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Legislação Educacional

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A
L
M
arcia Siécola
Código Logístico
57187
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6386-4
9 788538 763864
Legislação 
Educacional
IESDE BRASIL S/A
2018
Marcia Siécola
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S573L
2. ed. Siécola, Marcia
Legislação Educacional / Marcia Siécola. - 2. ed. - Curitiba, 
PR : IESDE Brasil, 2018.
148 p. : il. 
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6386-4
1. Ensino - Legislação - Brasil. 2. Educação e Estado - Brasil. 
I. Título.
17-46707 CDU: 34:37(81)(094.5)
© 2016-2018 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagens da capa: 
ESB Professional/archideaphoto/Alexander Raths/Shutterstock
BrianAJackson/Photopa1/iStockohoto
Marcia Siécola
Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Especialista 
em Formação Docente em EaD pela Uninter, em Gestão, Inovação e Docência 
na Educação a Distância e em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade 
Positivo. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Positivo.
Sumário
Apresentação 7
1. A legislação educacional no âmbito nacional  9
1.1 A educação na Constituição Federal de 1988 9
1.2 A educação no Estatuto da Criança e do Adolescente 13
1.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96) 15
2. Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos  25
2.1 O direito à educação como fundamento maior das diretrizes curriculares 25
2.2 O currículo: Base Nacional Comum Curricular e parte diversificada 29
2.3 A entrada das crianças de 6 anos no Ensino Fundamental 33
3. A reforma do Ensino Médio 41
3.1 As políticas públicas educacionais para o Ensino Médio 41
3.2 A reforma do Ensino Médio – proposta vigente 45
3.3 As implicações da reforma do Ensino Médio 48
4. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 55
4.1 Cuidar e educar: ações indissociáveis 55
4.2 A formação pessoal e social 58
4.3 Conhecimento de mundo 62
5. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 69
5.1 Concepção e princípios da Educação Infantil 69
5.2 Organização de espaços, tempos e materiais 73
5.3 Práticas pedagógicas 75
6. Proposta pedagógica 81
6.1 A escola construindo a “boa escola” 81
6.2 A proposta pedagógica na Educação Infantil 83
6.3 A proposta pedagógica nos Ensinos Fundamental e Médio 84
7. Avaliação na educação e da escola 93
7.1 Avaliar na Educação Infantil 93
7.2 Avaliar no Ensino Fundamental 96
7.3 Avaliar no Ensino Médio 98
8. Regimento Escolar 105
8.1 Concepção, princípios e finalidades 105
8.2 A construção coletiva do Regimento Escolar 108
8.3 Conhecendo o Regimento Escolar de uma escola pública 110
9. Plano Nacional de Educação – aspectos legais I 117
9.1 Os desafios da Educação Básica (metas 1, 2, 3 e 4) 117
9.2 A qualidade da Educação Básica e a alfabetização de todos os cidadãos (me-
tas 5, 7 e 9)  121
9.3 O tempo na escola e o tempo de escolaridade: (metas 6 e 8) 125
10. Plano Nacional de Educação – aspectos legais II 131
10.1 Os desafios do Ensino Médio e da Educação Superior (metas 10, 11 e 
12) 131
10.2 A formação e a valorização dos profissionais da educação (metas 13, 14, 15, 
16, 17 e 18) 135
10.3 Os desafios da gestão democrática e o investimento público na educação 
(metas 19 e 20) 139
Gabarito 145
7
Apresentação
Este livro tem como principal objetivo assessorar os docentes e demais profissionais da área 
de educação para compreenderem o contexto que envolve a legislação educacional no âmbito na-
cional, a partir de um resgate histórico da trajetória da educação brasileira, desde a Constituição 
Federal de 1988 até a atualidade com as Políticas Atuais de Educação (PNE – 2014-2024).
Com base em um diagnóstico sobre o papel social destinado à educação em diferentes perío-
dos da história brasileira, é possível evidenciar algumas das principais tensões e contradições que 
marcaram a organização do nosso sistema educacional, bem como as continuidades, descontinui-
dades, adaptações e rupturas que caracterizaram as políticas educacionais de diferentes períodos.
Esperamos que este livro contribua para a prática do docente e de todos os envolvidos no 
cenário educacional, trazendo reflexões pertinentes sobre a legislação educacional que devem prio-
rizar o combate às desigualdades sociais e dar um grande salto no contexto brasileiro, promovendo, 
assim, a educação de qualidade como um direito social.
1
A legislação educacional 
no âmbito nacional 
Devido à amplitude e relevância da temática da legislação educacional brasileira, faz-se 
necessário a todo educador conhecer as leis vigentes no país e utilizá-las como um instrumento 
do cotidiano profissional, priorizando não só a luta pela efetivação de políticas públicas volta-
das à melhoria da qualidade da educação, mas também a garantia dos direitos de cidadania aos 
alunos, pais, professores e demais envolvidos nesse processo.
Tendo em vista esse cenário, no presente capítulo apresentaremos uma abordagem his-
tórica do direito à educação prevista na Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA) e na LDB de 1996 (Lei n. 9.394/96). Na sequência, refletiremos sobre a 
inserção desse privilégio no rol dos direitos sociais, com a prerrogativa de que todas as pessoas 
podem exigir do Estado a prática educativa como direito fundamental, traduzindo muito da 
exigência que todo brasileiro pode fazer no que diz respeito à sua condição de cidadão.
1.1 A educação na Constituição Federal de 1988
Antes de adentrarmos a análise deste estudo, torna-se prudente definirmos o que é uma 
Constituição: “conjunto de normas que regulamenta a forma de Estado, de governo, como exer-
ce a sua organização e, principalmente, consagra direitos e garantias fundamentais, das quais 
são o pilar fundamental, em todas as suas dimensões” (VERBO JURÍDICO, 2017, p. 4).
A Constituição Federal vigente no Brasil foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988, 
com uma abordagem mais democrática em relação às constituições anteriores. Essa demo-
cracia foi evidenciada em seu processo de elaboração, pois ocorreu pela convocação de uma 
Assembleia Nacional Constituinte e teve a colaboração e participação do povo, por meio de 
consultas e abaixo-assinados, liderados por sindicatos de classe, entidades religiosas e demais 
segmentos da sociedade.
Entre outras alterações, o direito à educação no país foi priorizado na Constituição de 
1988. Após a população ter vivenciado um longo período de ditadura militar, de 1964 a 1985, 
o país se via em um processo de redemocratização, na busca pelos direitos suprimidos durante 
o regime ditatorial.
Legislação Educacional10
Figura 1 – A Assembleia Nacional Constituinte anuncia a promulgação da Constituição de 1988
Ar
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iv
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Entretanto, ao longo da história, com maior ou menor abrangência e marcadas pelo contexto 
de cada época, todas as seis Constituições brasileiras anteriores a 1988 (1824, 1891, 1934, 1937, 
1946, 1967 e 1969) enfatizaram o direito à educação:
A Constituição de 1824 (Imperial), inspirada no colonialismo inglês previu en-
tre os direitos civis e políticos a gratuidade da instrução primária para todos 
os cidadãos e a criação de colégios e universidades. [...] A própria Constituição 
não considerava os escravos enquanto cidadãos. Vale lembrar que aqueles cons-
tituíam grande parte da população.
A Constituição Republicana de 1891, adotando o modelo federal, se preocupou 
em especificar a competência para legislar da União e dos Estados com relação à 
educação. A União deveria legislar sobre o ensino superior enquanto que aos 
Estados cabia legislar sobre o ensino secundário e primário,muito embora 
tanto a União quanto os Estados pudessem criar e manter instituições de ensino 
superior e secundário. A Constituição caracterizou-se devido à separação entre 
Igreja e o Estado, e consequentemente houve o rompimento com a adoção de 
uma religião oficial, determinando-se a laicização do ensino nos estabelecimen-
tos públicos [...].
