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Anatomia interna e Acesso Endodôntico A cavidade pulpar A cavidade pulpar, geralmente localizada no centro dos dentes, é constituída por duas porções: câmara pulpar e canal radicular, localizadas na coroa e na raiz, respectivamente. A morfologia da cavidade corresponde à estrutura externa do dente, isto é, o contorno da câmara e do canal radicular acompanha o contorno da superfície externa do dente. Essa morfologia poderá se modificar, dependendo das agressões que o dente vier a sofrer durante toda a vida, e, consequentemente, atuar sobre a polpa indiretamente. Como exemplo as agressões podem ser de natureza mecânica, térmica, química ou bacteriana. Os canais radiculares podem variar em número, tamanho, forma e apresentar diferentes divisões, fusões, direções e estágios de desenvolvimento. Com o estabelecimento de uma alteração patológica irreversível no tecido pulpar, faz-se necessário instituir uma técnica de tratamento dos canais radiculares visando ao controle da infecção, à execução de uma obturação compacta do sistema de canais e, consequentemente, ao favorecimento de atuação dos processos biológicos na reparação tecidual, restabelecendo, assim, o estado de normalidade das estruturas dentárias. Sistema de canais radiculares Colateral: Paralelo ao canal principal, com menor diâmetro e pode terminar em forame único ou separadamente. Lateral: Localizado no terço médio ou cervical da raiz, sai do canal principal e alcança o periodonto lateral. Secundário: Localizado no terço apical da raiz, sai do canal principal é alcança o periodonto lateral. Acessório: Ramificação do canal secundário que chega à superfície externa do cemento apical. Interconduto: Une dois canais entre si. Recorrente: Sai do canal principal, percorre parte da dentina é volta ao principal sem exteriorizar-se. Delta apical: Múltiplas terminações do canal principal, originando o aparecimento de vários forames. Cavo-inter-radicular: Sai do assoalho da câmara pulpar é termina na bifurcação ou trifurcação radicular. Volume médio do canal na região apical Incisivos superiores 262,5 𝜇m Incisivos inferiores 262,5 𝜇m Pré molares superiores 210 𝜇m Pré molares inferiores 268,25 𝜇m Molares superiores - palatina 298 𝜇m Molares superiores - mesiovestibular 235,05 𝜇m Molares superiores - distovestibular 232,2 𝜇m Molares inferiores - mesial 257,29 𝜇m Molares inferiores - distal 392 𝜇m Preparo Coronário (cirurgia de acesso à câmara pulpar) Normalmente, o dente submetido ao tratamento endodôntico está com um processo patológico e, portanto, causando um certo grau de desconforto. O uso de brocas acionadas por um motor de baixa rotação pode provocar vibrações que consistem em mais uma agressão aos ligamentos sensíveis. Isto não quer dizer que elas não são usadas, mas sim, chamar atenção para os casos de sensibilidade acentuada. Etapas operatórias da abertura coronária Ponto de Eleição: é o ponto de partida para o início do desgaste da estrutura dentária. Sendo determinado por um ponto localizado na superfície lingual dos dentes anteriores ou oclusal no caso de dentes posteriores. Ocorre apenas no esmalte ou logo abaixo dele. *Trepanação: alcançar uma cavidade pré existente - câmara pulpar. Direção de Acesso: é a angulagem que se deve dar à broca para que esta atinja a câmara pulpar, devendo-se respeitar a angulagem dos dentes na arcada. Forma de Contorno: é realizada com a remoção do teto da câmara pulpar. O formato da cavidade corresponde à forma da câmara pulpar de cada elemento dental. Utiliza-se para tanto, uma broca com ponta inativa para se evitar desgaste indesejado. Desgaste Compensatório: é o desgaste adicional que se realiza para que se consiga um acesso direto aos canais radiculares, sem interferência de projeções dentinárias. Cirurgia de acesso à câmara pulpar de Dentes Anteriores Incisivos Ponto de eleição: penetração inicial é feita no centro da face lingual (altura do cíngulo), com a broca posicionada perpendicular ao eixo do dente, entra 90º. Lembrando que a broca corta por atrito e não por pressão, logo não é necessário nem prudente inserir força