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DEGENERAÇÕES - PATOLOGIA

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Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1. DEGENERAÇÕES CELULARES 
1.1 DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA 
1.2 DEGENERAÇÃO PROTEICA 
1.2.1 Degeneração hialina. 
1.2.2 Degeneração mucoide. 
1.3 DEGENERAÇÃO POR LIPÍDEOS 
1.3.1 Degeneração gordurosa – esteatose. 
1.3.2 Lipidoses. 
1.4 DEGENERAÇÃO POR CARBOIDRATOS 
1.4.1 Glicogenoses. 
1.4.2 Mucopolissacaridoses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
3 
 
DEGENERAÇÕES CELULARES 
São alterações bioquímicas do metabolismo celular que geram danos não letais, usualmente reversíveis, com 
consequente perda da habilidade celular para manter a homeostase normal ou adaptada, resultando no 
acúmulo de substâncias em seu interior. É alterada apenas a morfologia celular, isto é, a estrutura celular, o 
interstício do tecido permanece inalterado. 
As substâncias acumuladas pertencem a três categorias, podendo ser um componente celular normal 
(elementos químicos encontrados naturalmente nas células, como água, proteínas, lipídios e eletrólitos), uma 
substância anormal exógena (mineral, agentes infecciosos) ou uma substância anormal endógena (produtos da 
síntese ou do metabolismo anormal). É possível uma célula apresentar mais de um tipo de degeneração. 
RESPOSTA CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As células normalmente se encontram no estado de homeostasia, dado pelo equilíbrio entre as demandas 
fisiológicas. Caso a célula passe por um estresse fisiológico, ela pode se adaptar, através de alterações 
estruturais e funcionais reversíveis a fim de suportar esse novo meio e alcançar novamente o estado de 
homeostasia, a célula então sobrevive e continua a funcionar, porém, ela estará adaptada (alterada). Ao eliminar 
o fator estressor, a célula retorna ao seu estado original, sem gerar lesões. Entretanto, nem sempre as células 
passam pelo processo de adaptação, um estímulo mais intenso pode gerar diretamente a lesão, logo, o quadro 
de lesão celular pode ocorrer de duas formas: caso o limite adaptativo seja ultrapassado ou caso ocorra algum 
estímulo mais nocivo às células. 
As lesões celulares são usualmente reversíveis, isto é, possuem um ponto crítico, se o estímulo persistir ou for 
muito intenso, a célula pode sofrer uma lesão irreversível e consequentemente, morte celular (apoptose e 
necrose). Neste caso, a reversibilidade significa que, se for retirado o fator que alterou a homeostasia, a célula 
irá sofrer uma lesão reversível e retornará a normalidade. A reversibilidade está ligada à duração e extensão do 
estímulo, ao agente etiológico e ao tipo celular afetado. 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
4 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A NATUREZA 
Degeneração por acúmulo de água – HIDRÓPICA 
Degeneração por acúmulo de proteínas - HIALINA E MUCÓIDE 
Degeneração por acúmulo de lipídeos - ESTEATOSE E LIPIDOSE 
Degeneração por acúmulo de carboidratos - GLICOGENOSES E MUCOPOLISSACARIDOSES 
 
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA 
Tem-se um defeito nas bombas eletrolíticas, levando a uma alteração na permeabilidade da membrana 
plasmática e consequentemente ao acúmulo de água e eletrólitos no interior das células, tornando-as 
tumefeitas (aumentas em volume). 
Sabe-se que as bombas eletrolíticas, também chamadas de canais iônicos, são proteínas de membrana 
responsáveis pelo transporte de íons e água entre o meio intracelular e extracelular, a fim de manter a 
osmolaridade dos meios iguais (isotônicos). Para seu pleno funcionamento desse transporte, além da 
integridade das proteínas de membrana e da membrana plasmática, algumas dessas bombas necessitam da 
presença do ATP (ATP dependente). 
Sendo assim, o não funcionamento dessas bombas pode ocorrer devido a um defeito na integridade da 
membrana, na formação das proteínas ou na produção de ATP. 
CARACTERÍSTICAS 
Menos letal – normalmente não há consequências funcionais graves. Mais comum. Maior propensão à 
reversibilidade. Normalmente estão associadas a outras formas de degenerações. 
FISIOPATOLOGIA 
A osmolaridade do meio intracelular e do meio extracelular, em condições normais, é igual, entretanto ela se dá 
por partículas diferentes, sendo que o meio extracelular é constituído principalmente por sódio e cloro, 
enquanto no meio intracelular tem-se a presença de organelas e potássio. Quem mantém esse equilíbrio 
osmótico são as bombas eletrolíticas. 
Quando se tem uma alteração nessas bombas, por exemplo, uma alteração da bomba de sódio e potássio 
ATPase, ocorre um desequilíbrio osmótico, com movimento de água e sódio para o meio intracelular, com isso o 
meio intracelular fica hipertônico, com osmolaridade intracelular aumentada. Expansão isosmótica é quando se 
tem aumento de sódio e água dentro da célula. 
 
Como o sódio vai para o meio intracelular, o paciente terá uma hiponatremia, com a 
osmolaridade plasmática diminuída (plasma hipotônico). Lembrando que a tonicidade está 
relacionada com a quantidade de solutos, logo, um lugar com mais íons é mais hipertônico. 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
5 
 
Agentes lesivos por alteração estrutural – 
Lesão direta na membrana celular - toxinas com atividade fosfolipase, micro-organismos, radicais livres 
(peroxidação das proteínas e desestruração). 
Alteração na proteína formadora da bomba - desnaturação proteica (calor, pH ou ambiente fora do ideal), 
alteração no processo de síntese proteica (mutações gênicas), deficiência enzimática, alterações gênicas. 
Agentes lesivos por supressão energética – 
Uma alteração na quantidade de ATP disponível, seja por menor produção ou por maior consumo, leva a uma 
alteração da bomba eletrolítica (ATP dependente), que deixa de retirar o sódio de dentro da célula e de pegar o 
potássio, favorecendo a entrada de água e causando expansão isosmótica nessa célula. 
Aumento do consumo de ATP - exercício físico intenso, hipertermia exógena ou endógena (febre). 
Alteração da respiração celular com menor oferta de ATP – 
Glicólise – alterações nessa via tendem a ser mais tardias, decorrentes da diminuição na disponibilidade de O2, 
com isso, a via da glicólise produz ácido pirúvico, mas ele não é destinado ao ciclo de Krebs, em vez disso, ele se 
desvia para a via da fermentação, com produção de ácido lático, responsável pela diminuição do pH celular e 
pelo desacoplamento de ribossomos. 
 
 
 
 
 
OBS: O ácido pirúvico em condições favoráveis, com oxigênio, se destina para a respiração aeróbica, sendo 
direcionado para o ciclo de Krebs como acetil CoA. Entretanto, uma situação de hipóxia, com menor 
disponibilidade de oxigênio, o ácido pirúvico se destina para a fermentação, produzindo ácido lático. 
Ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico) – alteração nas enzimas ou na disponibilidade de reagentes, disponibilidade 
de O2 prejudicada. 
 Alteração das enzimas do ciclo de Krebs – 
Pesticidas – alteram as enzimas do ciclo, levando a uma 
menor produção de ATP. 
 Inibição das enzimas do ciclo de Krebs – 
Inibe a aconitase - fluoracetato. 
Inibe o α-cetoglutarato - etanol, ROS. 
Inibe a succinato desidrogenase - diclorovinilcisteína. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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Cadeia respiratória (fosforilação oxidativa) – alteração na permeabilidade mitocondrial (complexos proteicos), 
disponibilidade de O2 prejudicada. 
 
