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1 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
Transfusão Sanguínea
CONHECER AS TÉCNICAS E INDICAÇÕES DE 
TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES E 
HEMODERIVADOS 
Os hemocomponentes são produtos advindos do sangue total 
ou do plasma a partir de processos físicos (centrifugação e 
congelamento), enquanto hemoderivados são oriundos do 
sangue total ou do plasma, mas a partir de processamento 
físico-químico. 
ANTÍGENOS E ANTICORPOS 
No sangue de cada indivíduo existe um conjunto próprio de 
antígenos, os quais podem ser proteínas ou carboidratos e são 
encontrados sobre a superfície das hemácias, leucócitos e 
plaquetas, além de circularem livremente no plasma. Para fins 
transfusionais, esses antígenos são subdivididos em grupos 
→ Grupos Sanguíneos, em função da semelhança em sua 
estrutura bioquímica. Além disso, em cada grupo existem Tipos 
Sanguíneos, definidos pelo antígeno do grupo que está 
presente. 
Quando um indivíduo é exposto a um antígeno sanguíneo 
estranho ao seu organismo, ele desenvolve anticorpos contra 
aquele antígeno pelo processo de aloimunização, sendo que os 
anticorpos formados são chamados de aloantiorpos. 
Obs: Para alguns indivíduos a aloimunização só ocorre após uma 
primeira transfusão de sangue não compatível ou gestação 
(se o feto tiver antígenos diferentes da mãe), entretanto, 
para outros a aloimunização é dita natural, pois micro-
organismo ubíquos do meio ambiente secretam substâncias 
que “mimetizam” seus antígenos, então as pessoas acabam 
adquirindo aloanticorpos direcionados contra antígenos que não 
possuem. Nesse segundo grupo, as reações adversas já 
ocorrem na primeira hemotransfusão, visto que a pessoa foi 
aloimunizada de forma “natural”. 
O grupo sanguíneo “mais importante” para a medicina 
transfusional é o ABO, isso devido a sua carga antigênica ser 
quantitativamente grande no sangue humano e também pelo 
fato de que é o grupo para o qual a aloimunização natural 
ocorre com mais frequência e intensidade. 
Existem 5 tipos sanguíneos dentro deste grupo: A, B, AB, O e 
Obombay → grupo A é definido por um carboidrato (N-
acetilgalactosamina) ligado à substancia H presente na 
superfície celular; grupo B é definido por galactose ligada à 
substancia H; grupo AB ambos os carboidratos estão 
presentes; grupo O nenhum desses carboidratos é 
encontrado, apenas a substancia H; no grupo Obombay 
(raríssimo <0,1%) nem a substancia H está presente. Os 
aloanticorpos relacionados ao grupo ABO são chamados de 
isoaglutininas. 
O segundo grupo sanguíneo de importância é o Rh, o qual 
possui mais de 40 antigenos, entre eles, apenas 5 costumam 
ser encontrados em combinações variadas. O principal é o 
antígeno D, sendo que a sua presença indica positividade do 
Rh e a ausência indica negatividade do Rh. 
As implicações disso é que quem não tem antígeno D (Rh-) 
desenvolve uma poderosa aloimunização se vier a receber 
sangue Rh+ ou se tiver uma gestação com feto Rh+. Nessa 
primeira exposição não é observada nenhuma RA, entretanto, 
nas subsequentes ocorrerá uma reação hemolítica
 
 2 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
transfusional ou doença hemolítica perinatal (IgG consegue 
cruzar a placenta). 
TESTAGEM PRÉ-TRANSFUSÃO : 
Toda vez que solicitamos uma hemotransfusão, o banco de 
sangue realiza uma serie de procedimentos visando à seleção 
da bolsa de sangue mais apropriada para o paciente. Os 3 
testes feitos de rotina são: 1) tipagem sanguínea; 2) screening 
de aloanticorpos; 3) prova cruzada. 
1) Tipagem: realizada em 2 etapas → na 1ª – Forward 
Type, amostras e sangue do paciente são misturadas a 
diversos “anti-soros” (soros contendo anti-A e anti-B ou anti-
D), logo por meio da aglutinação, percebemos a presença do 
antígeno em questão. Na 2ª etapa – Reverse Type, o soro do 
paciente é misturado com hemácias de diferentes tipos ABO, 
permitindo a identificação das isoaglutininas presentes em seu 
sangue, nessa não se pesquisa o anti-D, pois, em geral não 
ocorre a “aloimunização natural” contra o antígeno D. 
EXEMPLO → o sangue O negativo não aglutinará em nenhum 
momento durante a primeira etapa (ausência de antígenos A, 
B e D), porém, ocorrerá aglutinação em todos os testes da 
segunda etapa (presença de isoaglutininas anti-A e B). 
