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Legislação-e-Políticas-para-surdos

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
2. HISTÓRIA DO PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DE 
LÍNGUA DE SINAIS .................................................................................................... 4 
3. Suécia ...................................................................................................... 5 
4. Estados Unidos ........................................................................................ 5 
5. Brasil ........................................................................................................ 6 
6. LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ........................................................... 9 
7. O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS ............................................. 11 
8. ALGUNS MITOS SOBRE O PROFISSIONAL INTÉRPRETE ............... 14 
9. CÓDIGO DE ÉTICA ............................................................................... 15 
10. O INTÉRPRETE EDUCACIONAL ......................................................... 18 
11. REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E INTÉRPRETE 
DE LÍNGUA DE SINAIS ............................................................................................ 24 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Fonte: 3.bp.blogspot.com 
 
Segundo o dicionário Aurélio, intérprete é a pessoa que serve de intermediário 
para fazer compreender indivíduos que falam diferentes idiomas. 
Essa apostila pretende retratar sobre a importância desse profissional, sua 
história, seu código de ética e a regulamentação dessa profissão. 
Para ser um intérprete, esse profissional deve se manter imparcial, evitando 
com que religião ou vínculos de amizade interfira em seu trabalho. O processo de 
interpretação é uma habilidade científica que o cérebro aprende após muito treino e 
dedicação, portanto ser filho de pais surdos não é sinônimo de qualificação. Além 
disso, o intérprete tem que ser bilíngue, procurar participar de seminários, saber 
trabalhar em equipe, ter equilíbrio durante a interpretação e ser capaz de admitir suas 
limitações quando não se sentir capaz. 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2. HISTÓRIA DO PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DE 
LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
Fonte: 1.bp.blogspot.com 
 
Em vários países há tradutores e intérpretes de língua de sinais. A história da 
constituição deste profissional se deu a partir de atividades voluntárias que foram 
sendo valorizadas enquanto atividade laboral na medida em que os surdos foram 
conquistando o seu exercício de cidadania. A participação de surdos nas discussões 
sociais representou e representa a chave para a profissionalização dos tradutores e 
intérpretes de língua de sinais. 
Outro elemento fundamental neste processo é o reconhecimento da língua de 
sinais em cada país. À medida que a língua de sinais do país passou a ser 
reconhecida enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso 
a ela enquanto direito linguístico. Assim, consequentemente, as instituições se viram 
obrigadas a garantir acessibilidade através do profissional intérprete de língua de 
sinais. A seguir serão apresentados os fatos históricos relevantes sobre a constituição 
 
5 
 
do profissional intérprete de língua de sinais na Suécia, nos Estados Unidos e no 
Brasil. 
3. Suécia 
 
a) Presença de intérpretes de língua de sinais sueca em trabalhos religiosos 
por volta do final do século XIX (Suécia, 1875). 
B). Em 1938, o parlamento sueco criou cinco cargos de conselheiros para 
surdos que imediatamente não conseguia atender a demanda da comunidade surda. 
C). Em 1947, mais de 20 pessoas assumiram a função de intérprete. 
D). Em 1968, por uma decisão do Parlamento, todos os surdos teriam acesso 
ao profissional intérprete livre de encargos diante de reivindicações da Associação 
Nacional de Surdos. Neste ano, também foi criado o primeiro curso de treinamento de 
intérprete na Suécia organizado pela Associação Nacional de Surdos, junto à 
Comissão Nacional de Educação e à Comissão Nacional para Mercado de Trabalho. 
E). Em 1981, foi instituído que cada conselho municipal deveria ter uma 
unidade com intérpretes. 
 
4. Estados Unidos 
 
A). Em 1815, Thomas Gallaudet era intérprete de Laurent Clerc (surdo francês 
que estava nos EUA para promover a educação de surdos). 
B). Ao longo dos anos, pessoas intermediavam a comunicação para surdos 
(normalmente vizinhos, amigos, filhos, religiosos) como voluntários utilizando uma 
comunicação muito restrita. 
C). Em 1964, foi fundada uma organização nacional de intérpretes para surdos 
(atual RID), estabelecendo alguns requisitos para a atuação do intérprete. 
D). Em 1972, o RID começou a selecionar intérpretes oferecendo um registro 
após avaliação. O RID apresenta, até os dias de hoje, as seguintes funções: 
selecionar os intérpretes, certificar os intérpretes qualificados; manter um registro; 
 
6 
 
promover o código de ética; e oferecer informações sobre formação e 
aperfeiçoamento de intérpretes. 
 
5. Brasil 
 
 
http://4.bp.blogspot.com/-gQz7Hc7VQe4/UBFnVQSV6kI/AAAAAAAAlLo/de56XJT7bCo/s1600/novo.jpg 
 
a) Presença de intérpretes de língua de sinais em trabalhos religiosos iniciados 
por volta dos anos 80. 
B). Em 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de 
Sinais organizado pela FENEIS que propiciou, pela primeira vez, o intercâmbio entre 
alguns intérpretes do Brasil e a avaliação sobre a ética do profissional intérprete. 
C). Em 1992, realizou-se o II Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de 
Sinais, também organizado pela FENEIS que promoveu o intercâmbio entre as 
diferentes experiências dos intérpretes no país, discussões e votação do regimento 
interno do Departamento Nacional de Intérpretes fundado mediante a aprovação do 
mesmo. 
D). De 1993 a 1994, realizaram-se alguns encontros estaduais. 
e) A partir dos anos 90, foram estabelecidas unidades de intérpretes ligadas 
aos escritórios regionais da FENEIS. Em 2OO2, a FENEIS sedia escritórios em São 
 
7 
 
Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Teófilo Otoni, Brasília e Recife, além da matriz 
no Rio de Janeiro. 
F). Em 2000, foi disponibilizada a página dos intérpretes de língua de sinais 
www.interpretels.hpg.com.br também foi aberto um espaço para participação dos 
intérpretes através de uma lista de discussão via e-mail. Esta lista é aberta para todos 
os intérpretes interessados e pode ser acessada através da página dos intérpretes. 
G). No dia 24 de abril de 2OO2, foi homologada a lei federal que reconhece a 
língua brasileira de sinais como língua oficial das comunidades surdas brasileiras. Tal 
lei representa um passo fundamental no processo de reconhecimento e formação do 
profissional intérprete da língua de sinais no Brasil, bem como, a abertura de várias 
oportunidades no mercado de trabalho que são respaldadas pela questão legal. A 
seguir consta a transcrição desta lei: 
 
 
LEI N° 10436, DE 24 DE ABRIL DE 2OO2 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1° É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
 
Parágrafo único. Entende-secomo Língua Brasileira de Sinais -Libras a forma 
de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, 
com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão 
de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil 
Art. 2
o 
Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e 
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e 
de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 
 
8 
 
Art. 3° As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços 
públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado 
aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
Art. 4
o 
O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, 
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de 
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e 
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
Art. 5
o 
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 24 de abril de 2OO2; 181° da Independência e 114
o
'da República. 
 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
 
Esta lei representa uma conquista inigualável em todo o processo dos 
movimentos sociais surdos e tem consequências extremamente favoráveis para o 
reconhecimento do profissional intérprete de língua de sinais no Brasil. Além desta lei, 
vale destacar as seguintes leis que respaldam a atuação do intérprete de língua de 
sinais direta ou indiretamente: 
• Lei 1O.O98/OO (Lei da acessibilidade) 
• Lei 1O.172/O1 (Lei do Plano Nacional de Educação) 
• Resolução MEC/CNE: O2/2OO1 (Diretrizes Nacionais para a Educação 
Especial na Educação Básica) 
• Portaria 3284/2OO3 que substituiu a Portaria 1679/99 (acessibilidade à 
Educação Superior) 
 
O resultado de uma pesquisa realizada sobre intérpretes na Europa conclui que 
à medida que os surdos ampliam suas atividades e participam nas atividades políticas 
 
9 
 
e culturais da sociedade, o intérprete de língua de sinais é mais qualificado e 
reconhecido profissionalmente. 
 
6. LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
 
 
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com/ 
 
A língua brasileira de sinais é uma língua visual-espacial articulada através das 
mãos, das expressões faciais e do corpo. É uma língua natural usada pela 
comunidade surda brasileira. Estudos sobre essa língua foram iniciados no Brasil pela 
Gladis Knak Rehfeldt (A língua de sinais do Brasil, 1981). Há também artigos e 
pesquisas realizadas pela Lucinda Ferreira-Brito que foram publicadas em forma de 
um livro em 1995 (Por uma gramática das línguas de sinais). 
Depois desses trabalhos, as pesquisas começaram a explorar diferentes 
aspectos da estrutura da língua brasileira de sinais. Vale mencionar alguns exemplos, 
tais como Fernandez (199O), um trabalho de psicolinguística; Karnopp (1994) que 
estudou aspectos de aquisição de fonologia por crianças surdas de pais surdos; Felipe 
(1993) que propõe uma tipologia de verbos em língua brasileira de sinais; os meus 
trabalhos: Quadros (1995) que apresenta uma análise da distribuição dos pronomes 
na língua brasileira de sinais e as repercussões desse aspecto na aquisição da 
linguagem de crianças surdas de pais surdos (publicado parcialmente em forma de 
 
10 
 
livro em 1997 - Educação de surdos: a aquisição da linguagem) e Quadros (1999) que 
apresenta a estrutura da língua brasileira de sinais. 
Tais pesquisas associadas às atividades dirigidas pela Federação Nacional de 
Educação e Integração do Surdo (FENEIS) foram responsáveis pelo reconhecimento 
da língua brasileira de sinais como uma língua de fato no Brasil. Como uma língua 
percebida pelos olhos, a língua brasileira de sinais apresenta algumas peculiaridades 
que são normalmente pouco conhecidas pelos profissionais. 
 
 
Fonte: organizesuavida.com.br 
 
Perguntas sobre os níveis de análises, tais como, a fonologia, a semântica, a 
morfologia e a sintaxe são muitos comuns, uma vez que as línguas de sinais são 
expressas sem som e no espaço. Porém, as pesquisas de várias línguas de sinais, 
como a língua de sinais americana e a língua brasileira de sinais, mostraram que tais 
línguas são muito complexas e apresentam todos os níveis de análises da linguística 
tradicional. 
A diferença básica está no canal em que tais línguas expressam-se para 
estruturar a língua, um canal essencialmente visual. Stokoe et al. (1976), Bellugi e 
Klima (1979), Liddell (198O), Lillo-Martin (1986) são exemplos clássicos de pesquisas 
da língua de sinais americana que trazem evidências da existência de todos os níveis 
de análise dessa língua. Karnopp (1994), Quadros (1995, 1999), Ferreira-Brito (1995) 
 
11 
 
e Felipe (1993) são exemplos de pesquisas que evidenciam a complexidade da língua 
brasileira de sinais. 
Fonologia é compreendida como a parte da ciência linguística que analisa as 
unidades mínimas sem significado de uma língua e a sua organização interna. Quer 
dizer, em qualquer língua falada, a fonologia é organizada baseada em um número 
restringido de sons que podem ser combinados em sucessões para formar uma 
unidade maior, ou seja, a palavra. Nas línguas de sinais, as configurações de mãos 
juntamente com as localizações em que os sinais são produzidos, os movimentos e 
as direções são as unidades menores que formam as palavras. 
 
 
7. O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
Fonte: ufjf.br/dircom/files/2010/04/libras.jpg 
 
 
 
 
 
O que envolve o ato de interpretar? 
 
12 
 
Envolve um ato COGNITIVO-LINGÜÍSTICO, ou seja, é um processo em que o 
intérprete estará diante de pessoas que apresentam intenções comunicativas 
específicas e que utilizam línguas diferentes. O intérprete está completamente 
envolvido na interação comunicativa (social e cultural) com poder completo para 
influenciar o objeto e o produto da interpretação. Ele processa a informação dada na 
língua fonte e faz escolhas lexicais, estruturais, semânticas e pragmáticas na língua 
alvo que devem se aproximar o mais apropriadamente possível da informação dada 
na língua fonte. Assim sendo, o intérprete também precisa ter conhecimento técnico 
para que suas escolhas sejam apropriadas tecnicamente. Portanto, o ato de 
interpretar envolve processos altamente complexos. 
 
Quem é o intérprete de língua de sinais? 
É o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que 
é qualificado para desempenhar a função de intérprete. No Brasil, o intérprete deve 
dominar a língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Ele também pode dominar 
outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais americana e fazer a 
interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-versa (por exemplo, 
conferências internacionais). Além do domínio das línguas envolvidas no processo de 
tradução e interpretação, o profissional precisa ter qualificação específica para atuar 
como tal. Isso significa ter domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e 
técnicas de tradução e interpretação. O profissional intérprete também deve ter 
formação específica na área de sua atuação (por exemplo, a área da educação). 
 
Qual o papel do intérprete? 
Realizara interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa 
observando os seguintes preceitos éticos: 
a) confiabilidade (sigilo profissional); 
b) imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões 
próprias); 
c) discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante 
a atuação); 
d) distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são 
separados); 
 
13 
 
e) fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a 
informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo 
da interpretação é passar o que realmente foi dito). 
 
O que acontece quando há carência de profissionais intérpretes? 
 
 
Fonte: diariodosurdo.com.br/ 
 
Quando há carência de intérpretes de língua de sinais, a interação entre surdos 
e pessoas que desconhecem a língua de sinais fica prejudicada. As implicações disso 
são, pelo menos, as seguintes: 
a) os surdos não participam de vários tipos de atividades (sociais, educacionais, 
culturais e políticas); 
b) os surdos não conseguem avançar em termos educacionais; 
c) os surdos ficam desmotivados a participarem de encontros, reuniões, etc. 
d) os surdos não têm acesso às discussões e informações veiculadas na língua 
falada sendo, portanto, excluído da interação social, cultural e política sem direito ao 
exercício de sua cidadania; 
e) os surdos não se fazem "ouvir"; 
f) os ouvintes que não dominam a língua de sinais não conseguem se 
comunicar com os surdos. 
 
 
14 
 
O que é possível fazer? 
 
a) investigação sobre todos os serviços de intérpretes existentes oficiais e 
extraoficiais; 
b) criação de leis sobre o direito ao serviço de intérprete reivindicando que a 
sociedade assuma a responsabilidade desses serviços; 
c) reconhecimento da profissão de intérprete; 
d) realização de pesquisas sobre interpretação e as condições de trabalho dos 
intérpretes; 
e) formação sistemática para os intérpretes; 
f) aumento de cursos de línguas de sinais; 
g) criação de programas para a formação de novos intérpretes; 
h) cursos que orientem aos surdos como e quando usarem os serviços do 
intérprete. 
 
8. ALGUNS MITOS SOBRE O PROFISSIONAL INTÉRPRETE 
 
Fonte: imgs.concursoseempregos.opovo.com.br/ 
 
Professores de surdos são intérpretes de língua de sinais 
 
Não é verdade que professores de surdos sejam necessariamente intérpretes 
de língua de sinais. Na verdade, os professores são professores e os intérpretes são 
intérpretes. Cada profissional desempenha sua função e papel que se diferenciam 
 
15 
 
imensamente. O professor de surdos deve saber e utilizar muito bem a língua de 
sinais, mas isso não implica ser intérprete de língua de sinais. O professor tem o papel 
fundamental associado ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo 
interativo social, cultural e linguístico. O intérprete, por outro lado, é o mediador entre 
pessoas que não dominam a mesma língua abstendo-se, na medida do possível, de 
interferir no processo comunicativo. 
 
As pessoas ouvintes que dominam a língua de sinais são intérpretes 
Não é verdade que dominar a língua de sinais seja suficiente para a pessoa 
exercer a profissão de intérprete de língua de sinais. O intérprete de língua de sinais 
é um profissional que deve ter qualificação específica para atuar como intérprete. 
Muitas pessoas que dominam a língua de sinais não querem e nem almejam atuar 
como intérpretes de língua de sinais. Também, há muitas pessoas que são fluentes 
na língua de sinais, mas não têm habilidade para serem intérpretes. 
 
