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9 AULA TEÓRICA 02: MEDIÇÃO DE ÂNGULOS Levantamento topográfico é definido como conjunto de operações realizadas no campo (medidas sucessivas de ângulos e distâncias) e no escritório (cálculos e desenho da Planta Topográfica), por meio de métodos e instrumentos adequados a finalidade do trabalho, destinados à obtenção de elementos necessários para representação do terreno. O procedimento clássico básico para levantar uma determinada área é instalar o instrumento (teodolito ou estação total) em um determinado ponto devidamente materializado e proceder à medição dos ângulos e distâncias. Este ponto materializado é chamado de “ponto de apoio topográfico” ou “estação”. Os pontos levantados em torno do ponto de apoio são chamados de “pontos de detalhe”, “pontos de interesse” ou “pontos temáticos”. Pontos de apoio: pontos materializados no terreno que proporcionam controle ao levantamento. A materialização pode ser feita por piquetes e estacas de madeira, marcos de concreto, pinos de metal, tinta, dependendo de sua importância e permanência. Pontos de detalhes: pontos importantes dos acidentes naturais (rios, mata, relevo etc.) e/ou artificiais (pontes, estradas, cercas etc.) que permitem a representação gráfica do terreno. Os instrumentos utilizados são divididos em: instrumentos para medição de ângulos e instrumentos para medição de distâncias. Os instrumentos que medem ângulos são chamados de goniômetros. Em topografia trabalha-se com os seguintes ângulos: horizontal e de inclinação do terreno. 1. Ângulos horizontais Ângulo horizontal é qualquer ângulo medido no plano horizontal – PH (plano normal à vertical que passa pelo ponto topográfico), Figura 1. Os pontos A, B e C da Figura 1 são chamados de pontos topográficos. O ponto A, onde instala o instrumento de medição é chamado de ponto de apoio (ou estação). A materialização deste ponto é feita, geralmente, por meio de um piquete e de uma estaca de madeira. O piquete a ser cravado no terreno, deve ter sua parte superior a uma altura de 1 a 2 cm em relação a superfície. A estaca é utilizada para identificação do ponto. Na medição do ângulo utiliza-se, ainda, uma baliza para assinalar o ponto sobre o piquete (Figura 2). Figura 1. Ângulo horizontal. Figura 2. Materialização de um ponto de apoio topográfico. Os ângulos horizontais que têm origem na ponta norte do meridiano e são contados no sentido horário da graduação do limbo, de 0º a 360º, são chamados de azimutes (Figura 3). Os ângulos horizontais que têm origem tanto na ponta norte como na ponta sul do meridiano e são contados em quadrantes (0º a 90º) são chamados de rumos (Figura 4). 10 Figura 3. Azimutes. Figura 4. Rumos. Os azimutes são empregados para orientar as plantas topográficas em relação ao eixo de rotação da Terra, ou seja, em relação ao Norte. Tipos de N e azimutes: 1) N geodésico (NG): a direção N converge para o polo N do elipsoide. Se a origem do azimute for o NG ele é chamado de Azimute geodésico (AZG). 2) N verdadeiro ou astronômico (NV): a direção N converge para o polo N da Terra. Se a origem do azimute for o NV ele é chamado de Azimute verdadeiro (AZV). 3) N magnético (NM): a direção N converge para o polo N magnético da Terra (em desuso). Se a origem do azimute for o NM ele é chamado de Azimute magnético (AZM). 4) N quadrícula (NQ): é representado na carta UTM e a direção é paralela ao meridiano central do fuso. Se a origem do azimute for o NQ ele é chamado de Azimute plano (AZP). Observação: a pequena diferença existente entre NG e NV pode ser negligenciada sem prejuízo na precisão dos levantamentos topográficos. Então, NG = NV. As bússolas são instrumentos que medem azimutes e rumos magnéticos diretamente, mas, estão em desuso para fins topográficos. A tendência atual é utilizar receptores de sinais de satélites de posicionamento (GPS, GLONASS, GALILEO e COMPASS) para determinarem coordenadas de dois pontos e a partir destas, obter o AZG (coordenadas geodésicas – latitude e longitude) ou AZP (coordenadas retangulares ou planas no sistema UTM – N e E), Figura 5. As coordenadas retangulares são relacionadas matematicamente as coordenadas geodésicas, de modo que umas podem ser convertidas nas outras. ∆𝐸 = 𝐸 − 𝐸 ∆𝑁 = 𝑁 − 𝑁 𝜃 = tan ∆𝐸 ∆𝑁 𝐴𝑧 = 𝜃 (a) (b) Figura 5. Determinação do Azimute plano utilizando coordenadas UTM. 11 Quadrante ΔE ΔN θ Equação 1º Quadrante + + + Az = θ 2º Quadrante + - - Az = 180º + θ 3º Quadrante - - + Az = 180º + θ 4º Quadrante - + - Az = 360º + θ O cálculo de ângulos horizontais, horários ou anti-horários, entre alinhamentos a partir de azimutes, tarefa bastante comum em topografia, pode ser generalizado da seguinte forma: Ângulos horários (se o ângulo for menor que 0º, somar 360º): Ângulos anti-horários (se o ângulo for menor que 0º, somar 360º): Embora a tendência seja padronizar o uso de azimutes, rumos ainda são empregados e se torna necessário conhecer a relação entre eles. A Figura 6 mostra para cada quadrante a equação que relaciona azimutes e rumos. Figura 6. Relação entre rumos e azimutes. 12 1º quadrante: RAB = AZAB NL (ou NE) AZAB = RAB 2º quadrante: RAC = 180º - AZAC SL (ou SE) AZAC = 180º - RAC 3º quadrante: RAD = AZAD – 180º SO AZAD = 180º + RAD 4º quadrante: RAE = 360º - AZAE NO AZAE = 360º - RAE Resumo: Ângulo horizontal: Origem: Sentido: Graduação: Azimute ponta Norte Horário 0º a 360º Rumo ponta Norte (1º e 4º quadrante) ponta Sul (2º e 3º quadrante) horário (1º e 3º quadrante) anti-horário (2º e 4º quadrante) 0º a 90º Exercício: 1. Dados a Figura e a caderneta a seguir, calcular os ângulos internos a partir dos azimutes lidos. Preencher a caderneta e identificar sobre a Figura os Azimutes e os ângulos internos. Estações Pontos visados Azimutes Ângulos internos A B 101º04’02” C 149º55’55” B C 234º14’42” A 281º04’05” C A 329º55’52” B 54º14’45” 2. Ângulos de inclinação do terreno Ângulo de inclinação do terreno é qualquer ângulo medido no plano vertical (plano que contém a vertical que passa pelo ponto topográfico), ele define a altimetria do mesmo ponto e serve de elemento básico para redução da distância inclinada ao horizonte (distância horizontal), Figura 7. Quando a origem de contagem do ângulo de inclinação do terreno é no plano horizontal, o ângulo é denominado vertical (Figura 8). Quando a origem de contagem corresponde a vertical do ponto, o ângulo é chamado de zenital (Figura 9). Figura 7. Ângulo de inclinação. Figura 8. Ângulo vertical. Figura 9. Ângulo zenital. Conversão dos ângulos zenitais para verticais: V = 90º- Z Exercícios: 1. Transforme o ângulo vertical 07º33’05” em ângulo zenital. 2. Transforme o ângulo zenital 8º25’55” em ângulo vertical.