Comprometimento nos complexos proteicos II, III e IV interrompe a produção na cadeia respiratória, já no 
complexo I não interrompe complemente. Se a produção é interrompida, não tem a produção de ATP. 
 Diminuição da oferta de oxigênio, inibindo a chegada de O2 a cadeia – 
Hipóxia, isquemia - isquemia é a diminuição da oferta de O2 devido a um suprimento insuficiente de sangue no 
local, necessariamente tem-se hipóxia no local isquêmico. Já a hipóxia é o nomedado a deficiência de oxigênio, 
um local com isquemia tem hipóxia, pois não tem a chegada de sangue, mas uma pessoa anêmica pode ter 
hipóxia dos seus tecidos, devido a deficiência de hemoglobina. 
Agentes que causam paralisia respiratória - depressores do SNC, agentes convulsivantes. 
Agentes que causam isquemia - alcaloides do Ergot, cocaína. 
Agentes que inibem o transporte de O2 pela hemoglobina - monóxido de carbono, agentes meta-
hemoglobinzantes. 
 Inibindo o transporte de elétrons - 
Aceptores de elétrons - tetracloreto de carbono, doxorrubicina. 
Comprometimento de aceptores intermediários de elétrons que não seja NAD e FAD. 
Compostos que inibem proteínas da cadeia respiratória - antimicina, cianeto, monóxido de carbono, rotenona. 
 Inibindo a fosforilação do ADP em ATP - 
Inibidores da ATP-sintase - DDT, oligomicina, clordecona. 
Agentes desacopladores da fosforilação oxidativa - fungicidas, herbicidas, amiodarona, pentaclorofenol. 
2,4 dinitrofenol é um desacoplador da fosforilação oxidativa – era um medicamento utilizado como 
emagrecedor, pois leva a um aumento do metabolismo, mas também a hipertermia excessiva causando morte, 
pois a glicose que a pessoa comeu não será convertida em energia, e sim em calor. Era utilizado como 
termogênico no passado. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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Desacopladores também não comprometem completamente a produção de ATP, mas diminuem, como é o caso 
do 2,4 dinitrofenol, pois agem criando poros na crista mitocondrial que desviam o gradiente de prótons (H+), que 
são utilizados na geração de calor e não na produção de ATP. 
ACHADOS MICROSCÓPICOS 
Está entrando água para dentro da célula - ela vai se encontrar tumefeita (aumentada de volume), com um 
aspecto baloniforme ou vacuolar (formação de um único ou múltiplos vacúolos) – podendo também ser 
conhecida como degeneração vacuolar ou baloniforme. 
Núcleo encontrado inicialmente na posição central e deslocado para a periferia posteriormente. 
A via da glicólise prejudicada tardiamente gera diminuição do pH, ocorrendo então o desacoplamento dos 
ribossomos, redução da síntese proteica, precipitação do citoplasma, gerando um citoplasma mais acidófilo 
(rosa) – a célula se torna mais eosinofílica. 
Além disso, tem-se redistribuição citoplasmática das organelas, o que deixa o citoplasma com um aspecto mais 
granuloso, rendilhado. 
OBS: as organelas também irão sofrer com o acúmulo de água, sendo o RE a primeira organela afetada, pois 
suas bombas são mais sensíveis a redução de ATP, logo é a primeira a se expandir, conferindo o aspecto do 
núcleo centralizado encontrado inicialmente. 
ACHADOS MACROSCÓPICOS 
As células aumentadas de volume irão comprimir os capilares (capilares exangues), gerando menos sangue ao 
corte, perda de brilho, coloração mais pálida do órgão devido à diminuição do fluxo sanguíneo e a água 
abundante em seu interior. Além disso, ele estará aumentado em volume e em peso devido ao acúmulo de 
água, com consistência endurecida, firme ao toque. 
CLÍNICA 
Edema citotóxico – 
Geralmente é ocasionado por isquemia a partir da obstrução da artéria cerebral anterior, gerando falta de 
suprimento sanguíneo para o encéfalo, mas ocorre também em pacientes hipovolêmicos, com redução rápida 
da osmolaridade plasmática, nesse caso, o meio extracelular se torna hipotônico. Para não perder fluidos, como 
forma de adaptação, os neurônios favorecem o movimento de água para o meio intracelular, levando a um 
quadro de edema cerebral. 
Esse nome é uma exceção, pois “edema” só é utilizado para alterações intersticiais, nesse caso será utilizado 
para uma alteração celular. Além disso, esse nome é utilizado somente para degenerações hidrópicas 
especificas do tecido nervoso, atingindo neurônios, células da glia, etc. 
Acantose – 
Está relacionada com o espessamento da epiderme, gerando dificuldade de suprimento nutritivo e de O2 dessa 
camada, visto que ela é nutrida pelos vasos sanguíneos da derme adjacente. Nesse caso pode ocorrer a 
degeneração hidrópica. Os queratinócitos apresentarão um aspecto claro devido ao acúmulo. 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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DEGENERAÇÃO PROTEICA 
 
DEGENERAÇÃO HIALINA 
Tem-se um acúmulo proteico dentro da célula, sendo esse material acidófilo, vítreo, transparente, acelular e 
homogêneo. O termo hialino é genérico e pode ser utilizado de várias formas, entretanto, sempre indicando um 
material de origem proteica, logo, esse termo não é patognomônico dessa degeneração. 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
Quando formam os corpúsculos ela se torna uma degeneração irreversível, principalmente quando possui 
origem virótica (substância exógena). Outra possibilidade de degeneração hialina irreversível são os distúrbios 
de não liberação – caracterizados pelo acúmulo devido à impossibilidade de liberação da proteína, como por 
exemplo, uma alteração em sua forma quaternária. 
Esse quadro ocorre na deficiência de α-1-antitripsina, uma proteína produzida pelos hepatócitos que possui 
ação anti-inflamatória, através da inibição das enzimas dos leucócitos, como as elastases e proteases, 
neutralizando as enzimas liberadas nos processos inflamatórios. Uma alteração em sua forma quaternária faz 
com que ela se acumule nos hepatócitos, suas células de origem, pois não existirá uma enzima capaz de liberar 
essa proteína em sua conformação anômala. Essa degeneração é identificada pelo anticorpo anti- α-1-
antitripsina. 
Entretanto, alguns quadros de degeneração hialina podem ser reversíveis, como no quadro de hiperproteinúria – 
caracterizado por uma maior absorção de proteínas pelas células somada a uma menor degradação, o que leva 
a um acúmulo momentâneo, até que ocorra toda a degradação desse material proteico. Tem-se uma lenta 
degradação proteica devido a uma maquinaria de degradação insuficiente. 
Esse quadro ocorre em recém nascidos – os enterócitos localizados no trato intestinal deles estão ainda 
prematuros, logo, ao receber o colostro (primeiro leite), rico em proteínas, essas proteínas absorvidas não 
conseguem ser degradadas, ficando acumuladas por um tempo. 
Ocorre também em doenças renais – pacientes com lesão renal possuem intensa proteinúria, essa proteína é 
em parte reabsorvida pelas células epiteliais do túbulo contorcido proximal do néfron, mas elas não possuem a 
capacidade de degradá-la, gerando acúmulo. 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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COLORAÇÃO 
Teste de reatividade à amilase salivar – diferencia uma degeneração causada por proteínas de uma causada por 
carboidratos (glicogenoses) utilizando-se a histoquímica PAS (ácido periódico de Shif) juntamente com a enzima 
α amilase (amilase salivar). A amilase irá digerir o carboidrato e então ele não será corado pelo PAS, entretanto, 
se o material for proteico, ele irá receber a coloração do PAS, corando de roxo as proteínas. Proteínas são 
diástese resistentes, isto é, não são digeridos pela enzima α amilase. 
FISIOPATOLOGIA 
Causas - 
Precipitação do citoesqueleto (corpúsculos). 
Acúmulo de corpúsculos virais. 
Acúmulo de proteínas endocitadas. 
Alteração morfofuncional da estrutura proteica. 
CORPÚSCULO DE MALLORY-DENK 
FISIOPATOLOGIA 
Etilismo crônico – ao ser metabolizado o etanol produz radicais livres (espécie reativa de oxigênio) que gera 
estresse oxidativo nas citoqueratinas dos hepatócitos, induzindo a peroxidação e formação de ligações 
transversas, que formam um aglomerado de proteínas que se precipitam no citoplasma dos hepatócitos, 
formando o corpúsculo. 
CLÍNICA – doença hepática gordurosa alcoólica (DHGA), doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), 
cirrose juvenil da Índia, carcinoma hepatocelular. 
CORPÚSCULO DE NEGRI 
FISIOPATOLOGIA 
Inclusão viral – paciente infectado pelo vírus da raiva (Lyssa vírus) possui acúmulo de núcleos virais ou produtos 
da infecção viral precipitados no interiordo citoplasma de corpos neuronais. 
CLÍNICA – paciente com hidrofobia apresentando microscopicamente neurônios piramidais, com presença de 
estruturas arredondadas e acidófilas no interior de seus citoplasmas. 
CORPÚSCULO DE LENTZ 
FISIOPATOLOGIA 
Inclusão viral – infecção pelo vírus da cinomose gerando acúmulo de produtos da infecção viral precipitados no 
interior do citoplasma de corpos neuronais, células do líquor, linfócitos, monócitos, neutrófilos e eritrócitos. 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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CORPÚSCULO DE HENDERSON PATTERSON 
FISIOPATOLOGIA 
Inclusão viral – paciente infectado por vírus (normalmente causador do molusco contagioso) apresentando 
acúmulo precipitados no interior do citoplasma dos queratinócitos. É um corpúsculo patognomônico da infecção 
por esse vírus. 
CLÍNICA – paciente com áreas verrugosas ou pediculadas. 
 CORPÚSCULO DE COUNCILMAN ROCHA E LIMA 
FISIOPATOLOGIA 
Hepatotoxicidade viral – precipitação de corpos apoptóticos no interior dos hepatócitos, decorrentes de citocinas 
pró-inflamatórias. 
CLÍNICA – hepatites virais, febre amarela. 
CORPÚSCULO DE RUSSEL 
FISIOPATOLOGIA 
Processos inflamatórios crônicos – acúmulo de imunoglobulinas no citoplasma dos plasmócitos devido a 
produção excessiva em uma inflamação crônica, gerando precipitação. Sendo que, após a desintegração dos 
plasmócitos, esses corpúsculos podem ser visualizados livres no interstício. Apresenta aspecto moruliforme, 
com núcleo deslocado para a periferia (núcleo rechaçado) e cromatina em roda de carroça (célula de Mott). 
CLÍNICA – inflamações agudas (Salmonela) ou crônicas (Leishmaniose tegumentar humana e Osteomielite). 
 