Os filhos de pais surdos são intérpretes de língua de sinais 
Não é verdade que o fato de ser filho de pais surdos seja suficiente para garantir 
que o mesmo seja considerado intérprete de língua de sinais. Normalmente os filhos 
de pais surdos intermediam as relações entre os seus pais e as outras pessoas, mas 
desconhecem técnicas, estratégias e processos de tradução e interpretação, pois não 
possuem qualificação específica para isso. Os filhos fazem isso por serem filhos e não 
por serem intérpretes de língua de sinais. Alguns filhos de pais surdos se dedicam a 
profissão de intérprete e possuem a vantagem de ser nativos em ambas as línguas. 
Isso, no entanto, não garante que sejam bons profissionais intérpretes. O que garante 
a alguém ser um bom profissional intérprete é, além do domínio das duas línguas 
envolvidas nas interações, o profissionalismo, ou seja, busca de qualificação 
permanente e observância do código de ética. Os filhos de pais surdos que atuam 
como intérprete têm a possibilidade de discutir sobre a sua atuação enquanto 
profissional intérprete na associação internacional de filhos de pais surdos 
(www.coda-international.org). 
 
9. CÓDIGO DE ÉTICA 
 
16 
 
 
Fonte: 1.bp.blogspot.com 
 
O código de ética é um instrumento que orienta o profissional intérprete na sua 
atuação. A sua existência justifica-se a partir do tipo de relação que o intérprete 
estabelece com as partes envolvidas na interação. O intérprete está para intermediar 
um processo interativo que envolve determinadas intenções conversacionais e 
discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a responsabilidade pela veracidade e 
fidelidade das informações. Assim, ética deve estar na essência desse profissional. A 
seguir é descrito o código de ética que é parte integrante do Regimento Interno do 
Departamento Nacional de Intérpretes (FENEIS). 
Registro dos Intérpretes para Surdos - em 28-29 de janeiro de 1965, 
Washington, EUA) Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen (ed.) 
USA por Ricardo Sander. Adaptação dos Representantes dos Estados Brasileiros - 
Aprovado por ocasião do II Encontro Nacional de Intérpretes - Rio de Janeiro/RJ/Brasil 
- 1992. 
 
 
CAPÍTULO 1 Princípios fundamentais 
 
Artigo 1
o
. São deveres fundamentais do intérprete: 1°. O intérprete deve ser 
uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio 
emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair confidencias, as 
quais foram confiadas a ele; 
 
17 
 
2
o
. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da 
interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido 
pelo grupo a fazê-lo; 
3
o
. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, 
sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve 
lembrar-se dos limites de sua função e não ir além de a responsabilidade; 
4°. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser 
prudente em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou 
profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas; 
5°. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, 
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si 
mesmo, durante o exercício da função. 
CAPITULO 2 Relações com o contratante do serviço 
6°. O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a 
providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis; 
7°. Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a 
tabela de cada estado, aprovada pela FENEIS. 
 
CAPITULO 3 Responsabilidade profissional 
 
8°. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões 
legais ou outras em seu favor; 
9
o
. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de 
Sinaisbem como da Língua Portuguesa; 2O°. Em casos legais, o intérprete deve 
informar à autoridade qual o nível de comunicação da pessoa envolvida, informando 
quando a interpretação literal não é possível e o intérprete, então terá que parafrasear 
de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que ela está dizendo à 
autoridade; 
11º. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das 
línguas envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos 
sinais, se isso for necessário para o entendimento; 
 
18 
 
12°. O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de 
assistência ao surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares. 
 
CAPITULO 4 Relações com os colegas 
 
 
 
 
 
Fonte: hrf.se/sites/default/files/tsptolk.jpg 
 
13°. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o 
intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos 
conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em 
interpretação e tradução. 
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao 
surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm 
surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a 
comunicação com o surdo. 
 
 
10. O INTÉRPRETE EDUCACIONAL 
 
 
19 
 
 
Fonte: gerenciador.tjma.jus.br 
 
O intérprete educacional é aquele que atua como profissional intérprete de 
língua de sinais na educação. É a área de interpretação mais requisitada atualmente. 
Na verdade, essa demanda também é observada em outros países: 
Nos Estados Unidos, em 1989, estimava-se que 22OO intérpretes de língua de 
sinais estivessem atuando nos níveis da educação elementar e no ensino secundário. 
(...). Atualmente, mais de um terço dos graduados nos cursos de formação de 
intérpretes são empregados em escolas públicas. Mais da metade dos intérpretes 
estão atuando na área da educação. (Stewart, D. et alli, 1998) 
Considerando a realidade brasileira na qual as escolas públicas e particulares 
têm surdos matriculados em diferentes níveis de escolarização, seria impossível 
atender às exigências legais que determinam o acesso e a permanência do aluno na 
escola observando-se suas especificidades sem a presença de intérpretes de língua 
de sinais. Assim, faz-se necessário investir na especialização do intérprete de língua 
de sinais da área da educação. 
O intérprete especialista para atuar na área da educação deverá ter um perfil 
para intermediar as relações entre os professores e os alunos, bem como, entre os 
colegas surdos e os colegas ouvintes. No entanto, as competências e 
responsabilidades destes profissionais não são tão fáceis de serem determinadas. Há 
vários problemas de ordem ética que acabam surgindo em função do tipo de 
 
20 
 
intermediação que acaba acontecendo em sala de aula. Muitas vezes, o papel do 
intérprete em sala de aula acaba sendo confundido com o papel do professor. 
 
 
 Fonte: grupovioles.blogspot.com.br/2 
 
Os alunos dirigem questões diretamente ao intérprete, comentam e travam 
discussões em relação aos tópicos abordados com o intérprete e não com o professor. 
O próprio professor delega ao intérprete a responsabilidade de assumir o ensino dos 
conteúdos desenvolvidos em aula ao intérprete. Muitas vezes, o professor consulta o 
intérprete a respeito do desenvolvimento do aluno surdo, como sendo ele a pessoa 
mais indicada a dar um parecer a respeito. 
O intérprete, por sua vez, se assumir todos os papéis delegados por parte dos 
professores e alunos, acaba sendo sobrecarregado e, também, acaba por confundir o 
seu papel dentro do processo educacional, um papel que está sendo constituído. Vale 
ressaltar que se o intérprete está atuando na educação infantil ou fundamental, mais 
difícil torna-se a sua tarefa. As crianças mais novas têm mais dificuldades em entender 
que aquele que está passando a informação é apenas um intérprete, é apenas aquele 
que está intermediando a relação entre o professor e ela. 
Diante destas dificuldades, algumas experiências têm levado à criação de um 
código de ética específico para intérpretes de língua de sinais que atuam na educação. 
Em alguns casos, ao intérprete de língua de sinais é permitido oferecer feedback do 
processo de ensino-aprendizagem ao professor, por exemplo. 
Se esta possibilidade existe, poder-se-ia prever que o intérprete assumiria a 
função de tutoria mediante a supervisão do professor, o que em outras circunstâncias 
de interpretação não seria permitido. No entanto, isso poderia gerar muitos 
 
21 
 
problemas.... Os intérpretes-tutores deveriam estar preparados para trabalharem com 
as diferentes áreas do ensino. Se a eles fossem atribuídas às responsabilidades com 
o ensino, eles deveriam ser professores, além de serem intérpretes. E se estiverem 
assumindo a função de professores, por que estariam sendo contratados como 
intérpretes? Considerando tais questões, poder-se-ia determinar que o intérprete 
assumirá somente a função de intérprete que em si já se basta e caso seja requerido 
um professor que domine língua de sinais que este seja contratado como tal. 
Conforme apresentado em http://www.deafmall.net/deaflinx/ edcoe.html 
(2OO2), nos Estados Unidos já houve tal discussão e foi determinado ser antiético 
exigir que o intérprete assuma funções que não sejam específicas da sua atuação 
enquanto intérpretes, tais como: 
 
•. Tutorar os alunos (em qualquer circunstância) 
•. Apresentar informações a respeito do desenvolvimento dos alunos 
•. Acompanhar os alunos 
•. Disciplinar os alunos 
•. Realizar atividades gerais extraclasse 
 
