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ENTREGA DA AD1: 08/03 
Para a AP 1 – Aulas 1 a 6
Sobre Capital Cultural 
O conceito de Capital Cultural foi cunhado por Pierre Bourdieu em seus estudos de reprodução social e o lugar da escola nesse processo. Convencido de que o capital econômico não era o único tipo de capital mobilizado pelos sujeitos para reproduzir privilégios e distinção social, Bourdieu apostou na ideia de que a cultura é um bem simbólico que quanto mais se tem, maior as condições de sua acumulação.
Observando o desempenho das crianças em idade escolar, Bourdieu notou que o estoque de capital cultural delas era diferente de acordo com a classe social originária. Considerando o capital cultural um “arbitrário cultural”, notou que crianças que chegavam à escola com capital cultural valorizado no interior da escola eram melhor recompensadas pelos professores, assim como possuíam melhores condições de absorver o que estava sendo ensinado; haja visto que não se tratava de algo estranho a suas vidas cotidianas. Já as crianças originárias das classes populares, além de não apresentar “docialidade”, não enxergavam os conteúdos escolares como algo atrativo, isso por estar distante de suas realidades cotidianas. Eu outros termos, alguns crianças possuíam uma predisposição a aprender e outras não. O capital cultural que dispunham previamente era, para Bourdieu, um elemento importante nessa predisposição e, consequentemente, no sucesso ou insucesso dos alunos.
Desigualdade Social e Educação
Marx
A Educação é um instrumento para formar os indivíduos segundo a mentalidade burguesa e prepará-los com as capacidades para o trabalho que atenda aos objetivos de acumulação de capital, lucro e competitividade das empresas. Por isso, a escola é um órgão responsável pela reprodução dos valores e do saber dominante e da reprodução da força de trabalho, por meio da qualificação profissional. A vida escolar é organizada em currículos, séries e níveis desde o que conhecemos por Ensino Fundamental até o Ensino Superior, para a manutenção e o desenvolvimento do sistema socioeconômico. Este sistema é controlado pela burguesia em detrimento do proletariado, que nunca é remunerado justamente, sendo explorado pelos dominantes e privado de muitos direitos que estes possuem. Na visão marxista, a escola é organizada para manter a desigualdade das condições de classe, pois serve a um projeto geral de dominação que se perpetua, com raríssimas possibilidades de os membros das classes dominadas aproveitarem, efetivamente, as oportunidades e chances de ascensão social. Do mesmo modo, para Marx, a maioria dos dominados não possui verdadeira consciência de sua realidade, por isso vivem de forma alienada, conformando-se à ordem socialmente estabelecida. Os homens são ensinados pela escola a ser bons cidadãos, membros da família, fiéis, responsáveis funcionários, felizes com o aumento de seu poder aquisitivo etc., através da ideologia dominante no capitalismo, que é disseminada pelo conjunto do aparato cultural.
1) Concepções críticas: criticam a função da escola na estrutura capitalista. 
Esta concepção se subdivide em: 
a) perspectivas reprodutivistas
Origem no pensamento de alguns autores marxistas franceses, como Althusser (1992), Establet (1990) Passeron e Bourdieu (1992).
 Esses autores analisaram a função da escola e do sistema de ensino na sociedade a partir da ideia de que ela é um fator essencial para que a estrutura social se mantenha como tal. Isto significa dizer que a sociedade capitalista, com a sua divisão em classes sociais, necessita da escola, assim como de outras organizações para se manter.
 A finalidade da escola é a de reproduzir a cultura da sociedade, que é controlada pela ideologia da classe dominante. Assim, a importância da instituição escolar é a de assegurar que a divisão de classes continue por meio da conformação das mentalidades dos indivíduos e grupos ao sistema. Ela é a instituição que os qualifica profissionalmente para trabalhar para os empresários, gerando para eles lucro e acumulação de capital. 
Mesmo que muitos estudem para melhorar a sua condição social, a mobilidade está restrita aos poucos que obtêm sucesso escolar/ profissional, saindo da classe baixa para a classe média ou alta. Neste caso, a escola serve para reproduzir o privilégio dos já privilegiados e manter a situação dos desprivilegiados, não modificando a estrutura fundamental do sistema capitalista.