A Constituição de 1934 foi a primeira a dedicar um Capítulo à educação e à 
cultura. A educação foi definida como direito de todos, correspondendo ao 
dever da família e dos poderes públicos, voltada para consecução de valores de 
ordem moral e econômica. [...]
Pode-se notar que a Constituição de 1934 incorporou os direitos sociais aos 
direitos dos cidadãos. A Carta apresentou dispositivos que organizavam a edu-
cação nacional, mediante previsão e especificação de linhas gerais de um plano 
nacional de educação. [...]
A legislação educacional no âmbito nacional 11
Na Constituição Federal de 1937 houve enorme retrocesso na medida em que 
o texto constitucional vinculou a educação a valores cívicos e econômicos. Não 
houve preocupação com o ensino público, sendo o primeiro dispositivo a 
estabelecer a livre iniciativa. [...] a Constituição de 1937 centralizou os poderes 
nas mãos do Chefe do Poder Executivo, constituindo-se num governo autori-
tário. [...]
A Constituição de 1946 trouxe à tona os princípios presentes nas Constituições 
de 1891 e 1934. [...] A nova Carta definiu a educação como direito de todos, 
dando ênfase à ideia de educação pública. Foram definidos princípios que de-
ram uma direção ao ensino. [...]
A exemplo do texto constitucional anterior, a Constituição Federal de 1967 
manteve a estrutura organizacional da educação nacional, preservando dessa 
maneira os sistemas de ensino dos Estados. Contudo, percebe-se um retro-
cesso sob a ótica de matérias relevantes como, por exemplo, o fortalecimento 
do ensino particular, mediante previsão de meios de substituição do ensino 
oficial gratuito por bolsas de estudo; a necessidade de bom desempenho para 
garantia da gratuidade do ensino médio e superior aos que comprovassem 
insuficiência de pecúnia [financeira]; a limitação da liberdade acadêmica pelo 
medo subversivo [...]. (SOUZA; SANTANA, 2010, grifos nossos)
A Carta Magna de 1988 foi abalizada como um documento divisor de águas no Brasil, por 
estar respaldada em concepções de cidadania e de democracia mundiais, agregando valores iguali-
tários aos direitos fundamentais aos brasileiros que correspondem aos diversos segmentos, como: 
educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade, infância 
e assistência aos desamparados. Sua praticidade é a primazia das conjunturas de vida dos menos 
beneficiados, em proveito da isonomia social (CUNHA, 2013).
Denominada de Constituição Cidadã pelo então representante do congresso Ulysses 
Guimarães, é considerada uma das mais modernas e progressistas do mundo, em relação aos direi-
tos e deveres individuais e coletivos dos brasileiros (DUARTE, 2012).
Sendo assim, a referida legislação constitucional apregoava o preceito de que todos os bra-
sileiros têm pleno direito ao Ensino Fundamental imperativo e disponibilizado gratuitamente pelo 
Poder Público. Carrega em seu cerne relevantes princípios e, nesse conjunto de circunstâncias, 
estabelece, no art. 205, que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será pro-
movida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento de pes-
soas, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).
Na mesma Lei Suprema de 1988, estabeleceu-se alguns pressupostos, por meio dos quais o 
direito à educação deverá ser pautado e ministrado. São eles:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e 
o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de insti-
tuições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
Legislação Educacional12
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da 
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de 
provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação esco-
lar pública, nos termos de lei federal. (BRASIL, 1988)
Contudo, a Constituição de 1988 não traz em sua essência somente o acesso à escola, mas 
também o pleno desenvolvimento das pessoas baseado na educação, o que denota a pertinência de 
um processo educacional de qualidade. Esse dispositivo legal, em seu art. 206, inciso VII, mencio-
na a “[...] garantia de padrão de qualidade” do ensino, ou seja, não apenas o acesso de crianças e 
adolescentes a escola, mas um ensino adequado.
Já em seu art. 207, são preconizadas metas para o ensino universitário e para instituições 
de pesquisa científica e tecnológica: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, 
administrativa e da gestão financeira e patrimonial, e deverão obedecer ao princípio da indissocia-
bilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1998).
O artigo 208 legitima a obrigatoriedade do Estado com relação à educação, que será efetiva-
da mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos 
de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não 
tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 59, de 2009)
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 14, de 1996);
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, pre-
ferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de 
idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, 
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por 
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
mentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
59, de 2009)
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua ofer-
ta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, 
fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à 
escola. (BRASIL, 1988)
A legislação educacional no âmbito nacional 13
Nesse cenário, verifica-se que o direito à educação se constitui uma das solicitações mais 
representativas para a vida dos cidadãos brasileiros, como parâmetro para a transformação e me-
lhoria da existência humana.
Assim, por meio das linhas mestras especificadas pela Constituição Federal de 1988, deu-se 
origem a outras iniciativas que asseguram o direito à educação, como o Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA (BRASIL, 1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 
n. 9.394/96 (BRASIL, 1996).
1.2 A educação no Estatuto da Criança e do Adolescente
Estabelecido em 13 de julho de 1990, por meio da Lei Federal n. 8.069, o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA) regulamenta e assegura os direitos das crianças e dos adolescentes, disci-
plinando os mecanismos paraefetivação e garantia desses interesses inerentes aos menores. Para 
poder crescer em um ambiente seguro, a criança necessita de cuidados e orientações, a fim de 
prosperar de forma sadia e equilibrada (FREITAS, 2003, p. 79).
O maior objetivo do ECA é proteger a criança e o adolescente de toda e qualquer forma de 
abuso, bem como garantir que todos os direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, à liberdade e à convivên-
cia familiar e coletiva, estabelecidos na Constituição Federal de 1988, sejam-lhes proporcionados 
(FREITAS, 2003, p. 79).
Em seu art. 2º, o Estatuto considera como criança toda pessoa com até doze anos de idade 
incompletos e adolescente aquela que tiver entre doze e dezoito anos (BRASIL, 1990).
Essa legislação trata também do direito à educação, entendendo que educar em seu sentido 
mais amplo significa transmitir conhecimentos, desenvolver valores e orientar a criança ou o ado-
lescente, promovendo desafios que o façam refletir sobre a realidade que o cerca, pois:
Sua finalidade é tornar os homens mais íntegros, a fim de que possam usar 
da técnica que receberam com sabedoria, aplicando-a disciplinadamente. 
Instrução e educação, embora possam ser entendidos como duas linhas pa-
ralelas com finalidades diferentes, necessariamente devem caminhar juntas e 
integrar-se. (MUNIZ, 2002, p. 9)
Garantir os direitos fundamentais perpassando a análise da educação parte do reconhe-
cimento de que todo cidadão brasileiro deve ter acesso e se apropriar dos conhecimentos cogni-
tivos e formais culturalmente organizados, desenvolver valores construídos pelos indivíduos de 
determinada sociedade, colaborando para a transformação desta e do espaço público em que está 
inserida (CURY, 2007).
A Lei Federal dispõe do direito à educação em especial nos artigos 53 a 59, que contaram 
com a participação da sociedade civil, por meio de movimentos populares e entidades organizadas, 
incluindo especialistas do segmento da educação, conforme se confere os dispositivos em referência:
Legislação Educacional14
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno 
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualifi-
cação para o trabalho, assegurando-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias 
escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo peda-
gógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não 
tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, pre-
ferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, 
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente 
trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares 
de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta 
irregular importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, 
fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à 
escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou 
pupilos na rede regular de ensino.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão 
ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos 
escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas 
relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, 
com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamen-
tal obrigatório.
