhecer as particularidades das deficiências é uma premissa básica para que o professor possa desenvolver atividades que incluam a ampla diversidade das salas de aula. 27 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI) Objetivo Pensar na importância da construção do conceito de deficiência intelectual para compreender as características, habilidades e possibilidades de atuação em sala de aula. Introdução Sabemos, que as pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado. Nessa unidade, teremos a oportunidade de ampliar as descobertas e práticas para nossos alunos que apresentam o quadro de deficiência intelectual e iniciaremos pontuando sua terminologia. No início da nossa disciplina vimos que a terminologia da área dos transtornos da aprendizagem e do desenvolvimento definem deficiência como uma condição resultante de um impedimento, ou seja, como uma limitação em algum nível que compromete determinados desempenhos (OMS, 1995; AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1995; SASSAKI, 2005). Assim, deficiência corresponde a uma habilidade em déficit, uma perda ou uma anormalidade. Podemos dizer que, o déficit dos alunos com deficiência intelectual compromete suas funções cognitivas dificultando a capacidade de aprender e compreender. Baseado na CID- 10 (OMS, 1995), a Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionadas à saúde, dos tipos diagnósticos em F70-F79, a deficiência intelectual corresponde a um desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizada, essencialmente, por um comprometimento das faculdades que determinam o nível global de inteligência. 28 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As funções cognitivas, ou seja, nível global de inteligência englobam as capacidades de linguagem, aquisição da informação, percepção, memória, raciocínio, pensamento etc., as quais permitem a realização de tarefas como leitura, escrita, cálculos, conceptualização, sequência de movimentos, dentre outras (MALLOY-DINIZ et al., 2010). Observando o quadro abaixo conseguimos visualizar sinteticamente algumas características, habilidades contidas na deficiência intelectual, ainda podemos visualizar a principal estratégia no contexto educativo desse aluno. Sabemos que a educação escolar tem a função de atender todos os alunos, e quando falamos da perspectiva da inclusão escolar não estamos restringindo apenas a questão da superação das dificuldades do aluno ou a socialização, mas sim a proposta de favorecer a emancipação intelectual por meio da incorporação de novos conhecimentos e interações. Tendo em vista que o desenvolvimento do indivíduo está ligado ao processo de aprendizagem, convêm observarmos o desenvolvimento das crianças desde seus primeiros meses, pois algumas questões ligadas a deficiência intelectual podem ser identificadas precocemente. Quando a criança está acima de 2 anos, ela demonstra familiaridade com algumas atividades e brincadeiras, sendo assim na escola manifesta suas habilidades psicomotoras e pedagógicas. Porém, existem alguns comportamentos que demonstram sinais que podem indicar que algonão está de acordo com os parâmetros do desenvolvimento infantil. Falta de interesse pelas atividades dadas em sala de aula; Público-Alvo Características Habilidades Estratégias DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Funcionamento intelectual abaixo da média, limitações no desenvolvimento. Prejuízos no nível global de inteligência, aptidões de aprendizado, da fala, de habilidades motoras e sociais. V ariam de acordo com o grau de limitações e prejuízos das habilidades motoras e sociais. Orientação funcional para a condição da determinada deficiência, com apoio individualizado para melhorar a vida cotidiana Fonte: Desenvolvido pela Autora (2018) 29 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Pouca interação com os colegas e com a professora; Dificuldade em coordenação motora (grossa e fina); Dificuldade para identificar letras, desenvolver a fala de maneira satisfatória (a comunicação é uma das faculdades afetadas); Dificuldade em se adaptar aos mais variados ambientes; A Associação Americana sobre Deficiências Intelectuais e do Desenvolvimento (AAIDD, em inglês), cita que uma série de fatores precisa ser levada em consideração para que possa configurar um diagnóstico de deficiência