2) Screening: objetiva identificar a presença de aloanticorpos 
contra outros grupos sangujneos. Utilizam-se múltiplas 
amostras de hemácias “tipo O” que sabidamente possuem 
antígenos específicos de certos grupos. 
3) Reação Cruzada: uma bolsa de sangue aprovada nas 
etapas anteriores terá uma líquota retirada e submetida á 
mistura direta com o sangue do paciente. Se não houver 
aglutinação, isso confirma a compatibilidade ABO e Rh, além de 
afastar a presença de aloanticorpos clinicamente 
significativos contra outros grupos sanguíneos, nesse caso, a 
transfusão é segura. 
HEMOCOMPONENTES: 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS (CHA): eritrócitos 
que permanecem na bolsa depois que esta é centrifugada e o 
plasma extraído para uma bolsa-satélite. Tem validade 35-42 
dias. 
Os CH podem ser desleucocitados/leucodepleção com a 
utilização de filtros para leucócitos. Esse processo deve ser 
feito no momento da coleta sanguínea, pois diminui o acúmulo 
de citocinas pró-inflamatórias secretadas por leucócitos, 
portanto, ↓ chance de reação febril não hemolítica, bem como 
a chance de transmissão de citomegalovírus, já que este fica 
latente dentro dos leucócitos. 
A irradiação inativa leucócitos remanescentes na bolsa após 
leucodepleção ao destruir cadeia de DNA de células nucleadas. 
Assim, não afeta hemácias e plaquetas (não tem núcleo). 
 3 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
Sendo feito em paciente profundamente imunodeprimidos ou 
quando o doador for parente de 1° grau do receptor, os quais 
podem desenvolver a doença de enxerto vesus hospedeiro 
transfusional (os leucócitos do doador não são eliminados elo 
sistema imune do receptor, passando a atacar os órgãos e 
tecidos deste último, o que é evitado com a irradiação da bolsa). 
OBS: Imunossuprimidos crônicos com anti-CMV negativo só 
podem receber CH desleucocitado. 
OBS: Há ainda os CH desplamatizados, pela técnica de lavagem 
com solução salina fisiológica preferencialmente em sistema 
fechado, para paciente com história de reação transfusional 
alérgica (urticária). Nesse segundo caso, o plasma é o grande 
responsável por esse tipo de reação, principalmente se o 
receptor possuir uma deficiência congênita de IgA, logo, uma 
transfusão previa irá induzí-lo a produzir anticorpos anti-IgA, 
o que justifica a reação alérgica após uma nova transfusão. 
*Pacientes com história de anafilaxia induzida por 
hemotransfusão, só poderão receber PFC de indivíduos 
igualmente deficientes em IgA. 
- Indicação: hemorragia aguda, pré e perioperatório e anemias. 
Tratar, prevenir iminentemente a inadequada liberação de O2. 
Anemias (se Hb < 7g/dl; ou Hb 7-10 + avaliar quadro clínico, 
pois pacientes com DPOC, cardiopatia isquêmica, > 65 anos 
sintomáticos são indicações de CH com Hb entre 7-10). 
Hemorragias agudas quando a perda volêmica for > 30% com 
sinais e sintomas claros (FC > 100-120 bpm + hipotensão + 
queda do debito urinário + ↑ FR + enchimento capilar > 2seg + 
alteração do nível de consciência) requer reposição de CH em 
conjunto com a reposição de cristaloides. 
Pré-operatório, se hb < 8g/dl ou Ht< 24% em perdas 
sanguíneas previstas >250ml/h ou > 1L; 
-Contraindicação: Condições que não se enquadram na 
indicação, como hb > 10g/dl. 
-Dose e administração: Cada bolsa de CH eleva a hemoglobina 
em 1g/dl e o Ht aumenta em 3%. Tempo de infusão de 1 U é 
de 60-120 minutos. Em RN o volume transfundido não pode 
passar de 15mL/Kg/h e velocidade 20-30mL/kg/h. Avalia-
se o Hb e Ht 1-2h pós infusão. 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS CONGELADAS : 
concentrados de hemácias conservadas em temperaturas 
iguais ou inferiores a 65ºC negativos,na presença de um 
agente crioprotetor; 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
REJUVENESCIDAS: concentrados de hemácias 
modificados por método que restabeleça os níveis normais de 
2,3-difosfoglicerato (2,3 DPG) e adenosina trifosfato (ATP); 
CONCENTRADO DE PLAQUETAS: suspensão de 
plaquetas em plasma rico em plaquetas, preparado mediante 
dupla centrifugação de uma unidade de sangue total ou por 
aférese de doador único. Pode ser na forma desleucocitado; 
- Indicação: Plaquetopenias desencadeadas por → 
1) Falência medular (doenças hematológicas, radioterapia, 
quimioterapia, transplante medular); 
2) Paciente com disfunção congênita (mas somente algumas 
doenças); 
3) Pré-procedimentos cirúrgicos ou invasivos; 
4)Sangramentos que não foram contidos com antifibrinolíticos; 
5) Coagulopatia Intravascular Disseminada (CID) + hemorragia; 
6) Púrpura trombocitopênica imune + sangramento grave; 
7) Plaquetometria < 50.000 + sangramento ativo. 