Em http://www.deafmall.net/deaflinx/useterp2.html (2OO2), apresentam-se 
alguns elementos sobre o intérprete de língua de sinais em sala de aula que devem 
ser considerados: 
 Em qualquer sala de aula, o professor é a figura que tem autoridade absoluta. 
 Considerando as questões éticas, os intérpretes devem manter-se neutros e 
garantirem o direito dos alunos de manter as informações confidenciais. 
 Os intérpretes têm o direito de serem auxiliados pelo professor através da revisão 
e preparação das aulas que garantem a qualidade da sua atuação durante as 
aulas. 
 As aulas devem prever intervalos que garantem ao intérprete descansar, pois isso 
garantirá uma melhor performance e evitará problemas de saúde para o intérprete. 
 Deve-se também considerar que o intérprete é apenas um dos elementos que 
garantirá a acessibilidade. Os alunos surdos participam das aulas visualmente e 
precisam de tempo para olhar para o intérprete, olhar para as anotações no 
 
22 
 
quadro, olhar para os materiais que o professor estiver utilizando em aula. 
Também, deve ser resolvido como serão feitas as anotações referentes ao 
conteúdo, uma vez que o aluno surdo manterá sua atenção na aula e não disporá 
de tempo para realizá-las. Outro aspecto importante é a garantia da participação 
do aluno surdo no desenvolvimento da aula através de perguntas e respostas que 
exigem tempo dos colegas e professores para que a interação se dê. A questão 
da iluminação também deve sempre ser considerada, uma vez que sessões de 
vídeo e o uso de retroprojetor podem ser recursos utilizados em sala de aula. 
Ainda se podem levantar outros problemas que surgem em relação aos 
intérpretes em sala de aula. Por exemplo, o fato dos intérpretes interagirem com os 
professores pode levar a um problema ético, pois é natural travar comentários a 
respeito dos alunosdurante os intervalos. O código de ética prevê que o intérprete 
seja discreto e mantenha sigilo, não faça comentários, não compartilhe informações 
que foram travadas durante sua atuação. Assim, o código de ética dessa 
especialidade deveria também prever que ao intérprete fosse permitido apenas fazer 
comentários específicos relacionados à linguagem da criança, à interpretação em si e 
ao processo de interpretação quando estes forem pertinentes para o processo de 
ensino-aprendizagem. 
Outro aspecto a ser considerado na atuação do intérprete em sala de aula é o 
nível educacional. O intérprete de língua de sinais poderá estar atuando na educação 
infantil, na educação fundamental, no ensino médio, no nível universitário e no nível 
de pós-graduação. Obviamente que em cada nível deve-se considerar diferentes 
fatores. Nos níveis mais iniciais, o intérprete estará diante de crianças. Há uma série 
de implicações geradas a partir disso. Crianças têm dificuldades em compreender a 
função do intérprete puramente como uma pessoa mediadora da relação entre o 
professor e o aluno. A criança surda tende a estabelecer o vínculo com quem lhe dirige 
o olhar. No caso, o intérprete é aquele que estabelece essa relação. Além disso, o 
intérprete deve ter afinidade para trabalhar com crianças. Por outro lado, o 
adolescente e o adulto, lidam melhor com a presença do intérprete. Nos níveis 
posteriores, o intérprete passa a necessitar de conhecimentos cada vez mais 
específicos e mais aprofundados para poder realizar as interpretações compatíveis 
com o grau de exigência dos níveis cada vez mais adiantados da escolarização. 
 
23 
 
De modo geral, aos intérpretes de língua de sinais da área da educação é 
recomendado redirecionar os questionamentos dos alunos ao professor, pois desta 
forma o intérprete caracteriza o seu papel na intermediação, mesmo quando este 
papel é alargado. Neste sentido, o professor também precisa passar pelo processo de 
aprendizagem de ter no grupo um contexto diferenciado com a presença de alunos 
surdos e de intérpretes de língua de sinais. A adequação da estrutura física da sala 
de aula, a disposição das pessoas em sala de aula, a adequação da forma de 
exposição por parte do professor são exemplos de aspectos a serem reconsiderados 
em sala de aula. 
 
 
 Fonte:blogbahiageral.com.br/ 
 
Cabe apresentar uma outra questão, há vários professores que também são 
intérpretes de língua de sinais. O próprio MEC está procurando formar professores 
enquanto intérpretes. Isso acontece, pois, alguns professores acabam assumindo a 
função de intérprete por terem um bom domínio da língua de sinais. Nesse caso, esse 
profissional tem duas profissões: a de professor e a de intérprete de língua de sinais. 
A proposta do MEC em formar intérpretes selecionando professores de a rede regular 
de ensino objetiva abrir este campo de atuação dentro das escolas. Assim, o 
"professor-intérprete" deve ser o profissional cuja carreira é a do magistério e cuja 
atuação na rede de ensino pode efetivar-se com dupla função: 
 
24 
 
1). Em um turno, exercer a função de docente, regente de uma turma seja em 
classe comum, em classe especial, em sala de recursos, ou em escola especial (nesse 
caso, não atua como intérprete). 
2). Em outro turno, exercer a função de intérprete em contexto de sala de aula, 
onde há outro professor regente. 
 
 
11. REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E 
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 
 
 Fonte: librasdiaria.files.wordpress.com 
 
 
 
 
Publicada no Diário Oficial no dia 2-9-2O1O, a Lei 12.319, de 1-9-2O1O, que 
regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - 
LÍBRAS. 
O novo profissional terá competência para realizar interpretação das duas 
línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e 
interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. 
A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, 
em nível médio, deve ser realizada por meio de: cursos de educação profissional 
reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; cursos de extensão universitária; e 
 
25 
 
cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e 
instituições credenciadas por Secretarias de Educação. 
De acordo com a lei, até o dia 22-12-2O15, a União, diretamente ou por 
intermédio de instituições credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de 
proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
Veja a seguir a íntegra da Lei 12.319/2O1O: 
“LEI no- 12.319, DE 1o- DE setembro DE 2O1O 
Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais 
- LÍBRAS. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete 
da Língua Brasileira de Sinais - LÍBRAS. 
Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 
2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e 
interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. 
Art. 3o (VETADO) 
Art. 4o A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua 
Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: 
I - Cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os 
credenciou; 
II - Cursos de extensão universitária; e 
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino 
superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação. 
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser 
realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, 
desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso 
III. 
Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2O15, a União, diretamente ou por 
intermédio de credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência 
em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 
26 
 
Parágrafo único. O exame de proficiência em Tradução e Interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo 
conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores 
e intérpretes de Libras de instituições de educação superior. 
Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas 
competências: 
I - Efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e 
surdo-cegos, surdo-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-
versa; 
II - Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as 
atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino 
nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos 
conteúdos curriculares; 
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos 
concursos públicos; 
IV - Atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das 
instituições de ensino e repartições públicas; e 
V - Prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos 
ou policiais. 
Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos 
valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, 
em especial: I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da 
informação recebida; II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo 
religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero; 
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir;IV - Pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por 
causa do exercício profissional; 
V - Pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito 
social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele 
necessitem; 
VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda. 
Art. 8o (VETADO) 
Art. 9o (VETADO) 
 
27 
 
Art. 1O. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 1º de setembro de 2O1O; 189o da Independência e 122o da 
República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
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30 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
DISPONÍVEL EM: http://www.sieduca.com.br/2010/admin/upload/42.doc. 
AUTORA: Elaine Cristina Gonçalves 
ACESSO EM: 03/06/2016 
 
 
 
 
MEDIADOR X INTERPRETE: A “Diferença” na Função 
e na Aprendizagem dos Alunos Surdos 
 
Elaine Cristina Gonçalves 
elainecrisg@bol.com.br 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
Resumo 
Este trabalho apresenta uma análise das possíveis diferenças entre a função de mediador e de 
intérprete na aprendizagem de alunos, dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Através da 
legislação e documentos normativos do Estado Paraná, busca-se identificar a definição e a 
diferenciação entre a função estabelecida para o mediador (anos iniciais do Ensino Fundamental) e 
para o interprete (anos finais do Ensino Fundamental), para posteriormente analisar como ocorre a 
aprendizagem dos alunos surdos em ambos os níveis do ensino fundamental acompanhados por 
ambos. Além, da investigação normativa e legal em sites do Estado do Paraná, realizou-se entrevista 
com duas professoras, que exercem ou já exerceram ambas as funções (mediador e interprete) para 
assim, buscar analisar as possíveis diferenças de aprendizagem. Para tanto, primeiramente se 
apresentará um esboço da construção histórica da formação de professores no Brasil, para entender 
como se deu o processo de consolidação e aprimoramento desses profissionais em nosso país. 
Também se discute, brevemente, a formação do educador para a Educação Especial, fundamentando-
se nas ideias de Saviani (2009). Em seguida, apresenta-se uma discussão sobre a formação de 
mediador e de interprete, e sobre suas diferenças, fundamentando-se nas ideias de Goes (2000) e 
Lacerda (2000). Posteriormente, realiza-se uma análise dos dados coletados nas entrevistas e nos 
documentos normativos e legais, para compreender se há ou não diferenças na aprendizagem dos 
alunos surdos nos diferentes níveis do Ensino Fundamental por conta das distinções entre o papel de 
mediador e de interprete. As considerações apontadas como conclusivas, relatam o descaso ao 
atendimento do aluno surdo, por parte dos educadores dos diferentes níveis de ensino aqui analisados. 
Nos anos iniciais de Ensino Fundamental, assim chamado mediador, atua como um “professor 
ajudante”, que apoia não só na tradução da Língua de Sinais para o aluno surdo, como também, 
 
