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Salário - conceito

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SALÁRIO 
 A palavra salário tem sua origem semântica no latim salarium, que significa sal, o qual já foi utilizado em 
Roma como forma de pagamento, servindo de "moeda de troca". 
 Uma das características do salário é a possibilidade de sua natureza composta, ou seja, a possibilidade de 
parte da contraprestação ser paga em dinheiro e parte em in natura (utilidades). Portanto, salário é a 
contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em dinheiro, seja em utilidades (habitação etc.). 
PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO AO SALÁRIO 
 O Direito do Trabalho pátrio é permeado de princípios e normas de proteção ao salário do empregado, 
objetivando que o obreiro receba seus numerários de forma integral, irredutível e intangível. Como princípios de 
proteção ao salário, podemos destacar: 
Irredutibilidade Salarial: o princípio, elevado em nível constitucional, é o de que o salário é irredutível, não se 
permitindo a redução salarial do obreiro, uma vez que os contratos devem ser cumpridos (pacto sunt servanda), 
bem como o art. 468 consolidado proíbe qualquer alteração contratual que cause prejuízos ao empregado. Em 
função da flexibilização de algumas normas trabalhistas, permitiu o legislador constituinte originário, no art. 7º. , VI, 
da Carta Maior, que em situações excepcionais, mediante intervenção sindical por intermédio de negociação 
coletiva, os salários fossem reduzidos temporariamente, em caso de dificuldades da empresa, pela assinatura de 
convenção ou acordo coletivo de trabalho. Preferiu-se, nesse caso, diminuir-se temporariamente os salários, 
preservando o bem maior dos trabalhadores, qual seja o emprego, prevalecendo o princípio da continuidade da 
relação de emprego. 
 No entanto, frise-se: a regra geral é da irredutibilidade salarial. Excepcional e temporariamente, comprovada 
a dificuldade financeira momentânea do empregador em honrar o valor integral dos salários dos obreiros, e 
objetivando preservar o emprego dos trabalhadores, a Carta Magna permitiu a redução salarial temporária (pelo 
prazo máximo de 2 anos), desde que haja a intervenção sindical com a assinatura de convenção ou acordo coletivo 
do trabalho. A Lei 13.189/15 criou o Programa Seguro-Emprego (PSE) autorizando que empresas com dificuldades 
financeiras temporárias reduzam a jornada de seus empregados em até 30% das horas de trabalho, com redução 
proporcional do salário pago pelo empregador. 
Intangibilidade Salarial: o obreiro tem de receber o salário integralmente, abstendo-se o empregador de efetuar 
descontos no salário do obreiro, salvo as hipóteses Legais, conforme descrito no art. 462 da CLT e consubstanciado 
na Súmula 342 do TST. Após a promulgação da CF/1988, o princípio da intangibilidade salarial foi reforçado, tendo 
em vista que o art. 7º., X, da Carta Magna disciplinou que a retenção dolosa do salário constitui crime. 
NORMAS DE PROTEÇÃO AO SALÁRIO 
 Conforme já indicado, o inciso X do art. 7. 0 da CF/1988 menciona a proteção do salário na forma da Lei, 
constituindo crime sua retenção dolosa. Tal dispositivo é de eficácia contida, carecendo de regulamentação penal, 
embora alguns doutrinadores entendam que o dispositivo constitucional foi regulamentado indiretamente, utilizando-
se, em caso de retenção dolosa do salário, o art. 168 do CP, que tipifica o crime de apropriação indébita. 
 Por sua vez, o Decreto-lei 368/1968 define mora contumaz como o atraso ou sonegação de salários devidos 
aos empregados, por período igual ou superior a três meses, sem motivo grave e relevante, excluídas as causas 
pertinentes ao risco do empreendimento (art. 2.º, § 1.º). 
 Nesse contexto, prevê o art. 4. 0 do mesmo decreto-lei que os diretores, sócios, gerentes, membros de 
órgãos fiscais ou consultivos, titulares de firma individual ou quaisquer outros dirigentes de empresa que estiverem 
em débito salarial com seus empregados (mora contumaz) e assim mesmo distribuírem lucros, dividendos, pro 
labores, honorários, gratificação etc., 
entre si, estarão sujeitos à pena de detenção de 1 mês a 1 ano. 
Ademais, a legislação infraconstitucional traz diversos dispositivos que objetivam proteger o salário do empregado 
em face do empregador, dos credores do próprio empregado e dos credores do empregador, conforme 
adiante descrito. 
 