OBS: As plaquetopenias por tempo determinado, como 
quimioterapia e radioterapia, se faz infusão profilática se 
contagem < 10.000μL sem fatores de risco, ou <20.000μl 
se febre, manifestações hemorrágicas (petéquias, equimoses, 
gengivorragia), esplenomegalia, hiperleucocitose 
>30.000/mm3, queda rápida da contagem de plaquetas. Nos 
pacientes pediátricos, se faz caso tenho <5.000μL. Se for 
de caráter crônico, a transfusão no adulto é avaliada quando 
<5.000 ou 10.000, se sangramento. 
-Contraindicação: Plaquetopenia induzida por heparina e 
púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) 
- Dose e administração: 1 dose de CP para 7-10Kg do paciente. 
Tempo de infusão 20-30ml/kg/hora. Reavaliar após 30 min 
da transfusão. A transfusão de 6 concentrados deve 
aumentar, em 1 h, em 30.000 as plaquetas. Se o incremento 
após esse período for inferior a 10.000/mm3, diz-se que é 
refratário a transfusão. 
PLASMA FRESCO CONGELADO (PFC): contém 
TODOS os fatores de coagulação, além das outras proteínas 
 4 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
circulantes, como a albumina. Atualmente, não se utiliza mais o 
PFC para expansão volêmica ou cicatrização pós-operatória, 
ainda que seja útil nessas circunstâncias. 
-Indicação: Intoxicação por cumarínicos, Insuficiência hepática 
(perda dos fatores I, II, VII, IX, X); CIVD (coagulopatia 
intravascular disseminada); Coagulopatias hereditárias (exceto 
hemofilia A); PTT (púrpura trombocitopênica trombótica). 
Indica-se também se o paciente tiver alguma dessas doenças 
anteriores e for submetido a procedimento invasivo, associado 
a um coagulograma com INR > 1,5, atividade de protrombina < 
50% ou PTTa > 55s (relação > 1,5) ou sangramento por 
coagulopatia. Na PTT, a transfusão de plasma fresco pode ser 
uma alternativa à plasmaférese. 
-Contraindicação: Sangramentos sem coagulopatia, usar como 
expansor volêmico, testes anormais de coagulopatia sem 
sangramento, perda proteica. 
- Dose e administração: 10-15 mL/Kg aumenta 20-30% os 
níveis de fatores de coagulação. Tempo máximo de infusão é 
1h. Quando for usar, descongelar em banho maria a 37°C. Não 
há necessidade da realização de provas de compatibilidade 
antes da transfusão de PFC. 
CRIOPRECIPITADO: fração de plasma insolúvel em frio, 
obtida a partir do plasma fresco congelado, contendo 
glicoproteínas de alto peso molecular, principalmente fator VIII, 
fator de Von Willebrand, fator XIII, fibronectina e fibrinogênio; 
- Indicação: 
1) CIVD 
1) Hipofibrinogenemia congênita ou adquirida (<100mg/dl); 
2) Disfibrinogemia; 
3) Doença de von Willebrand, deficiência do fator XIII; 
4) Tratamento de sangramentos ou procedimento invasivo em 
pacientes urêmicos 
-Contraindicação: Hemofilia A, doença de von willebrand 
(exceto se não responder ao DDAVP, nesse caso, pode usar 
crioprecipitado). 
-Dose e administração: O crioprecipitado contém anticorpos 
ABO, portanto sempre que possível utilizar componente ABO 
compatível. Antes da infusão, o crioprecipitado deve ser 
descongelado entre 30°C e 37°C no prazo de até 15 minutos 
e transfundido de imediato. Cálculo para saber a quantidade de 
crioprecipitado será necessário para corrigir fibrinogênio 
(<80-100mg/dl). Ou pode fazer a estimativa de 1-1,5 bolsas 
de crioprecipitado para cada 10Kgs do paciente e reavaliar a 
cada 3-4 dias. 
CONCENTRADOS DE GRANULÓCITOS (CG): são 
hemocomponentes obtidos por aférese de doador único. Como 
a função dos granulócitos se deteriora mesmo durante curto 
armazenamento, os CG devem ser transfundidos, assim que 
possível após a coleta. 
-Indicação: Neutropenia < 500/μl; pacientes com graves 
defeitos hereditários da função neutrofílica, como os 
portadores de doença granulomatosa crônica, durante 
episódios infecciosos que coloquem em risco suas vidas. 