DEGENERAÇÃO MUCÓIDE 
Tem-se o acúmulo de proteínas ligadas a oligossacarídeos, como a mucina, que são glicoproteínas apresentes 
no epitélio de revestimento das mucosas respiratórias e do trato intestinal. 
FISIOPATOLOGIA 
O precipitado ocorre devido a um excesso na produção de mucina, seja devido a uma hiperprodução por 
necessidade – ocorre em sítios específicos, como o trato digestivo, respiratório ou genital, frente a um estímulo 
químico, físico, infeccioso, que desencadeia uma maior produção de muco pelas células caliciformes, contexto 
reversível, mas que pode levar a morte celular, ou uma hiperprodução por proliferação neoplásica - um 
adenoma ou adenocarcinoma podem se desenvolver em qualquer sítio, com contexto irreversível. 
ACHADOS MICROSCÓPICOS 
Assemelha-se a uma glicogenose, sendo diferenciada pelo teste de reatividade a amilase salivar, visto que se 
trata de uma glicoproteína que não será digerida. 
ACHADOS MACROSCÓPICOS 
 Superfície do órgão com aspecto gelatinoso. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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DEGENERAÇÃO POR LIPÍDEOS 
CLASSES DE LIPOPROTEÍNAS 
Macromoléculas - lipoproteínas – são proteínas transportadoras de lipídeo na corrente sanguínea. São 
produzidas principalmente no intestino e no fígado. Diferenciam-se pela densidade, ou seja, teor e quantidade 
de proteínas presentes. Um erro no processo de produção pode resultar em maior permanência sérica daquele 
elemento, uma menor retirada dele na corrente sanguínea ou uma deficiência da sua eliminação, levando a um 
acúmulo dentro da célula. 
Quilomicrons - maiores e menos densas, possuem origem exógena, sintetizadas pelos enterócitos para o 
transporte do triglicerídeo e do colesterol do trato gastrointestinal advindos da dieta para os tecidos, onde são 
clivadas pela lipase lipoproteica, com captação de ácidos graxos livres, servindo como fonte de energia imediata 
para os músculos. O que é remanescente dos quilomícrons é captado pelo fígado, onde o colesterol é 
armazenado (reserva – tecido adiposo), oxidado a ácidos biliares ou secretado no plasma como lipoproteínas. 
Eles são formados a partir do acoplamento dos triacilglicerois, vitaminas lipossolúveis, ésteres de colesterol e 
fosfolipídeos dentro da proteína Apo B48 e a principal função é energia imediata e reserva energética. Eles só 
disponibilizam lipídeos adquiridos na alimentação para os tecidos. 
OBS: A lípase lipoprotéica está presente no endotélio dos tecidos e possui a função de retirar dos quilomícrons o 
triacilglicerol e transformá-lo em acido graxo e glicerol. Os quilomícrons que sofrem ação da enzima lipase 
lipoprotéica (LLP) são transformados em partículas menores, os quilomícrons remanescentes, que são 
removidos da circulação por receptores localizados nas células hepáticas (hepatócitos), sendo então 
metabolizados pelo fígado. 
VLDL - densidade muito baixa, com origem endógena, ela é sintetizada e secretada pelo fígado e transporta os 
triglicerídeos sintetizados neste órgão. Sua identidade proteica é a Apo-B100. 
LDL - densidade baixa, produzida no plasma e altamente rica em colesterol, é captada por endocitose através de 
receptores de LDL, possuindo a função de doar aquele colesterol para os tecidos periféricos, sendo que todos os 
tecidos possuem receptor de Apo B100 e todos os regulam por feedback. 
Chega um momento que o tecido não precisa mais de colesterol, para isso ele vai regular a expressão das 
proteínas (receptor de Apo B100) em sua superfície e as enzimas que fazem a síntese de colesterol dentro da 
célula. Um dos grandes problemas nos quadros de aterosclerose são os macrófagos que não estão com os 
receptores regulados. 
HDL - densidade alta, ela absorve o colesterol derivado da degradação celular dos tecidos (incluindo artérias), 
transferindo-o para as outras lipoproteínas (VLDL e LDL). Ela é sintetizada no fígado e no intestino, sendo uma 
molécula formada por 50% de proteína, com baixo teor lipídico. Sua identidade é a Apo AI e Apo AIV, importantes 
na retirada do colesterol dos tecidos periféricos, para doar colesterol para os tecidos esteroidais e para permitir 
a interação do HDL com outras lipoproteínas. 
Função do colesterol nas células – formação de membrana, estabilização de membrana e síntese de hormônios. 
 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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METABOLISMO LIPÍDICO ADEQUADO 
VIA EXÓGENA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa via se inicia pela principal fonte de lipídeos exógenos, a dieta alimentar. 
1. Ao serem ingeridos, os alimentos sofrem ação das lipases que quebram as ligações ésteres dos lipídeos, 
formando ácidos graxos, colesterol e glicerol, que em seguida são emulsificados pela ação da bile, para então 
serem absorvidos pelos enterócitos. 
2. Dentro dos enterócitos, no REL, o glicerol sofre um processo de reesterificação (glicerol + ácido graxo), 
formando um triacilglicerol. 
3. Os triacilgliceróis formados precisam de uma proteína carregadora. Então entra em ação a proteína 
microssomal transferidora de triacilglicerol (PMTT), que irá aportar o triacilglicerol, junto com vitaminas 
lipossolúveis e ésteres de colesterol para se ligarem a outra proteína, a Apo B48, uma proteína transportadora, 
dando origem à lipoproteína quilimícron (nascente). Os quilomícrons formados vão transportar os lipídeos dessa 
dieta. 90% dessa lipoproteína é formada por triacilglicerol. 
4. O quilomícron nascente é então absorvido pelo ducto linfático abdominal e torácico, caindo na circulação 
sanguínea pela veia jugular. 
5. Para se tornar um quilomícron ativo, ocorre uma interação do quilomícron nascente com o HDL. 
O HDL é extremamente rico em proteínas. Com isso, ele vai transferir duas de suas proteínas (Apo E e Apo CII) 
para tornar o quilomícron ativo e o quilomícron doa Apo AI e Apo AIV. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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Apo E - permite ao quilomícron ser retirado de circulação por um receptor hepático após exercer suas funções, 
sendo reconhecido pelo hepatócito e endocitado. 
Apo CII - coenzima importante para promover a ativação da lípase lipoprotéica que está presente no endotélio 
dos tecidos periféricos. Essa vai retirar dos quilomícrons o triacilglicerol e quebra-los em ácido graxoe glicerol. 
Além disso, eles também trocam lipídeos, o HDL doa ésteres de colesterol e o quilomícron doa triacilglicerol. 
Essa doação de lipídeos ocorre através de uma proteína chamada de PTEC – proteína transferidora de ésteres de 
colesterol. 
6. Após a troca de material com o HDL o quilomícron se torna funcionalmente ativo. 
7. Nos tecidos os quilomícrons sofrem ação da enzima lipase lipoprotéica (LLP), que retira o triacilglicerol, 
quebrando em ácidos graxos livres, que são fornecidos para os tecidos periféricos. 
Assim, são gerados os quilomícrons remanescentes – a molécula de quilomícron vai diminuindo ao passar pelos 
tecidos, pois vai fornecendo ácidos graxos livres, formando quilomícrons remanescentes. 
8. Após realizar suas funções, os quilomícrons remanescentes são removidos da circulação pelo receptor de Apo 
E e metabolizados pelo fígado. 
Ao passar pelo tecido hepático, os quilomícrons remanescentes (ainda contendo triglicérides que não sofreram 
ação da lipase) são captados e ocorre reorganização das lipoproteínas e síntese de VLDL. 
VIA ENDÓGENA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Está relacionada com a lipólise (liberação de ácidos graxos e gliceróis advindos do tecido adiposo), com a síntese 
de novo (liberação de ácidos graxos a partir do excesso de glicose) ou com a endocitose dos quilomícrons 
remanescentes pelos hepatócitos. Seja qual for a fonte de lipídeos, o fígado realiza a reesterificação desses no 
REL, formando novas moléculas de triacilglicerois. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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1. Utilizando-se novamente a PMTT, ocorre o acoplamento do triacilglicerol endógeno dentro da proteína Apo 
B100, junto a vitaminas lipossolúveis, ésteres de colesteróis e fosfolipídeos, formando a lipoproteína VLDL. 
2. Esse VLDL é liberado contendo elevado nível de triglicerídeos e, assim como o quilomícron, ele também 
necessita realizar trocas com o HDL para se tornar funcional. 
O HDL vai transferir Apo E, Apo CII e ésteres de colesterol e o VLDL irá doar Apo AI e Apo IV, além de triacilglicerol. 
3. Ao doar triacilglicerol para o HDL o VLDL se torna uma lipoproteína intermediária chamada de IDL. 
 Se o IDL retornar ao fígado, ele dá continuidade a produção de lipoproteínas pela via endógena. 
 Se o IDL continuar na circulação, continuando suas trocas com o HDL, irá se tornar uma lipoproteína rica em 
ésteres de colesterol, o LDL. 
4. Ao ser formado, o LDL dirige-se então para os tecidos periféricos, doando o colesterol esterificado para o 
tecido através do receptor de Apo B100, que será utilizado nas funções celulares. 
5. Para que ocorra a doação de colesterol através do LDL, é necessária a ativação da enzima HMG-CoA (hidroxi-
metil-glutaril-CoA-redutase) e quando o tecido não precisa mais do colesterol, essa enzima consegue então 
regular a expressão dos receptores de LDL (receptor de Apo B100) na superfície celular, impedindo que o LDL 
seja captado. 
6. O LDL que não foi captado pelos tecidos, ao passar pelo tecido hepático novamente, é recaptado pelos 
receptores de LDL e vai para síntese de degradação e eliminação de colesterol (se não foi utilizado, 
provavelmente é porque já tem um excesso na célula). 
TRANSPORTE REVERSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. O HDL, além de realizar trocas com as lipoproteínas, tornando-as funcionais, também retira do tecido 
periférico o colesterol que não é mais necessário, o excesso de colesterol presente nos tecidos (receptor ABC-1) 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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e dentro da corrente sanguínea, realizando o transporte reverso do colesterol, levando aquele colesterol para 
fígado para que seja eliminado do organismo através dos sais biliares. 
Quando o HDL capta o colesterol não esterificado do tecido periférico que estava em excesso, para que ocorra a 
esterificação, ele necessita de uma enzima chamada de LCAT (lectina colesterol acil transferase), que irá 
transferir ácido graxo para esse colesterol. Após a esterificação ele se torna mais lipossolúvel, sendo 
armazenado com mais eficiência. 
2. O HDL pode também utilizar esse excesso de colesterol dos tecidos na síntese de hormônios, levando-os para 
os tecidos esteroidogênicos, formando estrógeno, progesterona, testosterona, glicocorticoides e 
mineralocorticoides. 
CLÍNICA 
Hepatopatia – um etilismo crônico, com cirrose, ou uma síndrome metabólica que comprometa a função dos 
hepatócitos, faz com que o indivíduo pare de produzir proteínas, incluindo as lipoproteínas, com isso, ele não 
conseguirá eliminar o triglicerídeo de dentro dos hepatócitos, que vai começar a acumular. Isso também ocorre 
em qualquer deficiência na síntese proteica ou em quadros de desnutrição com insuficiência de proteínas. 
Disfunção do VLDL – qualquer disfunção que ocorra no processo de síntese do VLDL (alteração na apoproteína 