A sociologia, para Bourdieu, é uma ciência que incomoda, pois tende a interpretar os fenômenos sociais de maneira crítica.
ciência que incomoda – DESNATURALIZA 
Texto “A sociologia e a Sociedade contemporânea”
A Sociologia pode ser caracterizada ainda como: 
- O estudo sistemático do comportamento humano em seu contexto social ( ou no interior da ordem social). 
– Como a ciência que tem por objetivo desvendar e criticar explicações nebulosas ou alienantes sobre os fenômenos sociais, nos ajudando a perceber o mundo com mais clareza.
 – A disciplina que deve desnaturalizar e estranhar as explicações dadas cotidianamente aos fenômenos sociais. Desnaturalizar e estranhar: uma das tarefas da Sociologia 
A tarefa central da Sociologia é exatamente se opor a essas explicações “geniais” da realidade social, desnaturalizando-as, ou seja, questionar estas verdades e propor uma análise crítica dos fenômenos sociais, para explica-los com base numa investigação científica.
Questões para reflexão: apresentação Plataforma
“ A fome é causada pelas secas, que impedem ou dificultam a produção de alimentos para todos.” • Questionamento: Então por que as pessoas passam fome em lugares que não têm nenhum problema climático, como o Rio de Janeiro? 
• Reflexão Como você responderia isso? Em outras palavras, a causa do fenômeno social, fome são as secas? Ou existem outras explicações? 
• “ O sucesso econômico é obtido por aqueles que trabalham arduamente.” ( outra daquelas verdades que ouvimos desde pequenos • Questionamento : Então por que tantas pessoas que trabalham duro durante toda a vida são pobres? 
• Reflexão : Você consegue responder esta? A causa da riqueza e da pobreza é o esforço pessoal ou o trabalho árduo? Ou existirão outras causas ? 
Aulas 1 e 2 
· Os 3 Teóricos que compõem a Trindade Divina trazem explicações para o fenômeno da desigualdade social, através de conceitos chave para análise das questões sociais. 
Preencher Quadro Resumo sugerido 
Muito Importante: autores buscam explicar as desigualdades
A explicação de Karl Marx 
 A Desigualdade é inerente ao sistema capitalista. A desigualdade econômica produzida nas relações de produção, explica todas as demais desigualdades observadas nas sociedades humanas. Ela explica a evolução histórica de qualquer sociedade e ao mesmo tempo sua superação no âmbito econômico é a única forma de encerrar a exploração do homem pelo homem. ( O Capital, O Manifesto Comunista) A posição ocupada por um indivíduo nas relações de produção, determinará a posição por ele ocupada bem como suas opiniões e visão de mundo em todas as esferas da sociedade. O conceito central utilizado por Marx para explicar este fenômeno é o de Classe Social, que são grupos de indivíduos que ocupam a mesma posição na estrutura econômica.
A Explicação de Émile Durkheim 
 A desigualdade é um fenômeno resultante do processo de Divisão do Trabalho que gera a sociedade industrial. É essa desigualdade que nos faz viver em sociedade. Por dependermos uns dos outros é que nos integramos ao todo social. O que pode ocorrer são distorções temporárias geradas por problemas morais dos indivíduos. Ele “acreditava que uma sociedade de desiguais interdependentes tornava a todos moralmente iguais, posto que igualmente dependentes • O conceito chave para entender o pensamento deste autor é o de Fato Social, que são um conjunto de regras e normas coletivas que determinam a ação individual. A sociedade é o conjunto dessas normas e regras que tem como características serem: – Exteriores, pois não são criadas isoladamente pelos indivíduos e ocorrem independente de nossa vontadeindividual. – Coercitivos, pois exercem coerção sobre os indivíduos, visto que junto com cada norma ou regra social, está prevista uma punição para aquele que a descumprir. – Gerais, pois correspondem a vontade da maioria da sociedade. • Nesse sentido, os problemas relativos à desigualdade são resultado da falta de ordem econômica da sociedade industrial. Necessita-se então da criação de regras que regulem o sistema econômico, evitando que ele dependa da vontade individual das partes envolvidas. Assim, ao invés de conflito, a divisão do trabalho trará Solidariedade Social, ou seja, uma integração de todos ao corpo social. 