intelectual. Para avaliar o nível da deficiência existem vários procedimentos, além de alguns protocolos, teste de Quociente de Inteligência (QI), também é necessário verificar se há duas ou mais limitações adaptativas. Sendo assim, para cada deficiência as formas de cuidado e tratamento serão específicas, bem como, os tipos de atividades. As categorias englobam, entre outras, a capacidade de lidar com atividades do dia a dia, o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento social. Os principais tipos de deficiência intelectual são as síndromes: Síndrome de Down: é uma doença genética causada por uma mutação no cromossomo 21. Apresenta características que incluem olhos amendoados, baixa estatura, cabelos lisos, tendência à obesidade, fraqueza nos músculos, nariz pequeno e achatado, entre outras. Seu desenvolvimento físico e mental é mais lento que o de outras crianças. Síndrome do X-Frágil: alteração genética que provoca atraso mental. As crianças com essa síndrome possuem um comportamento social atípico, são bastante tímidas. Apresentam características como o rosto alongado e orelhas salientes ou grandes, além do comprometimento ocular. Afeta principalmente meninos e é transmitida pelo cromossomo X Síndrome de Prader-Willi: cada criança pode apresentar um quadro clínico diferente, de acordo com a idade. No período neonatal, ela costuma apresentar 30 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância forte hipotonia muscular, estatura pequena e baixo peso. Em geral são apresentados problemas de aprendizagem e dificuldade para conceitos e pensamentos abstratos. Síndrome de Angelman: é um distúrbio neurológico que causa deficiência intelectual, epilepsia, atraso psicomotor, andar desiquilibrado, ausência de fala (ou comprometimento), sono difícil e entrecortado e alterações no comportamento. Síndrome de Williams: deficiência de leve a moderada. Há um comprometimento da capacidade visual e espacial que contrasta com um bom desenvolvimento oral e na música. Conclusão Como educadores, precisamos estar atentos e seguros em relação as terminologias utilizadas, bem como, fortalecidos em relação as particularidades da deficiência intelectual. Cabe lembrar que o aluno deficiente intelectual geralmente precisa de muita prática até conseguir assimilar um conteúdo determinado, o professor deve identificar suas particularidades, sem ficar preocupado em seguir o currículo, mas sim em respeitar o ritmo do aluno. Sendo assim, a escolarização é positiva por si só́, por constituir-se como processo- chave para a máxima formação humana e social, também vale destacar que as intervenções escolares não se restringem aos alunos com deficiência intelectual, mas envolvem os demais alunos, como nas situações em que o professor deverá atuar como mediador tendo em vista a promoção de interações coletivas. 31 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA Objetivo Compreender os aspectos inerentes a pessoa com TEA para ampliar os conhecimentos e práticas que possam ser realizados no âmbito educacional. Introdução Para compreender as características do TEA, iniciaremos nossa unidade desvendando seu conceito e esclarecendo alguns elementos históricos que configuraram a utilização do termo autismo. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é denominado pela Associação Americana de Psiquiatria – APA (2013), como um transtorno do neurodesenvolvimento que se apresenta de forma precoce, antes dos três anos de idade e muitas vezes vem caracterizado por comprometimento das habilidades sociais, de comunicação e de comportamentos estereotipados. Percorrendo o referencial teórico, podemos destacar que o termo autismo foi utilizado pela primeira vez em 1911, por Eugen Bleuler, um psiquiatra Suíço que buscava em seus estudos descrever características da esquizofrenia. Porém, foi o psiquiatra Leo Kanner, que em suas primeiras pesquisas já abordava características do autismo de forma relevante (CUNHA, 2015). Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno. As características podem ser agrupadas na tríade principal: socialização, comunicação e comportamento. Existem algumas publicações que identificam que os primeiros sinais do autismo, que anteriormente tinham seu aparecimento até ́os três anos de idade, agora podem estar presentes ao longo do período da infância. Uma vez que algumas crianças, cuja sintomatologia é mais branda, podem vir a manifestá-la apenas quando as demandas sociais excederem os limites das suas capacidades, como nos casos do início da escolarização de alunos com Transtorno de Asperger. CURIOSIDADE O termo Autismo vem do grego “autós” que significa “de si mesmo”. 