ou na PMTT), ou no processo de liberação, essa lipoproteína não será mais liberada e ocorrerá acúmulo dela no 
fígado. 
Disfunção do receptor Apo B100 – quadros de aterosclerose os macrófagos teciduais não estão com esses 
receptores regulados pela HMG-CoA, logo, tem-se acúmulo anormal de gordura nessas células, gerando os 
macrófagos espumosos. 
Disfunção do receptor ABC-1 – uma disfunção nesse receptor impede que o HDL capte o colesterol que está em 
excesso nos tecidos periféricos, gerando acúmulo de gordura no sistema periférico. 
Disfunção na Apo E – as lipoproteínas não conseguem retornar para o fígado, gerando um acúmulo na corrente 
sanguínea, podendo predispor a formação de placas ateromatosas. Além disso, existem várias isoenzimas, no 
caso de uma predominância da isoenzima Apo E2 (menor afinidade com o fígado), a depuração das lipoproteínas 
se torna mais lenta, sendo comum o indivíduo apresentar hipertrigliceridemia precoce e é mais favorável para a 
formação de placas. Além disso, indivíduos com homozigoze para a isoenzima Apo E4 possui maior 
predisposição para Alzheimer. 
Deficiência de PMTT – doenças que causam deficiência dessa proteína não conseguem transferir o triglicerídeo 
para dentro das apoproteínas, com isso não ocorre o transito de lipídeos, gerando acúmulo nos enterócitos e 
nos hepatócitos. 
Deficiência de apoproteinas – assim como ocorre na deficiência de PMTT, uma deficiência de apoproteinas não 
consegue formar as lipoproteínas, gerando acúmulo nos enterócitos e nos hepatócitos. 
Deficiência da Apo CII ou da lipase lipoproteica – o quilomícron e o VLDL ficam no plasma transportando maior 
quantidade de triglicerídeos, pois não conseguem liberar ácidos graxos para os tecidos, levando a um quadro de 
hipertriacilglicerolemia. 
Acúmulo de lipoproteínas – pode ocorrer devido a uma maior ingesta lipídica, na obesidade, síndrome 
metabólica, β oxidação. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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DEGENERAÇÃO GORDUROSA – ESTEATOSE 
Tem-se o acúmulo de gorduras neutras (monoglicerídeos, diglicerídeos ou triglicerídeos) no citoplasma de 
células que, normalmente, não as armazenam. 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
O único tecido do corpo que não pode sofrer esse tipo de degeneração é o tecido adiposo, pois ele normalmente 
já armazena gordura. É uma patologia reversível. 
O fígado é o principal sítio para a ocorrência dessa degeneração, podendo ocorrer também no epitélio tubular 
renal, miocárdio, musculo esquelético, pâncreas, etc. 
FISIOPATOLOGIA 
ETIOLOGIAS 
Aumento do aporte de ácidos graxos no fígado – o fígado normalmente apenas sintetiza gordura, não 
armazena. Existirá um maior aporte no caso de uma maior ingesta lipídica, maior ingesta de percursores não 
lipídicos, menor produção de apoproteínas, lipólise aumentada. 
Diminuição da β oxidação - reação de quebra do ácido graxo para formação de ATP. 
Alcoolismo – gera excesso de acetil-CoA, danificação do citoesqueleto (corpúsculo de Mallory), danos hepáticos, 
hepatite alcoolica, cirrose e formação de substâncias hepatotóxicas quecontribuem para diminuir a função dos 
hepatócitos. Tudo isso gera doença gordurosa alcoólica. 
Disfunção proteica – pessoas desnutridas não conseguem produzir proteínas, incluindo as apoproteinas. 
Deficiência genética da PMTT. 
Carência de fatores nitrogenados e ATP - reduz a utilização dos triglicerídeos ou dos ácidos graxos. 
Alterações da função do citoesqueleto - incapacidade do transporte de moléculas com consequente acúmulo no 
interior das células, esse distúrbio pode afetar o deslocamento e a fusão de vesículas que contêm lipoproteínas 
com a membrana plasmática. 
Substâncias hepatotóxicas – vírus da hepatite, por exemplo, e fármacos hepatotóxicos. 
Comorbidades associadas – síndrome metabólica, obesidade, sedentarismo, cirrose, hepatite. 
Proporção de NADH/NAD+ aumentada – grande formação de NADH afeta a β oxidação (oxidação dos lipídeos 
para o fornecimento de ATP). 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA ALCOÓLICA 
As principais doenças primárias do fígado são a hepatite viral, a doença hepática gordurosa alcoólica (DHGA), a 
doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e o carcinoma hepatocelular. 
O consumo excessivo de álcool leva a efeitos deletérios, que possuem como principal alvo o fígado. A esteato 
hepatite alcoólica ou hepatite alcoólica é uma lesão hepática típica, provocada pelo consumo crônico e 
exagerado de álcool. Entretanto, alguns fatores podem contribuir, devido à capacidade do nosso organismo 
interferir no metabolismo dessas substâncias, como o tipo de bebida (concentração de álcool), frequência da 
ingestão, gênero, etnia e outras comorbidades associadas. 
Em relação ao gênero, mulheres são mais susceptíveis a lesões hepáticas devido à ação dos hormônios 
estrogênio e progesterona, que geram diminuição do transito intestinal e consequentemente aumento da 
absorção do etanol. Além disso, as isoenzimas expressas pelo sexo feminino o torna mais susceptível ao álcool. 
Já em relação às etnias, os asiáticos são mais susceptíveis a alterações ocasionadas pelo etanol por terem uma 
enzima mais eficaz do que a dos caucasianos para produção do acetaldeído e uma enzima menos eficaz para a 
oxidação dele em acetato, logo, o acetaldeído fica circulando por mais tempo. Isoenzimas como no caso das 
mulheres e dos asiáticos, geram uma formação de acetaldeído maior e mais rapidamente, sendo esse produto 
responsável pelas náuseas, vômitos, enjoo e dor de cabeça. 
METABOLIZAÇÃO DO ETANOL 
O etanol ingerido é absorvido rapidamente pelo trato gastrointestinal, mas necessita ser metabolizado, para 
isso existem três vias que resultam na oxidação dessa substância, que ocorre predominantemente no fígado, 
levando a formação de um produto final, o acetaldeído. 
Via citosólica – via da álcool desidrogenase (ADH) - 
Nessa via, o etanol ingerido é oxidado (perde elétrons) através 
da enzima álcool desidrogenase, no citoplasma hepático, 
sendo essa via responsável por 80% da metabolização do 
etanol. 
Essa reação oxidativa em excesso produz muita espécie reativa 
de oxigênio (ERO - radicais livres), que danifica a membrana 
celular e altera a função hepatocelular. Além disso, essa reação 
produz NADH, que altera a β oxidação ao diminuir a 
disponibilidade de NAD+. 
Via microssomal – sistema microssomal de oxidação do etanol 
(MEOS) - 
É a segunda via mais importante para a oxidação do etanol, 
mas possui alta produção de ERO. Ela ocorre no retículo 
endoplasmático, através de um sistema de enzimas - 
citocromo P450 2E1 (CYP2E1). Ela é uma enzima induzível, isto 
é, sua capacidade de oxidação aumenta à medida que ela é 
utilizada, logo, etilistas crônicos possuem maior capacidade de 
metabolização do álcool devido a ela, gerando a tolerância ao álcool em etilistas crônicos. 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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Via da catalase – 
A oxidação do etanol ocorre através da enzima catalase, encontrada no interior dos peroxissomos. 
Independente da via, o produto dessa reação de oxidação é o acetaldeído, um produto intermediário, que após 
ser formado é extremamente nocivo para as células, pois ele forma os chamados adutos de proteínas, que são 
ligações covalentes com proteínas do citoesqueleto da célula, lesionando e comprometendo o transporte e a 
liberação das lipoproteínas para fora da célula, que vão então se acumular. Ocorre também a formação do 
corpúsculo de Mallory, devido à destruição das proteínas que formam o citoesqueleto. 
Após a oxidação, seu metabolismo se completa dentro da mitocôndria, a partir da ação da enzima aldeído 
desidrogenase, que atua consumindo NAD+ e formando NADH, obtendo o acetato, que por si só, estimula o 
processo inflamatório através de citocinas inflamatórias. Após sua formação ele se junta a coenzima A, 
formando o acetil-CoA, que é uma molécula precursora de lipídeos (síntese de ácidos graxos), que gera acúmulo 
de triglicerídeos no citoplasma do hepatócito. 
Quando essa reação de oxidação do etanol ocorre em excesso, muita ERO é produzida, gerando estresse 
oxidativo nos hepatócitos. Além disso, o metabolismo do etanol está constantemente ativado em etilistas 
crônicos, o que gera menor disponibilidade de NAD+ para a glicólise e para o ciclo de Krebs, levando a não 
utilização dessas vias de obtenção de energia e consequentemente não utilização do acetil-CoA que foi 
formado. O excesso de acetil-CoA acaba então por promover a síntese de ácidos graxos, que se acumulam no 
fígado devido ao excesso, além disso, a ausência de NAD+ reduz a β oxidação de lipídeos, contribuindo para o 
acúmulo de gorduras nos hepatócitos. 
Logo, a patogênese da hepatite alcoólica é multifatorial, todos os produtos são hepatotóxicos e geram acúmulo 
de triglicerídeos no citoplasma. Então, existe um problema no metabolismo do etanol, que gera maior produção 
de metabóitos hepatotóxicos e que aumenta a produção de ácidos graxos. Como a produção de triglicerídeos 
está aumentada, devido ao excesso de acetil-CoA e a saída está prejudicada, devido à alteração do citoesqueleto 
pelo acetaldeido, além de um grande estresse oxidativo envolvido, ocorre o acúmulo dessa gordura dentro dos 
hepatócitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ativação crônica e aumentada dessa via metabólica acarreta em inflamação, devido ao estresse oxidativo, 
peroxidação lipídica (incorporação de oxigênio molecular - radical livre - sobre os AG da membrana celular, 
levando à destruição dessa estrutura), e agressão das organelas. Como toda inflamação se resolve com fibrose, 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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a esteatohepatite acentuada leva a um processo fibrogênico, estimulando a liberação de citocinas inflamatórias, 
principalmente TNF, que vão modificar as células de ito, transformando-as em fibroblastos, que vão depositar 
tecido conjuntivo no tecido hepático, levando a fibrose hepática, uma alteração irreversível. Se o processo 
continuar o indivíduo evolui para cirrose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇA GORDUROSA HEPÁTICA NÃO ALCOÓLICA 
Está muito relacionada com a síndrome metabólica. Se o individuo possuir três dos elementos que serão citados 
ele é diagnosticado com síndrome metabólica, o que aumenta o risco para doença aterosclerótica, DM2 e 
doença gordurosa hepática não alcoólica. 
SÍNDROME METABÓLICA 
Critérios diagnósticos para a síndrome: 
1. Circunferência abdominal – mulheres 88cm e homens 102cm. 
Obesidade central/visceral - razão do diâmetro da cintura sobre o diâmetro do quadril aumentada – adiposidade 
visceral tem alta taxa de lipólise – medida antropométrica. 
2. Hipertensão arterial – 130/85 mmHg lesiona o endotélio. 
3. Triglicerídeos - 150mg/dl. Dislipidemia, que é o aumento do triacilglicerol (hipertrigliceridemia). 
4. HDL – mulheres 50mg/dl e homens 40mg/dl. Tem-se uma diminuição do HDL. 
5. Glicemia em jejum alterada – 100mg/dl e 126mg/dl, isso é, está na condição de pré diabetes.CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO ADIPOSO 
Tecido adiposo marrom – está relacionado com a produção de calor, encontrado em recém nascidos, possui 