A legislação educacional no âmbito nacional 15
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e 
históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-
-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facili-
tarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esporti-
vas e de lazer voltadas para a infância e a juventude. (BRASIL, 1990)
Partindo desses pressupostos, percebe-se a prioridade de que se faça honrar o que determi-
nam os dispositivos legais brasileiros. Na atualidade, não é aceitável que haja crianças fora da insti-
tuição escolar e sem o acolhimento imprescindível por parte das famílias, pois o descumprimento 
de tal situação poderá se configurar como crime de abandono intelectual.
Nessa mesma direção, sabe-se que para não haver um alto índice de evasão, repetência 
e mau desempenho escolar, é de suma importância o trabalho conjunto entre escola e famílias. 
A criança ou adolescente deve comparecer regularmente à instituição escolar, tendo o acompanha-
mento familiar e da escola, para que as metas e os objetivos educacionais propostos sejam atingidos 
(SUMMERS, 2013).
Portanto, não cabe à escola fazer o papel dos pais ou responsáveis, assumindo a obrigação de 
responder sozinha pelo ato de educar o discente, sendo que tal atividade deve acontecer em parce-
ria com os implicados, os pais/responsáveis e a instituição escolar, pública ou privada, para que se 
obtenha sucesso no processo educacional (SUMMERS, 2013).
Por fim, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Constituição Federal de 
1988 enfatiza que devemos amparar as crianças e os adolescentes preservando-os das arbitrarieda-
des, do desamparo intelectual/moral e da violência, para que tenham um desenvolvimento seguro. 
Essas normativas asseguram aos menores a proteção à vida sadia, norteada para o bem-estar, e 
equilibrada, concernente de que a proteção e as garantias dos direitos que lhes são devidos pela 
legislação brasileira vigente (SUMMERS, 2013).
Nessa perspectiva, é preciso que os governos, a sociedade e principalmente a família passem 
a atuar de forma mais presente, eficiente e articulada, a fim de que os dispositivos legais deixem de 
ser apenas mais um projeto nacional, no sentido das práticas de direito. Para que sejam garantidos 
os direitos das crianças e dos adolescentes, sem restrições, também é necessário que haja um en-
tendimento desses indivíduos como sujeitos de direitos, pessoas em condições peculiares de desen-
volvimento e com prioridade absoluta. Dessa forma, haverá a efetivação de sua proteção integral 
garantida pelas políticas públicas.
1.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96)
Para melhor entender a abordagem deste tópico, é fundamental definirmos inicialmen-
te o que compreendemos por Diretrizes. Elas são  linhas norteadoras, orientações, guias ou ru-
mos que definem e regulam um projeto, um caminho ou uma trajetória a ser seguida (DA SILVA, 
1998, p. 13).
Legislação Educacional16
Diretrizes na educação são os escopos e metas – políticos, administrativos, sociais ou peda-
gógicos – a serem observados e praticados pelos gestores das políticas públicas de educação e dire-tores de instituição escolar. As diretrizes postulam a igualdade de aprendizagem, assegurando que 
conteúdos básicos sejam ensinados para todos os alunos, sem discriminar os diversos contextos 
nos quais eles estão inseridos (RODRIGUES, 2012).
Já as bases equivalem aos meios institucionais e como a funcionalidade educativa se desen-
volve na área pública e na área privada, no que concerne ao discernimento das competências em 
cada fase da ação educativa (DA SILVA, 1998, p. 13).
Nessa perspectiva, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é abalizada como a 
normativa que regulamenta toda a educação brasileira e, por isso mesmo, preconiza os princípios 
norteadores do ordenamento educacional geral do país. Por ter uma natureza generalista, a maio-
ria de seus dispositivos necessita de regulamentação em normativas legais adicionais. São nessas 
circunstâncias que as políticas públicas educacionais vão se efetivando por meio dos projetos go-
vernamentais (SAVIANI, 2008, p. 2).
A LDB de 1996 assinala ser incumbência da União: “[...] estabelecer, em colaboração com 
os estados, Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o 
Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, 
de modo a assegurar a formação básica comum” (BRASIL, 1996).
Desde sua promulgação, em 20 de dezembro de 1996, a LDB redesenhou o sistema educa-
cional brasileiro em dois níveis de ensino: a Educação Básica e o Ensino Superior.
A Educação Básica atualmente é composta por três etapas:
1) Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 a 5 anos). Seu objetivo é 
promover o “desenvolvimento integral da criança [...], em seus aspectos físico, psicoló-
gico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29). 
É de competência dos municípios brasileiros.
2) Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1° ao 5° ano) e anos finais (do 6° ao 9° ano). Com 
duração mínima de nove anos e matrícula obrigatória aos seis anos de idade, é a etapa que 
objetiva, conforme preconiza o art. 32:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o 
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnolo-
gia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aqui-
sição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade hu-
mana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (BRASIL, 1996)
A legislação educacional no âmbito nacional 17
3) Ensino Médio – do 1° ao 3° ano, tem a duração mínima de três anos e é de respon-
sabilidade dos estados. De acordo com o art. 35 da LDB, essa etapa da educação tem 
como objetivos:
I. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino 
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para conti-
nuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas 
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação 
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV. a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos 
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. 
(BRASIL, 1996)
A Educação Superior está expressa nos art. 43 a 57 da LDB de 96. Ela é da alçada da União, 
podendo ser ofertada por estados e municípios, desde que estes já tenham assistidas as modalida-
des pelas quais são responsáveis em sua totalidade. Também cabe à União autorizar e fiscalizar as 
instituições privadas de ensino superior. Tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do 
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a in-
serção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da 
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desen-
volvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse 
modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do en-
sino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e 
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que 
vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conheci-
mento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em parti-
cular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e 
estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à di-
fusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa 
científica e tecnológica geradas na instituição;
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação bási-
ca, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesqui-
sas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem 
os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015) (BRASIL, 1996)
Legislação Educacional18
A figura a seguir ilustra os níveis educacionais brasileiros:
Figura 2 – Níveis educacionais
IE
SD
E 
BR
AS
IL
, 2
01
8.
Pós- 
-Doutorado
Stricto Sensu
Doutorado
Diploma
Mestrado 
Diploma
Bacharelado 
Diploma
Licenciatura 
Diploma
Tecnólogo 
Diploma
Especialização 
Certificado
MBA e Residência Médica
Pós Graduação Stricto Sensu e Lato Sensu
Ensino Médio Técnico Nível Médio
Ensino Fundamental
Educação Infantil
Educação Superior
Formação 
específica 
Diploma
Complementação 
Certificado
Possui caráter social, pode 
ser cursado a qualquer 
momento e deve ser 
ministrado por uma 
instituição de educação 
superior. Não possui 
habilitação nem valor 
acadêmico. 
Certificado.
Cursos de Graduação Cursos Sequenciais Cursos de Extensão
A educação brasileira conta ainda com algumas modalidades de educação que perpassam 
todos os níveis da educação nacional. São elas:
• Educação Especial – atende aos estudantes com necessidades especiais, preferencialmente 
na rede regular de ensino.
• Educação Profissional e Tecnológica – visa a preparar os estudantes para exercerem ativi-
dades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e científicos.
http://www.infoescola.com/pedagogia/educacao-especial/
A legislação educacional no âmbito nacional 19
• Educação de Jovens e Adultos (EJA) – atende as pessoas que não tiveram acesso à educa-
ção na idade apropriada.
• Educação Indígena – atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar a cultura e a 
língua materna de cada tribo.