A Explicação de Max Weber 
A Desigualdade existe, mas pode ser explicada por múltiplos fatores que são específicos de cada sociedade. Em algumas sua origem pode ser econômica, em outras moral. Organiza de modo analítico as discussões sobre estratificação social, demonstrando os diversos elementos que podem gerar a desigualdade em um sociedade. ( A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Classe, Status e Partido) • Na sociedade capitalista, a “tortura da fome” submete os indivíduos a condições muitas vezes contrárias à sua vontade individual. • O conceito chave para explicar a teoria weberiana é o de ação social que consiste em toda a ação realizada pelos indivíduos levando em considerando o que espera que os outros indivíduos façam. Desse modo, todas as nossas atitudes que estão de algum modo levando em consideração outros atores sociais, é uma ação. Do ponto de vista analítico, as ações sociais podem ser de 4 tipos: – Ação tradicional > é aquela que é motivada por um hábito arraigado ou um costume. – Ação Afetiva > é aquela determinada por afetos ou estados emocionais. – Ação Racional orientada a valores> determinada pela crença consciente em num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade. – Ação Racional com relação a fins> é aquela determinada pelo cálculo racional que estabelece fins e organiza os meios necessários
AD1
E o fracasso escolar? Como explicá-lo? 
AULA 3 – VÍDEO “ESCOLA E CAPITAL CULTURAL”
https://youtu.be/a3eO6-D4nHo
INDO ALÉM…
Pierre Bourdieu
	1930-2002
“Nada é mais adequado que o exame para
inspirar o reconhecimento dos veredictos escolares
e das hierarquias sociais que eles legitimam”
Crítico dos mecanismos de reprodução das desigualdades sociais, Pierre Bourdieu destaca em sua obra os condicionamentos materiais e simbólicos que agem sobre nós (sociedade e indivíduos) numa complexa relação de interdependência. Ou seja, a posição social ou o poder que detemos na sociedade não dependem apenas do volume de dinheiro que acumulamos ou de uma situação de prestígio que desfrutamos por possuir escolaridade ou qualquer outra particularidade de destaque, mas está na articulação de sentidos que esses aspectos podem assumir em cada momento histórico.
A estrutura social é apresentada por Bourdieu como um sistema hierarquizado de poder e privilégio, determinado tanto pelas relações materiais e/ou econômicas (salário, renda) como pelas relações simbólicas (status) e/ou culturais (escolarização) entre os indivíduos. Dessa forma, a diferente localização dos grupos nessa estrutura social deriva da desigual distribuição de recursos e poderes de cada um de nós.
Por recursos ou poderes, Bourdieu entende mais especificamente o capital econômico (renda, salários, imóveis), o capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos), o capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, relações que podem ser capitalizadas) e por fim, mas não por ordem de importância, o capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou honra). Assim, a posição de privilégio ou não-privilégio ocupada por um grupo ou indivíduo é definida de acordo com o volume e a composição de um ou mais capitais adquiridos e ou incorporados ao longo de suas trajetórias sociais. O conjunto desses capitais seria compreendido a partir de um sistema de disposições de cultura (nas suas dimensões material, simbólica e cultural, entre outras), denominado por ele habitus.
O que é capital para Bourdieu?
Capital, na teoria sociológica de Pierre Bourdieu, é um sinônimo de poder. Consiste em ativos econômicos, culturais ou sociais que se reproduzem e promovem mobilidade social numa sociedade estratificada. Bourdieu elabora uma tipologia com três categorias de capital: capital econômico, capital social e capital cultural
O conceito de Capital Cultura foi cunhado por Pierre Bourdieu em seus estudos de reprodução social e o lugar da escola nesse processo. Convencido de que o capital econômico não era o único tipo de capital mobilizado pelos sujeitos para reproduzir privilégios e distinção social, Bourdieu apostou na ideia de que a cultura é um bem simbólico que quanto mais se tem, maior as condições de sua acumulação.