Neonatos sépticos com infecção grave com neutrófilos 
<3000/μl 
-Contraindicação: uso de transfusões de granulócitos a 
inexistência de possibilidade terapêutica para a patologia de 
base, sendo também irreal transfundir granulócitos em 
receptores dos quais não se espera recuperação da MO em 
um período razoável de tempo. Pacientes aloimunizados para 
os antígenos HLA e/ou de neutrófilos, quando não for possível 
a obtenção de granulócitos compatíveis. 
Dose e administração: CG apresentam importante quantidade 
de hemácias que devem ser ABO compatíveis com o plasma 
dos receptores, sendo obrigatória a realização de teste de 
compatibilidade entre as hemácias do doador e o soro/plasma 
do receptor da transfusão. Os concentrados de granulócitos 
devem ser administrados em ambiente hospitalar, sob 
supervisão médica, utilizando-se filtros-padrão de transfusão 
de 170-200µm, lentamente em 1 a 2 horas de infusão (1,0 x 
1010/hora). 
USO CLÍNICO DE HEMOCOMPONENTES 
A Hemoterapia moderna se desenvolveu baseada no preceito 
racional de transfundir-se somente o componente que o 
paciente necessita, baseado em avaliação clínica e/ou 
laboratorial, não havendo indicações de sangue total. As 
indicações básicas para transfusões são restaurar ou manter 
a capacidade de transporte de oxigênio, o volume sanguíneo e 
a hemostasia. Esse procedimento só deve ser feito se existir 
uma indicação precisa + nenhuma outra opção terapêutica 
possível. 
 5 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
Antes de fazer a transfusão o médico deve ter em mente 
alguns princípios: 1- a indicação deve ser feita apenas por 
médicos e baseada em critérios clínicos; 2- toda transfusão 
traz riscos; 3- esta só deve ser feita quando os benefícios 
forem maiores que os malefícios. 
Entre as considerações gerais da transfusão, há: 
❖ Não existe contraindicação absoluta à transfusão 
em pacientes com febre. É importante diminuir a febre antes 
da transfusão, porque o surgimento de febre pode ser um 
sinal de hemólise ou de outro tipo de reação transfusional; 
❖ Nenhuma transfusão deve exceder o período de 
infusão de 4 horas. Se maior, parar; 
❖ Não deve ser adicionado nenhum fluido ou droga ao 
produto hemoterápico a ser transfundido; 
❖ Hemácias podem ser transfundidas em acesso 
venoso compartilhado, apenas, com cloreto de sódio 0,9% 
(SF). É desnecessário diluir o concentrado de hemácias antes 
da infusão. 
HEMODERIVADOS 
São medicamentos produzidos em escala industrial, obtidos a 
partir do plasma sanguíneo. São utilizados para doenças como 
Hemofilia; Doença de Von Willebrand; Coagulopatias raras; 
imunodeficiências primárias. Os tipos mais frequentes de 
hemoderivados disponíveis no Brasil são: 
- Albumina: para pacientes queimados, com cirrose e de 
Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 
- Complexo Protombínico: conjunto de proteínas que atua na 
coagulação sanguínea, indicado para o tratamento de alguns 
casos de hemofilia A e B e de pacientes com sangramento 
devido à cirrose hepática. Também pode ser usado no 
processo de recuperação de pessoas que utilizam 
medicamentos anticoagulantes e apresentam hemorragias. 
- FatorVIII: proteína da coagulação utilizada no tratamento de 
pessoas com hemofilia A. 
- Fator IX: proteína da coagulação utilizada no tratamento de 
pessoas com hemofilia B. 
- Fator de von Willebrand: proteína de coagulação indicada 
para o tratamento da doença de von Willebrand. 
- Imunoglobulina: hemoderivado de maior consumo no mundo, 
empregado no tratamento de pessoas com AIDS e outras 
deficiências imunológicas, além de doenças autoimunes e 
infecciosas. 
OBS: TRANSFUSÃO MACIÇA 
Tem diversas definições, entra as quais destaca-se: Reposição 
de sangue correspondente a uma volemia (75mL/kg), ou 
superior, em 24 horas (10U a 12U de concentrados de 
hemácias em um indivíduo adulto); ou reposição equivalente a 
50% da volemia corporal de sangue em 3 horas; ou perda de 
1,5 mL de sangue por kg/min por pelo menos 20 minutos; ou 
transfusão de mais que 4 U de CH em 1 hora. 