31 
 
desempenha as funções de mediar a aprendizagem desse e dos outros alunos da turma, além de 
colaborar com ideias para o planejamento diário da professora regente. Já os intérpretes que atuam 
nos anos finais de Ensino Fundamental, somente atuam como tradutores da Língua de Sinais e 
reclamam da falta de compreensão por parte dos professores regentes das diferentes disciplinas por 
não demonstrarem interesse em sanar determinadas dúvidas de seus alunos surdos. 
 
Palavras–chave: Educação, Formação de Professores, Educação de Surdos; 
Aprendizagem. 
 
Introdução 
 
A busca para entender a diferença entre a função de mediador e de intérprete, 
pode remeter à compreensão sobre se há ou não uma discrepância na aprendizagem 
de alunos, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. 
Acredita-se que a aprendizagem do aluno se constitui da intervenção do 
educador. Essa intervenção, ou também, mediação, pode ajudar na elevação 
intelectual do mesmo, promovendo assim, uma elevação no nível de conhecimento e 
compreensão desse aluno, fazendo com que, algumas dificuldades sejam supridas. 
Em se tratar de educação a aprendizagem plena dos alunos, é uma das 
maiores metas do educador, isso não é diferente com o aluno surdo, qual pode 
necessitar de maiores aparatos pedagógicos para que a aprendizagem ocorra, como 
a preparação e formação de seus educadores e até mesmo com a formação e função 
desempenhada pela pessoa que o acompanha na tradução da língua, entre outros 
pontos relevantes. 
Para se fazer entender a função do professor, primeiramente se faz necessário 
uma retomada geral da formação do mesmo no Brasil, para em seguida discutira sua 
necessidade de conhecimento para atuar com a Educação Especial, apontada como 
uma modalidade educacional, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 
93949/96. Em seguida, entender a formação continuada e a função exercida pelo 
professor mediador e interprete e sua interferência na aprendizagem dos alunos. 
Logo se faz uma análise perante os dados coletados nas entrevistas realizadas 
com as duas professoras do Município de Campo Largo, Paraná, para se entender 
como se dá o processo de aprendizagem dos alunos surdos dos anos finais e iniciais 
do ensino fundamental, além de denotar a preocupação das mesmas com a 
aprendizagem desses alunos. 
 
32 
 
Como metodologia de pesquisa, se utilizou como técnica de pesquisa a análise 
documental, retiradas do portal do Estado do Paraná, e entrevista com duas 
professoras que trabalham como mediadora e já trabalharam como interprete de 
alunos dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. 
Dessa forma, o que se pode constatar é que há uma diferença entre a função 
do mediador e do intérprete de Libras nos anos iniciais e finais do ensino fundamental 
no Município, assim como, nos anos iniciais de Ensino Fundamental, assim chamado 
mediador, atua como um “professor ajudante”, que apoia não só na tradução da 
Língua de Sinais para o aluno surdo, como também, desempenha as funções de 
mediar a aprendizagem desse e dos outros alunos da turma, além de colaborar com 
ideias para o planejamento diário da professora regente. Já os intérpretes que atuam 
nos anos finais de Ensino Fundamental, somente atuam como tradutores da Língua 
de Sinais e reclamam da falta de compreensão por parte dos professores regentes 
das diferentes disciplinas por não demonstrarem interesse em sanar determinadas 
dúvidas de seus alunos surdos. 
Aspectos Fundamentais na História da Formação Docente no Brasil 
A preocupação com a formação docente só vem a repercutir no Brasil, nas duas 
últimas décadas, mesmo que sua discussão história anteceda-se com as ideias 
defendidas por Comenius (1630). 
Segundo Saviani (2009) a preocupação mundial com a formação do professor, 
principalmente voltada para a instrução população, acontece com a Revolução 
Francesa, no século XIX, assim, a mobilização dos países, influência a corte 
Portuguesa a prover ensaios educacionais no Brasil. 
Entre os anos de 1827 a 1890, surgem as Escolas de Primeiras letras, tendo 
um método único que o professor deveria dominar. Mas, como não haviam 
professores formados, em 1834, por meio da Promulgação do Ato Adicional, segundo 
Saviani “que coloca a instrução primária sob a responsabilidade das províncias (...) 
com a criação de Escolas Normais”. Ou seja, primeira aparição de uma instituição 
pública voltada para a formação do professor e que se estabeleceu sem modificações 
até o ano de 1890. 
Somente no ano 1890, algumas reformas educacionais na formação do 
educador foram instigadas no Estado de São Paulo, que provocaram algumas 
melhorias no ensino, provocando uma adaptação em outros Estados Brasileiros. 
 
33 
 
Essas reformas, segundo Saviani 
 
Foi marcada por dois vetores: enriquecimento dos conteúdos curriculares 
anteriores e ênfase nos exercícios práticos de ensino, cuja marca 
característica foram a criação da escola-modelo anexa a escola Normal – na 
verdade a principal inovação da reforma. (2009, p. 145) 
 
Muitos Estados enviaram professores para estagiar ou realizar “missões” em 
São Paulo para atuar nos cursos de formação. 
A organização de institutos de educação, surgem em nosso pais por volta dos 
anos de 1932 a 1939, com a finalidade de se abrir 
 
Uma nova fase com o advento dos institutos de educação, concebidos como 
espaços de cultivo da educação, encarada como objeto do ensino e também 
da pesquisa. (SAVIANI, 2009, p. 145). 
 
Com inspiração nas ideias pedagógicas da Escola Nova, aderindo-se no 
currículo a fundamentação teórica da mesma. 
Entre os anos de 1939 a 1971, alguns institutos de educação, passa a se 
consolidar como Universidades, enriquecendo assim, os cursos de formação de 
professores para o ensino secundário da época, mas, mantêm-se ainda alguns 
institutos de educação para a formação primária. 
Com o golpe Militar e com a Lei nº 5692/71, a escola de normalista para a se 
chamar, formação para o Magistério, que Saviani explica com 
 
Pelo Parecer nº 349/72 (Brasil – MEC-CFE, 1972), aprovado em 6 de abril de 
1972, a habilitação especial do magistério foi organizada em duas 
modalidades básicas: uma com a duração de três anos (2.200 horas), que 
habilitariam a lecionar até 4ª Série; e outra com a duração de quatro anos 
(2.900 horas), habilitando ao magistério até a 6ª Série do 1º Grau. (2009, p. 
147) 
 
Além dessa modificação, se ampliou os problemas com a formação por causa 
da mudança do currículo, para então suprir essas falhas, ofereceu-se em 1892, o 
Projeto de Formação e aperfeiçoamento do Magistério (CEFAMs), alcançando pontos 
positivos, mas, destituído por falta de quórum. 
 
34 
 
Somente em 1980, foram novamente levantadas algumas possíveis 
modificações nos cursos de licenciatura em Pedagogia, que para Saviani (2009, p. 
148): 
 
À luz desse princípio, a maioria das instituições tendeu a situar como 
atribuição dos cursos de Pedagogia a formação de professores para a 
Educação Infantil e para as séries iniciais do ensino de 1º Grau (Ensino 
Fundamental). 
 