• Educação a Distância (EaD) – atende aos educandos em tempos e espaços diversos, com a 
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. De acordo com o Decreto 
n. 9.057/2017, compete às autoridades dos sistemas de ensino estaduais, municipais e dis-
tritais, autorizar os cursos e o funcionamento de instituições de EaD nos seguintes níveis 
e modalidades:
I - ensino fundamental, nos termos do § 4º do art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996;
II - ensino médio, nos termos do § 11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de 1996;
III - educação profissional técnica de nível médio;
IV - educação de jovens e adultos; e
V - educação especial. (BRASIL, 2017)
Em relação aos cursos de Ensino Superior a distância, o mesmo Decreto, em seu art. 11, 
dispõe que:
Art.11.   As instituições de ensino superior privadas deverão solicitar cre-
denciamento para a oferta de cursos superiores na modalidade a distância ao 
Ministério da Educação.
§ 1º O credenciamento de que trata o caput considerará, para fins de avaliação, 
de regulação e de supervisão de que trata a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, 
a sede da instituição de ensino acrescida dos endereços dos polos de educação 
a distância, quando previstos no Plano de Desenvolvimento Institucional e no 
Projeto Pedagógico de Curso.
[...]
Art. 16.  A criação de polo de educação a distância, de competência da institui-
ção de ensino credenciada para a oferta nesta modalidade, fica condicionada 
ao cumprimento dos parâmetros definidos pelo Ministério da Educação, de 
acordo com os resultados de avaliação institucional.
[...]
Art. 18.  A oferta de programas de pós-graduação stricto sensu na modali-
dade a distância ficará condicionada à recomendação da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, observadas as diretrizes 
e os pareceres do Conselho Nacional de Educação. (BRASIL, 2017)
Ademais, destacamos aqui que, além dos níveis e das modalidades de ensino, a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 aborda também temas como os recursos finan-
ceiros e a formação dos profissionais da educação.
Fundamentadas na LDB, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), como normas obri-
gatórias para a Educação Básica, objetivam orientar o projeto político-pedagógico, o planejamento 
curricular das escolas e dos sistemas de ensino, norteando seus currículos e conteúdos mínimos a 
serem ministrados.
http://www.infoescola.com/educacao/escolas-indigenas-uma-busca-pela-cultura-sufocada/
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=65251-decreto9057-pdf&category_slug=maio-2017-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=65251-decreto9057-pdf&category_slug=maio-2017-pdf&Itemid=30192
Legislação Educacional20
Desde a promulgação da LDB, toda escola precisa ter um projeto político-pedagógico. 
Esse documento deve explicitar as características que gestores, professores, colaboradores, pais e 
alunos pretendem estabelecer na unidade escolar e qual formação querem para os que ali estudam.
Esse projeto é o referencial de qualquer instituição de ensino, detalhando aspectos pedagó-
gicos da organização escolar, o que demonstra o valor atribuído a essa questão pela atual legislação 
educacional. Ou seja, o marco do projeto político-pedagógico foi justamente a LDB/96, que in-
tensifica a elaboração e autonomia da escola de delinear sua própria identidade da construção de 
projetos diferenciados, de acordo com suas necessidades específicas (VEIGA; FONSECA, 2001).
Ao construirmos esse documento pedagógico nas escolas, planejamos o que objetiva-
mos fazer e realizar, pois é a definição de princípios e diretrizes que norteiam a natureza e o 
vir a ser da escola.
Nessa perspectiva, constata-se que:
O projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos 
de ensino e de atividades diversas. Ele não é algo que é construído e em segui-
da arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais, como prova do 
cumprimento de tarefas burocráticas. Ele deve expressar a visão de homem, de 
escola e de sociedade, o que servirá de alicerce para definir o caminho a ser tra-
çado e as metas que irão corporificar as próprias ações deste documento legal. 
(VEIGA, 2006, p. 12)
O projeto busca um direcionamento, como se fosse uma bússola. É uma ação que tem uma 
determinada intenção, com um sentido declarado, como um compromisso definido coletivamente 
pelos integrantes da instituição escolar. Desse modo, todo projeto pedagógico da escola é também 
político, por estar intimamente articulado a uma promessa sociopolítica com os interesses reais 
e coletivos da população majoritária que faz parte da instituição de ensino. Assim, ele é político 
no sentido de compromisso com a formação de qualidade do cidadão de determinada sociedade. 
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza, enquanto prática especificamente 
pedagógica” (SAVIANI, 1983, p. 93).
No âmbito pedagógico, o projeto habita a oportunidade da efetivação da finalidade da esco-
la, que é a formação de qualidade do cidadão proativo, responsável, comprometido consigo e com 
o contexto em que está inserido, além do desenvolvimento de um indivíduo crítico e criativo. Ele é 
pedagógico na acepção de esclarecimento das ações educativas e dos atributos necessários às esco-
las para cumprirem seus objetivos e suas intenções educacionais (VEIGA, 2006, p. 15).
As categorias político e pedagógico têm, assim, uma concepção com a qual caminham juntos, 
ou seja, não podem se separar. Nesse sentido é que se deve considerar o projeto político-pedagó-
gico como um processo constante de reflexão, discussão dos problemas da escola e também de 
transformações, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade (MARQUES, 
1990, p. 23).
http://www.moodle.ufba.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=1854&concept=legisla%C3%A7%C3%A3o+educacional
http://www.moodle.ufba.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=1854&concept=legisla%C3%A7%C3%A3o+educacional
A legislação educacional no âmbito nacional 21
Além disso, propicia a vivência democrática, devendo envolver toda a comunidade escolar, 
tendo como referência a realidade desta, em busca de aperfeiçoamento e de mudanças necessárias 
a uma educação de melhor qualidade.
No artigo 3º da LDB de 1996, estão implícitos os princípios norteadores do projeto-peda-
gógico, sendo que um deles é a “igualdade de condições para acesso e permanência na escola”, 
também prevista no art. 206, inciso I, da Constituição Federal de 1988 e no artigo 53 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente.
Como vimos, os textos legais abordados garantem aos cidadãos o ingresso e a permanência 
na escola, visando a que todos tenham condições iguais de acesso ao conhecimento sistematizado. 
Nesse contexto, a educação também tem importante função de ascensão social e o espaço escolar 
deve favorecer o desenvolvimento de habilidades e competências para o exercício da cidadania e a 
inserção social de todos os brasileiros.
Por último, complementando as premissas anteriormente abordadas, o educador e pesqui-
sador José Carlos Libâneo discorre sobre o exercício do ensino-aprendizagem na escola contem-
porânea. Para ele,
Ver a escola como espaço de síntese é considerá-la como lugar onde os alunos 
aprendem a razão crítica para poderem atribuir significados às mensagens e 
informações recebidas de fora, dos meios de comunicação, da cidade. Quero 
dizer que a escola tem o papel de prover as condições cognitivas e afetivas para o 
aluno desenvolver suas próprias capacidades para poder re-ordenar e re-estru-
turar essa cultura recebida de fora, que é uma cultura em mosaico, fragmentada. 
É uma outra maneira de falar em construção e reconstrução de conhecimentos. 
[...]
A meu ver, as novas tecnologias da informação e da comunicação preci-
sam urgentemente ser integradas nas escolas, mas sem exclusão do professor 
e de outras mediações relacionais e cognitivas no processo de aprendizagem. 
As novas tecnologias são indispensáveis na escola nas mãos de um bom professor.
[...]
Também acho necessário que os cursos de formação e as escolas planejem es-
tratégias de mudança na mentalidade dos professores em relação às formas de 
trabalho. As transformações na ciência, na noção de conhecimento e do pro-
cesso do conhecimento estão afetando muito os métodos e procedimentos de 
ensino. Essa mudança de mentalidade precisa começar na própria organização 
pedagógica e curricular, nas formas de gestão da escola, na elaboração do pro-
jeto pedagógico. Os professores mudarão sua maneira de ensinar à medida que 
vivenciarem novas maneiras de aprender. (apud NOGUEIRA, 1998)
O autor faz a proposta de se repensar o real significado de ensinar na contemporaneidade.Desse modo, essa atividade tão importante não pode ser simplesmente um despejar de conteúdos 
pedagógicos, mas sim colaborar para ampliar a visão de mundo dos alunos com a mediação e com-
petência do professor.