32 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Schmidt (2013), o TEA por ser definido como um distúrbio do desenvolvimento neurológico que deve estar presente desde a infância e apresenta déficit nas dimensões sociocomunicativa e comportamental. Deste modo, se justifica o uso atual da nomenclatura Transtorno do Espectro Autista, pois possibilita a abrangência de distintos níveis do transtorno, classificando-os de: A nova nomenclatura traz a possibilidade de diferenciar os sujeitos com autismo, considerando que são sujeitos diversos, com níveis de intelectualidade diferentes e com características diferenciadas. Como por exemplo, quanto as alterações no contato visual e na linguagem corporal, de acordo com cada sujeito e característica a frequência pode ser muito ou pouco diminuída. Já a criança sem autismo mantém o foco sobre os olhos durante interações, enquanto aquelas com autismo olham mais para a região da boca e preterem cenas sociais a imagens geométricas (Pierce et al., 2016) A proposta da nossa unidade é ressaltar como são perceptíveis as manifestações dos déficits do autismo no cotidiano da criança. LEVE MODERADO SEVERO Fonte: Desenvolvido pela Autora (2018) 33 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância DÉFICITS CARACTERÍSTICAS Comunicação/Linguagem Ausência ou atraso do desenvolvimento da linguagem oral Interação Social Falta de reciprocidade, a dificuldade na socialização e o comprometimentodo contato com o próximo. Comportamental necessidade em estabelecer uma rotina, movimentos repetitivos e as estereotipias Sabemos que as manifestações da pessoa com autismo são consequências estimuladas pelo transtorno, podendo ser mais leve ou mais grave, dependendo do grau em que se encontra. “É também comum se observar crianças autistas fascinadas por certos estímulos visuais, como luzes piscando e reflexos de espelho bem como tendo certas aversões ou preferências por gostos, cheiros e texturas especificas” (SILVA; MULICK, 2009, p.120). Pensando no contexto educativo, sabemos que temos leis que pautam e propiciam a inclusão escolar, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, portaria no 555/2007, prorrogada pela portaria 948/2007, “tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação [...]” (BRASIL, 2008, p.15). Como educadores é necessário compreender as leis que garantam a inclusão da pessoa com autismo, considerando que os Transtornos Globais do Desenvolvimento abrangem vários transtornos dentre eles, o autismo. Ressalto que ainda temos no Brasil, sendo instituída pela Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a lei a intitulada como “Lei Berenice Piana” que alega que para todos os efeitos legais, o autismo passa a ser considerado como uma deficiência. Fonte: Desenvolvido pela Autora (2018) 34 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As leis formalizam os primeiros passos para a inclusão, sabemos que a partir de sua determinação alguns aspectos relevantes foram instituídos, garantindo as práticas educativas para as pessoas com autismo. Os avanços relacionados ao sujeito com TEA vão muito além das leis, a atuação, como educadores, só́ é possível quando se consegue acessar seu mundo sem estigmas, sensibilizando o olhar para se tornar apto a captar atitudes/ações demonstradas pelo aluno com autismo. Ressalto a importância de estudar cada vez mais o tema, compreender os interesses da criança com autismo faz com que alguns comportamentos sinalizem uma possibilidade de contato. Muitos autistas tem a propensão de ser altamente restritos e rígidos, anormais em intensidade ou foco, porém podem aprofundar-se em temas como nomes de dinossauros, linhas de ônibus ou marcas de carros. Por um lado, tal característica torna possível ao autista apropriar-se de inúmeras informações sobre objetos ou eventos específicos, porém por outro lado temos as dificuldades sociais que acompanham o transtorno e criam obstáculos na sua interação social. Conclusão A proposta desta unidade foi reconhecer as características