Observando o desempenho das crianças em idade escolar Bourdieu notou que o estoque de capital cultural delas era diferente de acordo com a classe social originária. Considerando o capital cultural um “arbitrário cultural”, notou que crianças que chegavam à escola com capital cultural valorizado no interior da escola eram melhor recompensadas pelos professores, assim como possuíam melhores condições de absorver o que estava sendo ensinado; haja visto que não se tratava de algo estranho a suas vidas cotidianas. Já as crianças originárias das classes populares, além de não apresentar “docialidade”, não enxergavam os conteúdos escolares como algo atrativo, isso por estar distante de suas realidades cotidianas. Eu outros termos, alguns crianças possuíam uma predisposição a aprender e outras não. O capital cultural que dispunham previamente era, para Bourdieu, um elemento importante nessa predisposição e, consequentemente, no sucesso ou insucesso dos alunos.
Capital cultural, nas palavras de Bourdieu, pode ser assim definido:
[…] conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de interreconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis (BOURDIEU, 1998, p. 28).
É importante destacar que para Bourdieu o capital cultura pode existir sob três formas. São elas: 
[…] no estado incorporado, ou seja, sob a forma de disposições duráveis do organismo; no estado objetivado, sob a forma de bens culturais – quadros, livros, dicionários, instrumentos, máquinas, que constituem indícios ou a realização de teorias ou de críticas dessas teorias, de problemáticas, etc.; e, enfim, no estado institucionalizado, forma de objetivação que é preciso colocar à parte porque, como se observa em relação aocertificado escolar, ela confere ao capital cultural – de que são, supostamente, a garantia – propriedades inteiramente originais (BOURDIEU, 1979, p.02).
Conheça os exames de larga escala aplicados para cada etapa da Educação Básica 
Os exames padronizados, também chamados de exames de larga escala e avaliações externas, são aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).Siga o SITE!
 
Confira algumas publicações:
Artigos relacionados:
A sociologia da educação de Pierre Bourdieu: Limites e Contribuições
A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: uma leitura contemporânea
Obras:
	· A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino
· Bourdieu & a Educação
· Dominação masculina
	· O poder simbólico
· O que falar quer dizer: a economia das trocas linguísticas
· Razões Práticas: Sobre a Teoria Da Ação
https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/uais-sao-as-avaliacoes-brasileiras-e-porque-elas-sao-importantes
Sociologia
Sociologia é uma ciência situada dentro do conjunto das ciências humanas. O objetivo da sociologia é estudar, entender e classificar asformações sociais, as comunidades e os agrupamentos humanos, para que outras ciências e técnicas possam apresentar propostas de intervenção social que resultem em melhorias na sociedade. Nesse sentido, educadores, médicos, psicólogos, engenheiros, arquitetos, urbanistas, juristas, advogados, publicitários, jornalistas, economistas, enfim, quase todos os profissionais e pesquisadores de quase todas as áreas necessitam das teorias apresentadas pela sociologia.
A sociologia é feita por meio da investigação científica das estruturas sociais.
Veja também: Desigualdade social: tema amplamente discutido no âmbito sociológico
Como surgiu a sociologia
A partir do século XV, a sociedade europeia vê-se em um turbilhão de mudanças significativas. Em primeiro lugar, temos o surgimento do capitalismo em sua forma mercantilista — quando os Estados recém-formados e unificados começam a traçar acordos comerciais e estabelecer novas rotas para compra e venda de produtos. Ademais, temos uma classe social que havia surgido no fim da Idade Média e começava a fortalecer-se, sobretudo em alguns lugares da Europa, como França e Itália, devido à participação no comércio mercantilista: essa classe é a burguesia.
O fortalecimento da burguesia levou ao maior investimento na navegação e na descoberta de novas rotas comerciais pelos oceanos. Todo esse processo culminou na chegada e colonização dos povos europeus (em especial portugueses, espanhóis e, mais tarde, ingleses) em terras do continente americano, que até então eram desconhecidas pelos povos da Europa, da Ásia, da Índia e da África.
O contato do homem branco com os nativos da América despertou nos europeus, detentores de uma maior tecnologia para a época em alguns aspectos, a ideia de que eram superiores culturalmente. Ao mesmo tempo, o europeu tinha curiosidade pela cultura e pelo modo de vida dos povos americanos, o que levou os primeiros exploradores das terras americanas a tentarem entender e classificar a cultura nativa.