grande número de mitocôndrias e expressão elevada de proteína desacopladora UCP-1, ele desaparece 
rapidamente após o nascimento. 
Tecido adiposo amarelo – encontrado no indivíduo adulto e é subclassificado em subcutâneo, visceral e inguinal, 
possuindo relação com o armazenamento de energia. A gordura subcutânea possui adipócitos pequenos, com 
baixa taxa de lipólise e com alta sensibilidade à ação da insulina, enquanto o visceral possui taxa de lipólise 
aumentada, produzindo continuamente pequenas quantidades de ácidos graxos livres que se direcionam para o 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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fígado, entretanto, esse tecido possui baixa sensibilidade à ação da insulina, além disso, ele possui uma 
característica pró-inflamatória, sendo maléfico quando em excesso. 
No tecido visceral de uma pessoa eutrófica, existem macrófagos e citocinas pró-inflamatórias, só que em menor 
quantidade, já os macrófagos M2, que são anti-inflamatórios, estão em maior quantidade e produzem IL10 e 
adiponectinas. 
No obeso, a hipertrofia dos adipócitos atinge o volume crítico, menor quantidade de adiponectina é liberada e os 
adipócitos passam então a liberar citocinas inflamatórias, como a IL6 e o TNFα. A hipertrofia altera o ambiente, 
que se torna pró-inflamatório, com isso o padrão celular se altera, recrutando mais células como os macrófagos 
M1, que são pró-inflamatórios e liberam citocinas que contribuem para a ativação da lipólise. Além disso, a 
liberação excessiva de TNFα pelo tecido adiposo hipertrofiado causa alterações nos receptores de insula 
(fosforilação anômala nos resíduos de tirosina que formam esses receptores), gerando uma diminuição da 
sensibilidade à insulina. Quando os adipócitos se tornam insensíveis à ação da insulina, a enzima lipase 
hormônio sensível não é inibida, fazendo então com que ocorra lipólise com liberação de ácidos graxos livres na 
corrente sanguínea. 
OBS: O receptor de insulina é um heterodímero transmembrana formado por duas unidades, uma alfa e outra 
beta, quando a insulina ativa seu receptor a unidade beta sofre fosforilação em resíduos de tirosina, que irão 
levar a translocação do receptor de glicose para a superfície, para que a glicose seja internalizada. Frente a um 
estresse oxidativo, com muita inflamação e produção de TNFα, passa a ocorrer uma fosforilação anômala, com 
isso a ação da insulina sobre seu receptor fica prejudicada, gerando a resistência à insulina. 
A enzima lipase hormônio sensível é uma enzima que se inativa na presença de insulina, como a insulina não 
consegue se acoplar ao seu receptor, essa enzima não é inativada, com isso ela passa a liberar ácidos graxos 
livres e aumentar a captação pelo fígado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses ácidos graxos livres serão captados pelo fígado, que inicialmente irão gerar aumento da β oxidação, 
indicado pela fase compensada, com formação de VLDL, esterificação do colesterol, formação de fosfolipídeos. 
A cronicidade leva a um acúmulo de ácidos graxos, gerando estresse oxidativo e degeneração, caracterizando a 
fase descompensada. Nessa fase tem-se a ativação de receptores nucleares, como o pparγ, que realiza a 
transcrição de genes lipogênicos, estimulando ainda mais a síntese de lipídeos que vão se acumular nos 
hepatócitos, levando a uma disfunção na síntese de proteínas no geral (apoproteínas, lipoproteínas, PMTT) 
devido à degeneração e ao estresse oxidativo. Logo, tem-se uma lipogênese associada a uma menor liberação, 
levando ao acúmulo. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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AÇÃO ENDÓCRINA DO TECIDO ADIPOSO 
O tecido adiposo, além de ser o principal reservatório energético do organismo, também possui função 
endócrina, através da produção de adipocinas pelos adipócitos, células do estroma e macrófagos. Principais 
substâncias produzidas: 
Leptina – peptídeo que atua no SNC, no centro do apetite no hipotálamo, reduzindo o apetite e regulando o peso 
corporal, mantendo constante a quantidade de gordura corporal. Está relacionada com o balanço energético. Na 
obesidade, com a presença de muita gordura corpórea, sua produção é elevada, entretanto, não é obtida a 
resposta esperada, pois passa a existir uma resistência dos receptores celulares à sua ação, logo, nos quadros 
de obesidade é observada uma redução da ação desse hormônio, pois obesos possuem resistência a ele. 
Adiponectina – peptídeo que possui receptores no fígado, SNC e músculo esquelético – possuiu propriedades 
anti-aterogênicas e influencia na sensibilidade à insulina no músculo esquelético. Ela, ao contrario da leptina, 
possui níveis séricos inversos em relação à obesidade, logo, na síndrome metabólica seu nível sérico é reduzido. 
Sua principal função é a homeostase glicêmica. 
Resistina - peptídeo produzido em macrófagos do tecido adiposo, ela possui influência no desenvolvimento à 
resistência insulínica associada à obesidade. Obesos possuem resistência à insulina e esse hormônio é um dos 
responsáveis por esse processo. Sua principal função é a homeostase glicêmica. 
Adiposina - protease produzida em macrófagos do tecido adiposo, sendo uma citocina inflamatória do sistema 
de complemento alternativo e um estimulador da síntese de triglicerídeos. 
Proteína ligadora do ácido retinóico – também é uma citocina inflamatória derivada do sistema de 
complemento, estando seu aumento diretamente relacionado com o aumento da resistência à insulina. Na 
síndrome metabólica os níveis séricos estão elevados, o que contribui para a maior resistência à insulina 
presente nesse quadro. 
Visfatina - produzida no tecido adiposo visceral e atua como sensibilizador dos efeitos da insulina. 
Vaspina - produzida no tecido adiposo visceral. É um inibidor de serina protease regulada por pparγ. Aumenta a 
sensibilidade à insulina e tolerância à glicose. Seu efeito anti-inflamatório poderia modular os efeitos pró-
inflamatórios presentes na expansão do tecido adiposo visceral. 
PAI-I – inibidor de ativador de plasminogênio I – é um potente inibidor do sistema de fibrinólise produzido pelos 
adipócitos, estando aumentado na síndrome metabólica com forte correlação para o risco de aterosclerose. 
Peptídeo semelhante à angiopoetina – possui efeito inibidor sobre a lipase lipoproteica, reduzindo os depósitos 
de gordura nos tecidos e aumentando a mobilização de AG. 
Citocinas pró-inflamatórias - aumentam com o crescimento do depósito de gordura visceral e estão 
aumentados na síndrome metabólica. Atraem macrófagos para o tecido adiposo, possuindo ação pró-
inflamatória, são elas: TNF α, IL-6, etc. 
Corticoides - produzidos na expansão da obesidade visceral, eles influenciam na produção de outros hormônios 
do tecido adiposo, aumentando os que induzem a resistência à insulina e a intolerância à glicose, favorecendo a 
síndrome metabólica. 
Angiotensinogênio – é um percussor da angiotensina II e é produzido pelo tecido adiposo, seu produto é um 
regulador da pressão sanguínea, possuindo relação com a HAS em obesos abdominais. Além disso, ele 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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influencia na adiposidade, induzindo a diferenciação dos pré-adipócitos em adipócitos, logo, níveis altos 
circulantes contribuem para obesidade e hipertensão. 
ACHADOS MICROSCÓPICOS 
Células aumentadas de volume, apresentando em seu interior depósitos de lipídeos que podem aparecer como 
vacúolos únicos (unilocular) ou múltiplos (microvesicular/multilocular), o núcleo se encontra rechaçado para a 
periferia (anel de sinete) quando o vacúolo é único ou centralizado quando são múltiplos. Além disso, existe um 
quadro de inflamação associado. O tecido fica parecido com um tecido adiposo e com a progressão os lóbulos 
hepáticos podem apresentar um padrão de “chickenwire”, indicando fibrose (tecidoconjuntivo entre os 
hepatócitos). 
Próximo da veia centro lobular são as regiões mais afetadas, devido a menor vascularização, logo, essa região é 
mais susceptível a danos oxidativos. Isso gera um aspecto de noz moscada, com áreas mais amareladas nas 
regiões mais oxigenadas, na periferia do lóbulo hepático e áreas mais avermelhadas e escuras na região de 
menor oxigenação, próximo à veia centro lobular, podendo até sofrer necrose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACHADOS MACROSCÓPICOS 
Órgão com coloração amarelada, aumentado em peso e volume, com bordas abauladas. Ao corte ele e 
apresenta untuoso, com aspecto de gordura e é friável ao toque, com consistência diminuída. Quando esse 
padrão ocorre no coração ele apresenta aspecto tigrado, com presença de listas amarelas. 
O fígado é organizado por lóbulos hepáticos, poderá ocorrer perda dessa arquitetura, com organização em 
ácinos de Rappaport, formando áreas menos oxigenadas ao centro e mais oxigenadas na periferia do ácino. Isso 
gera o aspecto fígado em noz moscada. 
CLÍNICA 
Outras esteatoses não alcoólicas - 
Anemia, insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória – são quadros que apresentam menor disponibilidade de 
O2, tem-se hipóxia e consequentemente, menos O2 disponível para o ciclo de Krebs e para a síntese de ATP. 
Esse quadro gera excesso de Acetil-CoA, que se acumula (não é usado no ciclo de Krebs) e entra na via de 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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produção de ácidos graxos livres, se juntando com o α -glicerofosfato (originado da glicólise acelerada devido à 
redução da síntese de ATP) para formar triglicerídeos, que se acumulam no citoplasma. 
Na insuficiência cardíaca direita ocorre congestão ou hiperemia progressiva do fígado, com acúmulo de sangue 
na veia cava inferior, resultando no aumento da pressão nesse vaso e consequentemente nas veias supra-
hepáticas e centrolobulares. Isso resulta em uma região centrolobular com hipóxia e atrofia/desaparecimento 
dos hepatócitos ao redor, devido à anóxia crônica. Macroscopicamente, o fígado apresenta aspecto mosqueado 
(fígado em noz moscada) devido às áreas de congestão e microscopicamente podem estar presente 
degeneração hidrópica e esteatose. 
Desnutrição proteico-energética – a carência de proteínas leva a deficiência de fatores indispensáveis para a 
síntese de fosfolipídeos e apoproteínas, reduzindo com isso a formação de lipoproteínas e a excreção de 
triglicerídeos. Além disso, a ingestão calórica deficiente causa mobilização de lipídeos do tecido adiposo, 
aumentando o aporte de ácidos graxos para o fígado. Logo, crianças com desnutrição proteica grave podem 
apresentar também esteatose em outras vísceras, especialmente coração, rins, músculos esqueléticos e 
pâncreas. 
COLORAÇÃO 
Tricômico de Gomori – colore de verde a fibra colágena/tecido conjuntivo. 
Tricrômico de Masson - colore de azul a fibra colágena/tecido conjuntivo. 
As preparações com parafina eliminam a gordura devido ao aquecimento do material, e ao corar com HE o que 
observamos é uma imagem negativa. Para preservar a gordura no tecido efetivamente corá-la, deve-se usar a 
técnica de congelação e usar colorações especiais como Sudam III (vermelho) e Sudam IV (negro) ou Óleo 
vermelho O. 
 