As alterações e preocupações expostas em relação à formação para a 
Educação infantil e anos iniciais do fundamental, são novamente ressaltadas na Lei 
de Diretrizes e bases da Educação Nacional, nº 9394/96, exigindo formação superior 
até a próxima década, promovendo assim, a formação aligeirada de alguns 
professores, com algumas instituições de cursos superiores à distância. 
Para Saviani a formação dos docentes no Brasil, por mais modificações 
propostas nos decorres dos séculos, “não se encontrou até hoje, um encaminhamento 
satisfatório” (2009, p. 148). 
Principalmente em se tratando de Educação Especial, a formação docente 
ainda continua em aberto, como afirma Saviani “não se pode dizer que a educação 
especial não tenha sido contemplada na legislação em vigor” (2009, p. 152), mas a 
questão aqui apontada é a formação desse educador. 
Pois para Saviani(2009) a resolução CNE/CP 1, de 2006, que definiu as 
diretrizes do curso de pedagogia, no artigo 5º, inciso X e artigo 8º, inciso III, trata 
rapidamente em dois momento de Educação Especial. 
 
Vê-se que, nos dois dispositivos, a referência a Educação Especial é 
claramente secundária. No primeiro caso, a menção não chega a ser 
modalidade de ensino, mas apenas a situa no rol das várias situações 
demonstrativas da consciência da diversidade; no segundo caso, limita-se a 
uma atividade complementar, de caráter opcional, para efeito de integração 
dos estudos. (SAVIANI, 2009, p. 153). 
 
 Observando as ponderações de Saviani (2009) acredita-se que, a 
formação dos professores de ensino fundamental ainda é falha e que a educação 
especial é uma modalidade de ensino que precisa de um espaço específico para a 
preparação desses educadores. 
 
35 
 
 Como integrantes do corpo docente de uma escola regular ou especial, 
o tradutor da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, também, segundo a Lei 12095/98, 
de 11 de março de 1998, estabelece que, o interprete deve possuir 
 
[...] domínio da Língua de Sinais; ¨ conhecimento das implicações da surdez 
no desenvolvimento do indivíduo surdo; ¨ conhecimento da comunidade surda 
e convivência com ela; ¨ formação acadêmica, em curso de interpretação, 
reconhecido por órgão competente; ¨ filiação a órgão de fiscalização doexercício dessa profissão; ¨ noções de linguística, de técnica de interpretação, 
e bom nível de cultura; ¨profissional bilíngue;¨ reconhecido pelas associações 
e /ou órgãos responsáveis-, ¨ interprete e não explicador; ¨ habilitado na 
interpretação da Língua oral, da Língua de Sinais, da Língua escrita para 
Língua de Sinais e da Língua de Sinais para a Língua oral. Formação: 
preferencialmente 3º grau Requisitos para o exercício da função. (PARANÁ, 
1998, p. 1). 
 
Assim, não só há uma preocupação com a formação do professor regente, mas, 
também com a do tradutor da língua. 
 
A Função de Mediador e de Intérprete e suas Contribuições para a 
Aprendizagem dos Alunos 
 
Para atuar em uma escola regular do Estado do Paraná, o interprete de Libras, 
tal como estabelece a Lei 12095/98, precisa ter formação e estar devidamente 
habilitado. Mas, ao se referir à função exercida, essa legislação vigente no Estado do 
Paraná, apresenta uma divisão entre a função de interprete de Libras, para os anos 
iniciais e finais do Ensino Fundamental, assim como, para o Ensino Médio. 
Segundo os dados de apoio, cedidos pela Secretaria de Educação Especial do 
Estado no Paraná (2009), ao intérprete de Libras (Língua Portuguesa/TILS – Área da 
Surdez), caberia a função de: 
 
[...] oferecer suporte pedagógico à escolarização de alunos surdos 
matriculados na Educação Básica, da rede regular de ensino, por meio da 
mediação linguística entre alunos (s) surdo (s) e demais membros da 
comunidade escolar, de modo a assegurar o desenvolvimento da proposta 
de educação bilíngue (Libras/Língua Portuguesa). (PARANÁ, 2009, p. 13). 
 
 
36 
 
 A proposta denota, mediar à tradução da Libras/Língua Portuguesa, 
cabendo ainda ao interprete exercer maiores funções explicativas da fala do professor, 
mas não interagir no processo de aprendizagem do aluno, apenas exercer sua função 
de mediador da língua e não da aprendizagem. 
 No que se refere à outra função, cabe, segundo a Secretaria de 
Educação Especial do Paraná, ao Professor de Apoio Permanente em Sala de Aula, 
“atuar em sala de aula como mediador e interlocutor no apoio à comunicação entre o 
aluno, o grupo social e o processo de ensino e aprendizagem. Esse serviço de apoio 
especializado é nos estabelecimentos do Ensino Fundamental, Ensino Médio e 
Educação de Jovens e Adultos” (2009, p. 13). 
 Observado as duas funções, pode-se perceber que quanto ao apoio 
permanente, há a preocupação com a aprendizagem do aluno e não somente com a 
interação social, como ocorre na função do tradutor/interprete. 
 Segundo Góes, “tendo em vista que o ensinar-aprender somente se dá 
na dialogia, a qualidade da experiência escolar dos surdos depende das formas pelas 
quais a escola aborda a questão da linguagem e concebe a importância ou o lugar 
das duas línguas” (2000, p. 29). 
 Pode-se perceber que a presença de um interprete é extrema relevância, 
não só para a inserção e comunicação social do surdo, mas, também, para a 
aprendizagem e desenvolvimento cognitivo do mesmo. Essa forma de educação 
chama-se, Educação Bilíngue. 
 Pois, acordo com Lacerda, 
 
O objetivo da Educação Bilíngue é que a criança surda possa ter um 
desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança 
ouvinte, e que possa desenvolver uma relação harmoniosa também com 
ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a língua de sinais e a língua do grupo 
majoritário. (2000, p. 54) 
 
 A inserção da criança surda no ensino regular exige das autoridades 
responsáveis a presença de um tradutor da língua para que o aprendizado significativo 
ocorra, proporcionando a esse aluno o direito a igualdade perante a sociedade. 
 Para Lacerda, 
 
 
37 
 
Quando se opta pela inserção do aluno surdo na escola regular, esta precisa 
ser feita com muitos cuidados que visem garantir sua possibilidade de acesso 
aos conhecimentos que estão sendo trabalhados, além do respeito por sua 
condição linguística e por seu modo peculiar de funcionamento. (2000, p. 55). 
 
 Ao exposto acima, fica clara a necessidade de um apoio de um interprete 
da língua, pois sem ela, o aluno surdo se torna incomunicável e não consegue se 
apropriar dos conhecimentos necessários. Assim, pode-se dizer que, o tradutor da 
Língua é um dos aparatos principais para a inclusão do surdo no ensino regular. 
 
Análise da Pesquisa. 
 
 A análise a seguir, busca investigar as possíveis diferenças existentes 
entre a função do mediador e do interprete na aprendizagem de alunos, dos anos 
iniciais e finais do Ensino Fundamental Município de Campo Largo, PR, por meio dos 
pontos discutidos pelo Documento de Apoio da Secretaria Municipal de Educação 
Especial do Estado do Paraná (2009), vigente também em Campo Largo e por 
Lacerda (2000). 
 A função do tradutor de Libras no Município de Campo Largo segue 
fielmente, como pode ser observado nas entrevistas realizadas com duas professoras 
que atuam e já atuaram no Município (aos iniciais do Fundamental) e pelo Estado 
(anos finais do Fundamental), ao proposto pela secretária do Estado, quanto aos 
serviços especializados. 
 Constatou-se também, que há a presença de alunos inclusos no ensino 
regular do Município, tanto nos anos inicias e finais do ensino Fundamental, 
possibilitando a pesquisa. 
 As duas professoras entrevistadas relataram que já atuaram tanto na 
função de interprete nos anos finais do fundamental, como também, nos anos iniciais 
como professoras de apoio permanente. Correspondendo assim, a real possibilidade 
de existência das diferentes funções do tradutor da língua. 
 Pode-se extrair durante a entrevista com as professoras, que ambas 
demonstram maior interesse de trabalho com os alunos dos anos iniciais do ensino 
fundamental, pois de acordo com uma das entrevistadas 
 
 
38 
 
Acredito que, quando se trabalha como mediadora em sala de aula, o 
aproveitamento da aprendizagem do aluno se torna muito mais significativo, 
pois, acompanho diariamente o desenvolvimento do mesmo, além de 
participar ativamente na elaboração do plano de aula da professora, tirando 
dúvidas da mesma e combinando atividades que envolvam mais o aluno 
surdo, quanto aos outros alunos da turma. (Relato da professora entrevistada, 
2010). 
 