Isso resultou em um contato extremamente etnocentrista, pois o europeu via o nativo como inferior. Não obstante, esse contato também serviu como base para os primeiros sinais de um conhecimento que mais tarde fará parte do amplo conjunto de estudos, que, junto à sociologia, faz parte das ciências sociais: a antropologia.
Mais tarde, a Europa viveu outras revoluções, dessa vez mais rápidas e intensas: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Na Inglaterra começam a surgir as primeiras indústrias, empreendidas por uma parte da burguesia que havia enriquecido muito com o comércio e com o empréstimo de dinheiro. No início do século XIX, o modo de produção industrial tomava conta de grandes centros urbanos europeus, como Londres e Paris.
Por conta disso, houve intenso êxodo rural nesses locais, o que ocasionou uma explosão demográfica, seguida por vários problemas sociais decorridos da falta de emprego para todos: fome, miséria, violência, condições precárias de saneamento e, consequentemente, alastramento de epidemias. A vida nos centros urbanos para a população mais pobre era caótica. Mesmo para aqueles que conseguiam trabalhar nas indústrias, a vida era difícil, devido à desumana exploração de sua mão de obra por parte da burguesia, o que resultou em exaustivas jornadas de trabalho e baixa remuneração.
No final do século XVIII, a Revolução Francesa causou um longo período de instabilidade política para os franceses, que, após o fim do Antigo Regime (a monarquia), viram-se diante de um vazio político que resultou em diversas experiências políticas, muitas das quais fracassaram. O cenário era de instabilidade política e econômica, fome, violência e desordem social.
Diante disso, o filósofo francês Augusto Comte idealizou um projeto de melhoria e progresso social com base em um movimento que ficou conhecido como positivismo. O positivismo tinha como objetivo trazer o progresso à sociedade por meio do avanço científico, tecnológico, da ordem social e da disciplina individual.
Auguste Comte foi o criador do positivismo.
Para concretizar o seu projeto, Comte aceitou como necessária a criação de uma nova ciência que, tal como as ciências naturais, estudasse e classificasse a sociedade, a fim de entendê-la e modificá-la. No início, essa ciência foi batizada por Comte de física social. Mais tarde, ela seria nomeada pelo mesmo pensador como sociologia, que significa: ciência da sociedade. Assim, Comte ficou conhecido como o “pai” da sociologia.
Apesar de propor a criação da ciência da sociedade, o trabalho de Comte, assentado no positivismo, não foi capaz de estabelecer um método preciso e único para o correto funcionamento da sociologia, pois não avançou muito além da especulação e da problematização filosófica. Diante disso, o escritor, professor, psicólogo e filósofo francês Émile Durkheim, ao resgatar e criticar o positivismo de Comte, estabelece o primeiro método de análise sociológica, baseado no que o pensador chamou de reconhecimento dos fatos sociais.
Esse feito foi considerado o estabelecimento da sociologia como ciência bem estruturada, o que tornou Durkheim o primeiro sociólogo de fato. Esse, que era professor universitário, também introduziu a sociologia como disciplina no Ensino Superior, nos cursos de Direito, Psicologia e Pedagogia.
Além de Durkheim, Karl Marx e Max Weber apresentaram métodos significativos para os estudos sociológicos, o que colocou esses três pensadores como a tríade da sociologia clássica. Para Marx, a sociologia deveria basear-se na produção material da sociedade, vista pelo pensador como uma histórica luta de classes entre exploradores e explorados, o que deu origem ao método materialista histórico dialético. Para Weber, a sociedade era composta pelo conjunto de ações humanas individuais, que deveriam pautar-se por modelos ideais para que fossem analisadas e comparadas.
O trabalho de Max Weber influenciou as áreas da sociologia, filosofia, ciência política, administração e do direito.
Por meio dos três primeiros métodos clássicos, a sociologia desenvolveu-se e incorporou a si o estudo de outras ciências que, juntas, compõem o conjunto das ciências sociais. São elas: a antropologia, a ciência política e a economia. Para aprofundar-se mais no tema, leia o texto: Surgimento da sociologia.