LIPIDOSES 
Tem-se o acúmulo anormal de lipídeos complexos (colesterol e ésteres de colesterol) no citoplasma das células. 
É reversível até certo ponto. 
 Arteriosclerose – termo utilizado para identificar o endurecimento das artérias, que pode ser classificado de 
três formas: 
Arteriolosclerose – ocorre em arteríolas, podendo ser subclassificada como hialina (deposito de lipoproteínas na 
região subendotelial do vaso) ou hiperplásica (presente na HAS, dando um aspecto de casca de cebola). 
 
 
 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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Mediosclerose ou esclerose de Monckeberg – ocorre em artérias de médio calibre, com calcificação da túnica 
média. 
Aterosclerose – ocorre em artérias de grande e médio calibre, com lesão da túnica íntima. 
OBS: A hiperplasia miointimal reacional é uma proliferação de células musculares na túnica íntima dos vasos de 
médio e grande calibre, mas não possui origem ateromatosa. Podendo ser uma reação aos stents de artérias 
não ateromatosas, sendo o principal comprometimento vascular em órgãos sólidos transplantados (reação ao 
transplante). 
ATEROSCLEROSE 
Doença multifatorial, com participação de fatores genéticos, ambientais, fatores de risco (dislipidemia, HAS, 
tabagismo, DM, estresse, sedentarismo), que resulta em uma inflamação crônica presente em artérias de 
grande e médio calibre, na qual se tem acúmulo de elementos, como lipídeos, carboidratos complexos, 
componentes do sangue, colesterol e seus ésteres, na camada intima, alterando de forma crônica e gradativa a 
túnica intima, se apresentando como um quadro progressivo. Independente da natureza do vaso, o material 
acumulado de origem lipídica se deposita seguindo o eixo do vaso, com aspecto excêntrico, cujo crescimento 
resulta no fechamento da luz do vaso. 
LESÃO TIPO I – lesão reversível, presente já na primeira década de vida. 
Macroscopicamente: sem alterações. 
Microscopicamente: presença de LDL oxidado no interior dos macrófagos (macrófagos espumosos) na túnica 
intima do vaso. 
LESÃO TIPO II – ESTRIA GORDUROSA – lesão reversível. 
Macroscopicamente: presença de estrias gordurosas ao longo do eixo do vaso, alongadas, que não coalescem 
(não se juntam), representadas por áreas amareladas com consistência macia. 
Microscopicamente: os macrófagos espumosos permanecem presentes, mas já é possível observar a presença 
de lipídeos extracelulares. 
LESÃO TIPO III – PLACA PRÉ-ATEROMATOSA – lesão irreversível e intermediária. 
Macroscopicamente: lesão macroscópica maior, sendo mensurada em centímetros. 
Microscopicamente: macrófagos espumosos com maior quantidade de lipídeos extracelulares. 
LESÃO TIPO IV – PLACA DE ATEROMA – lesão irreversível. 
Macroscopicamente: lesão cresce de forma excêntrica, não circunscrita, invadindo a luz do vaso, se coalescem, 
representada por uma área amarelada de consistência friável (diminuída ao toque). 
Microscopicamente: macrófagos espumosos com lipídeos extracelulares formando cristais de colesterol, 
presença de um infiltrado inflamatório de linfócitos T e presença de tecido conjuntivo depositado ao redor do 
núcleo lipídico, formando uma capa fibrosa de tecido conjuntivo, notável deformação do vaso com uma área 
inflamada. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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A placa ateromatosa pode evoluir para duas possibilidades dependendo do estímulo que o organismo está 
recebendo, com isso ela pode se tornar mais conjuntivada ou menos. 
LESÃO TIPO V – PLACA FIBRO-ATEROMATOSA – lesão irreversível. 
Placa mais estável, com predomínio de tecido conjuntivo em relação ao núcleo lipídico, é uma involução da 
placa, menos inflamada, como uma cicatriz. 
LESÃO TIPO VI – PLACA COMPLICADA - lesão irreversível. 
Placa com maior exuberância de núcleo lipídico, mais instável, o que favorece as complicações, que estão 
relacionadas principalmente com a intensidade da inflamação, como erosões, fissuras, rachaduras, trombose, 
aneurismas, IAM, hemorragias. 
Quanto mais inflamado estiver o local, mais instável é a placa, potencializando a ocorrência de complicações, 
além disso, quanto mais inflamado, menor presença de tecido conjuntivo fibroso. Com tratamento e cuidados 
adequados a placa pode involuir, mas dependendo ela não retorna ao seu estado original, por se tratar de uma 
lesão irreversível. 
CARACTERÍSTICAS 
Lei de Poiseuille – de acordo com a fórmula, se o raio (R) de um vaso sanguíneo diminui pela 
metade, o fluxo sanguíneo (F) naquele local diminui em 16 vezes, pois a fórmula é dada por 
r4, logo, uma pequena alteração no raio é capaz de alterar drasticamente o fluxo. 
Óstios – áreas mais propensas de se romperem, sendo frequentementeafetadas. São áreas menos espessas, 
com bifurcações que, devido à mudança do fluxo, existe um grande estresse mecânico, com probabilidade de 
lesão do vaso. 
Principais sedes para aterosclerose - aorta ascendente e abdominal, aorta infrarenal, artéria ilíaca, a. carótidas, 
a. coronárias e polígono de Willis. 
Classificação de acordo com a etiologia – primária (apresenta base genética, história familiar) e secundária (são 
causadas por alguma doença subjacente, medicamentos ou estilo de vida inadequado). 
Fatores predisponentes – modificáveis (tabagismo, DM, dislipidemia, obesidade, sedentarismo) e não 
modificáveis (idade, história familiar positiva, sexo masculino). 
FISIOPATOLOGIA 
Mecanismos que levam ao quadro de aterosclerose - disfunção endotelial ou desnudamento (alteração 
mecânica) endotelial frente a um ambiente lipídico. Isso não significa que o paciente precise apresentar altos 
índices de colesterol, pois é possível que esses valores estejam normais e a aterosclerose se manifeste. O LDL 
se infiltra na túnica intima devido a fatores atrativos encontrados nesse ambiente. 
 