do TEA para trilhar um caminho de maior sensibilidade ao atuar com um aluno autista, é possível encontrar 35 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância caminhos a partir dos conhecimentos aprendidos. Sabemos que encontraremos alguns obstáculos, mas serão eles que nos conduzirão aos novos saberes, afinal quando reconhecemos as necessidades fica mais acessível desenvolver um trabalho para a singularidade do autista. Para ampliar as práticas e metodologias é preciso estar disposto para buscar sempre novos conhecimentos, também é necessário compreender que o sujeito com TEA vence desafios desde a sua infância e através do acompanhamento e acolhimento tem mais chances de terem um crescimento progressivo. Lembrando também que toda interação entre família, professores e comunidade escolar faz com que os laços sejam fortalecidos para superarem qualquer empecilho que veja prejudicar o desenvolvimento cognitivo e social da criança. 36 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO Objetivo Finalizar a nossa disciplina mostrando a importância das estratégias de intervenção no desenvolvimento de propostas de atuação na educação especial e inclusiva. Introdução Neste último texto do nosso Guia da Disciplina, iremos compreender o que chamamos de intervenção e como suas ações podem ampliar o desenvolvimento dos nossos alunos no contexto inclusivo. Faremos esse estudo para que possamos, por fim, pensar, mais uma vez, em outras possibilidades escolares com o objetivo de trabalhar as atividades que mais desenvolvam os nossos alunos. A intervenção é considerada um processo de atuação direcionado e contextualizado para uma determinada situação, deve ser elaborado a partir de um conjunto de informações que pontue a singularidade de cada indivíduo que esteja envolvido na relação escolar. Podemos dizer que são as estratégias usadas para propiciar o desenvolvimento positivo do indivíduo e que tem como objetivo a construção de habilidades para uma inserção social positiva. Assim como o qualquer processo, é fundamental que cada aspecto da intervenção realizada tenha um caráter multidisciplinar, processual e singular: Quando falamos da intervenção multidisciplinar estaremos trabalhando todos os aspectos do indivíduo que possam estabelecer e garantir uma estimulação eficaz. Nesse caso, utilizamos todas as informações trazidas por todos os profissionais envolvidos no MULTIDISCIPLINAR PROCESSUAL SINGULAR Fonte: Desenvolvido pela Autora (2018) 37 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância processo, sendo assim é possível estabelecer objetivos e estratégias comuns e também avaliar se os caminhos escolhidos estão tendo bons efeitos. Consideramos nesse momento partilhar questionamentos sobre o caso do aluno em questão, pois muitas vezes aquilo que foi proposto inicialmente não corresponde ao desenvolvimento esperado e se torna necessário ajustar as atividades. É comum questionar se: a medicação está tendo o efeito desejado? Quais as atividades prendem mais a atenção do aluno? Tem ido à terapia? São informações importantes que devem circular entre a equipe de trabalho. Outra forma de intervenção é a processual, nela se propõem ações que precisam seguir um padrão básico e ininterrupto: Com a aplicação do processo o indivíduo muda e novas demandas surgem, exigindo dos profissionais, adaptações que ajustem os objetivos, condutas e instrumentos. A intervenção singular tem um grau de importância muito grande para quem atua no contexto inclusivo, principalmente porque aprendemos que mesmo tendo um diagnóstico ou características semelhantes, cada aluno tem sua singularidade e reforça a ideia que todos os seres humanos são diferentes. Como vimos ao longo de nossa disciplina, um distúrbio, uma síndrome, uma doença, jamais podem se sobrepor às necessidades daquele indivíduo específico. Lembrando que os diagnósticos são utilizados como uma forma de orientação as práticas e não como forma de imposição ou padronização de intervenção. Planejar Desenvolver Avaliar Replanejar Planejar ... Fonte: Desenvolvido pela Autora (2018) 38 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Como visto anteriormente, não podemos utilizar o conjunto de sintomas do diagnóstico para determinar e uniformizar a intervenção dos indivíduos, ressalto aqui que a descoberta de cada