ALTERNATIVAS À HEMOTRANSFUSÃO 
O sangue oriundo do próprio paciente (transfusão autóloga) 
pode ser empregado em situações bastante restritas (ex.: 
coleta e reinfusão do sangue extravasado no sítio cirúrgico ou 
obtido numa drenagem pós-operatória estéril). Contudo, 
mesmo nestes casos, a hemotransfusão não é um 
procedimento isento de riscos, haja vista que os mesmos 
erros logísticos e técnicos por parte do serviço de 
hemoterapia podem incidir sobre esses pacientes. Diversos 
produtos que visam substituir o sangue já foram desenvolvidos 
e estudados, mas nenhum demonstrou eficácia e segurança. 
Sempre que possível, na ausência de contraindicações, 
devemos tentar o tratamento conservador de potenciais 
candidatos à hemotransfusão, utilizando fatores 
estimuladores da hematopoiese (ex.: eritropoietina 
recombinante, GM-CSF, análogos da trombopoietina). 
DIAGNOSTICAR E TRATAR AS REAÇÕES 
ADVERSAS E COMPLICAÇÕES 
TRANSFUSIONAIS 
SEMPRE que suspeitarmos de qualquer complicação a 
transfusão deve ser imediatamente interrompida, 
notificando-se o banco de sangue para que tenha início um 
processo investigativa. As reações adversas podem ser 
imunes ou não imunes, as primeiras geralmente são mediadas 
por anticorpos pré-formados no soro do receptor ou do 
doador e, mais raramente, por leucócitos do doador presentes 
no hemocomponente transfundido. Já as segundas são 
mediadas por fatores químicos ou físicos relacionados aos 
hemocomponentes ou seus aditivos (ex: conservantes, 
anticoagulantes). 
 6 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
REAÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA : 
É a + comum de todas as reações (1-4 casos a cada 100 
transfusões). A causa dessa reação é a presença de 
anticorpos anti-HLA no soro do receptor que “atacam” os 
leucócitos do doador → citocinas pirogênicas → processo 
febril. Tal reação pode ser prevenida com a leucodepleção dos 
hemocomponentes. É um diagnostico de exclusão, quando 
outras causas possíveis de febre são descartadas em um 
paciente com calafrios e aumento de temperatura > ou = 1ºC 
durante a transfusão. 
Conduta: interrupção da transfusão e administração de 
antitérmicos, sendo o prognostico excelente. 
OBS: Politransfundidos e as multíparas tem chances maiores 
de aloimunização contra o HLA, logo possuem maior risco de 
desenvolver uma RFNH. 
INJÚRIA PULMONAR AGUDA RELACIONADA À 
TRANSFUSÃO (TRALI) 
É a principal causa de morte relacionada a transfusão. É 
também causada pela presença de anticorpos anti-HLA 
(sangue doador) só que dessa vez os anticorpos atacam os 
leucócitos do receptor, promovendo sua agregação e 
degranulação no interior do leito vascular pulmonar → 
aumenta a permeabilidade dos capilares alveolares → edema 
pulmonar não cardiogênico. O quadro se inicia durante ou até 
6h após o término da transfusão, evoluindo com dispneia 
progressiva, hipoxemia e infiltrados bilaterais no RX de tórax. 
Geralmente os doadores são multíparas. 
Conduta: medidas de suporte de acordo com a necessidade 
(ex: VNI, intubação + ventilação mecânica), sendo que a maioria 
se recupera sem sequelas pulmonares após 3 ou 4 dias. 
OBS: o diagnóstico é feito pela documentação de anticorpos 
anti-HLA no sangue doado, e o banco de sangue deve notificar 
o evento à rede nacional de hemovigilância. 
REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL 
AGUDA: 
Ocorre devido a presença de aloanticorpos pré-formados no 
soro do receptor que “atacam” as hemácias transfundidas, 
causando hemólise intravascular. A forma + comum é a 
incompatibilidade ABO e na maioria das vezes ocorre devido a 
um erro operacional, por etiquetagem incorreta ou transfusão 
do paciente errado. O quadro é marcado pela ocorrência 
(minutos após a transfusão) de desconforto na região do 
acesso venoso, febre com calafrios, taquipneia, taquicardia, 
hipotensão arterial, dor no peito, nos flancos e hematúria. Em 
relação a achados laboratoriais temos → marcadores de 
hemólise (aumento de LDH e bilirrubina indireta, queda da 
haptoglobina, hemoglobinemia, hemoglobinúria) e coagulação 
intravascular disseminada (queda de plaquetas e do 
fibrinogênio, aumento de PDF’S) a qual é induzida pela liberação 
de fator tecidual das hemácias lisadas. Em casos + graves pode 
ocorrer IRA pela deposição de imunocomplexos e/ou necrose 
tubular aguda (NTA) secundaria à hemoglobinúria. 
Conduta: interromper a transfusão, hiper hidratar o paciente, 
“forçando” sua diurese. Nesse sentido, com o paciente 
volemicamente reposto pode-se administrar furosemida ou 
manital, lavando a hemoglobina dos túbulos renais e evitando 
uma possível NTA. 