 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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1. O endotélio é um tecido epitelial de revestimento simples pavimentoso que reveste o interior dos vasos 
sanguíneos, sendo ele impermeável a passagem de substâncias. Quando ocorre uma agressão ao endotélio 
vascular integro, gerando um desnudamento ou uma disfunção endotelial (HAS, tabagismo, sedentarismo, DM, 
hipercolestorolemia, hiper-homocisteinemia, distúrbios hemodinâmicos, agentes infecciosos), as células desse 
endotélio perdem sua conformação pavimentosa e passam a ter um aspecto mais globoso e mais permeável 
aos elementos do sangue. 
2. Logo, essa lesão endotelial gera aumento da permeabilidade da camada intima e exposição de fatores 
atrativos para as lipoproteínas plasmáticas (LDL), como aminoglicanos. 
3. Frente a um ambiente lipídico, as partículas de LDL vão se depositando entre as células endoteliais, mas 
quando em excesso, algumas partículas de LDL ficam livres, pois não conseguem se aderir ao endotélio, com 
isso sofrem oxidação através da ação de radicais livres gerados por macrófagos e por células endoteliais. 
4. O LDL quando é oxidado, excita um processo inflamatório, pois é muito imunogênico e difícil de ser eliminado, 
expressando moléculas de adesão leucocitária, capturando monócitos e leucócitos. A adesão do LDL na 
superfície da intima favorece a expressão do endotélio de moléculas de adesão (integrinas), como a VCAM e 
ICAM, que se ligarão aos monócitos e linfócitos T, gerando um processo inflamatório e ativando a via 
inflamatória chamada de NFKapaβ, que é uma via de segundos mensageiros que levam a produção de citocinas 
inflamatórias que irão atuar no local da inflamação. 
 