Verifica-se que com o professor de apoio permanente e a relação direta do 
mesmo com o professor regente da turma, o aproveitamento da aprendizagem do 
aluno surdo se torna muito mais significativo. 
 Já em relação a aprendizagem do aluno surdo, dos anos finais do 
fundamental, as professoras relatam que, por mais que a tradução da língua seja feita 
diariamente em todas as aulas, o interprete (assim denominado pólas entrevistadas) 
não consegue conversar e participar da elaboração do planejamento de todos os 
professores que trabalham na turma, além de, muitas vezes não terem a possibilidade 
nem mesmo de uma conversa informal com o professor sobre o aluno surdo e seu 
desenvolvimento. Uma das professoras entrevista relata ainda que 
 
Muitos dos professores fingem que o aluno não está presente, pois acreditam 
que a responsabilidade sobre o aluno, deve ser exercida, por nos interpretes. 
Não se preocupam em tirar suas dúvidas, quando o aluno pergunta alguma 
coisa, o professor nos olha e pede para que nos responda a dúvida do 
mesmo, sem ao menos perguntar se nós, interpretes, temos algumas 
dúvidas, pois nossa formação não está relacionada a disciplina ministrada 
por ele. (Relato da professora entrevistada, 2010). 
 
 
Assim, por mais que o interprete esteja presente diariamente na turma a função 
que lhe recai não está vinculada a sua formação inicial e continuada, mesmo que se 
tenha como exigência do Municípioe do Estado uma formação em nível superior, mas, 
vale lembrar que são diferentes disciplinas ministradas. 
Pois de acordo com Lacerda, “a interprete figura efetivamente como educador, 
atuando frente às dificuldades, dúvidas, questionamentos, ou distanciamento do 
aprendiz” (2000, p. 71), ou seja, o interprete atua como uma ancora para os alunos 
surdos, mas, se é produtivo ainda não se sabe. 
 
Considerações Finais 
 
 
39 
 
O que se verificou foi uma possível distinção na função do interprete e do 
professor de apoio permanente (mediação) , pois como interprete nos anos finais 
do ensino fundamental o professor só faz a mediação da língua, sendo seu apoio 
pedagógico fazer a tradução e mediar a aprendizagem por meio da mesma. Já nos 
anos inicias do ensino fundamental, o professor mediador ou de apoio permanente 
em sala, como o próprio nome já diz, permanece diariamente apoiando o professor da 
turma com a inclusão do surdo, realiza a tradução da língua, além de interagir na 
aprendizagem do mesmo. 
Sucintamente, pode-se verificar com a elaboração deste artigo uma 
preocupação com o aluno surdo incluso nos anos iniciais e finais do Ensino 
Fundamental, mas, precisa um aprimoramento dos professores regentes para o 
tratamento com a inclusão de alunos surdos no ensino regular. 
Dessa forma, acredita-se que a formação do professor, mesmo em outros 
cursos de licenciatura, precisa conter em seu currículo a preocupação em formar o 
mesmo para conviver e atuar com alunos com necessidades educacionais especiais, 
inclusos na rede regular de ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
 
40 
 
 
GÓES, M. C. R; LACERDA, C. B. F. (Orgs.). Surdez: processos educativos e 
subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000. 
 
PARANÁ, Governo do. Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional: 
Semana Pedagógica – 02 a 06 fevereiro de 2009. Disponível em: 
www.diadia.pr.gov.br/arquivo/file/deein_sem_ped_2009.pdf. Acesso em: 08/05/2010. 
 
SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no 
contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 14, nº40, jan/abr 
2009. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdf Acesso em: 
20/05/2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
DISPONÍVEL EM: http://www.faesi.com.br/nucleo-de-pesquisa-cientifica/75-portal-do-saber/224-a-
importancia-do-ensino-de-libras-na-educacao-fundamental 
AUTORES: CRISTIANE BASSANI** 
 DILAINE APARECIDA SBARDELOTTO 
ACESSO EM: 02/06/2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LIBRAS NA 
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL* 
 
 
CRISTIANE BASSANI** 
 
42 
 
DILAINE APARECIDA SBARDELOTTO *** 
 
 
RESUMO 
Este artigo tem por finalidade evidenciar a importância da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), 
para o desenvolvimento do surdo fazendo uma abordagem de sua origem enfatizando a importância 
do estudo da mesma e do seu ensinamento das escolas, especificamente na Escola Municipal Geraldo 
Caldani, situada em São Miguel do Iguaçu. Este artigo teve como objetivo promover a sociabilização 
de deficiente auditivo em uma sociedade dominante, a qual encontram-se educadores não qualificados 
nesta área de ensino e ambiente inadequado para o entendimento necessário do aluno em estudo, 
relevando as maiores dificuldades dos professores e quais as influências no processo ensino - 
aprendizagem que envolvem os pais. 
Baseando-se no princípio “igualdade de oportunidade” e “educação para todos”, é que se 
questiona a escolarização aos alunos considerados portadores de necessidades especiais, e um 
compromisso assumido pelo Brasil no combate à exclusão de toda e qualquer pessoa no sistema 
educacional de ensino. 
Obviamente enfrenta-se um desafio, tomar a escola um espaço aberto e adequado ao ensino 
inclusivo. Sabe-se que muitos obstáculos são encontrados, particularmente sobre os princípios da 
educação inclusiva para que atenda as especificidades de cada aluno portador de deficiência auditiva, 
mas para que haja uma verdadeira inclusão, é preciso que os professores também tenham apoio dos 
familiares do portador de deficiência, promovendo a acessibilidade do mesmo em classe de ensino 
regular para que possa adquirir incentivos a autonomia e o espírito crítico criativo e passe a exercer a 
sua cidadania. 
 
 
PALAVRAS – CHAVE: 
Inclusão, educação, deficiente auditivo, ensino de LIBRAS. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Na discussão sobre a educação dos surdos, devem-se relevar as necessidades 
e dificuldades linguísticas dos mesmos. Atualmente, entende-se, na educação desses 
alunos, a primeira língua deve ser a de sinais, pois possibilitam a comunicação inicial 
na escola em que eles são estimulados a se desenvolver, uma vez que os surdos 
possuem certo bloqueio para a aquisição natural da linguagem oral. 
 
43 
 
O ensino de libras vem sendo reconhecido como caminho necessário para uma 
efetiva mudança nas condições oferecidas pela escola no atendimento escolar desses 
alunos, por ser uma língua viva, produto de interação das pessoas que se comunicam. 
Essa linguagem é um elemento essencial para a comunicação e fortalecimento 
de uma identidade Surda no Brasil e, dessa forma, a escola não pode ignorar no 
processo de ensino aprendizagem. 
A educação inclusiva se orienta pela perspectiva da diversidade, com 
metodologias e estratégias diferenciadas, com responsabilidade compartilhada, cuja 
capacitação do professor passa pelo conhecimento sobre a diversidade, com a 
família, responsabilidade para com o exercício da profissão. As transformações 
acontecem na atividade principal, quando o aluno está dentro da sala de aula. 
Este é o principal motivo de haver modificação, pois sem ela, não haverá 
mudança, considerando que as relações e a constituição do ser humano acontecem 
nas situações mais ocultas da vida. 
Segundo Quadros (1998, pg. 64), assim como as línguas faladas às línguas de 
sinais não são universais: cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, 
tem - se a LIBRAS. 
O ensino de dessa linguagem é uma questão preocupante no contexto da 
educação dos surdos, pois o reconhecimento da importância do estudo da mesma no 
ensino de surdos, ainda é deixado de lado. Portanto há uma necessidade maior de 
reflexão no sentido de evidenciar a sua importância. 
 De acordo com FRITH (1985,1990 p. 1503): 
“A dislexia do desenvolvimento consiste numa interrupção da progressão da leitura ao 
longo dos estágios logográfico, alfabético e ortográfico. Nessa dislexia, a criança tem 
dificuldades para progredir do estágio logográfico ao alfabético, e em desenvolver a rota 
fonológica. Assim, ela tende a fazer leitura visual de um conjunto limitado de palavras de 
sobrevivência de alta frequência que conseguiu memorizar, e comete erros visuais 
envolvendo a composição grafêmica das palavras”. 
 