Confirmação diagnóstica: achados de hemólise comparando 
amostras do sangue antes e após a transfusão e 
comprovando que é um mecanismo imunomediado através do 
teste de Coombs Direto. É mandatório que a tipagem 
sanguínea e a prova cruzada sejam repetidas e que aja uma 
revisão de prontuário e da prescrição. 
REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL 
TARDIA 
Também é causada por aloanticorpos no soro de um receptor 
previamente aloimunizado, entretanto, diferente da RHT 
aguda, aqui esses aloanticorpos inicialmente estão presentes 
em baixos títulos, sequer sendo detectados nas testagens 
pré-transfusionais de rotina, logo, nem sempre dá pra 
prevenir. Depois de 1-2 semanas da transfusão, por um 
mecanismo de “memoria imunológica” a síntese desses 
 7 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
aloanticorpos aumenta, levando a hemólise progressiva e 
gradual das hemácias transfundidas. O quadro é muito mais 
brando do que a forma aguda e a principal manifestação é a 
queda dos níveis hematimétricos (podem retornar aos valores 
pré-transfusionais); o teste de Coombs direto é positivo. 
Conduta: não há necessidade de nenhuma intervenção 
terapêutica. 
REAÇÃO ALÉRGICA/ANAFILÁTICA: 
Ocorre devido a proteínas plasmáticas do doador para a quais 
o receptor já foi previamente sensibilizado. Nas formas 
brandas, onde há reações cutâneas urticariformes, a conduta 
é interromper a hemotransfusao e administrar anti-
histaminicos, podendo retomar o processo de 
hemotransfusao quando os sintomas forem resolvidos. 
Pacientes que já tem histórico de reações urticariformes 
devem ser pré-medicados com anti-histaminicos, recebendo 
concentrados de hemácias “lavadas”. Nas formas + graves, o 
quadro anafilático (urticaria, edema de glote, broncoespasmo, 
hipotensão arterial) já começa após a transfusão dos 
primeiros mL de sangue, devendo ser suspensa 
imediatamente a hemotransfusão e administração subcutânea 
de adrenalina + glicocorticoide IV + anti-histamínicos. 
OBS: as chances dessa reação anafilática são maiores em 
portadores de deficiência congênita de IgA, os quais só podem 
receber hemácias lavadas e PFC oriundo de pacientes 
igualmente deficientes para a IgA. 
DOENÇA ENXERTO VS HOSPEDEIRO 
TRANSFUSIONAL 
Mediada por LT do doador, cursa com quadro clinico 
essencialmente idêntico ao da doença enxerto vs hospedeiro, 
a qual acomete receptores de transplante de células 
hematopoiéticas → febre,rash cutâneo, diarreia e 
alterações da função hepática, a diferença é que nessa as 
chances de aplasia medular e consequente pancitopenia são 
maiores. É possível que os LT do doador não sejam eliminados 
pelo sistema imune do receptor por 2 motivos: 1) o receptor 
está profundamente imunodeprimido; 2) o doador e receptor 
são parentes, apresentando compatibilidade parcial em 
relação ao HLA. Em ambos os casos, os LT sobreviventes irão 
elaborar uma resposta imune voltada contra o HLA do 
receptor, o que vai causar lesão de múltiplos órgãos e tecidos 
simultaneamente. A doença é de péssimo prognostico, 
geralmente é resistente ao tratamento imunossupressor, a 
sintomática inicia 8-10 dias após a transfusão. Para pacientes 
de alto risco a prevenção é feita com a irradiação das bolsas 
de hemocomponentes “celulares”. 
PÚRPURA PÓS-TRANSFUSIONAL 
Surgimento de trombocitopenia progressiva 7-10 dias após 
transfusão de plaquetas. Ocorre devido a formação, pelo 
sistema imune receptor, de anticorpos direcionados contra 
antígenos das plaquetas exógenas (geralmente antiHPA 1ª), os 
quais acabam exercendo reatividade cruzada contra antígenos 
semelhantes encontrados nas plaquetas nativas do receptor. 
Conduta: imunoglobulina humana intravenosa (bloqueio à 
destruição das plaquetas opsonizadas no baço), podendo-se 
associar plasmaferese em casos mais graves 
 
REAÇÕES NÃO IMUNES 
SOBRECARGA CIRCULATÓRIA ASSOCIADA À 
TRANSFUSÃO (TACO): 
Principal diagnóstico diferencial da TRALI, sendo que aqui há 
um aumento nas pressões de enchimento do coração 
esquerdo, isto é, trata-se de um edema agudo de pulmão 
cardiogênico. Infusão rápida e em altas quantidades de 
hemocomponentes que são excelentes expansores volêmicos, 
logo, indivíduos com função cardíaca limítrofe uma infusão 
rápida demais ou em grandes quantidades pode levar a uma 
congestão circulatória. O quadro clínico é semelhante ao da 
TRALI, com dispneia, hipoxemia e infiltrados bilaterais no RX de 
tórax, além de HAS principalmente sistólica. 