 
 
 
5. Esse ambiente inflamatório atrai também os macrófagos, que irão fagocitar o LDL oxidado, originando as 
células espumosas, relacionadas com o desenvolvimento da placa aterogênica. Lembrando que, o receptor para 
LDL é regulável, entretanto, nos macrófagos esse receptor é do tipo scavengers, isto é, um receptor de limpeza 
não regulável, com isso o LDL será fagocitado até o limite da célula, até que ela se rompa, formando os lipídeos 
extracelulares. O acúmulo de lipídios e células espumosas formam as estrias gordurosas, que são lesões 
macroscópicas iniciais. 
 
 
 
 
 
6. Agora, os macrófagos espumosos estimulam uma maior produção de citocinas e quimiocinas, que amplificam 
a inflamação. Os linfócitos T e macrófagos que chegam a íntima liberam fatores de crescimento, como PDGF, 
FGF e VEGF, que induzem a formação de vasos e a migração e multiplicação de células musculares lisas na 
intima do vaso, que se diferenciam em miofibroblastos e passam a sintetizar matriz extracelular, formando a 
capa fibrosa que envolve o núcleo lipídico. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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CLÍNICA 
Indivíduos normolipidêmicos (níveis normais de lipídeos) podem apresentar outros fatores desencadeantes do 
processo de aterosclerose, como doença coronariana primaria, doenças cardiovasculares, doença arterial 
periférica, doenças cerebrovasculares. Esses fatores de risco possuem alto índice de homocisteína, gerando um 
quadro de hiperhomocisteinemia e consequentemente o quadro precoce de aterosclerose. 
A hiperhomocisteinemia está associada a uma alimentação com altos índices de metionina ou com a ineficiência 
de elimina-la do organismo (defeitos adquiridos ou congênitos), gerando o acúmulo de homocisteína na 
corrente sanguínea, o que leva a uma disfunção endotelial. 
A homocisteína é extremamente danosa para o endotélio, pois possui ação oxidativa, devido a sua parte final 
formada por sulfidrila, sendo ela extremamente reativa, promovendo oxidação com facilidade e formando o 
radical dissulfeto. Logo, ela se torna um agente desencadeante do estresse oxidativo, podendo gerar 
aterosclerose e trombose devido a peroxidação lipídica, lesão endotelial, superfície pró-trombótica, regulação 
vasomotora prejudicada, além disso, contribui para a proliferação de células musculares na túnica intima. Além 
disso, qualquer elemento oxidativo e instável pode possibilitar a oxidação do LDL e a formação da aterosclerose. 
HOMOCISTINÚRIA 
Doença genética hereditária relacionada com o metabolismo do 
aminoácido metionina. 
Através da dieta a metionina é ingerida e convertida em homocisteína, 
com isso, a homocisteína formada segue por duas vias, a via de 
eliminação através da urina (via de transulfuração) e a via de 
remetilação, na qual ela se converte em metionina. 
Essa doença apresenta uma deficiência na enzima cistationina β 
sintetase, o que impede que a homocisteína seja eliminada pela urina 
na forma de cistationina, com isso passa a ocorrer acúmulo de 
homocisteína e metionina no organismo, gerando o quadro de 
hiperhomocisteinemia. 
Cabe ressaltar que outras alterações no metabolismo da metionina também podem levar a esse quadro, como a 
ausência de folato (B9) e B12, responsável pela remetilação, ausência de B6, ou qualquer outra alteração na via 
metabólica. 
XANTOMAS 
Lipidoses cutâneas, lesões que formam nódulos ou placas amareladas devido ao acúmulo intracelular de 
colesterol dentro dos macrófagos, que podem ocorrer em várias regiões do corpo, principalmente áreas de 
atrito, como articulações, e está associado a um elevado índice lipidêmico (estados de hiperlipidemia 
hereditários ou adquiridos). Microscopicamente a área apresenta presença de macrófagos espumosos ricos em 
colesterol. 
XANTELASMA 
Lesão cutânea que surge na região periorbital caracterizada por placas amarelas devido ao deposito de lipídeos 
na pele. 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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DOENÇA DE TANGIER 
Doença caracterizada por uma deficiência de HDL (baixo índice), com retirada do colesterol nos tecidos 
periféricas prejudicada, levando ao acúmulo de colesterol não esterificado nesses tecidos. 
COMPLICAÇÕES DA ATEROSCLEROSE 
Isquemia, ateroembolia, trombose, hemorragia interna, perda da elasticidade do vaso, aneurisma, estenose. 
 
DEGENERAÇÃO POR CARBOIDRATOS 
 
GLICOGENOSES 
Tem-se o acúmulo de glicogênio em qualquer tecido do organismo. Essa degeneração trata-se de um erro 
metabólico hereditário que resulta em uma alteração estrutural desse homopolissacarídeo ou em uma 
alteração em sua concentração, podendo ser um defeito enzimático ou um fator clínico. 
FISIOPATOLOGIA 
O glicogênio é uma molécula presente em todas as células, sendo responsável pelo armazenamento de energia, 
utilizado nos momentos de jejum através de sua quebra pelo glucagon no fígado ou em caso de necessidade 
própria do órgão. 
Cabe ressaltar para essa degeneração a importância das enzimas 
responsáveis pela degradação do glicogênio. A via principal, através 
da enzima glicogênio fosforilase, mostrada ao lado, ocorre no fígado e 
é responsável por90% da glicose proveniente da glicogenólise e ela 
ocorre através da quebra da ligação α 1-4 do glicogênio. 
Mas existem outras enzimas e outros sítios que podem gerar a quebra 
do glicogênio através de outras vias. A enzima α 1-6 glicosilase 
quebra o glicogênio na ligação α 1-6 e é uma via responsável por 7% 
da glicose proveniente da glicogenólise. 
Existe ainda a via lisossomal, que é responsável por 3% da glicose 
proveniente da glicogenólise, que ocorre através da enzima maltase 
ácida, que quebra a ligação α 1-4 do glicogênio. 
Caso ocorra um defeito em sua quebra no fígado, o paciente evolui 
com hipoglicemia, pois o quadro será sistêmico, mas se o defeito 
estiver na quebra para uso próprio, como ocorre no músculo, o 
paciente evolui com câimbras e lesões musculares, tem-se então clinicas diferentes, mas toda alteração levará 
ao acúmulo de glicogênio na célula. 
 
 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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ACHADOS MICROSCÓPICOS 
Sua preparação necessita de álcool absoluto (fixador não aquoso) para a fixação com o objetivo de não perder o 
glicogênio, fazer a coloração utilizando o corante PAS e posteriormente realizar o exame da amilase para 
diagnóstico reservado. 
CLÍNICA 
DOENÇA DE POMPE 
Também conhecida como glicogenose tipo II, é decorrente de um defeito na via lisossomal devido a deficiência 
da enzima maltase ácida, gerando acúmulo de glicogênio dentro dos lisossomos. 
DOENÇA DE VON GIERKE 
Ela representa 25% dos casos de glicogenoses e é caracterizada por um defeito na via principal, na enzima 
glicose 6 fosfatase, da glicogenólise no fígado, gerando aumento de volume do órgão, esteatose e acúmulo de 
glicogênio. Além do fígado, ela afeta intestino e rins, não afeta o músculo, pois ele não é capaz de liberar glicose 
livre. 
SS – hipoglicemia em jejum grave e doença renal progressiva. 
OBS: A hipoglicemia pode desencadear a liberação de glucagon, gerando gliconeogênese e lipólise, mas como o 
fígado está danificado, ele não conseguirá liberar lipoproteínas, gerando hepatomegalia e esteatose. 
DOENÇA DE MCARDLE 
Alteração na cadeia linear do glicogênio por defeito da enzima glicogênio fosforilase muscular, causando 
acúmulo de glicogênio nas fibras musculares esqueléticas. 
SS – câimbras e acidose lática. 
GLICOSE-6-FOSFATO ACUMULADA 
A glicose-6-fosfato pode ir para a via da glicólise para ser oxidada, gerando o piruvato, que se junta com a 
coenzima-A e entra no ciclo de Krebs formando o citrato, gerando ATP. Caso o citrato esteja em excesso, o ciclo 
de Krebs para de aceitar a entrada de acetil-CoA, que se desvia para a via da fermentação, produzindo lactato, 
que em excesso gera hiperlactatemia, responsável por diminui o pH. Entretanto, ela vai continuar se 
acumulando, entrando na via das pentoses, essa via forma ribose-5-fosfato que vai desencadear, por 
catabolismo, um aumento de ácido úrico no organismo, gerando uricemia e consequentemente gota. 
 
MUCOPOLISSACARIDOSES 
Tem-se acúmulo de mucopolissacarídeos (glicosaminoglicanos) no interior dos lisossomos, sendo então uma 
doença metabólica hereditária lisossomal (autossômica recessiva ligada ao X). 
FISIOPATOLOGIA 
Ela ocorre devido a uma deficiência das enzimas que metabolizam esses glicosaminoglicanos dentro dos 
lisossomos, gerando um acúmulo progressivo de macromoléculas no interior dessas células. Devido ao fato 
Nathália Ribeiro Cunha – PATOLOGIA GERAL 
 
 
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delas estarem presentes em todo o corpo, trata-se de uma doença sistêmica, com alterações musculares, 
esqueléticas, cognitivas. 
Os glicosaminoglicanos são dissacarídeos de sulfato que se ligam formando polímeros, cada tecido possui um 
tipo em maior quantidade, são eles: heparan sulfato, dermatan sulfato, queratan sulfato, condroitina, heparina, 
ácido hialurônico. 
A parte que não é depositada dentro da célula é eliminada pela urina, sendo então uma forma de diagnosticar a 
doença – presença de bandas de glicosaminoglicanos na urina coletada após o teste de eletroforese. 
CLÍNICA 
Corpúsculos de Alder-Reilly - acúmulo de grânulos basofílicos nos leucócitos, presente em pacientes com 
mucopolissacaridoses hereditárias.

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