Legislação Educacional22
Ampliando seus conhecimentos
Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância
(BRASIL, 2007, p. 7-8)
Não há um modelo único de educação a distância! Os programas podem apresentar diferen-
tes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. 
A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantes são os 
elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a defi-
nição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios super-
visionados, práticas em laboratórios de ensino, trabalhos de conclusão de curso, quando for o 
caso, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias.
Apesar da possibilidade de diferentes modos de organização, um ponto deve ser comum a 
todos aqueles que desenvolvem projetos nessa modalidade: é a compreensão de educação 
como fundamento primeiro, antes de se pensar no modo de organização: a distância.
Assim, embora a modalidade a distância possua características, linguagem e formato próprios, 
exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tec-
nológicos, de infraestrutura e pedagógicos condizentes, essas características só ganham rele-
vância no contexto de uma discussão política e pedagógica da ação educativa.
Disto decorre que um projeto de curso superior a distância precisa de forte compromisso 
institucional em termos de garantir o processo de formação que contemple a dimensão téc-
nico-científica para o mundo do trabalho e a dimensão política para a formação do cidadão.
Devido à complexidade e à necessidade de uma abordagem sistêmica, referenciais de quali-
dade para projetos de cursos na modalidade a distância devem compreender categorias que 
envolvem, fundamentalmente, aspectos pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura. 
Para dar conta destas dimensões, devem estar integralmente expressos no Projeto Político 
Pedagógico de um curso na modalidade a distância os seguintes tópicos principais:
• Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem;
• Sistemas de comunicação;
• Material didático;
• Avaliação;
• Equipe multidisciplinar;
• Infraestrutura de apoio;
• Gestão acadêmico-administrativa;
• Sustentabilidade financeira.
[...]
A legislação educacional no âmbito nacional 23
Atividades
1. Por que a Constituição Federal de 1988 é chamada de Constituição Cidadã?
2. Quais as contribuições que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trouxe à noção de 
direito à educação?
3. De acordo com o Decreto n. 9.057/2017, a educação brasileira conta com algumas modali-
dades de educação que perpassam todos os níveis da educação nacional. Cite alguns exem-
plos que você já tenha observado em seu dia a dia.
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______ Decreto n. 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 
maio 2017. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso 
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http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file%3e.Acesso
2
Diretrizes curriculares para o 
Ensino Fundamental de nove anos 
A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos no Brasil se associa à realidade 
de vários países, inclusive da América Latina, que perfazem em média um total de doze 
anos de estudo básico contínuo. Assim, o Brasil procura equiparar-se com essas nações, na 
esperança de aprimorar o ensino nacional. Historicamente, a educação brasileira defronta-se 
com adversidades ainda não superadas, como altas taxas de evasão e repetência, analfabetismo, 
problemas na carreira, na formação e na valorização dos professores, infraestrutura escolar 
inapropriada. Além disso, enfrenta o paradoxo entre a admissão do aluno e o bom êxito escolar, 
já que a educação formal no Brasil não tem mostrado apoderar-se plenamente do processo de 
alfabetização, constituindo uma das maiores intercorrências nessa área: manter a qualidade e a 
equidade de ensino e aprendizagem para todos.
Partindo desses pressupostos, neste capítulo pretende-se refletir sobre as bases que 
fundamentam as Diretrizes Curriculares Nacionais de nove anos no país e sua aplicabili-
dade prática.
2.1 O direito à educação como fundamento 
maior das diretrizes curriculares
O direito à educação formal constitui-se num mecanismo para que as pessoas possam 
desfrutar da igualdade de oportunidades em um determinado contexto histórico. Esse direito, 
instituído em lei, torna-se uma obrigatoriedade do Estado, quando garante o acesso para todos 
os cidadãos brasileiros por meio da gratuidade (CURY, 2002, p. 259).
Na visão de Jamil Cury (2002, p. 259):
A declaração e a garantia de um direito tornam-se imprescindíveis no caso 
de países, como o Brasil, com forte tradição elitista e que tradicionalmente 
reservam apenas às camadas privilegiadas este bem social. Por isso, de-
clarar e assegurar são mais que uma proclamação solene. Declarar é retirar 
do esquecimento e proclamar aos que não sabem, ou esqueceram que eles 
continuam a ser portadores de um direito importante. Disso resulta a ne-
cessária cobrança deste direito quando ele não é respeitado (grifos nossos).
Nessa vertente, endossa o autor que o fato de garantir o acesso à Educação Básica pública 
às crianças de 6 anos de idade, devolve a elas o direito ao exercício da cidadania. Dessa forma, 
autoriza a uma parcela maior da comunidade frequentar mais cedo a escola, usufruindo de um 
direito que antes era extensivo apenas às crianças favorecidas, matriculadas no sistema formal 
de ensino brasileiro (CURY, 2002, p. 260).
Legislação Educacional26
No entanto, sabe-se que somente a normatização legal específica não garante por si só o 
direito à educação escolar e à democracia. Até porque ela é fruto de um intenso caminho a ser per-
corrido, da mobilização de diversos segmentos da sociedade brasileira, de concepções distintas de 
educação, do comprometimento dos professores e do envolvimento da comunidade educacional, 
assim como do papel efetivo do Estado com a formulação pertinente de políticas públicas educa-
cionais, que devem intervir nas situações de desigualdades (FREITAS, 2008).
Diante dessas inquietações, a política de extensão do Ensino Fundamental de nove anos, 
respaldada na Lei Federal n. 11.114/2005, propôs-se assegurar o direito à educação obrigatória, aos 
menores de 6 anos de idade, apoiada na Lei Federal n. 11.274/2006, reconhecendo que estas, ao 
ingressar antecipadamente no ambiente escolar, possam usufruir das mesmas oportunidades das 
demais crianças dessa faixa etária (COMPARATO, 2004, p. 67).
Segundo o documento escrito pelos responsáveis do Ministério da Educação (BRASIL, 
2009), a entrada antecipada da criança no Ensino Fundamental tem como foco assegurar a ela um 
período maior de convivência escolar, ampliando sua oportunidade no processo de aprendizagem 
da leitura e da escrita e nos conceitos básicos das áreas de conhecimento de Matemática, Ciências 
e Estudos Sociais. Para tanto, recomenda-se a reestruturação do currículo escolar e da formação 
continuada dos professores, além de boas condições de trabalho docente, revendo sua carga horá-
ria, número satisfatório de alunos por sala de aula, materiais e recursos didático-pedagógicos per-
tinentes e a adequada infraestrutura do espaço físico, entre outras tantas questões, que implicarão 
na efetivação da proposta educacional vigente. Dessa forma, justifica-se que o Ensino Fundamental 
de nove anos estenda o período de permanência escolar e antecipe a entrada de crianças a par-
tir dos seis anos de idade, porém muitos fatores ainda comprometem esse contexto educacional 
(KRAMER, 2006).