durante a penetração. Forma de contorno: Após atingir a câmara pulpar, remover o teto da câmara dando forma à cavidade, que é ditada pela anatomia interna da câmara pulpar. A forma final da cavidade,nos incisivos superiores é triangular com base voltada para incisal e a do canino é oval com o longo eixo no sentido inciso-cervical. Obs.: Nos incisivos inferiores, embora a forma de abertura seja muito semelhante à dos superiores, é mais estendida lingual e incisalmente, além de ser bem estreita no sentido mesiodistal, em função da anatomia interna desses dentes, que por apresentarem raiz achatada no sentido mesiodistal podem possuir dois canais, e a não extensão linguo-incisal impede a localização e instrumentação do canal lingual. Desgaste compensatório: A eliminação do ombro palatino ou lingual constitui a realização do desgaste compensatório nesses dentes, sem isso os instrumentos endodônticos ficariam mal orientados. Também deve remover o esmalte na base do triângulo que fica para incisal, a fim de ter um acesso reto e liberando o instrumento para trabalhar de forma correta em todas as paredes do canal radicular. Esse desgaste deve ser realizado com brocas de BATT., ENDO Z ou tronco-cônica diamantada sem ponta ativa. Em dentes inferiores é importante esse desgaste no sentido cérvico-incisal, para facilitar a localização e o preparo dos canais vestibular e lingual em casos de bifurcação. Obs.: Quando o dente possui resina, o ideal é usar uma broca diamantada. Se for um dente natural, usa-se a broca carbide. Caninos Vale ressaltar para esse dente o cuidado com o seu comprimento, o canino superior é bem longo. A abertura coronária é feita de forma semelhante à dos incisivos, diferindo na forma de conveniência que possui a base terminando em ponta de lança, podendo ser também classificada como losangular, devido ao divertículo central correspondente à cúspide perfurante desses dentes que, principalmente nos jovens e em dentes superiores, apresenta-se bastantepronunciada. Os caninos inferiores podem apresentar uma conformação ligeiramente ovalada, em função do seu achatamento mesiodistal, extensão cérvico-incisal e o divertículo incisal mediano. Cirurgia de acesso à câmara pulpar de Dentes Posteriores Pré molares superiores Quanto à cavidade pulpar, o primeiro pré superior apresenta a câmara com formato ovóide, tendo o seu longo eixo no sentido vestíbulo-palatino. O diâmetro mésio-distal normalmente é bastante estreito devido principalmente à localização dos canais radiculares. O primeiro pré superior possui, quase sempre, um canal vestibular e um canal palatino (ou lingual), mesmo quando a raiz é única. O canal vestibular é normalmente mais acessível. Ponto de eleição: realizado através da face oclusal, em todos os dentes posteriores. O preparo inicial é feito com a broca paralela ao longo eixo do dente, no centro exato do sulco principal dos pré-molares superiores. Forma de contorno: Forma elíptica/oval para o primeiro pré-molar superior, por apresentar dois canais, ou ovóide, com maior dimensão no sentido vestíbulo-palatino, de acordo com a anatomia interna da cavidade pulpar. Direção de trepanação: Penetração inicial com a broca posicionada paralelamente ao longo eixo do dente até as imediações da cavidade pulpar. Preparação da câmara pulpar: Com movimentos de tração é feita a remoção de todo o teto. Complementa-se a forma ovóide da cavidade com o alargador de Batt, removendo-se todo o teto restante e dando-lhe expulsividade. Pré molares inferiores Ponto de eleição: feita no centro exato do sulco central, e a broca dirigida paralelamente ao longo eixo do dente. Forma de contorno: dependendo da anatomia interna, pode apresentar a forma de conveniência desde circular até ovóide (quando apresenta dois canais radiculares). Forma de conveniência: A cavidade final tem conformação circular ou ovóide, localizada na metade mesial da face oclusal, geralmente incluindo a cúspide vestibular na abertura em função da acentuada inclinação para lingual que esses dentes apresentam. Obs.: Quando o primeiro pré-molar inferior apresenta um único canal, o tratamento do mesmo é facilmente