A principal função da escola é possibilitar ao aluno adequar-se ao 
conhecimento ensinado pelo professor. Neste processo de ensino aprendizagem, os 
conceitos oferecidos pela escola interagem com os conceitos do senso comum 
aprendidos no cotidiano e, nessa interação é que a escola reorganiza os 
ensinamentos modificando-os, que se consolidam a partir do senso comum. 
 
44 
 
Para essas reflexões serem realizadas, as bases teóricas foram buscadas em 
estágios em salas de aula, em questionários aplicados a professores especializados 
e em bibliografia de outros autores como: Heloisa Maria Moreira Lima Salles, Enilde 
Faulstich, Orlene Lúcia Carvalho, Ana Adelina Lopo Ramos, CarlosSkiliar, entre 
outros, pois desenvolvem pesquisas e análises de suma importância apresentado no 
devido artigo. 
 
 
A LIBRAS – Linguagem Brasileira de sinais 
 
 
A libra, não é apenas uma linguagem, uma vez que prestam as mesmas 
funções das línguas orais, pois ela possui todos os níveis linguísticos e como toda 
língua de sinais, a LIBRAS é uma língua de modalidade visual-gestual, não 
estabelecida através do canal oral, mas através da visão e da utilização do espaço. 
 Como a língua de sinais se desenvolve de forma, é lógico e aceitável que os 
surdos se comuniquem naturalmente utilizando as mãos, cabeça e outras partes do 
corpo, por estarem privados da audição. 
 Sobre isto, SALLES (2004), menciona: 
 
“A LIBRAS é adotada de uma gramática constituída a partir de elementos Constitutivos 
das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos 
fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam também 
especificidades, mas seguem também princípios básicos gerais. É adotada também de 
componentes pragmáticos convencionais codificados no léxico e nas estruturas da 
LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos 
metafóricos, ironias e outros significados não literais. A LIBRAS é a língua utilizada pelos 
surdos que vivem em cidades do Brasil, portanto não é uma língua universal. ” 
 
 
Histórico da Língua Brasileira de Sinais na Educação de Surdos 
 
 
Não se sabe certo onde surgiu a língua de sinais nas comunidades surdas, mas 
foram criadas por homens que tentaram recuperar a comunicação através dos demais 
canais por terem um impedimento auditivo. Não existem registros oficiais do 
 
45 
 
surgimento da língua de sinais no mundo. Alguns educadores, mesmo fracassando 
não mediam esforços para fazer os surdos falarem, inclusive no Brasil, já outros, 
criavam adaptações técnicas e metodologia especifica para ensinar os surdos levando 
em consideração as suas diferenças linguísticas. No entanto, vários surdos 
sinalizavam entre si, criando um momento propício para a constituição de uma língua 
de sinais. 
 
Desenvolvimento da pessoa surda 
 
 
A relação entre o homem e o mundo acontece mediada pela linguagem, porque 
permite ao ser humano planejar suas ações, estruturar seu pensamento, registrar o 
que conhece e comunicar-se. 
A língua é o principal meio de desenvolvimento do processo cognitivo do 
pensamento humano. Por isso a presença de uma língua é considerada fator 
indispensável ao desenvolvimento dos processos mentais. 
A disposição de um ambiente linguístico é necessária para que a pessoa possa 
sintetizar e recriar os mecanismos da língua. É através da linguagem que a criança 
percebe o mundo e constrói a sua própria concepção. Com bases na pesquisa 
realizada a Escola Municipal Geraldo Caldani, percebemos que os surdos possuem 
desenvolvimento cognitivo compatível de aprender como qualquer ouvinte, no 
entanto, os surdos que não adquirem uma língua, têm dificuldade de perceber as 
relações e o contexto mais amplo das atividades em que estão inseridos, assim o seu 
desenvolvimento e aprendizagem ficam fragmentados. 
Segundo Lúria (1986), os processos de desenvolvimento da linguagem incluem 
o conjunto de interações entre a criança e o ambiente tornando-se necessário 
desenvolver alternativas que possibilitem os alunos com surdez adquirir linguagem 
aperfeiçoando esse potencial. 
Quando uma criança surda tem acesso a sua língua natural, ou seja, a língua 
de sinais, ela se desenvolve integralmente, pois tem inteligência semelhante à dos 
ouvintes, diferindo apenas na forma como aprendem que é visual e não oral-auditiva. 
No entanto, a maioria das crianças surdas vêm de famílias ouvintes que não dominam 
a língua de sinais, e por isso, é essencial a imersão escolar na primeira língua das 
 
46 
 
crianças surdas, já que essa aquisição da linguagem permitem o desenvolvimento das 
funções cognitivas. 
 
 
A LIBRAS no contexto do Ensino Fundamental 
 
A escola é muito importante na formação dos sujeitos em todos os seus 
aspectos. É um lugar de aprendizagem, de diferenças e de trocas de conhecimento, 
precisando, portanto, atender a todos sem distinção, a, fim de não promover 
fracassos, discriminações e exclusões. 
Diferente dos ouvintes, grande parte das crianças surdas entram na escola sem 
o conhecimento da língua, sendo que a maioria delas vem de famílias ouvintes que 
não sabem a língua de sinais, portanto, a necessidade que a LIBRAS seja, no contexto 
escolar, não só língua de instrução, mas, disciplina a ser ensinada, por isso, é 
imprescindível que o ensino de LIBRAS seja incluído nas séries iniciais do ensino 
fundamental para que o surdo possa adquirir uma língua e posteriormente receber 
informações escolares em língua de sinais. 
O papel da língua de sinais na escola vai além da sua importância para o 
desenvolvimento do surdo, por isso, não basta somente a escola colocar duas línguas 
nas classes, é preciso que haja a adequação curricular necessária, apoio para os 
profissionais especializados para favorecer surdos e ouvintes, a fim de tornar o ensino 
apropriado a particularidade de cada aluno. Sobre isso Skliar menciona: 
Segundo SKLIAR (2005, p. 27): “ Usufruir da língua de sinais é um direito do 
surdo e não uma concessão de alguns professores e escolas”. 
A escola deve apresentar alternativas voltadas ás necessidades linguísticas 
dos surdos, promovendo estratégias que permitam a incursão e o desenvolvimento 
da língua de sinais como primeira língua. 
As diferentes formas de proporcionar uma educação à criança de uma escola, 
dependem das decisões político-pedagógicas adotadas pela escola. Ao optar por essa 
educação, o estabelecimento de ensino assume uma política em que duas línguas 
passarão a ser exercitadas no espaço escolar. 
 
 
47 
 
Preparação dos profissionais 
 
Deve-se pensar em uma preparação para os profissionais para incluir crianças 
com necessidades especiais no ensino fundamental, pois nesse processo, o educador 
irá estar diretamente interligado com esses alunos favorecendo o desenvolvimento 
das habilidades para a prática pedagógica, com o auxílio de um programa assistencial 
infantil, que atende essas crianças, que obrigatoriamente deve estar presente na 
escola. 
Quando ocorre o preconceito da sociedade quanto ao deficiente auditivo, é 
preciso que haja educadores qualificados e ambiente adequado para o atendimento 
aos alunos amenizando essa problemática, dando importância à perspectiva de 
atender as exigências da sociedade que só alcançará seu objetivo quando todas as 
pessoas tiverem acesso à informação e conhecimento necessário para a formação de 
sua cidadania. 
Em meio a discussões sobre os questionários aplicados a profissionais na 
escola Geraldo Caldani, releva que para o desempenho das atividades pedagógicas 
em relação às crianças com deficiência auditiva, devem receber assessoramento da 
equipe pedagógica e de intérpretes que atendem as necessidades dos alunos surdos 
inclusos no ensino regular. 
A inclusão do deficiente auditivo deve ser integral, acima de tudo, digna de 
respeito e direito a educação com qualidade atendendo aos interesses individuais e 
nos grupos sociais. 
A educação especial passa por uma transformação em termos da sua 
concepção e diretrizes legais. É preciso estabelecer um plano de ação político-
pedagógico que envolva a inclusão das pessoas portadoras de necessidades 
especiais. Faz-se necessário lembrar que a Educação Especial delineia um processo 
de construção e compreensão de posicionamentos quanto às orientações e diretrizes 
atuais.

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