Conduta: suspensão temporária da transfusão + 
diureticoterapia + medidas de suporte quando necessárias 
(VNI, suplementação de O2). 
HIPOTERMIA 
Como as bolsas de hemácias são armazaenadas sob 4ºC e 
alguns hemocomponentes (ex:plasma) são mantidos a -18ºC 
uma infusão às pressas e em grandes quantidades, como 
numa hemotransfusao maciça (8-10 bolsas em 24h), isso pode 
fazer com que haja a redução da temperatura corporal 
subitamente. Isso pode afetar o nódulo sinoatrial, o sistema 
 8 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
hemostático (as plaquetas “geladas” não funcionam direito). A 
prevenção dessa complicação é o uso de sistemas de 
aquecimento acoplados ao equipo de transfusão. 
DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS E 
ACIDOBÁSICOS 
Com o passar do tempo é normal que o K+ extravase das 
células presentes nas bolsas de sangue, logo, a 
hemotransfusao de bolsas “mais velhas” pode levar a 
hipercalemia, principalmente em neonatos e portadores de 
DRC avançada. Nesses casos, os indivíduos só devem receber 
hemácias frescas ou lavadas (processo que ao remover o 
plasma, elimina o excesso de K). O citrato é muito utilizado 
como anticoagulante na conservação do CHA, visto que é um 
quelante de cálcio (lembrando que o Ca é importante para a 
cascata de coagulação), logo em uma transfusão maciça 
também há risco de hipocalcemia aguda e alcalose metabólica 
(citrato → bicarbonato). 
TROMBOCITOPENIA E COAGULOPATIA 
“DILUCIONAIS” 
Numa hemotransfusão maciça pode surgir trombocitopenia, já 
que as bolsas de CHA não possuem plaquetas, logo, um grande 
volume de CHA acaba diluindo as plaquetas circulantes do 
paciente. Não é indicada a transfusão profilática de plaquetas 
nesta situação, mas se houver sangramento associado a uma 
plaquetometria < 50.000 → transfusão terapêutica. O 
mesmo raciocínio serve para os fatores de coagulação 
circulantes → redução na capacidade de formar coágulos. 
HEMOCROMATOSE SECUNDÁRIA 
Portadores de doenças anêmicas crônicas podem acabar 
sendo hipertransfundidos, visto que uma unidade de CHA 
contém 200-250mg de ferro. Logo isso pode acarretar uma 
sobrecarga tecidual de ferro (disfunção hepática, cardíaca e 
endócrina). 
Conduta: o ideal é prevenir, transfundindo esses pacientes 
somente quando necessário e utilizando estratégias 
antianemicas alternativas (eritropoetina recombinante). 
Quando o quadro já está instalado, pode-se utilizar os 
quelantes de ferro como a deferoxamina (parenteral). 
 
EPISÓDIOS HIPOTENSIVOS 
Assim como o K, conforme o tempo passa a bolsa armazenada 
acumula bradicinina, nesse sentido, pacientes que fazem o uso 
de inibidores da ECA possuem níveis aumentados de 
bradicinina, logo, após a transfusão esses níveis podem ser 
subitamente aumentados, o que reduz a RVP e a PA. 
IMUNOMODULAÇÃO 
A hemotransfusão é um processo que diminui a imunidade, 
devido a liberação de citocinas imunomodulatórias pelos 
leucócitos presentes no hemoderivado. A leucodepleção 
teoricamente diminui esse risco. 
SEPSE BACTERIANA 
Poucas bactérias conseguem sobreviver em baixas 
temperaturas, entretanto, germes gram-negativos como a 
Yersinia, Pseudomonas, Escherichia são capazes de 
sobreviver e se proliferar entre 1-6ºC, responsáveis pela 
maioria dos raros casos de contaminação desses 
hemoderivados. Nesse caso, as chances de contaminação são 
maiores em concentrados de plaqueta (mantidos em 
temperatura ambiente) do que em CHA e PFC, esses primeiros 
podem ser contaminados por germes gram-positivos da pele 
como o Staphylococcus. O quadro clinico é de sepse 
grave/choque séptico fulminante. 
Conduta: interrupção imediata da transfusão + medidas de 
suporte + antibioticoterapia empírica de amplo espectro. 
ASPECTOS BIOÉTICOS RELACIONADOS A 
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: DIREITOS DO 
PACIENTE, LEGISLAÇÃO E DIRETRIZES 
• Segundo a resolução de 17 de julho de 2019, a 
recusa terapêutica é um direito do paciente a ser respeitado 
pelo médico, desde que esse o informe dos riscos e das 
consequências previsíveis de sua decisão, em tratamento 
eletivos e para maiores de 18 anos. 