singularidade determinará os caminhos da intervenção. Vamos tomar como exemplo nossas salas de aula, que comumente tem alunos com diagnósticos iguais, mas apresentam necessidades específicas. Para elucidar o que foi visto acima, vamos pensar em dois alunos que tenham Síndrome de Down e estudem na mesma sala. Afirmo para vocês que o planejamento desenvolvidopara um não suprirá as necessidades específicas do outro, pois cada um tem interesses diferentes, bem como, características, competências e dificuldades que lhe são peculiares. Para cada aluno o educador deverá desenvolver projetos que contemplem essas particularidades e estimulem a conquista de novos aprendizados. As intervenções construídas através do diagnóstico certamente serão agentes de mudanças para todos os envolvidos, pois apontam novos caminhos que trazem novas construções e as novas aprendizagens. Cabe ressaltar que a aprendizagem é uma oportunidade para todos os envolvidos, nesse caso para o aluno, para família e para os profissionais. Para a intervenção cumprir sua função é necessário que ela resgate o aluno e o habilite a lidar com as suas próprias características de maneira produtiva, indicando possibilidades de inserção social que respeitem sua singularidade. Quando se trata de uma intervenção educacional, o professor deverá desenvolver ações que atuem nas dificuldades de aprendizagem do aluno. Para que isso aconteça, devemos desenvolver os seguintes aspectos: Trabalhar com a construção da percepção das dificuldades e consequente superação. Ver as dificuldades como características (possibilidades) e não apenas como problemas. 39 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atuar nas dificuldades, transformando-as, não disfarçando, negando ou insistindo em alcançar um padrão. Percorrendo o material da nossa disciplina é possível perceber que o saber técnico é sempre muito importante, buscar novos saberes faz com que o educador esteja munido de novas possibilidades de atuação. Como educadores, também precisamos pensar nas posturas que adotamos para interagir com nosso alunado, vejo que independente da natureza das atividades que tenhamos proposto, é primordial manter uma postura de mediação, procurando sustentar o aluno em seus aspectos emocionais, sempre procurando utilizar perguntas que o estimulem e direcionem a desenvolver sua atividade. As vivências pautadas com essas ações trarão ao aluno a possibilidade de confiança em si mesmo, reforçando ainda mais o vínculo com o professor. Encorajar o aluno a faz com que ele cultive maior motivação para a aprendizagem. Conclusão Finalizamos nossa disciplina após uma longa jornada de conhecimento, tivemos a chance de percorrer caminhos que despertaram um novo olhar sobre a deficiência e seus desafios. Também vimos que, as particularidades e características dos nossos alunos nortearão nossas propostas de intervenção e ampliarão a possibilidade de vínculo. A premissa é respeitar o ritmo de cada um e com isso favorecer os interesses pessoais, reforçando a ideia que a aprendizagem acontece de forma individual, porém a formação integral acontece no grupo e todos se beneficiam das relações interpessoais estabelecidas. Quando existe a troca, o debate, a divergência, o repertório do grupo e de cada um de seus elementos, tudo se constrói e se enriquece. Sabemos que ainda virão estudos e mais estudos sobre a deficiência, sempre digo que quem escolheu a profissão de ensinar, nunca para de aprender. Estudem, estudem e estudem! Tanto eu, como vocês ainda teremos muito o que aprender! Agradeço a oportunidade de compartilhar conhecimento com vocês! Rumo a novos desafios! 40 Deficiências Físicas, Sensoriais e Intelectuais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CUNHA, Eugenio. Autismo e inclusão: psicopedagogia praticas educativas na escola e na família. 6 eds. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2015. 140 p. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. FABRICIO N. C.; LEAL, M. Projetos educacionais alternativos. In: SAITO M.I., ____________; SOUZA V. C. B. A inclusão escolar e a nossa realidade educacional. In: PAROLIN, I. C. H. Aprendendo a incluir e incluindo para aprender. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2006. __________________________; Zimmermann V. B. 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