Defesa do salário em face do empregador: O diploma consolidado é permeado de normas de proteção ao salário 
do empregado em face do empregador, evitando-se, assim, que o empregador retenha, de modo injustificado, total 
ou parcialmente, o salário do obreiro. 
 
• o menor de 18 anos poderá firmar recibo de pagamento de salários, porém na rescisão do contrato de 
trabalho deverá estar assistido por seus pais (CLT, art. 439); 
 
• qualquer que seja a modalidade do trabalho, o pagamento não pode ser estipulado por período superior a 
um mês, devendo ser pago até o 5º dia útil subsequente ao ·mês vencido, salvo quanto às comissões, 
percentagens ou gratificações (CLT, art. 459, parágrafo único); 
• ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários dos empregados, salvo quando esse 
resultar de adiantamentos, de dispositivo de lei ou de contrato coletivo (CLT, art. 462); 
• em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que essa possibilidade tenha 
sido acordada, ou na ocorrência de dolo do empregado (CLT, art. 462, § 1. º); 
• o salário deve ser pago em moeda do país, entendendo-se como não realizado se for pago em outra 
moeda (CLT, art. 463); 
• o pagamento será feito mediante recibo (CLT, art. 4.64); 
• o pagamento será feito em dia útil e no local de trabalho, dentro do horário de serviço ou imediatamente 
após o encerramento deste (CLT, art. 465). 
 
Defesa do salário em face dos credores do empregado: O principal diploma de proteção do salário do 
empregado está previsto no art. 833 IV, do CPC, que declara que os salários são impenhoráveis, salvo para 
pagamento de prestações alimentícias. 
 
Defesa do salário em face dos credores do empregador: A Lei 11.101, de 09.02.2005, que regula a 
recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, trouxe, em seu bojo, 
algumas inovações quanto à preferência dos créditos trabalhistas em caso de falência da empresa, a saber: 
"Lei 11.101/2005: 
Art. 6. 0 A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso 
da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores 
particulares do sócio solidário. 
( ... ) 
§ 2. 0 É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos 
derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive. as impugnações a que se 
refere o art. 8. 0 desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo 
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. 
( ... ) 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e 
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido 
regular como autor ou Litisconsorte ativo. 
( ... ) 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I· - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários mínimos por 
credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
( ... ) 
VI - créditos quirografários, a saber: 
( ... ) 
e) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do 
caput deste artigo; 
( ... ) 
§ 4.º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no 
art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativosa: 
I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do 
trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência". 
 
Logo, após a edição da Lei 11.101/2005, podemos concluir que: 
• as reclamações trabalhistas, independentemente da decretação da falência da empresa, continuam a ser 
processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho, que informará ao juízo da falência, para efeitos de 
habilitação, o crédito laboral oriundo da decisão judicial transitada em julgado; 
 
• somente serão considerados créditos privilegiados na falência os limitados a 150 salários mínimos, por 
credor, sendo os saldos que excederem este limite enquadrados como créditos quirografários; 
 
• em caso de cessão de crédito trabalhista a terceiro, o mesmo será considerado crédito quirografário; 
 
• os créditos trabalhistas devidos aos obreiros que continuarem prestando serviços à massa falida após a 
decretação de quebra da empresa serão considerados extraconcursais e serão pagos com precedência a 
qualquer outro.

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