Consciente dessas mudanças, o Ministério da Educação (BRASIL, 2009) elaborou um docu-
mento específico com todas as normas e informações pertinentes para dar subsídios aos gestores 
municipais e estaduais, conselhos de educação, comunidade escolar e demais órgãos educacionais, 
denominado Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos 
de idade, ressaltando que:
A criança de seis anos de idade que passa a fazer parte desse nível de ensino não 
poderá ser vista como um sujeito a quem faltam conteúdos da Educação Infantil 
ou um sujeito que será preparado, nesse primeiro ano, para os anos seguintes do 
Ensino Fundamental. Reafirmamos que essa criança está no ensino obrigatório 
e, portanto, precisa ser atendida em todos os objetivos legais e pedagógicos 
para essa etapa de ensino. (BRASIL, 2006b, p. 8, grifos nossos)
Entretanto, os objetivos da ampliação do Ensino Fundamental de nove anos de duração são 
apresentados neste registro documental: Ensino Fundamental de nove anos: passo a passo do proces-
so de implantação, como se esclarece:
a) melhorar as condições de equidade e de qualidade da Educação Básica;
b) estruturar um novo Ensino Fundamental para que as crianças prossigam nos estudos, 
alcançando maior nível de escolaridade;
Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos 27
c) assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo 
mais longo para as aprendizagens da alfabetização e do letramento (BRASIL, 2009).
Diante disso, a justificativa apresentada pelo governo federal para a incorporação desses 
menores dessa faixa etária do Ensino Fundamental acontece, em parte, pela constatação de que um 
contingente significativo de menores,filhos de famílias das classes média e alta, já se encontram 
inseridos no espaço escolar, seja na pré-escola, seja no Ensino Fundamental – o que difere da rea-
lidade da maior parte das crianças brasileiras dessa idade. Sendo assim, acredita-se que a reorgani-
zação proposta pelo Ministério da Educação pode contribuir para que este último grupo tenha as 
mesmas oportunidades que as demais (BRASIL, 2009).
Nessa mesma linha de raciocínio, o documento do MEC reforça que a inclusão de menores 
de 6 anos de idade nessa atual modalidade de ensino, não implica na antecipação dos conteúdos 
e das atividades pedagógicas, que tradicionalmente foram compreendidos como adequados para 
serem ensinados na primeira série do Ensino Fundamental de oito anos de duração. O escopo é 
construir uma nova estrutura curricular, com a sistematização dos conteúdos pedagógicos para o 
Ensino Fundamental vigente, agora com a duração de nove anos de escolarização (BRASIL, 2009).
Outra argumentação que vem reforçar esse processo de antecipação do acesso e da obri-
gatoriedade de escolarização da criança de 6 anos no Ensino Fundamental é que se trata de uma 
medida adotada pelo governo federal em decorrência dos indicadores das políticas públicas educa-
cionais dos países europeus e da maioria dos países da América Latina e do Caribe.
Segundo dados da Oficina Regional de Educação para América Latina e Caribe, órgão da 
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – OREALC/Unesco (2007), dos 
41 países da América Latina e Caribe citados na pesquisa,
[...] 15 estabelecem 11 anos ou mais de ensino obrigatório, 11 países estabele-
cem a duração de 10 anos. Sendo que 5 países tem o tempo de duração da sua 
escolarização básica de 9 anos, 3 países, entre os quais o Brasil, no momento da 
pesquisa de dados, a duração da escolaridade básica era de 8 anos, um deles de 
7 anos, e 6 países definem a duração do tempo de escolarização de apenas 6 anos. 
Em 22 países, dos 41 pesquisados, o início da educação obrigatória é aos 
6 anos, em 15 é aos 5 anos e apenas em quatro países como o Brasil, El Salvador, 
Guatemala e Nicarágua, o ingresso na vida escolar era aos 7 anos, no momento 
da coleta dos dados. Dentre aqueles países que iniciam a educação obrigatória 
aos 6 anos, cinco países consideram o último ano da pré-escola como obriga-
tório. (UNESCO, 2007, grifos nossos)
Vale ressaltar que a mudança para o ensino de nove anos incidiu sobre o art. 6º da LDB de 
1996, que preconiza: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar matrícula dos menores, a partir dos 
6 anos de idade, no Ensino Fundamental”, pois, na época, manteve-se a duração mínima de oito 
anos para esse segmento, sem exigir o aumento de mais um ano. Os artigos da Constituição Federal 
de 1988 já expressavam que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho.
[...]
Legislação Educacional28
Art. 208.
§1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é um direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta 
irregular, importa na responsabilidade da autoridade competente. (BRASIL, 
1988, grifos nossos)
Por sua vez, observamos que a Lei Federal n. 11.114/2005 tornou-se inconstitucional, por 
não atender aos preceitos legais mencionados anteriormente, na medida em que não responsabi-
lizou o Estado pela oferta do Ensino Fundamental com duração de nove anos. A questão refere-se 
à matrícula na educação obrigatória preconizada na Constituição Federal de 1988, a qual passou 
a ser um direito público. Esse fato obriga o Estado a criar formas de efetivação e proteção da edu-
cação, quando esse direito for negado à criança ou a um adulto que, em idade própria, não tenha 
frequentado ou concluído essa etapa da educação obrigatória (BRASIL, 2005).
Mas, em fevereiro de 2006, o Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentou a Lei 
Federal n. 11.274, que alterou a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB 9.394/96, sobre o in-
gresso da criança no Ensino Fundamental e o tempo de duração da educação obrigatória. Essa lei 
complementou a legislação anterior, de modo a determinar ao Estado o papel que lhe incumbe no 
sentido de responsabilizar o poder público pela oferta dessas vagas (BRASIL, 1996).
Enfim, a referida lei possibilitou o atendimento a um direito educacional que sedimenta:
O exercício do direito à educação [...]. Exige condições materiais que o torne 
realidade: a) que seja possível o acesso material a uma vaga na escola, garan-
tia que compete ao Estado assegurar. Os Estados costumam aceitar o direito 
em suas legislações antes de prever as condições necessárias para exercê-lo; 
b) possibilidade de assistir regularmente às aulas e permanecer na escola du-
rante a etapa considerada como obrigatória, sem obstáculos provenientes das 
condições de vida externas ou das práticas escolares internas que possam levar 
à exclusão ou à evasão escolar [...]. (GIMENO, 2001, p. 19)
Essas palavras complementam o sentido que o legislador impõe à implantação do Ensino 
Fundamental de nove anos, responsabilizando o Poder Público, para que crie também as condições 
administrativas, estruturais e pedagógicas a fim de que esse direito seja efetivamente atendido.
A ampliação da escolaridade obrigatória é uma conquista para as classes populares e deve ser 
estendida cada vez mais, agora incluindo o contingente de crianças de 6 anos. Com essa mudança, 
os brasileiros dos 3 aos 14 anos de idade terão direito a 11 anos de Educação Básica pública.
Por sua vez, a Resolução n. 3, de 3 de agosto de 2005, do Conselho Nacional de Educação 
(CNE) modificou a nomenclatura a ser adotada para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, 
especificando-os desta forma:
Educação Infantil - 5 anos de duração - Até 5 anos de idade
Creche - Até 3 anos de idade.
Pré-Escola - 4 e 5 anos de idade.
Ensino Fundamental - 9 anos de duração - Até 14 anos de idade
Anos iniciais - 5 anos de duração - dos 6 aos 10 anos de idade.
Anos finais - 4 anos de duração - dos 11 aos 14 anos de idade. (BRASIL, 2005, 
grifos nossos)
Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos 29
Cabe considerarmos que na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica brasilei-
ra, não existe reprovação, apenas o acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças. 
Segundo preconiza a LDB 9.394/96, essa fase tem como finalidade precípua o desenvolvimento 
integral da criança até os 5 anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
 Para tanto, as condições mínimas dessa jornada são: 200 dias letivos; turno parcial de pelo 
menos 4 horas e turno integral de 7 horas; frequência mínima de 60% das horas; e a documentação 
que comprova o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.
No entanto, a finalidade do Ensino Fundamental brasileiro é a formação básica do cidadão. 