Para que serve a sociologia
A importância da sociologia é compreendida com base em seu modelo utilitário, o que a difere da filosofia. Enquanto esta se apresenta como um conjunto de saberes não organizados cientificamente e que têm uma finalidade em si mesmos, ou uma finalidade no próprio conhecimento, aquela é uma ciência. Enquanto ciência, a sociologia tem uma finalidade exterior a si.
O trabalho do sociólogo serve para identificar, classificar e analisar a organização social como um todo. Partindo do comportamento individual (com elementos da psicologia) e do comportamento social, o sociólogo tenta compreender a sociedade a fim de apresentar teorias que possam permitir a intervenção social por meio de outras ciências e técnicas.
A sociologia tenta entender a sociedade como um todo, mas busca elementos nas suas áreas afins, como a economia (que estuda os aspectos econômicos gerais de uma sociedade, como produção e relação financeira), a antropologia (que estuda o ser humano por meio sua cultura e de suas origens) e a ciência política (que se dedica a entender as organizações políticas e os modos de organização do ser humano em sociedade, envolvendo noções como governo, Estado etc.).
Os resultados científicos obtidos pela sociologia servirão de base para a intervenção social de outros profissionais de outras áreas do conhecimento. Um jurista ou um advogado, por exemplo, precisam conhecer bem essa área para que tenham uma visão maior e mais ampla dos crimes e das leis, entendendo esses elementos como peças de uma complexa sociedade. Um arquiteto urbanista precisa compreender a sociedade e suas organizações para estabelecer os melhores meios de projetar casas e cidades que melhor satisfaçam as necessidades sociais.
Quando um médicodepara-se com uma possível epidemia ou com a simples repetição de doenças e sintomas, ele pode aliar os estudos de diagnóstico clínico individual nos pacientes aos conhecimentos sociológicos, para tentar compreender uma possível origem social dos problemas de saúde.
Acesse também: Intolerância religiosa: uma questão enraizada na sociedade
O que a sociologia estuda
O sociólogo tem a missão de estudar a sociedade como um todo organizado por pessoas em comunidades. Os meios para isso são hoje os mais variados, o que permite ao profissional em questão tentar compreender vários aspectos sociais, como violência, globalização, guerras, consumo, expectativa de vida, organização das cidades, exclusão social etc.
A sociologia tem como objetivo a compreensão da sociedade.
Os métodos para essa compreensão também são variados. Como a sociologia é uma ciência, ela precisa de garantias metodológicas para que o seu trabalho seja confiável. Por isso, é necessário que o sociólogo atente-se para padrões de repetição dos fenômenos, a fim de estabelecer um padrão de comportamento social. Além disso, o sociólogo utiliza dados fornecidos por entrevistas individuais com pessoas de um mesmo grupo social ou de grupos diferentes e, como ferramenta de comparação, utiliza um ramo da matemática chamado estatística.
Leia também: Direitos humanos: categoria de direitos básicos e inalienáveis
Sociologia e psicologia
Em alguns aspectos, podemos dizer que a sociologia e a psicologia caminham juntas e que têm métodos parecidos, porém com amplitudes diferentes. Enquanto a sociologia busca compreender o social, a psicologia procura a compreensão do individual. Enquanto a sociologia busca compreender uma sociedade por meio de seus indivíduos (e recorre à psicologia para compreender o que é da ordem do individual), a psicologia busca entender o indivíduo baseando-se muitas vezes na sociedade em que esse está inserido (recorrendo à sociologia para tal compreensão).
Sociologia e filosofia
Muitas pessoas pensam que sociologia e filosofia são a mesma coisa ou que são essencialmente parecidas. Essa crença, no entanto, é fruto de uma generalização do senso comum. Assim como as outras tantas ciências, a sociologia surgiu graças a um trabalho filosófico iniciado pelos primeiros pensadores ocidentais no século VI a.C. No entanto, são várias as especificações que a tornam uma ciência e um ramo do saber completamente distinto da filosofia.
Muitas vezes os sociólogos recorrem à filosofia para desenvolverem seus estudos. No entanto, somente isso não é suficiente para estabelecer um vínculo de igualdade entre as duas áreas do saber, inclusive porque, enquanto a sociologia é considerada uma ciência, a filosofia é considerada um conjunto teórico de conhecimentos que visam produzir e movimentar o saber teórico e abstrato.
 
Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

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