realizado mas, nos casos de bifurcações, as dificuldades aumentam. Molares superiores Ponto de eleição: feito no centro exato da fossa principal mesial, com broca dirigida para o lado palatino (ou lingual), orientada buscando a entrada do canal palatino. Forma de contorno: abertura estendida do centro da fossa mesial (próxima à cúspide mesiovestibular) em direção distal, até ultrapassar o sulco ocluso-vestibular, seguindo paralelamente à face do dente. Desse ponto distal, segue-se em direção lingual, atravessando a fossa central, para daí se unir ao ponto inicial, dando uma conformação triangular de base vestibular à cavidade. Forma de conveniência: triangular em base voltada para vestibular. - Primeiro molar superior É o mais volumoso dos molares superiores, ele é tetracuspídico e trirradicular. Normalmente ele apresenta três raízes diferenciadas, exibe forma triangular mais ampla, principalmente no sentido mesiodistal. A câmara pulpar se situa bem mesializada, preservando, na maioria das vezes, a ponte de esmalte (que liga a cúspide distovestibular à mesiopalatina). A câmara prolonga-se mais no sentido V-L e é mais estreita e mais curta no sentido M-D. Devemos ter em mente que com o processo evolutivo, com a idade, e com a presença de cáries ou restaurações, a câmara pulpar deste dente também sofre grandes variações de forma e volume. Quanto ao número de canais, a raiz mesiovestibular, na maioria das vezes, apresenta dois canais estreitos e por vezes pouco acessíveis. Geralmente, esses dois canais fundem-se na proximidade do ápice. Há sempre duas raízes vestibulares (mesiovestibular e distovestibular) e uma raiz palatina. A raiz mesiovestibular é de maior diâmetro no sentido V-L do que a raiz distovestibular, e achatada no sentido M-D. Na maioria das vezes essa raíz apresenta uma curvatura voltada para distal. A raiz distovestibular tem a forma cônico piramidal, podendo, algumas vezes, apresentar curvatura voltada para mesial. - Segundo molar superior De modo geral, o segundo molar superior é menor do que o primeiro molar superior em todas as suas dimensões. Quanto ao número de canais, eles são semelhantes aos primeiros molares superiores, podendo ter três ou quatro canais. Quando o quarto canal está presente, ele está situado na raiz mesiovestibular. O 2º molar superior apresenta suas raízes separadas em 53% dos casos, os restantes têm diferentes formas de fusionamento. Em função dessa disposição radicular e decorrente da anatomia apresentada por esse dente, a abertura se torna menor e mais centralizada. Molares inferiores Ponto de eleição: feita no centro exato do sulco principal, com a broca voltada para a direção distal, buscando a embocadura do canal distal. Forma de contorno: forma trapezoidal com base maior para mesial, porque apresenta, na maioria dos casos, dois canais mesiais e um distal achatado no sentido mesiodistal. Quando esse dente apresenta quatro canais, a abertura toma forma retangular ou quadrada de acordo com seu diâmetro mesiodistal. Direção de trepanação: broca deve ser dirigida para o orifício do canal distal. Onde existe maior espaço na câmara. Quando a câmara é alcançado, tem-se a sensação de uma queda no vazio. Caso a câmara esteja bem calcificada, a penetração deve ser realizada com muito cuidado para evitar perfuração do assoalho da câmara pulpar. Uma vez atingida a câmara pulpar, o trabalho com a broca é no sentido de dentro para fora, com o objetivo de remover o teto da cavidade. Primeiro molar inferior: em geral, é o mais volumoso dos dentes humanos. Ele é pentacuspidado e birradicular, na maioria dos casos. As raízes, com base comum, são na maioria das vezes uma distal e outra mesial. Ambas as raízes possuem sulcos longitudinais, sendo os mais profundo os da raiz mesial. A raiz distal, muitas vezes, é ligeiramente mais curta e mais reta em comparação com a raiz mesial. Quando o primeiro molar inferior apresenta uma terceiraraiz, esta é a disto lingual. Situações de difícil acesso: Calcificações; Nódulo pulpar; Dentes com prótese; Abertura insuficiente; Desvio do longo eixo do dente.
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