Para isso, segundo o art. 32 da LDB, é necessário:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o 
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnolo-
gia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aqui-
sição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade 
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (BRASIL, 
1996, grifos nossos)
Porém, na visão dos educadores, sabemos que, quanto mais cedo, mais a criança usufrui do 
mundo da leitura e da escrita e de outros bens culturais historicamente construídos. Levando-se 
em conta a singularidade do menor, este terá melhor êxito em seu processo de escolarização.
Assim, diante desse cenário, constatamosque o direito à inserção da criança de 6 anos no 
Ensino Fundamental com o tempo de implantação de nove anos não garante a melhoria da qua-
lidade do ensino. Outros fatores estão implicados nessa perspectiva educacional, como a devida 
formação inicial e continuada dos professores, uma estrutura física institucional pertinente, a reor-
ganização da nova proposta e materiais pedagógicos ajustados, respeitando o direito de ser criança 
antes de ser aluno, entre outros aspectos que buscam dar conta da obrigatoriedade nas escolas dos 
atuais aparatos legais educacionais.
Em contrapartida, sem o devido enfrentamento dessas questões, teremos somente um ano 
a mais de escolarização e continuaremos com crianças e adolescentes apresentando dificuldades 
de aprendizagem e analfabetismo funcional, nos primeiros ou nos últimos anos de estudos da 
Educação Básica brasileira.
2.2 O currículo: Base Nacional Comum 
Curricular e parte diversificada
A reflexão acerca da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) não pode ser abalizada 
como uma indagação atual ou inédita; essa pauta aparece em várias legislações, com início na 
Constituição Federal de 1988, que, no artigo 210, já previa indicações de uma diretriz curricular 
nacional para o Ensino Fundamental, nos seguintes termos: “Serão fixados conteúdos mínimos 
https://www.infoescola.com/educacao/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao/
https://www.infoescola.com/educacao/aprendizagem/
Legislação Educacional30
para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores 
culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988).
O texto da CF de 1988 não deixou claras algumas concepções de como se articulará essa 
formação básica comum, mas já dava sinais para a formação do estudante brasileiro atendendo 
a alguns princípios de uma identidade nacional comum a todos, preocupando-se com “o que 
aprender”.
Reafirmando essa mesma premissa básica, a LDB n. 9.394/96 foi norteada trazendo, no inci-
so IV do artigo 9º, indicações de que cabem à União:
[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino 
Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos 
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. (BRASIL, 1996, grifos 
nossos)
Nesse mesmo contexto, complementa o dispositivo legal que:
Art. 26 - Os currículos do Ensino Fundamental e médio devem ter uma base 
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabele-
cimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regio-
nais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
[...]
§5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a par-
tir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, 
cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da 
instituição. (BRASIL, 1996, grifos nossos)
Para dar conta dessa política educacional, foram elaborados os Parâmetros Curriculares 
Nacionais – PCN (BRASIL, 1998a) para os Ensinos Fundamental (I e II) e Médio e, na sequência, o 
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998b).
A elaboração dos PCN e dos RCNEI se deu em decorrência da demanda de um referencial 
comum para a formação escolar no país, capaz de indicar aquilo que deveria ser ensinado e garan-
tido a todos os estudantes, numa realidade com características tão diferenciadas, sem promover 
uma uniformização que descaracterize e desvalorize peculiaridades culturais e regionais (BRASIL, 
2001, p. 36).
Diante desse contexto, mudanças mais efetivas voltaram à tona em 2014, com a apro-
vação do Plano Nacional de Educação (PNE) (para os anos de 2014 a 2024), embasado na Lei 
n. 13.005/2014. O Plano reacendeu a urgência de uniformidade na educação brasileira com as re-
flexões acerca da Base Nacional Comum Curricular, destacando-se a Meta 7:
Meta 7 - fomentar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e moda-
lidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir 
as seguintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos iniciais do ensino 
fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio.
Estratégias:
 7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pe-
dagógicas para a Educação Básica e a base nacional comum dos currículos, 
Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos 31
com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos 
(as) para cada ano do Ensino Fundamental e médio, respeitada a diversidade 
regional, estadual e local [...]. (BRASIL, 2014, p. 61, grifos nossos)
Como pudemos observar, várias são as concepções sobre como se constitui um currículo 
nacional e uma parte diversificada dessas propostas curriculares, que foram sendo expressas nos 
instrumentos normativos brasileiros e nos textos oriundos das políticas de currículo.
No entanto, diante de diferentes instrumentos normativos, cabe questionar: o que é a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC) e a parte diversificada?
A BNCC é fruto de amplo processo de debate e negociação com diferentes pessoas que 
atuam no campo educacional e com a sociedade brasileira. É um documento normativo que es-
tabelece conhecimentos, competências e habilidades essenciais que todos os alunos da Educação 
Básica devem aprender e desenvolver, ano a ano letivo, independentemente do lugar onde moram 
ou estudam. Todos os currículos de todas as redes públicas e particulares do país deverão conter 
esses conteúdos.
Deve-se acrescer, à parte comum, a parte diversificada, a ser construída em diálogo com a 
primeira e com a realidade da escola, em atenção não apenas à cultura local, mas também às esco-
lhas de cada sistema educacional sobre as experiências e os conhecimentos que devem ser ofereci-
dos aos estudantes ao longo de seu processo de escolarização.
Mas a BNCC não é um currículo pronto, e sim um fio condutor que tem como finalidade 
orientar a elaboração do currículo específico de cada escola, sem desconsiderar as particularidades 
metodológicas, sociais e regionais de cada uma. Ela tem como propósito ajudar a diminuir as de-
sigualdades de aprendizado, pois todos os alunos terão a mesma oportunidade de aprender o que 
é fundamental (BRASIL, 2017).
A figura a seguir demonstra a relação da BNCC com o currículo das escolas brasileiras.
Figura 1 – BNCC no contexto das escolas brasileiras
BNCC
Currículo 
de redes
PPP das 
escolas
Fonte: PANTELIADES, 2016.
Legislação Educacional32
Como mencionado anteriormente, as competências servirão como sinalizadoras para a es-
truturação de toda a BNCC, da seguinte maneira:
• Educação Infantil – deve ser organizada por campos de experiências, baseando-se em seis 
direitos de aprendizagem e desenvolvimento e também em cinco campos de experiência, 
como demonstrado a seguir:
Figura 2 – Direitos de aprendizagem e campos de experiência na Educação Infantil
Conviver
O eu, o outro e o nós Oralidade e escrita
Corpo, gestos e 
movimentos
Espaços, tempos, 
quantidades, relações e 
transformações
Traços, sons, cores e 
formas
ExplorarBrincar ExpressarParticipar Conhecer-se
Educação Infantil
Direitos de aprendizagem e desenvolvimento
Campos de experiências
Fonte: PANTELIADES, 2016.
• Ensino Fundamental – estruturado a partir das quatro áreas de conhecimentos, definidas 
pela LDB n. 9.394/96:
1) Linguagens (Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e Língua Inglesa);
2) Matemática;
3) Ciências da Natureza;
4) Ciências Humanas (Geografia e História).
Seguindo essa proposta educacional, devem ser estabelecidos elementos temáticos e habi-
lidades  que devem ser aprendidos em cada ano escolar, observando-se o desenvolvimento dos 
alunos, como demonstra a figura a seguir.
Figura 3 – Áreas do conhecimento no Ensino Fundamental
Linguagens Ciências da naturezaMatemática Ciências humanasEnsino Fundamental
Áreas do conhecimento
LP AR EF LI MAT CIE GEO HIS
Fonte: PANTELIADES, 2016.
Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos 33
Um dos principais pontos de mudança é a antecipação da alfabetização das crianças, de-
fendida pelo MEC como uma ferramenta de igualdade social. O documento da BNCC determina 
que, até o 2º ano do Ensino Fundamental I (ou seja, crianças de até 7 anos), os alunos obrigatoria-
mente deverão ser capazes de ler e escrever. As escolas deverão garantir que os estudantes saibam 
escrever bilhetes e cartas, em meio impresso e digital, como e-mail e mensagens em redes sociais. 
Devem também ler textos curtos, com nível adequado à idade, silenciosamente e em voz alta 
(BRASIL, 2016).
Na área de conhecimento de Matemática, a decisão foi ampliar o conteúdo ensinado além 
das quatro operações básicas (adição, subtração, divisão e multiplicação), sendo fundamental que 
o aluno desenvolva competências para a resolução de problemas, compreendendo tanto as apli-
cações quanto os significados dos conteúdos matemáticos. Além disso, desde o 1° ano do Ensino 
Fundamental os conteúdos de estatística e probabilidade entram como unidades temáticas obriga-
tórias, assim como o ensino de História passa a ser considerado para além da cronologia dos fatos.
Por sua vez, alegando respeitar a legislação que determina que o ensino de assuntos religio-
sos seja optativo, a Base Nacional Comum Curricular exclui o Ensino Religioso da proposta curri-
cular, cuja regulamentação passa a ser de competência dos ensinos de âmbito estadual e municipal.
Quanto ao currículo do novo Ensino Médio, sancionado em fevereiro de 2017 e homolo-
gado em dezembro do mesmo ano, a mudança respeitará um cronograma de prazos para imple-
mentação. Por fim, as instituições escolares terão um prazo de dois anos para estabelecer as deter-
minações em seus currículos escolares. De acordo com o MEC, “estados, municípios e o Distrito 
Federal manterão sua autonomia, o que significa que poderão acrescentar conteúdos e competên-
cias” (BRASIL, 2017).
Ressalta-se com muita veemência que a formulação e a efetivação de um currículo com base 
comum não necessariamente refletirão na verdadeira qualidade da Educação Básica, muito pelo 
contrário, ele poderá mascarar problemas se esses conteúdos servirem somente para mensurações 
estatísticas obtidas por meio de provas objetivas e padronizadas.
2.3 A entrada das crianças de 6 anos no Ensino Fundamental
A Lei Federal n. 11.274, promulgada em 6 de fevereiro de 2006, que altera a Lei de Diretrizes 
e Bases n. 9.394/96, garante a entrada das crianças de 6 anos de idade no Ensino Fundamental, a 
fim de aumentar o tempo de duração escolar obrigatório, popularizando a educação pública brasi-
leira. Todos os movimentos que visem ao aprimoramento da qualidade da educação brasileira são 
relevantes, para que venham a torná-la mais próxima de outros países mais desenvolvidos nessa 
área, pois só por meio desse procedimento haverá oportunidade real de crescimento. No entanto, 
sabemos que somente essa decisão não é satisfatória para que os preceitos legais aconteçam de ime-
diato, visto que o Brasil é um país de grandes extensões geográficas, com indicadores socioculturais 
específicos que prevalecem no território nacional (FIORAVANTI; CAMPOS, 2007, p. 66).
A área educacional no país ainda é desprovida de prestígio e são poucos os recursos financei-
ros direcionados para esse segmento. Porém, embora a norma jurídica tenha os objetivos descritos 
Legislação Educacional34
anteriormente, é na fase da Educação Infantil, de 0 a 6 anos de idade, que o menor potencializa 
grande parte de suas características marcantes e das bases primordiais para sua formação integral 
quanto aos aspectos físico, psicológico, intelectual e social (FIORAVANTI; CAMPOS, 2007, p. 67).
Todavia, em consonância com os estudos de Jean Piaget (1920-1973), assevera-se que:
[...] o desenvolvimento cognitivo segue um processo sequencial, respeitan-
do etapas que são caracterizadas por diferentes estruturas mentais. Segundo 
suas pesquisas, os estágios da inteligência sensório-motora (até dois anos) e 
da inteligência simbólica ou pré-operatória (de 2 a 7-8 anos) são experiên-
cias fundamentais e estruturantes para as fases de desenvolvimento cog-
nitivo posteriores. Em cada etapa ou estágio do desenvolvimento a criança 
possui uma forma (estrutura mental) de compreender e resolver problemas. 
(PIAGET, 1990, grifos nossos)
No primeiro ano de ensino regular, a continuidade representa uma transição, seja para aque-
la criança que se matricula pela primeira vez na escola, seja para aquela que já vem da Educação 
Infantil. Em qualquer um dos casos, é necessário assegurar-lhes o direito à infância, pois os alunos 
não deixarão de ser crianças pelo simples fato de estarem regularmente matriculados no Ensino 
Fundamental de nove anos. O menor do 1º ano deve ter garantido seu direito à educação em um 
espaço próprio e com rotinas apropriadas que viabilizem a edificação de conhecimentos básicos, 
considerando as características e o desenvolvimento de sua faixa etária, integrando o cuidar e o 
educar, que são princípios educacionais básicos nessa idade (BRASIL, 1998).
Ressaltamos que a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos tem como finalidade 
dar continuidade ao trabalho desenvolvido nas escolas de Educação Infantil, ou garantir àque-
les que nunca frequentaram uma instituição escolar um início de escolaridade calmo e próspero. 
A Educação Infantil tem objetivos próprios que devem ser alcançados na perspectiva do desenvol-
vimento da criança, respeitando, cuidando e educando em um tempo singular da primeira infân-
cia. No Ensino Fundamental os estudantes de 6 anos de idade, assim como os de 7 anos, precisam 
de uma proposta curricular que atenda às suas características, potencialidades e necessidades espe-
cíficas. Isso é imprescindível para seu desenvolvimento e aquisição de conhecimentos (SANTOS; 
VIEIRA, 2006).
 A unidade escolar deverá, então, assegurar um trabalho pedagógico que envolva experiên-
cias em diferentes linguagens e suas expressões, buscando uma metodologia que favoreça o desen-
volvimento social, afetivo e cognitivo dessas crianças.
Por sua vez, sabemos que as atividades lúdicas provocam na criança “[...] a espontaneidade, 
a criatividade e a progressiva aceitação das regras sociais e morais e, por meio dela, surge o desen-
volvimento da inteligência, passando a aprender de forma progressiva, como representar simboli-
camente a realidade que a cerca” (ARAÚJO, 2018).
Diante desses pressupostos, questiona-se: quais são as características da criança na faixa 
etária de 6 anos que passou a integrar o Ensino Fundamental com a duração de nove anos?
Os menores nessa idade possuem um contingente extenso de conhecimentos construídos, 
baseados nas experiências vivenciadas em seu dia a dia. Têm grande capacidade de estabelecer 
Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental de nove anos 35
novas e distintas relações afetivas e também se veem atraídos cada vez mais pelas práticas coletivas, 
o que aumenta suas aptidões sociais (ARAÚJO, 2018).
Nesse período a capacidade de representação de símbolos está bem definida e se compro-
va por meio da linguagem, da imaginação, da imitação e da brincadeira em distintas situações. 
A criança faz uso na sua prática diária de uma ampla coletânea de símbolos, signos, imagens e con-
ceitos para ser utilizado na sua ligação com o seu ambiente social, afetivo e cognitivo. Embora seja 
um procedimento extenso, a competência de conceituação já aparece nessa fase, permitindo que 
ela estabeleça vínculos e generalizações. Há um desenvolvimento acentuado de habilidades, como 
a atenção e a memória, que se tornam mais conscientes e intencionais. A curiosidade e a demanda 
de compreender o mundo que a cerca são visíveis, ainda que as associações e as relações sejam 
regidas por critérios peculiares. A consideração desse modo próprio de

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