• O médico, diante da recusa terapêutica do paciente, 
pode propor outro tratamento quando disponível. 
• Em situações de risco relevante à saúde, o médico 
não deve aceitar a recusa terapêutica de paciente menor de 
idade ou de adulto que não esteja no pleno uso de suas 
faculdades mentais, independentemente de estarem 
representados ou assistidos por terceiros. 
• Em caso de discordância insuperável entre o médico 
e o representante legal, assistente legal ou familiares do 
 9 Paula Gabriela Nascimento Gonçalves – M14P1 
paciente menor ou incapaz quanto à terapêutica proposta, o 
médico deve comunicar o fato às autoridades competentes 
(Ministério Público, Polícia, Conselho Tutelar etc.), visando o 
melhor interesse do paciente. 
• A recusa terapêutica não deve ser aceita pelo 
médico quando caracterizar abuso de direito (a recusa 
terapêutica que coloque em risco a saúde de terceiros ou ao 
tratamento de doença transmissível ou de qualquer outra 
condição semelhante que exponha a população a risco de 
contaminação), isso em casos de gestantes deve ser analisado 
na perspectiva do binômio mãe/feto. 
• O médico assistente em estabelecimento de saúde, 
ao rejeitar a recusa terapêutica do paciente deverá registrar 
o fato no prontuário e comunicá-lo ao diretor técnico para que 
este tome as providências necessárias perante as 
autoridades competentes, visando assegurar o tratamento 
proposto. 
• É direito do médico a objeção de consciência 
(consiste no direito do médico de se abster do atendimento 
diante da recusa terapêutica do paciente, não realizando atos 
médicos). 
• A interrupção da relação do médico com o paciente 
por objeção de consciência impõe ao médico o dever de 
comunicar o fato ao diretor técnico do estabelecimento de 
saúde, visando garantir a continuidade da assistênciapor outro 
médico. 
• Na ausência de outro médico, em casos de urgência 
e emergência e quando a recusa terapêutica trouxer danos 
previsíveis à saúde do paciente, a relação com ele não pode 
ser interrompida por objeção de consciência, devendo o 
médico adotar o tratamento indicado, independentemente da 
recusa terapêutica do paciente. 
• A recusa terapêutica regulamentada nesta 
Resolução deve ser prestada, preferencialmente, por escrito 
e perante duas testemunhas quando a falta do tratamento 
recusado expuser o paciente a perigo de morte. 
CONHECER AS POLÍTICAS DE SANGUE DO 
PAÍS 
• Em 1969, o Professor Pierre Cazal, consultor da 
OMS, elaborou um diagnóstico conhecido como “Relatório 
Cazal”, sinalizando estratégias que, a partir da década de 
1980, influenciariam o processo de reforma da política de 
sangue no Brasil. O relatório cita, por exemplo, a 
sistematização da doação voluntária como uma legítima 
finalidade social, a organização da rede de instituições ligadas 
à prática de hemoterapia, a normatização da produção, 
distribuição e utilização do sangue e seus componentes, a 
regulação da indústria dos hemoderivados, a promoção da 
pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico, a 
instituição de controle de qualidade e a fiscalização sanitária. 
• A perspectiva das redes de hemoterapia e 
regulação é garantir sangue e componentes oportunamente 
e com qualidade e segurança à população distribuída por toda 
a extensão territorial do país. 
• Os procedimentos e as atividades técnicas são 
estabelecidos pelo Ministério da Saúde, e os requisitos de boas 
práticas aplicadas ao ciclo produtivo do sangue e aos 
procedimentos transfusionais são determinados pela 
autoridade reguladora nacional. 
• Além disso, outra atribuição dada pela Lei do Sangue 
à regulação, além da vigilância de serviços e produtos do 
sangue, é a obrigatoriedade de registros e autorizações 
sanitárias para comercialização de materiais e insumos que, 
de alguma forma, entrem em contato com o sangue coletado 
para fins transfusionais, por exemplo, bolsas de sangue, 
dispositivos de transfusão e de aféreses, dispositivos para 
conexão estéril, soluções estéreis para lavagem de 
hemocomponentes e reagentes e insumos para laboratórios 
de triagem. 
• O modelo de regulação de sangue adotado no Brasil 
é fruto da percepção histórica do papel do Estado no contexto 
do gerenciamento dos riscos transfusionais. Assim como em 
todo o mundo, no Brasil observou-se o sucesso das políticas 
de sangue após a década de 1990, com base em doação 
voluntária, obrigatoriedade de testes de triagem para agentes 
infecciosos, constituição de rede estruturada de serviços 
produtores e assistenciais e em uma forte instituição estatal 
reguladora.

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